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O Direito de Brincar para Desenvolver-se na Educação Infantil ELAINE LUCIANA SOBRAL DANTAS EM QUE CONSISTE A BRINCADEIRA? O QUE A BRINCADEIRA POSSIBILITA À CRIANÇA? A brincadeira como linguagem primordial da criança O brincar é uma das especificidades da infância, das crianças Em todas as culturas, a criança brinca; A brincadeira é o modo essencial como a criança produz cultura – a cultura lúdica. O que é brincadeira? • ESPAÇO DE APRENDIZAGEM, DE IMAGINAÇÃO E REINVENÇÃO DA REALIDADE (PROINFANTIL, 2005) O que é brincadeira? • É UMA ATIVIDADE SÓCIO-CULTURAL. ORIGINA-SE NOS VALORES E HÁBITOS DE UM DETERMINADO GRUPO SOCIAL. AS CRIANÇAS BRINCAM COM AQUILO QUE ELAS SABEM OU IMAGINAM QUE SABEM SOBRE AS FORMAS DE RELACIONAR-SE, DE AMAR/ODIAR, DE TRABALHAR, DE VIVER, DE INTERAGIR COM A NATUREZA E COM OS FENÔMENOS FÍSICOS ETC. (GISELA WAJSKOP, 2003) O que é brincadeira? • É MEIO DE COMUNICAÇÃO, DE PRAZER E DE RECREAÇÃO, QUE PERMITE A CRIANÇA ENTRAR EM CONTATO COM OS OUTROS: ADULTOS, PAIS, CAMARADAS DA SUA IDADE E TAMBÉM COM O ESPAÇO, COM O MEIO AMBIENTE, COM A CULTURA. (GILLES BROUGÈRE, 2005) A brincadeira na Sociologia segundo Gilles Brougère O brincar não é natural e nem espontâneo na criança. É uma prática cultural, aprendida em seu meio social. Depende, desde o início, de uma interação, de uma relação com os outros, que suscitam e interpretam gestos da criança como brincadeira, assim, essas ações vão sendo aprendidas como sendo brincadeiras. Para que uma atividade seja experienciada e vivida como sendo uma brincadeira é preciso que as pessoas envolvidas (ainda que seja uma só pessoa) esteja, por princípio, entendendo-a como tal. Características da atividade lúdica de modo geral, e da brincadeira que as distinguem de outras atividades o aspecto fictício, de imaginação a tomada de decisão, a liberdade de entrar e sair, o que implica a necessidade de um acordo entre parceiros; as regras não rígidas, modificáveis, que possibilitam a inversão de papéis; a repetição e a relativa ausência de conseqüências, pois além dos riscos de ganhar ou perder, nos jogos de regras, há sempre a possibilidade de começar de novo. A brincadeira é um modo de a criança produzir cultura Para Brougère, além de aprender com os outros a brincar, a adquirir uma “cultura lúdica”, a criança também cria. Ela não apenas imita, mas reinventa, transforma e produz cultura em suas brincadeiras. O jogo tem, então, um caráter mediador de socialização, de apropriação de processos culturais, pois através do mesmo a criança interage, interpreta, cria, amplia e diversifica seus conhecimentos e habilidades. A brincadeira enquanto experiência lúdica é um processo cultural suficientemente rico em si mesmo. A brincadeira na Psicologia: segundo Jean Piaget É uma das condutas simbólicas-representativas (ação real do pensamento) determinada pela função simbólica – capacidade de representar; Atividade cuja característica é a assimilação do real ao eu – caracteriza-se pela liberdade do eu em RECRIAR (transformar segundo suas vontades e necessidades; Atividade infantil fundamental – jogo de faz-de- conta ou de imaginação: jogo simbólico Piaget enfatiza, na brincadeira O jogo simbólico – o de faz-de-conta, em que o simbolismo lúdico funciona como formulador e alimentador de interesses conscientes – e também conflitos inconscientes – da criança, como medos, angústias, interesses sexuais, possibilidade de inversão de papéis, compensação de necessidades não satisfeitas, etc. Os jogos de regras, transmitidos socialmente, ampliam sua socialização e ganham importância à medida que aumenta sua vida social, como por exemplo, “amarelinha”, bolas de gude, futebol, xadrez, damas, entre outros; Jogos de construção que consistem em montagens e invenções com materiais diversos, como blocos, caixas, peças para montar coisas de seu meio sócio-cultural. Brincar, segundo Piaget Brincar com outras crianças, mais velhas e da mesma idade, seja de “faz-de-conta”, seja de brincadeiras com regras ou ainda “montando” coisas, possibilita à criança uma contribuição fundamental para o seu desenvolvimento global: afetivo, físico, intelectual e social, ou seja, para a formação de sua identidade e de sua socialização. A brincadeira segundo Vygotsky Brincadeira de faz-de-conta – não natural/instintiva; cultural (aprendida) – especificamente humana. Tem a função de satisfação de necessidades e desejos não satisfeitos de imediato no mundo real, possibilitando a criação de um mundo imaginário; Distinto do trabalho e de outras atividades quanto à consciência de suas motivações. Na primeira infância, é a atividade principal – que gera outras ações e operações psíquicas fundamentais ao desenvolvimento em cada estágio da vida. A brincadeira segundo Vygotsky Não é uma atividade totalmente livre de regras e sanções e, por isso, inteiramente voltada ao prazer. Mesmo no universo fictício do “faz-de-conta” há regras a serem seguidas. As ações a serem realizadas têm que corresponder às existentes na realidade. São justamente as regras – o portar-se de modo mais elaborado do que o faz usualmente – que fazem com que a criança, ao agir de modo mais avançado que o que lhe permitiria seu nível de desenvolvimento real e seu lugar nas relações sociais, aprenda novos e mais elaborados modos de agir e pensar e, assim, avance em seu desenvolvimento. Toda situação imaginária supõe regras “implícitas” e todo brinquedo com regras explícitas supõe uma situação imaginária Contribuições do brincar para o desenvolvimento da criança Envolvimento em situações imaginárias - ação em esfera cognitiva interna não presa aos limites da situação real – comuns às ações do bebê e da cça até 2/3 anos (percepção – motivação – ação). Ação guiada, não pelo objeto real (percepção), mas pelo significado que a cça lhe atribui – motivações internas – nível de elaboração mental superior. Liberdade de ação/significação “relativa” às características do objeto. Transformação das relações com a realidade (objeto subordinado ao significado) A brincadeira segundo Henri Wallon A ludicidade é a marca primordial da infância, entendida como fase em que todas as atividades encontram-se em fase nascente. Assim, toda motricidade, toda atividade física tem um caráter lúdico. É o que acontece com atividades como andar, correr, subir, descer, pular, dançar... Vemos então que essa perspectiva relaciona, intimamente, a ludicidade e o movimento, assim como vincula este à afetividade e à cognição. QUE IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA? COMO PODEMOS ENSINAR AS CRIANÇAS NO CONTEXTO DE SUAS BRINCADEIRAS? O brincar é reconhecido como uma importante linguagem que permite às crianças compartilhar os significados da cultura e construir sua identidade social e pessoal, é fundamental, numa instituição educativa, que ele constitua uma das formas de mediação das relações estabelecidas com as crianças e delas com outros sujeitos e com os objetos. CARACTERÍSTICAS DA BRINCADEIRA 1. LIBERDADE DE TOMAR DECISÕES 2. PRAZER (DESPRAZER) 3. REGRAS (IMPLÍCITAS OU EXPLÍCITAS) 4. RELEVÂNCIA DO PROCESSO/INCERTEZA 5. CONTEXTUALIZAÇÃO NO TEMPO E NO ESPAÇO. IMPORTÂNCIA DO BRINCAR A BRINCADEIRA PROPORCIONA À CRIANÇA: • REALIZARDESEJOS NÃO REALIZÁVEIS NO PLANO REAL; • ASSUMIR PAPÉIS DIVERSOS; • COMPORTAR-SE ALÉM DO REAL. • ENTRAR EM CONTATO COM OS SIGNIFICADOS DOS OBJETOS. • IMITAÇÃO • IMAGINAÇÃO • REGRAS ELEMENTOS CONSTITUIDORES DO BRINCAR O BRINQUEDO • O PRIMEIRO BRINQUEDO É O CORPO. • O BRINQUEDO É O SUPORTE DA BRINCADEIRA. PODE SER COMPRADO OU FABRICADO POR ADULTOS OU POR CRIANÇAS. • O BRINQUEDO É PORTADOR DE INFORMAÇÕES CULTURAIS. • É OBJETO UTILIZADO PELAS CRIANÇAS PARA BRINCAR – CARÁTER LÚDICO. O BRINQUEDO • POSSIBILITA O DESENVOLVIMENTPO DO PENSAMENTO CONCEITUAL – REPRODUZ, REELABORA AÇÕES E TRANSGRIDE O IMEDIATO. • SUPORTE DE AÇÃO, DE MANIPULAÇÃO, DE CONDUTA LÚDICA QUE TRAZ TAMBÉM FORMAS E IMAGENS, SÍMBOLOS PARA SEREM MANIPULADOS. NÃO SE TRATA DE UMA REPRODUÇÃO DO MUNDO REAL, MAS DE UMA IMAGEM CULTURAL QUE É DESTINADA À CRIANÇA. AS CRIANÇAS PODEM BRINCAR COM: • A LINGUAGEM ORAL, MUDANDO A ENTONAÇÃO, O TIMBRE DE VOZ; • OS OBJETOS, MUDANDO SEU USO CONVENCIONAL; • OS BRINQUEDOS, ACEITANDO A IMAGEM QUE ELES PROPÕEM OU MUDANDO SEUS SIGNIFICADOS E USOS; • OS PERSONAGENS, AS PESSOAS OU OS ANIMAIS; • OS ESPAÇOS; • OS DESENHOS; • BRINQUEDOS NÃO ESTRUTURADOS... AS CRIANÇAS PODEM BRINCAR COM: PAPEL DO PROFESSOR O PROFESSOR ASSUME LUGAR DE DESTAQUE PARA A BRINCADEIRA OCUPAR SEU PAPEL NA EDUCAÇÃO INFANTIL. CABE A ELE, •DESENVOLVER ATIVIDADES DIRIGIDAS QUE TRAGAM NOVOS ELEMENTOS CULTURAIS; •CRIAR ESPAÇOS; •OFERECER MATERIAIS/BRINQUEDOS E PARTILHAR DAS BRINCADEIRAS. PAPEL DO PROFESSOR O PARTILHAR PODE SER DE TRÊS FORMAS: • REFORÇO ATRAVÉS DE GESTOS, SORRISOS, AÇÕES E PALAVRAS; • ASSUMIR O PAPEL DE CO- ATOR; • SER PROTAGONISTA, DIRIGINDO A BRINCADEIRA E SOCIALIZANDO NOVAS IDÉIAS; • CONVERSAR SOBRE A BRINCADEIRA; • OBSERVAR, QUESTIONAR E REGISTRAR. Brincar e Aprender... No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento. (VYGOTSKY, 2007, p.122) O brincar é uma das formas privilegiadas de as crianças se expressarem, relacionarem-se, descobrirem, explorarem, conhecerem e darem significado ao mundo. Experiências, Brincadeiras e Interações... Brincar e Aprender... Experiências, Brincadeiras e Interações... Em casa e na Escola... Experiências, Brincadeiras e Interações... Em casa e na Escola... Experiências, Brincadeiras e Interações... Em casa e na Escola... Experiências, Brincadeiras e Interações... Em casa e na Escola... Experiências, Brincadeiras e Interações... Em casa e na Escola... Experiências, Brincadeiras e Interações... Em casa e na Escola... Experiências, Brincadeiras e Interações... Em casa e na Escola... Experiências, Brincadeiras e Interações... Em casa e na Escola... Experiências, Brincadeiras e Interações... Em casa e na Escola... Pelo Direito de Brincar... “BRINCAR É UMA ATIVIDADE VOLUNTÁRIA E DE LIVRE ESCOLHA: TODA CRIANÇA QUE BRINCA SABE QUE BRINCA! POR ISSO, ELA DECIDE SOBRE O QUE, COMO, COM QUEM, COM O QUE, QUANTO TEMPO E ONDE BRINCAR. PODE DECIDIR, TAMBÉM, POR NÃO BRINCAR.” (GISELA WAJSKOP, 2003) OBRIGADA
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