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Fluidoterapia na rotina clínica de cães e gatos Profª M.V. Fabiana Vitale - CMPA II ❖ Corrigir desequilíbrios hidroeletrolíticos e acidobásicos ❖ Restaurar a volemia ❖ Manter homeostase ❖ Impedir mortalidade e dano a órgãos Objetivos da fluidoterapia: Hemorragias - há perda de equilíbrio hemodinâmico, acidose metabólica, queda de volume sanguíneo circulante, queda taxa de O2 tecidual, necrose e morte tecidual. Hipovolemia - resultante da perda de água circulante, diminui o retorno venoso cardíaco, perfusão periférica e redução do débito cardíaco , redução de pressão arterial (perdas gastrointestinais - vômito e diarréia, sangramento, poliúria e vasodilatação). Desidratação - condição em que há perda de água do meio intravascular e intersticial. Ex.: Diarréia, vômito, peritonite, pleurite, traumatismo grave, sudorese excessiva, obstrução gastrointestinal e poliúria. Indicações de fluidoterapia: Indicações de fluidoterapia: ❖ Diminuição elasticidade da pele (turgor de pele) ❖ Mucosas ressecadas e sem brilho ❖ Mucosas hipocoradas ❖ Enoftalmia (olhos mais fundos nas órbitas) ❖ Perda de peso corporal Sinais clínicos de desidratação: Porcentagem de desidratação: Desidratação Achados ao exame físico Discreta (5%) Mínima perda turgor, olhos em posição adequada e mucosas pouco ressecadas. Moderada (8%) Perda moderada de turgor, mucosas secas ou sem brilho, enoftalmia, pulso rápido e fraco. Intensa ou grave (≥ 10%) Considerável perda de turgor, taquicardia, enoftalmia acentuada, mucosas muito secas, hipotensão, alteração nível consciência, pulso filiforme e fraco. Critérios para estabelecer fluidoterapia: ❖ Protocolo individualizado e adaptado a cada paciente ❖ É necessário reavaliar constantemente o paciente e reformular o protocolo de fluidoterapia de acordo com o status do paciente Volume Taxa de infusão x tipo de fluido a ser infundido Via de administração dos fluidos ❖ Condições agudas X doenças crônicas ❖ Patologia do paciente (equilíbrio ácido-base, pressão oncótica, anormalidades eletrolíticas) ❖ Doenças concomitantes (comorbidades) Critérios para estabelecer fluidoterapia: Parâmetros para estabelecer fluidoterapia: Laboratoriais Clínicos Valor de creatinina sérica TPC Densidade urinária Turgor de pele Dosagem de lactato Perdas sensíveis ou insensíveis de líquido Proteína total (aumentada pode indicar desidratação) Débito urinário Ht (aumentado pode indicar desidratação) Estado mental Dosagem de gases sanguíneos (Co2/ O2) Sons pulmonares - crepitação Eletrólitos Frequência cardíaca e respiratória Pulso / PAS Desidratação - onde se objetiva que os líquidos corpóreos se desloquem para dentro dos vasos sanguíneos com taxas de infusão maiores. Pacientes de risco, em choque, que necessitam repor volume de fluidos. Manutenção - quantidade de líquido para manter homeostase, indicada para pacientes que não tem ingestão hídrica e não apresentam hipotensão ou perdas contínuas como sangramentos, poliúria, líquidos inflamatórios ou linfático. Taxas de Infusão de Fluidoterapia: 3 tipos de fluidos: Isotônico balanceado (Ex.: um cristalóide como a solução de Ringer com lactato) Solução hipotônica (Ex.: um cristalóide, tal como 5% de dextrose em água) Sintético colóide ou hipertônico (Ex.: um hidroxietilamido tal como hetastarch ou tetrastarch). Tipos de fluidoterapia: Tipos de fluidoterapia: ❖ Solutos com eletrólitos, capazes de difundir em todos os compartimentos ❖ Alta concentração de citocinas pró-inflamatórias ❖ Risco de acidemia hiperclorêmica (excesso de cloreto) ❖ NaCL 0,9 % maior exemplo (“solução fisiológica”) ❖ Ringer Lactato, Ringer Simples Cristalóides: ❖ Características semelhantes ao ringer lactato, porém não contém lactato, é utilizada para reposição ❖ Contém mais cloreto e mais cálcio que outras soluções, tornando-a levemente acidificantes (pH 5,5) ❖ É uma solução de emprego ideal nas alcaloses metabólicas. É uma solução cristalóide, isotônica. Ringer Simples: ❖ É uma solução isotônica, cristalóide, com composição semelhante ao LEC, pH 6,5, utilizada para reposição. Tem características alcalinizantes, uma vez que o lactato sofre biotransformação hepática em bicarbonato, sendo indicado para acidoses metabólicas ❖ Por conter cálcio é contra-indicada para pacientes hipercalcêmicos, assim como não é indicada para pacientes hepatopatas. Não deve ser administrada junto com hemoderivados, no mesmo cateter intravenoso, para evitar precipitação do cálcio com o anticoagulante. Ringer Lactato: ❖ Solução NaCl a 0,9% é uma solução cristalóide, isotônica, utilizada para reposição, não é uma solução balanceada, pois contém apenas sódio, cloro e água ❖ É acidificadora, sendo indicada para pacientes com alcalose, hipoadrenocorticismo (por aumentar reposição de sódio), insuficiência renal oligúrica ou anúrica (pois evita retenção de potássio) e hipercalcemia (pois não contém cálcio). Solução Fisiológica: ❖ Solução de glicose a 5% em NaCl a 0,9% também é chamada de solução glicofisiológica, solução cristalóide utilizada para reposição ❖ Possui composição semelhante à solução de NaCl a 0,9% ❖ Apresenta, porém maior osmolaridade e pH 4,0. Solução Glicofisiológica: ❖ Substitutos do plasma para corrigir hipovolemia e aumentar a pressão oncótica otimizando o volume intravascular ❖ Maior osmolaridade ❖ Ex.: HES (polímero de glicose sintético semelhante ao glicogênio) ❖ Reposição de volume intravascular, quando se desejam manter a perfusão tecidual em pacientes em quadro de sepse, traumatismo, estresse cirúrgico, hemorragia, queimaduras, hipovolemia e choque ❖ Pacientes que possuem PPT menor que 3,5 g/dL, e 8 albumina menor que 1,5g/dL. Colóides: ❖ São contra-indicados em pacientes com falência renal, pois a metabolização e excreção da solução se dão por via renal, em pacientes com coagulopatias, pois podem causar hemorragia e estas soluções são acidificantes ❖ Colóides sintéticos disponíveis no mercado são derivados de dextranos (Dextran 40 e 70), polímeros de gelatina (Haemacel e Polisocel), amido de hidroxietila (Hetastarch) ou fluídos carreadores de oxigênio à base de hemoglobina (Oxyglobin®, Biopure Corporation, Cambridge, MA). Colóides: Vias de administração de fluidoterapia: Via oral (VO) Perdas leves e paciente sem vômito Via subcutânea (SC) Desidratação leve, ambulatorial. Somente cristalóides. Não usar iso ou hipertônicas. Nao usar dextrose por esta via. Via endovenosa (IV) Desidratação moderada a grave por choque, hipertermia ou hipotensão, êmese profusa, cuidados críticos Via intraóssea (IO) Mesmas indicações IV, usado quanto IV não está patente (risco de infecção maior) Intraperitoneal (IP) Neonatos de difícil acesso venoso Vias de administração de fluidoterapia: VO SC Vias de administração de fluidoterapia: IV IO Vias de administração de fluidoterapia: Fonte: College of Veterinary Medicine, Washington State University, 2008. Tubo nasofaríngeo (administração VO de fluidos) Intravenosa: veias safena, cefálica ou jugular. É necessária técnica de assepsia e realização de tricotomia local Subcutânea: região dorsal. Absorção mais lenta de fluidos. Soluções isotônicas de Ringer lactato e solução salina a 0,9% são os fluídos de escolha para a aplicação subcutânea. Intraóssea: região da fossa trocantérica. Ampla tricotomia e antissepsia, uso de cateteres específicos ou agulhas ósseas, administração de drogas, fluidos colóides e cristalóides, sangue e hemoderivados (transfusão). Vias de administração de fluidoterapia: Vias de administração de fluidoterapia: IO ❖ Fluido de escolha - isotônicos ❖ As taxas de choque são 20–30 mL/ kg/IV em cães e 15-20 mL/kg/IV em gatos ❖ Comece administrando rapidamente e reavaliar o paciente para a necessidade de continuar em cada, incrementando nova dose de fluido (PROVA DE CARGA) ❖ Cálculo de fluidoterapia para taxa de desidratação,manutenção, etc (aula de cálculo de fluidoterapia) Taxa de administração de fluidoterapia: ❖ Caso haja necessidade de colóides: a dose do cão é até 20 mL/kg/ 24 h (dividir em 5 mL/kg de bolus e reavaliar) ❖ Para o gato, o intervalo de dose é de 10 a 20 ml/kg/24 h (fazer em bolus de 2,5–3 mL/kg e reavaliar) Taxa de administração de fluidoterapia: Taxa de administração de fluidoterapia: Sistema simples Bomba de infusão ❖ Distúrbios hidroeletrolíticos ❖ Acidose ou alcalose metabólica ❖ Sepse (catéter venoso) ❖ Edema cutâneo, intestinal, pulmonar ❖ Hemodiluição Complicações na fluidoterapia: Necessidades especiais de fluidoterapia Profª M.V. Fabiana Vitale - CMPA II ❖ Soluções orais de glucose, fluidos contendo dextrose IV ou alimentos (se não for contraindicado) ❖ Para preparar uma solução de dextrose diluída de 2,5–5% dextrose, adicione solução concentrada de dextrose (geralmente 50% ou 500 mg / mL) a um eletrólito isotônico balanceado solução (por exemplo, adicionar 100 mL de dextrose a 50% a 900 mL de fluido para fazer uma solução contendo 5% de dextrose). Hipoglicemia (Glicose sérica﹥70 mg/dL): Hipoglicemia (Glicose sérica﹥70 mg/dL): ❖ Baixos níveis de potássio estão relacionados com perdas gastrointestinais por vômito ou diarréia, perdas renais por alteração da função tubular renal, deficiência de potássio na dieta, movimento de potássio do LEC para o LIC em alcalose aguda, uso exagerado de diuréticos, hiperadrenocorticismo, tratamento inadequado de insulina em diabéticos ❖ Adicionar cloreto de potássio ao fluido IV, não excedendo a taxa de fluidoterapia de 0,5 mmol/kg/h Hipocalemia: Gato com hipocalemia grave. Ventroflexão cervical e ausência de tonicidade em membros. Hipocalemia: ❖ Obstrução urinária, uroabdomen, lesão renal aguda, cetoacidose diabética (CAD) ou modificações em um eletrocardiograma (arritmias) ❖ Risco de vida em valores acima de 6 mmoL/dL ❖ Iniciar a fluidoterapia imediatamente junto com terapia ❖ Uso de diuréticos ❖ Uso de bicarbonato de sódio ❖ Uso de insulina NPH (5UI/Kg/h/cão e 0,5 UI/Kg/h/gato e solução de glicose 5%, sendo 2gr de glicose para cada UI de insulina). Hipercalemia: Os níveis de Potássio maiores de 8.0 mEq/L a onda P desaparece, o QRS se torna mais largo, diminui de amplitude e se fusiona com a onda T, desaparecendo o Segmento ST, formando uma onda larga sinusoidal. Risco de fibrilação. Intervenção médica necessária. Hipercalemia (quadro grave): ❖ Fêmeas de cães e gatos no final da gestação, ou no começo da lactação, sendo comum em raças pequenas e é chamado de eclâmpsia ❖ Hipoparatireiodismo devido a produção reduzida de paratormônio pelas glândulas paratireóides ❖ Sinais clínicos mais comuns são rigidez muscular, febre e tetania ❖ Tratamento empregado é a administração de sais de cálcio ou vitamina D, uso de furosemida permite perda de cálcio renal ❖ Administração de soluções ricas em sódio e livres de cálcio, por exemplo, NaCl a 0,9%, acrescidas de gluconato de cálcio a 10%. Hipocalcemia: Hipocalcemia: ❖ Maior parte de Na está no LEC e baixa conc. está no LIC (bomba Na/K) ❖ Alterações gastrointestinais, renais e endócrinas ❖ Concentração de Na menor que 135 mEq/L ❖ Solução salina hipertônica a 3% ❖ Correções de Na de forma rápida - risco de desmielinização osmótica de bainha de mielina - complicações cerebrais (edema, coma e morte). Hiponatremia: ❖ Concentrações de Na maiores que 160 mEq/L ❖ Falta de ingestão de água ou perda de água livre (diabetes insipidus) ou de líquido de baixo teor de Na ❖ Terapia - corrigir cauda de base ❖ Hipernatremia aumenta risco de edema cerebral (“head pressing”) ❖ Associada a iatrogenia na fluidoterapia ❖ Não corrigir a concentração de Na mais rápido que 0,5 mEq/Kg/h (evitar distúrbios neurológicos). Hipernatremia: Hipernatremia (“head pressing”): ❖ Insuficiência cardíaca congestiva - não consegue bombear o sangue suficiente para suprimir necessidades do organismo ❖ Esses pacientes não toleram mudanças na carga de líquidos corpóreos ❖ Retêm Na e água (SRAA) ❖ Evitar fluidos com alto teor de Na - risco de edema pulmonar ❖ Fluidos indicados Dextrose 2,5 % ou NacL 0,45% ❖ Uso de inotrópicos cardíacos para melhorar o débito cardíaco (dobutamina intravenosa e pimobendan oral). Fluidoterapia no cardiopata: Dúvidas???
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