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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Conceitos, Métodos e Modalidades O papel da Avaliação Psicológica é o de descrever e explicar fenômenos ou processos psicológicos através da atribuição de valor ou medida às suas propriedades. (ALCHIERI; CRUZ, 2012) É Importante que o psicólogo que executa este processo esteja sempre atualizado em relação a estudos da área dos fenômenos psicológicos e processos cognitivos. Esse processo depende da atitude orientada da compreensão do que se quer avaliar, da habilidade do avaliador em escolher estratégias e procedimentos específicos às necessidades observadas das demandas por avaliação. A Avaliação Psicológica é uma disciplina científica que se caracteriza por quatro elementos básicos: Objeto, Objetivo, Campo Teórico e Métodos. Avaliação Psicológica Campo Teórico MétodoObjeto Objetivo Avaliação Psicológica Campo Teórico MétodoObjeto Objetivo O Objeto de estudo da Avaliação psicológica são os fenômenos e processos psicológicos: Processos; Funções; Estrutura; Dinâmica; Conduta. A diferença entre a Avaliação Psicológica e a Psicologia em si reside no objetivo e nas orientações teórico-metodológicas, principalmente no caso do uso de instrumentos psicológicos. Avaliação Psicológica Campo Teórico MétodoObjeto Objetivo O Objetivo da Avaliação psicológica é estimar o valor ou qualidade dos fenômenos psicológicos. Para isso, deve-se: 1 – Descrever e interpretar o percebido pelas pessoas, via autorrelato e descrição dos processos subjetivos; 2 – Caracterizar as variações dos aspectos observados (ocorrência, frequência, intensidade). 3 – Estimar Valores representativos dessas descrições e variações. Avaliação Psicológica Campo Teórico MétodoObjeto Objetivo O Campo Teórico da Avaliação Psicológica são as teorias psicológicas, construídas com base em construtos sistematizados na forma de conceitos amplos ou específicos que servem para explicar os fenômenos psicológicos não observáveis diretamente. Exemplo: A Percepção e Atenção podem ser estudadas e avaliadas a partir da base epistemológica na qual se sustenta a respectiva teoria: Psicologia Cognitiva, da Personalidade, do Desenvolvimento, etc. Avaliação Psicológica Campo Teórico MétodoObjeto Objetivo Os Métodos da Avaliação Psicológica são o Clínico e o Experimental. O primeiro é muito mais visto na prática profissional, enquanto que o segundo é mais associado à construção de novos instrumentos e também à tentar explicar, por meio de correlações entre variáveis, o objeto estudado. Avaliação Psicológica Campo Teórico MétodoObjeto Objetivo São três os recursos metodológicos fundamentais da Avaliação Psicológica: 1 – A observação do comportamento (descrição física, autorrelato); 2 – O inquérito (estimular por meio de perguntas e proposições, como a anamnese e entrevista psicológica); 3 – A mensuração (atribuir valores à propriedades psicológicas através de instrumentos de medida construídos para esse fim). A Avaliação Psicológica é um processo científico, fundamentado teórica e metodologicamente em teorias psicológicas, que busca estimar o valor ou qualidades de fenômenos psicológicos nas condições de vida das pessoas. Avaliação Psicológica Lato SensuStricto Sensu Stricto Sensu Geralmente ocorre em instituições universitárias através de pesquisas básicas ou aplicadas com o objetivo de realizar uma investigação psicológico para produzir conhecimentos sobre fenômenos ou construtos e aperfeiçoar métodos e instrumentos psicológicos. Seu principal produto técnico-científico é uma comunicação científica publicada em periódico, anais ou livro. As demandas que originam esses processos de avaliação psicológica surgem da curiosidade científica ou de necessidades práticas de produzir conhecimentos ou gerar novos recursos para os psicólogos. Lato Sensu Ocorre no âmbito da intervenção profissional e é definida como um conjunto de procedimentos planejados orientados por demanda oriunda da sociedade (indivíduos, grupos, instituições), conforme a atividade profissional do psicólogo (neuropsicólogo, psicólogo do trabalho, trânsito, etc.) que tem como objetivo examinar características psicológicas relevantes por meio de técnicas e instrumentos psicológicos a fim de produzir um diagnóstico. Seu principal produto técnico-científico é um informe psicológico, ou seja, um documento escrito que tem por finalidade comunicar os resultados e conclusões da avaliação psicológica realizada, como, por exemplo, um Laudo ou Relatório. As demandas que originam essas avaliações ocorrem, geralmente, a partir de empresas, instituições, escolas e outros profissionais, tais como Médicos psiquiatras, neurologistas e outros colegas Psicólogos. Há demandas e procedimentos específicos para cada avaliação psicológica. Desta forma, podemos conceituar a avaliação psicológica Lato Sensu com base no uso de alguns termos a ela associados: • Exame psicológico; • Exame psicotécnico; • Psicodiagnóstico; • Diagnóstico Psicológico; • Perícia Psicológica. Lato Sensu Define pontualmente um procedimento para verificar as condições psicológicas das pessoas por meio de instrumentos psicológicos. Intenção de verificar determinadas características psicológicas para uma demanda já especificada (perfil), com data, local e horário previamente marcados. Exemplo: Procedimentos de seleção de profissionais nas empresas e exames periódicos em saúde ocupacional. Utilizado, historicamente, para designar a atividade de avaliação realizada pelos psicólogos que atuam no sistema de trânsito, com o objetivo de verificar as condições psicológicas mínimas para dirigir, ou seja, para obter a CNH. Esses exames são chamados de Psicotécnicos pois essa era o nome dado aos profissionais que realizavam exames psicológicos para o sistema de trânsito (legalmente, desde 1950). Também por uso histórico, esse termo é utilizado em concursos públicos, especialmente na área de segurança pública. Psicodiagnóstico é um termo utilizado para designar avaliações psicológicas realizadas em contexto clínico (consultórios, serviços de atenção psicológica, etc.). Normalmente há início e fim previstos a curto e médio prazo, e tem como objetivo realizar um diagnóstico psicológico em face de hipóteses clínicas de morbidez ou sofrimento psíquico. Também pode ser utilizado para iniciar ou encaminhar processos psicoterapêuticos. Muitas vezes utilizado como sinônimo do Psicodiagnóstico, embora este último o inclua. O Diagnóstico Psicológico é o resultado de um processo de avaliação psicológica que tem por finalidade extrair um juízo crítico por parte do psicólogo das condições psicológicas das pessoas sob avaliação. A partir dele, pode-se inferir um prognóstico. Não é exclusivo do Psicodiagnóstico pois também pode ser obtido através da Perícia Psicológica, por meio dos laudos psicológicos. É uma modalidade de avaliação cujas características principais são o fato de ser demandada judicialmente e de necessariamente fornecer um laudo psicológico. Exige um juízo crítico por parte de psicólogos que atuam como peritos. Tem como objetivo fornecer subsídios (provas técnicas) que contribuam na decisão judicial a partir de solicitações do judiciário. CRITÉRIOS CIENTÍFICOS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Henrique Freire A avaliação psicológica, do ponto de vista da produção do conhecimento, pode ser representada como a resultante de três critérios científicos, que se articulam conceitualmente de forma interdependentes. (ALCHIERI; CRUZ, 2012) A Medida O Instrumento O Processo de Avaliação Cada um deles representa, teórica e metodologicamente, os aspectos constituintes da avaliação psicológica, que os diferenciam de outras perspectivas de investigação de fenômenos psicológicos, assim como outras modalidades de intervenção do psicólogo no âmbito clínico. A Medida Avaliar um fenômeno é comparar suas características com a de outro objeto de conhecimento, e, comotal, a mensuração (ou medida) é o meio de representação dessa comparação. Um mesmo objeto pode ser medido sob vários aspectos. Exemplo: Uma garrafa d’água. Você pode medir, por exemplo, a sua altura, peso, e quanto líquido ela pode comportar. Cada um desses aspectos (comprimento, massa, volume) indica uma grandeza física diferente. Mas não é apenas isso que nos interessa... A Medida Quando verificamos, num exame laboratorial, a quantidade de leucócitos de uma pessoa, comparando-a com valores de referência de outras pessoas, presume-se que esses valores de referências só existem porque foi definida uma medida padrão para a ocorrência de casos dessa natureza, segundo algumas características de pessoas possíveis de serem comparadas. Deste modo, medir é comparar uma grandeza com uma outra, de mesma natureza, tomando-a como padrão. Psicometria é a subárea da psicologia que se encarrega de construir modelos teóricos sobre fenômenos psicológicos com base na possibilidade de comparação entre esses atributos ou propriedades com outras possíveis. A Medida As medidas psicológicas são consideradas formas de acesso indireto aos fenômenos psicológicos, por meio de seus atributos e variações. Por exemplo: Medir ansiedade é, antes de tudo, identificar o que define ansiedade, quais são os elementos constituintes (atributos) que a difere de outros fenômenos fisiológicos e psicológicos. O que se mede portanto, são variações desses atributos, com base em um nível de mensuração (escala) previamente definido. (ALCHIERI; CRUZ, 2012, p.36) A ciência utiliza as medidas para representar, em linguagem matemática, características de seus modelos teóricos ou da validade das observações. A Medida AXIOMAS DA MEDIDA: 1 – Axioma da Identidade; 2 – Axioma da Ordem; 3 – Axioma da Aditividade. Um axioma é uma premissa considerada evidente e verdadeira, mesmo que não seja passível de provas. A Medida Axioma da Identidade Uma coisa é igual a si e somente a si; ela se diferencia das demais: •se a = a, então b ≠ a. Os números ou são idênticos ou são ≠; •se a = b então b = a; •se a = b e c = b então a = c: duas coisas iguais a uma terceira são idênticas entre si. Na natureza, um fenômeno pode ser parecido com outro, mas é idêntico apenas a ele mesmo. Axioma da Identidade A Medida Axioma da Ordem As diferenças entre os números (ou coisas) são quantitativas, há uma noção de grandeza e magnitude. Podem ser organizados numa sequência invariável numa escala linear e crescente, exemplo: 1 < 2 < 3. Dessa forma, determinadas observações ou fenômenos podem ser aferidos seguindo certa ordem: Mínimo ou Máximo Baixo ou alto Pouco Frequente ou Muito frequente Podem ser usados com aspectos qualitativos (Nível social, nível salarial, etc.) e quantitativos (Desempenho de alunos num teste de 30 itens). A Medida Axioma da Aditividade Os números podem ser somados e produzem um terceiro valor exato que é justamente a soma das grandezas dos dois ou mais números anteriores somados. Na medida psicológica, esse axioma possibilita a definição de escalas de mensuração intervalares, ou seja, poder aferir propriedades de fenômenos psicológicos em termos da sua frequência ou intensidade. Por exemplo: Podemos afirmar que um aluno que acertou 30 questões, acertou e foi melhor em um grau de 2x do que o aluno que acertou 15 questões. A Medida Quanto mais axiomas forem representados no processo da medida, mais úteis se tornam para a representação e a descrição da realidade empírica. O Instrumento Instrumento é o nome dado a qualquer artefato que tem a função de estender a ação humana ao meio. No âmbito da pesquisa, os instrumentos são meios de observação, com a finalidade de maximizar e tornar mais eficaz a obtenção de dados sobre o que se quer conhecer. Já na avaliação psicológica, os instrumentos são recursos materiais de coleta de dados sobre o que se quer avaliar. Historicamente, os instrumentos utilizados pelos psicólogos são os testes psicológicos. O Instrumento Os Testes psicológicos visam avaliar e quantificar comportamentos observáveis através de técnicas e metodologias específicas, embasadas cientificamente em construtos teóricos que norteiam a análise de seus resultados. Para que esses instrumentos ou testes possam ser utilizados devem ter a qualidade de sua ação verificada através de procedimentos metodológicos, que assegurem sua eficácia e eficiência. São quatro as condições necessárias para garantir sua qualidade e possibilidade de uso seguro: • A Elaboração e análise dos itens. • Estudos de Validade • Estudos de Precisão • Padronização e Normatização O Instrumento Na Elaboração dos itens é importante poder representar todas as possíveis variações que o atributo médio possa assumir, para poder contemplar a diversidade das respostas. Na Análise dos itens, a compreensão de leitura e resposta do item, sua capacidade de avaliar um determinado atributo, a eficácia da avaliação das questões e a capacidade dos itens em abarcarem todas as possíveis manifestações comportamentais do fenômeno em questão, são investigadas. Exemplo: Escalas de Ansiedade e Depressão de Beck A validade de um teste é seu poder de avaliar um comportamento de modo a garantir que realmente se possa medir aquilo que se propõe. Esta etapa tem dois grandes momentos: a validade lógica e empírica. A validade lógica diz respeito ao estudo e construção teórica do instrumento, a empírica diz respeito à avaliação das respostas dos sujeitos. - Conceito do fenômeno psicológico; - As diversas manifestações comportamentais que ele pode expressar; - Equivalência de sua medida com outras formas similares de avaliação; - Possibilidade desta mensuração ter um caráter preditivo na avaliação da confuta das pessoas. O Instrumento O Instrumento A Precisão tem como objetivo verificar a consistência das respostas obtidas pelos sujeitos no teste. Serve como uma calibração do instrumento, ajustá-lo especificamente à forma da avaliação. É procurar saber o quão bem esse instrumento mede aquele fenômeno psicológico através de análises estatísticas e comparações com testes similares. O Instrumento A Padronização e Normatização de um teste diz respeito, consequentemente, ao estabelecimento de normas para a aplicação e correção do teste. É necessário contemplar algumas normas: A primeira norma diz respeito a constituição do teste: Como ele deve ser apresentado; qual o tipo de papel a ser usado; qual a disposição dos itens; etc. A segunda norma se refere à forma de aplicação do teste: Para que idade ele é indicado; se é passível de ser aplicado de forma grupal ou individual; etc. A terceira norma contempla à forma de interpretar a classificação dos resultados obtidos pelos respondentes: Escores padronizados, percentis, etc. ATENÇÃO! Padronização e Normatização são semelhantes e muitas vezes tidos como sinônimos, mas não são a mesma coisa. A Padronização está ligada à aplicação do teste, já a Normatização está ligada à correção do mesmo. Vocês terão uma aula especial apenas sobre isso! O Processo de Avaliação Podemos caracterizar o processo de avaliação em três dimensões: Dimensão Observacional Foco no registro e categorização do comportamento Dimensão Inquiridora Foco na interação Verbal e não verbal Dimensão Representativa Foco na ação representada Observação do comportamento infantil na atividade lúdica Utilização de instrumentos validados e padronizados com a intenção de expressar a atividade psicológica antes mesmo de sua aparição. Verificar processo subjetivo através de questionários e entrevistas O Processo de Avaliação Demanda Instrução Método Diagnóstico Comunicação de resultados Prognóstico Aplicada (Fins da avaliação psicológica, o que se quer investigar). Especificação da demanda, esclarecimentos sobre o problema, compreensão teórica. Definição dos procedimentos de investigação, uso de técnicase instrumentos para investigar o que se deseja. Formulação de Hipótese diagnóstica, indicação clínica, evidências. Futuro Provável do curso dos acontecimentos. • Atestados • Pareceres • Laudos • Relatórios Referências ALCHIERI, J. C.; Cruz, R. M. Avaliação psicológica: conceito, métodos e instrumentos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. AMBIEL, R. A. M. et al. Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. Para a próxima aula: PASQUALI, Luiz (Org.) Técnicas de exame psicológico – TEP. 2 ed. São Paulo: Casa do Psicológico, 2006. Capítulo 1.
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