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Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 1 DOENÇAS DA SUPRARRENAL FISIOLOGIA DA ADRENAL: O hipotálamo secreta CRH (Hormônio Liberador de Corticotropina), que atua na adeno-hipófise estimulando a secreção de ACTH O ACTH estimula o córtex da adrenal a produzir hormônios O ACTH quando é liberado possui a principal função de estimular a síntese e a secreção de cortisol O cortisol é o principal hormônio da adrenal, mas não o único ANATOMIA DA ADRENAL: A adrenal é subdivida em córtex e medula A medula se origina da ectoderma e o córtex pela mesoderma As células que originam a medula são as células cromafins, que possuem uma coloração diferente entre o córtex e a medula CÓRTEX: Zona Glomerulosa: é responsável por produzir a aldosterona O controle da secreção desse hormônio é feito pelo sistema-renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) Zona Fasciculada: responsável por produzir cortisol O controle da secreção desse hormônio é feito pelo ACTH Zona Reticulada: responsável por produzir andrógenos MEDULA: Produz catecolaminas, em especial a adrenalina, que é responsável pelo controle cardiovascular É controlada pelo sistema nervoso autônomo HORMÔNIOS: DO CÓRTEX: Aldosterona: O gatilho para liberar a aldosterona é a volemia, então sempre que está com hipovolemia o rim entende que deve reter mais água, ativando o SRAA Reabsorve sódio, em troca por potássio e hidrogênio Então quando tem um excesso desse hormônio a tendência é ficar com hipervolemia, hipernatremia, hipocalemia e alcalose metabólica Cortisol: Possui ação permissiva às catecolaminas Modulação do sistema imune Aumenta a glicose, por ser um hormônio contra-insulínico É um hormônio catabólico É liberado em situações de estresse ou jejum Andrógenos: é responsável pela pilificação feminina MEDULA: Adrenalina: responsável pelo controle do tônus vascular INSUFICIÊNCIA ADRENAL: ETIOLOGIA: Primária: Cortisol diminuído e ACTH aumentado Adenoma Doença autoimune Infecção Metástase Também chamada de síndrome de Addison Secundária\Central: Cortisol diminuído e ACTH diminuído Suspensão abrupta do corticoide (mais comum) Tumor Causa congênita Síndrome de Sheehan FISIOPATOLOGIA: A adrenal produz 4 hormônios diferentes Primária: todos os hormônios da adrenal ficam diminuídos (cortisol, aldosterona e andrógeno), pois ocorre uma destruição da glândula Secundária\Central: nessa causa ocorre uma diminuição de cortisol e ACTH, no entanto a aldosterona não se altera pois ela não é dependente do eixo hipotálamo-hipófise, ela é controlada pelo SRAA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Causa Primária\ Síndrome de Addison: Diminuição da pressão Diminuição da glicemia Dor abdominal Eosinofilia Diminuição da pilificação Hiponatremia Hipercalemia Acidose Hiperpigmentação, devido ao aumento do ACTH, quando a hipófise vai liberar o ACTH Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 2 DOENÇAS DA SUPRARRENAL ele deriva de uma molécula maior chamada prolopiomelanocortina que ao ser clivada para a liberação de ACTH, libera o MSH (hormônio estimulados de melanócitos) Secundária\ Central: Diminuição da pressão Diminuição da glicemia Dor abdominal Eosinofilia DIAGNÓSTICO: Passo 1: Dosar o cortisol pela manhã Passo 2: dosar o ACTH Se vier alto é uma doença primária Se vier normal ou baixo é uma doença secundária TRATAMENTO: Glicorticoide: para doença aguda Hidrocortisona IV, ela em doses altas assume tanto o efeito mineralocorticoide quanto o efeito glicocorticoide Glicorticoide (Prednisona) + fludrocortisona para insuficiência adrenal primária crônica Predniosa para insuficiência adrenal secundária crônica HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO: DEFINIÇÃO: Hiperprodução autônoma de aldosterona pela adrenal ETIOLOGIA: Adenoma Hiperplasia bilateral (mais comum) FISIOPATOLOGIA: Fisiologia Normal do SRAA: Em situações de hipovolemia, o organismo entende que ele precisa reter mais água Então começa a secretar renina, levando a liberação de angiotensina I, que é transformada em angiotensina II pela ECA A angiotensina II possui um efeito direto no vaso fazendo vasoconstricção e estimula a zona glomerulosa a produzir aldosterona A aldosterona irá reabsorver sódio, secretar potássio e hidrogênio Na doença ocorre um aumento de aldosterona que é produzido pelo adenoma ou pela hiperplasia, fazendo um feedback negativo na renina. Então os níveis de aldosterona estão altos e o de renina estão baixos EPIDEMIOLOGIA: Mais comum em mulheres (relação de 3:1) entre 30 – 50 anos É a principal causa endócrina de HAS secundaria CLÍNICA: HAS grave, é uma hipertensão refratária, usando múltiplos hipertensivos Gera palpitações e hipertrofia de VE Alcalose metabólica Hipocalemia: gera tetania, parestesia e fraqueza Sem edema, pois conforme ele vai acumulando líquido, vai tendo um estímulo ao peptídeo natriurético atrial, que compensa essa hipervolemia DIAGNÓSTICO: Dosa aldosterona, que deve estar alta Dosa a atividade de renina, que deve estar baixa Relação aldosterona\atividade de renina, aumentada Relação maior que 30, com um aldosterona maior ou igual a 15 LOCALIZAÇÃO: TC de adrenais é padrão ouro Cateterismo de veias adrenais, caso não seja possível identificar na TC TRATAMENTO: Adenoma e Aldosteronoma: adrenalectomia unilateral, normalmente é videolaparoscópica Hiperplasia Adrenal: espironolactona SÍNDROME DE CUSHING: DEFINIÇÃO: Aumento da produção de cortisol pela adrenal ETIOLOGIA: Primário: cortisol está aumentado e o ACTH baixo, sendo, portanto, ACTH independente Adenoma (mais comum) Hiperplasia Câncer Secundário\Central: cortisol está aumentado e o ACTH alto, sendo, portanto, ACTH dependente Doença de Cushing, é um tumor ectópico Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 3 DOENÇAS DA SUPRARRENAL CLÍNICA: Hiperglicemia Hipertensão arterial Fraqueza proximal Obesidade visceral, com acúmulo de gordura abdominal O paciente possui um abdome com concentração de gordura e os braços e pernas finos Estrias Violáceas: são maiores que 1 cm, e ocorre devido a fragilidade capilar Face de “lua cheia” Gibosidade Osteoporose Hipogonadismo Labilidade emocional Psicose Acne Hirsutismo DIAGNÓSTICO: Passo 1: excluir iatrogenia Passo 2: rastreio para hipercotisolismo Cortisol basal pós 1 mg de dexametasona, ao dar dexametasona é uma tentativa de inibir o eixo do paciente, se esse eixo for inibido a noite o paciente não consegue produzir o cortisol, então ele chegaria de manhã com o cortisol suprimido. Então se ele não está aumentado, quer dizer que tem algum tumor e ele não está sendo suprimido Cortisol livre urinário, dosar o cortisol na urina de 24 horas Cortisol salivar a meia noite, no final da noite o cortisol ele tende a 0, e é nesse momento que ele deve ser dosado. Se for dosado e veio aumentado, fala a favor de síndrome de Cushing Para confirmar o diagnóstico deve ter 2 exames desses alterados Passo 3: dosagem de ACTH Se o ACTH vier baixo é ACTH independente (primário) Se o ACTH vier alto é ACTH dependente (secundária) TRATAMENTO: Tumor ou Hiperplasia Adrenal: adrenalectomia uni\bilateral Doença de Cushing: cirurgia transesfenoidal Tumor ectópico: depende da localização FEOCROMOCITOMA: DEFINIÇÃO: Tumor das células de cromafins (células da medula adrenal, que produzem catecolaminas) FEOCROMOCITOMA X PARAGANGLIOMA: Feocromocitoma é um tumor naadrenal, que secreta adrenalina, ocorre em 90% dos casos Paraganglioma, é um tumor extra-adrenal, que só secreta noradrenalina ETIOLOGIAS: Esporádico é o mais comum (90% dos casos) Hereditário, relacionado a neoplasia endócrina múltipla do tipo 2 (NEM 2) NEM 2A: carcinoma medula de tireoide + feocromocitoma + hiperparatireoidismo primário NEM 2B: carcinoma medula de tireoide + feocromocitoma + neuromas de mucosa e hábito marfanóide CLÍNICA: Hipertensão paroxística, com sintomas de cefaleia, palpitação e sudorese Quando o paciente possui um aumento de noradrenalina, ocorre vasoconstricção e aumento da FC e DC Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 4 DOENÇAS DA SUPRARRENAL Quando o paciente possui adrenalina em baixa concentrações ela vasodilatação, aumento da FC e do DC Quando o paciente possui adrenalina em altas concentrações ela faz vasoconstricção, aumento da FC e do DC Aumento da HAS com beta-bloqueador Hipotensão postural Aumento da glicemia DIAGNÓSTICO: Passo 1: Dosagem de catecolaminas, o problema é que a secreção é intermitente Dosagem de metanefrinas Pode ser dosada no sangue, possui maior sensibilidade e é mais prática Poe ser dosada na urina de 24 horas (é o melhor exame), possui maior sensibilidade e especificidade Não deve dosar ácido vanilmandélico Passo 2: TC ou RM de adrenais Cintilografia com MIGB (metaiodobezilguanidina), para paragangliomas TRATAMENTO: Adrenalectomia laparoscópica unilateral Preparo Pré-operatório: (CAI MUITO), bloqueio calfa (Prasosin) ou betabloqueador caso a frequência esteja alta, para evitar uma crise hipertensiva
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