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Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; SANTOS, Felipe Delapria Dias dos. Tempos e Métodos Aplicados a Produção. Felipe. Delapria Dias dos Santos. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 84 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock Professor Me. Felipe Delapria Dias dos Santos ● Mestre em Engenharia Mecânica com ênfase em Materiais Poliméricos pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). ● Bacharel em Engenharia Mecânica (UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná). ● Bacharel em Administração (FAPAN - Faculdade de Paraíso do norte). ● Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (UCAM - Universidade Cân- dido Mendes). ● Especialista em Processos da Qualidade (UniFCV - Faculdade Cidade Verde). ● Professor Conteudista UniFatecie. ● Engenheiro Mecânico - MEF. Ampla experiência na área metalúrgica, com experiência em desenhos e projetos mecâ- nicos 2D e 3D via ferramentas de modelagem e simulação (SolidWorks). Experiência com produção, supervisionamento e acompanhamento de processos e rotinas de empresas. AUTOR Muito obrigado e bom estudo! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Querido(a) aluno(a), esperamos que você aproveite o máximo possível o conteúdo desta disciplina. Queremos contribuir ao máximo com sua formação profissional e pessoal, especialmente na disciplina de Tempos e Métodos Aplicados à Produção, em que iremos falar da rotina de tempo e qualidade que uma empresa precisa ter para se manter firme no mercado. Na unidade I começaremos a conversar sobre tempos e métodos aplicados à produção. Será apresentado o surgimento e um breve histórico do assunto. Em seguida, falaremos sobre projetos de métodos e seus objetivos, além de abordamos assuntos relacionados à análise e melhoria de trabalho e análise e melhoria de um posto de trabalho, que irá servir de introdução para novos conceitos e ferramentas de qualidades que serão apresentados nas próximas unidades. Já na segunda unidade iremos ampliar nossa visão a respeito de qualidade. Será discutido o que é qualidade, de onde surgiu e por que ela é tão importante assim. Além disso, serão apresentadas diversas ferramentas de qualidade, como o brainstorming, 5W1H, MAP, MASP, Programa 5S, Programa Seis Sigmas entre outros. Na terceira unidade, voltaremos a falar um pouco mais de tempo, iremos estudar como se dá o cálculo de tolerância e do número ideal de ciclos para uma cronometragem, por exemplo. Estudaremos ferramentas de medição que irão facilitar a vida na indústria e veremos o porquê delas serem tão importantes assim. Por fim, na última unidade o foco será em pessoas. Começaremos discutindo o Toyotismo, que é uma filosofia japonesa que surgiu com a necessidade de tornar seus funcionários mais eficientes. Depois, introduziremos conceitos de funcionários polivalentes, divisão do trabalho, gestão participativa entre outros. Falaremos também como aplicar esses conceitos na empresa, aumentando a produtividade dos colaboradores e os deixando mais motivados. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional e que esse curso seja aproveitado da melhor forma possível! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção UNIDADE II ................................................................................................... 26 Ferramentas Utilizadas na Produção Lean UNIDADE III .................................................................................................. 44 Medida do Trabalho UNIDADE IV .................................................................................................. 61 Organização do Trabalho 6 Plano de Estudo: • Introdução e histórico aos tempos e métodos aplicados; • Conceitos de projeto de Métodos e seus objetivos; • Linguagem especial e simbologia utilizada na descrição dos Métodos de Trabalho; • Definição de ferramentas para registro e análise do processo; • Tipos de análise e melhorias do processo; • Gráfico do fluxo do processo e fluxograma; • Análise e melhoria do Método de Trabalho e Análise e melhoria de um posto de trabalho. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar o assunto de tempos e métodos aplicados na indústria, com uma abordagem mais exemplificada; • Compreender os tipos de métodos existentes e seus objetivos; • Estabelecer a importância da simbologia de um fluxograma, bem como seu entendimento; • Definir ferramentas para registro e análise de processo; • Promover o conhecimento a respeito do fluxograma; • Analisar assuntos relacionados à melhoria do método de trabalho e da melhoria de um posto de trabalho. UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção Professor Mestre Felipe Delapria Dias dos Santos 7UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção INTRODUÇÃO Nesta primeira unidade serão apresentadas e contextualizadas a história e a evolução aos tempos e métodos aplicados. Serão apresentados conceitos fundamentais para o bom entendimento do curso, conceitos dos quais serão complementados nas apostilas seguintes. Além disso, esta unidade tratará de assuntos como projetos de métodos, linguagem especial e simbologia utilizada em métodos de trabalho; serão apresentadas e definidas ferramentas para registro e análise de processos, serão introduzidos os tipos de análise e como é feita a melhoria de um processo, Para concluir esta apostila, finalizaremos com gráficos do fluxo de processo, os chamados fluxogramas e com a análise de melhoria do método de trabalho, juntamente com a melhoria de um posto de trabalho. 8UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção 1 INTRODUÇÃO E HISTÓRICO AOS TEMPOS E MÉTODOS APLICADOS A pesquisa de Barnes (1977) nos mostra que o estudo de tempos e métodos aplicados começou, de fato, em 1881, em uma indústria de bombas hidráulicas, chamada Midvale Steel Company, com Frederick W. Taylor e Frank B. Gilbreth. Segundo Maynard (1970), Taylor foi o principal introdutor do tempo e métodos aplicados. O autor informa que Taylor escreveu no fim do século passado, que é necessário subdividir uma operação em elementos para estabelecer um tempo padrão. Desta forma, é necessário descrever essas subdivisões, medi-las, cronometrar e adicionar uma margem de erro. A subdivisão de uma tarefa deu a possibilidade de eliminar movimentos desnecessários, tornando mais simples os movimentos requeridos, poupando força e tempo do colaborador. Felippe et al. (2012) afirmam que Taylor foi a primeira pessoa a usar o cronômetro para estudar o trabalho e que, devido a isso, ele é conhecido como o “pai do estudo do tempo”. O estudo de tempos e métodos tem como definição um estudo de sistema que possui as seguintes fases: entrada – transformação e saída. Possuir indicadores, para Takashina (1999), é fundamental para um bom planejamentoe controle de processo. Neste âmbito, a cronoanálise é um alicerce que auxilia no controle das muitas etapas que um processo produtivo possa vir a ter, uma vez que fornece o parâmetro inicial (tempo padrão para a análise), além de indicadores tanto de qualidade quanto de produtividade. Toledo (2004) escreve que a cronoanálise possui sua 9UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção origem da pesquisa de tempos e métodos, diz ainda que a crono análise define parâmetros tabulados de diversas formas, convergindo para um melhor planejamento industrial. Felippe et al. (2012), em seu artigo, constata que o estudo do tempo padrão necessita de prévias especificações do método empregado para sua execução. Além disso, as técnicas, bem como seus princípios, são universais, tendo validade para qualquer trabalho que envolva o ser humano. No entanto, dizer qual é a melhor técnica, irá caber à situação, técnicas das quais serão estudadas futuramente. 10UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção 2 PROJETO DE MÉTODOS E SEUS OBJETIVOS Projeto de métodos, de acordo com Vargas (2000), tem como definição um empreendimento com uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim. É importante que esse empreendimento seja não repetitivo. O projeto deve possuir objetivos claros e definidos. Precisa ser direcionado e que se comprometam a levar, dentro do tempo, curso e qualidade, previamente definido. O livro Um Guia de Conhecimento do Gerenciamento de Projetos, Project Management Institute (PMI, 2000), transcreve que o processo envolve planejamento, execução, acompanhamento e controle, para que as tarefas não atrapalhem uma a outra. O trabalho que é desenvolvido nas empresas é composto por serviços e/ou projetos, afirma Menezes (2001). Ainda segundo o autor, existem diferenças entre projeto e serviço. No serviço, as atividades são rotineiras e repetitivas, ao contrário do projeto que apresenta caráter temporário. A semelhança entre ambos é que são desenvolvidos por pessoas da empresa, com recursos limitados, que devem ser planejados, executados, acompanhados e controlados. O livro Project Management Institute (2000) fala que projeto é temporário e objetiva a criação de um serviço único. Menezes (2001) traz algumas dificuldades que um projeto pode apresentar. Em empresas com grandes pirâmides organizacionais, pode ser que a política envolvida, de aprovação, alocação de recurso, pessoal, material e equipamento, dificulte ou atrase a execução de um projeto. Contudo, de acordo o autor, essas dificuldades podem tornar a empresa mais forte, fazendo com ela passe a buscar melhorias internas em seus processos e aperfeiçoando sua linha de produção. 11UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção 3 LINGUAGEM ESPECIAL E SIMBOLOGIA UTILIZADA NA DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS DE TRABALHO Martins (2012) diz que o fluxograma é uma ferramenta de qualidade, que tem a função de mostrar a sequência das atividades de um determinado processo através de símbolos gráficos. Os símbolos ajudam na visualização e facilitam o entendimento do processo em questão, tornando o processo mais visual e intuitivo. Um bom fluxograma permite identificar problemas e trabalhar em soluções, além disso, permite também criar normas padrão para a execução do processo; demonstrar sequência entre as atividades; ser utilizado para a realização de análise crítica. 3.1 Símbolos do Fluxograma Segundo Martins (2012), os gráficos de fluxo utilizam símbolos para a facilitação do entendimento, há diversos símbolos com diferentes significados. Ela ressalta ainda que não é obrigatório a utilização de todos os símbolos. É importante saber utilizar e utilizá-los apenas quando houver a necessidade. Os mais importantes são os símbolos de início, fim e de tomada de decisão. A Figura 1 mostra alguns dos símbolos utilizados. 12UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção Figura 1 - Símbolos utilizados em fluxograma Fonte: adaptado de Martins (2012). 3.2 Tipos de Fluxograma Existem vários tipos de fluxograma que devem ser utilizados em diferentes situa- ções. A Figura 2 destaca alguns desses modelos: Figura 2 - Modelos de Fluxograma Fonte: adaptado de Martins (2012). 13UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção 4 FERRAMENTAS PARA REGISTRO E ANÁLISE DO PROCESSO Gaspar (2016) escreve que existem diversos métodos para a medição e para a determinação do tempo. Esses métodos estão descritos na Tabela 1. Tabela 1 - Métodos de Medição ESTIMATIVA DADOS HISTÓRICOS AMOSTRAGEM -Indicado para tarefas que raramente se realizam -Tempo obtido por esti- mativa -Pouco rigor -Não é considerado técnica de medição -Análise de dados -Registros fiáveis -Aconselhável para tarefas longas -Fundamentos estatísticos para determinar tempo padrão Fonte: adaptado Gaspar (2016). No entanto, de acordo Gaspar (2016), os mais conhecidos e utilizados são os de cronometragem, comparação e MTM. Tais técnicas requerem equipamentos que possam fornecer apoio para uma boa utilização. Entre os equipamentos pode-se citar: cronômetro, máquina de filmar, prancheta, folhas de observação. Nem sempre serão utilizados todos de uma só vez, podendo existir situações que serão utilizados outros, além dos citados. 14UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção 4.1 Medição dos Tempos pela Técnica de Cronometragem Gaspar (2016) define essa técnica como sendo a mais comum no meio dos estudos do tempo. Segundo ele, é o método de menor nível de dificuldade e implementação, capaz de se aplicar a todas as tarefas ou processos na área fabril. A cronometragem divide-se em três etapas fundamentais: I) Preparação do estudo; II) Cronometragem dos tempos; III) Análise de resultados. Segundo Gaspar (2016), primeiramente, é necessário o observador informar ao responsável do setor que há um estudo sendo desenvolvido ali. É preciso agrupar o máximo possível de informações referentes à atividade que será medida a respeito do colaborador que será utilizado como cobaia para o teste. É fundamental que haja a explicação para o colaborador do que está sendo realizado ali e que ele precisa realizar a função no tempo normal que ele faria (tentando não acelerar ou retardar seus movimentos) Para que se possa ter uma cronometragem completa dos tempos, este é composto por três etapas: 1- Medição do ciclo operatório; 2- Medição dos elementos do ciclo operatório e 3- Medição das atividades frequências. Tendo como exemplo a produção de uma peça, a medição do ciclo operatório ou ciclo de trabalho corresponde ao tempo total da produção da peça; a me- dição dos elementos do ciclo operatório corresponde a uma solda, aparafusa- mento ou colagem. É a contabilização de uma tarefa em específico dentro do ciclo de trabalho. Por fim, a medição das atividades frequenciais corresponde ao tempo de mudança de ferramenta ou aprovisionamento (GASPAR, 2016, p. 6). Por fim, na terceira fase (análise dos tempos) é feito o cálculo do tempo médio unitário. Para isso, há vários métodos que podem ser utilizados, como: método de Taylor, método do tempo Modal ou método do tempo médio (GASPAR, 2016). 15UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção 5 ANÁLISE E MELHORIAS DO PROCESSO Para que possamos definir melhoria do processo, primeiro é necessário entender e analisar o processo a ser melhorado para que se possa saber o que é preciso otimizar. Para Veyrat (2017), é fundamental conhecer a empresa como um todo, é importante ter essa visão para que se possa encontrar situações que não vão de encontro com seus objetivos e valores. Depois de conhecer amplamente a empresa, é a hora de conhecer o processo aser melhorado. Para isso, há algumas técnicas a serem aplicadas. 1 - Análise das Métricas de Desempenho Caso já sejam conhecidos, é necessário certificar-se que os KPIs (Indicadores de desempenho) estão sendo atingidos. Isso é importante para saber se o processo está atendendo às necessidades da organização, caso contrário, deverá ser dada uma atenção especial e direcionar estratégia de melhorias deste processo. 2 - Análise das interações com os clientes Se a organização possui como missão a satisfação do cliente (pelo atendimento), é importante ter em mente que a nota de satisfação do cliente será menor se: ● Houver consumição fora de padrão e fora de horários convencionais; ● Houver excesso de ligações e emails; ● Houver duplicidade de comunicação ou mais de um operador ligando/cobrando o cliente, provocando situações desagradáveis. 16UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção 3 - Gargalos Gargalos é o atraso do processo causado pelo travamento no decorrer de alguma atividade. Normalmente um gargalo é gerado pela restrição de um recurso, de um produto, de um serviço ou de uma informação. 4 - Regras do negócio Essa regra trata de procedimentos formais que são estabelecidos de forma a facilitar o trabalho do colaborador, ajudando-o a tomar decisões de forma mais rápida e assertiva. Em geral, regras de negócio são mantidas em documentação textual. 5 - Handoffs Handoff trata de um problema muito comum em empresas grandes, em que o fluxo de informação passa por muitos sistemas e/ou pessoas. Quando isso acontece, naturalmente há a perda de informação, provocando uma falha na comunicação interna da empresa. 5.1 O Que é Melhoria de Processos? Veyrat (2017) define melhoria de processo como sendo a análise do processo de como se encontra agora (chamada de fase “AS IS”), para se encontrar ineficiências e atividades que podem ser realizadas de uma forma melhor, com o objetivo de definir: metas, fluxo de trabalho, controle e integração com outros processos. É fundamental detectar se o processo é, de fato, ineficaz, por meio da análise dos KPIs e, em seguida, melhorar ao máximo as interações com o cliente; descobrir as causas de gargalos; verificar se os Handoffs são eficientes e se as regras do negócio podem ser melhoradas ou mesmo se é preciso criar novas (VEYRAT, 2017). Assim, para cada um dos cinco pontos citados, a otimização do processo deverá encontrar as suas possíveis causas raízes. A partir disso, será necessário definir estratégias para corrigir as causas. Para isso podem ser usadas algumas ferramentas de melhoria de processos tradicionais, tais como o ciclo PDCA, o diagrama de Ishikawa e a metodologia dos 5 porquês, entre muitas outras. 17UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção 6 GRÁFICO DO FLUXO DO PROCESSO (FLUXOGRAMA) Tardin (2013) define fluxograma como sendo uma ferramenta de representação gráfica do trabalho realizado em empresas. Para ele, nada mais é do que a sequência normal de qualquer trabalho na organização. Para simplificar, são utilizados símbolos que colocam em destaque a origem, o tipo de processo que sofre/sofreu e o destino da informação. Para Dantas (2007), o fluxograma nada mais é que a representação na forma de gráficos do sequenciamento lógico de um processo ou atividade. De acordo o autor, pelo fluxograma é possível identificar falhas de operação, como atividades desnecessárias, gargalos, desperdícios e oportunidades para melhorar. Na Figura 3, Tardin ilustra as cinco figuras mais utilizadas num fluxograma, elas foram introduzidas pela American Society Mechanical Engineers (ASME). 18UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção Figura 3 - Figuras utilizadas em fluxograma Fonte: Tardin (2013). O fluxograma vertical, exemplo ilustrado na Figura 4, é o tipo de fluxo mais utilizado quando se trata de estudo de processos, pois ele permite dividir um grande processo em vários outros mais simples. Suas vantagens são a rapidez de preenchimento, a clareza na apresentação e a facilidade de leitura. Figura 4 - Exemplo de fluxograma vertical Fonte: Voitto (2017). No entanto, há outros tipos de fluxogramas que serão apresentados a seguir. 19UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção 6.1 Mapofluxograma Segundo Barnes (1977), o mapofluxograma segue uma rotina fixa para representar a movimentação física de um ou mais de um item através dos postos de trabalho disponíveis em uma empresa. Logo, a aplicação deste fluxograma pode ser um pouco mais complicada, uma vez que é necessário o entendimento do processo, que exige uma série de informações. 6.2 Gráfico das Duas Mãos O gráfico das duas mãos, segundo Tardin (2013), é também conhecido como gráfico de SIMO. Este tipo de fluxograma apresenta uma operação com detalhe, que foca nos movimentos do operador. Para o autor, esse gráfico só deve ser aplicado quando o trabalho é manual, com grande número de repetições. Nesse estudo, além de apresentar um diagnóstico de operações, permite reduzir ou até mesmo eliminar movimentação que não agrega valor. Aqui, os movimentos que são realizados pelas mãos direita e esquerda são descritos separadamente e acompanhados por símbolos, conhecidos como Therblig. 20UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção 7 ANÁLISE E MELHORIA DO MÉTODO DE TRABALHO E ANÁLISE DE MELHORIA DE UM POSTO DE TRABALHO 7.1 Análise e Melhoria do Método de Trabalho A evolução do homem é um processo contínuo de transformação. Desde quando se percebeu a necessidade de organização, o homem procurou evoluir mediante a melhoria dos métodos de trabalho, ou seja, mudanças planejadas. Nas cavernas, para sobreviver, adotou novos métodos para moradia e caça, trabalho em equipe, criando armas com madeira e pedras (ALMEIDA, 2015). Ainda segundo o autor, historiadores citam o rei da Babilônia, Hamurabi (1728-1686 a. C.), como exemplo de planejador, rei que realizou mudanças e melhorias no controle de produção, elaborando métodos para cálculo da carga de trabalho e melhor aproveitamento da mão-de-obra em tarefas que previam a existência de um salário mínimo. Quanto menor tempo, maior é o aproveitamento do esforço e dos recursos aplicados, sendo capaz de alcançar o objetivo com menor dispêndio e perdas (ALMEIDA, 2015). A melhoria do método é o resultado da aplicação de diversas técnicas interdependentes que, quando ajustadas, estabelecem a melhor sequência de fases a ser seguida na solução de determinados problemas. De acordo Almeida (2015), a melhoria do método é uma excelente forma de realizar eficientemente uma tarefa especializada, uma vez que permite aplicar de forma racional os conhecimentos adequados, trabalhando de forma específica o conjunto de peculiaridades e informações necessárias. Podemos exemplificar se levarmos esse pensamento para a indústria, onde as tarefas são combinações e composições de 21UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção diversos movimentos. Nas células de produção, as peças podem sofrer o acabamento e a pintura na mesma seção, por exemplo. O processo é a esquematização de um método que, segundo Almeida (2015), representa a maneira pela qual é implementado e reflete o seu estado dinâmico. Parte da necessidade de adaptação do método à realidade, essa adaptação acontece por meio de ações estratégicas e táticas que, muitas vezes, exigem algumas modificações para compatibilizar as exigências técnicas com as características da conjuntura que o envolve. Exemplo: antigamente, na construção civil, o processo para levantar um prédio era primeiro a construção de toda a estrutura interna (Esqueleto) e depois realizar o acabamento. Atualmente, o prédio sofre acabamentona medida em que o esqueleto é levantado, com a utilização de gruas, guindastes e outros recursos modernos de construção. No Quadro 1 está um resumo simplificado dos objetivos e da importância do método. Quadro 1 - Objetivos e importância relacionado ao método OBJETIVOS DO MÉTODO IMPORTÂNCIA DO MÉTODO Evitar a improvisação e orientar os executores Orientar o impulso criador, tornando-o mais pro- dutivo Estabelecer a sequência lógica e mais produtiva Introduzir ordem no trabalho e na utilização dos recursos Aproveitar e aplicar melhor os recur- sos disponíveis Facilitar o trabalho dos executores Prevenir e diminuir o nível de aciden- tes e incidentes Facilitar o trabalho das lideranças e supervisão Diminuir o tempo das tarefas e os cus- tos operacionais Implantar a subordinação do interesse particular ao geral Definir o caminho e a forma de perse- guir racionalmente as metas Diminuir o desperdício e aumentar a segurança no trabalho Possibilitar substituições pela despersonaliza- ção do trabalho Proporcionar elementos para a programação, acompanhamento e controle do trabalho. Fonte: adaptado de Almeida (2015) 7.2 Análise de Melhoria de um Posto de Trabalho Kruger (2013), em sua pesquisa, diz que a norma regulamentadora NR-17 (sobre Ergonomia) abrange questões e estabelece parâmetros que visam uma melhoria das condições de trabalho, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. A autora diz ainda que quando nos referimos a condições de trabalho, estamos falando de levantamento de peso, transporte e descarga de materiais, condições 22UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção ambientais do posto de trabalho e a própria organização do trabalho. Para uma boa avaliação das condições de trabalho, o empregador deve realizar uma análise minuciosa de sua empresa, devendo abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido na Norma Regulamentadora NR-17. Segundo Gonçalves (2008), as condições gerais no ambiente de trabalho, bem como os equipamentos, devem estar adequadas às características dos trabalhadores e à natureza do trabalho que será realizado, de forma a evitar qualquer tipo de distúrbio ou doença ocupacional. O Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), por meio da NR, descreve alguns itens relevantes à pesquisa: ● Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para essa posição; ● Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, de visualização e de operação, devendo atender aos seguintes requisitos mínimos: ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; e ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais; ● Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem ter altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida, característica de pouca ou nenhuma conformação na base do assento, borda frontal arredondada e encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar; ● Para as atividades em que os trabalhos devem ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador; ● Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado; ● As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado; 23UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção ● Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade, devendo ser uniformemente distribuída e difusa; ● Na organização do trabalho, devem-se levar em consideração, no mínimo: as normas de produção; o modo operatório; a exigência de tempo; a determinação do conteúdo de tempo; o ritmo de trabalho; e o conteúdo das tarefas. SAIBA MAIS Aluno(a), deixo aqui o resumo, juntamente com o link, de um estudo de caso intitulado Análise descritiva do estudo de tempos e métodos: uma aplicação no setor de embala- deira de uma indústria têxtil. Este trabalho tem por objetivo relatar a importância da utilização dos estudos de tem- pos e métodos em setores produtivos, definindo o fluxo operacional mais adequado ao trabalho e identificar gargalos produtivos. O foco é a definição do tempo padrão das operações envolvidas em um processo produtivo através de ferramentas de cronoa- nálise e cronometragem, promovendo o controle do fluxo de processo e possibilitando análises diversas, tais como: carga máquina, carga homem, eficiência, produtividade entre outros. Assim, foi realizado um estudo de caso em uma indústria têxtil de Santa Catarina, no setor da embaladeira dos rolos de malha que seguem para a expedição, demonstrando que os resultados obtidos dão consistência aos números necessários ao controle da produção. Descreveu-se a aplicação e os resultados deste trabalho au- xiliaram na identificação de pontos para melhorias relacionadas ao método e tempo no posto de trabalho analisado. Verificou-se ainda a praticidade na análise dos tempos de cada parte da embaladeira. Fonte: Felippe, A. D. et al. Análise descritiva do estudo de tempos e métodos: uma aplicação no setor de embaladeira de uma indústria têxtil. Simpósio de excelência em gestão e tecnologia, 2012 Neste estudo de caso, o responsável, por meio da utilização da cronometragem, estabe- leceu o tempo padrão real para cada etapa do processo e estudo dos tempos, enquanto que, com a cronoanálise, tratou-se as observações das melhorias possíveis deste estu- do de tempo aplicado ao setor em análise. REFLITA “Não é falta de tempo, é falta de prioridade. Se não existe comprometimento, o tempo sempre será uma desculpa” – Autor Desconhecido. 24UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade vimos o quão antiga é a presença dos tempos e métodos na vida do ser humano. Vimos também que, apesar de antigo, ainda hoje é muito utilizado e aplicado nas empresas, sendo um recurso importante. Aprendemos que dentro da metodologia de tempo, há várias ferramentas que auxiliam para tornar o estudo mais exato, como o fluxograma, que apresenta uma linguagem própria para facilitar sua execução. Por fim, estudamos como se dá a análise e a melhoria do processo, aprendemos sua importância e analisamos melhorias do método de trabalho e de postos de trabalho, relacionados à ergonomia. 25UNIDADE I Introdução, Histórico aos Tempos e Métodos Aplicados na Produção MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: A Tríade do Tempo • Autor: Christian Barbosa • Editora: Buzz Editora • Sinopse: Considerado o maior especialista em gestão do tempo no Brasil, Christian Barbosa oferece uma solução definitiva para quem deseja uma vida mais equilibrada, voltada para a realização dos seus sonhos. Com base em uma pesquisa realizada com mais de 42 mil pessoas em todo o mundo, ele apresenta um inovador método de planejamento pessoal que vai ajudar você a organizar sua vida e se tornar mais produtivo. A partir do conceito de que o tempo se divide em três esferas – importante, urgente e circunstancial –, o autor ensina como equilibrá-las para melhorar seu desempenho e como agir caso você esteja desperdiçando energia demais na esfera errada. A prática dessa metodologia, já testada e aprovada por milhares depessoas, vai permitir que você encontre um momento para respirar entre uma tarefa e outra e consiga se dedicar ao que é realmente importante para sua vida. A Tríade do Tempo traz ferramentas modernas que podem ser colocadas em prática tanto por quem utiliza agendas convencionais quanto por quem prefere soluções tecnológicas. Além disso, com este livro, você vai: • Aprender efetivamente a equilibrar vida pessoal e profissional. • Identificar em que atividades está desperdiçando seu tempo. • Realizar projetos baseados em seus planejamentos. • Definir metas e estabelecer prazos para executá-las. • Evitar reuniões desnecessárias e outros compromissos inúteis. • Gerenciar seu e-mail e informações de uso pessoal. • Descobrir novas ferramentas para gerenciamento de equipes. FILME/VÍDEO • Título: O Preço do Amanhã • Ano: 2011 • Sinopse: Em um futuro próximo, o envelhecimento passou a ser controlado para evitar a superpopulação, tornando o tempo a principal moeda de troca para sobreviver e também obter luxos. Assim, os ricos vivem mais que os pobres, que precisam negociar sua existência, normalmente limitada aos 25 anos de vida. Quando Will Salas (Justin Timberlake) recebe uma misteriosa doação, passa a ser perseguido pelos guardiões do tempo por um crime que não cometeu, mas ele sequestra Sylvia (Amanda Seyfried), filha de um magnata, e do novo relacionamento entre vítima e algoz surge uma poderosa arma com o sistema e organização que comanda o futuro das pessoas. 26 Plano de Estudo: • Ferramentas da qualidade; • Metodologias para Resolução de Problemas; • Brainstorming; • 5W1H; • MAMP (Metodologia de Análise e Melhoria do Processo); • MASP (Método de Solução de Problemas); • Programa 5S; • Programa de Sistemas de Sugestões; • Programa de Círculo de Controle de Qualidade – CCQ; • Programa Seis Sigma. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar ferramentas da qualidade; • Compreender o que é necessário para uma eficaz resolução de problemas; • Definir ferramentas de fácil aplicação no dia a dia de uma empresa para aumentar a qualidade, como o 5W1H, o MASP, 5S, CCQ entre outras; • Por fim, aprenderemos o Programa Seis Sigma, ferramenta que é considerada a fer- ramenta da qualidade do nosso século. UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean Professor Mestre Felipe Delapria Dias dos Santos 27UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean INTRODUÇÃO Nesta unidade iremos aprender diversas ferramentas da qualidade que ajudarão a resolver problemas do dia a dia na empresa, além de servirem para impulsionar o lucro de uma organização. Dentre as ferramentas que serão estudadas, podemos citar o Brainstorming, uma ferramenta, que apesar de antiga, é uma técnica muito difundida pelas empresas. Outra ferramenta muito interessante é o 5S, que pode ser aplicada em todos os ambientes de nossas vidas, desde nossos lares até nosso ambiente de trabalho. E chegaremos a ferramentas de alto nível de complexidade e lucratividade, que é o caso do Seis Sigma, ferramenta cuja empresa que domina possui um diferencial competitivo grande. 28UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean 1 FERRAMENTAS DA QUALIDADE Com o avanço dos estudos da gestão e o crescimento do número de ferramentas da qualidade que ajudam a obter resultados sustentáveis e competitivos para a empresa, Pagliuso (2015) faz a seguinte questão: “Por que algumas delas, ao serem aplicadas, produzem sucesso em alguns casos e fracassos em outros?” Seguindo o autor, não existe ferramenta ruim, mas sim falta de compreensão e falta de conhecimento por parte de quem aplica. Pagliuso (2015) escreve ainda algumas importantes conclusões a respeito das ferramentas de gestão. As ferramentas possuem maior assertividade quando fazem parte de um grande projeto. É importante que os gestores não fiquem trocando com frequência suas ferramentas para não haver confusão no meio do caminho. Deve-se ter em mente que estratégias realistas geram resultados tangíveis com ferramentas servindo de suporte ao resultado. Por fim, a implantação da ferramenta e os resultados alcançados com o uso de cada uma delas serão sempre diferentes para cada empresa. Seleme e Stadler (2010) afirmam que a qualidade passou de modismo para necessidade, se tornando um diferencial competitivo. No entanto, não basta apenas querer possuir a qualidade, é preciso que haja uma implantação da qualidade. Os colaboradores precisam viver a qualidade em todas as fases do processo, é preciso estar em contato com a qualidade a todo momento. Cabe ao gestor identificar pontos de melhoria e estabelecer objetivos para que seja assertiva a escolha da ferramenta da qualidade. Após a escolha, é esperado que todos os funcionários e setores da empresa se envolvam, fazendo com que haja melhorias em curto, médio e longo prazos, de acordo com as necessidades e objetivos traçados (PAGLIUSO, 2015). 29UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean 2 METODOLOGIAS PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Para Camargo (2011), é essencial conhecer o passo a passo de uma metodologia para que se possa aplicá-la corretamente. Para se obter sucesso, é necessário buscar conhecimento, condições favoráveis, dominar a área de atuação e estar qualificado. O autor cita dez fatores que se deve levar em conta para se obter sucesso na aplicação de uma metodologia de resolução de problemas. No Quadro 1 está descrito cada fato. Quadro 1 - Fatores a serem considerados na aplicação de uma metodologia de qualidade 1) NECESSIDADE DO CLIENTE O cliente espera que suas necessidades sejam aten- didas. Significa a satisfação plena em relação ao ser- viço/produto adquirido. 2) SOBREVIVÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO Uma boa gestão de qualidade significa a continuida- de de uma organização. É necessário que a empresa renda lucros para que esse lucro ser investido nova- mente na empresa e em seu crescimento. 3) PRIORIZAR SOLUÇÕES Faz-se necessário identificar com antecedência os problemas e ordenar corretamente as devidas solu- ções. 4) DECISÕES RACIONAIS Informações obtidas através de dados reais devem ser tratadas e usadas como a base para as tomadas de decisões em uma organização. Ações ligadas à realidade, por meio de dados verdadeiros, tornam o processo mais dinâmico. 30UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean 5) GERENCIAMENTO POR PROCESSO Um processo bem elaborado sem pular passos funda- mentais torna o processo produtivo e lucrativo. 6) PREVENÇÃO NA ORIGEM Políticas para reduzir retrabalho são fundamentais em uma empresa. Fornecer treinamento e capacitação, equipamentos adequados, atualizados e com manu- tenção regular, controle de qualidade na entrada do processo produtivo (matéria prima, fornecedores, pes- soal etc.) certamente farão a diferença no processo e na qualidade final. 7) FOCO NAS CAUSAS PRINCIPAIS A organização deve possuir/desenvolver a capacidade de determinar causas que possam causar desvio do processo. 8) RESPEITAR E MOTIVAR Em qualquer ambiente, o ser humano é elemento cru- cial para o bom desempenho da atividade. Se o cola- borarador não se sente confortável, não possui bons equipamentos, não possui treinamento específico e não se sentir realizado, certamente o produto final não terá a melhor qualidade possível. 9) CLIENTE A razão da organização existir é o cliente. Deve sem- pre ser tratado de forma cordial, buscar agradar o gos- to do público alvo é essencial. De nada adianta produ- zir algo se não há quem compre. 10) ESTRATÉGIA DEFINIDA Elaborar estratégias definindo ganhos, crescimento e desenvolvimento, porém sempre sendo realista. Não adianta estabelecer objetivos difíceis sem metas tan- gíveis. Fonte: adaptado de Camargo (2011). 31UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean 3 FERRAMENTAS 3.1 BRAINSTORMING Seleme e Stadler (2010) explicam que brainstorming (tempestade de ideias) nada mais é que uma ferramenta utilizada em reuniões, em que os funcionáriosparticipantes desta possuem total liberdade para expressar suas ideias, mesmo que pareçam absurdas. Muitas organizações utilizam a técnica do brainstorming para identificar ideias que possam melhorar produtos ou para achar soluções inovadoras para os problemas existentes. No Quadro 2, está representado um passo a passo para a aplicação do Brainstorming, dividido em três etapas. Quadro 2 – Passo a passo para a aplicação do brainstorming ETAPA PASSO DESCRIÇÃO 1 1 O líder do processo irá esclarecer o objetivo a ser alcançado 2 Formação de grupos divididos igualmente 3 Escolha de um lugar confortável que possibilite a geração de ideias 4 Define-se um tempo (normalmente de 5 à 10 min.) 2 5 Todas as ideias são válidas 6 Ao final, as ideias devem estar expostas para que todos os participantes vejam 3 7 Ideias duplicadas são eliminadas 8 Ideias que fogem do objetivo são eliminadas 9 Das ideias restantes, escolhe-se a mais viável para a organização (se possível, a escolha deve ser feita por votação) Fonte: adaptado de Seleme e Stadler (2010). 32UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean 3.2 5W1H Daniel e Murmack (2014) explicam que o 5W1H surgiu da necessidade de estabelecer um plano de ação tático em um espaço de tempo curto em situações em que algo está dando errado. No geral, essa ferramenta é bem-sucedida não apenas na produção, mas em todas as áreas da empresa, já que permite organizar ações de forma clara e objetiva, isso só é possível através do plano de ação, que permite identificar e orientar as diversas ações por meio de um questionamento que é aplicado. Esse plano de ação deve ser estruturado de acordo o seguinte questionamento: ● What – O que será feito? ● Why – Por que deve ser executada a tarefa? ● Where – Onde cada etapa será executada? ● When – Quando cada uma das tarefas deverá ser executada? ● Who – Quem realizará as tarefas? ● How- Como deverá ser realizada cada tarefa? 3.3 MAMP (METODOLOGIA DE ANÁLISE E MELHORIA DO PROCESSO) Avelino e Correia (2017) definem MAMP como sendo um modelo de condução para projetos de mapeamento e análise de melhoria de processos dentro de uma organização. Esse modelo é feito em cima dos conceitos aplicados ao Six Sigma, ferramenta que será abordada nos próximos tópicos. Albertini, Prata e Manfrinatti (2016) afirmam que Seis Sigma é uma metodologia disciplinada com lógica, sequência e estrutura para implementar projetos de melhoria. O termo “DMAIC” é uma abreviação para: Define, Measure, Analyse, Improve e Control, que em português significa definir, medir, analisar, melhorar e controlar. Esses processos estão ligados à estratégia de qualidade, baseada em dados para a melhoria de processos e é parte integrante da Six Sigma Quality Initiative. Segundo Avelino e Correio (2017), a chave para o sucesso do Seis Sigma é seguir o sequenciamento dos processos do DMAIC. Os passos do modelo estão melhor explicados no Quadro 3. 33UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean Quadro 3 – Definição dos processos do DEMAIC DEFINIÇÃO Nesta etapa acontece a definição de objetivos de projeto, de tal forma que todos os objetivos do cliente sejam atendidos. Para documentar o planejamento do projeto, é realizado um Plano de Trabalho que contém todas as características do projeto (objetivo, escopo, cronograma etc.). Este documento servirá para acordar de forma formal o combinado en- tre cliente e empresa. MAPEAMENTO Essa etapa tem como objetivo mensurar e desenhar de forma fiel a exe- cução do processo. Aqui é feito o desenho do processo atual, a constru- ção desse desenho se dá por informações obtidas por meio de formulá- rios a respeito do processo de ciclos de reuniões de validação. ANÁLISE A fase de análise consiste em avaliar o processo cliente atual, a fim de encontrar ineficiências, gargalos e problemas de forma geral. Esta etapa usa o mapeamento da fase anterior como documento de entrada. A partir disso são sugeridas mudanças e validadas juntamente com o cliente, ficando registrado num “documento de mudança”. MELHORIA Na fase de melhoria é realizado o redesenho do processo incorporando as melhorias discutidas no “documento de mudança” na fase anterior. Nesta etapa também acontece a definição de métodos de controle e o plano de implantação do novo processo. CONTROLE A última fase engloba a realização de treinamentos com os clientes, abordando o novo processo, até implantação deste, definida previamen- te na fase de melhoria e o acompanhamento do primeiro ciclo de exe- cução do processo. Fonte: adaptado de Avelino e Correia (2017). 3.4 MASP (MÉTODO DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS) Noblat, Barcelos e Souza (2015) explicam que a metodologia de análise e Solução de Problemas (MASP) é uma forma organizada de analisar e solucionar problemas da rotina diária das organizações. É tido como um derivante do método, conhecido como ciclo PDCA – P (Plan/Planejamento), D (Do/Execução), C (Check/ Verificação) e A (Action/Ação). A Figura 1 contém a estrutura esquematizada do ciclo PDCA. 34UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean Figura 1 – Ciclo PDCA Fonte: Noblat, Barcelos e Souza (2015). Menezes (2015) cita como uma das principais causas da falha de muitas empresas a falta de métodos e padrões. Mesmo que os líderes busquem especializar seus funcionários, muitas vezes o conhecimento teórico não é aplicado na prática devido ao elevado fluxo de trabalho, tornando cada vez mais dinâmico a tomada de decisão para a solução dos problemas. O MASP foi desenvolvido para que os líderes e gerentes adquirissem, com facilidade, a habilidade de tomar decisões de forma assertiva, uma vez que é um processo dinâmico de fácil aplicação, pois não é um processo flexível. Busca priorizar e dividir o problema em partes com a finalidade de facilitar a análise e expor situações que necessitam de atenção (MENEZES, 2015). Formentini (2014) afirma que o objetivo deste método é resolver de forma rápida um problema, recorrente ou não, da empresa. A solução começa com a identificação do problema, seguido pela análise e finalizado com a estratégia de correção. A etapa de finalização é um processo lógico de retirar o máximo possível de informação durante a busca por possíveis soluções. Neste método, a cada etapa surgem novas informações. O MASP é composto por oito etapas simples e sua estrutura é baseada no PDCA, conforme apresentado na Figura 2. 35UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean Figura 2 – Estrutura do MASP baseado no PDCA Fonte: Menezes (2013). 3.5 PROGRAMA 5S A técnica intitulada “programa 5S” nasceu no Japão, Após a Segunda Guerra Mundial, vinda da necessidade que ordenar a confusão que o país se encontrava. A técnica se apresentou promissora e é aplicada até hoje, não só por empresas como nos mais diversos ambientes, inclusive em casa. Para o sucesso do programa, as pessoas envolvidas devem estar abertas a mudanças culturais (CAMARGO, 2011). O 5S é representado por cinco palavras, cada uma começada com a letra “S” (daí o nome da técnica), como apresenta a Imagem 3. 36UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean Figura 3 – Os cinco Sensos do 5S Fonte: Camargo (2011). A seguir, veremos uma descrição de cada uma das palavras. ● Seiri: aqui é preciso trabalhar na separação do necessário e não necessário. Tudo o que for material quebrado, estoque, material já utilizado, antigo, descarte ou em desuso deve ser separado. O senso Seiri recomenda fazer uma reflexão do porquê do acúmulo de material, para que isso não volte a acontecer (SILVA, 2005). ● Seiton: no senso anterior, foi separado o material necessário do não necessário, neste senso, será organizado o que foi separado. Aqui se deve etiquetar, ordenar, guardar tudo o que se possui. O hábito da ordenação favorece o dia a dia do processo. É recomendado que cada material tenha seu próprio lugar, de preferência nomeadoe etiquetado para que não haja confusão (CAMARGO, 2011). ● Seiso: é o senso da Limpeza; não basta apenas limpar, é necessário inspecionar para descobrir e atacar as causas. É recomendado que seja feita pelo próprio usuário do ambiente. Importante, além de cultivar e praticar o hábito de não sujar (CAMARGO, 2011). ● Seiketsu: as condições do ambiente de trabalho influenciam na saúde de quem vivencia esse ambiente. É necessário manter o ambiente de trabalho sempre higienizado, desta forma tornará o local saudável e agradável. Esta prática favorece o estado físico e mental (SILVA, 2005). ● Shitsuke: neste senso é importante ter a autodisciplina de pôr em prática, de forma constante, todos os sensos já discutidos aqui. Não basta fazer uma vez, é preciso ser rotina diária (SILVA, 2005). 37UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean O Quadro 4 traz um copilado de todas as vantagens citadas pelo autor Camargo (2011) em sua obra. Quadro 4 – Vantagens da aplicação do 5S VANTAGENS SEIRI SEITON SEISO SEIKETSU SHITSUKE Liberação de utensílios, equi- pamentos e docu- mentos desneces- sários Rapidez e faci- lidade na busca dos insumos necessários à atividade Manutenção do ambiente limpo e arrumado (bem- -estar) Melhora a saú- de e o nível de satisfação geral dos funcionários Cumprimento das atividades com res- ponsabilidade Desocupar espa- ços Agilidade nos processos Ambiente de tra- balho com aspec- to de higiene e melhor qualidade de vida Higienização mental e física das pessoas que atuam no local Atendimento à moral, à ética e aos valores pessoais e da organização Melhor visualiza- ção e conforto no local de trabalho Controle do uso de equipamen- tos e documen- tos necessários Elimina desper- dícios e previne acidentes Melhoria do ambiente de trabalho Prática de bons há- bitos Evita compras desnecessárias de materiais Estímulo à criati- vidade Local agradável e saudável para quem nele traba- lha Melhoria em todos os setores Administração proativa e partici- pativa Aumenta a produ- tividade e reduz custos Facilidade de comunicação Ambiente favo- rável à saúde Facilidade na exe- cução das tarefas Redução do Tem- po de Procura Redução dos ris- cos de acidentes Redução de aci- dentes Ganho de resulta- dos com qualidade dentro do planejado Racionalização dos espaços Proporciona o au- todesenvolvimento pessoal e profissio- nal Evita estoque em duplicidade Qualidade geral dos serviços e das relações interpes- soais Racionaliza a execução das tarefas Redução do esforço físico e mental Fonte: adaptado de Camargo (2011). 38UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean 3.6 PROGRAMA DE SISTEMAS DE SUGESTÕES Para Penteado e Kovaleski (2008), as sugestões das ideias muitas vezes têm um foco. Os focos mais comuns são: redução de custo de produto e/ou tempo; aumento de produtividade e melhoria na segurança. Penteado e Kovaleski (2008) citam que o sistema de sugestões depende da necessidade da empresa, no entanto deve sempre possuir uma estrutura simples. Este sistema pode ser do tipo de formulários, fichas, internet/intranet, aplicativos, portais corporativos, entre outros. As ideias sugeridas devem sempre ser registradas e avaliadas pelo responsável do projeto. É interessante também que haja recompensa para a solução escolhida. Souza e Yonamine (2002) descrevem três procedimentos para a aplicação do processo: 1. Todos os funcionários devem ter sua ideia registrada, individualmente ou em grupo. 2. Um time de técnicos, normalmente formado pelos líderes do processo, irão analisar as ideias e separar entre ideias viáveis e ideias não viáveis para a organização. 3. A ideia escolhida, considerada a mais viável no momento para a organização, deve ganhar um prêmio, estímulo em dinheiro ou algum tipo de bonificação. 3.7 PROGRAMA DE CÍRCULO DE CONTROLE DE QUALIDADE – CCQ Chaves (2000) explica que o Programa de Círculo de controle de Qualidade (CCQ) surgiu no Japão, após a Segunda Guerra Mundial, com o professor Kaoru Ishikawa. Esse programa é composto por funcionários que se voluntariam para tornar o ambiente de trabalho melhor. O CCQ tem a função de promover o trabalho em equipe, estimular o crescimento humano, contribuir para o desenvolvimento da or- organização e valorizar o ambiente de trabalho e a natureza. O CCQ é composto por pequenos times, geralmente de três a sete funcionários em cada grupo e, no máximo, oito grupos. Os grupos são formados por pessoas do mesmo setor ou de setores próximos e buscam proporcionar a melhoria dos resultados em qualidade, custos, atendimento, moral, meio ambiente e segurança. Os times devem trabalhar com partição total dos seus integrantes em reuniões, que não ultrapassem quatro horas mensais (ChAVES, 2000). Para Gomes e Penedo (2008), as decisões do grupo devem ser tomadas em conjunto, por meio de consenso. Apesar de não ser um projeto com hierarquia, é necessário 39UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean o apoio de um gestor. Os grupos escolhem os temas e problemas que querem atacar e, por meio de ferramentas, como o brainstorming, sugerem uma possível solução para o problema, passando a solução para o líder e deixando-o aplicar a estratégia. O CCQ é uma ferramenta que auxilia líderes, gerentes e supervisores a solucionarem problemas da empresa com o auxílio de seus funcionários. Nestes grupos de CCQ, os colaboradores devem ter autonomia, um objetivo claro, respeitar as ideias e individualidades dos outros participantes e possuir senso de cooperação (GOMES; PENEDO, 2008). 3.8 PROGRAMA SEIS SIGMA Trad e Maximiano (2009) enfatizam que o programa Seis Sigma é considerado a metodologia do século. As empresas têm alcançado resultados impressionantes graças ao programa, que tem o propósito de ganhos drásticos na lucratividade. O programa Seis Sigma é entendido como sendo um sistema amplo e flexível, que tem como objetivo a maximização do sucesso do negócio. O programa é orientado pelo bom entendimento dos requisitos dos clientes, pelo uso disciplinado de dados e análises estatísticas e pelo foco que deve ser dado à melhoria e reinvenção dos processos de negócios (TRAD; MAXIMIANO, 2009). Já Figueiredo (2006) define Seis Sigma como sendo um processo de negócio que permite as organizações expandirem seus lucros por meio da otimização das operações, melhoria da qualidade e eliminação de defeitos, falhas e erros. A empresa que implanta o Seis Sigma não está visando a melhoria na qualidade, mas sim a melhoria da lucratividade. A metodologia Seis Sigma consiste na adoção de um conjunto de técnicas e na capacitação de um quadro de líderes da empresa, conhecidos como Black Belts, para que cheguem a um alto nível de eficiência na aplicação dessas técnicas. Empresas com sólidos programas Seis Sigma conseguem fazer produtos e serviços melhores, mais baratos e de forma mais rápida, uma vez que a metodologia contribui para prevenir defeitos, encurtar o ciclo de operações e reduzir custos. (FIGUEIREDO, 2006, p. 16). Seis Sigma não introduz nenhum conceito novo. As técnicas e ferramentas estatísticas utilizadas já faziam parte do arsenal da qualidade para eliminação de defeitos. O que difere a abordagem do Seis Sigma e sua forma de implementação que justificam seu sucesso (TRAD; MAXIMIANO, 2009). Figueiredo (2006) também afirma que o sucesso do Seis Sigma é devido ao programa ser baseado nos conhecimentos dos clientes e nos indicadores de desempenho de processo, uma vez que os indicadores alinham as necessidades da empresa com as do 40UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean cliente. Operar em um elevado nível de qualidade não só resulta em maior satisfação por parte do cliente, como resulta em economia de dinheiro, tempo e material. Para melhor entendimento, a Tabela 1 relaciona a taxa de acerto, taxa de erro(100%-taxa de acerto) e o nível de produtos (oportunidade) de erro por milhão para diferentes escalas de Sigma. Quanto maior o sigma, menor será o defeito presente no produto e maior será o lucro. Tabela 1 – Escala de Sima TAXA DE ACERTO TAXA DE ERRO DEFEITO POR MILHÃO ESCALA SIGMA 30,90% 69,10% 691.462 1 69,10% 30,90% 308.538 2 93,30% 6,70% 66.807 3 99,38% 0,62% 6.210 4 99,98% 0,023% 233 5 100,00% 0,00034% 3,4 6 Fonte: adaptado de Trad e Maximiano (2009). Figueiredo (2006) relata que o programa Seis Sigma pode ser aplicado em todas as atividades de uma empresa. É uma ferramenta fundamental para as empresas, uma vez que se destina a corrigir causas (e não efeitos), origem dos problemas (e não os seus sintomas) e processos (e não produtos ou atividades isoladas), tornando as melhorias mais duradouras. A seguir alguns exemplos bem-sucedidos de aplicação do Seis Sigma apresentados pelo autor. ● A empresa Allied Signal, que possui faturamento maior que US$ 14 bilhões e estava à beira da falência há alguns anos, iniciou, no ano de 1994, a implementação do Seis Sigma. A partir de então , reduziu seus custos em US$ 2 bilhões e obteve um crescimento de 12%, em 1998, e, de 14,1% no primeiro trimestre de 1999; ● O presidente da General Electric, Jack Welch, descreve o programa Seis Sigma como “a mais importante iniciativa que a GE já empreendeu”. Só em 1999, a GE economizou mais de US$ 1,5 bilhão por causa do programa. 41UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean SAIBA MAIS Você sabia que a área de gestão da qualidade é tão grande que existe um curso voltado apenas para o assunto? O curso de Gestão da Qualidade é de formação tecnólogo, com duração de dois anos. O profissional que escolher esta área terá como campo de atua- ção empresas, principalmente do ramo de petroquímica, alimentícia e automobilística, com o objetivo de implantar e manter um Sistema de Gestão da Qualidade. Há também emprego em empresas de pequeno e médio portes, no geral, para manter a qualidade dos serviços já prestados, além de participar da implantação de padrões e normas acei- tos internacionalmente. Outro possível ramo de atuação é em auditorias, para auxiliar a empresa em seus processos de trabalho. Existem instituições nacionais, como o SEBRAE, que disponibilizam cursos de Gestão da Qualidade ou de ferramentas específicas para que funcionários, empresários e gerentes, possam implementar a qualidade em seus negócios. Fonte: MONTES (2016). REFLITA “A qualidade nunca se obtém por acaso ela é sempre o resultado do esforço inteligente” (Ruskin, J. Political Economy of Art. Smith, Elder & Company, 1868). 42UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean CONSIDERAÇÕES FINAIS Na Unidade I , houve uma introdução de ferramentas da qualidade, como o fluxograma. Na Unidade II, aprofundamos mais nessas ferramentas e aprendemos diversas outras, como o MASP, PDCA, Seis Sigma, 5S, 5W1H e outras. Aprendemos a sua importância e vimos o quão fácil pode ser a sua aplicação. Aprendemos também que essas ferramentas são o grande diferencial das empresas hoje em dia e que elas podem poupar bilhões para uma empresa. Tais conceitos estudados aqui terão grande importância no decorrer do curso. 43UNIDADE II Ferramentas Utilizadas na Produção Lean MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: O líder Humano • Autor: Fábio Augusto Vieira • Editora: Atlas Editora • Sinopse: Este livro atende à necessidade do mercado, que é exatamente a falta de líderes capazes de inspirar pessoas e aumentar a produtividade das suas carreiras e empresas. O texto traz uma conversa franca e descontraída, numa linguagem que o profissional entenderá facilmente, sobre a crise de liderança e como se tornar um líder humanizado. O autor conta suas próprias experiências durante a carreira, com orientações sobre comportamentos e posturas da gestão do líder, para que este obtenha sucesso, uma equipe motivada e, principalmente, o poder de inspirar carreiras altamente produtivas. De leitura fácil e com muitos exemplos práticos, esta obra é aplicada em todas as áreas e carreiras, tanto para líderes quanto aos que aspiram esta posição, já que seu enfoque se concentra no desempenho, produtividade e humanização dos relacionamentos e estruturas, visando a produtividade e bem-estar das empresas e pessoas. Certamente o leitor terá ótimos resultados através da sua leitura e muito sucesso em sua nova visão do que é uma liderança eficaz e humana. Obra recomendada para profissionais das áreas de Gestão e Recursos Humanos, além dos próprios gestores, gerentes e diretores. Leitura complementar para as disciplinas de Psicologia Aplicada à Administração, Gestão de Processos Organizacionais, Gestão de Pessoas, Gestão Estratégica em Relações Humanas dos cursos de Administração, Gestão de Recursos Humanos e Psicologia. FILME/VÍDEO • Título: O Jogo da Imitação • Ano: 2015 • Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico monta uma equipe que tem por objetivo quebrar o Enigma, o famoso código que os alemães usam para enviar mensagens aos submarinos. Um de seus integrantes é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um matemático de 27 anos, estritamente lógico e focado no trabalho, que tem problemas de relacionamento com praticamente todos à sua volta. Não demora muito para que Turing, apesar de sua intransigência, lidere a equipe. Seu grande projeto é construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades de codificação do Enigma em apenas 18 horas, de forma que os ingleses conheçam as ordens enviadas antes que elas sejam executadas. Entretanto, para que o projeto dê certo, Turing terá que aprender a trabalhar em equipe e tem em Joan Clarke (Keira Knightley) sua grande incentivadora. 44 Plano de Estudo: • Definições de Medida do Trabalho; • Conceituar Técnicas de Medidas do Trabalho; • Aprofundamento da Cronometragem; • Campos de estudo do Tempo - Pré-determinados (Sistema MTM) - Aula prática de MTM; • Tempos Históricos; • Amostragem do Trabalho. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar Medidas do trabalho e contextualizar suas técnicas; • Compreender os tipos de técnicas tais como a cronometragem, MTM, Tempos históricos e amostragem; • Estabelecer a importância das técnicas de medidas de trabalho. UNIDADE III Medida do Trabalho Professor Mestre Felipe Delapria Dias dos Santos 45UNIDADE III Medida do Trabalho INTRODUÇÃO Nesta terceira etapa da matéria de Tempos e Métodos Aplicados, serão apresentados o conceito de medida de trabalho e as quatro técnicas mais conhecidas e usuais utilizadas para realizar a medição de trabalho. Veremos o motivo da cronometragem ser a técnica mais utilizada e quais são as vantagens e desvantagens do uso de cada uma das técnicas, bem como suas dificuldades. 46UNIDADE III Medida do Trabalho 1 MEDIDA DO TRABALHO A intenção aqui será de medir o trabalho, mas como faremos isso? Será necessário determinar o intervalo de tempo que uma operação leva para ser completada. Cada operação irá possuir um tempo padrão que é obtido através dos métodos já estudados de cronometragem. É importante fazer uma série de anotações, tanto sobre o operador como sobre o método de trabalho seguido (MOREIRA, 2008). Segundo Barbosa et al. (2017), a medição do tempo padrão é determinada com os seguintes objetivos: I. Servir para estudos futuros que busquem estabelecer o custo industrial associado a um determinado produto; II. Ser utilizado na avaliação, através da redução ou não do tempo padrão, da troca de método de trabalho quando se faz um estudo de otimização. Segundo Milnitz (2018), há quatro formas principais para a obtenção do tempo padrão: a) estudo de tempos com cronômetros; b) tempos históricos; c) dados padrão pré-determinados; d) amostragem do trabalho. 47UNIDADE III Medida do Trabalho Cada uma dessas técnicas possui vantagens e desvantagens, que pode variar de situação para situação. Os próximos tópicos irão tratardessas técnicas. 1.1 Detalhes do Estudo de Tempos Antes de prosseguir com as técnicas de medidas do tempo, Silva (2007) escreve alguns cuidados que se deve ter durante as medidas. I. Antes de iniciar qualquer estudo é necessário comunicar ao operador o que será feito para evitar desconfiança e causar atritos desnecessários. II. É fundamental conhecer a operação que será medida, conhecer o local, os equipamentos que estão envolvidos, as condições de operação e detalhes gerais. III. Se necessário, para facilitar o estudo da medida, deve dividir a tarefa em partes, chamadas de processos ou elementos. A quantidade de elementos fica a cargo do analista, que irá medir o tempo e organizar da forma que achar melhor. 48UNIDADE III Medida do Trabalho 2 CRONOMETRAGEM Antes de se obter o tempo padrão de uma operação, Moreira (2008) relata que há dois tipos de tempos que antes devem ser determinados sobre essa mesma operação: o tempo real e o tempo normal. Bastos (2017) define tempo real como sendo aquele que é marcado quando é realizada uma operação. Normalmente é obtido por meio da cronometragem direta do operador em seu posto de trabalho, podendo variar de colaborador para colaborador ou variando até mesmo para o mesmo colaborador em momentos diferentes. Dessa forma, será necessário realizar uma série de marcações para que possa fazer uma média e ter um valor confiável. O tempo real (a partir da média) é corrigido e resultará no tempo normal. O tempo normal é o tempo em que um operador leva para executar sua função em velocidade normal. Velocidade normal é aquela em que o operador consegue manter durante todo o período de trabalho, sem causar fadiga. Um operador trabalhando em velocidade normal possui eficiência de 100%. Seguindo essa lógica, um trabalho que tem um menor tempo possui eficiência acima de 100%, e o trabalhador com tempo maior possui eficiência menor que 100%. O analista que está marcando esse tempo deve ser previamente treinado e capacitado para que não fuja dos padrões (MOREIRA, 2008). Uma vez obtido o tempo normal, o tempo padrão é aquele requerido por uma operação, quando as interrupções e condições especiais da operação forem levadas em conta. Costuma-se, para tanto, acrescentar ao tempo normal um certo percentual de tempo perdido devido à fadiga e às demoras inevitáveis, ou seja, que não dependem da vontade do operador (MOREIRA, 2008, p. 242). 49UNIDADE III Medida do Trabalho Para a aplicação da técnica, antes há de ser respondida a seguinte questão: quantas medidas são necessárias? Ou seja, qual o número de ciclos a ser cronometrado? Santos et al. (2017) relatam duas possíveis formas de se definir esse número: 1. Pelo bom senso em que o analista vai fazendo medidas conforme ele acha necessário e para quando sente confiança; 2. Por meio de um cálculo estatístico que será explicado a seguir. Não iremos entrar em detalhes de cálculos estatísticos, cálculos que são baseados na distribuição normal de probabilidade. No entanto, para compreender o cálculo, é necessário compreender o seguinte raciocínio: o analista deseja fazer um número “N” de medidas; esse número “N” tendo um grau de confiança (chamado de “C”, medido em porcentagem de 0 a 100%). A média obtida desses N ciclos não pode ser diferente em mais de “a”%” (chamado de erro ou te precisão (MOREIRA, 2008). Para se obter o número de medidas, é necessário primeiro que haja um número de “n” medidas iniciais. É necessário que seja determinada sua média “x” e seu desvio padrão “s”. A Equação 1 nos dá como resposta o número N de ciclos (FERREIRA, 2013). Equação 1 Em que: z = corresponde ao grau de confiança C desejado (dado um grau de confiança C, o valor de Z é obtido de tabelas de curva normal); s = desvio padrão das medidas; a = precisão final desejada (valor em porcentagem); x = média das amostras. Vejamos agora um exemplo retirado de Moreira (2008). Em uma organização, uma atividade é constituída por três processos com tempos distintos, pela cronometragem, a partir de cinco medidas amostrais, construiu-se a tabela a seguir: 50UNIDADE III Medida do Trabalho Tabela 1 - Exemplo ELEMENTO x s COEFICIENTE DE VARIAÇÃO A 25,10 5,40 0,22 B 14,20 4,00 0,28 C 34,60 8,90 0,26 Fonte: adaptado de Moreira (2008). Para um grau de confiança de 95%, com a média final no intervalo (erro) de 10% para mais ou menos, defina o número de ciclos necessários. SOLUÇÃO: Escolhe-se o elemento de maior coeficiente de variação. Neste caso, o elemento B, pois é o elemento que levará ao maior número de medidas e por ser um processo, essa medida será a mesma para todos as atividades. Temos: z = 1,96 (grau de confiança de 95%), retirado da tabela da normal reduzida a = 10% x= 14,2 (retirado da tabela) s= 4,0 (retirado da tabela) Aplica-se a fórmula: Logo, conclui-se que o número de ciclos ideal a ser medido é de 30. 51UNIDADE III Medida do Trabalho 3 TEMPOS HISTÓRICOS Moreira (2008) caracteriza tempos históricos como sendo um derivado dos próprios estudos de tempo da empresa. O autor explica que é normal, com o passar dos anos, os processos produtivos da organização sofrerem alterações. No entanto, há elementos e processos que podem não mudar e permanecerem imutáveis por anos. Cabe ao analista de tempo notar esses processos e tomar o valor do seu tempo do histórico registrado, poupando, assim, o retrabalho de cronometrar o processo novamente. O autor elaborou um passo a passo para o uso desse arquivo: I. O primeiro passo é analisar a operação que será cronometrada e identificar seus elementos, separando-os em classes (serão colocados na mesma classe elementos que possuem semelhança). Desta forma, operações que pertencem a mesma classe, terão elementos iguais ou semelhantes; II. O segundo passo é verificar nos registros, caso a empresa já possua um, quais os processos já possuem seu tempo cronometrado; III. Usar cronometragem direta para os elementos dos processos que não constam no arquivo; IV. Após cronometrar o tempo de cada elemento de todas as classes, deve-se somar o tempo dos elementos para obter o tempo total normal da operação completa; V. Aplicar a tolerância devida para obter o tempo padrão. 52UNIDADE III Medida do Trabalho Pode ser que aconteça do tempo normal relativo a um elemento variar em função de características próprias da operação ou até mesmo em função do operador, equipamento ou material utilizado. Exemplificando, pode ser que o arquivo possua um registro de tempo para mover uma ferramenta do ponto A para o ponto B por uma distância “X”, no entanto pode ser que não haja o registro de tempo para a distância “X”, mas contenha o tempo para outras distâncias, tornando possível uma interpolação de resultados (PEINADO; GRAEML, 2007). Para Moreira (2008), o arquivo de dados históricos apresenta como vantagem a eliminação do custo envolvido na determinação de tempo, além de eliminar a necessidade de avaliar a eficiência do operador. Moreira (2008) afirma ainda que essas vantagens são obtidas a partir do tempo registrado já normalizado, ou seja, do tempo registrado com a margem de erro inserida. Porém o método apresenta a desvantagem de necessitar frequente atualização, além de poder perpetuar medidas erradas feitas no passado. 53UNIDADE III Medida do Trabalho 4 TEMPO PRÉ-DETERMINADO (SISTEMA MTM) De acordo Moreira (2008), dados padrões predeterminados são tempos normais elementares publicados por associações especializadas. Esses elementos recebem o nome de “therbling”, pois são elementos de ações curtas/rápidas, como mostra a Figura 1. Figura 1 – Ações conhecidas como therbling Fonte: adaptado de New Machine Parts (2014). Esses elementos chamados de therbling podem ser utilizados para a composição de operações que nem existem ainda para estimar o seu tempo total ou parcial (NOVASKI; SUGAI, 2002). 54UNIDADE III Medida do TrabalhoHá vários sistemas que trabalham em cima do tempo pré-determinado, um dos mais conhecidos é o chamado Sistema MTM (Methods Time Measurement), desenvolvido na década de 40 pelo Methods Engineering Council. Nesse sistema existe uma unidade de tempo própria, chamada de TMU (Time Measurement Unit), 1 TMU pode ser equiparado a 0,00001 horas, ou a 0,0006 minutos ou ainda a 0,036 segundos (MOREIRA, 2008) Machado (2017) relata que o MTM apresenta diversas tabelas já com o registro de tempo para uma série de atividades básicas, como mover, girar, levantar, sentar, soltar entre outras. As tabelas também apresentam os tempos para diferentes circunstâncias. Na Tabela 2 há um exemplo de uma tabela MTM para a ação “girar e aplicar pressão”. Tabela 2 – Tabela de tempo MTM para a função de giro com aplicação de pressão TEMPO MTM PARA GRAU DE GIRO PESO (kg) 30° 45° 60° 75° 90° 105° 120° 135° 150° 165° 180° PEQUENO - 0 A 0,90 2,8 3,5 4,1 4,8 5,4 6,1 6,8 7,4 8,1 8,7 9,4 MÉDIO - 0,91 A 4,50 4,4 5,5 6,5 7,5 8,5 9,6 10,6 11,6 12,7 13,7 14 GRANDE - 4,51 A 16,00 8,4 10,5 12,3 14,4 16,2 18,3 20,4 22,2 24,3 26,1 28,2 Fonte: adaptado de Document (2015). Segundo Machado (2017), o uso do MTM apresenta inúmeras vantagens, como a eliminação da avaliação de um operador, maior nível de precisão e noção do tempo de operação antes mesmo da operação ser projetada e executada. No entanto há também desvantagens, como o alto nível de treinamento e cursos específicos que um analista de tempo precisa fazer para executar a técnica sem falhas e vícios. 55UNIDADE III Medida do Trabalho 5 AMOSTRAGEM DO TRABALHO Em 1930, na Inglaterra, Tippet desenvolveu uma técnica estatística chamada “amostragem de trabalho” para aplicação na indústria têxtil (SILVA, 2007). Atualmente a técnica possui diversas aplicações, não se restringindo apenas à indústria têxtil. Uma importante aplicação que vale a pena destacar é determinar a porcentagem de tempo que os operários e/ou máquinas utilizam em determinadas atividades. Para isso é necessário observar o trabalho e reparar nos intervalos aleatórios de tempo. Por exemplo, um analista observa 600 vezes e elabora uma planilha de observações do operário, separando as atividades que o operário executa. A tabela seria no esquema da Tabela 3. Tabela 3 – Anotações de atividades de um analista ATIVIDADE NÚMERO DE OBSERVAÇÃO Trabalhando 415 Aguardando Material 85 Conversando 54 Ausente 46 Total 600 Fonte: adaptado de Moreira (2008). Logo de cara, Moreira (2008) demonstra que a anotação deve ser simples e clara, sendo necessário ser fiel à atividade executada pelo operário, para que o nível de acerto da técnica seja o maior possível. 56UNIDADE III Medida do Trabalho Nesta técnica, há dois problemas que devem ser solucionados para a aplicação do método. O primeiro é definir um número N de observações que precisam ser feitas e o segundo é referente à escolha dos horários que as observações irão ser realizadas, levando em conta que deverão ser horários aleatórios (MOREIRA, 2008). A determinação do número de ciclos “N” é semelhante à já estuda na técnica de cronometragem. Como pudemos analisar no exemplo dado no tópico da cronometragem, o elemento que serviu de base para o cálculo foi o elemento que possuía o maior número de variação, aqui será escolhido o elemento de maior variação. Chamaremos de “p” a probabilidade de ocorrência, “N” continuará sendo o número de ciclos e “C” o grau de confiança com um intervalo de erro “a”%. Logo, temos a Equação 2, apresentada a seguir: Equação 2 Em que: z = corresponde ao grau de confiança C desejado (dado um grau de confiança C, o valor de Z é obtido de tabelas de curva normal); a = precisão final desejada (valor em porcentagem); p = probabilidade de ocorrência. Vejamos agora um exemplo retirado de Moreira (2008). Tomando como exemplo a Tabela 3, deseja-se um grau de confiança de 95% com um erro de 10%. SOLUÇÃO: p= proporção para “Ausente” (menor frequência) é de 46/600 = 0,08; z = 1,96 (tabela de áreas sob a normal reduzida) a = 10% Aplicando Por meio da fórmula é possível notar que a medida que “p” diminuiu, o número de ciclos aumenta, como já foi dito, é por esse motivo que é rotineiro adotar como base a menor frequência, ao contrário do que é feito na cronometragem. 57UNIDADE III Medida do Trabalho SAIBA MAIS O líder de uma distribuidora precisa determinar o número de funcionários a ser contratados para garantir a realização de todas as tarefas com qualidade e no prazo planejado/acordado. Cabe ao líder de produção definir a quantidade de matéria-prima necessária para atender as demandas da produção para que se possa adequar o número de operários para atender a demanda sem comprometer prazos. Embora pareça que são problemas distintos, a base para a solução de ambos é a mes- ma: o dimensionamento de recurso humano para a execução das tarefas proposta. Esse dimensionamento depende principalmente de dois fatores: a demanda a ser aten- dida e a capacidade de recurso necessário para atendê-la. A demanda é expressa baseada no tempo de execução da tarefa de tal forma que a qualidade seja atendida. Uma vez que o processo é conhecido, planejado e executa- do, é possível determinar o tempo de duração de cada um. Todo o trabalho pode ser pla- nejado de forma certeira quando se conhece o tempo gasto nas atividades e os recursos que serão necessários. Logo, o estudo de tempos e métodos – a definição de “como fazer” e “quanto tem- po” utilizar – é a base racional e fundamental para a adequação de recursos, evitando desperdício, ociosidade e tempo. Fonte: o autor. REFLITA “A sabedoria consiste em compreender que o tempo dedicado ao trabalho nunca é per- dido.” EMERDON, R. W. A Conduta Da Vida. 1° Edição. Auster. 2019. 58UNIDADE III Medida do Trabalho CONSIDERAÇÕES FINAIS A terceira unidade trouxe, de forma mais aprofundada, o conceito de cronometragem. Aprendemos que existem duas técnicas para definir o número de ciclos na cronometragem e vimos como o cálculo é feito. Nas outras técnicas citadas no decorrer da unidade, vimos as dificuldades que elas apresentam e quais as suas vantagens. Pelas técnicas apresentadas pudemos ter noção do quão profundo o estudo de tempos e métodos pode ser e o quão interdisciplinar também, precisando de conceitos estatísticos para compreender alguns pontos. Por fim, foi apresentado e ensinado via exemplo o cálculo do número de amostragem para a técnica de amostragem, que pode ser tão interessante quanto a de cronometragem, que é a mais utilizada atualmente. 59UNIDADE III Medida do Trabalho LEITURA COMPLEMENTAR Deixo como leitura complementar um estudo de caso realizado na cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, em que os pesquisadores estudaram o tempo dos processos por meio da cronoanálise e propuseram uma otimização do processo a partir das conclusões retiradas do método. O artigo é da revista eletrônica Gestão e Sociedade e se chama Estudo de Tempos e Métodos no Processo Produtivo de uma Panificadora Localizada em Mossoró/RN. Segue o resumo elaborado pelos autores: “Este estudo tem por objetivo analisar como o estudo de tempos e métodos pode auxiliar na otimização do processo produtivo de uma panificadora localizada na cidade de Mossoró/RN com foco na definição do tempo padrão de uma operação, através das ferramentas de cronoanálise e cronometragem. Os dados foram coletados por meio de entrevistas, questionários semiestruturados e observação in loco com o auxílio de cronômetro, filmadora e preenchimento da folha de observações com o operário que realiza a operação. Os resultados demonstram a definição do tempo padrão em 70,7481 minutos, determinação da capacidade produtiva e sugestões para a melhoria do processo produtivo. A conclusão indica que essa quantidade de tempo é necessária para desenvolver a operação,
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