Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TEORIA DA COMUNICAÇÃO AULA 6 Prof. Alexandre Correia dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Olá! Tudo bem? Compreender as teorias, com suas ementas e conceitos, é gratificante e enriquecedor. Porém, colocá-las em prática é ainda mais fascinante. Referencie suas atividades às teses que as embasam. Perceba o quão importante é esse aporte teórico, no nosso dia a dia. Boa leitura, divirta-se! CONTEXTUALIZANDO Saber fazer e fazer saber Compreender as nossas práticas diárias, o compartilhamento de informações, a vida em rede, a importância da tecnologia por trás das nossas ações; perceber o papel do consumidor e do receptor, nos processos comunicacionais, passa a ser uma tarefa imprescindível dos profissionais de jornalismo, relações-públicas e de publicidade e propaganda. Vamos conhecer os conceitos mais importantes. TEMA 1 – MEDIA LIFE Nos últimos tempos, a criação, a produção, a circulação, os próprios conceitos de recepção e consumo das mensagens se modificaram. De décadas para cá, experienciamos transformações na forma de comunicar: mais participação, colaboração e conexão são premissas dessa vida em rede que hoje presenciamos. A complexificação de conteúdos e mensagens distribuídos nas novas mídias exigiu adaptações da própria audiência, que, de ente passivo, passou a ser um gerador de conteúdo ativo, ligado, que faz questão de participar e se envolver com as mais diversas questões. Esse mesmo produtor de conteúdo tem acompanhado, a par e passo, as evoluções das plataformas midiáticas, uma vez que a rede – a internet –, após se consolidar, virou um grande depositório de trocas e experiências múltiplas, novas, viabilizando inéditas trocas de conhecimento, expertise e relacionamentos diversos, em todos os âmbitos (culturais e, sobretudo, sociais). Hoje, simples tarefas – como a de contar histórias – se tornaram mais complexas, envolvendo todas as partes da narrativa, tornando a marca e os seus clientes importantes peças desse grande e fascinante contexto. As empresas 3 brigam, cada vez mais, pela atenção de seus clientes, fazendo com que os produtores de conteúdo, de storytelling, se desdobrem na disputa pela audiência e pela sua atenção, grandes objetivos nos planejamentos comunicacionais. Além disso, importantes autores como Deuze, Speers e Blank (2010) assumem que há uma nova forma de vida ou novo padrão de comportamento – aqui denominado como vida (trans)midiática1. Temos que compreender a chamada convergência midiática como muito mais do que avanços ou simples alterações de dispositivos e formas de fazer comunicação, uma vez que percebemos que o que tem sido alterado não é apenas a forma de fazer saber ou saber fazer. Mas, sim, o que ocorre é uma profunda alteração no relacionamento entre velhas e novas mídias, por exemplo. As empresas, organizações, indústrias e, obviamente, as audiências e os diversos públicos passam a criar, produzir e compartilhar conteúdos múltiplos, sob o ponto de vista da divulgação de produtos e serviços por parte das empresas e, por sua vez, de clientes e stakeholders, que também geram conteúdos importantes para esse movimento. Afinal, os clientes, nesse fluxo, são responsáveis diretos por gerar, distribuir, arquivar diferentes formas de conteúdo e, depois, colocá-los novamente para circular. As relações que existem, especialmente entre as mídias e o fazer diário, são largamente estudadas por pesquisadores do mundo todo, para tentar pensar qual o papel (ou quais os papéis) que tais suportes comunicacionais têm na vida cotidiana das pessoas. Muitos de nós acessamos nossa realidade tendo como suporte as diferentes mídias, contando desde o simples acesso às notícias, via celular, a usos cada vez mais sofisticados, em nosso dia a dia. Manovich (2001) chama tal fenômeno de prática da vida (midiática) cotidiana. A partir da consolidação da web 2.0, o acesso à vida das outras pessoas tornou-se corriqueiro, diário, comum. E, obviamente, isso não fica reservado a acessos privados, mas a práticas de todas as regiões, de todos os países, de todo o mundo, desnudando todas as suas culturas e subculturas, pois tudo passou a ser facilmente encontrado, transparente, visível. Podemos citar inúmeras plataformas que servem para esse tipo de interação: 1 Para Deuze (2012, tradução nossa), mídias são “[...] sistemas (simbólicos ou tecnológicos). Vida significa viver uma vida ao vivo, uma vida que vale a pena ser vivida”. Para ele, vida na mídia inclui mais que “software, hardware e conteúdo”. 4 Tumblr; Flickr; Facebook; Blogger; YouTube; Instagram; LinkedIn, entre tantas outras redes. Crédito: Bloomicon/Shutterstock. Assim, o que realmente experimentamos é uma espécie de presença e onipresença de mídias com fins de multitarefas, cujos usos e apropriações são normais, comuns em nossas práticas de dia a dia. Deuze, Speers e Blank (2010) ressaltam que esse tipo de interação ou normalização da vida pelo uso cotidiano de múltiplos suportes se torna um “[...] lugar totalmente midiatizado, onde a mídia acaba por se tornar a base e o entorno das experiências e expressões da vida diária”. Em outras palavras, eles defendem que “a vida é vivida na mídia e não com ela” (Deuze; Speers; Blank, 2010). As novas gerações convivem com a internet, por exemplo, crescendo com o seu desenvolvimento, completamente envoltos pela mídia. A própria noção básica de realidade está, nesse momento, influenciada pela comunicação midiatizada. 5 O idealismo (aquilo que nós percebemos), em conjunto com o materialismo (o que é aparente), envolvem-se com a realidade na vida midiática das pessoas (Deuze; Speers; Blank, 2010). O fato é que, quando estamos on-line, o fazemos e nos relacionamos com dispositivos e tipos de mídias de diferentes formas e formatos, com objetivos completamente distintos, muitas vezes sem perceber que somos os protagonistas dessas vidas midiáticas cada vez mais conectadas. TEMA 2 – A CULTURA DA CONEXÃO Já falamos sobre a propagabilidade da mídia e da convergência, marcos importantes para a compreensão da comunicação de dez anos (ou menos) para cá. Se pensarmos a convergência como o passo seguinte às utilizações em larga escala da rede mundial de computadores como plataforma de colaboração e participação; e a propagabilidade como o compartilhamento de informações facilitadas (com uso maciço do CtrlC/CtrlV, copiar e colar) e a sua disseminação na rede, podemos também pensar a cultura da conexão como um passo seguinte a essas fases ou, ainda, como resultado direto delas. A justificativa cultural dá- se, por exemplo, na utilização prática dos canais de comunicação para um cliente reclamar ou elogiar uma marca, em seus canais de atendimento. Essa prática é cada vez mais comum, entre os usuários desse tipo de serviço. Jenkins, Green e Ford (2014) alertam de que essa cultura da conexão não está intimamente ligada ou atrelada unicamente a relatórios precisos de compartilhamentos, curtidas ou importantes números de audiência. O que os autores buscam, agora, é compreender o funcionamento da conversação e de seus efeitos entre produtores e consumidores e – especialmente – nos resultados dessas trocas que geram os compartilhamentos, destinados a culturas muito específicas e que se dispersam ou espalham muito mais desorganizadamente informações, mas que o fazem de forma orgânica. Porém, os cientistas são cautelosos, em suas análises. Jenkins (2008), autor do consagrado A cultura da convergência, preconiza que as redes sociais não são inovadoras em si, mas já possuem registros importantes no escopo da cultura participativa, com uma história e uma cultura já consolidadas ao longo da vida da plataforma; assim, o que mudou foi o alcance das publicaçõespostadas em canais como YouTube e Twitter, por exemplo. 6 Os pensadores contestam, ainda, termos considerados como importantes reguladores de práticas comunicacionais, como vírus, sob a forma dos chamados conteúdos virais; ou grudar, no caso de uma postagem, pois não carregam os preceitos ou refletem o verdadeiro comportamento das culturas digitais e participativas, mas sim se aproximam, em conteúdo e efeito, das clássicas e antigas teorias da comunicação de massa e dos conceitos de receptor ou destinatário, essencialmente passivo. Propagabilidade, para esses pesquisadores, ganha contornos de potencialidade técnica e cultural, dos conteudistas e da audiência, de pensarem suas postagens e temas segundo seus próprios fins, cuidando de questões legais (como direito autoral) e – não raro – contra seu próprio desejo de postagem. Esses atores, ao reconsiderarem seus critérios de audiência e de níveis de engajamento, repensam suas próprias estratégias de monetização. A cultura da conexão é representada justamente por esses agentes. A tensão entre produtor de conteúdo e seu consumidor (usuário) redefiniu as relações entre essas partes, mas foi incapaz de estabelecer relações contínuas, duradouras e que beneficiassem os dois lados dessa comunicação. Entre outros motivos, o rígido controle do acesso aos direitos autorais e a incapacidade de alcance de postagens importantes resultaram em um afastamento natural entre os conteudistas (produtores) e seu público (receptores), não gerando valor a essa cultura da propagação. Assim, fica clara a interpretação de que a evolução tecnológica experimentada na comunicação social orienta os indivíduos a novas formas de relacionamento com a cultura. Jenkins, Green e Ford (2014) preconizam que experienciamos uma nova lógica midiática: é a cultura sendo moldada pelas mídias e, sobretudo, pelos seus conteúdos propagáveis. Devemos compreender essa mobilização como analistas da influência das redes sociais, por exemplo, nos relacionamentos humanos, e daí advém o nosso grande desafio como comunicadores sociais: perceber esses desdobramentos recentes, inevitáveis e ininterruptos no hábito, na cultura e na forma de uso desses recursos consiste em compreender como o aumento do alcance e da prática (utilização) deles deve pluralizar a criação, promovendo alterações nos públicos e comunidades de contato. O uso, em larga escala, dos dispositivos móveis pode reconfigurar concepções antigas aceitas em valores sociais, nos obrigando a rever conceitos 7 e práticas diante das possibilidades e movimentos proporcionados pelas mudanças recentes. Afinal, hoje vivemos uma realidade de conexão sem precedentes nos estudos da comunicação. Em termos culturais, se pensarmos a conectividade e a interação, estas desencadeiam uma frequência maior e mais virtualizada de atividades, por exemplo no caso de um menino que assiste a um show de rock, ao vivo, presencialmente, mas que explora os recursos tecnológicos do seu celular e de conexão, transmitindo-o em tempo real, na sua timeline ou em seus stories, narrando aos seus seguidores a sua experiência. Em outras palavras, isso não significa dizer que o espectador de um show possivelmente esteja mais preocupado com transmitir por streaming um evento do que propriamente com aproveitá-lo, o que, felizmente, não é a regra. O cenário atual converge com as tendências veiculadas pelo mercado, em que o consumidor virtual será cada vez mais impactado (ou influenciado) pelos dispositivos móveis, uma vez que os smartphones fazem parte de quase 100% do tempo de seus usuários, tornando-os mais conectados do que nunca. Pesquisa recente, divulgada, ao final de 2018, pelo Hootsuite2 (2018), indica que, no mundo, somos mais de 4,021 bilhões de pessoas que utilizam a internet diariamente, com 3,196 bilhões de pessoas que são filiados a mídias sociais, sendo que mais de 5,135 bilhões de pessoas são usuárias da internet e das redes e 5,135 bilhões de pessoas usam o celular como forma de acesso. Além disso, no Brasil já somos mais de 139,1 milhões de pessoas conectadas à internet; 130 milhões de pessoas têm perfis em redes sociais cuja principal forma de acesso é via smartphone; e 143 milhões de pessoas utilizam smartphone. Como os próprios números nos ensinam, não é possível virarmos as costas para esse fenômeno, cada vez mais (oni)presente na vida das pessoas, influenciando, assim, a sua forma de viver e conviver, seja coletiva, seja culturalmente. TEMA 3 – A EVOLUÇÃO DO PÚBLICO DA COMUNICAÇÃO Atualmente, sabemos o que o público espera, em termos de comunicação. São inúmeras pesquisas, testes, análises comportamentais, 2 O Hootsuite é uma plataforma de controle e métricas para mídias e redes sociais. 8 estatísticas, dados que personificam e nos demonstram quem é esse público que evolui, com o passar dos anos, por questões históricas, culturais e adaptativas às novas tecnologias e delineia perfis distintos dos antigos clientes ou consumidores, que tinham hábitos completamente diferentes há 10, 15 anos. O consumidor on-line dispõe de acesso e possibilidades de pesquisas imediatas, facilidades de navegação e usabilidade, além de conteúdos infindáveis na rede. E esse perfil dá conta do público consumidor tanto de produtos e/ou serviços quanto de conteúdos, notícias, informações. Para atrair a atenção desses indivíduos, a informação deve ter como ponto de partida a sua relevância – a importância de se fornecer um bom conteúdo, independentemente do segmento que a marca, empresa ou indivíduo atuem. Afinal, se buscarmos amparo em teorias da administração, por exemplo, nichos e segmentos de mercados concorrentes que são líderes de vendas on- line são os preferidos dos clientes, na hora da compra. O cliente (consumidor) sempre vai optar por aquele que mais se destaca, em um cenário cada vez mais disputado. Na Figura 1 há um infográfico que mostra as áreas mais acessadas e consumidas pelos indivíduos, on-line. Figura 1 – O que reforça o amadurecimento do consumo on-line de bens não duráveis Fonte: Webshoppers, 2019. 9 É importante analisarmos os mercados que mais ganham com os movimentos dos consumidores on-line, para que possamos compreender os hábitos dos consumidores nacionais. Assim, mudanças comportamentais são características do consumidor atual: com acesso facilitado à informação, esse usuário tornou-se um agente informado, com acesso irrestrito à informação sobre produtos, o que lhe permite comparar preços, verificar disponibilidades de estoque, buscar melhores referências para realizar uma compra inteligente, facilitando os seus processos de compra. A mesma métrica vale para o consumidor de notícias. O consumidor de conteúdos sabe onde pesquisar; sabe quais as melhores fontes, as mais confiáveis. Figura 2 – Redes sociais que mais motivam decisões de compra Fonte: E-bit, [S.d.]. O acesso remoto, com a utilização de diferentes formas de acesso às mais distintas plataformas on-line, cria um sentimento de empoderamento nos clientes, que, com uma vida cada vez mais atribulada, dispõem de menos tempo para conviver na sociedade informacional que ora experimentamos. O consumidor, agora ativo, exige uma melhor informação acerca do produto que ele busca; uma melhor qualidade de fontes; um conteúdo ainda mais relevante. Nesse caso, o acesso mobile, por exemplo, é cada vez mais a realidade de grande parte dos consumidores. Vale lembrar que, com isso, o consumidor passa a antecipar movimentos de ação, seja de pesquisa, seja de compra, 10 muitas vezes não dando tempo para as empresas adequarem-se a essa realidade. Devemos respeitar o poder e as razões advindas do bom-senso e da inteligência do consumidor. As empresas que mantiverem conteúdos eprodutos/serviços relevantes, permanecerão no mercado; as demais tendem a desaparecer. Além de tudo isso, hoje o cliente conta com ferramentas on-line justamente para divulgar e compartilhar atos de má-fé cometidos por empresas mal-intencionadas. Organizações como o Reclame Aqui (Figura 3), hoje, se multiplicam nas redes, podendo desgastar demais uma marca on-line. Consumidores, atualmente, tendem a pesquisar muito os pontos positivos e negativos em pré-compras, principalmente de bens duráveis que realizem on- line. Figura 3 – Site do Reclame Aqui, depositório de reclamações on-line Fonte: Reclame Aqui, [S.d.]. Por fim, o cliente on-line chamado de buyer persona (aquele consumidor que experimenta sempre novos produtos e serviços de tecnologia e realmente se envolve com as experiências on-line) é o ideal para qualquer empresa, justamente pelos seus hábitos e cultura de lançar mão de todos os recursos em prol de si mesmo, facilitando assim um processo de emancipação de compra que, se bem trabalhado, gera o engajamento tão almejado pelas organizações, fazendo com que esse ator se torne um grande advogado de uma marca, divulgador dos bons atributos de determinada organização. TEMA 4 – A CULTURA DA MEDIATIZAÇÃO – A TEORIA DAS MEDIAÇÕES 11 Atualmente, os cientistas consideram como a mais recente teoria da comunicação o que denominamos de cultura da mediatização ou, ainda, como teoria das mediações. Para Hepp (2012), a sua ideia é de que as culturas das mídias contemporâneas são moldadas pelos meios. O mesmo autor, em consonância com demais autores atuais, defende que devemos pensar as relações existentes entre a tecnologia e as nossas práticas sociais com base em estudos relacionais sobre os meios, porque essas tecnologias estão intimamente ligadas (vinculadas) às transformações socioculturais históricas que compõem a sociedade moderna. Para o conceito de mídia, Hepp (2012) reforça a ideia de que os conceitos relacionados ao termo são tecnologizados, porque – teoricamente – ela está (oni)presente em toda a parte. Já o termo mediação, para Williams (1983), pode ser utilizado de três formas: 1. para definir uma posição de contrato entre dois opositores; 2. para descrever tal interação como substantiva em si, por meio de suas próprias formas; 3. para descrever a interação de dois conceitos ou forças opostas em uma totalidade a qual pertençam. Williams (1983) observa, ainda, o desenvolvimento do broadcasting (rádio e televisão) como uma forma cultural exposta nos debates comunicacionais como reflexo de uma ordem essencialmente capitalista, que reorganiza o nosso cotidiano e a sociabilidade. O autor adverte que é nesse momento que a televisão e o rádio ganham um sentido social. A contemporaneidade nos oportuniza dois momentos distintos: o primeiro proporcionado pela mobilidade, pela rapidez e pelo acesso às informações, como consequência; e o segundo em que a nossa residência nos proporciona um confortável acesso a tais informações, com um modo de vida centrado em casa. Com a ampliação das distâncias entre nosso trabalho e nosso lar e a consequente transformação da experiência social, geram-se o que Williams (1983) chama de novos inputs: notícias e entretenimentos são levados para dentro dos lares. Martin-Barbero (2004) reforça um entendimento de mediação: investigar as mediações significa compreendê-las com base nas articulações entre práticas de comunicação e movimentos sociais. O que temos na realidade, é a diversificação da audiência, cada vez menos controlada, com uma enorme 12 multiplicidade de opções de escolha em termos de mídias, seja em sua residência, sejam alocadas em seu dispositivo móvel. Tais autores ainda recomendam releituras de teorias anteriores como as da escola de Frankfurt, que já apontavam índices e tendências voltadas para a onipresença dos meios de comunicação ante a criação do termo indústria cultural. Assim, como consideração final, podemos observar que não há como pensarmos a comunicação sob a forma de media ou de mediatização sem que ela esteja presente em todos os lugares. TEMA 5 – A FALÊNCIA DA PERSUASÃO Muito antes da era da comunicação de massa, houve uma época em que a voz humana era o único veículo de comunicação passível de convencimento das pessoas, por meio do diálogo ou do contato dialógico. Assim, ela era a única forma prática de que dispúnhamos para persuadir ou convencer as pessoas a alterarem suas convicções e ações, sendo assim importante para o intento de aliciar, incitar as massas. Até hoje, existem vários estudos que ainda visam compreender os princípios da persuasão, no contexto das comunicações de massa. Existe um emprego premeditado, em forma e texto, para convencer imperativamente as pessoas, como audiências, em falas como: votem (em tal candidato político); comprem já (determinado produto); assistam agora (a tal filme); doem (valores para determinada instituição); acompanhem (tal noticiário). Assim, entendemos que também existem diferentes formas de comportamento que são capazes de sucumbir a esses apelos imperativos e urgentes. Isso depende tão somente da forma com que a comunicação pretende atingir o seu intento e incitar, persuadir, convencer o seu público-alvo. Porém, outras formas mais sutis de persuasão também são sentenças aplicáveis e válidas: mudanças que exijam troca de crenças, opiniões ou atitudes subjetivas são suposições que merecem igual estudo e respeito. 13 O comportamento ostensivo da mídia com critérios de persuasão também é validado. Campanhas políticas, propagandas institucionais, matérias tendenciosas muitas vezes lançam mão de artifícios persuasivos com o único intento de convencer determinados grupos, culturas ou sociedades a participar ativamente e partilhar de suas convicções. A verdade é que algumas dessas ações conseguem resultados inimagináveis, ao passo que outras falham no seu desenvolvimento, pois a persuasão pode ser considerada uma arte, praticada há séculos e que a ciência ainda procura entender com teorias apoiadas em bases científicas, mas também em puro achismo. Há quem diga que a persuasão, academicamente, é um estudo inacabado ou até mesmo um beco sem saída. Porém, outra ala da academia diz que a persuasão e os estudos relacionados com essa matéria fracassaram. Para Messagi Jr. (2018), os meios fracassaram; porque não convencem as pessoas facilmente, basicamente, porque elas resistem a seus argumentos. O autor ainda aponta que isso dá-se por quatro motivos diferentes: 1. o desinteresse em obter a informação – a apatia para o consumo da informação; 2. a exposição seletiva – as pessoas, hoje, escolhem com o que desejam interagir; 3. a percepção seletiva – o indivíduo tende a reinterpretar as mensagens recebidas; 4. a memorização seletiva – memorizamos apenas o que desejamos. Por mais óbvio que pareça, a audiência, hoje, escolhe o que ver, ouvir e ler. Optamos por receber ou não as informações. Isso é uma prova irrefutável da aceitabilidade dessa hipótese de não persuasão da mensagem. TROCANDO IDEIAS Para debate Uma rede social pode moldar comportamentos? Discuta isso em grupo, juntando provas que concordem com ou refutem essa hipótese. Boa discussão! 14 NA PRÁTICA Redes e meios sociais Não há como falarmos de comunicação sem perceber ou compreender o pano de fundo dessas imbricadas plataformas. Todas estão relacionadas com o conhecimento humano e – inevitavelmente – com a sociabilidade. Quais as redes sociais que mais influenciam o comportamento humano? Pesquise e realize uma rápida análise a respeito, sob o ponto de vista comunicacional, do poder das redes sociais. FINALIZANDO Conhecimento nunca é demais Não pare os seus estudos por aqui. Avance! Busque novas referências para construir o conhecimento. Use a bibliografiarecomendada e pesquise novos tópicos, com base nas obras sugeridas. Afinal, isso ninguém tirará de você. Foi um prazer enorme aprender com você! Até a próxima oportunidade! 15 REFERÊNCIAS DEUZE, M. Media Life. Cambridge: Polity, 2012. DEUZE, M.; SPEERS, L.; BLANK, P. Vida midiática. Revista USP, São Paulo, n. 86, p. 139-145, 2010. HEPP, A. Cultures of mediatization. Cambridge: Polity Press, 2012. JENKINS, H. A cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2008. JENKINS, H.; GREEN, J.; FORD, S. Cultura da conexão. São Paulo: Aleph, 2014. MANOVICH, l. The language of New Media. Cambridge: MIT Press, 2001. MARTIN-BARBERO, J. Ofício de cartógrafo: travessias latino-americanas da comunicação na cultura. São Paulo: Edições Loyola, 2004. MESSAGI JR., M. Teorias da comunicação. Curitiba: Ed. InterSaberes, 2018. RECLAME AQUI. [S.l.], [S.d.]. Disponível em: <https://www.reclameaqui.com.br/>. Acesso em: 3 dez. 2019. WILLIAMS, R. Towards 2000. Londres: The Hogart Press, 1983.
Compartilhar