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INTRODUÇÃO A EDUCAÇÃO FÍSICA - PROVA

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Epistemológico é um adjetivo da língua portuguesa, usado para classificar algo que está relacionado com a epistemologia. Epistemológico vem de epistemologia, que em sentido amplo é sinônimo da teoria do conhecimento ou gnosiologia. Em sentido estrito, designa a teoria do conhecimento científico.
O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Consegue imaginar e compreender quantas práticas corporais direta ou indiretamente associadas à Educação Física estão presentes em sua história de vida, em sua formação como sujeito social, como cidadão?
Nessa perspectiva, já é possível compreender que a Educação Física é uma área que possui uma grande diversidade de possibilidades de campos de formação e atuação profissional. Essa diversidade também se materializa na natureza dos conhecimentos, saberes e áreas com as quais a Educação Física se relaciona, tanto para a produção como para a apreensão de conhecimentos relacionados às mais diversas áreas e objetos que constituem, historicamente, a Educação Física no Brasil. Mas, voltando à primeira reflexão proposta: o que é Educação Física?
Em Educação Física, sendo necessária toda uma formação e apreensão de saberes de diversas naturezas (acadêmicos e profissionais) e diferentes áreas de conhecimentos (sociologia, história, fisiologia, biomecânica, administração, psicologia, educação, medicina, por exemplo). 
Quanto mais você se apropriar dos saberes e dimensões acadêmicas e profissionais da área, mais consolidará uma identidade de atuação profissional de qualidade baseada em saberes e procedimentos técnico-científicos.
CONCEITO-CHAVE
A área da Educação Física, assim como os campos de formação profissional em nível superior, está de modo dinâmico se transformando de acordo com cada período sócio-histórico. É válido enfatizar que qualquer tentativa de reduzir a Educação Física a um simples e breve conceito é correr o risco de perder o todo, suas diversidades, suas lutas e embates epistemológicos. No entanto, a apreensão e construção do saber sobre a área é fundamental para sua apropriação e caracterização.
DEFINIÇÕES E CONCEITOS
A Educação Física brasileira, segundo Vitor Marinho de Oliveira. Em seu pensamento podemos encontrar importantes considerações sobre a Educação Física. Para esse pensador, o foco central da Educação Física seria o de estudar o homem em movimento. Assim, o jogar, o brincar, o dançar, as lutas e as mais diversas manifestações da cultura corporal presentes na sociedade, em seus distintos significados, como o lazer, a saúde, o esporte, são elementos de conhecimento e intervenção da Educação Física. 
Além da dimensão do movimento, a dimensão do corpo é algo central para a Educação Física. É o corpo, enquanto produto e produtor de cultura que manifesta o movimento, que faz emergir significado, símbolos, imagens e representações que se manifestam nos mais diversos campos de estudo e intervenção da Educação Física. 
A compreensão do corpo na sociedade moderna está, ainda, relacionada ao pensamento dualista constitutivo da filosofia ocidental. O filósofo Platão, que exerceu forte influência nas estruturas da cultura ocidental, trazia em suas discussões sobre o corpo uma relação de dualismo, como o corpo sendo a prisão da alma, como um obstáculo ao que seria a manifestação do mundo ideal de bem e de verdade. No entanto, o corpo também era algo destacado como importante para a alma, pois o exercício seria o caminho para torná-lo forte, servindo como abrigo da alma.
Nesse contexto da sociedade moderna, do racionalismo, com grande destaque para o desenvolvimento do ideal científico, das descobertas revolucionárias da ciência, o corpo passou a ser visto e reduzido a uma máquina, além de ser fragmentado e estudado em suas partes. No pensamento de René Descartes (1596-1650) um dualismo evidente entre corpo e alma, sendo o corpo a coisa material e o espírito a coisa pensante. Em sua clássica frase “Penso, logo existo”, Descartes considerava apenas o ato de pensar como condição da existência. Essa dimensão racional pode ser denominada como a essência do paradigma positivista/cartesiano que, durante muito tempo, foi hegemônico na sociedade. 
Esse pensamento sobre o corpo está estabelecido nas próprias bases epistemológicas que deram origem à Educação Física, como nos modelos médico e militar presentes desde a sua origem, manifestados, principalmente, nas práticas dos métodos de ginásticas que surgiram na Europa, principalmente a partir do século XIX. 
A inserção a ginástica deu-se em meados do século XVIII como forma de preparação dos soldados da corte portuguesa. No entanto, o primeiro método a ser realmente balizador da prática da ginástica no nosso país foi o Método Alemão, ainda na primeira metade do século XIX. Por volta do ano de 1860, o Método Alemão é adotado de modo oficial pelo exército.
Assim, esse corpo visto a partir de um ideal mecanicista passou a ser controlado, moldado e trabalhado com a inserção da Educação Física nos currículos escolares a partir dos anos 1850, baseada nos métodos europeus de ginásticas, como o alemão, o sueco e, já nos anos de 1920, o método francês. Assim, desde seu surgimento, a Educação Física esteve relacionada a um ideal de educação corporal disciplinadora do corpo e do movimento, transmitindo sentidos e objetivos diversos, como a preparação militar, as dimensões médicas/higienistas e de saúde, as dimensões esportivas hegemonicamente relacionadas ao desempenho e ao rendimento, ao ensino da técnica esportiva, aos aspectos recreativos de modo alienante e disciplinador, como também aos padrões estéticos de corpo belo da sociedade contemporânea.
Foi na Constituição Brasileira de 1937 que a Educação Física foi instituída como uma disciplina obrigatória na escola. O artigo 131 da Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de novembro de 1937, determinou a obrigatoriedade da Educação Física, atribuindo a essa prática a finalidade de promover o adestramento físico, a disciplina moral e preparar os cidadãos a cumprirem seus deveres para com a defesa da nação. Os professores/instrutores acreditavam que a área deveria ter por objetivo a educação integral do indivíduo. Somente no ano de 1938 houve o reconhecimento da Educação Física como um saber de valor tão importante quanto o das outras disciplinas.
A formação profissional existente, baseados nos ideais médicos e militares, se mantiveram hegemônicos até meados do século passado, quando um fenômeno começa a surgir com força, o esporte. O esporte torna-se um grande fenômeno na Educação Física brasileira e, a partir dos anos de 1970, torna-se o conteúdo principal nos processos de formação profissional e atuação no campo escolar e fora da escola. Ao incorporar o esporte, também incorpora a prática pedagógica tecnicista, ancoradas nos modelos tradicionais de ensino, baseados na relação fragmentada com o objeto. A dimensão da dualidade do corpo é relacionada à área biológica, com a valorização da técnica, da tática e de modelos biomecânicos padronizados.
Instituição de um binômio educação/esporte. O modelo de esporte de rendimento se concretizava nas aulas, que mais se baseia em treinos com repetições e ensino fragmentado, focado na gestualidade e padrão técnico, formação esportiva e valorização dos mais habilidosos. Com todo o avanço da Educação Física a partir dos anos de 1980 até os dias atuais, com críticas a esse modelo tecnicista e com os avanços epistemológicos, acadêmicos e científicos da área que perspectivam uma nova forma de formação e atuação, cabe às novas gerações (re)construir os novos rumos da Educação Física brasileira. Bem-vindo, o desafio é grande e motivador!
Especificamente no campo da Educação Física escolar, o Decreto n. 69.450, de 1971, especifica a Educação Física como “a atividade que por seus meios, processos e técnicas, desperta, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando” (BRASIL, 1971, [s. p.]). O que se viu em decorrência de uma maior compreensão do papel da Educação Física no projeto educacional foia materialização de uma prática voltada para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da aptidão física e do esporte (BRASIL, 1971).
Foi na Escola de Educação Física da Universidade de são Paulo (USP) que se implementou o primeiro programa de nível mestrado em Educação Física, no ano de 1977; e, em 1989, o primeiro programa em nível de doutorado. 
É nesse sentido que emerge a necessidade de realizar um processo crítico e reflexivo sobre a área: somos uma área profissional ou acadêmica? Esse questionamento esteve no cerne do momento denominado crise de identidade da área nos anos de 1980 e impactaram a constituição do campo acadêmico científico da Educação Física brasileira. 
Em busca por uma identidade, é importante destacar o significativo embate entre duas grandes matrizes que buscaram compreender a área a partir de suas bases epistemológicas e ideológicas. Uma vertente/matriz que compreendia a Educação Física como ciência, ou seja, como área de conhecimento científico básico ou aplicado; e a outra vertente, que defendia a área como uma prática pedagógica, ou seja, uma prática social de intervenção
Como principal representante da vertente científica da área, o professor Go Tani propôs a Cinesiologia (ciência do movimento) enquanto estrutura organizacional e ideológica da Educação Física no Brasil.
A proposta organizacional de Tani estava estruturada de modo hierárquico, apresentando uma área científica, a Cinesiologia, de natureza básica; e outra profissional, Educação Física, de natureza aplicada. Assim, a área da Cinesiologia estaria estruturada em três subáreas: Biodinâmica do Movimento Humano, Comportamento Motor e Estudos Socioculturais do Movimento Humano. Essas subáreas se voltariam para a produção e desenvolvimento do conhecimento científico, caracterizando a área como ciência de natureza básica. Já a Educação Física estava estruturada em duas subáreas, a Pedagogia do Movimento Humano e a Adaptação do Movimento Humano como áreas de conhecimento aplicado.
O termo Educação Física estaria diretamente relacionado às atividades pedagógicas desenvolvidas, historicamente, nos contextos educacionais e escolares, ou seja, seria uma prática pedagógica tendo como foco principal o movimento corporal, a ludomotricidade humana, propondo termos como cultura corporal ou cultura de movimento enquanto objetos da Educação Física.
Fato é que toda essa dimensão crítica e de crise de identidade, suas diferentes vertentes e caminhos para a Educação Física, colaborou, nos últimos 40 anos, com o processo de criação de uma base de conhecimento para a superação da dualidade teoria e prática. O viés predominante, puramente prático, do fazer pelo fazer, uma prática pedagógica e de intervenção neutra, vazia, sem uma base teórico-científica que a sustentasse, vem sendo superado pela produção de uma base de conhecimento acadêmico-científico na área. Hoje podemos compreender a Educação Física como um setor de intervenção profissional que possui um campo científico que produz conhecimentos, muitos deles voltados para os problemas profissionais encontrados no cotidiano de trabalho, formando um profissional crítico e autônomo, capaz de mobilizar as bases teóricas em seus contextos de atuação.
BACHARELADO E LICENCIATURA
O ano de 1987 foi um marco para a Educação Física como uma significativa mudança em suas estruturas de formação profissional. Se até então se formava o licenciado em Educação Física, a Resolução nº 03/1987 (BRASIL, 1987a), em conformidade com o Parecer CNE/CES 215/1987 (BRASIL, 1987b), estabelece duas formações: o bacharelado e a licenciatura. Como proposta, a licenciatura seria a área de formação responsável para formar o profissional que atuaria no contexto educacional, no exercício do magistério, no âmbito da Educação Física escolar. Já o bacharelado formaria o profissional que iria atuar fora desse contexto, como clubes, academias e outros com as mais diversas manifestações do movimento humano.
O próximo marco significativo na (re)estruturação da área deu-se no ano de 2002. No dia 18 de fevereiro, a Resolução nº 1/2002 (BRASIL, 2002) foi homologada e mudou de modo significativo o campo de formação profissional em Educação Física. A referida resolução instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica. O que se buscava era uma proposta de formação com uma maior identidade do professor, da docência. Nesse contexto normativo, a licenciatura ganha uma dimensão própria dentro da formação em nível superior.
Na dimensão do bacharelado, a Resolução nº 7/2004 (BRASIL, 2004), que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, acaba por orientar a construção de uma formação específica para cada área do conhecimento.
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
O estudo sobre o corpo é algo presente na história da Educação Física. Os eventos marcantes que deram início à sociedade moderna materializaram um ideal de corpo-máquina. Esse corpo estava voltado para ser educado para o trabalho, privilegiando sua força de trabalho, algo fundamental para a sociedade industrial. Nesse sentido, esse corpo foi fragmentado e moldado de modo a manifestar esses valores hegemônicos que estruturam a sociedade moderna. A Educação Física, inserida no contexto educacional brasileiro a partir da segunda metade do século XIX, manifestava esse ideal em sua prática.
De acordo com sua relação hegemônica com o corpo e as práticas educacionais e corporais, quais ideais sustentavam a Educação Física como prática social e escolar?
a. Ideais médico e humanista.
b. Ideais humanista e militar.
c. Ideais filosófico e sociológico.
d. Ideias médico e militar.
Correto!
A Educação Física, em sua origem na sociedade brasileira, estando também alinhada ao papel social que cumpria em países europeus, a partir dos métodos ginásticos voltados para a saúde física e o treinamento militar, estava baseada nos ideais médicos e militares, a partir de diferentes métodos ginásticos que foi incorporando ao longo de sua história.
e. Ideais militar e cultural.
Questão 2
O desenvolvimento acadêmico e científico da Educação Física, assim como a reflexão sobre sua prática pedagógica e papel social foram fundamentais para o momento de reflexão sobre a identidade da área. Na compreensão e debates acerca do objeto de estudo e da atuação profissional, podemos identificar duas grandes matrizes que orientavam as discussões.
As duas matrizes de conhecimento que debateram sobre o objeto e identidade da Educação Física são:
a.  Prática científica e ciência militar.
b.  Prática científica e prática aplicada.
c.  Ciência básica ou aplicada e prática pedagógica.
Correto!
A duas vertentes mais impactantes nas discussões sobre a identidade da Educação Física brasileira são a ciência básica ou aplicada, proposta principalmente pelo professor Go Tani, com a proposta da Cinesiologia, tomando como referências as discussões do movimento disciplinar ocorrido na Educação Física norte-americana, deflagrado por Franklyn Henry; e a prática pedagógica, defendida pelo professor Valter Bracht, que via a Educação Física como uma intervenção pedagógica, cujo objeto de estudo e conhecimento deveria estar voltado para a construção dessa prática.
d.  Ciência básica e ciência aplicada.
e.  Ciência pedagógica e prática escolar.
Questão 3
Ao longo do tempo, a formação profissional em Educação Física apresentou diversas mudanças, de acordo com aspectos políticos, ideológicos e profissionais relacionados às demandas sociais. Enquanto curso de formação profissional presente em instituição de ensino superior, a área está sujeita às mudanças direcionadas pelas diretrizes políticas e educacionais que configuram e regulam a formação profissional em âmbito nacional.
Em relação aos aspectos que envolvem os cursos de bacharelado e licenciatura em Educação Física, analise as afirmativas a seguir:
I. A licenciatura ainda é hoje a área de formação predominante, podendo o licenciado atuar em todos os campos de atuação profissional.
II. O curso de bachareladosurge depois da Resolução nº 1/2002, que determina as diretrizes para a graduação em bacharelado.
III. O Parecer CNE/CES nº 215/1987 estabelece, pela primeira vez, a formação de bacharelado em Educação Física, compreendendo espaços não escolares como seu campo de atuação.
IV. A Resolução nº 1/2002 instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica.
V. O Parecer CNE/CES nº 584/2018, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Educação Física, determina a formação em Educação Física, em licenciatura e bacharelado, com ingresso único no curso, uma etapa comum de 4 semestres e, depois, uma etapa específica de mais 4 semestres, sendo o bacharelado ou a licenciatura.
Sobre as especificidades legais e normativas da formação profissional em Educação Física, estão corretas:
a.  Apenas as afirmativas II, III e V.
b.  Apenas as afirmativas II, III e V.
c.  Apenas as afirmativas II, IV e V.
d.  Apenas as afirmativas III, IV e V.
Correto!
A licenciatura, desde o ano de 1987, não é mais a única formação profissional possível. Fato é que, mesmo com a criação do bacharelado pela Resolução nº 03/1987, muitas instituições de ensino superior continuaram a oferecer apenas a licenciatura, o que muda com a Resolução nº 1/2002, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, cabendo à área ter que se adaptar em suas singularidades. Uma mudança ocorre novamente no campo com a aprovação do Parecer CNE/CES nº 584/2018, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Educação Física, determina a formação em Educação Física, em licenciatura e bacharelado, com ingresso único no curso, uma etapa comum de quatro semestres e, depois, uma etapa específica de mais quatro semestres, sendo o bacharelado ou a licenciatura.
e.  Apenas as afirmativas III e V.  
CARACTERIZANDO A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
O essencial nessa jornada que você está construindo em sua formação é se dedicar em compreender todos os aspectos que constituem e caracterizam a Educação Física e suas diversas manifestações no campo do esporte, do lazer, da saúde, do jogo, das lutas, da dança, da ginástica, da recreação, das práticas de aventura, do treinamento esportivo, da orientação de atividades físicas e exercícios físicos, da avaliação física da gestão, da Educação Física escolar, etc.
A Educação Física é um campo que apresenta muitas possibilidades de atuação profissional. São muitas áreas de atuação. Portanto, a formação inicial na graduação é um espaço para conhecer, vivenciar, experimentar e, assim, poder definir com maior certeza a especialidade que irá seguir, pois sua profissão também fará parte de sua identidade, do seu papel na sociedade. 
A Educação Física é uma profissão reconhecida legalmente. A Lei nº 9.696, de 1 de setembro de 1998, trata da regulamentação profissional da educação física, criando também seu Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e seus respectivos Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs) (BRASIL, 1998).
Uma ideia conceitual de profissão, é compreender a profissionalização, que se caracteriza, justamente, pelo processo histórico, cultural e político no qual uma ocupação se estabelece na sociedade, por meio de lutas e embates, para conseguir o status de profissão e, com isso, a garantia de uma reserva do mercado de trabalho, de um saber e conhecimento específico, ou seja, esse profissional passa a exercer o monopólio profissional, da formação até a intervenção. Muitas foram as lutas de grupos profissionais para conquistar o reconhecimento profissional. Esses conflitos ultrapassam o nível das ideias e ideais; passam. Freidson (1998) afirma que há três denominadores exclusivos quando tratamos da dimensão de uma profissão, sendo eles: a expertise, o credencialismo e a autonomia.
A expertise está relacionada ao corpo de conhecimentos e habilidades que, de forma exclusiva, as pessoas adquirem em um processo de formação, de capacitação. Esse fator é fundamental para diferenciar os leigos dos formados. Todo o conjunto de conhecimentos científicos e técnicos, de competências, habilidades e atitudes no campo da ética e da moral adquiridos ao longo do curso como sendo nossa expertise
O crendencialismo está relacionado à existência de algum sistema organizado que protege a expertise. Assim, a expertise e o credencialismo acabam sendo aspectos inseparáveis, pois ele é uma forma de institucionalizar esse conhecimento e protegê-lo. 
O sistema CONFEF/CREF possui em nossa área essa incumbência de órgão de regulamentação profissional, exercendo a dimensão do credencialismo. Assim, após você ser um profissional formado e diplomado, precisará, para ter acesso a essa reserva de mercado, se credenciar ao órgão de regulamentação profissional.
A autonomia, se materializa no próprio fazer profissional, no cotidiano da sua atuação. Quanto maior a sua independência, sua autoridade sobre a sua intervenção, maior será sua dimensão de autonomia.
De acordo com o estatuto do CONFEF, aprovado no ano de 2010, o art. 8º traz de forma abrangente os campos de atuação profissional na Educação Física. De acordo com o referido documento: Compete exclusivamente ao profissional de educação física, coordenar, planejar, programar, prescrever, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, orientar, ensinar, conduzir, treinar, administrar, implantar, implementar, ministrar, analisar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas, desportivas e similares. (CONFEF, 2010, [s. p.])
Quando relacionamos o conceito de expertise e credencialismo à diversidade de áreas de atuação do profissional de educação física, temos, então, uma dimensão da complexidade de saberes envolvidos no processo de formação inicial. A hegemonia do conhecimento e uma atuação com qualidade e socialmente responsável também estão materializadas no art. 9º do estatuto do CONFEF, quando delibera sobre as especialidades da área:
O profissional de educação física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações - ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais, sendo da sua competência prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo, ainda, para consecução da autonomia, da autoestima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo. 
(CONFEF, 2010, [s. p.])
A relação entre Educação Física e saúde é algo muito mais complexo do que simplesmente citar os preceitos legais e normativos dessa relação delicada. A nossa área e sua relação com a saúde adquiriu diferentes significados e práticas ao longo do tempo. É importante destacar que, mesmo com a existência de uma classificação da Educação Física como profissão da área da saúde, o que ocorre efetivamente no ano de 1997, não podemos reduzir nossa área nem nossa prática profissional ao viés da saúde. De fato, isso representa um grande significado social paraa Educação 
Como ponto inicial dessa relação histórica podemos apontar para o século XIX e a tendência à biologização da Educação Física, que acabava reduzindo à dimensão biológica toda a complexidade do movimento humano. Nesse contexto histórico, havia uma presença marcante (e determinante) dos médicos e seus ideais higienistas, compreendendo a saúde em seus aspectos biofisiológicos. Portanto Educação Física (ou educação do físico) estava voltada para o desenvolvimento do indivíduo forte, saudável, logo, do corpo saudável, harmonioso (CASTELLANE FILHO, 1988).  Foi no centro do movimento higienista do século XIX que ocorreu a inserção da área no campo escolar, com base, principalmente, nos discursos médicos e sustentada pela prática de ginástica/exercício físico e pelos conhecimentos anátomo-fisiológicos. Para Ghiraldelli Júnior (1992), até os anos de 1930 o que prevaleceu foi uma Educação Física higienista, buscando atuar, a partir da educação, nos problemas da saúde pública, com a construção de hábitos saudáveis, com o cuidado com o corpo e o distanciamento de práticas moralmente não aceitas que pudessem levar a uma condição degradante da saúde.
Em termos de discurso institucional podemos destacar o Decreto nº 69.450/1971, que determinava que um dos objetivos da educação física deveria estar voltado para a conservação da saúde. Ainda nesse decreto, pode-se encontrar a orientação de que a aptidão física seria a base referencial para o planejamento pedagógico do ensino (BRASIL, 1971).
O reconhecimento do profissional de educação física como profissional da saúde, de nível superior, ocorreu em 1997 no Conselho Nacional de Saúde, conforme Resolução nº 218, de 6 de março. Lembre-se de que o reconhecimento da Educação Física como profissão só ocorre em 1 de setembro de 1998. No ano de 2008, a inclusão do profissional de educação física nas Equipes de Saúde da Família do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Outro marco histórico é a inclusão da atividade física, no ano de 2013, como fator determinante e condicionante da saúde, conforme a Lei nº 12.864, de 24 de setembro de 2013 (BRASIL, 2013). Em agosto de 2020, com a Resolução nº 391, de 26 de agosto, que trata sobre o reconhecimento e a definição da atuação e competências do profissional de educação física em contextos hospitalares. Destaca que a atividade física e de saúde atendem aos propósitos da promoção, prevenção, proteção e reabilitação da saúde, por meio do exercício físico e da atividade física (CONFEF, 2020). O art. 2º destaca que “o Profissional de Educação Física possui formação para intervir em contextos hospitalares, em níveis de atenção primária, secundária e/ou terciária em saúde, dentro da estrutura hierarquizada preconizada pelo Ministério da Saúde e considerando o SUS” (CONFEF, 2020, [s. p.]). Sua atuação poderá ser tanto no contexto intra-hospitalar quanto extra-hospitalar, com ações de prevenção, promoção, proteção, educação, intervenção, recuperação, reabilitação, tratamento e cuidados paliativos, com atendimento em instituições filantrópicas, comunitárias, militares, públicas, privadas, entre outras (CONFEF, 2020).
· A atuação no campo escolar é de fundamental relevância para o campo da educação física; foi a partir dela que a área se tornou um campo de formação profissional e acadêmico.
· Mesmo inserida dentro da escola, os saberes da área cumprem papel fundamental no campo da atividade física e do exercício físico, conquistando espaço na área da saúde.
· A partir dos anos de 1980, a área passou por um processo de reflexão intensa e radical, ampliando suas bases científicas e de atuação profissional, com a área da saúde se tornando um dos principais campos de atuação.
· Além dos avanços científicos da área no campo da saúde, da qualidade de vida e da promoção da saúde, com saberes tanto biológicos e fisiológicos, as ciências humanas têm contribuído para a ampliação do potencial científico e de intervenção da área na saúde.
· Existe um conjunto de prerrogativas normativas e legais que caracterizam o profissional de educação física como profissional da saúde, e muitas conquistas estão sendo consolidadas: a inserção no SUS; o reconhecimento da atividade física como fator determinante e condicionante da saúde; a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) agora com código permanente, consolidando a área no campo da saúde e a inserção do profissional de educação física no contexto hospitalar.
Escolas da educação básica, escolas de educação especial, clubes, academias de musculação e ginástica, clubes recreativos e esportivos, escolas de danças, escolas de natação, escolinhas esportivas (como futebol, voleibol, basquete, handebol, futsal, atletismo), projetos sociais, concurso em prefeituras e no estado, clínicas médicas, hospitais, escolas especiais, pesquisa, ensino, gestão, desenvolvimento de tecnologias, e por aí em diante: esses são alguns dos exemplos do mercado de trabalho da Educação Física, em suas mais diversas manifestações, como o esporte, a saúde, o lazer, a educação formal e não formal. O desenvolvimento de competências e a atenção e acompanhamento das demandas do mercado de trabalho são atitudes necessárias para poder enfrentar os desafios. Competência pode ser compreendida como o conjunto de conhecimentos, técnicas, valores e habilidades necessárias para o desempenho eficiente e eficaz no exercício da profissão Educação Física (BARROS, 2006).
O MERCADO MULTIDISCIPLINAR 
Uma das principais competências necessárias para inserção no mercado de trabalho está relacionada às equipes multidisciplinares. Essa é uma tendência global em termos de exigência de perfil e qualidade profissional, conforme a sociedade, o mercado de trabalho, as empresas e os mais diversos campos de conhecimento e tecnologias buscam agregar valores e saberes advindos de campos de formação diferentes para atuar, de modo multidisciplinar, nas demandas sociais. Portanto, dentro da Educação Física e dos seus mais diversos campos de atuação presentes no mercado de trabalho, há alguns espaços já consolidados para a atuação em equipe multidisciplinar, como a área da saúde e do esporte. No entanto, precisamos compreender que essa dimensão multifacetada é algo cada mais vez mais presente e abrange outras áreas consolidadas de atuação, como o lazer e a educação. 
A área da saúde é, sem dúvida, a que mais se desponta em termos de atuação em equipe multidisciplinar no campo da Educação Física. A Constituição Federal de 1988 promoveu um novo reordenamento no campo da saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) surge, então, em 1990, instituindo a saúde como direito fundamental e o Estado como responsável por criar as condições necessárias e indispensáveis ao pleno exercício desse direito pela população. Os princípios doutrinários do SUS são: universalidade: a garantia do sistema de saúde a toda a população; equidade: a garantia de serviços de todos os níveis e da igualdade de oportunidade, principalmente diante das desigualdades sociais; e integralidade: a promoção, a proteção e a recuperação da saúde. Além disso, em cada esfera do Estado (municipal, estadual e federal) devem ser construídas ações para sua garantia.
É prerrogativa do Profissional de Educação Física no contexto da área hospitalar: coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, nas áreas de atividades físicas e do exercício físico, destinados a promoção, prevenção, proteção, educação, intervenção, recuperação, reabilitação, tratamento e cuidados paliativos da saúde física e mental, na área específica ou de forma multiprofissional e/ou interdisciplinar. (CONFEF, 2020, [s. p.]).
A resolução lista XXII competências e atribuições do profissional de educação física para atuação em contexto hospitalar e, em seu art. 5º, estabelece que o “Profissional de Educação Física poderá atuar em toda e qualquer área hospitalar da atenção à saúde, às quais se reconhecem os benefícios da atividade física e do exercício físico”(CONFEF, 2020, [s. p.]). 
Como você pode perceber, a atuação profissional nos campos da saúde e os mercados que deles derivam são mediados por regulamentações específicas (leis, normativas e resoluções) que orientam como deve proceder a atuação e a formação do profissional de educação física que queira operar no campo da saúde.
O esporte de competição de rendimento, o campo do treinamento esportivo, destaca-se que a busca pelo melhor desempenho de um atleta, sua performance, vai depender de diversos fatores, como técnico, tático, físico, psicológico, que, em suas interações, potencializam a melhora no desempenho esportivo. Para se alcançar o desempenho desejado é necessária, então, a atuação de diferentes profissionais especialistas, com formações distintas, como o médico, o nutricionista, o psicólogo, o fisioterapeuta, o profissional de educação física, o gestor e o administrador esportivos. Essa atuação também vai exigir cooperação da equipe multidisciplinar, cada um em seu campo específico busca um resultado construído em conjunto.
Quando se pensa no campo do esporte, algumas das competências desejadas são organização e planejamento, pois o treinamento especializado se dá ancorado nesses princípios, de forma sistematizada, compreendendo desde saberes anátomo-fisiológicos até a ciência do treinamento esportivo e atuando a partir da autonomia nas relações com outros profissionais a partir da expertise da Educação Física no campo esportivo. 
Outro campo de atuação profissional tradicional, que se desenvolveu fortemente, tanto no aspecto acadêmico quanto no profissional, principalmente a partir dos anos 1970 no Brasil, é o lazer. Pode-se considerar que a Educação Física conquistou um espaço de hegemonia quando abarcou a dimensão da atuação no lazer, principalmente nas atividades lúdicas e recreativas. Portanto, como afirma Isayama (2003), é necessário compreender o lazer como um campo de atuação multidisciplinar que pode materializar propostas de atuação que favoreçam a interdisciplinaridade.
Destacando a dimensão da especialidade da formação profissional e do conhecimento para a atuação em espaços de trabalho em equipes multidisciplinares, não podemos deixar de destacar um campo que por vezes é relegado por causa da dimensão da especialidade requerida: as atividades físicas e esportes adaptados para pessoas com deficiência. De modo especial, podemos destacar as escolas de educação especial, juntamente com o profissional de terapia ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social e o profissional de educação física, que buscam a inclusão social, o processo de autonomia e qualidade de vida das pessoas com deficiência.
As práticas de educação inclusiva, seja no próprio ensino regular ou no atendimento em escolas de educação especial, devem ser pensadas e executadas com equipes multidisciplinares. Assim, tanto a inclusão de alunos com deficiência em escolas regulares quanto o atendimento em escolas especiais requerem, do profissional de educação física e de seu trabalho com atividades físico-esportivas e motoras adaptadas, conhecimentos anatômicos, físicos, motores, neurológicos, psicológicos, comportamentais, bioquímicos e outros que se façam necessários para ancorar o atendimento das pessoas com deficiência. Pensando ainda na dimensão da inclusão social, esses mesmo princípios agora estudados se materializam não somente para os alunos com deficiência, mas também para alunos que necessitam de atendimento educacional especializado devido, por exemplo, às altas habilidades, transtornos globais e, ainda, questões relacionadas à saúde, como problemas cardíacos, respiratórios (como a asma), diabetes, problemas motores, articulares etc. Enfim, a escola regular, em especial, a educação física adaptada, precisa oferecer todas as condições necessárias para que os alunos com necessidades educacionais especiais tenham acesso aos conteúdos, ao currículo escolar, às vivencias pedagógicas, ou seja, deve assegurar o acesso àquilo que é fundamental a todos os alunos da escola. É esse caminho que perpassa a educação inclusiva na busca por autonomia funcional, sendo as atividades físico-esportivas adaptadas fundamentais para que o profissional de educação física possa trabalhar a partir da adaptação de materiais, espaços e processos pedagógicos de acordo com sua realidade e as necessidades dos alunos.
Ainda nesse contexto, uma outra dimensão da atuação em equipes multidisciplinares pode ser encontrada na reabilitação. Podemos entender a reabilitação como um processo relacionado ao desenvolvimento humano e às capacidades adaptativas nas diferentes fases da vida, abrangendo os aspectos funcionais, psíquicos, educacionais, sociais e profissionais (BRASIL, 2008).
A Educação Física escolar, quando pensamos na estrutura disciplinar e nos diferentes profissionais com distintas formações disciplinares atuando no espaço escolar, logo imaginamos que a dimensão multidisciplinar seria uma dimensão “óbvia”, direta, natural. No entanto, para ela ser concretizada, precisa justamente superar as barreiras e fronteiras disciplinares que moldam a atuação tradicional na educação formal. própria Base Nacional Comum Curricular estabelece os temas contemporâneos que, para seu tratamento pedagógico em sua plenitude, precisam ser abordados de forma transdisciplinar (BRASIL, 2018).
A Educação Física, entendida no âmbito das profissões liberais, está sujeita às influências sazonais do mercado de trabalho, que podem se dar por diferentes motivos. Um ponto a ser destacado é que cada realidade cultural apresenta aspectos diferentes relacionados à sazonalidade. 
TECNOLOGIAS E MERCADO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Cada vez mais há a necessidade de desenvolvimento tecnológico e apropriação desses recursos como forma de mediar diversas esferas da vida em sociedade. A revolução tecnológica da informação coloca as profissões atuais em constante questionamento, uma vez que precisam acompanhar as mudanças e saber utilizá-las como instrumentos de trabalho. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) estão cada vez mais presentes e incorporadas à vida cotidiana. Tais tecnologias podem se caracterizar como ferramentas de trabalho. No campo da docência, as TICs são fundamentais para o desenvolvimento de práticas inovadoras, agilizando o trabalho do professor, aproximando o professor da realidade do aluno, principalmente nas tendências do mercado de trabalho. Assim, dentro do campo escolar, as TICs podem servir de recurso pedagógico com diferentes intencionalidades para cumprir os objetivos da Educação Física escolar. 
O MERCADO MULTIDISCIPLINAR
Uma das principais competências necessárias para inserção no mercado de trabalho está relacionada às equipes multidisciplinares. Essa é uma tendência global em termos de exigência de perfil e qualidade profissional, conforme a sociedade, o mercado de trabalho, as empresas e os mais diversos campos de conhecimento e tecnologias buscam agregar valores e saberes advindos de campos de formação diferentes para atuar, de modo multidisciplinar, nas demandas sociais. Nesse sentido, reconhecem-se a expertise de cada área de formação profissional envolvida e suas contribuições na prestação de serviços, no trabalho colaborativo que compreende a visão do outro profissional, assim como se reconhecem suas particularidades e dificuldades no processo de trabalho. Cada profissional, dentro da expertise de seu conhecimento especializado, de modo colaborativo e compartilhado, dará sua contribuição e saberá unir seu conhecimento aos dos demais profissionais, valorizando o seu saber e o dos seus colegas. Esse envolvimento coletivo e colaborativo é fundamental para o trabalho em equipes multidisciplinares, que terão funções diferentes, partilhando diferentes olhares e saberes diante de uma intervenção profissional, mobilizando conhecimentos teóricos e práticos em face de suas realidades de atuação. 
Portanto, dentro da Educação Física e dos seus mais diversos campos de atuação presentes no mercado de trabalho,há alguns espaços já consolidados para a atuação em equipe multidisciplinar, como a área da saúde e do esporte. No entanto, precisamos compreender que essa dimensão multifacetada é algo cada mais vez mais presente e abrange outras áreas consolidadas de atuação, como o lazer e a educação. 
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
A Educação Física, como profissão reconhecida legalmente e cada vez mais valorizada pela sociedade, está sujeita à sazonalidade típica do mercado de trabalho. Assim, além dos aspectos específicos da área, há outros que impactam no mercado de trabalho. 
Sobre a relação da Educação Física com o mercado de trabalho, analise as afirmativas a seguir e marque V para as verdadeiras e F para as falsas.
(F) Somos uma área alheia e desconexa das relações macro e microeconômicas e políticas que impactam a sociedade.
(F) O mercado de trabalho da Educação Física é regido exclusivamente por leis próprias; é estável e imutável. 
(V) Tanto a Educação Física quanto o Estado e o próprio mercado de trabalho influenciam as dimensões da formação e preparação para a vida profissional.
Agora, assinale a alternativa correta:
a.  F – F – F.
b.  V – F – F.
c.  F – V – F.
d.  F – F – V.
Correto!
A Educação Física é uma área, como as demais profissões, que sofrem impacto das relações macro e microeconômicas e políticas que impactam a sociedade de um modo geral. Assim, o mercado de trabalho da Educação Física é regido por leis próprias, mas também por outras dimensões, como políticas e culturais, portanto, está em constante transformação.
e.  V – F – V.
Questão 2
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) estão cada vez mais presentes na sociedade. Elas ajudam a moldar as relações interpessoais, educacionais e trabalhistas. Como profissional inserido na sociedade atual, o mercado de trabalho em Educação Física exigirá de você competências que envolvem o domínio das TICs. 
Sobre essa temática, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
I. Cada vez mais há a necessidade de desenvolvimento tecnológico e apropriação tecnológica como forma de mediar diversas esferas da vida em sociedade.
PORQUE
II. A grande revolução tecnológica presente na atualidade coloca as profissões atuais em constante questionamento, uma vez que precisam dar conta de acompanhar tal evolução e saber como podem utilizar as tecnologias como instrumentos de trabalho.
Sobre essas asserções, assinale a alternativa correta:
a.  As duas asserções são falsas.
b.  A primeira asserção é verdadeira e a segunda é falsa.
c.  A primeira asserção é falsa e a segunda é verdadeira.
d.  As duas asserções são verdadeiras, mas a segunda não justifica corretamente a primeira.
e.  As duas asserções são verdadeiras, e a segunda justifica corretamente a primeira. 
Correto!
As duas afirmativas estão corretas e se complementam. As Tecnologias da Informação e Comunicação estão cada vez mais presentes no mundo das profissões. A Educação Física não está nem pode ficar de fora desse contexto. Cada campo de atuação, cada característica do mercado de trabalho determina quais são os recursos úteis para a intervenção profissional.
Questão 3
O mercado de trabalho multidisciplinar é um dos que mais cresce no campo da Educação Física brasileira. Há uma constante demanda por profissionais que atuem na saúde, no lazer, no esporte ou na educação, seja no setor público, seja no privado.
Sobre a atuação do profissional da educação física em equipes multidisciplinares, assinale a alternativa correta:
a.  O profissional da educação física precisa conhecer a fundo a expertise de todas as áreas nas quais ele vai trabalhar de forma colaborativa.
b.  O trabalho deve ocorrer de forma segmentada, isolado em etapas, em que cada um faz a sua parte. 
c.  Os problemas com os quais a sociedade se defronta são simples e apenas uma profissão, de modo isolado, pode resolvê-los efetivamente.
d.  A área da Educação Física, por sua natureza multidisciplinar, consegue trabalhar de modo isolado todos os fenômenos da área, como a saúde, o esporte, o lazer e a educação. 
e.  O trabalho se desenvolve de forma colaborativa, relacionando diversos conhecimentos, linguagens, significados e representações na abordagem de uma temática.
Correto!
É preciso reconhecer a expertise de cada área de formação profissional envolvida e suas contribuições na prestação de serviços de trabalho colaborativo, compreendendo a visão do outro profissional e reconhecendo suas particularidades e dificuldades no processo de trabalho. Cada um, dentro de sua expertise, de seu conhecimento especializado, de modo colaborativo e compartilhado, dará sua contribuição, saberá unir seu conhecimento aos dos demais profissionais, valorizando o seu saber e o dos outros.
ÉTICA E BIOÉTICA
A ética e a bioética, uma área que abrange o campo da saúde no nível superior, a Educação Física possui seu Conselho Federal de Educação Física e seus Conselhos Regionais de Educação Física. Considerando as relações de trabalho na sociedade atual, é imprescindível que a Educação Física possua um conselho de representação de classe. Uma das funções desse conselho é a promulgação do Código de Ética da profissão e a 
A Educação Física é uma profissão legalmente regulamentada e reconhecida socialmente, e seus profissionais devem basear suas ações em princípios éticos.
A ética não é um conhecimento teórico que aprendemos e que será exposta como em uma “estante de livros nunca lidos”. Mais do que um conhecimento filosófico, ela é concreta, pois se materializa em todas as nossas ações. Somos sujeitos com liberdade para tomar decisões. Se elas são corretas ou incorretas, são os valores éticos que irão julgar. Por isso esse tema é tão importante.
A palavra ética tem origem grega, ethos, que possui duas interpretações a partir de duas formas diferentes de pronunciar e grafar a vogal “e”. Uma forma curta, dita com uma vogal breve denominada épsilon, significa caráter, índole, temperamento; a outra, com a vogal longa chamada eta, significa costume. Portanto, ethos está relacionado à nossa individualidade, nossas características pessoais, o que somos capazes praticar, nossos vícios e nossas virtudes.
Tanto no campo dos costumes (ethos com eta) quanto no campo do caráter, da individualidade (ethos com épsilon), a ética produz reflexões sobre como devemos agir em sociedade. Nesse sentido, ela pode ser compreendida como a teoria filosófica sobre o comportamento humano, que se materializa no campo da moral.
A Ética caracteriza-se por sua dimensão teórica, de investigação e de explicação do comportamento humano, da moral, respeitando aspectos de totalidade, diversidade e variedade. Assim, o valor da ética estaria na capacidade de explicar a pluralidade dos comportamentos, das mudanças no campo da moral. Mesmo se localizando na reflexão teórica e da análise, a ética não perde de vista que seu objeto é prático, concreto e dinâmico, pois está inserido em um contexto social, histórico e cultural.
Se a ética se ocuparia das questões mais universais, abrangentes e teóricas, a moral se inscreve de forma mais concreta no comportamento humano, na vida das pessoas, estando situada nas ações. Logo, é ação prática e concreta que reflete os costumes, aquilo que é considerado como correto.
Como moral, podemos entender como um conjunto de normas, valores e princípios que determinam e regulamentam as relações humanas na sociedade, o comportamento humano, possuindo um aspecto histórico, cultural, social, sendo essas ações materializadas de modo consciente (VASQUEZ, 2002).
Marilena Chauí é uma filósofa que traz em suas obras importantes contribuições para a compreensão dessa temática. Chauí (2003) afirma que para uma pessoa se constituir como um sujeito moral/ético, deve preencher quatro condições.
A primeira delas é o sujeito ser consciente de sí e dos outros, refletindo sobre si e reconhecendo a existência do outro;
A segunda, ser dotado de vontade, controlando seus desejos, impulsos e sentimentos, agindo de forma consciente diante das diversas possibilidades que possui;ser responsável, reconhecendo-se como agente capaz de avaliar suas ações e consequências sobre si e sobre os outros e, ainda, assumindo as responsabilidades por suas ações;
A terceica, ser livre, tendo a liberdade como algo para autodeterminar-se, constituindo suas ações a partir das regras de conduta que livremente adota, e não meramente por liberdade de escolha ou pela coação de forças externas. 
BIOÉTICA E PRINCÍPIOS BIOÉTICOS
Em termos conceituais, podemos compreender a bioética como sendo um exame ético e moral de natureza transdisciplinar que envolve a vida e as relações humanas no âmbito das ciências naturais e biológicas, ou seja, ela está relacionada à vida humana, animal e vegetal.  
A partir dos anos 1960, o desenvolvimento científico e tecnológico, junto com a efervescência dos movimentos sociais e culturais, passaram a reivindicar uma nova postura frente aos direitos sociais e individuais.
Em 1970, Van Rensselaer Potter utilizou o termo “bioethics” pela primeira vez em um artigo, destacando-a como ciência da sobrevivência. A bioética passa a significar o respeito à pessoa e à vida, sendo possível estabelecer uma interface entre ciência e humanidade de modo responsável, preservando os valores morais e os direitos humanos. Um grande marco para a matéria no campo dos conflitos morais e éticos em saúde foi o Relatório de Belmont, publicado em 1978 pela Comissão Nacional para Proteção de Pessoas Humanas em Pesquisas de Natureza Comportamental e Biomédicas (NCPHSBBR, 1978). 
Três casos marcantes serviram de base para o Relatório de Belmont. Em um hospital de Nova Iorque, em 1963, médicos injetaram células cancerígenas em idosos doentes. No hospital de Willowbrook, entre os anos de 1950 e 1970, foi injetada hepatite viral em crianças com deficiência mental; e, no estado do Alabama, descobriu-se em 1972 que, desde a década de 1940, cerca de 400 negros sifilíticos foram deixados sem tratamentos para que fosse pesquisada a evolução natural da doença.
Da consolidação da bioética, destaca-se a publicação da obra Principles of Biomedical Ethics (em português: Princípios de Ética Biomédica), em 1979, por Tom Beauchamp e James Childress. Essa produção culminou na criação de um modelo teórico para a bioética em relação aos dilemas éticos e morais enfrentados nas ciências médicas e biológicas. A escolha dos autores pelos princípios fundantes apresentados pelo Relatório de Belmont (o princípio da autonomia; o princípio da beneficência; e o princípio da justiça ou equidade) possibilitou a inclusão de um quarto princípio, o da não maleficência. Essa corrente teórica, denominada principialismo, se difundiu e serviu de base para os debates e reflexões acerca da bioética. Portanto, vamos agora compreender um pouco mais sobre os quatro princípios da bioética:
· Princípio da autonomia: as pessoas devem ter o discernimento para fazer escolhas autônomas, de modo intencional, compreendendo suas decisões tomadas a partir de conhecimentos e informações. Portanto, as pessoas devem estar livres de influências, garantindo sua liberdade. Nesse sentido, devem estar claros as formas de tratamento, os resultados prováveis e os recursos disponíveis. No campo da pesquisa em Educação Física, assim como em outros, o instrumento denominado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) é fundamental para garantir e demonstrar a autonomia da pessoa no aceite da participação de forma voluntária, respeitando sua vontade e decisão.
· Princípio da beneficência: os profissionais devem apresentar o dever moral de agir em busca do interesse e benefício das pessoas atendidas, buscando o bem-estar, evidenciando o bem e assegurando ao máximo os benefícios, ao mesmo tempo que tentam minimizar os riscos.
· Princípio da não maleficência: os profissionais da área da saúde devem agir de modo a nunca prejudicar seus pacientes, ou seja, não infligir-lhes mal nem colocá-los em risco. Portanto, o conhecimento e uso de técnicas, procedimentos e protocolos adequados devem ser sempre respeitados.
· Princípio da justiça ou equidade: esse princípio está relacionado ao conceito de justiça distributiva, que seria o modo como a sociedade e as pessoas concebem a distribuição de bens positivos e negativos. Como exemplos dos primeiros, podemos destacar a saúde, o esporte, o lazer, a educação, a liberdade; como os dos segundos, as penalidades, sanções e punições existentes na sociedade. Um dos princípios fundamentais que estão presentes na materialidade das políticas sociais é a dimensão da equidade. De acordo com o princípio da igualdade proporcional do filósofo Aristóteles, deve-se buscar garantir o equilíbrio e a justiça social com a distribuição de bens para minimizar ou corrigir as desigualdades (BRYCH, 2007). Nesse sentido, as particularidades e as desigualdades são levadas em consideração. Como destaque, podemos relembrá-lo que a equidade é um dos princípios doutrinários do nosso Sistema Único de Saúde (SUS).
PROFISSÕES DA SAÚDE – BASES ÉTICA E LEGAL 
Cabe lembrar que a saúde é tida como um direito fundamental, logo, é dever do Estado criar as estruturas legais e institucionais para sua manutenção, como a promoção, prevenção e recuperação da saúde individual e coletiva. Assim, 
Os principais instrumentos que o Estado detém são as políticas públicas sociais e econômicas, assim como as setoriais (de saúde, de educação, de saneamento básico, de segurança, de esporte e lazer). Destacamos, ainda, o diálogo entre elas, que se plasma em políticas públicas intersetoriais, cujo objetivo é fazer com que os fenômenos presentes na sociedade sejam abordados em sua complexidade.
O Conselho Nacional de Saúde (CNS), a partir da Resolução nº 287/1998, categorizou quatorze profissões de formação de nível superior como pertencentes à área da saúde: assistentes sociais, biólogos, biomédicos, profissionais de educação física, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, médicos veterinários, nutricionistas, odontólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais (BRASIL, 1998). 
A regulamentação profissional da educação física em 1998 ensejou conquistas históricas da área e abriu horizontes para muitas outras ao longo dos anos. Inserida no ensino superior, a formação profissional é pensada pelo Estado, principalmente mediante o Ministério da Educação e Cultura (MEC), que determina, juntamente com os debates e presença das entidades representativas da classe, como deve ser o Sistema CONFEF/CREF, as diretrizes e decretos que orientam a formação e regulamentam o exercício profissional.
A fiscalização é uma garantia do exercício de qualidade da profissão por parte do profissional e garantia dos direitos e deveres do próprio profissional. Portanto, sua ação fiscalizadora deve ser vista com credibilidade tanto pela sociedade como pela categoria profissional (CINAFEF/CREF).
NORMAS DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL E CIVIL
A Educação Física se enquadra no contexto escolar e não escolar e possui mais de 30 possíveis atuações. Um fato é inerente à atuação do profissional: nós lidamos com a vida, com o corpo, com a saúde. Em todas as manifestações profissionais, exige-se, por parte da sociedade, um profissional cada vez mais qualificado, seja em termos de eficiência, seja em termos de ética profissional. No entanto, muitas vezes a atuação, mesmo que de modo não intencional, pode causar danos às pessoas, aos beneficiários.
O princípio fundamental da responsabilidade civil no Código Civil brasileiro reside na modificação do equilíbrio social a partir de um dano ou prejuízo sofrido por algum cidadão, de modo que a sociedade ou grupos de pessoas sintam-se ameaçados pela real possibilidade de também serem de algum modo lesados por um ato ilícito. De acordo com Silveira (2002), esse ato pode ser uma ação ou até mesmo uma omissão dolosa, na qual há intenção do agente, ou omissão culposa, sem que haja a intenção do agente causador do dano. Essa ação pode ser considerada uma conduta imperita – o profissional não estaria preparado para exercer a função – ou imprudenteno desenvolvimento das atividades profissionais.
Conforme o que se lê no art. 927 do Código Civil,
Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (BRASIL, 2002, [s. p.])
o profissional de educação física tem o dever de preservar a vida, a honra, a liberdade, a saúde, e a segurança do trabalhador que a exerce.
Questão 1
A bioética surge nos anos 1970 a partir de um vazio deixado pela ciência nos estudos envolvendo organismos vivos, em especial os seres humanos. Com o Relatório de Belmont, publicado em 1978, princípios são estabelecidos como norteadores do campo da bioética.
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os quatros princípios da bioética:
a.  Autonomia, beneficência, justiça ou equidade, não maleficência.
Correto!
Os princípios fundantes apresentados pelo Relatório de Belmont são: o princípio da autonomia, o princípio da beneficência e o princípio da justiça ou equidade; e, posteriormente, houve a inclusão de um quarto princípio, o da não maleficência.
b.  Heteronomia, beneficência, justiça ou equidade, não maleficência.
c.  Autonomia, beneficência, igualdade, não maleficência. 
d.  Autonomia, não beneficência, justiça ou equidade, não maleficência. 
e.  Heteronomia, não beneficência, igualdade, não maleficência.
Questão 2
Leia e complete as lacunas da seguinte sentença:
O sujeito social adota o comportamento considerado como correto pelo grupo social, pela sociedade na qual está inserido, em um processo de INTERIORIZAÇÃO, de modo CONSCIENTE, materializando um ato MORAL.
Assinale a alternativa que completa corretamente a frase apresentada:
a.  exteriorização; inconsciente; amoral. 
b.  interiorização; consciente; moral. 
Correto!
O sujeito social adota o comportamento considerado como correto pelo grupo social, pela sociedade na qual está inserida, em um processo de interiorização, de modo consciente, materializando um ato moral.
c.  incorporação; pessoal; moral.
d.  aceitação; pessoal; civil.
e.  normatização; consciente; civil.
Questão 3
A compreensão conceitual sobre a ética e a moral deve fazer parte da vida profissional. Os conhecimentos teóricos e práticos relacionados aos saberes específicos da área devem ser materializados em uma intervenção ética, baseada em valores e princípios morais aceitos pela sociedade.Sobre o tema da ética e da moral, leia e analise as afirmativas a seguir:
I. A ética caracteriza-se por sua dimensão teórica, de investigação e de explicação do comportamento humano, da moral, respeitando aspectos de totalidade, diversidade e variedade.
II. A moral é o estudo da ética, logo, a moral é teórica, científica, e a ética está no campo prático.
III. A existência de um conjunto de normas, valores e princípios acaba determinando e regulamentando as relações humanas na sociedade.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
a.  I e II.
b.  II e III.
c.  I e III.
Correto!
A afirmativa II está incorreta, pois, como afirma a I, “A ética caracteriza-se por sua dimensão teórica, de investigação e de explicação do comportamento humano, da moral, respeitando aspectos de totalidade, diversidade e variedade”. A moral está no campo da prática, das ações.
d.  II.
e.  III.
REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO
Todo processo de regulamentação profissional não é consensual, pelo contrário, revela conflitos, interesses, compreensões profissionais e ideológicas distintas. Uma das premissas nos processos de regulamentação profissional, de um modo geral, é a possibilidade de reserva e garantia de um mercado profissional, estabelecendo também o direito do exercício profissional a partir de uma formação específica, na qual o formando adquire saberes, conhecimentos e procedimentos relacionados ao exercício da profissão. Portanto, a regulamentação de uma profissão envolve as formas de ingresso, de inserção na profissão e no respectivo mercado/reserva profissional. Como as demais profissões da área da saúde, a Educação Física é regulamentada. Contudo, há um processo histórico até chegar à regulamentação, ao reconhecimento legal. Desde a década de 1940, há registros de tentativas nesse sentido por educadores físicos, mas foi somente no final do século passado que a Lei nº 9.696, de 1 de setembro de 1998 (BRASIL, 1998) regulamenta a profissão da Educação Física, criando, também, o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e os Conselhos Regionais de Educação Física.
A Lei nº 9.696, de 1º de setembro de 1998 (BRASIL, 1998), que dispõe sobre a regulamentação da profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselhos Federal e Regional de Educação Física, estabelece, em seu art. 1, que “O exercício das atividades de Educação Física e a designação de Profissional de Educação Física é prerrogativa dos profissionais regularmente registrados nos Conselhos Regionais de Educação Física” (BRASIL, 1998, [s. p.]). Nesse sentido, o art. 2 estabelece três situações em que se consegue o registro no sistema CONFEF/CREFS, logo, ser inscrito nos Conselhos Regionais de Educação Física. Duas estão relacionadas à posse de diploma, ou seja, ser um graduado:
a) possuir diploma obtido em curso de Educação Física, oficialmente autorizado ou reconhecido;
b) possuir diploma em Educação Física expedido por instituição de ensino superior estrangeira, revalidado na forma da legislação em vigor.
C) Reconhece os profissionais que foram denominados provisionados. Eles seriam aqueles profissionais que, antes da regulamentação da profissão pela Lei nº 9.696/1998, exerciam comprovadamente atividades exclusivas dos profissionais de educação física, nos termos do Conselho.
Como estabelecido na Lei nº 9.696/1998, foi criado o CONFEF e, de acordo com seu Estatuto, o sistema CONFEF/CREFs possui a função de “normatizar, orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício das atividades próprias dos Profissionais de Educação Física e das pessoas jurídicas, cuja finalidade básica seja a prestação de serviços nas áreas das atividades físicas, desportivas e similares”, segundo o art. 1, § 2º (CONFEF, 2010, [s. p.]); e, também, “regula, regulamenta, fiscaliza e orienta o exercício profissional, defendendo interesses da sociedade em relação aos serviços prestados pelos profissionais e pessoas jurídicas nas áreas de atuação que competem ao profissional”, conforme o art. 1, § 4º (CONFEF, 2010, [s. p.]).
Além de garantir o respeito por parte do profissional à sociedade, também busca garantir dignidade e respeito ao profissional de educação física. Nesse sentido, em seu art. 5, estabelece XI incisos que dão corpo à sua finalidade institucional. Desde sua criação, respeitando a dinamicidade da sociedade, o Sistema CONFEF/CREF busca pensar qual seu papel na sociedade, como defensor desta e como legitimador da profissão e de seus profissionais, fazendo valorizar e reconhecer nosso papel na sociedade. Foram criados os CREFs. O art. 6 do Estatuto estabelece que os “CREFs têm por finalidade promover os deveres e defender os direitos dos Profissionais de Educação Física e das pessoas jurídicas que neles estejam registrados” (CONFEF, 2010, [s. p.]). Ao longo desse artigo do Estatuto, também são estabelecidos XI incisos sobre a finalidade dos CREFs, garantindo o exercício e cumprimento das normas estabelecidas pelo Sistema CONFEF/CREFs. Os CREFs fiscalizam o exercício profissional em sua área de abrangência, estimulam e apoiam o aperfeiçoamento e a atualização de seus profissionais registrados, além de prezar pelo cumprimento dos deveres dos profissionais regularmente registrados.
Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, vigente na Resolução CONFEF nº 307, de 9 de novembro de 2015 (CONFEF, 2015). Um dos sentidos do CONFEF é dar uma resposta à sociedade quanto aos seus anseios sobre a atuação do profissional, sempre pautada pela ética, orientando os caminhosque norteiam o dever e a atuação do profissional.
A ética está relacionada aos princípios gerais que regem a vida humana, já a moral está na dimensão prática, na aplicação do comportamento humano no social. A deontologia está associada ao que é obrigatório, a um modo de ser, de dever ser a partir de códigos deontológicos que definem parâmetros éticos e que regem os princípios e deveres no exercício profissional.
O item 9 da Carta Brasileira de Educação Física (CONFEF, 2000, [s. p.]) estabelece que:
O CONFEF e os CREFs, pelas suas atribuições em lei e comprometimento diante da Educação Física no Brasil, atuarão fundamentalmente no compromisso de uma EDUCAÇÃO FÍSICA DE QUALIDADE, sendo que, para isto, deverão intervir por uma melhoria e valorização dos seus profissionais, inclusive quanto ao cumprimento do Código de Ética estabelecido, complementando a sua intervenção com ações vigorosas e consistentes, como a elaboração e difusão desta CARTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, para que a Educação Física possa, de fato alcançar a QUALIDADE objetivada e assim contribuir para uma sociedade cada vez melhor. 
A materialidade do Código de Ética dos Profissionais de Educação Física está ancorada em 12 princípios norteadores:
I - O Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, instrumento regulador do exercício da Profissão, formalmente vinculado às Diretrizes Regulamentares do Sistema CONFEF/CREFs, define-se como um instrumento legitimador do exercício da profissão, sujeito, portanto, a um aperfeiçoamento contínuo que lhe permita estabelecer os sentidos educacionais, a partir de nexos de deveres e direitos;
II - O Profissional de Educação Física registrado no Sistema CONFEF/CREFs e, consequentemente, aderente ao presente Código de Ética, na qualidade de interventor social, deve assumir compromisso ético para com a sociedade, colocando-se a seu serviço primordialmente, independentemente de qualquer outro interesse, sobretudo de natureza corporativista;
III - Este Código de Ética define, para seus efeitos, no âmbito de toda e qualquer atividade física, como destinatário, o Profissional de Educação Física registrado no Sistema CONFEF/CREFs e, como beneficiários das intervenções profissionais os indivíduos, grupos, associações e instituições que compõem a sociedade. O Sistema CONFEF/CREFs é a instituição mediadora, por exercer uma função educativa, além de atuar como reguladora e codificadora das relações e ações entre beneficiários e destinatários; 
IV - A referência básica deste Código de Ética, em termos de operacionalização, é a necessidade em se caracterizar o Profissional de Educação Física diante das diretrizes de direitos e deveres estabelecidos normativamente pelo Sistema CONFEF/CREFs. Tal Sistema deve visar assegurar por definição: qualidade, competência e atualização técnica, científica e moral dos Profissionais nele incluídos através de inscrição legal e competente registro; 
V - O Sistema CONFEF/CREFs deve pautar-se pela transparência em suas operações e decisões, devidamente complementada por acesso de direito e de fato dos beneficiários e destinatários à informação gerada nas relações de mediação e do pleno exercício legal. Considera-se pertinente e fundamental, nestas circunstâncias, a viabilização da transparência e do acesso ao Sistema CONFEF/CREFs, através dos meios possíveis de informação e de outros instrumentos que favoreçam a exposição pública; 
VI - Em termos de fundamentação filosófica o Código de Ética visa assumir a postura de referência quanto a direitos e deveres de beneficiários e destinatários, de modo a assegurar o princípio da consecução aos Direitos Universais. Buscando o aperfeiçoamento contínuo deste Código, deve ser implementado um enfoque científico, que proceda sistematicamente à reanálise de definições e indicações nele contidas. Tal procedimento objetiva proporcionar conhecimentos sistemáticos, metódicos e, na medida do possível, comprováveis;
VII - As perspectivas filosóficas, científicas e educacionais do Sistema CONFEF/CREFs se tornam complementares a este Código, ao se avaliarem fatos na instância do comportamento moral, tendo como referência um princípio ético que possa ser generalizável e universalizado. Em síntese, diante da força de lei ou de mandamento moral (costumes) de beneficiários e destinatários, a mediação do Sistema produz-se por meio de posturas éticas (ciência do comportamento moral), símiles à coerência e fundamentação das proposições científicas;
VIII - O ponto de partida do processo sistemático de implantação e aperfeiçoamento do Código de Ética dos Profissionais de Educação Física delimita-se pelas Declarações Universais de Direitos Humanos e da Cultura, como também pela Agenda 21, que situa a proteção do meio ambiente em termos de relações entre os homens e mulheres em sociedade e ainda, através das indicações referidas na Carta Brasileira de Educação Física (CONFEF, 2000), editada pelo CONFEF. Estes documentos de aceitação universal, elaborados pelas Nações Unidas, e o Documento de Referência da qualidade de atuação dos Profissionais de Educação Física, juntamente com a legislação pertinente à Educação Física e seus Profissionais nas esferas federal, estadual e municipal, constituem a base para a aplicação da função mediadora do Sistema CONFEF/CREFs no que concerne ao Código de Ética
IX - Além, da ordem universalista internacional e da equivalente legal brasileira, o Código de Ética deverá levar em consideração valores que lhe conferem o sentido educacional almejado. Em princípio, tais valores como liberdade, igualdade, fraternidade e sustentabilidade com relação ao meio ambiente, são definidos nos documentos já referidos. Em particular, o valor da identidade profissional no campo da atividade física - definido historicamente durante séculos - deve estar presente, associado aos valores universais de homens e mulheres em suas relações socioculturais;
X - Tendo como referências a experiência histórica e internacional dos Profissionais de Educação Física no trato com questões técnicas, científicas e educacionais, típicas de sua profissão e de seu preparo intelectual, condições que lhes conferem qualidade, competência e responsabilidade, entendidas como o mais elevado e atualizado nível de conhecimento que possa legitimar o seu exercício, é fundamental que desenvolvam suas atuações visando sempre preservar a saúde de seus beneficiários nas diferentes intervenções ou abordagens conceituais
XI - A preservação da saúde dos beneficiários implica sempre na responsabilidade social dos Profissionais de Educação Física, em todas as suas intervenções. Tal responsabilidade não deve e nem pode ser compartilhada com pessoas não credenciadas, seja de modo formal, institucional ou legal;
XII - Levando-se em consideração os preceitos estabelecidos pela bioética, quando de seu exercício, os Profissionais de Educação Física estarão sujeitos sempre a assumirem as responsabilidades que lhes cabem. (CONFEF, 2015, [s. p.]).
Quanto ao exercício profissional, para garantir uma atuação ética e de qualidade, o art. 4 do Código de Ética determina que os profissionais devem se basear a partir dos seguintes princípios:
I - a respeito à vida, à dignidade, à integridade e aos direitos do indivíduo
II - a responsabilidade social;
III - a ausência de discriminação ou preconceito de qualquer natureza;
IV - o respeito à ética nas diversas atividades profissionais;
V - a valorização da identidade profissional no campo das atividades físicas, esportivas e similares;
VI - a sustentabilidade do meio ambiente;
VII - a prestação, sempre, do melhor serviço a um número cada vez maior de pessoas, com competência, responsabilidade e honestidade;
VIII - a atuação dentro das especificidades do seu campo e área do conhecimento, no sentido da educação e desenvolvimento das potencialidades humanas, daqueles aos quais presta serviços. (CONFEF, 2015, [s. p.]).
O Código de Ética também determina as diretrizes para a atuação dos órgãos do Sistema CONFEF/CREFs e para o desempenho da atividade profissional,fazendo então a relação entre o sistema e a profissão. Tais diretrizes são:
I - comprometimento com a preservação da saúde do indivíduo e da coletividade, e com o desenvolvimento físico, intelectual, cultural e social do beneficiário de sua ação;
II - aperfeiçoamento técnico, científico, ético e moral dos Profissionais registrados no Sistema CONFEF/CREFs;
III - transparência em suas ações e decisões, garantida por meio do pleno acesso dos beneficiários e destinatários às informações relacionadas ao exercício de sua competência legal e regimental;
IV - autonomia no exercício da profissão, respeitados os preceitos legais e éticos e os princípios da bioética;
V - priorização do compromisso ético para com a sociedade, cujo interesse será colocado acima de qualquer outro, sobretudo do de natureza corporativista;
VI - integração com o trabalho de profissionais de outras áreas, baseada no respeito, na liberdade e independência profissional de cada um e na defesa do interesse e do bem-estar dos seus beneficiários. (CONFEF, 2015, [s. p.])
Resolução do CONFEF nº 307/2015, são os capítulos III e IV – Das Responsabilidades e Deveres; e Dos Direitos e Benefícios, respectivamente. No capítulo III, destaca-se o art. 6, que trata especificamente das responsabilidades e deveres dos profissionais. Ao longo de seus XXII incisos, estabelece diretrizes importantes para a profissão na sociedade atual. Quando pensamos na relação de uma profissão com a sociedade mediada pelos valores éticos e morais, a dimensão do dever e da responsabilidade é extremamente necessária para dar segurança à sociedade em relação ao serviço prestado. Como destaque, podemos apontar os três primeiros incisos do art. 6.
I - promover a Educação Física no sentido de que se constitua em meio efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo dos seus beneficiários, através de uma educação efetiva, para promoção da saúde e ocupação saudável do tempo de lazer;
II - zelar pelo prestígio da profissão, pela dignidade do Profissional e pelo aperfeiçoamento de suas instituições;
III - assegurar a seus beneficiários um serviço profissional seguro, competente e atualizado, prestado com o máximo de seu conhecimento, habilidade e experiência. (CONFEF, 2015, [s. p.])
O capítulo IV, Dos Direitos e Benefícios, busca dar garantias ao profissional, como uma dimensão protetiva. No art. 10 da Resolução do CONFEF nº 307/2015, encontramos quais são os direitos do profissional de educação física:
I - exercer a Profissão sem ser discriminado por questões de religião, raça, sexo, idade, opinião política, cor, orientação sexual ou de qualquer outra natureza;
II - recorrer ao Conselho Regional de Educação Física, quando impedido de cumprir a lei ou este Código, no exercício da profissão;
III - requerer desagravo público ao Conselho Regional de Educação Física sempre que se sentir atingido em sua dignidade profissional;
V - recusar a adoção de medida ou o exercício de atividade profissional contrários aos ditames de sua consciência ética, ainda que permitidos por lei;
V - participar de movimentos de defesa da dignidade profissional, principalmente na busca de aprimoramento técnico, científico e ético;
VI - apontar falhas e/ou irregularidades nos regulamentos e normas, formalmente, por escrito, aos gestores de eventos e de instituições que oferecem serviços no campo da Educação Física quando os julgar tecnicamente incompatíveis com a dignidade da profissão e com este Código ou prejudiciais aos beneficiários;
VII - receber salários ou honorários pelo seu trabalho profissional. (CONFEF, 2015, [s. p.])
A ética, a moral e a ética profissional (a deontologia) sustentam e ancoram as profissões na sociedade moderna. A Educação Física, reconhecida como profissão a partir da Lei nº 9.696/1998, vem buscando, a partir do Sistema CONFEF/CREFs, atender às dimensões da sociedade, como as que envolvem desde a formação até a atuação profissional. Debates, embates, críticas, erros e acertos vão construindo os caminhos da Educação Física voltada para uma sociedade mais justa, igual e democrática.
BIOÉTICA NA PESQUISA E BIOSSEGURANÇA
No âmbito de nossa área profissional – principalmente no campo escolar, academias, práticas esportivas, recreativas e de lazer e exercício físico –, nosso papel social está sendo ressignificado. A utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e as normas de biossegurança, por exemplo, serão ainda mais reforçadas e presentes na prática cotidiana do profissional de educação física. As normas de segurança e biossegurança, cumprimento das regras e protocolos de pesquisa em seres humanos sempre estiveram presentes na área da Educação Física, no campo acadêmico científico e/ou profissional.
Ao longo desta unidade, abordamos e discutimos conceitos fundamentais para uma atuação profissional ética, com respeito à profissão, aos profissionais e aos beneficiários. De modo especial, na segunda seção desta unidade conhecemos as dimensões conceituais da ética, bioética e seus princípios bioéticos. A base desse conhecimento é fundamental para aprofundarmos e ampliarmos os conceitos abordados nesta seção.
BIOÉTICA: PESQUISA EM SERES HUMANOS
A bioética é um campo transdisciplinar que tem como foco a vida humana, animal e vegetal, nas relações humanas e entre o humano e a natureza. A bioética surge como debate necessário a partir dos anos 1960, fruto de movimentos sociais que reivindicavam uma nova relação entre homem e ciência, e atenção aos direitos sociais e individuais, consolidando-se no Relatório de Belmont (1978). Surgindo como um ramo de conhecimento, tendo como marco o pós-guerra, quando foram realizadas muitas pesquisas que se enquadram no campo ético como contrárias à dignidade humana, a bioética passou a mediar, regular e refletir sobre as relações entre ciência e seres humanos.
Destacando a essência de cada um desses princípios da bioética, podemos assim sintetizá-los (CÓDIGO DE NUREMBERG, 1947, [s. p.]):
1.  O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial [...].
2.  O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos para a sociedade [...].
3.  O experimento deve ser baseado em resultados de experimentação em animais e no conhecimento da evolução da doença ou outros problemas em estudo [...].
4.  O experimento deve ser conduzido de maneira a evitar todo sofrimento e danos desnecessários, quer físicos, quer materiais.
5.  Não deve ser conduzido qualquer experimento quando existirem razões para acreditar que pode ocorrer morte ou invalidez permanente [...].
6.  O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância do problema que o pesquisador se propõe a resolver.
7.  Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o participante do experimento [...].
8.  O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas cientificamente qualificadas.
9.  O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar no decorrer do experimento.
10.  O pesquisador deve estar preparado para suspender os procedimentos experimentais em qualquer estágio [...].
É necessário destacar que em 1948 foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948). Princípios como igualdade, liberdade e dignidade podem ser claramente relacionados às pesquisas em seres humanos, o que aproxima esses dois documentos, que buscam tecer princípios éticos e respeito ao ser humano. 
Em 1964, na Finlândia, a Associação Médica Mundial elabora a Declaração de Helsinki, que está estruturada em princípios básicos; pesquisa médica combinada com cuidados profissionais; e pesquisa biomédica não terapêutica envolvendo seres humanos. 
Na declaração original (DECLARAÇÃO DE HELSINKI, 1964, [s. p.]), há cinco princípios básicos para a pesquisa biomédica envolvendo seres humanos:
1 - A pesquisa clínica deve adaptar-se aos princípios morais e científicos que justificam a pesquisa médica e deve ser baseada em experiências de laboratório e com animais ou em outros fatos cientificamente determinados.
2 - A pesquisa clínica deve ser

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