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2 SUMÁRIO 1 GERIATRIA .......................................................................................................... 3 1.1 O que é “envelhecimento ativo”? ................................................................... 4 2 O INDIVÍDUO IDOSO .......................................................................................... 8 3 AS PECULIARIDES DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA EM IDOSOS ..............10 4 HISTÓRIA DA GERIATRIA .................................................................................15 5 O IDOSO E O CONTEXTO SOCIAL ...................................................................23 6 INTERDISCIPLINARIDADE E A GERONTOLOGIA: ASPECTOS RELEVANTES PARA A ENFERMAGEM .....................................................................................................26 REFERÊNCIAIS........................................................................................................30 LEITURA COMPLEMENTAR ....................................................................................32 REFERÊNCIAS.........................................................................................................41 3 1 GERIATRIA Fonte:www.portalmedicos.com.br Até 2025, segundo a OMS, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. Ainda é grande a desinformação sobre a saúde do idoso e as particularidades e desafios do envelhecimento populacional para a saúde pública em nosso contexto social (SAÚDE, 2015). O Programa do Ministério da Saúde “Brasil Saudável” envolve uma ação nacional para criar políticas públicas que promovam modos de viver mais saudáveis em todas as etapas da vida, favorecendo a prática de atividades físicas no cotidiano e no lazer, o acesso a alimentos saudáveis e a redução do consumo de tabaco estas questões são a base para o envelhecimento saudável, um envelhecimento que signifique também um ganho substancial em qualidade de vida e saúde (SAÚDE, 2015). O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também um dos nossos grandes desafios ao entrarmos no século XXI, o envelhecimento global causará um aumento das demandas sociais e econômicas em todo o mundo, no entanto, as pessoas da 3ª idade são, geralmente, ignoradas como recurso quando, na verdade, constituem recurso importante para a estrutura das nossas sociedades (SAÚDE, 2015). 4 1.1 O que é “envelhecimento ativo”? Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas, o envelhecimento ativo aplica-se tanto a indivíduos quanto a grupos populacionais (SAÚDE, 2015, p. 1). Como descrito por Saúde (2015) permite que as pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida, e que essas pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades; ao mesmo tempo, propicia proteção, segurança e cuidados adequados, quando necessários, a palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho, as pessoas mais velhas que se aposentam e aquelas que apresentam alguma doença ou vivem com alguma necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros, comunidades e países. O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados, o termo “saúde” refere-se ao bem-estar físico, mental e social, como definido pela Organização Mundial da Saúde, por isso, em um projeto de envelhecimento ativo, as políticas e programas que promovem saúde mental e relações sociais são tão importantes quanto aquelas que melhoram as condições físicas de saúde, manter a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é uma meta fundamental para indivíduos e governantes (SAÚDE, 2015). Além disto, o envelhecimento ocorre dentro de um contexto que envolve outras pessoas, amigos, colegas de trabalho, vizinhos e membros da família, esta é a razão pela qual interdependência e solidariedade entre gerações (uma via de mão-dupla, com indivíduos jovens e velhos, onde se dá e se recebe) são princípios relevantes para o envelhecimento ativo, a criança de ontem é o adulto de hoje e o avô ou avó de amanhã, a qualidade de vida que as pessoas terão quando avós depende não só dos riscos e oportunidades que experimentarem durante a vida, mas também da maneira como as gerações posteriores irão oferecer ajuda e apoio mútuos, quando necessário (SAÚDE, 2015). 5 Fonte:www.danilofisioterapeuta.com.br Um indicador que mostra o processo de envelhecimento da população é o índice de envelhecimento, que é o resultado da razão entre a população de 65 anos ou mais e a de 0 a 14 anos na população residente em um determinado espaço geográfico, no ano considerado (Índice de Envelhecimento = {[POP (65+) /POP (0 a 14) ] × 100}) (CLOSS; SCHWANKE, 2011). Assim, refere o autor acima este índice representa o número de pessoas idosas em uma população, para cada grupo de 100 pessoas jovens, o mesmo coloca o Brasil, nas próximas décadas, entre os países com mais acentuado ritmo de envelhecimento populacional, em 2025 deverá superar em até cinco vezes aquele observado em 1975, sendo que, para cada grupo de 100 indivíduos menores de 15 anos, haverá 46 idosos (contra 10 existentes em 1975), finalmente, em 2050 o número de pessoas idosas deverá superar o de menores de 15 anos. Em relação à morbimortalidade, conceitua Boccolini e Camargo (2016) as doenças cardiovasculares e as neoplasias (especialmente o câncer de mama entre a mulheres e o de próstata entre os homens), que são consideradas doenças crônicas não transmissíveis, passaram a ocupar as primeiras colocações entre os idosos. Atrelado ao incremento dessas doenças, encontra-se o incremento das incapacidades funcionais e dos gastos com a saúde. 6 Contudo, as causas externas de morte também são frequentes e preocupantes neste grupo etário, uma vez que estão relacionadas principalmente às quedas e também à violência. Fonte:www.coisasparacriancas.com Em 2007, conforme Miranda, Mendes e Silva (2016) a parcela idosa da população brasileira foi responsável por mais de 20% das internações hospitalares geradas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), correspondendo a 26,5% dos gastos totais com esta forma de assistência (R$ 2.019.716,90). A permanência média de internação hospitalar de idosos foi de 7,2 dias em relação aos 5,8 dias da população geral, no entanto, envelhecimento é mais que uma questão de números, pessoas idosas apresentam aspectos particulares de saúde e necessidades médicas diferentes daquelas apresentadas por indivíduos jovens, além de constituir um segmento heterogêneo em termos de capacidade funcional (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016). O desafio que se coloca é o de atender a uma sociedade progressivamente mais envelhecida através da oferta de serviços e benefícios que lhes permitam uma vida digna e ativa, neste contexto, a Geriatria, além de ser uma das especialidades médicas mais recentes, tem sido considerada como uma especialidade de importância fundamental e em franca expansão no mercado de trabalho (MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016, p. 1). 7 Geriatria refere-se à especialidade médica responsável pelos aspectos clínicos do envelhecimento e pelos amplos cuidados de saúde necessários às pessoas idosas é a área da medicina que cuida da saúde e das doenças da velhice; que lida com os aspectos físicos, mentais,funcionais e sociais nos cuidados agudos, crônicos, de reabilitação, preventivos e paliativos dos idosos; e que ultrapassa a “medicina centrada em órgãos e sistemas” oferecendo tratamento holístico, em equipes interdisciplinares e com o objetivo principal de otimizar a capacidade funcional e melhorar a qualidade de vida e a autonomia dos idosos (PEREIRA et al., 2009). Fonte:facinepe.edu.br Assim, como em 2009 comemora-se um século de existência desta especialidade médica instigante e desafiadora, os autores visam revisar alguns aspectos relacionados ao indivíduo idoso e à Geriatria, também contextualizam a Geriatria desde os seus primórdios até a atualidade, passando por uma breve discussão sobre a pesquisa e a produção científica, os desafios enfrentados pelos profissionais, bem como os avanços e perspectivas da área do envelhecimento (PEREIRA et al., 2009). 8 2 O INDIVÍDUO IDOSO Fonte:mensagens.culturamix.com Na visão de Schneider e Irigaray (2008) uma vez que o foco de atuação do geriatra é o idoso, uma questão torna-se importante de ser debatida: afinal, quem é e como se pode caracterizar o indivíduo idoso? Geralmente, o principal marcador utilizado para caracterizar a velhice é a idade. Entretanto, quando se fala em idade, é importante salientar que se fala em vários tipos de idade, ou seja, idade cronológica, biológica, funcional, psicológica e social. No que tange à idade cronológica, os indivíduos passam a ser considerados idosos quando atingem a idade de 60 anos em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, e a idade de 65 anos em países desenvolvidos, contudo, os indivíduos envelhecem ao longo do seu desenvolvimento, e não a partir dos 60 ou 65 anos (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008). O envelhecimento é um processo contínuo, complexo, multifatorial e individual, envolvendo modificações do nível molecular ao morfofisiológico, que ocorrem em cascata, principalmente após o período pós-reprodutivo, segundo Kirkland, o envelhecimento é um processo progressivo, universal e intrínseco, e suas alterações ocorrem em diferentes taxas 9 entre os vários órgãos de um indivíduo (envelhecimento segmentar) (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008). Fonte:portalamigodoidoso.com.br Troen (apud Teixeira e Guariento 2010) em uma revisão sobre a biologia do envelhecimento, afirma que o envelhecimento é inexorável e que as tentativas de entendimento de suas causas são limitadas pela complexidade do fenômeno. Segundo o autor, as modificações do envelhecimento são caracterizadas por: Mudança na composição bioquímica dos tecidos; Diminuição progressiva na capacidade fisiológica; Redução na capacidade de adaptação aos estímulos; Aumento na suscetibilidade e vulnerabilidade às doenças; Aumento da mortalidade. Segundo Fries, em geral, o declínio linear na capacidade de reserva dos órgãos inicia- se em torno dos 30 anos de idade cronológica. 10 3 AS PECULIARIDES DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA EM IDOSOS Fonte:www.sjc.sp.gov.br O atendimento dos indivíduos idosos pelos profissionais da área da saúde em diversos níveis (primário, secundário e terciário) traz à tona algumas peculiaridades como: a doença física pode se apresentar como um transtorno mental com confusão e desorientação (delírio ou delirium), frequentemente como um dos primeiros sinais das enfermidades mais comuns; as capacidades funcionais ou fisiológicas estão diminuídas (como a depuração de creatinina); as reações adversas a medicamentos são mais pronunciadas e mais prováveis; os sinais e sintomas típicos de doenças podem estar ocultos ou ser muito leves (ex. a febre pode ser mínima ou ausente durante uma pneumonia); múltiplos problemas orgânicos, psicológicos e sociais estão presentes ( WITT et al., 2014). 11 Fonte:www.sincron.com.br Conforme Witt et al. (2014) este quadro remete às principais síndromes geriátricas os chamados “gigantes da geriatria” ou cinco “is”: (A) incontinência urinária e/ou fecal (uma das maiores causas de institucionalização de idosos); (B) imobilidade (que acentua a diminuição da massa magra, podendo levar a sarcopenia e a escaras de decúbito); (C) instabilidade postural (com um risco aumentado de quedas e, consequentemente, fraturas); (D) insuficiência cerebral (delirium, alterações cognitivas); (E) iatrogênica (maior susceptibilidade a reações colaterais e à intoxicação, que pode se manifestar na forma de um ou mais dos “gigantes”). O termo “gigantes da geriatria” foi instituído por Bernard Isaacs (1924-1995). Em relação às várias morbidades concomitantes (plurimorbidade), Leeman et al. destacam que 88% dos indivíduos com 65 anos ou mais têm pelo menos uma doença crônica, e 69% dos idosos apresentam mais de uma doença e/ou morbidades. Como consequência, esses indivíduos consomem mais medicamentos, têm maior número de internações hospitalares e por tempo mais prolongado (PEREIRA et al., 2009). 12 Fonte:www.spcasaderepouso.com.br Assim, o impacto das peculiaridades do indivíduo idoso no âmbito da saúde, aliado ao fato de muitas vezes não se conseguir detectar todos os problemas do paciente através da abordagem clássica centrada na queixa principal (o chamado fenômeno do iceberg), levou à necessidade de se criar uma metodologia diferenciada de avaliação do indivíduo idoso: a “avaliação geriátrica ampla” (AGA). Esta, idealmente, deve ser multidimensional e interdisciplinar, a AGA é considerada o coração e a alma da Medicina Geriátrica, sendo a resposta à complexidade e multiplicidade de problemas dos idosos (SAÚDE, 2006). Porém, entre idosos, muito mais do que apenas a ausência de doença, a qualidade de vida é um reflexo da manutenção da autonomia, ou seja, a capacidade de determinação e execução dos próprios desígnios, uma vez que a ausência de doença é rara entre os idosos, mas a satisfação com a vida é muito frequente, a capacidade funcional passa a ser um paradigma da saúde geriátrica (SAÚDE, 2006). A saúde do idoso, sob este prisma, passa a ser resultante da interação multidimensional entre saúde física, saúde mental (aspectos cognitivos e emocionais), autonomia, integração social, suporte familiar e independência econômica. 13 O comprometimento de qualquer uma destas dimensões pode afetar a capacidade funcional do idoso, apresentando um impacto na qualidade de vida. Fonte:www.ma.gov.br Como descrito por Moraes (2012) outro conceito de fundamental importância para a saúde da população idosa é a vulnerabilidade ou fragilidade que definem idoso vulnerável como aquele que se encontra com risco elevado de declínio funcional e morte em dois anos, estes autores apontam a necessidade de se identificar indivíduos em situação de vulnerabilidade para que sejam estabelecidas intervenções precoces. 14 Fonte:www.crinorte.org.br Finalmente, a atenção adequada à saúde dos idosos requer conhecimentos específicos diferentes daqueles necessários ao cuidado de adultos assim, justifica-se a formação do médico especializado no cuidado do indivíduo idoso, o geriatra, assim como se justifica a formação do médico especializado no cuidado da criança, o pediatra (MORAES, 2012). 15 4 HISTÓRIA DA GERIATRIA Fonte:falafisio.com.br Como descrito por PEREIRA et al. (2009) preocupações com longevidade, imortalidade e busca pela vida eterna estiveram sempre presentes na história da humanidade, podendo ser observadas na mitologia grega, em papiros do antigo Egito e em escritos bíblicos, em busca da Fonte da Juventude, Ponce de Leon descobriu a Flórida, nos Estados Unidos da América, no século XVI.O mais antigo símbolo médico conhecido, o caduceu, originou-se na Mesopotâmia e foi encontrado em vasos datados de 2700 a.C. Este símbolo está intimamente relacionadoà aspiração ancestral de rejuvenescimento, simbolizada pelas serpentes que, ao renovar suas peles, permanentemente se rejuvenescem. Médicos e filósofos da antiguidade fizeram observações sobre doenças associadas ao envelhecimento na Grécia antiga, a teoria predominante de envelhecimento referia-se ao calor intrínseco, um dos elementos essenciais e o principal relacionado à vida. Hipócrates descreveu a velhice como fria e úmida, o que pode ter sido o início do reconhecimento da insuficiência cardíaca como afecção comum da terceira idade (PEREIRA et al., 2009). Aristóteles, um século depois, apresentou sua teoria, também relacionando envelhecimento à perda de calor intrínseco, a vida consistiria na manutenção desse calor e 16 de sua relação com a alma, que se localizaria no coração para se manter, o calor intrínseco necessitaria de combustível e, na medida em que este combustível fosse consumido, sobreviria o envelhecimento (PEREIRA et al., 2009). Fonte:www.hospitaldecruzilia.com.br Na Roma Antiga sobressai-se o legado de Marco Túlio Cícero, que em seu livro De Senectude, traz soluções válidas até os dias atuais quando afirma PEREIRA et al. (2009) Cícero foi provavelmente pioneiro em reconhecer a anorexia dos idosos, galeno, outro célebre médico romano, foi autor de trabalhos de capital importância para a Medicina até pelo menos o século XVI, quando Vesalius e William Harvey retomaram seus temas, galeno combinou a teoria dos quatro humores, a noção aristotélica do calor intrínseco, a noção de pneuma (espírito) e crença num só deus. Considerava a velhice fria e seca, e aconselha, em seu livro Gerontomica, a manter os idosos aquecidos e umedecidos. 17 Fonte:institutoargus.com.br No mundo islâmico medieval, aborda, em várias seções, a questão da constipação, e recomenda a utilização de óleos para o corpo, no século XII, Roger Bacon propôs um programa científico de investigação epidemiológica da longevidade de pessoas vivendo em diferentes locais e sob diferentes condições (PEREIRA et al., 2009, p. 1). Para Bacon, seria possível proteger-se do envelhecimento através da adoção de dieta controlada, repouso, exercícios e estilo de vida moderados, bons hábitos de higiene e inalações frequentes da respiração de uma jovem mulher virgem. Ainda no século XV, o médico francês André Laurens escreve o primeiro livro de Geriatria em língua francesa, onde, a partir da observação de autópsias em idosos, discute a teoria de que o coração diminui a partir dos cinquenta anos, durante os séculos XVIII e XIX, vários médicos escreveram especificamente sobre doenças do envelhecimento e seu tratamento, em Paris, o Hospital Salpetrière, que acomodava de dois a três mil idosos, pode ser considerado o primeiro estabelecimento geriátrico, onde o neurologista e psiquiatra Jean- Martin Charcot ministrava suas aulas sobre envelhecimento (PEREIRA et al., 2009, p. 1). 18 Durante os séculos XVIII e XIX, vários médicos escreveram especificamente sobre doenças do envelhecimento e seu tratamento, porém, o século XX marcou definitivamente a importância do estudo da velhice. Fonte:www.consumidormoderno.com.br Em 1903, Elie Metchnikoff defendeu a idéia da criação de uma nova especialidade, a GERONTOLOGIA, a partir das expressões gero (velhice) e logia (estudo) no dizer de PEREIRA et al. (2009) propunha a criação de um campo de investigação dedicado ao estudo exclusivo do envelhecimento, da velhice e dos idosos. Por definição, quando afirma PEREIRA et al. (2009) gerontologia é o campo multiprofissional e multidisciplinar que visa à descrição e explicação das mudanças típicas do processo de envelhecimento e de seus determinantes genético-biológicos, psicológicos e socioculturais, abrange aspectos do envelhecimento normal e patológico Em 1906, o neuropsiquiatra alemão Alois Alzheimer apresentou a seus pares o caso de sua paciente Auguste D, que apresentou sinais de demência aos 55 anos após a morte de Auguste D., Alzheimer estudou seu cérebro, observando a presença de placas e emaranhados neurofibrilares no córtex cerebral, reforçando observações anteriores, a partir de então passou a ser descrita a nova entidade nosológica que recebeu seu nome (PEREIRA et al., 2009). Em 1909, Ignatz Leo Nascher, médico vienense radicado nos Estados Unidos, propôs a criação de nova especialidade médica, destinada a tratar das doenças dos idosos e da própria velhice, a qual denominou GERIATRIA. Nasher, considerado o “pai da Geriatria”, 19 fundou em 1912 a Sociedade de Geriatria de Nova York, escreveu o livro Geriatrics: the diseases of old age and their treatment em 1914 e, em 1917, foi convidado para ser editor da revista The Medical Review of Reviews na sessão de Geriatria (PEREIRA et al, 2009). Na década de 1930, a médica inglesa Marjorie Warren desenvolveu princípios até hoje tidos como centrais na prática da Geriatria moderna, sendo considerada a “mãe da Geriatria”. Warren instituiu a primeira unidade de cuidados geriátricos e sistematizou a avaliação de pacientes idosos (os primórdios da AGA). Pela primeira vez estimulou os pacientes a sair da cama e caminhar, introduzindo o conceito de reabilitação, entre 1940 e 1950, publicou vinte e sete artigos científicos sobre reabilitação (PEREIRA et al, 2009). Fonte:zh.clicrbs.com.br Em 2005, passou a se denominar International Association of Gerontology and Geriatrics, que atua na promoção e desenvolvimento da Gerontologia e Geriatria como uma ciência, congregando sociedades científicas de todo o mundo, periodicamente promove o World Congress of Gerontology, atualmente a intervalos de quatro anos, sendo que o último foi realizado no mês de julho de 2009, na cidade de Paris. Em 1954, Tibbits introduziu o termo GERONTOLOGIA SOCIAL, que é a área da Gerontologia que se ocupa do impacto das condições sociais e socioculturais sobre o processo de envelhecimento e das consequências sociais deste processo, mais recentemente, tem-se utilizado a terminologia BIOGERONTOLOGIA, GERONTOLOGIA BIOLÓGICA ou GERONTOLOGIA BIOMÉDICA, que se refere ao estudo do fenômeno do envelhecimento (como e por que envelhecemos) do ponto de vista molecular e celular, 20 orgânico, evolutivo e de todas as interfaces entre eles, de estudos populacionais e de prevenção de doenças associadas ao envelhecimento, adicionalmente, visa aplicar os conhecimentos do processo de envelhecimento na sua desaceleração, ou mesmo, no aumento do tempo de vida e da vitalidade dos seres humanos (PEREIRA et al., 2009). Fonte:www.ibiapabapress.com.br No Brasil, o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), criado em 1973, é considerado a instituição pioneira no ensino de Geriatria na graduação em Medicina, em março de 1971, o professor Yukio Moriguchi, imigrante japonês que fez sua formação na Universidade de Tóquio, foi contratado pela PUCRS para ministrar a primeira cadeira de Geriatria da América Latina. (PEREIRA et al., 2009). Segundo PEREIRA et al. (2009) o IGG aparece mais uma vez como pioneiro em outros âmbitos: em 1972 foi criada a residência médica em Geriatria, reconhecida pelo Ministério de Educação e Cultura em 1979; em 1980, foi instituído o curso de Especialização em Geriatria. Nesta linha do tempo, consta que a Geriatria foi credenciada como especialidade da Clínica Médica pela Comissão Nacional de Residência Médica em 1983. No Rio Grande do Sul, o Serviço de Geriatria do Hospital São Lucas da PUCRS foi nomeado Centro Estadual de Atenção à Saúde do Idoso em 2002. O Hospital Nossa 21 Senhora da Conceição também recebeu esta designação (Portaria SAS/MS nº 249, de 12 de abril de 2002 apud PEREIRA et al., 2009). A Geriatria conceitua Camacho (2002) com suas facetas de assistência, ensino e pesquisa certamenteflorescerá cada vez mais devido à realidade do rápido envelhecimento populacional, que é reconhecido como fenômeno mundial e irreversível, a gerontologia e a interdisciplinaridade: aspectos relevantes para a enfermagem O velho, o idoso ou a pessoa da terceira idade compreendem, atualmente, uma clientela socialmente importante, na qual se estabelecem diversos enfoques que não se restringem apenas a uma era de conhecimento, mas a várias possibilidades a serem desvendadas sobre essa clientela, assistimos a uma socialização progressiva do gesto da velhice, considerada, durante alguns anos, própria da esfera privada e familiar, ligada a movimentos filantrópicos, mas que, atualmente, torna-se um assunto público e amplamente discutido, o que se observa são intervenhais governamentais implementadas de forma contraditória, que acabam por ordenar o saber específico da Gerontologia, desenvolvido por profissionais e instituíeis especializadas no envelhecimento, nessa disposição, surge, assim, uma categoria culturalmente produzida, ou seja, os idosos (CAMACHO, 2002) Fonte:exame.abril.com.br 22 A velhice possui características próprias de sua estrutura social, o que nos coloca como sujeitos e agentes da saúde, abrindo espaços e novas experiências a serem vivenciadas, pois levamos em consideração o envelhecimento com múltiplas dimensões que abrangem questões de ordem social, política, cultural e econômica, isso se justifica pela impossibilidade de estabelecer conceitos e terminologias amplamente aceitáveis em relação ao envelhecimento, o que depende das políticas e ideologias associadas a determinadas sociedades (JUNIOR, 2008). Do ponto de vista cultural, percebe-se, de maneira diferenciada, como, por exemplo, em cidades, onde algumas pessoas vivem em favelas, que a velhice tem uma conotação distinta em comparação aquelas cidades com serviços de saúde e moradia adequada, o que se verifica nessas múltiplas dimensões sobre o envelhecimento é área da Gerontologia em desenvolvimento contínuo, voltada para a longevidade e a qualidade de vida do idoso, com pesquisas pertinentes área da saúde, ressaltando a independência, estilo de vida, além de abranger demais reais como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, entre outras (JUNIOR, 2008). … interessante perceber que a Enfermagem Gerontologia destaca-se num processo específico baseado na compreensão de parâmetros físicos, emocionais e de ordem social, pelo qual a atuação da equipe interdisciplinar desmistifica o papel de cada profissional e deixa claras as especificidades de suas funções um processo que corre fundamentalmente de forma educativa para todas as partes, em direção clientela idosa (JUNIOR, 2008). Dessa forma, a avaliação funcional do idoso faz parte do cuidado de enfermagem, com ênfase na pessoa e nos sistemas de apoio com os quais possa contar, a Enfermagem inserida numa equipe interdisciplinar deve assistir o idoso de maneira individualizada, levando em consideração as suas limitais físicas, psíquicas e ambientais, nesse enfoque, a Gerontologia abrange pesquisas científicas direcionadas ao envelhecimento humano, com relevância para as múltiplas áreas que se entrelaçam e preenchem os espaços até então desconhecidos (JUNIOR, 2008). Tais raízes configuram-se no momento em que, na estrutura populacional, são observados aumentos da expectativa de vida, baixa nas taxas de natalidade e mortalidade, continuamente a novos modos de produção econômica e social (grau de desenvolvimento do país e as categorias profissionais de onde provêm os aposentados), além do pleno exercício da cidadania em qualquer fase da vida e em qualquer circunstância, nesse sentido, o papel da Gerontologia, em sua constituição, incorpora subsídios técnicos e científicos de outros ramos afins que os transcendem (JUNIOR, 2008, p. 1). 23 Ao responder a algumas necessidades, como caracteriza Junior (2008) a Gerontologia desenvolve um trabalho interdisciplinar em sua gênese, no fundamento da própria produção do saber e da própria interventiva, dessa forma, este texto tem como objetivo ressaltar a importância da Gerontologia como área de conhecimento relevante para a atuação interdisciplinar, bem como a sua pertinência para a Enfermagem, destacando o processo de envelhecimento no contexto social. 5 O IDOSO E O CONTEXTO SOCIAL Fonte:www.culturamix.com Dada a atual ênfase no idoso, existe uma grande preocupação e integração dos profissionais de diversas áreas da saúde em relação a esse grupo isso surge em decorrência de um processo de transição demográfica e epidemiológica que o Brasil vem mostrando de forma heterogênea, associado, em grande parte, as dificuldades sociais observadas no país a população idosa constitui-se como um grupo bastante diferenciado entre si e em relação aos demais grupos etários, e, qualquer que seja o enfoque a situação dessa parcela da população é bastante expressiva (VERAS; OLIVEIRA, 2018). Tal ênfase é corroborada a partir de dados demográficos, de instituições oficiais de informação e de estudos epidemiológicos, surge assim, uma preocupação maior com essa camada da população, pois os custos econômicos e sociais decorrentes dela vê transcendendo consideradas para esse grupo, numa situação vigente de um sistema de 24 Saúde Pública espoliado ao extremo ainda em relação ao envelhecimento populacional, de novas exigências dos serviços de ordem social e de saúde, com onerosas intervenhais e tecnologia de alta complexidade, associa-se também, o envelhecimento populacional como um dilema, em termos de políticas de saúde no Brasil, sendo que os recursos para os programas sociais deve “ combater as doenças crônicas como artrite, cardiopatias, doenças degenerativas, debilidades cognitivas, entre outros males típicos da velhice (VERAS; OLIVEIRA, 2018, p. 1). Acrescentam-se aos problemas de saúde, os benefícios e pensões da seguridade social a que todo o idoso tem direito, a velhice, em relação a sociedade, é um problema configurado no direito de aposentadoria, com uma renda adquirida por anos de trabalho, e contextualiza-se como um problema de ordem pública, farão referência ao impacto no sistema da Previdência Social, ao afirmar que o envelhecimento transforma-se numa questão de peso para a economia, a vida social e cultural da sociedade (PAIVA, 2005). A ampliação das camadas médias e a extensão dos regimes previdenciários a todas as categorias fizeram com que a preocupação com a velhice não se restringisse aos setores empobrecidos, o aposentado é definido nesta posição como um elemento que sofre discriminação, levando inatividade e a seu retorno a casa, determinando uma troca de papéis simbólicos na estrutura familiar e profissional, submetendo-o a uma sociedade que prega a eficiência, a produção e a estética como valores essenciais (PAIVA, 2005). Por meio de fontes de análise do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verifica-se que, além da desigualdade socioeconômica, destaca-se a sociabilidade do idoso como um fator importante, pois inclui as relações de convivência familiar, o estabelecimento do vínculo social com a comunidade e a possibilidade real de qualidade de vida e, consequentemente, a sua sobrevivência (PAIVA, 2005), essa postura acaba por familiarizar períodos da vida do homem, como um processo simbolicamente compartilhado com grades etárias estabelecidas (infância, adolescência, fase adulta e a idosa). Portanto, poderia, assim, o autor acima afirmar que a velhice é uma categoria socialmente produzida, pela qual a padronização da infância, da adolescência, da idade adulta e da velhice pode ser entendida como resposta a mudanças estruturais da economia, sobretudo transição de uma economia que tinha como base a unidade doméstica para uma economia baseada em mercado de trabalho, a regulamentação estatal do curso de vidaestá presente do nascimento até a morte, passando por um sistema complexo que engloba as fases de escolarização, entrada no mercado de trabalho e aposentadoria. 25 As relações podem ser compreendidas, ampliadas e até transformadas numa determinada relação dos grupos que se interagem, indo um pouco além, distingue-se o ser humano por suas singularidades e subjetividades, cujos conceitos referem-se na mesma realidade, mas possuem facetas diversas até porque, na evolução do ser humano, vemos que a singularidade chama a atenção para o fato de sermos diferentes; a subjetividade chama a atenção para o fato de que nós somos e os outros, isto e, nós nos constituímos de relações, de experiências que estabelecemos e vamos estabelecendo a cada dia (HUNGER; ROSSI; NETO, 2012). Ao mesmo tempo, segundo Hunger, Rossi e Neto (2012) pressupõem-se condições e características próprias para um determinado grupo se relacionar com suas diversidades as quais tendem a levar ao conhecimento da realidade e ao seu entrelaçamento não se reduzindo nem se confrontando, mas vindo a se somar, o compromisso profissional não pode ser passivo ele deve ser dotado de ações e reflexos sobre a realidade, isso implica valores humanos fundamentados cientificamente, na ampliação dessa fundamentação, os conhecimentos em torno do homem tomam corpo e se tornam críticos e reflexivos, a partir de um novo olhar sobre a realidade vivenciada. No caso da Enfermagem, foi descrito categorias encontradas em publicações sobre o conhecimento em fundamentais gerontologia e geriátrica, assistência de enfermagem gerontologia e geriátrica, educação em saúde e formação de recursos humanos e materiais, como fundamental para os profissionais de enfermagem trabalharem em programas de educação e assistência qualificada as pessoas da terceira idade, essa visão amplia-se ao dizer que a atuação implementa a Lei 8.842, da Política Nacional do Idoso (PNI), sobre a grande lacuna existente hoje, na rede de apoio comunitário, tanto para os idosos quanto para os seus familiares, com carência de serviços alternativos como o Centro Dia, Hospital Dia, Residência Protegida, entre outras (HUNGER; ROSSI; NETO, 2012, p. 1). 26 Fonte:www.bigroger.com. Na realidade, o que se observa em alguns trabalhos desenvolvidos por gerontologias de diversas áreas de conhecimento, só mudanças de discursos com vistas a novos padrões de envelhecimento e experiências cheias de atividades, oportunidades de lazer, além de grupos de convivência, bem como as universidades da terceira idade, dessa forma, o discurso da improdutividade ainda é visto no mercado de trabalho, organizando-se como um estereótipo que acaba por estigmatizar e até excluir o idoso de seu meio familiar, além de reproduzir comportamentos de alteridade de parentes e amigos como um valor que ainda se reflete nas estruturas de nossa sociedade (HUNGER; ROSSI; NETO, 2012, p. 1). 6 INTERDISCIPLINARIDADE E A GERONTOLOGIA: ASPECTOS RELEVANTES PARA A ENFERMAGEM Tendo em vista a Interdisciplinaridade como possibilidade de manifestar ou correlacionar diversos tipos de conhecimentos fragmentados, existe a necessidade de caracterizar a própria natureza das disciplinas, para, então, sugerir uma ligação coerente dos conhecimentos que elas produzem (HAMMERSCHMIDT et al., 2009). 27 Dessa forma, a não mais conhecida interdisciplinaridade é a interação entre duas ou mais disciplinas para superar a fragmentação do conhecimento, implicando uma troca entre especialistas de vários campos de conhecimento, na discussão de um assunto, na resolução de um problema, com vistas melhor compreensão da realidade, daí, surge a Gerontologia como área de conhecimento específico acerca do envelhecimento, na qual, dentre as várias disciplinas que nela atuam, está a enfermagem, que interage e articula com outras áreas a comunicação de ideias até a integração recíproca de conceitos formuladores de um determinado conhecimento, bem como a organização da pesquisa e do ensino que com ela podem se relacionar (HAMMERSCHMIDT et al., 2009). A Gerontologia no dizer de Hammerschmidt et al. (2009) é capaz de recombinar, reconstruir, elaborar a síntese dessas disciplinas do conhecimento, incorporando-lhes aqueles elaborados em suas práxis, não se trata de redução das ciências a um denominador, mas articulação de seus conteúdos, configurando um estatuto coerente e científico acerca do envelhecimento, a interdisciplinaridade tem como característica incorporar os resultados de múltiplas especialidades, formando cada um os seus esquemas conceituais de análise, instrumentos e técnicas metodológicas de assistência, logo, de pesquisa, com uma integração profícua em relação ao idoso. Tal fator fornece a ideia de ligar a teoria prática gerontologia, não se tratando de conhecer por conhecer, mas de ampliar o conhecimento científico a uma cognição prática, compreendendo-a com possibilidades reais de transformação, para tentar trabalhar com o referencial da Interdisciplinaridade (paradigma novo no Brasil) e colocá-lo em prática, criam- se algumas dificuldades, pois não é um trabalho unilateral, mas consta de diversos pensamentos de seus componentes, envolvendo a divisão de poder, de saber e de ouvir a todos (HAMMERSCHMIDT et al., 2009). Isso inclui os idosos e, consequentemente, seus familiares, uma estrutura interdisciplinar onde atuam diversos profissionais de saúde possibilita reflexos sobre a forma como se compartilham os conhecimentos para, então, se repensar a maneira pela qual se assiste o cliente idoso, evitando-se atitudes individualistas que nada favorecem o conhecimento acerca da Gerontologia, bem como a assistência a essa clientela (HAMMERSCHMIDT et al., 2009). 28 Fonte:abemelmilagresce.blogspot.com.br Existe a necessidade de repensarmos sobre as raízes que levam alguns profissionais de saúde a adotarem práticas individualistas sem uma articulação dos saberes que estes produzem, somente com uma tomada de consciência, de forma harmônica, mais horizontal e recíproca, podemos conduzir a esse objetivo, envolvendo o cliente idoso nesse processo. Com essa afirmação, parto da premissa de que a Enfermagem e as demais áreas que desenvolvem suas atividades voltadas para o envelhecimento, não conseguem explica-lo como um todo (SANTOS et al, 2012). O autor acima explica-se que o seu encerramento epistemológico impõe determinados limites e que a Gerontologia, com o estabelecimento em comum, ou seja, interdisciplinar de suas áreas, favorece o preenchimento de lacunas para as dificuldades sociais, psicológicas, físicas e psíquicas do cliente idoso, demandando orientais e fornecendo conhecimentos profissionais, o que era, até então, desconhecido diante de suas especificidades. 29 Fonte:www.uniguacu.edu.br Com o seu entrelaçamento, viabiliza-se o despertar de um outro olhar que, até então, parecia insólito a instauração de um novo nível de discurso para a interação entre os profissionais da área de saúde em relação ao cliente idoso caracteriza-se por uma abordagem com novas relações disciplinares, fornecendo caminhos para o conhecimento, reconhecendo-se a interdisciplinaridade como maneira de apreender a sua relação com aspectos da realidade do idoso, como um ideal nunca finalizado na íntegra, mas com reais possibilidades de orientação para a evolução científica das áreas profissionais que se articulam (SANTOS et al., 2012). A contribuição da interdisciplinaridade para a Enfermagem advém não só para eliminar barreiras profissionais entre as disciplinas que contribuem para o desenvolvimento de pesquisas, mas também provocam reflexes entre as pessoas que nela atuam, de modo a buscar alternativas para se conhecer mais e melhor o idoso, sem esquecer as diversidades de relações da vida familiar, social, cultural, biológica, entreoutras. … um modo de proceder intelectualmente, uma prática de trabalho científico, profissional, de construção coletiva e benéfica para a clientela idosa (SANTOS et al., 2012) essa visão para a Enfermagem possibilita uma prática organizacional, na qual só estabelecidos saberes, atitudes e valores, tendo como pano de fundo a interdisciplinaridade. 30 REFERÊNCIAIS Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Chaimovicz F. A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI: problemas, projeções e alternativas. 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Seguindo a mesma linha de raciocínio, levantou-se a seguinte problemática: Qual é a melhor forma de prevenção quanto ao surgimento da osteoartrose e osteoartrite para que o idoso tenha uma boa qualidade de vida? E como objetivo geral, conscientizar da crescente importância da prevenção da osteoartrose e osteoartrite em idosos na busca da qualidade de vida. Foi traçado como objetivos específicos: aprofundar o conhecimento sobre o tema por meio de pesquisa bibliográfica; estimular a prevenção e/ou agravamento dessa patologia em idosos e divulgar sobre a importância da prevenção de osteoartrose e osteoartrite para a qualidade de vida de idosos. Para o alcance dos objetivos, utilizou-se o argumento dedutivo e pesquisa bibliográfica. Como resultado obteve-se que existem alguns cuidados que devem ser tomados por pessoas idosas para evitar ou retardar essas doenças, e a prática de atividade física é uma das recomendações. Palavras chave: Envelhecimento, Qualidade de Vida, Prevenção. INTRODUÇÃO O processo de envelhecimento promove alterações irreversíveis no corpo e as artropatias degenerativas e inflamatórias constituem uma das mais comuns causas de dor e incapacidade em pessoas que fazem parte dessa faixa etária. Com a idade avançada ocorre um declínio de energia, das atividades e dos tecidos. Os vários sistemas mudam velocidades distintas em diferentes pessoas. O sistema de musculoesquelético sofre deterioração. As articulações se tornam rígidas e podem surgir contraturas. E dentre as patologias a osteoartrose e osteoartrite acomete indivíduos idosos, cujo processo constitui uma forma grave de comprometimento para a qualidade de vida dessas pessoas. http://www.unati.uea.edu.br/data/area/crr/download/4-1.pdf 33 Estudos americanos em 2003 apontaram que mais de 50 milhões de pessoas são acometidas de artrose. No Brasil, não existem dados precisos sobre esta prevalência. Sob a luz desse contexto fez-se o seguinte questionamento: Qual é a melhor forma de prevenção quanto ao surgimento da osteoartrose e osteoartrite para que o idoso tenha uma boa qualidade de vida? E como objetivo geral buscou-se conscientizar da crescente importância da prevenção da osteoartrose e osteoartrite em idosos na busca da qualidade de vida. E traçou como objetivos específicos: aprofundar o conhecimento sobre o tema por meio de pesquisa bibliográfica; estimular a prevenção e/ou agravamento dessa patologia em idosos e divulgar sobre a importância da prevenção de osteoartrose e osteoartrite para a qualidade de vida de idosos. A relevância deste estudo está na nova forma de ver a doença que acomete a população idosa, pois antes se tinha como uma doença progressiva, sem perspectivas de tratamento, e vista por muitos como natural do processo de envelhecimento. No entanto, nos dias atuais, descobriu-se que é possível modificar o seu curso evolutivo, tanto em relação ao tratamento sintomático imediato, quanto ao seu prognóstico. QUALIDADE DE VIDA A qualidade de vida é a percepção que a pessoa tem de sua posição na vida, inserido no contexto da cultura e do sistema de valores, onde vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Por qualidade de vida entende-se o viver que é bom e compensador em pelo menos quatro segmentos, que são o social, afetivo, profissional e o que se refere à saúde. Portanto, refere-se ter uma vida bem equilibrada em todas as áreas. A qualidadede vida difere de pessoa para pessoa e pode mudar ao longo da vida de cada um, existe, porém, consenso em torno da ideia de que são múltiplos os fatores que determinam a qualidade de vida e a combinação desses fatores moldam e diferenciam o cotidiano do ser humano, que resulta numa rede de fenômenos e situações que, abstratamente, pode ser chamada de qualidade de vida. Muitas vezes está associada a essa expressão de fatores como: estado de saúde, longevidade, relações familiares, disposição, prazer, espiritualidade, dentre outros. 34 QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO A Qualidade de Vida do Idoso pode ser definida como a avaliação multidimensional em relação a critérios sócio normativos e intrapessoais, referentes às relações atuais, passadas e prospectivas entre o indivíduo idoso e o seu ambiente. Nas últimas três décadas observou-se um aumento significativo com a qualidade de vida do idoso. O crescimento do número de idosos como também a expansão da longevidade tornaram-se experiência compartilhada por um grupo cada vez maior de indivíduos, cuja questão refere-se ao bem-estar físico, psicológico e social dos idosos que interessam aos planejadores da área de saúde. Uma boa qualidade de vida consiste na interação entre pessoas em mudanças, cuja análise permite desvendar os valores existentes na sociedade atual em relação ao significado do envelhecimento no curso de vida individual, de grupos etários e de instituições. De forma biológica o envelhecimento reflete nas funções musculares e ósseas do corpo e umas das condições músculo esquelética que afeta a qualidade de vida do idoso é a osteoartrite que pode resultar em disfunções que afetam diretamente a qualidade de vida de indivíduos que fazem parte do grupo de melhor idade. Dados de 2005 da Organização Mundial da Saúde estimam que 25% dos indivíduos acima de 65 anos sofrem de dor e incapacidade associadas a Osteoartrite. PATOLOGIAS QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO Osteoartrose: A osteoartrose é um processo localizado marcado por estreitamento do espaço articular devido à destruição da cartilagem articular e à formação de osteófitos na margem articular. A osteoartrose ocorre nas articulações sinoviais e é mais comum em pessoas idosas, porém, pode aparecer em qualquer idade como sequela de algum traumatismo articular ou malformações congênitas. A osteoartrose consiste num processo degenerativo articular que resulta de um processo anormal entre a destruição cartilaginosa e a reparação da mesma. A cartilagem articular é um tecido que reveste a extremidade de dois ossos justapostos e que possuem algum grau de movimentação entre eles. A Osteoartrose atinge as articulações sinoviais e caracteriza-se por apresentar alterações na cartilagem articular, dando origem a zonas de fibrilação e fissuração, sendo 35 observados também microfraturas, cistos, esclerose subcondrais e formação de osteófitos nas bordas articulares. Embora com etiologia desconhecida, postula-se como possíveis causas etiológicas o fator sobrecarga, como fatores ocupacionais e sobrepeso, notoriamente em articulações de suporte de peso (joelho, quadril), provocando na patologia estabelecida dor articular protocinética, diminuição da força muscular, incapacidade funcional, alterações proprioceptivas e em fase mais avançada, deformidades. Do ponto de vista médico a osteoartrose divide-se em dois grupos: primário e secundário. Na osteoartrose primária encontram-se os indivíduos que possuem um patrimônio genético, cuja patologia se desenvolve independente de fatores externos. Na osteoartrose secundária encontram-se as pessoas que, em virtude de algum fator agressivo ocorrido em determinado período da sua vida, passaram a apresentar a patologia. Na osteoartrose secundária surge consequência de outras condições como: Trauma após lesão grave, resultando em fraturas das superfícies articulares; Luxação; Infecção; Deformidade, Obesidade; Hemofilia; Acromegalia; Hipertireoidismo; Tabes dorsal, siringomielia, articulações de Charcot. Uma articulação normal é formada por células denominadas condrócitos, cuja função básica é fabricar todas as substâncias necessárias para o bom funcionamento da cartilagem articular. Dentre estas substâncias, encontra-se uma proteína denominada colágeno que tem a finalidade de funcionar como uma malha de sustentação, retendo as demais substâncias existentes dentro da cartilagem. A cartilagem articular funciona como uma esponja de silicone embebida em água. O estado de hidratação da cartilagem e sua integridade é fator indispensável para a não existência de osteoartrose. Osteoartrite: A osteoartrite é caracterizada por alterações bioquímicas e anatômicas progressivas nas articulações que compromete sua estrutura e função. As articulações mais afetadas são as interfalângicas distais e proximais das mãos e as que suportam peso como as do quadril e joelhos e as da coluna cervical e lombar. A osteoartrite, de forma clínica e radiograficamente, caracteriza-se por dor, rigidez matinal, crepitação óssea, atrofia muscular, estreitamento de espaço intra-articular, formações osteofíticas, esclerose do osso subcondral e formações císticas. A idade favorece a prevalência da osteoartrite, pois no envelhecimento fisiológico se perdem os mecanismos protetores da articulação, tais como: a capacidade dos condrócitos responderem aos fatores de crescimento; acúmulo de produtos de degradação da cartilagem 36 que inibem a síntese e reparação por parte dos condrócitos; propriocepção afetada pela diminuição da força muscular. O processo degenerativo ou degradativo da cartilagem articular pode ser primário ou secundário a diferentes causas, tais como: doenças hereditárias, doenças endócrinas e adquiridas e doenças inflamatórias. A prevalência da doença articular aumenta com a idade, cuja patologia afeta mais de 75% de pessoas acima de 65 anos de idade, e 10% das que têm mais de 60 anos possuem limitação física por osteoartrite. Mulheres com mais de 50 anos de idade são acometidas dessa doença em mãos, joelhos e pés. No Brasil, a prevalência da osteoartrite é estimada em 16%, e devido o crescente aumento da população de idosos, a estimativa é que ocorra um maior número de casos e, consequentemente, maior impacto socioeconômico. Estima-se que 4% da população brasileira apresenta osteoartrite, sendo o joelho a segunda articulação mais acometida pela doença, com 37% dos casos. Um dos principais fatores de risco para esta doença é a obesidade. A associação entre a osteoartrite de joelho e a obesidade pode gerar maiores níveis de dor e de dificuldades funcionais, principalmente nas atividades de locomoção, que exigem movimentação e descarga de peso sobre as articulações afetadas. A osteoartrite é de evolução lenta e seu quadro clínico compreende um grupo heterogêneo de condições com padrões variados. Algumas articulações envolvidas podem permanecer assintomáticas, apesar das alterações histológicas e radiológicas. Geralmente no início do quadro clínico ocorre uma sensação de desconforto articular, que pode estar acompanhado de leve rigidez, dor muscular e comprometimento da movimentação da articulação envolvida. As manifestações mais comuns a todos os sítios articulares são: Dor: sintoma mais importante na osteoartrite, com intensidade variável. Pode ser localizada na articulação comprometida assim como pode ser referida em outra região não acometida. Apresenta pobre correlação radiológica. Seu início está principalmente associado ao uso da articulação, ocorrendo segundos ou minutos após a movimentação articular e melhorando com o repouso. Nos casos mais avançados a dor, pode permanecer por horas após a interrupção da atividade, assim como pode ocorrer dor noturna. A causa da dor é variável, dependendo do estágio da doença. Rigidez: sensaçãode rigidez articular é relatada pela maioria dos pacientes com osteoartrite, principalmente após períodos de inatividade. Pode ser intensa, porém é de curta 37 duração (alguns minutos). Alguns pacientes podem apresentar rigidez articular pela manhã por um período mais prolongado, porém inferior a 30 minutos. Edema articular: o edema é geralmente, palpável e doloroso nas articulações periféricas. Em alguns casos pode interferir na realização do movimento articular. Crepitações: são observadas durante a movimentação da articulação acometida. É peça chave para o diagnóstico diferencial com outras condições que causam dor articular. Pode ser tanto palpável quanto audível ao exame físico. Incapacidade funcional: está geralmente relacionada à dor, a redução da amplitude de movimento e ao comprometimento da força muscular. Deformidades: são consideradas a expressão clínica da destruição articular, seja por dano à cartilagem, ao osso ou a partes moles periarticulares. Frequentemente, são acompanhadas de instabilidade da articulação acometida. Na osteoartrite pode ocorrer de apenas uma única articulação ser comprometida, mas que existem situações em que, poucas ou muitas juntas podem ser afetadas ao mesmo tempo, mas com intensidades diferentes. Essa doença pode ocasionar limitações funcionais, como: perda de movimentos; deformidades e incapacidade total do membro, de acordo com a articulação atingida. TRATAMENTO DA OSTEOARTROSE E OSTEOARTRITE No tratamento da osteoartrite, primeiramente, é necessário buscar o alívio da dor e da inflamação por meio da utilização de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, estes remédios devem ser bem tolerados pois serão tomados de forma contínua, posteriormente é recomendado adotar medidas, dentre estas a fisioterapia, para o alívio da rigidez e do inchaço articular. Vários estudos mostram que o treinamento físico tem efeitos significativos sobre a massa muscular e sobre a força desenvolvida pelos músculos, com o envelhecimento a potência e não a força muscular é o fator determinante para a melhora da independência, prevenção de risco de quedas e da qualidade de vida. Em pessoas idosas é necessário que o fortalecimento muscular seja feito em alta intensidade. Apesar de o fortalecimento muscular levar a melhora da função, outros exercícios mais funcionais são necessários para haver ganho maior no equilíbrio e na independência do idoso. No tratamento clínico da osteoartrose, primeiramente deve-se melhorar a sintomatologia e a função articular e, posteriormente, diminuir os fenômenos de destruição 38 articular. Vale ressaltar que apesar de o tratamento da pessoa portadora de osteoartrose seguir uma regra geral, ele deve ser individualizado. Sendo muito importante, conhecer os fenômenos dolorosos são puramente mecânicos ou, se estão associados à reações inflamatórias oriundas da membrana sinovial, o que denotará a necessidade da prescrição de anti-inflamatórios hormonais ou não hormonais. São recomendadas a fisioterapia e a cinesioterapia para o reforço muscular e manutenção do eixo de movimentação, seguir orientação dietéticas para a perda de peso e utilização de analgésicos. A indicação de tratamentos locais e cirúrgicos está diretamente ligado à evolução da doença e a hora correta da indicação da cirurgia. METODOLOGIA Nos procedimentos metodológicos, este artigo teve como método o argumento dedutivo, pois, se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão também é verdadeira. Toda informação fatual da conclusão já está, pelo menos implicitamente, nas premissas. Sendo assim, o método dedutivo tem o propósito de explicitar o conteúdo das premissas. Como meio de pesquisa foi utilizado o bibliográfico, pela necessidade de consultar obras impressas e eletrônicas, as quais abordam o assunto com bastante ênfase de forma a responder a questão. A pesquisa bibliográfica se baseia no manuseio de obras literárias impressas ou capturadas via internet. É o tipo mais utilizado, pois quanto mais completas e abrangentes forem as fontes consultadas, mais rica e profunda será a pesquisa. DISCUSSÃO Na osteoartrose primária ou secundária, a cartilagem é o tecido que sofre alterações morfológicas, perde sua natureza homogênea e é rompida e fragmentada, com fibrilação, fissuras e ulcerações. Às vezes com o avanço da patologia, não resta nenhuma cartilagem e áreas de osso subcondral ficam expostas. Na osteoartrose secundária a destruição da estrutura cartilaginosa e consequente exposição do osso subcondral alimentam o ciclo vicioso encontrado em pacientes portadores dessa doença, na osteoartrose primária encontram-se os indivíduos que possuem um patrimônio genético, cuja patologia se desenvolve independente de fatores externos, e na secundária a pessoa é acometida devido alguma consequência, tais como: trauma após lesão grave, obesidade, hipertireoidismo, dentre outros. 39 Na osteoartrite, pode-se afirmar que a dor é o sintoma mais comum, com variações na sua intensidade e tempo que pode ser semanais ou até diárias. Com o uso da articulação afetada, a sensação de dor aumenta, e assim permanece por horas após a interrupção da atividade física algumas pessoas podem apresentar dores relacionadas ao exercício físico, outras simplesmente ao deitar-se e outros, durante a noite. A maior parte de indivíduos com essa patologia apresenta sensação de rigidez articular, causando dificuldade em realizar movimentos, essa restrição de movimentos pode ser descoberta na evolução da doença, sendo, com frequência, acompanhada de dor, que tende a ser pior no final da amplitude do movimento realizado. Pode ocorrer também a sensação de insegurança ou de instabilidade nas articulações comprometidas, devido à falha no desempenho das articulações pode haver também, diferentes graus de atrofia muscular, dependendo da gravidade da doença crepitações ou estalos podem ser percebidos durante a execução de movimentos, pois o atrito das superfícies articulares encontram-se irregulares e desta forma, interfere nos movimentos normalmente suaves. Em relação ao inchaço, pode haver uma variação de volume e tempo, nos casos mais avançados em pessoas idosas, pode haver grande destruição das estruturas articulares, causando deformidades e perda de função esses fatores impõem dificuldades na rotina dessas pessoas, tais como: perda de habilidade para se vestir sozinha, limitações para subir ou descer escadas e até mesmo para caminhar pequenas distâncias. CONCLUSÃO Com o envelhecimento todos os indivíduos apresentam modificações patológicas nas articulações, a osteoartrose e osteoartrite são as afecções articulares mais frequentes em ambos os sexos, entre suas causas pode-se afirmar que estão os fatores gerais, constitucionais, metabólicos e endócrinos e fatores locais que afetam o indivíduo em qualquer idade. Para a prevenção dessas patologias existem cuidados que podem ser tomados para evitar ou retardar o seu aparecimento a prática de exercícios físicos apropriados de alongamento, musculação e postura, bem orientada, aumentam a amplitude dos movimentos da articulação e fortalece os músculos para que estes possam absorver melhor os choques, reduzindo assim, o risco da doença. 40 Para o tratamento existem medicamentos específicos considerados condroprotetores, anti-inflamatórios, analgésicos e medidas de ordem gerais como: orientação quanto à prática de exercícios físicos adequados, uso de calçado apropriado, peso ideal para o biotipo, entre outras, são formas de minimizar ou retardar o aparecimento dessas patologias, informar e conscientizar à população acerca do que pode ser benéfico na prevenção e tratamento da osteoartrose e osteoartrite é fundamental para a qualidade de vida de pessoas de todas as idades e essencial principalmente em pessoas idosas.41 REFERÊNCIAS Barros TM. 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