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UNID 1 Avaliação Psicológica

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1 Avaliação psicológica: uma breve introdução 
Neste tópico, o estudante poderá conhecer um pouco mais sobre o surgimento e 
o conceito da avaliação psicológica. Para tanto, é importante ressaltar que os testes e os 
instrumentos psicológicos só podem ser utilizados pelos psicólogos que possuem inscrição no 
Conselho Regional de Psicologia – CRP. Assim sendo, os passos, as competências e 
os princípios éticos do psicólogo em relação à avaliação psicológica serão abordados com o 
propósito de esclarecer ao profissional sobre o exercício ético da profissão. 
1.1 Avaliação psicológica 
Entre as mais diversas áreas de atuação do psicólogo, destaca-se a avaliação 
psicológica como um conjunto de procedimentos aplicados ao indivíduo com o objetivo de colher 
informações. Lins e Borsa (2017) destacam a importância do profissional para se atentar ao cuidado 
dos instrumentos utilizados, uma vez que o uso de apenas um teste ou procedimento pode 
propiciar a construção de inferências descontextualizadas em relação ao indivíduo. Assim, não 
se quer dizer que a avaliação psicológica consiste em simplesmente corrigir os testes psicológicos. 
Pelo contrário, é necessário salientar que os testes psicológicos são “agregados ao processo de 
avaliação psicológica para se obter informações sobre o psiquismo do indivíduo” (LINS; BORSA, 
2017, p. 12 apud ANACHE, 2011). 
Para tanto, vamos ressaltar um importante instrumento construído pelo Conselho Federal 
de Psicologia – CFP – juntamente com os conselhos regionais para informar aos psicólogos sobre 
a prática de regularização da avaliação psicológica com os seus devidos preceitos éticos. Assim 
sendo, o Conselho Federal de Psicologia define a avaliação psicológica como: 
 
 
De maneira resumida, destaca-se uma breve contextualização histórica do surgimento dos 
testes e da avaliação psicológica. Lins e Borsa (2017) ressaltaram que esses procedimentos 
surgiram nas primeiras décadas do século XX, na França. Os pesquisadores Alfred 
Binet e Theodore Simon divulgaram a versão originária da Escala Binet-Simon de Inteligência, 
um recurso para verificar o “retardo mental”, um nome adotado na época. 
Durante a I Guerra Mundial, utilizou-se a testagem psicológica para escolher os soldados 
mais aptos para o combate (LINS; BORSA, 2017). Já, após a II Guerra Mundial, alguns testes 
psicológicos foram confeccionados para avaliar os traços de personalidade, o desempenho do 
indivíduo no mercado de trabalho, o caráter, dentre outros (LINS; BORSA, 2017). Sendo assim, os 
estudos sobre a avaliação psicológica foram se desenvolvendo ao longo dos anos até os dias 
atuais. 
1.2 Passos para a avaliação psicológica, competências e princípios éticos do 
psicólogo 
Com base na Cartilha sobre Avaliação Psicológica (2013), elaborada pelo Conselho 
Federal de Psicologia, alguns passos serão salientados para que o profissional se atente ao 
realizar a avaliação psicológica de um indivíduo. Para tanto, é necessário que o psicólogo descreva 
quais são os propósitos da avaliação psicológica, colhendo informações sobre o indivíduo ou o 
grupo dos quais serão analisados. Além disso, as coletas de dados devem ser realizadas através 
dos instrumentos psicológicos como, por exemplo, entrevistas individuais ou 
em grupos, dinâmicas, bem como observações através da escuta qualificada do profissional. 
Após o levantamento das informações, é preciso agregar os dados coletados com a finalidade de 
indicar uma resposta, respaldada através dos princípios éticos do código. 
Para além dos passos seguidos pelo profissional, o psicólogo deve desenvolver 
algumas competências, conforme exposto na Cartilha sobre Avaliação Psicológica (2013). Tais 
competências se referem ao reconhecimento do “caráter processual da avaliação psicológica”, 
além de dominar as normas da avaliação psicológica no Brasil. Não se pode esquecer que é 
necessário buscar capacitações ou qualificações para aplicar e analisar os instrumentos 
psicológicos com o intuito de identificar a capacidade de “inteligência”, “memória”, “atenção”, 
“emoção”, entre outros (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2013, p. 15). 
Nessa perspectiva, obter os conhecimentos necessários na área da psicopatologia é de 
fundamental importância para identificar o desenvolvimento do indivíduo. A “validade, precisão e 
normas dos testes” são outros aspectos necessários que o psicólogo deve se atentar para utilizar 
a avaliação psicológica. Sendo assim, buscar informações 
sobre aplicação, levantamento e interpretação dos instrumentos da avaliação psicológica é de 
fundamental importância para indicar um diagnóstico de tratamento e acompanhamento para o 
paciente. Por fim, ressalta-se que o profissional saiba “elaborar documentos psicológicos” e 
“comunicar os resultados advindos da avaliação” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 
2013, p. 15). 
Em relação aos princípios éticos básicos, é importante salientar que o psicólogo deverá 
desenvolver a avaliação psicológica de maneira responsável, isto é, os testes e os instrumentos 
utilizados durante o processo devem possuir a parecer favorável do Conselho Federal de 
Psicologia e o profissional deve ser qualificado para esta atividade. Além disso, é necessário 
possuir um ambiente favorável para a aplicação dos instrumentos psicológicos, resguardando 
o sigilo profissional sem interferências de quaisquer outras pessoas. Os registros das 
informações coletadas do indivíduo devem ser arquivados em locais seguros para que nenhum 
outro indivíduo tenha acesso. Entretanto, os laudos ou pareceres psicológicos devem ser 
endereçados apenas àqueles que necessitem da informação. Não se esqueça de que o 
profissional da área de psicologia não deve em hipótese nenhuma capacitar profissionais de 
outras áreas, caracterizando a violação do código de ética (CONSELHO FEDERAL DE 
PSICOLOGIA, 2013, p. 16-17). 
 
2 Avaliação psicológica em diversos contextos da atuação do psicólogo 
Este tópico apresentará o processo de avaliação psicológica no contexto da psicologia 
clínica, da psicologia organizacional e do trabalho, do trânsito e hospitalar, a partir de alguns 
exemplos da vida cotidiana. 
2.1 Psicologia clínica 
Tomando como pressuposto os escritos propostos por Baptista, Filho e Borges (2017), a 
avaliação psicológica no contexto da psicologia clínica passou a ser utilizada com maior 
frequência no Brasil a partir dos anos 1990. Isso se deu, principalmente, pela possibilidade de o 
profissional colher determinadas informações que poderiam subsidiar intervenções terapêuticas no 
sentido de proporcionar maiores benefícios aos pacientes ou clientes. Porém, é importante destacar 
que o psicólogo deve dominar as técnicas com qualidade para utilizar esses instrumentos. Para a 
clínica, a psicometria (métodos quantitativos em psicologia), o rapport (capacidade de estabelecer 
empatia com o indivíduo) e a destreza de formular hipóteses diagnósticas são fundamentais para 
que o psicólogo possa desenvolver esse processo com qualidade (BAPTISTA; FILHO; BORGES, 
2017). Assim, os autores ressaltam que “a psicologia clínica é uma área da psicologia que tem 
como objetivo a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do comportamento psicopatológico” 
(BAPTISTA; FILHO; BORGES, 2017, p. 384). 
Diante dessa breve contextualização, pode-se dizer que a avaliação psicológica deve seguir 
cinco passos fundamentais: o primeiro se refere à observação sistematizada, logo, 
a anamnese (histórico dos sintomas do paciente), entrevistas (estruturadas, semiestruturadas ou 
abertas), aplicação de métodos projetivos (testes psicológicos) e, por último, a testagem 
psicométrica (avaliação da personalidade e capacidade do indivíduo). 
Para o melhor entendimento do estudante, cita-se como exemplo um paciente ou cliente que 
entra em contato com o psicólogo para tratar sintomas relativos à depressão e à ansiedade. Ao 
receber o indivíduo no consultório, o profissionalse atenta para as vestimentas, a comunicação 
verbal e não verbal, estilos de vida do paciente, obtendo algumas informações que devem ser 
anotadas. Além disso, ele passa a investigar quando surgiram os primeiros sintomas da depressão 
e da ansiedade, em qual contexto e como o paciente lidou com a situação naquele momento. 
No decorrer das sessões, o psicólogo passa a realizar entrevistas (estruturadas, 
semiestruturadas ou abertas) com o propósito de conhecer o contexto familiar, social e a história 
de vida do indivíduo. De acordo com o relato do paciente, o psicólogo pode optar ou não por aplicar 
testes que poderão subsidiar a capacidade afetiva, cognitiva e comportamental do paciente. Por 
fim, é elaborado um projeto terapêutico através das sessões psicoterápicas para que o paciente 
trate dos seus sintomas e possa construir estratégias para lidar com a depressão e a ansiedade. 
Cabe ressaltar que, nesse caso, o paciente também deverá fazer um acompanhamento psiquiátrico 
como um paliativo para que possa ajudá-lo a tratar dos seus sintomas. Porém, ressalta-se que o 
uso de medicamentos sem o acompanhamento psiquiátrico e com o uso prolongado pode afetar a 
capacidade cognitiva, motora e a memória. 
Resumindo, os principais tópicos abordados nas entrevistas psicológicas consistem em obter 
informações sobre a “descrição do problema”, a “situação atual de vida”, a “história de vida do 
paciente”, as “experiências traumáticas”, o “histórico médico, psicológico e psiquiátrico”, o 
“status psicológico atual”, o “grau de abertura do cliente diante do processo terapêutico”, as “metas 
que possui no processo terapêutico” e as “preocupações do cliente” (BAPTISTA; FILHO; BORGES, 
2017, p. 385). Aqui, vale destacar que as entrevistas realizadas de maneira aberta possuem uma 
maior possibilidade de construir um vínculo terapêutico, distintamente das entrevistas estruturadas 
– perguntas preparadas antecipadamente – ou semiestruturadas – perguntas elaboradas para 
atingir um objetivo (BAPTISTA; FILHO; BORGES, 2017). 
 
 
Para além do exposto, o psicólogo pode realizar entrevistas com familiares, amigos, 
investigar documentos ou prontuários com o consentimento do paciente para colher as informações 
necessárias sobre o indivíduo. Diante dos processos de avaliação psicológica, caberá ao psicólogo 
clínico realizar um relatório ou parecer psicológico e fazer uma devolução, preservando os 
princípios éticos, através da sua boa comunicação com o paciente. 
 
2.2 Psicologia organizacional e do trabalho 
A psicologia organizacional e do trabalho teve origem nos laboratórios de psicologia 
experimental de Wilhelm Wundt, em 1879, um psicólogo alemão, que dedicou seus estudos 
para compreender e analisar o comportamento humano. Pereira (2017, p. 317) salienta que 
Wundt “estudou os problemas humanos no trabalho, criando uma disciplina que pode ser 
identificada como organizadora dos fundamentos básicos da psicotécnica, principal método de 
trabalho da psicologia industrial”. 
A partir dos anos 1980 e 1990, as empresas brasileiras passaram a incorporar os 
profissionais da psicologia na área conhecida como Recursos Humanos, buscando construir uma 
visão multidisciplinar (PEREIRA, 2017). Assim sendo, a inserção no mercado de trabalho será 
um exemplo utilizado para que o estudante possa compreender o processo de avaliação 
psicológica no contexto organizacional e do trabalho, visto que é necessário recrutar um indivíduo 
que possui o perfil desejado pela empresa para assumir um determinado cargo. 
Atualmente, as pessoas buscam oportunidades de trabalho através dos sites destinados a 
ofertar vagas, cadastrando as experiências profissionais, as competências e as habilidades 
pessoais. Através do currículo, o psicólogo convoca o candidato para uma entrevista preliminar, 
selecionando àqueles que possuem o perfil para as próximas etapas. Aqui, cabe ressaltar que cada 
empresa planeja o recrutamento e a seleção de acordo com as avaliações que julgam necessárias. 
Logo após uma entrevista preliminar, o candidato passa por dinâmicas de grupo, realiza testes 
psicológicos, dentre outros processos designados de avaliação psicológica no contexto 
organizacional. Por fim, uma determinada pessoa que possui o perfil da vaga enunciada assume o 
cargo. 
Porém, a avaliação psicológica pode ser utilizada em diversos âmbitos no contexto 
organizacional e do trabalho. A exemplo disso, pode-se ressaltar as avaliações institucionais 
realizadas pelas empresas para mensurar o nível de satisfação dos clientes com o atendimento 
realizado, a avaliação de desempenho e para a escolha de profissionais que serão treinados e 
desenvolvidos pela empresa. 
 
2.3 Trânsito 
A Carteira Nacional de Habilitação – CNH – é um dos maiores anseios dos jovens ao 
completarem 18 anos. Porém, o processo não é tão simples. Atualmente, além do investimento 
financeiro é preciso que o indivíduo perpasse por diferentes processos e avaliações para obter êxito 
na retirada do documento. Assim sendo, o primeiro passo consiste na avaliação 
médica e psicológica com o propósito de identificar se o indivíduo possui 
condições biológicas, físicas e subjetivas para circular motorizado pelas ruas das cidades ou das 
grandes metrópoles. Hoje, a avaliação psicotécnica passou a ser concebida por avaliação 
psicológica pericial. Assim sendo, a psicologia do trânsito é definida: 
 
A partir do texto “Avaliação psicológica no contexto do trânsito”, alguns aspectos importantes 
serão abordados para a formação do psicólogo. O primeiro deles se refere à promulgação do 
primeiro Código Nacional de Trânsito – Decreto-Lei nº 3.651 de 25 de setembro de 1941 – 
definindo o exame médico e o psicológico (RUEDA; MOGNON, 2017). No ano de 1953, o exame 
psicotécnico tornou-se uma obrigatoriedade para retirar a Carteira Nacional de Habilitação por 
determinação do CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito) com o propósito de identificar os 
aspectos relacionados à personalidade e à atenção do cidadão. 
Contudo, Rueda e Mognon (2017, p. 412) ressaltam que somente em 1998 é que a avaliação 
psicológica passou a envolver a “área percepto-reacional, motora e nível mental, equilíbrio físico e 
habilidades específicas complementares”. Daí, a mudança do termo psicotécnico para avaliação 
psicológica pericial. Em 2012, a Resolução nº 425 do CONTRAN, juntamente com a Resolução 
007/2009 do Conselho Federal de Psicologia, instituíram a avaliação psicológica no contexto da 
psicologia do trânsito através de “entrevistas individuais, testes psicológicos, dinâmicas de grupo, 
escuta e intervenções verbais” (RUEDA; MOGNON, 2017, p. 413). 
 
2.4 Hospitalar 
A avaliação psicológica no contexto hospitalar segue, basicamente, os processos 
de entrevista e testagem psicológica. Porém, cabe aqui ressaltar que cada contexto possui a sua 
peculiaridade e o psicólogo deve ser capacitado para desenvolver essa tarefa com primazia. Para 
tanto, é preciso uma gama de estudos e experiências profissionais para atuar nessa área. 
Desde o reconhecimento da psicologia enquanto profissão, em 1962, os psicólogos já 
atuavam na área sem muito reconhecimento. Entretanto, a partir da década de 1990, a psicologia 
hospitalar passou a trabalhar questões relativas à integralidade da saúde, concebendo o paciente 
nas suas dimensões biológicas, psíquicas e sociais, isto é, através de um 
modelo biopsicossocial, além de contar com uma equipe multiprofissional (médicos, 
enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, 
nutricionistas, entre outros). Schmidt, Bolze e Crepaldi argumentam que “nessas instituições, a 
principal (mas não única) tarefa do profissional é avaliar e acompanhar intercorrências psíquicas 
dos usuários envolvidos em procedimentos médicos, com vistas à promoção e à recuperação à 
saúde” (2017, p. 462). 
Assim sendo, o psicólogo no contexto hospitalar possui a suaatuação através de 
atendimento psicoterápico individual ou em grupo com vistas à promoção à saúde. Para o melhor 
entendimento do estudante, a cirurgia bariátrica será utilizada como um exemplo para ilustrar a 
atuação da equipe multidisciplinar, abordando os aspectos biopsicossociais e a promoção à saúde. 
Assim sendo, a coleta de dados através das entrevistas, observações, testes 
psicológicos e dinâmicas de grupo são os procedimentos usados para a avaliação 
psicológica no contexto hospitalar. Dessa forma, a equipe possui os subsídios necessários para 
a formulação do diagnóstico, os encaminhamentos para os profissionais responsáveis e a 
construção de intervenções terapêuticas (SCHMIDT; BOLZE; CREPALDI, 2017). Como se sabe, 
o indivíduo que se submete a uma cirurgia bariátrica possui uma perda de peso considerável, fato 
que acarreta em mudanças físicas e psicológicas. Para tanto, é necessário avaliar: 
 
Sendo assim, é importante que o psicólogo saiba discutir os casos para construir 
tratamentos a partir de uma perspectiva particular para seus pacientes, contando com a equipe 
multiprofissional, além de dominar os testes psicológicos que deverão ser aplicados a cada 
indivíduo, avaliando se ele possui condições para realizar uma cirurgia e se adaptar às 
transformações físicas e emocionais (SCHMIDT; BOLZE; CREPALDI, 2017). 
3 Observação e entrevista psicológica 
Nesse tópico, a observação que deve ser realizada pelo psicólogo e as entrevistas serão 
descritas para que o estudante possa compreender melhor as nuances de ambos os processos no 
contexto da avaliação psicológica. 
3.1 Observação realizada pelo psicólogo 
Ao caminharmos pelas ruas das cidades, frequentar estabelecimentos comerciais ou visitar 
familiares, observamos uma série de funcionamentos peculiares da própria metrópole, do local ou 
do contexto familiar. Não obstante, também, é possível observar vestimentas, gestos, 
comportamentos e expressões das pessoas que nos fornecem informações se aquele indivíduo 
pode ser de confiança, honesto, entre outras características. 
Partindo do estudo realizado por Nunes, Lourenço e Teixeira (2017) sobre avaliação 
psicológica, os autores ressaltam quatro dimensões do processo de observação feita pelo 
psicólogo. O primeiro deles se refere à possibilidade de testar uma teoria, isto é, observa-se como 
o indivíduo se comporta em situações distintas. O segundo está relacionado com a observação 
experimental ou naturalista, ou seja, a observação de uma situação em que o observador pode 
controlar, denominados de grupos de controle. Como exemplo de grupos de controle, pode-se 
ressaltar aqueles indivíduos que são medicados e outros que recebem o placebo. Assim, é possível 
observar quais os efeitos do medicamento nos indivíduos que pertencem a grupos distintos. 
A terceira dimensão elencada pelos autores em relação à observação é conhecida 
por estruturada e não estruturada. Para o exercício do psicólogo, a observação 
estruturada deve conter uma lista de tópicos dos quais se deve atentar para colher informações 
do paciente. A não estruturada parte do princípio de que o psicólogo marcará o primeiro encontro 
e observará o comportamento do indivíduo a partir do qual ele se apresenta. Por fim, destaca-se 
a observação participante, que pressupõe uma relação entre o observador e o observado em que 
o psicólogo pode angariar percepções de como a criança se relaciona com o outro, por exemplo. 
Além disso, ressalta-se a observação não participante, em que o psicólogo pode observar o 
comportamento de uma criança no recreio para colher dados para a avaliação psicológica (NUNES; 
LOURENÇO; TEIXEIRA, 2017). 
No entanto, cabe ressaltar que nem todas essas dimensões são passíveis da atuação do 
profissional, uma vez que a quebra do vínculo ou confiança pode ocorrer a partir da invasão da 
privacidade da criança ou até mesmo do adulto. Nesse sentido, cabe ao psicólogo se atentar para 
o exercício ético da profissão e estudar qual a observação que mais se adéqua ao caso. 
3.2 Entrevista psicológica 
A entrevista psicológica, além de fornecer dados suficientes para as indagações realizadas 
pelo psicólogo, pode oferecer subsídios para a observação 
dos pensamentos, sentimentos, emoções, comportamentos, intenções e comunicação não 
verbal do paciente ou candidato. Nesse sentido, acredita-se que a observação pode ser realizada 
juntamente com a entrevista com o propósito de não apossar de determinados espaços 
frequentados pelo indivíduo. A observação nos mais diversos contextos pode significar uma invasão 
da intimidade da pessoa. 
Um primeiro aspecto importante de ressaltar é que a entrevista estruturada é baseada em 
um roteiro fechado, como no caso da anamnese, em que as perguntas são direcionadas para que 
o paciente responda de forma clara e precisa. Por outro lado, o psicólogo pode construir um roteiro 
de entrevista semiestruturada. Isto quer dizer que se tem um roteiro de perguntas que podem ser 
flexibilizadas a partir do relato do candidato ou paciente, além de poder modificar a ordem das 
questões (NUNES; LOURENÇO; TEIXEIRA, 2017). 
Para tanto, é necessário o domínio dessas questões por parte do psicólogo e a clareza do 
objetivo a ser alcançado com esse instrumento. Nesse sentido, é importante investigar as crenças, 
opiniões, intenções, comportamentos passados e atuais, sem induzir qualquer tipo de 
resposta. Além do mais, a condução da entrevista deve ser realizada de maneira acolhedora. Se, 
em alguns momentos, for preciso utilizar o gravador, é necessário o consentimento prévio do 
entrevistado com a assinatura de um documento. 
 
 
4 Testes psicológicos e outros instrumentos de avaliação psicológica 
Este tópico apresentará os testes psicológicos mais utilizados pelos estudantes e 
profissionais de psicologia e ressaltará a importância dos jogos e desenhos como instrumentos 
necessários para a avaliação psicológica infantil. 
4.1 Testes psicológicos 
Apresentar os testes psicológicos no contexto da avaliação psicológica não é uma tarefa 
fácil, principalmente, pelo fato de que esses instrumentos são caros para a aquisição de psicólogos 
recém-formados e, em segundo, existe pouco investimento nessa área de pesquisa no Brasil. 
Consequentemente, os psicólogos passam a ter conhecimento de um número ínfimo de testes 
psicológicos e a capacitação para o uso de tais instrumentos nem sempre abrange o público de 
maneira satisfatória. 
Os estudos de Noronha et al (2005, p. 392) apontam que os seguintes testes psicológicos 
são os mais conhecidos pelos estudantes de psicologia, porém eles nem sempre se sentem 
qualificados o suficiente para utilizá-los: 
 
 
Aqui, é importante ressaltar que os testes utilizados para avaliação psicológica devem seguir 
os critérios psicométricos regulamentados pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – 
SATEPSI. O uso de testes considerados como desfavoráveis pela comissão é passível de 
penalidades éticas. 
4.2 Jogos e desenhos 
Os jogos e os desenhos são instrumentos de avaliação psicológica utilizados para colher 
informações sobre a criança. Obviamente, elas não conseguem se adaptar às entrevistas abertas, 
estruturadas ou semiestruturadas, muito menos submeter a testes que dependem de uma 
capacidade de raciocínio que não condiz com o desenvolvimento adequado da criança. Por isso, 
os jogos passaram a ser instrumentos imprescindíveis para estabelecer um vínculo com a criança, 
a fim de que ela possa se sentir confortável para falar da sua maneira sobre os conflitos 
familiares, preocupações e aflições. Além disso, o psicólogo observará o comportamento da 
criança, as habilidades psicomotoras, a construção das histórias e os vínculos 
estabelecidos com o propósito de identificar se a criança possui alguma psicopatologia. 
 
 
Além disso, os desenhos também são instrumentos importantes para a avaliação 
psicológica, uma vez que se observaa coordenação motora, assim como os aspectos relativos 
à família, escola e o contexto socioeconômico e cultural. Porém, vale ressaltar que para 
avaliação psicológica infantil, é necessário realizar entrevistas com os pais ou 
responsáveis, familiares que acompanham a criança e, caso preciso, com os professores da 
escola ou de outras atividades com a finalidade de colher informações sobre a relação que a criança 
estabelece consigo mesma, bem como com as demais. A partir do diagnóstico, é importante 
preparar uma devolução aos pais com os possíveis encaminhamentos, caso seja necessário. Por 
exemplo, uma avaliação neurológica ou psiquiátrica, um acompanhamento escolar ou 
psicopedagógico. 
 
5 Questionário e inventário 
Esse tópico apresenta como elaborar questionários a partir das discussões realizadas em 
grupos de pesquisa constituídos na Universidade Federal de Minas Gerais, dado que se considera 
importante trazer à tona as discussões “vivas” das dificuldades que podem permear o trabalho da 
atuação do profissional. Além disso, ressalta-se o inventário como um instrumento eficaz para o 
processo de seleção de pessoas a determinados cargos. 
5.1 Questionário 
Para muitos, elaborar um questionário é uma tarefa fácil, uma vez que não se tem a mínima 
ideia de como as perguntas podem ressoar na subjetividade de cada sujeito ou na indução de 
respostas. Para tanto, grupos de trabalho, conhecidos por GT, são formados para discutir 
a escrita, a organização dos questionamentos, a condução do psicólogo, bem como a 
sua abordagem e as formas de coletar os dados. Esse processo pode durar dias ou até semanas 
e, muitas vezes, é realizado por uma equipe de profissionais qualificados. 
Para tanto, é necessário saber o que se deseja investigar com a avaliação psicológica, qual 
o objetivo e, inclusive, identificar a faixa etária, gênero, estado civil, entre outros, para facilitar 
o vínculo e a abertura do indivíduo a responder os questionamentos. Sabe-se que os questionários 
são passíveis de manipulação por parte dos indivíduos, uma vez que se sentem envergonhados 
em relatar determinados aspectos em poucos encontros. Para tanto, é necessário um bom manejo 
do psicólogo para facilitar esse processo de abertura por parte do avaliado. 
Após a construção do questionário, é necessário fazer um teste com um grupo de voluntários 
para verificar se realmente as perguntas são acessíveis ao bom entendimento do avaliado e se 
existe algum equívoco por parte do instrumento. Assim sendo, o questionário pode ser transformado 
ao longo dos meses para determinados segmentos dos quais desejamos obter informações. Cita-
se, como exemplo, questionários realizados na avaliação psicológica com policiais militares e com 
agentes penitenciários. Esse instrumento deve ser adaptado em relação ao contexto e o perfil do 
trabalhador. 
5.2 Inventário 
Os inventários psicológicos são, comumente, utilizados pelas empresas para selecionar os 
candidatos de acordo com o perfil do cargo. Nos dias atuais, as empresas utilizam o Inventário 
Fatorial de Personalidade (IFP) com o intuito de fazer uma triagem antes da aplicação dos testes 
psicológicos, uma vez que necessitam de maiores recursos financeiros para esses instrumentos. 
Assim, somente aqueles que podem ocupar o cargo acabam passando por esse processo de 
testagem psicológica. Com isso, o inventário se torna uma ferramenta mais acessível para aplicar 
a um número maior de candidatos. Os principais aspectos abordados no IFP são: 
 assistência; 
 dominância; 
 ordem; 
 denegação; 
 intracepção; 
 desempenho; 
 exibição; 
 afago; 
 mudança; 
 persistência; 
 agressão; 
 deferência; 
 autonomia; 
 afiliação. 
Este inventário é reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia e identifica possíveis 
fatores comportamentais que o candidato possa ter na condução do seu trabalho no interior da 
empresa. 
 
 
REFERÊNCIAS 
BAPTISTA, M. N.; FILHO, N. H.; BORGES, L. Avaliação em psicologia clínica. In: LINS, M. 
R. C.; BORSA, J. C. Avaliação psicológica: aspectos teóricos e práticos. Petrópolis: Vozes, 2017. 
BRASIL. Decreto-Lei Nº 3.651, de 25 de setembro de 1941. República Federativa do 
Brasil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del3651.htm > 
Acesso em: 17 mai. 2020. 
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Cartilha sobre avaliação psicológica. Brasília: 
DF, 2013. Disponível em: < http://satepsi.cfp.org.br/docs/cartilha.pdf > Acesso em: 17 mai. 2020. 
CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO – CONTRAN (2012). Resolução Nº 425 de 27 de 
novembro de 2012. Disponível em: < https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=247963 > Acesso 
em: 17 mai. 2020. 
LINS, M. R. C.; BORSA, J. C. Avaliação psicológica: aspectos teóricos e práticos. 
Petrópolis: Vozes, 2017. 
NORONHA, A. P. P.; PRIMI, R.; ALCHIERI, J. C. Instrumentos de avaliação mais 
conhecidos/utilizados por psicólogos e estudantes de psicologia. Reflexão e Crítica. v. 18, n. 3, p. 
390-401, 2005. 
NUNES, M. L. T.; LOURENÇO, L. J.; TEIXEIRA, R. C. P. Avaliação psicológica: o papel da 
observação e da entrevista.In: LINS, M. R. C.; BORSA, J. C. Avaliação psicológica: aspectos 
teóricos e práticos. Petrópolis: Vozes, 2017. 
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