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PRAZO PROCESSUAL O processo se desenvolve por meio de diversos atos processuais, dispostos em uma sequência lógica, uns após os outros. Prazo é a fração ou delimitação de tempo, dentro do qual deve ser praticado o ato processual. São períodos de tempo fixados por lei, pelo juiz ou pela convenção das partes em um litígio. Podemos dizer que todo ato processual tem um momento oportuno e certo de existir no processo, fixando o interregno entre os termos inicial e final para a sua realização eficaz. ➢ O prazo sempre será fixado entre dois termos: o inicial (dies a quo) e o final (dies ad quem), ou seja, o momento de início da contagem do prazo e o momento de encerramento da oportunidade da prática do ato processual. ➢ CLASSIFICAÇÃO DOS PRAZOS • Considerando as características e os efeitos dos prazos em relação ao processo e às partes, podemos mencionar as seguintes classificações: ■ Quanto a origem do prazo: Prazo legal Determinado por lei Ex: arts. 335; 525; 1003, § 5º Prazo judicial Fixado pelo juiz através do critério da complexidade do ato Ex: art. 218, §1º; Prazo Convencional Ajustado de comum acordo entre as partes Ex: art. 190 ■ Quanto as consequências decorrentes do descumprimento Próprio São os que produzem consequências processuais; são entendidos como aqueles que deviam ser praticados pelas partes sob pena de um prejuízo processual, ou seja, a preclusão. Ex: Art. 344; 223 Impróprio Podemos afirmar que são impróprios os prazos estabelecidos ao juiz, aos serventuários da justiça, aos membros do MP na atuação como fiscal da lei, por exemplo. Ex: Arts. 226; 227; 228 ■ Os atos das partes (incluindo do Ministério Público quando atua nessa condição) e dos terceiros intervenientes, em regra, são próprios, têm que ser respeitados, sob pena de preclusão temporal, de perda da faculdade processual de praticar aquele ato. ■ Art. 223 do CPC: “Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que o não realizou por justa causa”. ■ Os prazos do juiz, de seus auxiliares e do Ministério Público, quando atua como fiscal da ordem jurídica, são impróprios, não implicam a perda da faculdade, nem o desaparecimento da obrigação de praticar o ato, mesmo depois de superados. ■ Quanto a possibilidade de dilação ou redução Prazo Dilatório Embora fixados em lei, admite, ampliação por determinação judicial ou por acordo entre as partes. Pode ser prorrogado ou reduzido. Prazo Peremptório São os prazos que não podem ser modificados pela vontade das partes ou por determinação judicial. ■ De acordo com Marcus Vinicius Rio Gonçalves, a distinção entre prazo dilatório e peremptório, hoje, tem pouca utilidade no sistema do CPC atual, diante do que dispõem os arts. 190 e 191, que não fazem nenhuma distinção entre prazos peremptórios ou dilatórios, permitindo que, por convenção, nos processos que admitem autocomposição, as partes capazes estipulem mudanças no procedimento e convencionem sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, podendo as partes, de comum acordo com o juiz, fixar um calendário para a prática de atos processuais quando for o caso. ■ O CPC atual, ainda que continue atribuindo natureza pública ao processo, não impede a convenção das partes sobre o procedimento e a negociação processual, desde que o processo admita autocomposição. Por isso, todos os prazos no processo atual podem ser objeto de alteração por convenção das partes, desde que haja controle judicial. ■ Sem a convenção das partes, o juiz tem poderes apenas para dilatar prazos processuais, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito (art. 139, VI). Afora essa hipótese, em que a dilação decorre da necessidade do processo, só é dado ao juiz aumentar o prazo, por até dois meses, nas comarcas, seções ou subseções judiciárias, onde for difícil o transporte (art. 222). ■ O juiz pode também, sem a anuência das partes, reduzir os prazos meramente dilatórios. Os peremptórios, só se houver concordância da parte (art. 222, § 1º), sendo essa a única situação em que ainda permanece útil a distinção entre esses dois tipos de prazo. ■ Contagem de prazo ■ A contagem de prazo pode ser feita por anos, meses, dias, horas ou minutos, vejamos: – o prazo da ação rescisória é de dois anos; – as partes podem convencionar a suspensão do processo por até seis meses; – o de contestação é de quinze dias; – para que a intimação das partes as obrigue ao comparecimento, é preciso que seja feita com 48 horas de antecedência; – e o prazo para as partes manifestaram-se, nas alegações finais apresentadas em audiência, é de vinte minutos. ■ Os prazos são fixados por lei, esta sendo omissa, será fixado pelo juiz. Se não houver nem lei nem determinação judicial, o prazo será de cinco dias (CPC, art. 218, § 3º). ▪ Os prazos processuais são contados da seguinte forma (art. 224): ▪ Exclui-se o dia de início e inclui-se o dia final ou de vencimento. ▪ O início da contagem do prazo e o vencimento, será sempre em dias úteis. ▪ Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. ▪O que é um prazo “processual”? O art. 219 do novo CPC estabelece que “na contagem de prazo em dias, estabelecidos em lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis”. O parágrafo único prevê ainda que tal forma de contagem “aplica-se somente aos prazos processuais”. ▪ Os demais prazos, especialmente aqueles de natureza material (por exemplo, o prazo para reclamação de vícios redibitórios), permanecem computados de forma contínua, mesmo nos fins de semana e feriados. ▪ Exemplos de prazos processuais: prazos para contestar, para recorrer, para se manifestar sobre os documentos, provas e demais elementos trazidos aos autos, para designação de audiência e citação do réu com antecedência mínima (art. 334) e para a prática de atos pelo juiz ou pelos serventuários (arts. 226 e 228) são tipicamente de direito processual •ATENÇÃO!!! •A norma do art. 219 deve ser interpretada restritivamente, somente quando a legislação fizer menção a “dias”. •Muitas vezes o CPC faz menção a prazo em anos (art. 921, §1º), ou meses (art.313, §4º). •Então cuidado! •Aqui, não se aplica a regra dos dias úteis, mas a regra do prazo contínuo. • Vamos imaginar, por exemplo, que um juiz resolva – valendo- se da possibilidade de dilação de prazos processuais prevista no art. 139, VI – ampliar o período temporal para que as partes se manifestem sobre um complexo laudo pericial. • Se o juiz fixar o prazo em 60 (sessenta) dias, ele deverá ser computado apenas nos dias úteis, pois o art. 219 se aplica aos prazos determinados pelo magistrado. • Entretanto, se esse mesmo juiz fixa o prazo em dois meses, surpresa: a existência de fins de semana ou feriados neste período de tempo é irrelevante, pois o dispositivo em análise somente se aplica, repita-se, aos prazos contados em dias. ■ O termo inicial da contagem dos prazos é estabelecido no art. 231 do CPC. ■ Se a intimação for feita pelo Diário Oficial, o prazo começará a correr no primeiro dia útil seguinte à publicação. ■ Se for eletrônico, a publicação considera-se feita no primeiro dia útil subsequente à disponibilização da informação (art. 4º, § 3º, da Lei n. 11.419/2006). ■ ATENÇÃO: MUDANÇA NO CPC PELA LEI Nº 14.195/2021: – O inciso IX foi acrescentado ao art. 231 pela Lei n. 14.195/2021. É preciso não confundir as hipóteses do inciso V com a do inciso IX. – passaram a existir duas formas de citação eletrônica em nosso ordenamento jurídico, ambas preferenciais sobre as demais espécies de citação: aquela feita por meio do portal eletrônico, tratada pela Lei n. 11.419/2006, e aquela feita por envio de e- mail ao citando, cadastradoem banco de dados do Poder Judiciário, tratada pela Lei n. 14.195/2021. – A primeira será a forma de citação eletrônica das pessoas jurídicas de direito público e de direito privado, incluindo as microempresas e empresas de pequeno porte, sem endereço cadastrado no Redesim; a segunda, a forma de citação eletrônica das pessoas naturais e das microempresas e empresas de pequena forma inscritas no Redesim. – O portal eletrônico, a que alude a Lei n. 11.419/2006, já foi regulamentado pelo CNJ, por meio da Resolução n. 234/2016 (em São Paulo é utilizado o portal pelo sistema SAJ); já o banco de dados a que alude a Lei n. 14.195/2021 ainda depende de regulamentação do CNJ. ■ O inciso V do art. 231 : de acordo com o art. 5º, § 3º, da Lei n. 11.419/2006, a consulta ao portal deverá ser feita em até 10 dias corridos contados da data do envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação automaticamente realizada na data do término desse prazo. O prazo fluirá a partir do momento em que ele consultar a citação ou intimação em portal próprio. Se, no entanto, não houver consulta do citando, findo o prazo de 10 dias corridos, reputa-se realizada a citação ou intimação, e, no dia útil seguinte ao final do término do prazo de consulta, o prazo para a prática do ato processual terá início. ■ Inciso IX do art. 231: refere-se à citação ou intimação por e- mail, que é enviada ao endereço eletrônico do citando, na forma do art. 246, caput, do CPC. – Nessa hipótese, a citação só se aperfeiçoa se o citando confirma o recebimento no prazo de três dias úteis, contados do recebimento da citação eletrônica. Não havendo essa confirmação, a citação reputar-se-á não realizada, e terá de ser feita pelos meios convencionais, previstos nos incisos do art. 246, § 1º-A, do CPC. – Caso haja a confirmação no prazo de três dias, a citação por e-mail reputar-se-á realizada, e o prazo para a prática do ato processual começará a contar depois de cinco dias úteis da confirmação. Assim, feita a confirmação, é necessário aguardar o transcurso de cinco dias úteis. No dia útil subsequente ao término desse prazo, terá início o prazo para a prática do ato processual. • Outras Considerações: • A parte somente poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente a seu favor se o fizer de maneira expressa. • Litisconsorte com procuradores distintos = quando houver litisconsortes que tenham diferentes procuradores, todos os prazos legais ser-lhe-ão contados em dobro para contestar, recorrer, contrarrazoar e falar nos autos em geral. Essa regra não se aplica aos processos em autos eletrônicos. • Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. • Ministério Público, Fazenda Pública e Defensoria Pública: O Ministério Público (art. 180, caput), a Fazenda Pública (art. 183) e a Defensoria Pública (art. 186) gozarão de prazo em dobro para manifestar-se nos autos. Suspensão e Interrupção do Prazo • Distingue-se a suspensão da interrupção de prazo porque, na primeira, ele fica paralisado, mas volta a correr do ponto em que parou, quando incidiu a causa suspensiva. Já a interrupção provoca o retorno do prazo à estaca zero, como se nada tivesse corrido até então. •Depois de iniciada a contagem do prazo, este não será suspenso, salvo exista algumas das hipóteses do art. 213, do CPC. •As causas de interrupção são mais difícieis ocorrer, normalmente ocorre quando o réu requer o desmembramento do processo, em virtude de litisconsórcio multitudinário e quando as partes opõem embargos de declaração. De qualquer sorte, quando for causa de interrupção a lei sempre deixará expresso. Interrupção •Volta o prazo inteiro Suspensão •O prazo continua de onde parou Preclusão • A preclusão deve ser compreendida como instituto que envolve a impossibilidade, por regra, a partir de determinado momento, serem suscitadas matérias no processo, tanto pelas partes como pelo juiz, visando à aceleração, a simplificação do procedimento. • As partes têm o ônus de realizar as atividades processuais nos prazos, sob pena de não poderem mais fazê-lo posteriormente. Também não podem praticar atos que sejam incompatíveis com outros realizados anteriormente. •A preclusão pode classificar-se em temporal, lógica ou consumativa. Vejamos: – Preclusão temporal – é a perda da faculdade processual que não foi exercida no prazo estabelecido em lei. É um dos efeitos da inércia da parte, acarretando a perda da faculdade de praticar o ato processual. – Preclusão lógica – é a que decorre da incompatibilidade entre um ato processual e outro que tenha sido praticado anteriormente. Ex: quem aceitou um sentença, expressa ou tacitamente, não mais poderá interpor recurso contra ela. – Preclusão consumativa – resulta de a parte já ter praticado o ato, que, realizado, não poderá ser renovado. - Preclusão pro judicato - conquanto os prazos judiciais sejam impróprios, para que o processo possa alcançar o seu final, é preciso que também os atos do juiz fiquem sujeitos à preclusão . Não se trata de preclusão temporal, mas da impossibilidade de decidir novamente aquilo que já foi examinado. Não há a perda de uma faculdade processual, mas vedação de reexame daquilo que já foi decidido anteriormente, ou de proferir decisões incompatíveis com as anteriores. - Mas atenção!!! Nem todas estarão sujeitas à preclusão pro judicato. • o juiz poderá modificar a decisão anterior, se sobrevierem fatos novos, que justifiquem a alteração; se a decisão foi objeto de agravo de instrumento, poderá exercer o juízo de retratação, enquanto ele não for julgado. ■ Há outras decisões que, mesmo sem recurso e sem fato novo, podem ser alteradas pelo juiz. – aquelas que examinam matéria de ordem pública, como falta de condições da ação e pressupostos processuais, requisitos de admissibilidade dos recursos; – aquelas em que há indeferimento de provas, porque, por força do art. 370 do CPC, o juiz pode, a qualquer tempo, de ofício, determinar as provas necessárias ao seu convencimento. ■ Referência: ■ Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil – Coleção Esquematizado - coord. Pedro Lenza. – 13. ed. - São Paulo : SaraivaJur, 2022.
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