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Teoria das Estruturas Mecânicas Prof. Dr. Alessandro Alberto de Lima, Engenharia Mecânica - Notas de Aula - UNIP Itu, 9 de fevereiro de 2023 I nicialmente, vamos revisar alguns pontos importantes na teoria de resistência dos materiais para, assim, podermos relacio- nar os esforços aos quais o modelo estrutural é submetido aos deslocamentos e tensões so- fridos pelo modelo. Expressão exata da curvatura Podemos representar o momento de uma força (ou torque) como sendo a tendência de giro causada pela força em relação a um ponto espećıfico. O valor do momento é dado pelo produto da magnitude da força pela menor distância entre a linha de ação da força e o ponto considerado. (a) (b) Figura 1: Deflexão de uma viga engatada. � o plano xy é o plano de simetria e, também, o plano de deflexão. � deflexão é o deslocamento de um dado ponto da viga em relação à sua posição original, medida na direção do eixo y. (a) (b) Figura 2: Deformação da curva da viga. � m1 e m2 são escolhidos arbitrariamente ao longo da viga. � O′ é o centro de curvatura do arco ds. Nor- malmente as curvas de deflexão são caracteriza- das por pequenas deformações e O′ se localiza ”muito distante” da viga. � ρ é o raio de curvatura. κ define a curvatura. � a partir da geometria de O′m1m2 podemos defi- nir ρdθ = ds κ = 1 ρ = dθ ds Convenção de sinais para a curvatura: Página 1 de 8 (a) (b) Figura 3: Deflexão de uma viga engatada. Analisando a curvatura, temos κ = 1 ρ = dθ ds = d(arctan ν ′) dx dx ds . (1) Da Fig 2b, vemos que ds2 = dx2 + dν2 ou ds = [ dx2 + dν2 ]1/2 . (2) Dividindo os dois lados da Eq 2 por dx, temos ds dx = [ 1 + ( dν dx )2]1/2 = [ 1 + ( ν ′ )2]1/2 ou dx ds = 1[ 1 + (ν ′)2 ]1/2 . (3) Da derivada da função arco tangente de uma função qualquer u = u(x), temos que d dx (arctan u) = 1 1 + u2 du dx , portanto, para o nosso caso, d dx (arctan ν ′) = ν ′′ 1 + (ν ′)2 . (4) (a) antes da deformação (b) depois da deformação Figura 4: Deformação da viga sob flexão pura. Substituindo as equações 3 e 4 na Eq. 1, teremos κ = 1 ρ = ν ′′[ 1 + (ν ′)2 ]3/2 . (5) A Eq. 5 é a equação exata da curvatura. Para pequenos deslocamentos (angulares e linea- res), (ν ′)2 é considerado despreźıvel em relação à unidade e a curvatura assume sua forma mais co- mum: κ = 1 ρ = dθ dx = ν ′′ (6) Tensões normal em vigas A flexão pura refere-se à flexão na viga submetida, exclusivamente, a um momento fletor constante. � na Fig. 4 podemos observar que, acima da linda s as linhas são diminúıdas. � ss é a linha neutra. ρdθ = dx � as outras linhas da viga sofrem uma deformação de módulo ϵx. Na Fig. 4a, antes da deformação, podemos obser- var que o comprimento da linha ef é dx. Depois da Página 2 de 8 (a) tensões normais (b) seção transversal Figura 5: Tensões normais em viga de material linear elástico. deformação (Fig. 4b), podemos representar o com- primento da linha ef por ℓ1 que é calculado como ℓ1 = (ρ− y) dθ = dx− y ρ dx, em que dθ = dx ρ . As deformações das linhas da viga podem ser cal- culadas como ϵx = ∆ℓ ℓ = ℓ1 − dx dx = −y dxρ dx = −y ρ = −κy, em que L representa o comprimento inicial da linha e ∆L a variação de seu comprimento. Uma viga sujeita à flexão pura é solicitada apenas por forças normais. A Fig. 5 ilustra o mecanismo de ação das tensões normais em uma viga de seção transversal trapezoidal. Podemos determinar as tensões a partir das de- formações por meio da curva tensão deformação do material. Um material linear elástico obedece a lei de Hooke para tensões uniaxiais (σ = Eϵ). σx = Eϵx = − Ey ρ = −Eκy (7) A tensão normal varia linearmente com a distância y da linha neutra. Quando a curvatura é positiva, σx é negativo (compressão) acima da linha neutra. Para usar a Eq. 7 temos que posicionar o sistema de coordenadas de forma que a distância y possa ser determinada em relação à linha neutra. Localização da linha neutra A força agindo no elemento de área dA (Fig. 5b) é σxdA. Dado que a força resultante na seção trans- versal é nula, temos∫ A σxdA = − ∫ A EκydA = 0, ∫ A ydA = 0 (8) uma vez que E e κ são constantes na seção analisada. A linha neutra passa pelo centróide da área da seção transversal quando o material segue a lei de Hooke e não existem forças axiais agindo na seção transversal. Relação momento curvatura Analisando o momento que atua na seção transversal, temos dM = −σxydA, M = − ∫ A σxydA, e M = ∫ A κEy2dA = κE ∫ A y2dA. Dado que I = ∫ A y2dA é o momento de inércia da seção transversal, podemos escrever o momento fletor como sendo M = κEI ou κ = 1 ρ = M EI . (9) Substituindo a Eq. 9 na Eq. 7 obtemos a fórmula da flexão que é dada por σx = − M I y (10) Deflexões em vigas Tratando do modelo de viga na condição deformada como apresentado nas figuras 1 e 2 e lembrando que κ = 1 ρ = dθ ds , a inclinação da curva é dada pela primeira derivada da função ν = ν(x). Observando a Fig. 2b, podemos escrever as seguintes relações matemáticas: dν dx = tgθ =⇒ θ = arctangdν dx Página 3 de 8 cosθ = dx ds sin = dν ds Para pequenas deformações, temos ds ≈ dx =⇒ κ = 1 ρ = dθ dx e dν dx = tgθ ≈ θ =⇒ dθ dx = d2ν dx2 =⇒ κ = 1 ρ = d2ν dx2 . Para vigas constitúıdas de material linear elástico, podemos escrever d2ν dx2 = M EI . Lembrando que dV dx = −q e dM dx = V, Para vigas que possuem rigidez flexional (EI) variável em função de x (vigas não prismáticas), valem as seguintes relações: EIx d2ν dx2 = M, d dx ( EIx d2ν dx2 ) = V e d2 dx2 ( EIx d2ν dx2 ) = −q. No caso de vigas prismáticas (EI =constante), as equações passam a ser escritas como: EI d2ν dx2 = M, EI d3ν dx3 = V e EI d4ν dx4 = −q. Para facilitar a notação, usaremos dν dx ≡ ν ′, d 2ν dx2 ≡ ν ′′, d 3ν dx3 ≡ ν ′′′, · · · e, sendo assim, podemos reescrever as equações para vigas prismáticas da seguinte forma: EIν ′′ = M, EIν ′′′ = V e EIν ′′′′ = −q. Tensão de cisalhamento em vigas Quando a viga está sujeita a momentos fletores e forças cortantes (flexão não uniforme) a viga apre- senta tensões normais e tensões de cisalhamento. A Fig. 6 ilustra o mecanismo ação da tensão de cisa- lhamento em uma viga de seção retangular. (a) (b) (c) Figura 6: Tensão de cisalhamento em viga de seção re- tangular. Página 4 de 8 No modelo ilustrado na Fig. 7, mostramos o que aconteceria se não houvesse uma tensão de cisalha- mento atuando entre as duas vigas sobrepostas. (a) (b) Figura 7: Flexão de duas vigas separadas. Observando a Fig. 6c, constrúıda a partir da condição de equiĺıbrio estático na qual a estrutura se encontra, conclúımos que as tensões de cisalhamento horizontais e verticais possuem a mesma intensidade para o elemento mn analisado. A análise da Fig. 8b nos permite escrever as se- guintes relações: σ1 = − M I y e σ2 = − (M + dM) I y. Podemos afirmar que a tensão de cisalhamento τ será nula se os momentos fletores nas seções mn e m1n1 forem iguais. Analisaremos o equiĺıbrio de forças horizontais no elemento da Fig. 8e que é resultado da integração das tensões normais e de cisalhamento no elemento da Fig. 8c. Podemos afirmar que F1 = ∫ σ1dA = ∫ M I ydA e F2 = ∫ σ2dA = ∫ (M + dM) I ydA; F3 = F2 − F1 ou F3 = ∫ (M + dM) I ydA− ∫ M I ydA = ∫ dM I ydA. As grandezas dM e I são constantes na seção de integração, sendo assim: F3 = dM I ∫ ydA. (11) (a) (b) (c) (d) (e) Figura 8: Análise da tensão de cisalhamento em viga de seção retangular. Página 5 de 8 Se a tensão de cisalhamento τ for uniformemente distribúıda ao longo da largura b da viga, a força F3 também pode ser avaliada como F3 = τbdx, (12) em que bdx é a área abaixo do elemento analisado. Combinando as equações 11 e 12, teremos τ = dM dx ( 1 Ib )∫ ydA (13) As integraissão avaliadas no intervalo y1 ≤ y ≤ h/2, dado que h é a altura da viga (Fig. 8d). Podemos reescrever a equação da tensão de cisa- lhamento como τ = V Q Ib em que Q é o primeiro momento da área que foi considerada para cálculo das forças normais. Distribuição das tensões de cisalhamento em uma viga retangular A grandeza Q é obtida multiplicando a área som- breada (Fig. 9b) pela distância entre o centroide da própria área e a linha neutra. (a) (b) Figura 9: Distribuição das tensões de cisalhamento em viga de seção retangular: (9a) seção transver- sal da viga, e (9b) distribuição de tensões ao longo da altura. Q = b ( h 2 − y1 )( y1 + 1 2 ( h 2 − y1 )) = b 2 ( h2 4 − y21 ) Utilizando a integral, encontramos o mesmo resul- tado: Q = ∫ ydA = ∫ h/2 y1 ybdy = b 2 ( h2 4 − y21 ) . Fluxo do cisalhamento O fluxo do cisalhamento é a força por unidade de comprimento que atua entre as camadas da viga. Força distribúıda horizontalmente como ilustrado no elemento em equiĺıbrio da Figura 8e. Dada a Equação 11, o fluxo de cisalhamento f é dado como f = F3 dx = dM dx 1 I ∫ ydA. A Equação 14 representa o fluxo de cisalhamento. f = V Q I (14) Página 6 de 8 (a) (b) (c) Figura 10: Vigas constrúıdas: áreas utilizadas para cálculo do Q. O cálculo do momento de área Q vai depender da geometria da seção tranversal. A Figura 10 apresenta três tipos de seção transversal e indica as áreas a serem utilizadas para cálculo do Q. Na Figura 10a, a força distribúıda ao longo do plano a − a deve ser resistida por uma solda. Na Figura 10b, a força distribúıda ao longo do plano b− b deve ser resistida por parafusos e, na Figura 10c, as forças se distribuem ao longo dos planos c− c e d− d. Exercı́cios 1 (a) Esboce o gráfico de força cortante e momento fletor para o modelo de viga ilustrado na figura abaixo; (b) Determine as tensões de tração σt e compressão σc máximas. Indique em que ponto da viga tais tensões ocorrem. q = 20,0kN/m; L = 5,0m b = 0,1m 2 Nos itens abaixo, utilize q = 20,0kN/m, L = 6,0m, b = 200mm e h = 400mm. (a) Esboce os gráficos de força cortante e momento fletor para o modelo de viga de acordo com a figura abaixo; (b) Determine as máximas tensões de tração (σt) e compressão (σc). Indique em qual ponto da viga essas tensões ocorrem. 3 Nos itens abaixo, utilize P = 175kN , L = 1500mm, a = 500mm, b = 300mm e h = 250mm. O Carrega- mento q é admitido de forma a manter o equiĺıbrio estático do modelo. (a) Esboce os gráficos de força cortante e momento fletor para o modelo de viga de acordo com a figura abaixo; (b) Determine as máximas tensões de tração (σt) e compressão (σc). Indique em qual ponto da viga essas tensões ocorrem. 4 Nos itens abaixo, utilize P = 6.2kN , L = 3.2m, d = 1.25m, b = 80mm, t = 25mm, h = 120mm e h1 = 90mm. (a) Esboce os gráficos de força cortante e momento fletor para o modelo de viga de acordo com a figura abaixo; (b) Determine as máximas tensões de tração (σt) e compressão (σc). Indique em qual ponto da viga essas tensões ocorrem. Página 7 de 8 5 Considere as duas condições de v́ınculo. (a) Esboce os gráficos de força cortante e momento fletor para os modelos de viga de acordo com a figura abaixo; (b) Determine as máximas tensões normais (σMax) e de cisalhamento (τMax). Indique em qual ponto da viga essas tensões ocorrem. 6 (a) Esboce os gráficos de força cortante e momento fletor para o modelo de viga de acordo com a figura abaixo; (b) Determine as máximas tensões normais (σMax) e de cisalhamento (τMax). Indique em qual ponto da viga essas tensões ocorrem. Referências [1] J. M. Gere. Mecânica dos Materiais. LTC ( Livros Técnicos e Cient́ıficos Editora S/A), 7 edition, 2009. [2] R. C. Hibbeler. Resistência dos Materiais. Pear- son Education do Brasil, 7 edition, 2010. [3] B. . Johnston. Mecânica vetorial para engenhei- ros: Estática. Mc Graw Hill, 1996. [4] B. . Johnston. Resistência dos Materiais. Mc Graw Hill, 1996. Página 8 de 8
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