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AULA 1 GESTÃO DE RECOMPENSAS NO CONTEXTO GLOBAL Profª Maura Vello 02 CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo à nossa disciplina! Desejamos que, ao final desta jornada de estudos, seus horizontes se ampliem e a conexão entre teoria e prática seja concretizada. Começaremos tratando do fato de que, sem as pessoas, as organizações, sejam elas que qualquer natureza, não existiriam. Sociedades das mais variadas, com ou sem fins lucrativos, dependem do capital humano para se desenvolver, pois são as pessoas que trabalham para produzir e consumir o que é produzido. Esse ciclo é complexo e ininterrupto, fazendo com que haja movimento em todos os sentidos nos universos social e econômico em que estamos, pessoas e corporações, inseridos. A complexidade desse universo vem modificando as relações sociais e de trabalho de forma profunda. Questões nunca antes abordadas passaram a ser tratadas pelas organizações em relação ao capital humano e sua influência nos processos e resultados das empresas. A massa de trabalhadores e também de consumidores que movimentam os mundos corporativo e econômico tem sido, cada vez mais, objeto de estudos, e as áreas das ciências sociais buscam entender os comportamentos que movimentam pessoas e organizações em busca de desenvolvimento, resultados e bem-estar. Dentre os aspectos que vêm se modificando e criando novos entendimentos nas organizações está o reconhecimento da importância do bem- estar dos colaboradores e como isso afeta significativamente os processos de trabalho, produtividade, desenvolvimento e crescimento nas empresas. São diversas as variáveis que podem afetar essas relação entre pessoas e organização. Estamos falando de estruturas físicas adequadas, gestores e direção preparados, adminstração de talentos, programas de aprendizagem e desenvolvimento pessoal, planejamento de remuneração e planos de carreiras, benefícios e recompensas, além das questões mais recentes que vão ainda mais além, tratando do bem-estar do colaborador fora do âmbito empresarial, estendendo beneficios, por exemplo, a sua familia e cuidando de aspectos relacionados à saúde física e mental das pessoas para que possam desempenhar bem seus papeis no âmbito organizacional . Nesta aula, trataremos de uma parte desses muitos fatores, como o gerenciamento de recompensas, que vem sendo considerado uma das variáveis 03 mais relevantes dentro das organizações; obviamente, a gestão de recompensas está interligada a todos os fatores que dizem respeito à gestão e ao desenvolvimento humano nas empresas. CONTEXTUALIZANDO Para que o que veremos nesta aula faça sentido, nada melhor do que analisar situações reais de nosso cotidiano, até mesmo porque só gravamos aquilo que aprendemos, quando o aprendizado, de alguma forma, se traduz em ações reais e tem sentido no nosso dia a dia. Pergunto a você: quantas vezes, de alguma forma, o seu ambiente de trabalho afetou a sua vida ou rotina pessoal? Pare e pense quantas variáveis neste momento, por exemplo, podem afetar o seu desempenho e a sua capacidade profissional e até mesmo a sua vida pessoal. É bem provável que você relacione primeiramente o fator que mais o incomoda no momento, e mais alguns outros, mas o número de variáveis que de alguma forma tem alguma influência sobre nós é muito abrangente. É muito comum que o desempenho profissional de algumas pessoas seja afetado porque o ambiente físico em que trabalham não é adequado, por exemplo. Uma sala com iluminação ruim ou sem ventilação, ou sem móveis ou equipamentos e sistemas adequados que permitam um bom desempenho profissional. Pergunto a você: essas variáveis afetam a sua motivação pessoal no desenvolvimento de seu trabalho? Isso soa familiar, de alguma forma? Falaremos também um pouquinho sobre as relações de trabalho, já que um ambiente saúdavel também está relacionado a como as pessoas se sentem no contexto em que estão inseridas. Ambientes cordiais e de respeito mútuo entre colaboradores, gestores preparados e boas oportunidades de desenvolvimento profissional é o que se espera das organizações; porém, sabemos que a realidade é muito mais complexa. Você sabia que na maioria das vezes as pessoas não deixam uma organização? Que elas acabam saindo em função de um contexto ligado às relações de trabalho e ao comportamento de gestores mal preparados? Isso soa familiar? Agora, vamos para o outro extremo: as organizações já perceberam que os talentos desenvolvidos dentro delas são de fundamental importância para a sua perenidade. Se, por um lado, queremos ser reconhecidos pelas empresas por nosso esforço e dedicação, por outro, essas mesmas organizações já 04 perceberam que o desenvolvimento de seus colaboradores e o aprendizado e conhecimento acumulados nessa relação são imensuráveis e precisam ser reconhecidos, remunerados e mantidos. Esse cenário tem levado as empresas a olhar mais cuidadosamente para o seu mais precioso recurso: o humano. Para iniciarmos nossos estudos, responderemos às seguintes questões: • O que você considera ser uma recompensa ou um reconhecimento oferecidos pelas organizações? Isso passa apenas pelo âmbito financeiro ou pode envolver outros recursos? • As duas últimas empresas em que você trabalhou apresentavam programas de reconhecimento e recompensa claros? Saiba mais Veja o interessante vídeo em que Leandro Karnal fala sobre esforço e recompensa... Para uma reflexão mais pessoal! Disponível em: <https://youtu.be/LYEkDMiqkgE>. TEMA 1 – O AMBIENTE ORGANIZACIONAL Para abordarmos o assunto principal desta aula ‒ a gestão de recompensas ‒ primeiro veremos um pouco da teoria organizacional na qual todo esse contexto está inserido. Começaremos pelos conceitos de ambiente organizacional e seus aspectos; essa é uma forma de nos posicionarmos e entendermos o cenário em que estamos inseridos. O entendimento e a visão sistêmica do ambiente organizacional e suas características é fundamental para que as empresas obtenham sucesso. Segundo Chiavenato (2014, p. 82), “o mapeamento das características ambientais representa um esforço importante para as organizações serem bem sucedidas. É no ambiente que está o cliente, o fornecedor de capital e de recursos, de materias e serviços especializados”. Vejamos na figura a seguir como interagem os vários agentes no contexto do ambiente organizacional. https://youtu.be/LYEkDMiqkgE 05 Figura 1 – O macroambiente e o microambiente de uma organização Fonte: adaptado de Chiavenato (2014, p. 76). O macroambiente e o microambiente apresentam toda uma dinâmica que promove a interação entre os vários integrantes que compõe esse cenário. Essa interação é bastante complexa e gera movimentações que impactam diretamente e indiretamente as organizações,fazendo com que elas precisem adaptar-se a situações e pressões advindas do ambiente. Todo esse processo gera aprendizado, desenvovimento e mudança organizacional. Porém, o fator chave para o sucesso de qualquer ação está no capital humano, pois são as pessoas que aprendem e desenvovem habilidades, processos e sistemas que promovem os ajustes necessários para que a organização esteja preparada para oportunidades e intempéries que possam surgir no ambiente. Observando a Figura 1, não é dificil chegarmos à conclusão de que é a partir dessa interação entre ambiente e organização que se torna possível o acesso aos mais variados recursos necessários à sutentabilidade das empresas no mercado. Podemos ainda notar que fatores do ambiente como mudanças econômicas, políticas e sociais, e até mesmo de regulamentação, impactam 06 diretamente as organizações e seus sistemas de gestão, inclusive a gestão de pessoas. Um exemplo significativo que conecta os conceitos que estamos abordando com a prática organizacional é a alteração da legislação trabalhistano Brasil, que afeta diretamente as relações de trabalho entre colaboradores e organizações. Essa alteração, apesar de ocorrer no macroambiente dos âmbitos político e legal, gera modificações diretas na organização tanto de forma interna quanto externa, afetando a todos dentro e fora das empresas. Robins, Judge e Sobral (2010) observam que o contexto do ambiente organizacional pode ser considerado como uma conexão entre três dimensões, a saber: • Capacidade, que pode ser retratada como a forma em que se sustenta e desenvolve o ambiente organizacional; • Volatilidade, que pode ser retratada pelas intempéries e pela volubilidade de um ambiente com fatores que o colocam em constante mudança; • Complexidade, que traduz a variabilidade de elementos ambientais que podem promover uma infinidade de combinações e resultados inesperados. Uma outra conclusão relevante, vinda da contribuição teórica de Bowditch e Buono (1997, p. 142-165) e compartilhada por outros autores, é a de que o ambiente organizacional pode ser visto como um sistema aberto que interage, é infuenciado e influencia o seu meio promovendo sucessivas mudanças organizacionais e ambientais. Os autores ainda complementam que as organizações são desenvolvidas por grupos de pessoas para pessoas. Assim, Bowditch e Buono (1992, p. 95) complementam que o “sucesso de uma organização complexa é sustancialmente influenciado pelo desempenho de diversos grupos que interagem entre si". Outros fatores importantes que compõem o ambiente são a cultura e o clima organizacionais. Trataremos desses conceitos a seguir. TEMA 2 – CONCEITOS BÁSICOS DE CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL Daremos andamento aos desdobramentos de nossos estudos, refletindo se as organizações são construídas por pessoas e se desenvolvem com o objetivo de atender pessoas. É natural concluir que a construção da cultura 07 organizacional acontece a partir de crenças e comportamentos desenvolvidos nas organizações por seus colaboradores. Por outro lado, o clima organizacional está atrelado à qualidade do ambiente corporativo, aos aspectos psicológicos e aos fatores que promovem a motivação de colaboradores e grupos de trabalho. Vejamos como esses dois conceitos, que interagem entre si, influenciam e retroalimentam um ao outro. Figura 2 – Culturas de segurança Fonte: Shutterstock. 2.1 Afinal, o que define cultura organizacional? A cultura, de forma abrangente, define a identidade, os costumes, os hábitos e as crenças compartilhados e aceitos por um determinado grupo de pessoas, podendo ser definidos como grupos sociais ou organizações dos mais variados tipos. De forma bastante similar, vemos e vivenciamos esse mesmo compartilhamento de crenças, hábitos e regras que dão identidades distintas às organizações e determinam a maneira de agir, pensar e interagir de um determinado grupo. Chiavenato (2014) contribui com o conceito de cultura organizacional da seguinte forma: 08 A cultura é um importante conceito para se compreender as sociedades humanas e os grupos sociais. A Antropologia tem apresentado exemplos de culturas de várias sociedades do mundo em diferentes eras. A cultura tem um sentido antropológico e histórico, porque ela reside no íntimo de cada sociedade ou organização. É ela quem distingue a maneira pela qual as pessoas interagem umas com as outras e, sobretudo, pela qual se comportam, sentem, pensam, agem e trabalham (Chiavenato, 2014, p. 152). O autor contribui de forma sistematizada para diferenciar os costumes e as regras formais e informais inseridas nos conceitos de cultura organizacional, comparando a mesma a um iceberg, como podemos ver na figura a seguir: Figura 3 – O iceberg da cultura organizacional Fonte: Chiavenato (2014, p. 154). A analogia adotada pelo autor demonstra de forma simplificada alguns dos principais aspectos que compreendem a cultura organizacional. Perceptíveis ou não, são esses os aspectos que fazem com que as organizações apresentem uma identidade única, diferenciando-se no contexto global. 2.2 Entendendo o significado de clima organizacional Há uma tendência de acreditar que a cultura e o clima organizacional representam a mesma coisa, e que, portanto, podem ser considerados 09 sinônimos. Mas não há sentido nessa afirmação. As definições conceituais são bem distintas. Vejamos. Bowditch e Buono (1992, p. 189) afirmam que o clima organizacional pode ser considerado “uma medida de até que ponto as expectativas das pessoas, sobre como deveria se trabalhar numa organização, estão sendo cumpridas”. O clima organizacional está relacionado ao aspecto psicológico do ambiente empresarial e à forma como ele afeta o desenvolvimento das atividades e os níveis motivacionais dos colaboradores; podemos dizer que é a percepção de cada um sobre o contexto em que se inserem e seu grau de satisfação com a organização. Souza (2014, p. 102) complementa que “o clima organizacional é um dos principais fatores na determinação da qualidade de vida no trabalho”. Por esse motivo, muitas organizações buscam trabalhar com modelos de pesquisas de clima organizacional. Assim, podem medir fatores que podem afetar o desempenho de seus colaboradores e que muitas vezes não são claros e percebidos nas rotinas organizacionais. Vejamos no quadro a seguir as distinções entre cultura e clima organizacionais. Quadro 1‒ Diferenças básicas entre cultura e clima organizacionais Fonte: Souza, 2014, p. 104. Enquanto o clima organizacional trata da percepção de colaboradores em relação a aspectos momentâneos da organização, podendo se modificar a qualquer tempo por variados motivos internos ou externos à organização, a cultura organizacional está voltada a valores e padrões comportamentais enraizados nas empresas. TEMA 3 – AS ORGANIZAÇÕES E SUAS INTERAÇÕES COM O SER HUMANO 010 Os temas tratados anteriormente como ambiente, cultura e clima organizacionais nos remetem a um posicionamento do ser humano em um contexto complexo e em constante processo de mudança. Pessoas e organizações são desafiadas a achar formas de promover o equilíbrio entre diversos fatores e interações que atendam tanto as necessidades e expectativas humanas quanto os processos que permitirão às empresas se manterem sustentáveis no cenário global. Vivemos na era da informação, da rapidez dos acontecimentos, da obsolescência vertiginosa de tecnologias e da interdependência cada vez maior entre diversos fatores. Observemos a seguir a figura que mostra como a teoria geral da administração vem tratando o complexo sistema organizacional. Figura 4 ‒ Variáveis básicas da teoria geral da administração (TGA) Fonte: Chiavenato (2014, p. 54). O que se observa nitidamente no esquema mostrado na Figura 4 é a complexidade das relações entre fatores diversos, numa estrutura multifuncional que não deixa dúvidas quanto ao enorme desafio de colaboradores e organizações para encontrar equilíbrio e fazer com que as coisas aconteçam de forma ordenada e harmoniosa. Apesar da complexidade das relações entre tantos fatores, Chiavenato (2014) complementa ainda que as modernas abordagens organizacionais privilegiam aspectos como agilidade, simplicidade, trabalho em equipe, 011 autonomia, participação, comprometimento, busca de melhorias constantes e excelência. Essa maleabilidade organizacional se faz necessária para que as organizações e as pessoas que as compõem estejam aptas e preparadas a atender as contingências e demandas de um ambiente também complexo e global. As organizações, então passam a lançar um novo olhar sobre os talentos e competências humanos inseridos em seu contexto, pois eles são geradores de conhecimento e aprendizagem organizacional, desenvolvimento de processos inovadores e capital intelectual, ou seja, são fundamentaispara gerar diferencial competitivo e desenvolvimento organizacional. Segundo Robbins (2005, p. 6) “existe um pano de fundo comum às diversas abordagens sobre funções, papéis, habilidades e atividades de administração: todas elas reconhecem a suprema importância da gestão de pessoas”. Mas para que todo esse processo aconteça é preciso que as organizações valorizem e promovam o desenvolvimento das pessoas, de seu capital humano e, mais importante ainda, que saibam como empregar esse recurso tão valioso. TEMA 4 – O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL E A EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE GESTÃO DE PESSOAS Nunca se fez tão necessário o entendimento sobre o comportamento organizacional em seus divergentes pontos de vista, principalmente no que se refere gestão de recursos humanos. Robbins (2005, p. 10) comenta que “os seres humanos são complexos, como eles são todos diferentes, a possibilidade de se fazer generalizações simples e precisas é limitada”. Mas isso não significa que não seja possível desenvolver estudos acerca do comportamento humano e desenvolver conceitos e explicações aceitáveis e razoavelmente concisas sobre o tema. Analisar os comportamentos humano e organizacional nos remete a estudos muito mais qualitativos que quantitativos, muito embora este último aspecto, em algum momento, possa ser visto mais frequentemente; de qualquer forma, ambos precisam estar alinhados aos aspectos subjetivos das relações sociais. 012 Chiavenato (2014, p. 32) observa que “o século XX trouxe grandes mudanças e transformações que influenciaram e modificaram poderosamente as organizações, a administração e o comportamento, e sem dúvida alguma, essas mudanças e transformações que aconteceram marcaram a maneira de administrar as pessoas”. Observe no quadro a seguir de que forma a percepção dessas relações entre pessoas e organizações evoluiu ao longo de décadas e diferentes momentos históricos. Quadro 2 – A evolução das estruturas organizacionais e da gestão de pessoas Fonte: adaptado de Chiavenatto, 2014. De uma forma mais sistêmica, vejamos a seguir como Chiavenato (2014) conceitua essa evolução. 013 Figura 5 ‒ A era industrial clássica e suas principais características Fonte: Chiavenato, 2014, p. 32. Figura 6 ‒ A era industrial neoclássica e suas principais características Fonte: Chiavenato, 2014, p. 33. 014 Figura 7 ‒ A era da informação e suas principais características Fonte: Chiavenato, 2014, p. 34. Ao observarmos as estruturas e características descritas pelo autor, percebemos que é explicita a transformação drástica sofrida pelas formas de gestão de um modelo mecanicista e engessado para um modelo muito mais fluido e o orgânico, exigência do contexto de complexidade atual. Toda essa ruptura e a mudança de modelos se traduzem em grandes desafios e adaptabilidade nas áreas de estudo de gestão, inclusive, ou principalmente, na de gestão de pessoas. TEMA 5 – OS NOVOS PARADIGMAS DAS ÁREAS DE GESTÃO DE PESSOAS As formas de gestão organizacionais em suas diversas áreas, sejam elas financeira, administrativa, estratégica ou de pessoas, estão passando por intensos processos de mudança. A complexidade dos cenários globalizados e interconectados em que as empresas de hoje estão inseridas torna a volatilidade e a flexibilidade fatores permanentes nesse ambiente corporativo. Gramigna (2002, p. 4) ressalta que “a área de recursos humanos, antes centralizadora e responsável por todos os processos de pessoal, vem assumindo, finalmente, seu espaço estratégico”. Esse novo contexto estratégico da gestão de pessoas faz com que a área que antes suportava apenas as atividades burocráticas de contratação, manutenção e gestão de pessoas encare hoje uma nova realidade, focada e 015 preocupada em atrair, desenvolver, manter e reter talentos, criando processos de aprendizagem, inteligência e conhecimento organizacional, um capital imensurável dentro das empresas. Assim, chegamos à era em que as organizações se rendem ao fato de que seu maior patrimônio não é somente o negócio em si, mas também aqueles que fazem todos os dias com que as coisas aconteçam. A valorização das pessoas, o desenvolvimento de suas habilidades e talentos e o bem-estar que se traduz em resultados não são mais apenas uma teoria; passam a ser a prática nas organizações. Há uma forte percepção de que os negócios vão bem quando as pessoas que os fazem acontecer também “vão bem, obrigada!” O dinamismo não toma conta apenas dos cenários, mas também das pessoas, que se tornam mais dinâmicas e multifuncionais. O aprendizado e o desenvolvimento ocorrem de forma natural no dia a dia, nas melhorias que são sugeridas por colaboradores e acatadas pelas organizações, na troca de modelos verticalizados de comando para modelos multifuncionais em que equipes e pessoas são desafiadas a inovar e a sair da zona de conforto. No reconhecimento de ambas as partes que há um jogo de “ganha-ganha”, em que as pessoas são reconhecidas pelas organizações e se sentem integrantes de um contexto, e em que organizações se desenvolvem e se recriam por meio do desenvolvimento dos talentos de seus colaboradores, que constroem a inteligência corporativa. Nesse sentido, Chiavenato (2014, p. 34) comenta que na era da informação “a estrutura organizacional abandonou órgão fixos e estáveis, para se basear em equipes multifuncionais de trabalho com atividades provisórias voltadas para missões específicas e com objetivos definidos”. O que nos parece mais presente em todo esse cenário é a derrubada das formas rígidas de gestão, substituídas pela criação de processos de administração inovadores sem formas muito definitivas e que se moldam conforme se apresentam as demandas e necessidades. Reflitamos um pouco sobre esses novos tempos, em que tanto nós, que de alguma forma estamos inseridos no contexto organizacional, quanto as organizações, vivenciamos momentos de mudanças profundas de padrões que até então eram imagináveis. Mas você já se perguntou por que é tão importante para as organizações investir nas pessoas nesse cenário fluido e inconstante? Quais são as diferenças significativas entre empresas que investem no desenvolvimento de seus 016 colaboradores e aquelas que não o fazem? Você consegue perceber o ganho coletivo quando um indivíduo se desenvolve? O que acontece ao seu redor, pessoal ou profissionalmente? Gramigna (2002), afirma que as organizações investirem nas pessoas porque: • Sem as pessoas, qualquer tecnologia, por mais avançada e inovadora que seja, não funciona; • São as pessoas que fazem o sucesso ou o fracasso das empresas; • As pessoas podem colocar seu talento à disposição das empresas quando encontram motivação e um ambiente favorável; • As pessoas são leais àqueles que as valorizam e respeitam e que abrem espaço para o seu desenvolvimento; • Todos carregam em si suas histórias, expectativas, crenças e uma infinita capacidade de desenvolvimento. O desafio da gestão de pessoas nesse novo contexto é grande. Há uma necessidade urgente de repensar as relações de trabalho, refletir sobre as condições que atraem e retêm talentos nas organizações e a capacidade de manter capital intelectual e não os perder para o mercado. FINALIZANDO Nesta aula, fizemos uma retomada de alguns conceitos que dão embasamento para seguirmos em frente com os conteúdos que abordarão os sistemas de recompensas e reconhecimento nas organizações. Revisitamos aqui aspectos complexos das relações humanas e organizacionais, observando a sua evolução histórica e seus desdobramentos ao contexto atual. Há uma percepção notória de mudança de posicionamento das organizações em relação às pessoas e à forma como elas são inseridas como parte fundamental para a sobrevivência das empresas. Essa mudança de percepçãoleva a novos rumos na gestão de pessoas e na valorização do capital intelectual desenvolvido por elas nas organizações, que se transforma em inteligência organizacional. Todo esse processo de mudança exige das empresas um reposicionamento em termos de remuneração, motivação, recompensa, retenção e desenvolvimento de seu capital humano. 017 REFERÊNCIAS BOWDITCH, J. L.; BUONO, A. F. Elementos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira, 1992. _____. Elementos do comportamento organizacional. In: _____. Comportamento macro-organizacional: o ambiente da organização. São Paulo: Pioneira, 1997. CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos: os novos horizontes em administração. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2014a. _____. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2014b. GRAMIGNA, M. R. Modelo de competências e gestão dos talentos. São Paulo: Makron Books, 2002. PROVOCAÇÕES FILOSÓFICAS. Leandro Karnal: o que faz a diferença é o esforço. YouTube, disponível em: <https://youtu.be/LYEkDMiqkgE>. Acesso em: 14 jan. 2018. ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento organizacional. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. SOUZA C. P. S. Cultura e clima organizacional: compreendendo a essência das organizações. Curitiba, InterSaberes, 2014. https://youtu.be/LYEkDMiqkgE
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