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Fluidoterapia

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Ana Carolina Santana – Clínica de pequenos animais I 
 
FLUIDOTERAPIA 
 Uso de líquidos (via IV, SC, intraperitoneal) para 
suprir um déficit; 
 É considerada medicação, tem dose certa e deve ser 
calculada, e avaliada a resposta do paciente; 
 São efeitos adversos potenciais de abordagens muito 
simplificadas para a fluidoterapia a desidratação 
persistente, a sobrecarga de líquidos, a hipoperfusão, 
o desequilíbrio acidobásico e os distúrbios 
eletrolíticos. Todos esses fatores têm efeitos 
profundos sobre a morbidade nos pacientes. (James 
et al., 2016, O Gato). 
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA CORPORAL 
 Os fluídos estão distribuídos em LIC (intracelular – 
40%) e LEC (extracelular – 20%); 
 
 Distribuído no interstício (15%) e intravascular (5%). 
 
 Quando falamos que o paciente está desidratado, é 
porque perdeu líquido do interstício. Se perdeu 
líquido intravascular é hipovolemia (por hemorragia 
ou desidratação muito severa – acima de 12%). 
SOLUTOS NO CORPO 
 A proporção de líquidos impacta nos solutos; 
 O principal soluto no meio extracelular é o sódio, e no 
intracelular é o potássio. Mudanças na osmolaridade 
impactam no movimento dos líquidos de um espaço 
para o outro. 
 
 
 
 
COMO O ORGANISMO CONTROLA A ÁGUA? 
 Osmolaridade do fluido extracelular e concentração 
sérica de sódio são percebidos pelo hipotálamo e 
rins, que regulam o equilíbrio hídrico; 
 Os parâmetros monitorados são osmolaridade, 
volemia e pressão arterial. 
 O ADH é estimulado por baixa pressão arterial e 
alta osmolaridade do plasma. Uma vez liberado, 
faz com que a permeabilidade do túbulo contorcido distal 
aumente, reabsorvendo mais água e consequentemente 
diminuindo a quantidade de urina – formando uma urina 
mais concentrada. 
BALANÇO HIDROELETROLÍTICO 
 De maneira geral, refere-se ao quanto entra e ao 
quanto sai de água no organismo; 
 Reposição: água ingerida, água metabólica e 
alimento; 
 
Desordens: anorexia, hipodipsia/adipsia, jejum pré-
anestésico. 
 Perdas: gastrointestinal (fecal), urinária e respiratória 
(ofegação em cães). 
 
Desordens: vômito e diarreia, poliúria, hemorragias e 
trauma tecidual. 
AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DESIDRATAÇÃO 
 Turgor cutâneo; 
 Umidade das mucosas; 
 Profundidade do globo ocular; 
 TPC não avalia diretamente a hidratação, mas sofrerá 
alteração em um paciente desidratado (acima de 10% 
- muito grave); 
 Paciente que está sem alimentação consideramos 
que tem 4% de desidratação; 
 Preciso pesar o paciente antes e depois da 
fluidoterapia (se ganhou peso, preciso parar a fluido). 
 
Ana Carolina Santana – Clínica de pequenos animais I 
 
 
 
OBJETIVOS DA FLUIDOTERAPIA 
 Melhorar a entrega de oxigênio (DO2) = reanimação 
volêmica; 
 Reposição hídrica (reidratação); 
 Manutenção; 
 Reposição de eletrólitos; 
 Ajustar o equilíbrio ácido básico. 
 
TIPOS DE DESIDRATAÇÃO 
 DESIDRATAÇÃO HIPERTÔNICA: paciente perdeu 
mais água que eletrólito, ou seja, perda de água pura. 
A tonicidade do sódio fica mais elevada, aumentando 
a osmolaridade do LEC – líquido tende a desviar do 
LIC para o LEC. Não é frequente, mas acontece com 
diabetes insipidus, atividade física excessiva, restrição 
de água e intermação (temperatura corporal 
elevada). É corrigida com fluidos hipotônicos (glicose 
5%); 
 DESIDRATAÇÃO ISOTÔNICA: perda de água e 
eletrólitos, sem alterações no LIC. É a principal 
desidratação da rotina, pacientes com perdas 
gastrintestinais, renais e translocação de fluidos para 
o terceiro espaço (efusão). É tratada com fluidos 
isotônicos (solução salina 0,9%, solução 
glicofisiológica); 
 DESIDRATAÇÃO HIPOTÔNICA: paciente perde 
mais soluto que solvente, é bastante incomum. A 
perda de sódio causa hiponatremia. Pacientes com 
hipoadrenocorticismo. Trata com fluidos isotônicos 
(preferência solução salina 0,9%). 
ANTES DE INIC IAR A FLUIDOTERAPIA... 
1. O paciente está em choque e requer administração 
imediata de fluido? 
 Choque = fluxo sanguíneo insuficiente; 
 Hipóxia + hipoperfusão = menor fluxo de 
oxigênio e nutrientes. 
2. O paciente está desidratado? 
 Desidratação = perda de fluido intersticial; 
 Hipovolemia = perda de fluido intravascular. 
 
3. Que tipo de fluido devemos usar? 
4. Por qual via deve ser administrado? 
5. Quanto de líquido infundir? 
6. Qual a velocidade de infusão? 
7. E nos demais dias de internação? 
8. Quando suspender a fluidoterapia? 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Carolina Santana – Clínica de pequenos animais I 
 
TIPOS DE FLUIDO 
 CRISTALOIDES: substâncias a base de água, com 
moléculas de baixo peso molecular. 
 Redistribuem-se com facilidade, por isso deve 
ser administrada por infusão contínua, para 
manter o fluido entrando no interstício; 
 De 20 a 45min já passou do vaso para o 
interstício, e do interstício para células; 
 São divididos em hipotônicos (glicose 5%), 
isotônicos (solução salina 0,9% e ringer lactato) 
e hipertônico (solução salina 7,5%). 
 COLOIDES: são soluções com alto peso molecular, 
impactando na pressão oncótica. Se mantém por 
mais tempo intravascular, e são indicadas no caso de 
hipovolemia. Permeabilidade restrita ao plasma. 
 Existem coloides sintéticos e coloides naturais 
(sangue e seus componentes). 
 
GLICOSE 5% 
 Equivalente a administrar água destilada, não possui 
eletrólitos; 
 Solução hipotônica (menor osmolaridade que o LEC 
por ter menos sódio); 
 Facilidade de crescimento bacteriano; 
 Não é utilizada para suprir necessidade calórica! 
 Indicada para desidratações hipertônicas, por 
exemplo em pacientes com retenção de sódio 
(insuficiência cardíaca crônica). 
RINGER LACTATO 
 Contém sódio, potássio, cloro e cálcio, sendo a 
solução mais próxima do fisiológico; 
 Solução isotônica (mesma osmolaridade do LEC, 
mesmas concentrações de sódio); 
 Não administrar com hemocomponentes, pois o 
cálcio pode formar coágulos; 
 É o fluido de eleição na maioria dos pacientes, 
utilizado em desidratações isotônicas. 
SOLUÇÃO FISIOLÓGICA 0,9% 
 Contém sódio, cloro e água, porém não é balanceada; 
 Solução isotônica (mesma osmolaridade do LEC); 
 Confere risco de acidose hiperclorêmica metabólica, 
por ter muito cloro o organismo “guarda” mais íons 
de hidrogênio. Isso tende a acontecer com infusões 
muito rápidas de grande volume, ou seja, essa 
solução nunca vai ser usada em prova de carga; 
 Indicado para desidratações isotônicas, por exemplo 
em insuficiência renal oligúrica e anúrica e 
hipercalcemia. 
SOLUÇÃO FISIOLÓGICA 7,5% 
 Contém 1/3 de NaCl + 2/3 de NaCl 0,9% 
 Solução hipertônica (osmolaridade maior que o LEC, 
com maiores concentrações de sódio); 
 Usada para reanimação, por fazer expansão do 
volume vascular; 
 Tem rápida distribuição (associar coloide), com 
efeitos de 15-60 min; 
 Não usar na desidratação! 
 Indicado em trauma cranioencefálico, hipovolemia e 
choque. 
COLOIDES 
 Alto peso molecular, são retidos no espaço 
intravascular quando infundidos na circulação 
sanguínea, assim mantendo a volemia; 
 Sintéticos: dextranos, polímeros de gelatina, amido 
de hidroxietila; 
 Indicados para redução da pressão oncótica (PPT < 
3,5g/dL e albumina <1,5g/dL) e choque hipovolêmico 
(hemorragia); 
 É contraindicado em pacientes com doença renal e 
coagulopatias. 
ADITIVOS 
 CLORETO DE POTÁSSIO: repor de acordo com a 
hipocalcemia e nunca exceder 0,5 mEq/kg/h; 
 DEXTROSE 50%: hipoglicemia (glicose < 60 mg/dL), 
0,5 a 1ml/kg, IV em bolus 1:3; 
 BICARBONATO DE SÓDIO: acidose metabólica 
grave; 
 GLUCONATO DE CÁLCIO: hipocalcemia; 
 VITAMINAS H IDROSSOLÚVEIS. 
 
 
 
 
Ana Carolina Santana – Clínica de pequenos animais I 
 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
 INTRAVENOSA: preferida, rápida e segura; 
 INTRAÓSSEA: pacientes pediátricos; 
 SUBCUTÂNEA: 10ml/kg (50-200ml/sítio), não 
adequada para choque ou desidratação grave, 
administrarsoluções isotônicas; 
 PERITONEAL: raramente utilizada, administrar 
soluções isotônicas aquecidas. 
 
 
 
 
 
QUANTO ADMINISTRAR? 
 REPOSIÇÃO: peso (kg) x % desidratação x 10; 
 MANUTENÇÃO/DIA: cão 50 ml/kg, gato 40ml/kg; 
 PERDAS/DIA: vômito 40ml/kg, diarreia 50ml/kg, 
vômito + diarreia 60ml/kg. 
VELOCIDADE DE ADMINISTRAÇÃO 
 Calcular volume total e checar vazão do cateter; 
 Não ultrapassar dose de choque (cães 90ml/kg/h e 
felinos 55ml/kg/h); 
 Calcular volume para 24 horas; 
 Pesagem diária (não pode ganhar +10% de P.V); 
 Exame clínico a cada 12 horas; 
 Controle de débito urinário. 
 
 
EXEMPLO DE CÁLCULO 
 Canino, fêmea, 7 anos, 8kg, não castrada. Histórico 
de anorexia e vômitos há 3 dias. Ao exame físico 
apresentava 7% de desidratação. Diagnóstico: 
piometrite. 
 
REPOSIÇÃO: 8kg x 7% x 10 = 560ml 
MANUTENÇÃO: 50ml x 8kg = 400ml 
PERDAS: 40ml x 8kg = 320ml 
Volume final = 1.280ml/ 24h 
QUANTAS GOTAS/MIN NO EQUIPO MICRO? 
1.280ml : 24h = 53,5 ml/h 
53,3ml : 3.600 segundos = 0,015 ml/seg 
60 gotas ____________ 1ml 
X gotas _____________ 0,015ml 
0,015 ml x 60 (equipo micro) = 0,9 gts/seg 
NA ANESTESIA 
 Avaliação do paciente 
 Necessidades metabólicas; 
 Condição física; 
 Comorbidades; 
 Duração do procedimento; 
 Tipo de procedimento. 
 Estabilização prévia: corrigir desequilíbrios 
hidroeletrolíticos; 
 Perdas na anestesia: 
 Pré-anestésica: jejum alimentar e hídrico, déficit 
relacionada a doença; 
 Trans anestésica: evaporação de água livre (2 a 
2,5mlkg para cada hora de jejum), sequestro de 
água para o terceiro espaço (trauma tecidual), 
corrigir efeitos dos fármacos hipotensores/ 
vasodilatadores, perda de volume circulante 
(hemorragias). 
TAXA E MONITORAÇÃO 
 A meta principal é a otimização da pré-carga com 
aumento de débito cardíaco e manutenção da 
perfusão de oxigênio aos tecidos; 
 Monitorar pressão arterial, produção de urina, 
frequência cardíaca e lactato. 
 
 
 
 
	Fluidoterapia
	Distribuição da água corporal
	SOlutos no corpo
	Como o organismo controla a água?
	Balanço hidroeletrolítico
	Avaliação clínica da desidratação
	Objetivos da fluidoterapia
	Tipos de desidratação
	ANtes de iniciar a fluidoterapia...
	Tipos de fluido
	Glicose 5%
	Ringer lactato
	Solução fisiológica 0,9%
	solução fisiológica 7,5%
	coloides
	Aditivos
	Vias de administração
	Quanto administrar?
	Velocidade de administração
	exemplo de cálculo
	Na anestesia
	Taxa e monitoração

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