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Disciplina: Mediação Comunitária Aula 10: Mediação comunitária como política pública transformadora da sociedade Apresentação A crise do acesso ao Poder Judiciário, vem favorecendo o aparecimento de órgãos alternativos não institucionalizados, construídos a partir da participação comunitária, principalmente em locais de difícil acesso para viabilizar a Justiça. Essas organizações comunitárias conseguem com mais eficiência e rapidez preencher, com vantagem, lacunas acarretadas pelo Poder Judiciário. Esse trabalho pode ser considerado uma resposta natural para a incapacidade da Justiça do Estado em dar conta das crescentes necessidades sociais que geram conflitos e decisões judiciais. Dessa forma, as instituições protagonizadas pelos agentes sociais comunitários, localizadas em regiões mais carentes, precisam utilizar métodos alternativos em relação ao processo judicial. Entre eles encontramos a mediação comunitária, um procedimento informal, que visa à solução de conflitos e à garantia de direitos e cidadania. A mediação comunitária surge como uma nova política pública, um método adequado que pretende buscar a solução dos conflitos de uma maneira democrática e por meio de uma ampla participação social. Objetivos Compreender a mediação comunitária como uma política pública. Estudar algumas transformações sociais desenvolvidas pela mediação comunitária. Descrever algumas experiências de mediação comunitária no Brasil. A mediação comunitária como auxiliar do Poder Judiciário Antes de falarmos da mediação comunitária como auxiliar do Poder Judiciário, devemos recordar a questão ligada ao acesso à Justiça. Para que se tenha uma ideia inicial, é importante recorrer à definição de Cappelletti e Garth (1988, p. 8): A expressão ‘acesso à justiça’ é reconhecidamente de difícil definição, mas serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico — o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado. Cappelletti e Garth (1988, p. 8) Em um primeiro momento, a Justiça deve ser acessível a todos, igualmente; e, num segundo, tem de trazer resultados individuais e socialmente justos. Ao pensarmos nas medidas necessárias para realizar o acesso à Justiça, inicialmente se entendia que era o acesso do cidadão ao Poder Judiciário. Juiz masculino escrevendo no papel na sala de audiências. (Fonte: Andrey_Popov / Shuttertock) Todos os esforços estavam reunidos para garantir que o indivíduo pudesse apresentar a sua demanda ao Judiciário. Como ficou o atendimento aos cidadãos? Com esse fato, houve o crescimento gritante do número de processos judiciais, além de uma complexidade, cada vez maior, de conflitos que passaram a fazer parte da sociedade, mas que não eram resolvidos de forma eficaz pelas medidas legais. Apesar do acesso garantido ao Judiciário, algumas questões impediam que o processo judicial fosse eficaz e satisfatório para todos, tais como: burocratização em excesso das instituições da Justiça; o enorme número de ações judiciais; a demora na solução do litígio; além do excesso de formalismo no Judiciário e dos profissionais do direito. Dessa forma, começou-se a pensar em maneiras que assegurassem o direito de mover uma ação e também dessem garantia para o cidadão de resolver os seus conflitos de forma justa. Surge, então, uma nova concepção de Justiça e, com ela, de acesso à Justiça, que deixou de ser acesso ao Judiciário, para se transformar em acesso à ordem jurídica justa. Frente a essa situação, merece destaque a mediação comunitária, que se torna uma forma eficaz, independente e legítima da sociedade civil organizada buscar a Justiça. A mediação comunitária torna-se um modelo político e de Justiça, formado por uma sociedade participativa que utiliza procedimentos mais flexíveis e informais criados pela própria sociedade e sem vínculos com os órgãos do Estado. Conceito de lei e justiça. (Fonte: Billion Photos / Shutterstock) Quais medidas positivas a mediação comunitária proporciona ao cidadão? Por meio da mediação comunitária, realiza-se uma educação no que diz respeito aos direitos dos cidadãos, porque se utilizando dela eles poderão ser orientados sobre quando, como e onde devem procurar os órgãos estatais que protegem os seus direitos, auxiliando mais ainda o Judiciário. Grupo de pessoas abraçadas. (Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock) Além disso, o estímulo a uma cultura do diálogo, acompanhada de uma posição colaborativa frente à resolução dos conflitos, estimulando o protagonismo social, acarretará na construção de uma comunidade mais forte, mais aberta para resolver, em conjunto, os problemas que atingem a todos, consolidando espaços de luta coletiva pelo melhor para a comunidade. Atividade 1. Pesquise, na cidade em que você mora, uma experiência de mediação comunitária e comente com seus colegas no fórum da disciplina. Mediação comunitária: uma política pública para o desenvolvimento e a transformação social A população, em uma proporção considerável, é suscetível à exclusão, ao preconceito, à violência e a outros problemas sociais. No meio dessa realidade é que surge a mediação comunitária como um procedimento estimulador da paz, do respeito e da participação social, que trabalha levando em conta a diversidade de valores e os diferentes modos de vida, a partir dos problemas na comunicação. Segundo Wust (2014, p. 91): A mediação comunitária emerge como uma nova maneira de olhar o conflito, que propicia uma real revolução no modo como o acesso à justiça é encarado, na relação entre as partes e na sociedade como um todo, uma vez que almeja o tratamento da controvérsia, a prevenção da má administração dos conflitos, a inclusão social e a convivência pacífica.” A mediação comunitária pode ser considerada uma política pública, que leva em conta as singularidades das pessoas assim como suas diferenças. O procedimento trabalha com a comunicação, aumentando o sentimento de cidadania e de vida em sociedade, de forma integrada. As características de uma sociedade democrática estão relacionadas às pessoas capazes de resolver seus problemas por meio de práticas cotidianas de cidadania. Wust (2014, p. 92) afirma em seu trabalho que “a mediação comunitária é uma política pública eficaz não apenas por proporcionar a democratização do acesso à justiça, mas por empoderar os sujeitos e torná-los verdadeiros cidadãos”. Acrescenta-se a essa afirmação que uma sociedade conscientizada de que o ser humano cresce com as diferenças aceita que os conflitos devem ser administrados de forma positiva ou neutra, sendo o procedimento da mediação uma forma de prevenção de desavenças e do aparecimento de novos conflitos. Mulher responde às perguntas de agente comunitário na porta de casa. (Fonte: Lakov Filimonov / Shutterstock) O mediador, na mediação comunitária, trabalha de forma independente e é um membro dessa mesma comunidade, que espera, por meio de um trabalho de conscientização, conduzir os outros moradores a um sentimento de inclusão social, em busca de um eficaz acesso irrestrito à Justiça, assim como resultados positivos nas relações sociais. Esse processo de inclusão social dos membros da comunidade pode ser estabelecido por meio da autonomia e da responsabilização pelas escolhas e pelas decisões, que dizem respeito aos conflitos vivenciados na comunidade. Dessa forma, serão criados vínculos que aprofundarão o sentimento de cidadania e de participação da vida social da comunidade. A mediação comunitária, sendo assim, destina-se a duas funções: [...] primeiro oferece um espaço de reflexão e busca de alternativas na resolução dos conflitos nas mais diversas esferas: família, escola, no local de trabalho e de lazer, entre outros. Em segundo lugar o indivíduo possui um ganho que, não obstante parecer secundário, assume proporções políticas importantes quando ao resolver autonomamente seus conflitos passa a participar mais ativamente da vida política da comunidade. Assim, eleestimula e auxilia os indivíduos a pensarem como conjunto (nós) e não mais como pessoas separadas (eu-tu). A resolução do conflito é boa quando satisfatória para todos. Nesse contexto, a maior lição é valorizar o bem comum mais do que os bens ou ganhos individuais. Consequentemente a cidadania acontece de modo efetivo quando os ‘conflitantes comunitários’, com o auxílio do mediador, entendem e usufruem de seu poder de decisão, respeitando e zelando pelo bem-estar social. (SPENGLER, 2012, p. 227-228). Para Spengler, a mediação comunitária é muito mais do que uma forma de acesso à Justiça que incentiva a participação social — é também uma política pública que vem conseguindo o apoio do Ministério da Justiça, da Secretaria de Reforma do Judiciário e do Conselho Nacional de Justiça como consequência de sua comprovada eficácia na administração e resolução de conflitos. Atenção É importante destacar que as políticas públicas do Estado são muito diferentes daquelas realizadas pelo governo. A primeira se encontra institucionalizada, ou seja, ligada às estruturas do Estado (legislativas, administrativas e judiciárias) de tal forma que, mesmo com a mudança dos governos, não poderá deixar de existir, nem será modificada de forma aleatória. Entretanto, a política governamental é resultado de uma decisão de um governo em exercício e dependente de uma escolha política para se manter presente. A variação entre as duas não ocorre pela qualidade de uma ou outra, mas pelo nível de institucionalização e a sua possibilidade de permanência, de acordo com Wust (2014). O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é um importante órgão para implementar a criação de novas políticas públicas. Por meio da Resolução nº 125 de 2010, que incentiva a resolução de conflitos por meio de soluções extrajudiciais, determinou a criação de núcleos permanentes para a solução de conflitos, dando garantias à população do direito a uma resolução de seus conflitos de forma adequada, levando em conta as particularidades de cada situação. Martelo dos juizes na tabela de madeira com livros de lei. Conceito de decisão legal. (Fonte: Create jobs 51 / Shutterstock) As políticas públicas do Estado são responsáveis pela promoção e realização de direitos por meio de ações sociais. Dessa forma, a mediação comunitária pode ser considerada uma política pública de Estado, porque foi criada justamente para garantir o direito fundamental de acesso à Justiça, inclusão e desenvolvimento social, possibilitando, às próprias partes, tratar seus conflitos sem que a intervenção estatal se faça necessária. Complementando, Splenger (2012, p. 230) afirma que A mediação comunitária é um procedimento que colabora para que a integração e a participação da sociedade se tornem mais fortes, bem como ajudando as pessoas a refletir juntas sobre uma decisão que atenda aos interesses de todos os envolvidos e valorize a participação popular. A mediação comunitária é uma política pública cujo objetivo é empoderar os atores comunitários, a fim de que sejam os responsáveis pelas decisões tomadas. É um procedimento que se realiza na, pela e para a comunidade, acarretando uma nova forma de resposta aos conflitos, em que o interesse coletivo é mais importante do que o interesse individual. Grupo de seis pessoas em reunião. (Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock) 1 http://127.0.0.1:5500/mediacao_comunitaria__GON955/aula10.html Comentário Para Wust (2014), a mediação comunitária colabora com o desenvolvimento da democracia e da inclusão social, e responsabiliza os cidadãos sobre a necessidade de sua participação na comunidade, através de uma prática cidadã. Além disso, estimula a amizade, a fraternidade e a solidariedade, e conscientiza as pessoas envolvidas em situações conflituosas de que elas são capazes de tratar seus conflitos de forma consensual e eficaz, sem necessitar da intervenção do Poder Judiciário. Isso não significa afirmar que as normas jurídicas não serão respeitadas, mas que terão autonomia para resolver seus próprios problemas, de uma forma mais acessível. É importante lembrar que a mediação comunitária também tem o papel de prevenir o surgimento de novos conflitos, resultado da compreensão do valor do diálogo para a solução e restauração de vínculos. A mediação comunitária fornece um espaço para que normas e valores sejam trabalhados, de forma transparente, construindo compreensões compartilhadas por meio de diálogos entre os participantes da comunidade, tendo como consequência a diminuição das tensões sociais: [...] a mediação comunitária torna-se uma ferramenta hábil a proporcionar uma verdadeira transformação social, haja vista que não apenas pretende desafogar o Poder Judiciário, mas também tratar os conflitos de forma adequada em termos qualitativos, o que gera, por consequência, o acesso a uma ordem jurídica justa e eficaz. WUST, 2014, p. 122. Atividade 2. De acordo com a Resolução nº 125 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre a política judiciária nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário, pode-se afirmar que a conciliação e a mediação são instrumentos: a) jurisdicionais, notoriamente insuficientes e ineficientes para atender e satisfazer subjetiva e objetivamente o conjunto de demandas. b) garantidores de proteção diante de eventual ameaça ou violação do direito, compelindo o seu agressor ao cumprimento ou sancionando-o ante o seu descumprimento. c) efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, e que a sua apropriada disciplina em programas já implementados no país tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, e a quantidade de recursos e de execução de sentenças. d) processuais aptos a garantir a efetividade da execução das decisões proferidas pelo Poder Judiciário. e) extraprocessuais de resolução de conflitos, que só devem ser utilizados quando todas as possibilidades jurídicas forem esgotadas. Algumas experiências de mediação comunitária no Brasil As práticas de mediação comunitária que vêm ocorrendo no Brasil têm conseguido tanta importância no contexto nacional que até a Lei nº 13.410/2015 mencionou a mediação que ocorre nas comunidades, como observado no seu art. 42, cuja determinação é a seguinte: (Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock) Art. 42. Aplica-se esta Lei, no que couber, às outras formas consensuais de resolução de conflitos, tais como mediações comunitárias e escolares, e àquelas levadas a efeito nas serventias extrajudiciais, desde que no âmbito de suas competências. A partir desse contexto, serão apresentadas algumas experiências de mediação comunitária no Brasil, para demonstrar como tem sido aplicada na prática. Uma das primeiras experiências brasileiras em mediação comunitária que se tem registro são os Núcleos de Mediação e Cidadania (NMC). Os NMCs realizam atividades desenvolvidas pelo Programa Polos de Cidadania, que teve início em meados de 1995. Essa ação faz parte de um projeto de extensão da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cujo objetivo é “articular atividades de ensino, pesquisa e extensão com vistas à promoção, a inclusão e a emancipação de grupos com histórico de exclusão e trajetória de riscos sociais” (LEANDRO, 2016, p. 8). 2 http://127.0.0.1:5500/mediacao_comunitaria__GON955/aula10.html Minas Gerais - Brazil. (Fonte: Vitoriano Junior/ Shutterstock) Comunidade no Rio de Janeiro, Brasil. (Fonte: Tero Hakala / Shutterstock) Outra experiência inaugural de mediação comunitária no país foi no Rio de Janeiro, em 1996, nas comunidades do Chapéu Mangueira e da Babilônia, no bairro do Leme, Zona Sul da cidade. Foi uma iniciativa do projeto Balcão de Direitos, entidade privada, vinculada à ONG Viva Rio. O Balcão de Direitos atende várias comunidades e oferece orientação jurídica, mediação de conflitos e conciliação, promovendo ainda a capacitação de pessoas da comunidade em cidadania e noções de direito. O objetivo é promovera democratização de direitos, a partir da expansão da informação e da construção de formas mais justas para solucionar conflitos, com a intenção de realizar o exercício pleno da cidadania, auxiliando no surgimento de uma sociedade solidária e diversificada. Panorama com um grupo de diferentes ocupações. (Fonte: Robert Kneschke / Shutterstock) Na equipe do projeto faziam parte agentes comunitários (pessoas moradoras das comunidades), auxiliados por uma equipe interdisciplinar composta de advogados, psicólogos, assistentes sociais, servidores de apoio administrativo, um artista e uma juíza que coordenava o programa. O Projeto Justiça Comunitária foi integrado à Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, passando a ser uma política estimulada pelo governo federal e adaptada de acordo com a realidade de cada governo estadual, municipal e demais organizações. A criação dos Escritórios Populares de Mediação Comunitária do Juspopuli — Escritório de Direitos Humanos da Bahia —, foi outra experiência voltada para a comunidade e desenvolvida a partir de uma organização da sociedade civil. Trata-se de uma organização social, criada em junho de 2001, qualificada como sociedade civil sem fins lucrativos, com o objetivo de ampliar e democratizar o conhecimento sobre o direito e auxiliar na realização dos direitos humanos. As principais estratégias dos escritórios são: educação para os direitos humanos, expansão da mediação e outras formas adequadas de resolução de conflitos para uma convivência pacífica e prevenção da violência (LEANDRO, 2016). Nesses escritórios, as lideranças comunitárias são capacitadas para oferecer orientação jurídico-social e mediação nas suas comunidades. Além disso, realizam cursos, oficinas, seminários e outros eventos de formação sobre direitos humanos promovendo, por meio desses conhecimentos, a conscientização da comunidade e dos seus direitos, formando redes de solidariedade e de prestação de serviços. Finalizando, uma experiência que se apresenta em nível nacional como uma das práticas mais amplas no campo das políticas públicas é o Programa Mediação de Conflitos em Minas Gerais (LEANDRO, 2016). É uma política pública estadual de prevenção à violência com uma delimitação territorial e comunitária, abrangendo 33 regiões do Estado, que concentram as maiores taxas de criminalidade. Esse programa faz parte da estrutura orgânica da administração pública do governo do estado de Minas Gerais, da Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS), por meio da Coordenadoria Especial de Prevenção à Criminalidade, do Núcleo de Resolução Pacífica de Conflitos (NRPC), que, por sua vez, é responsável pela coordenação geral do Programa Mediação de Conflitos. Esse Programa é originário da UFMG, oriundo dos polos de cidadania, já apresentado aqui. Seu objetivo geral é “promover meios pacíficos de administração de conflitos em níveis interpessoais, comunitários e institucionais, que contribuam para minimizar, prevenir e/ou evitar que estes se desdobrem em situações de violências e criminalidade” (LEANDRO, 2016, p. 11). Suas principais atividades são: a realização de atendimentos de orientação jurídica e de mediação de conflitos, tanto em níveis interpessoais como coletivos, além de desenvolver projetos comunitários e em parceria com organizações comunitárias. Mapa do Brasil destacando o estado de Minas Gerais em vermelho. (Fonte: Rainer Lesniewski / Shutterstock) Atividade 3. No que tange à mediação comunitária de conflitos, assinale a alternativa CORRETA: I — É uma maneira de as pessoas da comunidade resolverem seus próprios conflitos pelo diálogo; assim, ouvindo o outro, pode-se olhar o problema de novas maneiras, e ajudar as pessoas a encontrar juntas os melhores caminhos para a solução de seus conflitos. II — A mediação comunitária realiza-se nos bairros, com o intuito de propiciar à comunidade a conscientização de seus direitos e deveres, além da resolução e da prevenção de conflitos em busca da paz social. III — O mediador facilita a comunicação entre as pessoas envolvidas no conflito, fazendo perguntas que as levem a pensar, a se posicionar sobre os próprios problemas causados pelo conflito e a se colocar no lugar do outro. Ele pode sugerir soluções e, em último caso, decidir sobre o litígio. a) Estão corretos os itens I e II; b) Estão corretos os itens II e III; c) Estão corretos os itens I e III; d) Todos os itens estão corretos; e) Todos os itens estão errados. 4. Ainda sobre mediação comunitária de conflitos, assinale a alternativa INCORRETA: a) Na mediação comunitária, os mediadores são geralmente membros da própria comunidade, capacitados para realizar a mediação de conflitos e que voluntariamente decidiram dedicar parte de seu tempo para o bem-estar de toda a comunidade. b) A mediação nas comunidades traduz o exercício de cidadania e de democracia, pois permite que os cidadãos, até então socialmente excluídos, resolvam por si mesmos seus conflitos com o auxílio de um mediador. c) A mediação de conflitos é um instrumento de prática da cidadania e da democracia no momento em que facilita o acesso efetivo à Justiça, vez que o conflito já chega resolvido no judiciário, cabendo apenas a necessária homologação do acordo pelo juiz competente. d) A mediação comunitária tem como escopo, por meio do diálogo, fazer com que as pessoas administrem bem seus conflitos. e) A mediação comunitária é uma forma de o Judiciário levar a Justiça à comunidade através de juízes leigos, selecionados pelo próprio tribunal. Notas Políticas públicas A mediação comunitária pode ser apontada como uma política pública, uma vez que se trata de um conjunto de programas de ação governamental estáveis no tempo, racionalmente moldados, implantados e avaliados, dirigidos à realização de direitos e de objetivos social e juridicamente relevantes. Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais 1 2 A prática e a execução desse trabalho são realizadas por meio de parcerias com outras unidades da UFMG, outras instituições públicas e privadas de ensino superior e com os órgãos da administração pública (Poder Executivo municipal, estadual e federal). A base desse trabalho foi desenvolvida a partir do contato com a realidade social de exclusão (em vilas, aglomerados e favelas de Belo Horizonte), e, paulatinamente, foi sendo adequada aos conflitos que iam sendo apresentados nessas localidades. Referências BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública; altera a Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997, e o Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972; e revoga o § 2º do art. 6º da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997. Diário Oficial da União <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13140.htm> , Brasília, DF, Seção 1, p. 4, 29 jun. 2015. CAPPELLETTI, M.; GARTH, B. Acesso à justiça. Porto Alegre: Fabris, 1988. CONSELHO Nacional de Justiça. Resolução nº 125 <http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2579> , de 29 de novembro de 2010. LEANDRO, Ariane Gontijo Lopes. Experiências de mediação comunitária no Brasil: desafios teóricos e práticos. In: CHAI, Cássius Guimarães (Org.). Mediação comunitária <http://www.globalmediation.org/downloads/livro-grupo- 5.pdf> . Rio de Janeiro: Global Mediation, 2014. p. 232-249. SALES, L. M. de M. Justiça e mediação de conflitos. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. SPENGLER, F. M. Fundamentos políticos da mediação comunitária. Ijuí: Unijuí, 2012. WUST, C. Mediação comunitária e acesso à justiça: as duas faces da metamorfose social. Santa Cruz do Sul: Essere Nel Mondo, 2014. Explore mais Para aprimorar seus conhecimentos acesse os seguintes materiais: http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2579 http://www.globalmediation.org/downloads/livro-grupo-5.pdf Projeto JustiçaComunitária do TJDF <https://www.stm.jus.br/servicos- stm/lexml/item/5809-projeto-justica-comunitaria-do-tjdft> Núcleo de Resolução pacífica de conflitos de Minas Gerais <http://www.seguranca.mg.gov.br/component/gmg/program/285- Programas> Viva Rio <http://www.vivario.org.br/> Mediação de conflitos comunitários e facilitação de diálogos na Maré: Mediação de Conflitos Comunitários e Facilitação de Diálogos na Maré - Parte 1 <https://www.youtube.com/watch?v=L9QO_eTAHMM> Mediação de Conflitos Comunitários e Facilitação de Diálogos na Maré - Parte 2 <https://www.youtube.com/watch?v=ujx18q3Y_TY> https://www.stm.jus.br/servicos-stm/lexml/item/5809-projeto-justica-comunitaria-do-tjdft http://www.seguranca.mg.gov.br/component/gmg/program/285-Programas http://www.vivario.org.br/ https://www.youtube.com/watch?v=L9QO_eTAHMM https://www.youtube.com/watch?v=ujx18q3Y_TY