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C A D E R N O D E B A S E S C I E N T Í F I C A S D A M E D I C I N A Marco s Rodrigue s - @marco s . grm MED 18 MC - 2023 .1 (EPIDEMIOLOGIA E BIOESTATÍSTICA) Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 1 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Epidemiologia - Sumário INTRODUÇÃO: EPIDEMIOLOGIA E A PRÁTICA MÉDICA ...... 3 INTRODUÇÃO ....................................................... 3 Epidemiologia Geral x Epidemiologia Clínica ........... 3 Epidemiologia Geral ...................................... 3 Epidemiologia Clínica .................................... 3 QUESTÃO CLÍNICA .................................................. 3 Tipos de Questão Clínica e Delineamentos Adequados 4 BASES EM EPIDEMIOLOGIA ........................................... 4 Variáveis ..................................................... 4 Desfechos..................................................... 4 Desfechos Clínicos e Desfechos Biológicos ............ 4 Importância dos Números .................................. 5 População e Amostra ....................................... 5 Distorções de Resultados................................... 5 Viés e Variação Aleatória ................................ 5 Validade Externa e Interna ................................ 5 APLICAÇÕES DOS CONHECIMENTOS DA AULA ......................... 6 DIAGNÓSTICO I: CAUSALIDADE E INFERÊNCIA CAUSAL .... 7 INTRODUÇÃO ....................................................... 7 ASSOCIAÇÃO CAUSAL E NÃO CAUSAL ................................ 7 POSTULADOS DE KOCH (1882) ..................................... 7 CARACTERÍSTICAS DE ASSOCIAÇÕES CAUSAIS ......................... 7 Causas e Desfechos ......................................... 7 Causa Necessária e Causa Suficiente ..................... 7 Causas Pouco Específicas ................................... 8 MECANISMO PATOGÊNICO ........................................... 8 INTERAÇÃO DE CAUSA MÚLTIPLAS ................................... 8 ESTABELECIMENTO DA CAUSA ....................................... 8 OS 8 CRITÉRIOS DE BRADFORD HILL (1965) ......................... 8 PESO DAS EVIDÊNCIAS .............................................. 9 CRITÉRIOS QUE CONFIRMAM UMA RELAÇÃO CAUSAL .................. 9 DIAGNÓSTICO: ACURÁCIA, SENSIBILIDADE, ESPECIFICIDADE .................................................10 INTRODUÇÃO ...................................................... 10 Certeza e Probabilidade .................................. 10 RESULTADOS: TESTES E DIAGNÓSTICOS VERDADEIROS ............... 10 PADRÃO OURO (CRITÉRIO PADRÃO OU PADRÃO DE REFERÊNCIA) ..... 10 Testes Diagnósticos em Não Doentes ................. 10 Ausência de Padrão Ouro ............................... 11 Padrão Ouro Imperfeito ................................ 11 SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE ................................... 11 Sensibilidade................................................ 11 Especificidade .............................................. 11 Contrabalanço entre Sensibilidade e Especificidade.. 11 Viés e Acaso ................................................. 12 VALOR PREDITIVO ................................................. 12 Valor Preditivo Positivo ................................... 12 Valor Preditivo Negativo .................................. 12 ACURÁCIA ........................................................ 12 RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA OU DE PROBABILIDADE ................. 12 ESTUDOS DE PREVALÊNCIA/DE CORTE TRANSVERSAL ....13 INTRODUÇÃO ...................................................... 13 Relevância Clínica (Exemplo) ............................ 13 EXECUÇÃO ........................................................ 13 Cálculo da Taxa de Prevalência .......................... 14 Casos (Doença/Desfecho) .............................. 14 População em Risco ..................................... 14 Passo a Passo da Execução do Estudo ................... 14 ABORDAGENS ANALÍTICAS .......................................... 14 Medidas de Associação entre um Fator e um Agravo . 15 Razão de Prevalência (RP) ............................. 15 Odds Ratio de Prevalência (ORP) ...................... 15 Intervalo de Confiança .................................... 15 UTILIDADE DOS ESTUDOS DE PREVALÊNCIA .......................... 15 LIMITAÇÕES E DESVANTAGENS ...................................... 15 ESTUDOS DE COORTE/DE INCIDÊNCIA ....................... 16 INTRODUÇÃO ...................................................... 16 Histórico: John Snow e o Primeiro Estudo de Coorte . 16 Definição .................................................... 16 DESENHO DO ESTUDO ............................................. 16 Grupos ....................................................... 16 Fator de Risco/Proteção .................................. 16 Estudos de Coorte Prospectivo e Retrospectivo ....... 16 PRINCIPAIS USOS .................................................. 17 VANTAGENS E DESVANTAGENS ..................................... 17 Vantagens ................................................... 17 Limitações e Desvantagens ............................... 17 CUIDADOS ........................................................ 17 CÁLCULOS ........................................................ 17 Cálculo da Incidência ...................................... 17 Medidas Específicas de Associação de Variáveis ....... 18 Risco Relativo (RR) ...................................... 18 Risco Atribuível/Redução do Risco Absoluto (RRA) . 18 Risco Atribuível Populacional (RAP) ................ 18 Modelo de COX ........................................... 18 Intervalo de Confiança (IC) ............................ 18 ESTUDOS DE CASO-CONTROLE ............................... 19 INTRODUÇÃO ...................................................... 19 Estudo de Coorte x Estudo de Caso-Controle .......... 19 Características ............................................. 19 CLASSIFICAÇÕES ................................................... 19 Quanto à Definição Epidemiológica dos Casos (Prevalentes e Incidentes) ................................ 19 Quanto à Seleção dos Grupos de Comparação (Pareados e Não Pareados) ............................................ 19 SELEÇÃO DOS GRUPOS CASO E CONTROLE .......................... 20 Critérios Básicos para Composição dos Grupos Caso e Controle ..................................................... 20 Comparabilidade dos Grupos Caso e Controle ....... 20 Fontes de Casos e Controles .............................. 20 COLETA DOS DADOS ............................................... 20 TESTE DE HIPÓTESES E VERIFICAÇÕES DE ASSOCIAÇÕES .............. 21 Medidas de Associação .................................... 21 Odds Ratio (OR) .......................................... 21 ALGUNS FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR O ESTUDO .............. 22 Tamanho da Amostra ...................................... 22 Variáveis de Confusão e a Importância dos Estudos Pareados .................................................... 22 Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 2 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. VANTAGENS E LIMITAÇÕES .........................................22 Vantagens ................................................... 22 Limitações e Desvantagens ............................... 22 ENSAIOS CLÍNICOS ..............................................23 INTRODUÇÃO ...................................................... 23 DESENHO DO ESTUDO.............................................. 23 Critérios de Inclusão e Exclusão ......................... 23 Ensaios Clínicos Multicêntricos e Unicêntricos ........ 24 Ensaios Clínicos Controlados ............................. 24 Garantia do Benefício de uma Intervenção .......... 24 Usos do Placebo ............................................ 24 Ensaios Clínicos Randomizados ........................... 24 Formas de Realizar a Randomização .................. 25 Ocultação da Sequência de Randomização ........ 25 Ensaios Clínicos Avaliados pelo Princípio da Intenção de Tratar ................................................. 25 Estudos Cegos ............................................... 25 Estudos Abertos, Cegos e Duplo Cegos ............... 25 IMPORTÂNCIA DA SEMELHANÇA DOS GRUPOS CONTROLE E INTERVENÇÃO .................................................................. 26 TRATAMENTO DOS GRUPOS AO LONGO DO ESTUDO .................. 26 Seguimento dos Participantes ............................ 26 Perdas de Seguimento .................................. 26 ANÁLISE DO DESFECHO ............................................ 26 ANÁLISE DE SUBGRUPOS ........................................... 27 FASES DE EXPERIMENTAÇÃO ........................................ 27 Fases ......................................................... 27 REVISÕES SISTEMÁTICAS E METANÁLISES ...................28 INTRODUÇÃO ...................................................... 28 Estudos Originais e Estudos de Revisão ................. 28 Estudos Originais ........................................ 28 Estudos de Revisão ...................................... 28 Revisões Tradicionais/Narrativas ........................ 28 REVISÕES SISTEMÁTICAS E METANÁLISES ............................ 28 Principais Características ................................. 28 Elementos ................................................... 29 Seleção de Estudos ......................................... 29 Viés de Publicação ...................................... 29 Análise da Qualidade Científica dos Estudos......... 29 Apresentação dos Resultados (Gráfico de Floresta) .. 29 Metanálises ................................................. 30 Características Específicas ............................. 30 Metanálise Cumulativa .................................. 31 Vantagens e Desvantagens ................................ 31 Principais Vantagens .................................... 31 Principais Desvantagens ................................ 31 Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 3 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Introdução: Epidemiologia e a Prática Médica Introdução Epidemiologia Geral x Epidemiologia Clínica Epidemiologia Geral -DEFINIÇÃO: Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas. Possui instrumental específico para análise do perfil de saúde-doença na POPULAÇÃO → Foco na POPULAÇÃO GERAL e no COLETIVO -ANALISA: Distribuição e fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e os eventos associados à saúde coletiva -CAPAZ DE PROPOR: Medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças. Possibilita aclarar questões levantadas pelas rotinas das ações de saúde, produzindo novos conhecimentos -FORNECE: Indicadores que servem de suporte ou planejamento à administração e à avaliação das ações de saúde -PRINCIPAL OBJETIVO: Contribuir para a melhoria da qualidade de vida e soerguimento do nível de saúde da população -ÁREA MUITO ÚTIL PARA A GESTÃO EM SAÚDE: Quais são os principais problemas de saúde daquela população? Onde aplicar mais recursos? Onde focalizar determinadas políticas públicas? • OBS: Apesar disso, também é fundamental que o médico tenha esse conhecimento para entender as demandas da comunidade onde seus pacientes estão inseridos Conhecimento, por parte do médico, de que “A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE NA POPULAÇÃO BRASILEIRA são as DOENÇAS CARDIOVASCULARES” → Essa informação pode dar ao médico um diagnóstico mais ou menos provável Epidemiologia Clínica -DEFINIÇÃO: Ciência básica para a medicina clínica, que estuda eventos clínicos em um GRUPO DE PACIENTES SIMILARES usando métodos científicos rigorosos e adequados → Foco em PACIENTES INDIVIDUAIS ou GRUPOS DE PACIENTES SIMILARES -UTILIZA: Conhecimentos fisiológicos, químicos e histopatológicos para compreender e tratar a doença e os doentes -OBJETIVO: Produzir informações válidas e acuradas necessárias ao cuidado dos pacientes -OBS: Embora haja o termo “clínica”, a epidemiologia clínica pode ser aplicável em qualquer área, incluindo a prática cirúrgica -PASSOS PARA A TOMADA DE DECISÃO EM MEDICINA: Prática da Medicina Baseada em Evidências (MBE) → Usar o conhecimento científico para oferecer ao paciente a melhor medicina disponível atualmente 1. Geração de evidências 2. Busca das evidências 3. Avaliação crítica das evidências 4. Aplicação das evidências 5. Síntese das evidências -AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIAS: Produzir estudos para tentar responder à pergunta (que também pode ser a pergunta de outros profissionais) Por que TRATAR o paciente com uma droga X, e não com uma droga Y? Porque há EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS SUFICIENTES provando que a droga X é MAIS EFICAZ Por que NÃO utilizar uma conduta Z em uma determinada situação? Porque há EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS SUFICIENTES provando que a conduta Z NÃO É EFICAZ quando aplicada em situações semelhantes à situação em questão A experiência acumulada ao longo do tempo exercendo a medicina NÃO é mais importante do que as evidências científicas → Não é porque você tomou uma conduta X que deu certo com um número Z de pacientes que essa conduta será considerada a mais adequada Questão Clínica -QUESTÃO CLÍNICA: Surge na prática médica quando estamos tratando algum paciente, podendo virar objeto de pesquisa em busca de uma resposta -FONTES DE INFORMAÇÃO PARA POSSÍVEIS PERGUNTAS CLÍNICAS: • PELA EXPERIÊNCIA CLÍNICA/CONHECIMENTO PRÓPRIO: Adquirida pelo tempo de exercício da profissão • OPINIÃO DE COLEGAS CONFIÁVEIS: Que tenham experiência no assunto em questão • PESQUISA CLÍNICA E LITERATURA CIENTÍFICA: A mais importante e preferível, pois é a fonte mais segura e mais sólida que irá fornecer informações de fato verdadeiras a respeito da conduta a ser tomada -CARACTERÍSTICAS DE UMA BOA QUESTÃO CLÍNICA: Uma boa questão clínica, para ser respondida por estudos científicos, deve ser: • FACTÍVEL: Possível de ser respondida pelo conhecimento científico • INTERESSANTE: Precisa despertar a curiosidade da comunidade científica em responde-la • NOVA: O que já está respondido na comunidade científica não precisa ser respondido novamente • ÉTICA: A questão clínica não deve submeter ninguém a experimentos que causam danos ou coloquem os pacientes em risco • RELEVANTE: Precisa ter alguma aplicação prática Última modificação em: 24/07/2023MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 4 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Tipos de Questão Clínica e Delineamentos Adequados -QUESTÃO CLÍNICA RELACIONADA À: • ETIOLOGIA OU RISCO: Estudos de Coorte ou caso- controle Quais os fatores que contribuem para que uma pessoa tenha diabetes? → Dúvida em relação à CAUSA, ETIOLOGIA OU RISCO → Estudos de Coorte ou caso-controle como o mais indicado • DIAGNÓSTICO: Estudo de acurácia Para validar uma suspeita diagnóstica X, é melhor solicitar uma TC com ou sem contraste → Dúvida em relação ao DIAGNÓSTICO → ESTUDO DE ACURÁCIA como o mais indicado • INTERVENÇÃO OU TRATAMENTO: Ensaio Clínico controlado randomizado Para uma doença X, é melhor solicitar uma droga A ou uma droga B? → Dúvida em relação à INTERVENÇÃO OU TRATAMENTO → Ensaio Clínico controlado randomizado como o mais indicado • PROGNÓSTICO: Estudos de Coorte Qual a chance de um paciente diabético se tornar nefropata em decorrência do diabetes? → Dúvida em relação ao PROGNÓSTICO → Estudos de Coorte como o mais indicado “Homem, 56 anos, tabagista, portador de HAS, queixa-se de dor retroesternal ao subir ladeiras há cerca de 2 semanas. Observa melhora quando em repouso. Diz que além de subir ladeiras, outros esforços físicos também lhe causam dor” -POSSÍVEIS PERGUNTAS FEITAS PELO MÉDICO: • Até que ponto os diversos testes diagnósticos distinguem entre as possíveis causas de dor torácica? → Questão relacionada à DIAGNÓSTICO • Qual a probabilidade de outras complicações? A doença encurtará a vida do paciente? → Questão relacionada a PROGNÓSTICO • A redução dos fatores de risco para DAC reduz o risco da doença? → Questão relacionada ao RISCO • Em uma pessoa sem sintomas/doença, uma intervenção impede o surgimento da DAC? → Questão relacionada à PREVENÇÃO -OBS: É preciso ter em mente o real impacto que uma determinada intervenção relacionada a fatores de risco pode causar na vida do paciente que está sendo tratado → É necessário colocar na balança os benefícios e malefícios diante daquele paciente em específico: • Retirar o cigarro de um idoso de 70 anos que fuma desde a adolescência realmente seria realmente benéfico ou pioraria sua qualidade de vida? • Recomendar a prática de exercício físicos para quem detesta fazer exercícios realmente traria qualidade de vida a esse paciente? Bases em Epidemiologia Variáveis -VARIÁVEIS: Atributos/características dos pacientes ou dos eventos clínicos -VARIÁVEIS INDEPENDENTES/EXPLICATIVAS/PREDITORAS: Variáveis que explicam a CAUSA OU O SURGIMENTO do evento, desfecho ou consequência Ser homem, tabagista, portador de HAS e ter 56 anos → Explicam o motivo do paciente ter Doença Arterial Coronariana Possui dor retroesternal do tipo “em aperto” ao esforço → Explicam o motivo do paciente ter Doença Arterial Coronariana (evento/desfecho) -VARIÁVEIS DEPENDENTES/DESFECHOS: Variáveis que representam o efeito final, consequência ou desfecho Trata-se do resultado das características do(s) paciente(s) ou do(s) evento(s) Paciente ter Doença Arterial Coronariana (DAC) -VARIÁVEIS EXTERNAS: Variáveis que não influenciam no desfecho. São características presentes no evento, mas não são nem causa nem desfecho O paciente diagnosticado com DAC apresenta sinusite crônica, olhos azuis e é míope → Essas características não possuem relação com as variáveis explicativas ou com o desfecho Desfechos -DESFECHOS: Eventos que queremos entender, prever, interpretar e modificar quando cuidamos de um paciente -DESFECHOS MAIS IMPORTANTES (6): Eventos que possuem maior impacto na vida do paciente, devendo ser evitados pelo médico quando for prescrever o tratamento. Todos começam com a letra “D” em inglês: • DEATH: Morte • DISEASE: Doença • DISCOMFORT: Sintomas • DISABILITY: Deficiência funcional • DISSATISFACTION: Descontentamento e redução de qualidade de vida • DESTITUITION: Despesas e gastos com tratamento Ao prescrever uma medicação para um paciente diabético, além de controlar a glicemia, o médico deve ter a certeza de que a medicação também evite infarto, AVC e outros desfechos desfavoráveis → Deve-se PENSAR NOS DESFECHOS PRINCIPAIS, e não somente na redução da taxa glicêmica Desfechos Clínicos e Desfechos Biológicos -DESFECHOS CLÍNICOS/DURO/PRINCIPAL: Possui um impacto maior. Aquilo que de fato precisa ser previsto, interpretado ou modificado • EXEMPLOS: Morte, AVC hemorrágico, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)... -DESFECHOS BIOLÓGICOS/MOLE/SUBSTITUTO: Possui um impacto intermediário e secundário • EXEMPLOS: Redução de arritmias, redução de pressão arterial para valores mais próximos ao normal, redução do colesterol e da glicemia... Paciente com arritmia ventricular (EEVV) (DOENÇA) → Tratamento prescrito com uso de fármacos (INTERVENÇÃO) → Arritmias são reduzidas (DESFECHO BIOLÓGICO), mas o uso desse fármaco aumentou a probabilidade de morte súbita (DESFECHO CLÍNICO) → O medicamento interferiu apenas no DESFECHO BIOLÓGICO, e não no DESFECHO CLÍNICO (pois aumentou a mortalidade) Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 5 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Importância dos Números -EXATIDÕES E PROBABILIDADES: “A medicina é a ciência da incerteza e a arte da probabilidade” → Diagnósticos não são certezas, mas estimações de probabilidades PACIENTE: “Vou ficar bom?” MÉDICO PRECISA RESPONDER COMO PROFISSIONAL E NÃO COMO AMIGO: Você tem uma alta/baixa probabilidade de ficar bom, pois a maioria dos pacientes nessas mesmas condições e nesta mesma terapêutica evoluem bem/mal -IMPRESSÕES, INTUIÇÕES E CRENÇAS: Também são importantes na prática médica, mas apenas quando somadas a uma base sólida de informações numéricas O tabagismo aumenta o risco de morte em qualquer idade → Informação imprecisa O tabagismo dobra o risco de morte em qualquer idade → Informação muito mais precisa População e Amostra -POPULAÇÃO: TODAS as pessoas em um cenário definido ou com certas características definidas -AMOSTRA: SUBCONJUNTO de pessoas em uma população definida. Para ser uma AMOSTRA REPRESENTATIVA e refletir confiavelmente a população, precisa ter CRITÉRIOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS • É ÚTIL PARA FAZER INFERÊNCIAS APÓS O ESTUDO: Julgamento racional com base em dedos de que as características da amostra se assemelham àquelas da população de origem → Concluir que o que acontece com aquela amostra acontece com a população como um todo • AMOSTRA PROBABILÍSTICA: Cada membro da população tem uma PROBABILIDADE IGUAL (OU CONHECIDA) DE SER SELECIONADO. Podem produzir amostras extraordinariamente semelhante à população de origem → A inferência torna-se muito mais confiável • AMOSTRA NÃO PROBABILÍSTICA: Obtidas por ACASO OU CONVENIÊNCIA. Podem não representar corretamente a população de origem (pode prejudicar a inferência) Distorções de Resultados -CONCLUSÕES VÁLIDAS, VERDADEIRAS, APLICÁVEIS E RELEVANTES: Necessário analisar se há distorções no estudo que o tornem inválido, inaplicável ou irrelevante (enviesado) • OBS: Não é porque um estudo está publicado na melhor revista que ele não está enviesado. É preciso que haja a leitura e identificação do viés CONCLUSÃO DO ESTUDO: “Pacientes com hernia inguinal quepassam por cirurgia laparoscópica, aparentemente sofrem menor dor pós-operatória e retornam mais rápido ao trabalho que aqueles que são submetidos à cirurgia aberta tradicional” -AVALIAÇÕES CRÍTICAS: Os resultados são realmente melhores? → Evita que o leitor assuma qualquer estudo como verdadeiro, válido, aplicável e relevante • A laparoscopia é mais indicada para pacientes em melhor estado? → Se a resposta for sim, os resultados não refletem a técnica em si, e sim às condições prévias de saúde dos pacientes • Causa menos dor porque o procedimento é novo ou porque a cicatriz é menor? • Os cirurgiões perguntam menos sobre dor a paciente submetidos a cirurgia laparoscópica? Talvez sim porque os cirurgiões não esperam que essa seja uma queixa frequente no pós-operatório → Nesse caso, não necessariamente a dor foi menos frequente de fato, e sim porque foi menos indagada • Os pacientes submetidos à cirurgia laparoscópica são instruídos a retornar mais precocemente ao trabalho? Ou porque de fato possuem uma condição clínica pós- operatória melhor que permite o retorno precoce? Viés e Variação Aleatória -VIÉS/ERRO SISTEMÁTICO: Processo, em qualquer estágio da inferência, com tendência a produzir resultados que se afastem sistematicamente dos valores verdadeiros. O enviesamento ocorre por um erro na METODOLOGIA do estudo (em como o estudo foi feito ou em como os pacientes foram selecionados) → Tende a distorcer a situação para uma mesma direção e é um erro possível de ser evitado Se houve prioridade na seleção de pacientes jovens para um estudo sobre melhor recuperação de pacientes submetidos a uma cirurgia laparoscópica, o estudo está ENVIESADO, pois houve favorecimento de pacientes jovens em relação aos idosos para provar a hipótese → Distorção/tendência colocada por falha na metodologia do estudo -ACASO/VARIAÇÃO ALEATÓRIA: Divergência entre a observação em uma amostra e o valor verdadeiro na população deve-se exclusivamente ao acaso. Não se deve a erros do método, e sim da amostra → Tende a distorcer o resultado tanto acima quanto abaixo do valor verdadeiro ↑ Tamanho da amostra = ↓ Chance de acaso ↓ Tamanho da amostra = ↑ Chance de acaso Validade Externa e Interna -VALIDADE EXTERNA: Capacidade de generalização ou extrapolação de resultados (o que aconteceu com a amostra também vale para a população). Grau de veracidade dos resultados de uma observação em outros cenários • AVALIAÇÃO DA VALIDADE EXTERNA: Para que uma conclusão tenha validade externa, é necessário avaliar se a população externa em questão é semelhante à população/amostra em que o estudo foi realizado -VALIDADE INTERNA: Grau em que os resultados de um estudo estão corretos para a amostra de pacientes sob análise. Os resultados só são válidos para quem foi estudado, não tendo utilidade para populações externas (a extrapolação não é possível) -OBSERVAÇÕES CLÍNICAS ÚTEIS: O estudo a ser levado em consideração na tomada de decisão precisa ter validade interna e externa Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 6 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Aplicações dos Conhecimentos da Aula -UTILIZAR ARTIGOS CIENTÍFICOS: Responder perguntas: • Qual o problema que gerou a pesquisa? → Encontrado na INTRODUÇÃO • Qual a proposta dos autores para solucionar o problema? → Encontrado na METODOLOGIA • Quais as VARIÁVEIS definidas? • Quais os DESFECHOS definidos? • A pesquisa utilizou uma POPULAÇÃO OU UMA AMOSTRA? Qual? -QUAL PROBLEMA GEROU A PESQUISA? • A aterosclerose é a principal causa de morbimortalidade no mundo ocidental, sendo a Síndrome Coronariana Aguda uma de suas principais manifestações • Ainda são discutíveis os fatores desencadeantes • Dentre os eventos explorados como possíveis gatilhos de estresse emocional, as partidas desportivas são foco de estudo, pela ampla repercussão populacional • Relatos de associações entre partidas de futebol e taxas de doença e morte por causas cardíacas têm sido controversos • Supõe-se que as partidas da copa do mundo envolvendo a seleção brasileira poderiam ser um gatilho forte o suficiente para aumentar a incidência de emergências cardiovasculares As partidas de futebol envolvendo a seleção brasileira durante a Copa do Mundo são fatores desencadeantes de Síndrome Coronariana Aguda? -QUAL A PROPOSTA DOS AUTORES PARA SOLUCIONAR O PROBLEMA? • DELIMITAÇÃO DO PERÍODO: 1 de maio – 31 de agosto dos anos de 1998-2010 • POPULAÇÃO/AMOSTRA: SCA que culminaram em internamento ou óbito intra-hospitalar e que tenham recebido o diagnóstico de angina e IAM o ESTUDO POPULACIONAL: Como usaram dados do DataSUS, houve informação de todos os eventos que ocorreram no período delimitado, não sendo necessárias amostras • VARIÁVEIS: Divisão da população em 3 grupos o GRUPO 1: Internamentos/mortes em datas sem jogos da copa do mundo o GRUPO 2: Em datas sem jogos do Brasil o GRUPO 3: Em datas dos jogos do Brasil • DESFECHO: Internamento por IAM e óbito REFERÊNCIAS Aulas e slides do professor Sandro + minhas anotações Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 7 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Diagnóstico I: Causalidade e Inferência Causal Introdução -É RESPONSABILIDADE DO MÉDICO IDENTIFICAR A CAUSA DO PROBLEMA: O entendimento da causa é necessário para que o tratamento mais adequado e assertivo seja aplicado “O médico que não for capaz de informar ao paciente qual seria a provável causa de sua queixa, se for permitido que ela siga o curso natural, não está qualificado para prescrever nenhum tratamento racional para a sua cura.” -Hipócrates -CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: Baseados em SINTOMAS, SINAIS, HISTÓRIA CLÍNICA e RESULTADO DE TESTES • PODEM SE MODIFICAR RAPIDAMENTE: Pelo avanço científico, aperfeiçoamento de técnicas diagnósticas ou pelo contexto que estão sendo utilizados Associação Causal e Não Causal -ASSOCIAÇÃO NÃO CAUSAL: Uma NÃO depende da outra • EXEMPLO: “Tabagismo em obstetras leva a menores escores de Apgar em recém nascidos” → Associação NÃO CAUSAL, por que essa relação aparentemente não possui relação lógica -ASSOCIAÇÃO CAUSAL: Uma causa tem relação com a outra • Possui associação com sentido de causa e efeito (associação causal) • Depende do conhecimento científico da época • EXEMPLO: “O hábito de lavar as mãos por obstetras evita a sepse puerperal” → Associação CAUSAL, por que há uma relação de causa e efeito que se sabe que tem relação lógica -ASSOCIAÇÃO ≠ CAUSA: Para ser uma ASSOCIAÇÃO CAUSAL, é necessário que haja entendimento dessa associação sob o aspecto de: • Etiologia • Patogênese • Mecanismos • Fatores de risco -IMPORTÂNCIA DE IDENTIFICAR A CAUSA: Permite que haja: • Tratamento • Prevenção • Diagnóstico J.C.P.M 26 anos, apresenta PCR durante partida de futebol. Após 40 min de RCP, os esforços são suspensos por falha em conseguir retorno à circulação espontânea → Importância de conhecer a causa para formular estratégias dePREVENÇÃO A.M.F 38 anos, tabagista, relata sobre astenia, tosse e inapetência há 2 dias → Importância de conhecer a causa para dar o DIAGNÓSTICO C.A.G 75 anos, queixa-se de perda de peso e aparecimento de “caroço” em epigástrico há 3 meses → Importância de conhecer a causa para definir o TRATAMENTO mais adequado Postulados de Koch (1882) -BUSCAVA DETERMINAR: Se um organismo vivo específico causava uma doença particular, devendo atender aos critérios: • O organismo precisa estar presente em todos os casos da doença • O organismo precisa ser isolado e cultivado em uma cultura pura • O organismo precisa causar uma doença específica quando inoculado em um animal • O organismo precisa ser recuperado e identificado -SÓ SE APLICA EM DOENÇAS INFECCIOSAS: Não é tão útil hoje porque não pode ser aplicado, por exemplo, em muitas doenças crônicas e não infecciosas (que é a principal causa de adoecimento em vários países) Características de Associações Causais Causas e Desfechos -UMA CAUSA, UM DESFECHO: HIV pode levar à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) O agente (HIV) é o único causador da doença (SIDA) e a doença (SIDA) só pode ser causada por aquele agente → Relação de ALTÍSSIMA ESPECIFICIDADE → Forte chance de ser uma relação de causalidade -UMA CAUSA, MÚLTIPLOS DESFECHOS: Tabagismo pode levar à Doença Arterial Coronariana (DAC), DPOC, úlcera péptica, câncer de pulmão, câncer de bexiga... -MÚLTIPLAS CAUSAS, UM DESFECHO: HAS, tabagismo, inflamação, DM, hereditariedade podem levar à Doença Arterial Crônica (DAC) Causa Necessária e Causa Suficiente -CAUSA NECESSÁRIA: Quando só ela pode realizar um desfecho • TUBERCULOSE: Há diferentes componentes para a ocorrência de tuberculose, mas a infecção pelo Mycobacterium tuberculosis é uma causa necessária para que a doença aconteça -CAUSA NECESSÁRIA E SUFICIENTE: Está presente sempre que algo ocorre e este algo não acontece se ela não estiver presente. É necessário para que o efeito ocorra e somente ela é suficiente para tal • TRISSOMIA DO CROMOSSOMO 21: É causa necessária e suficiente para que a Síndrome de Down ocorra -CAUSA NECESSÁRIA, MAS NÃO SUFICIENTE: Se estiver ausente, o efeito não ocorre, mas se estiver presente, não significa que o efeito necessariamente irá ocorrer • GRIPE: Exposição ao vírus não é suficiente para causar a doença (também envolve a imunocompetência) → Vírus é necessário, mas não suficiente para desenvolver gripe Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 8 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Causas Pouco Específicas -CAUSAS POUCO ESPECÍFICAS: Diversas possibilidades podem chegar a um determinado desfecho • EXEMPLO: Morte por violência de trânsito (pode ter sido causado por acesso a arma de fogo, falta de cinto de segurança, condições sociais, direção sob influência de álcool e drogas, excesso de velocidade, etc.) Mecanismo Patogênico -IMPORTÂNCIA DO ENTENDIMENTO DO MECANISMO PATOGÊNICO: Ajuda a traçar estratégias para impedir que o mecanismo ocorra → Definição de tratamentos que atuem em diferentes frentes • ARTERIOSCLEROSE: Sabe-se sobre o mecanismo da placa de ateroma, que culmina como uma das causas da Síndrome Coronariana Aguda (infarto) → Há uma relação causal entre arteriosclerose e a Síndrome Coronariana Aguda • REDUÇÃO DO LDL: Sabe-se que a redução de LDL inibe a enzima HGM-CoA redutase, melhorando os desfechos cardiovasculares → Há uma relação causal entre a redução do LDL e a melhoria dos desfechos cardiovasculares -NEM SEMPRE SERÁ POSSÍVEL ENTENDER TODOS OS MECANISMOS: Entretanto, isso não é justificativa para não tentar entender a situação e intervir (etiologia, patogênese, mecanismos e fatores de risco) • As relações entre tabagismo e o câncer de pulmão só foram completamente compreendidos nas últimas décadas → Entretanto, mesmo sem compreender o fenômeno na época, medidas de saúde pública já eram instituídas para reduzir o número de fumantes e mortes por câncer de pulmão • O entendimento do porquê o hábito de lavar as mãos por obstetras reduzia a sepse puerperal só foi compreendido muito tempo depois → Mesmo sem explicação do porquê na época, somente os indícios da associação causal eram suficientes para que a lavagem das mãos fosse aplicada a fim de evitar complicações • Sabe-se que a psicoterapia melhora quadros depressivos, mas ainda não se sabe como isso ocorre a nível molecular → Entretanto, o desconhecimento do mecanismo não é uma justificativa para negar a eficácia da psicoterapia na melhoria dos quadros depressivos Interação de Causa Múltiplas -INTERAÇÃO BIOLÓGICA E INTERAÇÃO ESTATÍSTICA: Não são iguais, de modo que a interação estatística não reflete a real interação biológica → A real interação biológica não obedece à soma dos riscos individuais • Quando há presença de múltiplos fatores, a interação biológica real de todos juntos representa um valor totalmente diferente do que a simples soma de todos os riscos individuais Estabelecimento da Causa -ESTABELECENDO UMA VARIÁVEL COMO CAUSA DE UM DESFECHO: É necessário: • Afastar a possibilidade do VIÉS (afastar subjetividade) • Afastar a possibilidade do ACASO (maximizar a amostra) • Afastar a possibilidade do CONFUNDIMENTO (outra variável que não é a causa do desfecho) “Evolução pós-operatória após a Cirurgia de Revascularização Miocárdica (CRM) era pior em mulheres” → O sexo era realmente um fator causal para a evolução desfavorável? ... Descobriu-se, posteriormente, que a evolução do pós- operatório após a CRM era pior para vasos menos calibrosos → Será que essa evolução desfavorável não é em decorrência do vaso ser mais fino? ... A verdadeira causa da evolução desfavorável é o diâmetro do vaso, e não o sexo (que atuou como variável de confundimento) RESULTADO: Homens com diâmetro arterial menor também tinham evolução desfavorável Verificou-se que pessoas que tiveram infarto ingeriam mais café → O café era fator de risco para infarto? ... Posteriormente, descobriu-se que quem era tabagista ingeria mais café → Na verdade, a verdadeira causa dos infartos era o tabagismo, e não o café (que atuou como variável de confusão) Os 8 Critérios de Bradford Hill (1965) -OS 8 CRITÉRIOS DE BRADFORD HILL: São úteis para auxiliar no estabelecimento de uma associação causal 1. TEMPORALIDADE: As causas devem preceder os efeitos (a causa surgiu antes do efeito) O sobrepeso (causa) antecede a morte por doença cardiovascular (desfecho) 2. FORÇA DA ASSOCIAÇÃO: Quanto maior a associação, maior a chance de ser uma relação causal. Fortes associações atuam como melhores evidências para uma relação causal do que uma associação fraca Tabagismo e câncer renal com risco relativo (RR) = 1,47 comparado a quem não era tabagista → MENOS PROVÁVEL de que o tabagismo realmente seja a causa do câncer renal Hepatite B e desenvolvimento de hepatocarcinoma com risco relativo (RR) >200 comparado a quem não teve hepatite B → MUITO PROVÁVEL que a hepatite B esteja relacionada com o desenvolvimento do hepatocarcinoma (relação causal) Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 9 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografiascomplementares. 3. RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA: O aumento sucessivo da exposição à suposta causa é seguido por um efeito cada vez maior • Se aumentar a dose e aumentar o efeito, provavelmente se trata de uma associação causal • AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA: Evidência relativamente fraca (mas não ausente) contra causalidade Aumentando a carga tabágica, há maior probabilidade de desenvolver câncer de pulmão 4. ASSOCIAÇÕES REVERSÍVEIS: Um fator tem maior probabilidade de ser uma causa sempre que a sua remoção resultar na redução do risco de um desfecho Redução do tabagismo reduz o risco de mortalidade = Forte indicativo de que o tabagismo é causa de mortalidade 5. CONSISTÊNCIA: Quando estudos conduzidos em diferentes épocas, diferentes cenários e com tipos diferentes de pacientes chegam à mesma conclusão • OBS: A causalidade é especialmente apoiada quando estudos que usam diferentes delineamentos, com formas e fraquezas complementares, levam ao mesmo resultado porque os estudos que utilizam o mesmo delineamento podem incorrer no mesmo erro Estudos realizados em diversos países e em diferentes épocas concluindo que o consumo de fibras reduz o surgimento do câncer de cólon → Foram estudos em épocas diferentes, populações diferentes e desenhos diferentes mostrando o mesmo resultado → Garantia de uma CONSISTÊNCIA à relação causal 6. PLAUSIBILIDADE BIOLÓGICA: A causa e o efeito são consistentes com o nosso conhecimento sobre o mecanismo da doença • DEPENDE DO CONHECIMENTO DA ÉPOCA: O que é biologicamente plausível depende do estado do conhecimento médico no momento 7. ESPECIFICDADE: A presença de especificidade é uma evidência forte para a causalidade. Ausência de especificidade é uma evidência contra a relação de causa e efeito O HIV é o único causador da AIDS e a AIDS só pode ser causada pelo HIV→ Relação de ALTÍSSIMA ESPECIFICIDADE → Forte chance de ser uma relação de causalidade 8. ANALOGIA: Causas já bem estabelecidas são análogas àquela em questão “O tabagismo realmente causa câncer de pulmão?” Sabe-se que toxinas ambientais (asbesto, arsênico e urânio) causam câncer de pulmão → O tabagismo tem uma forte evidência de ser causa de câncer de pulmão Peso das Evidências -PESO DAS EVIDÊNCIAS: Quanto mais forte o desenho do estudo, maior a chance de que as associações mostradas por ele sejam causais • TOPO: Estudos com maior nível de evidência → Argumentos mais fortes e consistentes. Revisões sistemáticas e metanálises • BASE: Estudos com menor nível de evidência → Argumentos mais fracos. Opiniões de especialistas, relatos de caso Critérios que Confirmam uma Relação Causal REFERÊNCIAS Aulas e slides do professor Sandro + minhas anotações Resumo de Epidemiologia – Carol Andrade Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 10 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Diagnóstico: Acurácia, Sensibilidade, Especificidade Introdução -DIAGNÓSTICO CLÍNICO: É necessário utilizar vários instrumentos e técnicas: • Anamnese e exame físico (suficientes para o diagnóstico na maioria dos casos) • Exame laboratorial e de imagem • Conjunto de achados (exame clínico + exames complementares) • Cirurgia exploradora (cirurgia com finalidade diagnóstica) • Biópsia (histopatológico/citopatológico...) • Acompanhamento com rastreamento (realizado quando o diagnóstico não é fechado) -MUITAS VEZES, NÃO É POSSÍVEL FECHAR O DIAGNÓSTICO: É muito difícil chegar nos 100% de certeza -SOLICITAÇÃO DE EXAMES COMPLEMENTARES: São complementares ao diagnóstico, só devendo ser usados quando não há certeza do diagnóstico ou quando há necessidade uma confirmação indubitável para iniciar uma terapêutica • PROBLEMÁTICA DOS EXAMES COMPLEMENTARES: Muitos são solicitados de forma desnecessária • DEVEM SER PESADOS OS RISCOS E BENEFÍCIOS: Alguns podem gerar danos • EXAMES DE RASTREAMENTO ≠ EXAMES PARA DIAGNÓSTICO: Nos exames de rastreamento, justifica-se seu uso em assintomáticos Suspeita de embolia pulmonar (pode levar ao óbito em poucas horas) tendo todo o arsenal de exames de diagnóstico a seu dispor, qual utilizar? O exame ideal é aquele com a maior precisão e com a menor margem de erro, mesmo que o exame traga algum risco ao paciente = Exame com a maior capacidade diagnóstica Certeza e Probabilidade -CERTEZA: Na maioria das vezes, não ocorre na Medicina → Trabalha-se com MAIORES OU MENORES PROBABILIDADES que guiam as decisões Submeter-se a um tratamento de alto risco diante de uma chance de diagnóstico de 40% → Solicitação de um exame complementar para aumentar a chance de diagnóstico -POSSÍVEIS DESFECHOS APÓS SOLICITAÇÃO DOS EXAMES COMPLEMENTARES: • AJUDA A REDUZIR O GRAU DE INCERTEZA: Ajuda a chegar ou excluir um diagnóstico (exame + alterações compatíveis com a hipótese) • AUMENTA O ENTENDIMENTO DO GRAU DE INCERTEZA: Quando há suspeita de uma doença, mas os resultados dos exames acusam normalidade, havendo necessidade de descartar o diagnóstico anterior • AUMENTA O NÍVEL DE INCERTEZA: Quando os exames complementares dificultam o diagnóstico (exame normal ou alterado com informações não compatíveis com a hipótese) Resultados: Testes e Diagnósticos Verdadeiros -VERDADEIRO POSITIVO: Doença presente + exame positivo → Situação em que o exame aumenta o grau de CERTEZA de uma hipótese -FALSO POSITIVO: Doença ausente + exame positivo → Situação em que o exame aumentou o grau de INCERTEZA -VERDADEIRO NEGATIVO: Doença ausente + exame negativo → Situação em que o exame aumenta o grau de CERTEZA de uma hipótese -FALSO NEGATIVO: Doença presente + exame negativo → Situação em que o exame aumentou o grau de INCERTEZA • SE A HIPÓTESE AINDA PERMANECER MUITO FORTE: Repetir o exame (pode ter sido mal aplicado), solicitar outro mais sensível ou de maior precisão... Padrão Ouro (Critério Padrão ou Padrão de Referência) -EXAME QUASE PERFEITO: É aquele que mais se aproxima da verdade em saber se a doença está realmente presente ou não (identificação sólida da verdade) • NÃO NECESSARIAMENTE É O MAIS FREQUENTEMENTE UTILIZADO: Muitos exames padrão ouro são ARRISCADOS, COMPLEXOS e CAROS • QUANDO HAVERÁ INDICAÇÃO DE PADRÃO OURO: Quando testes preliminares (mais acessíveis, menos complexos e menos arriscados) dão positivos e é necessário confirmar o diagnóstico e ter a certeza para iniciar a terapêutica correta PADRÃO OURO NA PNEUMONIA: Não é a radiografia de tórax ou exame de escarro (mais usado, simples, barato) e sim a BIÓPSIA (apesar de ser invasiva, cara e complexa, por isso não é frequentemente utilizada) PADRÃO OURO NO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: Não é o ECG ou marcadores de necrose miocárdica, e sim o CATETERISMO (complexo, invasivo, caro, difícil acessibilidade e interpretação...) Testes Diagnósticos em Não Doentes -TESTES DIAGNÓSTICOS EM NÃO DOENTES: Mesmo em pacientes assintomáticos e sem alterações clínicas, alguns exames complementares (passados desnecessariamente) podem apresentar alterações • PARA DOENÇAS QUE NÃO HÁ FORMAS DE TRATAMENTO PRECOCE: As alterações nos exames complementares desnecessários não servem para nada e não justificam iniciar tratamento, já que o paciente não apresenta sintomatologia Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 11 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro?ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Ausência de Padrão Ouro -AUSÊNCIA DE PADRÕES OBJETIVOS PARA DOENÇAS: Algumas doenças não possuem padrão ouro, ou seja, não possuem ferramentas para confirmar a hipótese • COMO APROXIMAR-SE DO DIAGNÓSTICO CORRETO: Juntar dados (anamnese, história clínica, exames complementares se necessário) • PRINCIPAIS EXEXMPLOS: Angina do peito, fogachos, Síndrome do Intestino Irritável, Autismo... o NA ANGINA DO PEITO: Para chegar ao diagnóstico, seria necessário reunir dados da história clínica, cateterismo, cintilografia, eletrocardiograma, etc. Padrão Ouro Imperfeito -PADRÃO OURO IMPERFEITO: Não é teste que tem a melhor acurácia, mas é o melhor disponível até o momento, podendo ser substituído futuramente por outros melhores • NOVOS TESTES PODEM CONFUNDIR: No início, o exame novo, após ser comparado com o padrão ouro, pode ser considerado erroneamente como falso positivo ou falso negativo Sensibilidade e Especificidade Sensibilidade -SENSIBILIDADE: Proporção de pessoas doentes com testes positivos. Capacidade de um teste diagnóstico identificar os VERDADEIROS POSITIVOS nos INDIVÍDUOS VERDADEIRAMENTE DOENTES • TESTES MUITO SENSÍVEIS: Resultados negativos praticamente excluem um diagnóstico -CÁLCULO: Usar coluna/linha da doença presente 𝑆𝐸𝑁𝑆𝐼𝐵𝐼𝐿𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸 = 𝑉𝐸𝑅𝐷𝐴𝐷𝐸𝐼𝑅𝑂 𝑃𝑂𝑆𝐼𝑇𝐼𝑉𝑂𝑆 𝑉𝐸𝑅𝐷𝐴𝐷𝐸𝐼𝑅𝑂𝑆 𝑃𝑂𝑆𝐼𝑇𝐼𝑉𝑂𝑆 + 𝐹𝐴𝐿𝑆𝑂𝑆 𝑁𝐸𝐺𝐴𝑇𝐼𝑉𝑂𝑆 -QUANDO DEVE SER ESCOLHIDO: • Quando as consequências de se deixar passar uma doença são consideráveis o EXEMPLOS: Doenças graves, porém tratáveis (trombose venosa profunda/TVB, tuberculose/TB, sífilis...) • ESTÁGIOS INICIAIS DE DIAGNÓSTICO PARA REDUZIR POSSIBILIDADES: Uso de exames muito sensíveis reduz o número de hipóteses a serem consideradas o EXEMPLOS: Sintomas inespecíficos ou doenças com sintomatologias muito semelhantes Especificidade -ESPECIFICIDADE: Proporção de pessoas não doentes com teste negativo. Capacidade de um teste diagnóstico IDENTIFICAR OS VERDADEIROS NEGATIVOS nos indivíduos VERDADEIRAMENTE SADIOS • TESTES MUITO ESPECÍFICOS: Resultados positivos praticamente confirmam o diagnóstico o EXEMPLO: Macicez à percussão permite diagnóstico em 100% dos casos de derrame pleural -CÁLCULO: Usar coluna/linha da doença ausente 𝐸𝑆𝑃𝐸𝐶𝐼𝐹𝐼𝐶𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸 = 𝑉𝐸𝑅𝐷𝐴𝐷𝐸𝐼𝑅𝑂 𝑁𝐸𝐺𝐴𝑇𝐼𝑉𝑂 𝑉𝐸𝑅𝐷𝐴𝐷𝐸𝐼𝑅𝑂𝑆 𝑁𝐸𝐺𝐴𝑇𝐼𝑉𝑂 + 𝐹𝐴𝐿𝑆𝑂𝑆 𝑃𝑂𝑆𝐼𝑇𝐼𝑉𝑂 -UTILIDADES: • Útil para confirmar diagnósticos que tenha sido sugerido por outros dados • Testes altamente específicos raramente são positivos na ausência de doenças (produz POUCOS RESULTADOS FALSO-POSITIVOS) • Testes altamente específicos são especialmente necessários quando RESULTADOS FALSO-POSITIVOS POSSAM SER NOCIVOS (físicos, emocionais, financeiros...) Contrabalanço entre Sensibilidade e Especificidade -TESTES IDEAIS: Aqueles que sejam, ao mesmo tempo, altamente sensíveis e específicos • PROBLEMÁTICA: Muitas vezes, não há exames simultaneamente muito sensíveis e muito específicos -NA MAIORIA DAS VEZES: ↑ Especificidade = ↓ Sensibilidade ↓ Especificidade = ↑ Sensibilidade Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 12 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. -INFLUÊNCIA DO ESTÁGIO E GRAVIDADE DA DOENÇA: Podem estar relacionadas e influenciando na sensibilidade e especificidade de um teste -CENÁRIOS DE RASTREAMENTO: A sensibilidade tende a ser mais baixa e a especificidade mais alta do que quando o mesmo teste é aplicado a pacientes com suspeita de ter a doença • EXEMPLO: Colonoscopia pode ser usada tanto em cenários de diagnóstico (baixa sensibilidade, alta especificidade) quanto em cenários de rastreamento (alta sensibilidade, baixa especificidade) Viés e Acaso -VIÉS: Por vezes, o teste é interpretado levando em consideração outras informações clínicas, especialmente se o resultado do teste for interpretado subjetivamente • EM CENÁRIOS DA ESTUDOS DE AVALIAÇÃO DE CAPACIDADE DE UM EXAME: Não deve haver consideração de outras informações clínicas • NO COTIDIANO CLÍNICO: É normal ocorrer -ACASO: Os valores relatados de sensibilidade e especificidade não devem ser considerados muito literalmente se houver um pequeno número de pacientes sendo estudados Valor Preditivo -VALOR PREDITIVO: Estimar a CHANCE DE DOENÇA a partir do RESULTADO DE UM TESTE → Se o resultado do teste do paciente for positivo ou negativo, qual a probabilidade de o paciente ter ou não a doença? Valor Preditivo Positivo -VALOR PREDITIVO POSITIVO: Probabilidade de DOENÇA em um paciente com um RESULTADO POSITIVO (anormal) do teste • QUANTO MAIS ESPECÍFICO O TESTE: Maior será o valor preditivo positivo (mais confiante o clínico pode ficar de que um teste positivo confirme ou feche o diagnóstico que está sendo pesquisado) -CÁLCULO: Só usa valores de testes positivos 𝑉𝑃 + = 𝑉𝐸𝑅𝐷𝐴𝐷𝐸𝐼𝑅𝑂 𝑃𝑂𝑆𝐼𝑇𝐼𝑉𝑂 𝑉𝐸𝑅𝐷𝐴𝐷𝐸𝐼𝑅𝑂 𝑃𝑂𝑆𝐼𝑇𝐼𝑉𝑂 + 𝐹𝐴𝐿𝑆𝑂 𝑃𝑂𝑆𝐼𝑇𝐼𝑉𝑂 -É INFLUENCIADO PELA PREVALÊNCIA DA DOENÇA NA POPULAÇÃO: • DOENÇA COM BAIXA PREVALÊNCIA: Mesmo em testes muito específicos, obteremos muitos resultados falsos positivos (por conta do elevado número de pessoas sadias na população) • DOENÇA COM ALTA PREVALÊNCIA: Em testes com boa sensibilidade, apresentam maior número de resultados falsos negativos Valor Preditivo Negativo -VALOR PREDITIVO NEGATIVO: Probabilidade de NÃO TER A DOENÇA quando o RESULTADO DO TESTE FOR NEGATIVO (normal) • QUANTO MAIS SENSÍVEL FOR UM TESTE: Maior será seu valor preditivo negativo → Mais confiante o clínico pode ficar de que um teste negativo descarte a doença que está sendo pesquisada • OBS: Resultados negativos, mesmo para testes muito sensíveis, quando aplicados a pacientes com alta probabilidade de ter a doença, serão em grande parte falso negativos -CÁLCULO: Só usa valores de resultados negativos 𝑉𝑃 − = 𝑉𝐸𝑅𝐷𝐴𝐷𝐸𝐼𝑅𝑂 𝑁𝐸𝐺𝐴𝑇𝐼𝑉𝑂 𝑉𝐸𝑅𝐷𝐴𝐷𝐸𝐼𝑅𝑂 𝑁𝐸𝐺𝐴𝑇𝐼𝑉𝑂 + 𝐹𝐴𝐿𝑆𝑂 𝑁𝐸𝐺𝐴𝑇𝐼𝑉𝑂 Acurácia -ACURÁCIA: Proporção de todos os resultados do teste (positivos e negativos) estejam corretos -CÁLCULO: Verdadeiros/Soma de tudo 𝑉𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑃𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 + 𝑉𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑁𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑉𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑃𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 + 𝑉𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑁𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 + 𝐹𝑎𝑙𝑠𝑜 𝑁𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 + 𝐹𝑎𝑙𝑠𝑜 𝑃𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 Razão de Verossimilhança ou de Probabilidade -RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA: Quantas vezes o resultado de um determinado teste diagnóstico é mais (ou menos) provável em pessoas com a doença comparadas com aquelas sem a doença → ↑ Razão de verossimilhança, melhor o teste REFERÊNCIAS Aulas e slides do professor Sandro + minhas anotações Resumo de Epidemiologia – Carol Andrade Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 13 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Estudos de Prevalência/de Corte Transversal Introdução -TIPO DE ESTUDO MUITO IMPORTANTE PARA CONHECER AS REALIDADES: Os estudos deprevalência permitem identificar a prevalência de uma doença ou de uma condição associada à saúde de uma população específica • SUA EXECUÇÃO É FÁCIL, MAS O TAMANHO DA POPULAÇÃO PODE DIFICULTAR: Nesses casos, o mais indicado é realizar o estudo com AMOSTRAS, desde que sejam suficientemente representativas (para poder produzir conclusões que sejam válidas para a população inteira) “A principal causa de morte dos brasileiros são as doenças cardiovasculares” → Informação obtida por meio de estudos de prevalência -ESTUDO DE PREVALÊNCIA É SINÔNIMO DE ESTUDO DE CORTE TRANSVERSAL: Todas as variáveis a serem medidas são ESTUDADAS AO MESMO TEMPO → É como se fosse uma “fotografia”, examinando a exposição e a presença ou ausência de uma doença/desfecho • DETERMINAÇÃO DE CAUSA E EFEITO NÃO É POSSÍVEL: Não é possível, pois as variáveis são coletadas todas ao mesmo tempo → Não é possível determinar qual variável foi causa e qual foi efeito da doença/desfecho Estudo de prevalência que fez avaliação de obesidade e hipertensão → Como as variáveis são coletadas ao mesmo tempo, não é possível dizer que a obesidade causou a hipertensão ou vice- versa -PRINCIPAL APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE PREVALÊNCIA: Esse tipo de estudo é, em geral, o primeiro a ser usado na investigação de surtos epidemiológicos com a finalidade de determinar a causa do surto Relevância Clínica (Exemplo) -INFORMAÇÃO 1: “A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) está associada a 40% dos casos de AVC e a 25% das doenças cardíacas isquêmicas” → Informação extremamente relevante, pois dá importância à HAS como causa associada a duas outras doenças importantes que devem ser evitadas (AVC e doenças cardíacas isquêmicas) -INFORMAÇÃO 2: “A HAS é um grave problema de saúde pública e uma das causas mais frequentes de morbidade” → Possível conclusão retirada a partir da primeira informação -INFORMAÇÃO 3: “Existem poucos estudos sobre a prevalência da HAS em áreas rurais do Brasil” → A maioria dos estudos é feito em capitais ou grandes centros urbanos. A constatação de que há poucos estudos sobre a prevalência da HAS em ambientes rurais é importante porque também exige estudos de prevalência nessa população → QUAL A PREVALÊNCIA DA HAS EM ÁREAS RURAIS DO BRASIL? ... -POSSÍVEL PERGUNTA CONDUTORA: Qual a prevalência da HAS em áreas rurais do Brasil? -POSSÍVEL HIPÓTESE: A prevalência da HAS em áreas rurais é semelhante à das áreas urbanas -OBJETIVO DE UM POSSÍVEL ESTUDO: Investigar a prevalência de HAS entre os habitantes de uma comunidade rural localizada no Vale do Jequitinhonha em Minhas Gerais (Brasil) Execução -SEPARAÇÃO DA AMOSTRA (SE HOUVER NECESSIDADE): É preciso que ela seja representativa da população (do todo) de forma quantitativa e qualitativa • CONDIÇÃO PARA QUE O ESTUDO TENHA VALIDADE EXTERNA (PODER SER EXTRAPOLADO): Para tirar conclusões para a população inteira baseando-se apenas na amostra, é necessário que a amostra e a população possuam CARACTERÍSTICAS MUITO SEMELHANTES -ANÁLISE DA DOENÇA/DESFECHO: Observar quantos foram positivos e quantos foram negativos para a doença/desfecho Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 14 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Cálculo da Taxa de Prevalência -TAXA DE PREVALÊNCIA: Mede a proporção de indivíduos em uma população que foram acometidos por uma doença em um determinado momento • NUMERADOR: Número de indivíduos que foram afetados pela doença/desfecho • DENOMINADOR: Todos os indivíduos da amostra (população em risco). Só pode estar no denominador quem tem risco de virar numerador (quem tem risco de desenvolver a doença/desfecho) o DENOMINADOR CONSTANTE: Quanto maior o número de pessoas afetadas pela doença/desfecho, maior a taxa de prevalência 𝑇𝐴𝑋𝐴 𝐷𝐸 𝑃𝑅𝐸𝑉𝐴𝐿Ê𝑁𝐶𝐼𝐴 = 𝐷𝑜𝑒𝑛ç𝑎 𝑜𝑢 𝑑𝑒𝑠𝑓𝑒𝑐ℎ𝑜 (𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠) 𝑃𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 TAXA DE MORTALIDADE EM DIABÉTICOS: 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑎𝑏é𝑡𝑖𝑐𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑚𝑜𝑟𝑟𝑒𝑟𝑎𝑚 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑎𝑏é𝑡𝑖𝑐𝑜𝑠 TAXA DE MORTE POR COVID: 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑚𝑜𝑟𝑡𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝐶𝑂𝑉𝐼𝐷 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝐶𝑂𝑉𝐼𝐷 TAXA DE RECORRÊNCIA DE COVID: 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑗á 𝑡𝑖𝑣𝑒𝑟𝑎𝑚 𝐶𝑂𝑉𝐼𝐷 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑒 1 𝑣𝑒𝑧 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑗á 𝑡𝑖𝑣𝑒𝑟𝑎𝑚 𝐶𝑂𝑉𝐼𝐷 Casos (Doença/Desfecho) -CASOS (DOENÇA/DESFECHO): Pessoas na população que desenvolvem uma doença ou pacientes em ambientes clínicos com a doença que desenvolvem o desfecho, como recorrência, complicações do tratamento ou morte → Fica no NUMERADOR -A DOENÇA/DESFECHO (CASO) DEVE SER BEM DEFINIDO: As definições devem ser coerentes (cientificamente aceitas) e não podem ser inventadas, pois o numerador é dependente da definição adotada (definição da doença/desfecho) → A taxa de prevalência só é CONFIÁVEL se a definição for bem feita PERGUNTA CONDUTORA = QUAL A DOSE DE ASPIRINA QUE CAUSA BRONCOESPASMO? → Antes, é necessário definir o que é broncoespasmo (são as pessoas que apenas apresentam alteração na espirometria? São as que apenas apresentam sibilos à ausculta pulmonar? São as que apresentam apenas falta de ar?...) PERGUNTA CONDUTORA = QUAL A TAXA DE PREVALÊNCIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL? → Antes, é necessário definir o que é hipertensão (quais os valores exatos de P.A para ser classificado como hipertensão) População em Risco -POPULAÇÃO EM RISCO: Todos os membros da população devem ser suscetíveis ao desfecho de interesse → Fica no DENOMINADOR -A POPULAÇÃO EM RISCO DEVE SER BEM DEFINIDA: Deve haver exclusão da população que não possui o risco de desenvolver a doença/desfecho estabelecido • SE NÃO HOUVER EXCLUSÃO ADEQUADA DOS GRUPOS QUE NÃO CORRE RISCO: A taxa de prevalência se torna SUBESTIMADA, pois o denominador passará a ter um valor maior que o adequado • CASOS DE POPULAÇÕES MUITO GRANDES EM QUE HÁ NECESSIDADE DE AMOSTRAS: Deve-se ter o cuidado de selecionar uma AMOSTRA REPRESENTATIVA, de modo que os resultados tenham VALIDADE EXTERNA (possam ser extrapolados para toda a população) TAXA DE PREVALÊNCIA DO CÂNCER DE COLO UTERINO (CCU) -DOENÇA/DESFECHO (NUMERADOR): Mulheres com câncer de colo uterino -POPULAÇÃO EM RISCO (DENOMINADOR): Todas as mulheres com útero. Excluiu-se os homens e as mulheres sem útero 𝑃𝑟𝑒𝑣𝑎𝑙ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝐶𝐶𝑈 = 𝑀𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑐â𝑛𝑐𝑒𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑜 𝑢𝑡𝑒𝑟𝑖𝑛𝑜 𝑇𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑚 ú𝑡𝑒𝑟𝑜 Passo a Passo da Execução do Estudo -É NECESSÁRIO TER: • PERGUNTA CONDUTORA: Pergunta a qual está se tentando encontrar uma resposta que ainda não há na literatura • HIPÓTESE: É o que precisa ser testado • OBJETIVOS: São formulados a partir das hipóteses -DEFINIÇÃO DO OBJETIVO DO ESTUDO: Saber se uma exposição precede ou é consequência do efeito -DEFINIÇÃO DA POPULAÇÃO: Junto com a verificação se haverá necessidade de amostra -COLETA DE DADOS DA EXPOSIÇÃO E DA DOENÇA: • Pessoas expostas e doentes • Pessoas expostas e sadias • Pessoas não expostas e doentes • Pessoas não expostas e sadias -ABORDAGENS ANALÍTICAS: Cálculos de prevalência e de associações entre as variáveis Abordagens Analíticas Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 15 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontroualgum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Medidas de Associação entre um Fator e um Agravo -MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO ENTRE UM FATOR (EXPOSIÇÃO) E UM AGRAVO: Conseguem estimar a força de associação entre as variáveis estudadas • Razão de prevalência (RP) • Diferença de prevalência • Odds ratio de prevalência (ORP) Razão de Prevalência (RP) -RAZÃO DE PREVALÊNCIA (RP): Compara-se a PREVALÊNCIA DE DOENÇA nos grupos de exposição → Relação entre a prevalência de doença no grupo exposto sobre a prevalência de doença no grupo não exposto 𝑅𝑃 = 𝐷𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝐷𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 + 𝑛ã𝑜 𝑑𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝐷𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛ã𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝐷𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛ã𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 + 𝑁ã𝑜 𝑑𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛ã𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 Odds Ratio de Prevalência (ORP) -ODDS RATIO DE PREVALÊNCIA (ORP): Compara-se a PREVALÊNCIA DE EXPOSIÇÃO nos grupos de doença (razão dos produtos cruzados) → Relação entre os doentes expostos e não doentes não-expostos sobre doentes não- expostos e não-doentes expostos 𝑂𝑅𝑃 = 𝐷𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 × 𝑁ã𝑜 𝑑𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛ã𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 𝐷𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛ã𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 × 𝑁ã𝑜 𝑑𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 Intervalo de Confiança -INTERVALO DE CONFIANÇA: Mede o grau de incerteza de uma proporção (P) -RELAÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA COM A PRECISÃO: ↑ Tamanho da amostra = ↑ Precisão da medida observada Utilidade dos Estudos de Prevalência -O QUE SE ESPERA EM DIFERENTES SITUAÇÕES CLÍNICAS • EXEMPLO: “Linfadenopatia em crianças ou em adultos” → Nas crianças, os estudos mostram que há prevalência maior de causas infecciosas. Em adultos, há prevalência maior de causas neoplásicas -FORNECEM A BASE PARA TESTES DIAGNÓSTICOS E DOS ESTUDOS PARA ESTABELECER RELAÇÃO CAUSAL: Os estudos de prevalência não servem para estabelecer relação causal (porque falta o critério temporal), mas podem ser usados como base para estabelecer uma relação causal → Se uma possível associação de duas variáveis é verificada em um estudo de prevalência, isso pode ser usado como base para desenvolver outro estudo capaz de estabelecer uma relação causal -SÃO ÚTEIS PARA PLANEJAR OS SERVIÇOS DE SAÚDE: Fornecem informações relevantes sobre o que deve ser priorizado enquanto problema de saúde -SÃO MAIS BARATOS E RÁPIDOS: São estudos simples de serem feitos. A única complexidade que pode surgir é em relação ao tamanho da população, que pode ser resolvida com amostragens Limitações e Desvantagens -NÃO PERMITE ESTABELECER RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO: Exceto se o fator prognóstico/de risco precedeu, com certeza, o desfecho Se houver uma avaliação por estudo de corte transversal de uma variável dependente sendo um FATOR GENÉTICO e o desfecho sendo o DESENVOLVIMENTO DE UMA DOENÇA NO PORTADOR, tem- se a certeza de que o FATOR GENÉTICO SURGIU ANTES DA DOENÇA → Nesse caso, é possível estabelecer uma relação causal, mesmo sendo um estudo de prevalência/de corte transversal -EM CASOS DE ALTERAÇÃO DE PREVALÊNCIA, NÃO HÁ COMO SABER AS CAUSAS: Em casos de alterações na prevalência de um evento, não há como saber se foi por MODIFICAÇÃO NA INCIDÊNCIA OU NA DURAÇÃO dessa doença/desfecho → O motivo da prevalência só é explicado usando outros tipos de estudo que não sejam estudos de prevalência/de corte transversal 𝑃𝑅𝐸𝑉𝐴𝐿Ê𝑁𝐶𝐼𝐴 = 𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎 × 𝐷𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎 -EM EVENTOS RAROS: Tem pouca utilidade REFERÊNCIAS Aulas e slides do professor Sandro + minhas anotações Resumo de Epidemiologia – Carol Andrade Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 16 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Estudos de Coorte/de Incidência Introdução -É UM TIPO DE ESTUDO LONGITUDINAL: A variável tempo é também é considerada -TAMBÉM SÃO CHAMADOS DE “ESTUDOS DE INCIDÊNCIA”: Estudos que analisam o desfecho por meio da INCIDÊNCIA • INCIDÊNCIA: Refere-se apenas aos CASOS NOVOS Histórico: John Snow e o Primeiro Estudo de Coorte -JOHN SNOW (1854): Fez o primeiro estudo de Coorte (não intencionalmente) para descobrir por onde era veiculado o agente etiológico da cólera (doença de alta mortalidade na época) → Como as pessoas se contaminam pela cólera? • JOHN SNOW ACREDITAVA QUE A CÓLERA ERA TRANSMITIDA PELA ÁGUA: Supôs que nas áreas que morriam mais pessoas, as regiões eram abastecidas por água contaminada do Rio Tâmisa • ESTUDOU 3 FONTES DE ÁGUA (LAMBERTH, VAUXHALL E SOUTHWARK): Uma que fornecia água antes da passagem do Rio Tâmisa e outras 2 que forneciam água após a passagem no Rio Tâmisa -FEZ ANÁLISE DO NÚMERO DE MORTES EM 2 GRUPOS: Grupo exposto x grupo não exposto • GRUPO EXPOSTO: Grupos que residiam em locais ABASTECIDOS POR FONTES SUPOSTAMENTE CONTAMINADAS • GRUPO NÃO EXPOSTO: Grupo que residia em locais ABASTECIDOS POR FONTES SUPOSTAMENTE NÃO CONTAMINADAS CÁLCULOS DE INCIDÊNCIA: GRUPO EXPOSTO: Mortes/população = 4093/266516 = 0,0154 GRUPO NÃO EXPOSTO: Mortes/população = 461/173748 = 0,0027 -CONCLUSÃO: Incidência de MORTE NO GRUPO EXPOSTO FOI MAIOR → Incidência maior de mortes → Hipótese de que a cólera é transmitida pela água foi CONFIRMADA Definição -COORTE: Grupo de pessoas que, agregadas por alguma CARACTERÍSTICA COMUM, são avaliadas e observadas por um PERÍODO DE TEMPO LONGO em que podem ser identificados eventos, denominados DESFECHOS do estudo • “TEMPO LONGO”: É variável de acordo com o objetivo do estudo • “COORTE”: Grupo de pessoas • “ESTUDO DE COORTE”: Grupo de pessoas com PELO MENOS UM GRUPO DE COMPARAÇÃO (coorte exposta X coorte não exposta) → Se não houver grupo de comparação, NÃO é estudo de coorte -NÍVEL DE EVIDÊNCIA DENTRO DOS ESTUDOS OBSERVACIONAIS: São o MELHOR NÍVEL de evidência entre os estudos observacionais • ESTUDOS OBSERVACIONAIS: Aqueles em que NÃO HÁ INTERVENÇÃO, apenas observação de grupos Desenho do Estudo Grupos -GRUPOS: Acompanhados até a ocorrência do evento/desfecho • GRUPO EXPOSTO (COORTE EXPOSTA) • GRUPO NÃO EXPOSTO (COORTE NÃO EXPOSTA): Deve ser SEMELHANTE AO GRUPO EXPOSTO EM TODOS OS ASPECTOS, exceto pelo fator de exposição em estudo → Isso faz com que o estudo gere resultados válidos o SE O GRUPO NÃO EXPOSTO NÃO FOR SEMELHANTE AO GRUPO EXPOSTO: As demais VARIÁVEIS QUE NÃO SÃO SEMELHANTES entre os grupos também se tornam SUSPEITAS DE CAUSAREM O DESFECHO (enviesamento do estudo) Fator de Risco/Proteção -FATOR DE RISCO: Quando há INCIDÊNCIA MAIOR de eventos/desfechos no GRUPO EXPOSTO -FATOR DE PROTEÇÃO: Quando há INCIDÊNCIA MENOR de eventos/desfechos no GRUPO EXPOSTO Estudos de Coorte Prospectivo e Retrospectivo -ESTUDO DE COORTE PROSPECTIVO: No início do estudo, o EVENTO/DESFECHO AINDA NÃO OCORREU. O grupo será acompanhado esperando que o evento ocorra no futuro Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 17 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. -ESTUDO DE COORTE RETROSPECTIVO: O EVENTO/DESFECHO JÁ OCORREU e os indivíduos serão selecionadospela presença ou não de exposição • DIFERENCIAÇÃO DE ESTUDOS DE COORTE RETROSPECTIVOS E ESTUDOS DE CASO CONTROLE: Se os grupos forem selecionados pela condição do DESFECHO será um estudo de caso controle. Se forem selecionados pela condição de EXPOSIÇÃO, será um estudo de coorte retrospectivo -OBS: Independentemente de ser um estudo de Coorte prospectivo ou retrospectivo, o início do estudo é SEMPRE A PARTIR DA EXPOSIÇÃO, e nunca do desfecho → Se iniciar pelo desfecho, será um estudo de caso-controle “Tabagismo causa câncer de pulmão?” -ESTUDO DE COORTE: Selecionar 2 grupos, sendo 1 que é TABAGISTA e outro não → Partiu da exposição -ESTUDO DE CASO-CONTROLE: Selecionar 2 grupos, sendo que 1 tem CÂNCER de pulmão e outro não → Partiu do desfecho Quem teve Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) possui mais chance de morrer em relação a quem não teve IAM? 1. COORTE EXPOSTA: Pessoas que tiveram IAM 2. COORTE NÃO EXPOSTA: Pessoas que não tiveram IAM NÚMERO MAIOR DE MORTES NO GRUPO EXPOSTO?: IAM é fator de risco para o desfecho (morte) → IAM aumenta as chances de morrer NÚMERO MAIOR DE MORTES NO GRUPO NÃO EXPOSTO?: IAM é fator de proteção para o desfecho (morte) → IAM reduz as chances de morrer Principais Usos -PRINCIPAIS USOS: São os melhores estudos para: • Avaliação de PROGNÓSTICO • Avaliação de FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO Pessoas com diabetes possuem mais chances de desenvolver retinopatias e tornar-se cega?→ Busca avaliar PROGNÓSTICO Quais as chances de amputação de um membro em função do diabetes? → Busca avaliar PROGNÓSTICO Pessoas que sofreram Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) possui mais risco de morrerem? → Busca avaliar PROGNÓSTICO O tabagismo causa câncer de pulmão? → Busca avaliar FATOR DE RISCO -ESTUDOS DE COORTE POSSUEM DESENHO PARECIDO COM OS ESTUDOS DE INTERVENÇÃO: Porém, nos estudos de intervenção, há uma intervenção nos grupos analisados. Nos estudos de coorte, SÓ HÁ OBSERVAÇÃO dos grupos • OS ESTUDOS DE COORTE ATUAM COMO “MODELO” PARA OS ESTUDOS DE INTERVENÇÃO: Os estudos de intervenção, são, na verdade, “modelos adaptados” de estudos de Coorte em que há inserção de alguma intervenção em um dos grupos Vantagens e Desvantagens Vantagens -SEGUE UMA SEQUÊNCIA TEMPORAL CLARA: A sequência temporal entre causa e desfecho é clara, já que há um acompanhamento do grupo → Consegue VERIFICAR A HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA (desde o início dos sintomas até o desfecho) -SÃO A MELHOR FORMA DE DETERMINAR INCIDÊNCIA -POSSIBILITA ESTUDAR MÚLTIPLOS DESFECHOS: Com apenas uma exposição, é possível estudar múltiplos desfechos -FATOR DE EXPOSIÇÃO PODE SER QUANTIFICADO: Consegue dizer, em média, quanto tempo de exposição é necessário para alcançar um evento/desfecho específico Limitações e Desvantagens -ESTÁ SUJEITO A VIÉS DE SELEÇÃO: Ocasionado principalmente pela má seleção dos grupos a serem participados do estudo (criando grupos exposto e não exposto sem muita semelhança) -PERDA DE SEGUIMENTO PELO LONGO TEMPO DE ACOMPANHAMENTO: Como o tempo de acompanhamento dos grupos pode ser longo, pode haver perda de pessoas para o estudo (pela perda de contato, por exemplo) -DOENÇAS COM LONGO TEMPO DE EVOLUÇÃO: Estudos de coorte podem ser extremamente longos, tornando-se muitas vezes inviáveis -CUSTOS ELEVADOS: São mais caros e mais lentos. A cada reavaliação dos pacientes para o estudo, geram-se novos custos -NÃO SÃO ADEQUADOS PARA DOENÇAS RARAS: Ocorrerá dificuldade de montar os grupos (já que em doenças raras, seria necessária uma quantidade muito grande de pessoas para que uma manifestasse a doença) • ÚNICA EXCEÇÃO: O estudo pode ser feito se for em CENTROS DE REFERÊNCIA (local com facilidade de encontrar muitos casos) com uma POPULAÇÃO ALTAMENTE EXPOSTA a um fator de risco Cuidados -DEVE HAVER DEFINIÇÕES CLARAS DA EXPOSIÇÃO E DO DESFECHO: Deve haver boa definição da exposição e do evento/desfecho e que essas definições sejam COMPATÍVEIS E COERENTES COM A LITERATURA científica • SE NÃO HOUVER DEFINIÇÕES CLARAS: O estudo tem mais risco de sofrer com viés de seleção “Avaliação de dislipidemia como fator de risco para morte por Doença Cardiovascular (DCV)” POSSÍVEL DEFINIÇÃO DE DISLIPIDEMIA PARA O ESTUDO: LDL alto POSSÍVEL DEFINIÇÃO PARA MORTE POR DCV PARA O ESTUDO: Pessoas que morrem por INFARTO Cálculos Cálculo da Incidência -INCIDÊNCIA NOS EXPOSTOS: 𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 = 𝑄𝑡𝑑. 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝐹𝐴𝑇𝑂𝑅 𝑃𝑅𝐸𝑆𝐸𝑁𝑇𝐸 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝐸𝑋𝑃𝑂𝑆𝑇𝐴𝑆 -INCIDÊNCIA NOS NÃO EXPOSTOS: 𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑚 𝑛ã𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 = 𝑄𝑡𝑑. 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝐹𝐴𝑇𝑂𝑅 𝐴𝑈𝑆𝐸𝑁𝑇𝐸 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑁Ã𝑂 𝐸𝑋𝑃𝑂𝑆𝑇𝐴𝑆 Última modificação em: 24/07/2023 MEDICINA – 3º PERÍODO – BASES CIENTÍFICAS DA MEDICINA 18 P3 – Medicina XVIII (UNINASSAU/Recife) @marcos.grm Encontrou algum erro? ENTRE EM CONTATO COMIGO! Esta apostila/transcrição foi desenvolvida por um estudante e não substitui a aula do docente e/ou a leitura de bibliografias complementares. Medidas Específicas de Associação de Variáveis -PRINCIPAL APLICAÇÃO: Fazem a avaliação do NÍVEL DE ASSOCIAÇÃO DAS VARIÁVEIS (grau de associação da exposição ao desfecho) ↑ Grau de associação = ↑ Possibilidade de ser uma relação de causa e efeito Risco Relativo (RR) -RISCO RELATIVO (RR): Informa quantas vezes o desfecho esperado é mais frequente no grupo exposto em relação ao não exposto → Indica QUANTAS VEZES O RISCO É MAIOR EM UM GRUPO RELAÇÃO AO OUTRO 𝑅𝐼𝑆𝐶𝑂 𝑅𝐸𝐿𝐴𝑇𝐼𝑉𝑂 = 𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜 𝐸𝑋𝑃𝑂𝑆𝑇𝑂 𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑢𝑝𝑜 𝑁Ã𝑂 𝐸𝑋𝑃𝑂𝑆𝑇𝑂 -INTERPRETAÇÕES: • RR = 1: Efeito NEUTRO • RR > 1: Fator de RISCO • RR < 1: Fator de PROTEÇÃO Risco Atribuível/Redução do Risco Absoluto (RRA) -RISCO ATRIBUÍVEL OU REDUÇÃO DO RISCO ABSOLUTO (RRA): Fração de casos que, de fato, pode ser atribuída ao fator de risco em estudo → Subtração da INCIDÊNCIA DE EXPOSTOS MENOS a INCIDÊNCIA DE NÃO EXPOSTOS 𝑅𝑅𝐴 = 𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 − 𝐼𝑛𝑐𝑖𝑑ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑛ã𝑜 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠 Interpretação: 0,061 é a fração de casos que, de fato, podem ser atribuídas à dislipidemia Risco Atribuível Populacional (RAP) -RISCO ATRIBUÍVEL POPULACIONAL (RAP): Mostra a prevalência daquele fator de risco na população → RRA MULTIPLICADO pela PREVALÊNCIA DO FATOR DE RISCO NA POPULAÇÃO • DADO DE GRANDE RELEVÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: Consegue guiar a formulação de políticas públicas 𝑅𝐴𝑃 = 𝑅𝑅𝐴 × 𝑃𝑟𝑒𝑣𝑎𝑙ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑛𝑎 𝑝𝑜𝑝. -OBS: Mesmo que o RRA seja pequeno, para alguns FATORES DE RISCO MUITO PREVALENTES, PEQUENAS ALTERAÇÕES NOS FATORES DE RISCO podem levar a GRANDES ALTERAÇÕES EM TERMOS POPULACIONAIS Na HAS, por ser um fator de risco muito prevalente, pequenas diminuições nos níveis pressóricos podem levar a grandes diminuições em termos populacionais da mortalidade associada à doença INTERSALT: Uma redução de apenas 2 mmHg na média da Pressão Arterial Sistêmica (PAS) da população associou-se com uma redução de 14% na mortalidade por doença cardiovascular → Apesar de uma redução de 2mmHg parecer praticamente insignificante, ela tem um grande impacto na redução da mortalidade Modelo de COX -MODELO DE COX: Considera o TEMPO DECORRIDO para ocorrer um determinado desfecho/evento 𝑀𝑂𝐷𝐸𝐿𝑂 𝐷𝐸 𝐶𝑂𝑋 = 𝑄𝑡𝑑. 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎𝑠 ∑ 𝑄𝑡𝑑. 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎𝑠 × 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 Intervalo de Confiança (IC) -INTERVALO DE CONFIANÇA (IC): Representa o intervalo numérico em que 95% dos possíveis resultados do estudo vão estar presentes
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