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ATUALIZADAS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO GUIA RÁPIDO DE ORIENTAÇÕES ATUALIZADAS 1. Síndromes coronarianas agudas nos dias atuais As doenças cardiovasculares respondem por aproximadamente um terço de todas as mortes no mundo, totalizando cerca de 18,6 milhões em 20211. No Brasil, estima-se uma morte a cada dois minutos e, nos Estados Unidos, uma por minuto. Apesar dos esforços na conscientização da população, sobre o diagnóstico precoce da doença e seu tratamento, observa-se, ainda, um aumento em sua incidência e mortalidade, principalmente nos países emergentes, como o Brasil, a Rússia e a China, onde se projeta um incremento de até 250% na mortalidade até 20402. As síndromes coronarianas agudas (SCA) se destacam como as principais causas de morte na maior parte do mundo, sendo responsáveis, só na Europa, por cerca de 1,8 milhões de mortes ao ano3. As SCA são divididas em dois grandes grupos: SCA com supradesnivelamento do segmento ST (SCACSST) – antigamente chamada de infarto transmural – e SCA sem supradesnivelamento do segmento ST (SCASSST), que, por sua vez, divide-se em infarto agudo do miocárdico (IAM) sem supradesnível do segmento ST e angina instável (AI). Os principais registros internacionais revelam que 29% a 47% dos casos de SCA apresentam supradesnível de ST4. A prevenção e o controle dos fatores de risco – como hipertensão, diabetes, dislipidemia, tabagismo e sedentarismo – são parte das medidas que devem ser adotadas para que o impacto das doenças cardiovasculares seja reduzido, em especial a doença isquêmica do coração. Quando essas medidas falham e o quadro isquêmico finalmente se instala, o diagnóstico precoce e o tratamento rápido são decisivos. 2. Suspeita clínica O diagnóstico adequado se inicia a partir da suspeita clínica. A caracterização da dor torácica é uma etapa fundamental na abordagem do paciente, devendo ser realizada já na triagem pela Enfermagem e, em seguida, confirmada pelo médico. A presença de sinais e sintomas disautonômicos, como sudorese fria, palidez, dispneia, náuseas ou vômitos, reforça a probabilidade de doença isquêmica. Uma atenção especial deve ser dada aos idosos, diabéticos e mulheres, que, com menor frequência, apresentam quadro típico. Canto et al. observaram que mais da metade dos idosos apresenta sintomas atípicos, podendo se apresentar apenas com dispneia, por exemplo6. É considerada dor típica aquela que possui duas das três características a seguir5: • Dor retroesternal em aperto, peso ou queimação, prolongada (maior que 20 minutos), que pode irradiar para membros superiores (principalmente esquerdo), região epigástrica, pescoço, mandíbula ou dorso; • Precipitada por estresse físico ou emocional; • Aliviada com repouso ou nitrato. 3. Suspeita eletrocardiográfica O eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações é o exame “divisor de águas” na abordagem diagnóstica do quadro suspeito de IAM, apresentando uma sensibilidade de 56% e uma especificidade de 94%. Assim, sua realização deve ser feita com até dez minutos após a admissão do paciente ao serviço de saúde. Esse exame permite classificar a situação em dois grandes grupos: SCACSST e SCASSST, de acordo com a relação entre o segmento ST e a linha de base do traçado7. É fundamental o reconhecimento das diferentes paredes ventriculares a partir das derivações do ECG, conforme mostrado na figura 1. O supradesnível do segmento ST ≥ 1mm em duas ou mais derivações que compõem a mesma parede levanta forte suspeita de IAM e, na vigência de dor torácica, indica a terapia de reperfusão. A exceção a essa regra são as derivações V2 e V3, cujo supradesnível deve ser de ≥ 2,5mm em homens com menos de 40 anos, ≥ 2mm em homens com mais de 40 anos e ≥ 1,5mm em mulheres8. Figura 1: Correlação entre o eletrocardiograma e as paredes ventriculares. Parede lateral alta Parede lateral Parede inferior Parede anterior Parede anterosseptal Parede anterior extensa I aVR V4V1 II aVL V5V2 aVF V6V3III O supradesnível de ST na parede inferior (D2, D3 e AVF) obriga a complementação do ECG com as derivações de ventrículo direito (V3R e V4R) e de parede inferobasal – anteriormente denominada parede posterior (V7 e V8), uma vez que tais paredes geralmente são irrigadas pela mesma artéria que nutre a parede inferior e, desse modo, podem estar igualmente acometidas. • Presença de marcapasso ventricular; • Bloqueio de ramo direito novo ou presumidamente novo; • Infradesnível de ST ≥ 0,5mm de V1 a V3 e supradesnível ≥ 0,5mm de V7 a V9; • Infradesnível de ST ≥ 1mm em seis ou mais derivações, associado a supradesnível em a VR e/ou V1. Na presença de dor típica, o bloqueio de ramo esquerdo (BRE) novo ou presumidamente novo deve levantar suspeita de infarto transmural e indicar a terapia de reperfusão química ou mecânica. Algumas apresentações infrequentes do ECG, na presença de sintomatologia típica, indicam intervenção coronariana precoce visando à angioplastia primária, tais como8: Nos quadros de SCASSST, as apresentações eletrocardiográficas variam de infradesnível de ST e inversão simétrica da onda T (isquemia subepicárdica), ondas T apiculadas e simétricas (isquemia subendocárdica), até traçados completamente normais, que ocorrem em 6% a 8% dos casos7. Quando o ECG inicial não é diagnóstico (até 45% em alguns estudos9), recomenda-se repeti-lo em intervalos de 15 a 30 minutos ou de acordo com a sintomatologia. 4. Suspeita laboratorial Uma série de marcadores de necrose miocárdica podem ser dosados na suspeita de SCA, porém três deles destacam-se como os mais utilizados5: a) Creatina cinase total (CK total) Presente em qualquer tecido contrátil. Começa a se elevar na circulação após cerca de quatro a oito horas, apresentando pico entre 12 e 18 horas e normalização em 48 a 72 horas. b) CK-MB atividade Isoforma da CPK, presente nos músculos periféricos e cardíaco. É mais específica para o miocárdio por representar 5% a 30% da atividade da CK total nesse músculo. Eleva-se após cerca de quatro a seis horas, apresentando pico entre dez e 24 horas e normalização em 72 a 96 horas. Quando elevadas, uma relação da CK-MB atividade sobre CK total entre 4% e 25% sugere lesão miocárdica. A CK-MB massa (dosada a partir da utilização de anticorpos) possui cinética igual à da CK-MB atividade, mas com sensibilidade e especificidade superiores. c) Troponinas T e I São específicas da musculatura cardíaca e consideradas os marcadores de primeira escolha para o diagnóstico de IAM. Sua elevação no sangue ocorre de três a 12 horas após o início dos sintomas, o pico entre 24 e 48 horas e a normalização em até dez dias (troponina I) e até 15 dias (troponina T). Atualmente, as versões ultrassensíveis (troponina US) estão cada vez mais disponíveis e permitem detecção de níveis mais baixos de troponina e em menor tempo após início do quadro de lesão miocárdica. Apesar da identificação acurada de lesão miocárdica, as troponinas não identificam o(s) mecanismo(s) de lesão; estes podem ser múltiplos, tais como: taquiarritmias, emergências hipertensivas, miocardite/Takotsubo, insuficiência cardíaca, contusão cardíaca, toxidade por drogas, lesão miocárdica pós-angioplastia e cirurgia cardíaca. Causas não cardíacas podem também aumentar esse marcador no sangue: sepse, embolia pulmonar, hipertensão pulmonar, insuficiência renal, dissecção de aorta, hipo e hipertireoidismo, atividade física intensa e rabdomiólise. Além de auxiliar no diagnóstico de IAM, os marcadores de necrose contribuem para a estratificação de risco das SCA sem supradesnivelamento do segmento ST (SCASSST). Mas é importante ressaltar que, nos quadros de SCA com supradesnivelamento do segmento ST (SCACSST), suas dosagens não podem retardar a indicação e o início da terapia de reperfusão. 5. Estratificação de risco A estratificação de risco nos casos suspeitos de SCA é obrigatória e recomendada pelas principais diretrizes mundiais. Constitui importante ferramenta para a determinaçãodo prognóstico e para a decisão do melhor tratamento, sobretudo nos cenários sem supradesnível de ST, quando estimada a chance de o paciente evoluir com morte, infarto não fatal, revascularização de urgência, entre outros, a depender do modelo utilizado. As SCACSST devem ser encaradas sempre como alto risco, necessitando de terapia de reperfusão de imediato. Na literatura, é possível encontrar diversos modelos de estratificação de risco das SCASSST, como o de Braunwald10, Pursuit11, TIMI12, Grace13, EDACS, ADAPT e HEART (figura 2)14, sendo este último o mais recomendado pelas atuais diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) sobre angina instável e sobre IAM sem supradesnível do segmento ST. Figura 2. Escore HEART para estratificação de risco clínico de dor torácica Escore HEART História Eventos cardiovasculares maiores em seis semanas 2 = altamente suspeita 2 = depressão significativa do segmento ST 2 = ≥ 65 anos 2 = ≥ 3 ou história ou de doença aterosclerótica 1=1 ou 2 0 = nenhum 2 = ≥ 3 vezes o limite superior 1 = 1-3 vezes o limite superior 0 = ≤ limite superior 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% ≤ 3 4 a 6 ≥ 7 1 = moderadamente suspeita 1 = distúrbios de repolarização inespecíficos 0 = pouco/nada suspeita 0 = normal ECG Anos (idade) Risco (fatores*) Troponina 1 = ≥ 45 anos e < 65 anos 0 = < 45 anos Baixo risco = Escore HEART ≤ 3 Pacientes com escore HEART ≤ 3 associados à troponina em tempo hábil negativa, ECG sem alteração isquêmica e ausência de antecedentes de DAC podem ser liberados do serviço de emergência com segurança para reavaliação ambulatorial14. Por outro lado, aqueles considerados de muito alto risco, com instabilidade elétrica (arritmias ventriculares complexas), clínica (dor refratária) ou hemodinâmica (choque cardiogênico), devem ser encaminhados para o cateterismo cardíaco com urgência. O algoritmo abaixo (figura 3) resume a abordagem das síndromes coronárias agudas sem supra de ST com base na atual diretriz brasileira, de 202114. Figura 3. Rotina diagnóstica do paciente com dor torácica aguda na emergência14 Paciente com dor torácica aguda: SCA suspeita História clínica / Exame físico / ECG < 10min / Troponina / Escore HEART Nova dosagem de troponina US em 1h ECG normal e troponina US < corte (dor torácica > 6h) ECG normal e troponina US < corte Sem variação de troponina US Sem dor e HEART ≤ 3 e diagnóstico diferencial excluído Troponina US indisponível Elevação de troponina US Sem variação da troponina Diagnóstico duvidoso ou HEART > 3 ECG com isquemia e/ou elevação da troponina e/ ou alteração da motilidade ao ECO ECG normal e/ ou troponina US > corte SCA de muito alto risco Angina refratária, instabilidade hemodinâmica, instabilidade elétrica, EAP, supradesnível de ST transitório Reavaliação ambulatorial Estratificação não invasiva Internação hospitalar Abordagem invasiva imediata Observação: considerar ECOTT, troponina em 3h-6h US: ultrassensível; ECOTT: ecocardiograma transtorácico 6. Abordagem terapêutica4,8,14-16 A abordagem de um quadro suspeito de SCA se inicia com a triagem da Enfermagem, por meio da classificação da dor e da realização precoce (até dez minutos) do ECG de 12 derivações. O paciente deve permanecer em repouso no leito com monitorização cardíaca contínua e acessos venosos instalados. É obrigatória a coleta dos exames de sangue contendo hemograma, TTPa, TP, eletrólitos e função renal. Os marcadores de necrose devem ser seriados com, ao menos, três medidas: admissão, seis horas e 12 horas. a) Oxigênio (O2) A oxigenoterapia se faz necessária na presença de dispneia, congestão pulmonar, cianose ou saturação de O 2 < 90%, visando a mantê-la entre 90% e 99%. b) Nitrato No manejo da dor, prefere-se a utilização dos nitratos, pois promovem a formação de óxido nítrico e vasodilatação coronária, aumentando o fluxo sanguíneo do miocárdio. Inicialmente, pode-se utilizar a formulação sublingual do dinitrato ou mononitrato de isossorbida 5mg a cada cinco minutos (máximo de 15mg). Nas SCASST, recomenda- se repetir o ECG após administração do nitrato, podendo haver desaparecimento do supradesnível de ST nos casos de angina vasoespástica (angina de Prinzmetal). As principais contraindicações ao nitrato são: hipotensão, bradicardia ou taquicardia, infarto de ventrículo direito e uso de inibidores de fosfodiesterase nas últimas 24 a 72 horas. Na persistência da dor, sobretudo no paciente hipertenso, pode-se lançar mão da nitroglicerina endovenosa, iniciando com 5mcg/min a 10mcg/min. c) Opioide O sulfato de morfina endovenoso possui potente ação analgésica e ansiolítica, estando indicado naqueles que não respondem ao uso do nitrato. A dose inicial varia de 2mg a 8mg, podendo ser repetida a cada cinco a 15 minutos. Em caso da não disponibilidade desse fármaco ou de hipersensibilidade a ele, pode ser substituído pelo sulfato de meperidina em doses fracionadas de 20mg a 50mg. As contraindicações aos opioides são praticamente as mesmas relacionadas aos nitratos. A administração oral de benzodiazepínicos pode ser considerada nos indivíduos mais ansiosos. d) Terapia antiplaquetária A antiagregação plaquetária constitui elemento fundamental no tratamento de quadro isquêmico, devendo ser iniciada em até dez minutos após o início do atendimento. Ácido acetilsalicílico (AAS) Atua bloqueando a ciclo-oxigenase e, com isso, inibindo a formação de tromboxano A2, um agregante plaquetário e potente vasoconstritor. Deve ser oferecido na dose única de ataque de 160mg a 325mg mastigáveis, nos primeiros dez minutos do atendimento; manutenção de 100mg por dia. Sua utilização esteve relacionada à redução de 46% de eventos vasculares (infarto não fatal, acidente vascular cerebral – AVC não fatal ou morte vascular). A droga está contraindicada nos casos de hipersensibilidade conhecida, sangramento ativo, hemofilia ou úlcera péptica ativa. Clopidogrel Bloqueia a ligação do ADP com o receptor específico P2Y12, inibindo a adenilciclase e a agregação plaquetária. Sua utilização junto ao AAS mostrou redução adicional dos desfechos cardiovasculares. A dose de ataque varia de acordo com o tipo de SCA, idade do paciente e terapia de reperfusão escolhida: SCACSST (terapia trombolítica) • < 75 anos: 300mg de ataque, seguido de manutenção de 75mg; • ≥ 75 anos: ataque e manutenção de 75mg. SCACSST (angioplastia primária) • Ataque de 600mg. SCASSST • Previsão de CATE em até duas horas: ataque de 600mg, seguido de manutenção de 75mg; • Previsão de CATE após duas horas: ataque de 300mg, seguido de manutenção de 75mg. Prasugrel De forma semelhante ao clopidogrel, sua ação antiagregante se faz por meio do bloqueio do receptor P2Y12, porém de maneira mais rápida e consistente. A dose de ataque é de 60mg, seguida da dose de manutenção de 10mg uma vez ao dia. O fármaco só pode ser utilizado após o cateterismo, estando contraindicado nas SCACSST, em que se optou pela terapia trombolítica. Além disso, está contraindicado nos pacientes com história de AVC ou ataque isquêmico transitório (AIT). Nos indivíduos com idade superior a 75 anos ou peso corporal inferior a 60kg, seu uso deve ser evitado ou feito com cautela (dose de 5mg/dia). Ticagrelor Inibidor reversível do receptor P2Y12, essa droga possui ação antiagregante mais potente e mais rápida em comparação ao clopidogrel. A dose de ataque é de 180mg, seguida da manutenção de 90mg duas vezes ao dia. Seu uso é restrito aos quadros de SCASSST e casos de SCACSST tratados com reperfusão mecânica. Atualmente, as principais diretrizes de SCA sem supra desnível de ST preconizam o início do segundo antiagregante somente na sala de hemodinâmica nos indivíduos considerados de alto risco, em que o cateterismo cardíaco será realizado dentro de 24 horas14,16. Naqueles em que se espera um retardo superior a 24 horas ou em que se opta pela estratificação de risco não invasiva, recomenda-seo início imediato do segundo antiagregante; neste caso, o clopidogrel ou do ticagrelor. e) Terapia anticoagulante A ação anticoagulante acrescida à dupla antiagregação plaquetária contribui ainda mais na redução dos desfechos cardiovasculares, sendo obrigatória em toda SCA. Em nosso meio, o anticoagulante mais utilizado é a heparina de baixo peso molecular (HBPM), sendo a enoxaparina a principal representante. A dose varia de acordo com o tipo de SCA, idade do paciente, terapia de reperfusão escolhida e função renal: SCACSST (terapia trombolítica) • < 75 anos: 30mg EV em bolus; após 15 minutos, 1mg/kg subcutâneo (SC) duas vezes ao dia (máximo de 100mg/dose); • ≥ 75 anos: 0,75mg/kg SC duas vezes ao dia (omite-se a dose de ataque); • ClCr < 30ml/min/1,73m2: 1mg/kg uma vez ao dia. SCACSST (angioplastia primária) • 0,5mg/kg (no laboratório de hemodinâmica). SCASSST • < 75 anos: 1mg/kg subcutâneo (SC) duas vezes ao dia (máximo 100mg/dose); • ≥ 75 anos: 0,75mg/kg SC duas vezes ao dia; • ClCr < 30ml/min/1,73m2: 1mg/kg uma vez ao dia. Nos casos de SCACSST, em que se optou pela angioplastia primária, é mais comum a utilização da heparina não fracionada (HNF) no laboratório de hemodinâmica. Nesse caso, a dose é de 70UI/kg a100UI/kg EV em bolus. 7. Estratégia de reperfusão A terapia de reperfusão é obrigatória para todos os pacientes que se apresentam com supradesnível de ST persistente em duas ou mais derivações contíguas (ou BRE novo/ presumidamente novo), associado a dor torácica (ou equivalente anginoso). Nas SCACSST, geralmente, existe a oclusão completa da luz da coronária, e a recanalização desse vaso é a principal medida para reduzir a área de infarto e a mortalidade. Existem duas estratégias de reperfusão: terapia trombolítica e intervenção coronária percutânea (ICP) primária. As atuais diretrizes recomendam que a ICP primária deva ser a terapia de escolha, desde que em tempo hábil. Infelizmente, em nossa realidade, são poucos os hospitais com recursos para ICP, ainda menos 24/7. Por isso, a decisão pela estratégia a ser utilizada deve, obrigatoriamente, levar em consideração o local de atendimento (hospital com ou sem ICP) e o tempo de deslocamento até um centro com condições de ICP. a) Hospital habilitado para ICP primária Se o hospital é habilitado para ICP primária, o tempo diagnóstico-balão (intervalo de tempo entre o diagnóstico do supradesnível e a insuflação do balão de angioplastia) ideal deve ser inferior a 60 minutos8. Figura 4. Estratégia de reperfusão em hospitais habilitados para realização de ICP Legendas: ICP: intervenção coronária percutânea; ATC: angioplastia coronária Tempo diagnóstico-balão ICP Primária 24hrs 60min b) Hospital não habilitado para ICP primária Nesse caso, o tempo diagnóstico-transferência-balão (intervalo de tempo entre o diagnóstico do supradesnível, acionamento da ambulância, transferência para hospital habilitado e insuflação do balão de angioplastia) deve ser inferior a 120 minutos8. Se houver indícios de que esse tempo (< 120min) não poderá ser alcançado, deve-se priorizar a terapia trombolítica, idealmente com tempo diagnóstico-agulha (intervalo de tempo entre o diagnóstico do supradesnível e o início da administração do trombolítico) de até dez minutos8. É importante frisar que esses são tempos ideais, em que se alcança maior benefício ao coração. No entanto, enquanto houver dor e supradesnível do segmento ST (desde que < 12 horas do início dos sintomas), haverá indicação da terapia de reperfusão. Nas apresentações mais tardias (> 12 horas) ou em vigência de choque cardiogênico, dá-se preferência pela ICP primária8,14. Figura 5. Estratégia de reperfusão em hospitais não habilitados para realização de ICP Tempo diagnóstico > Transferência > balão < 120min > 120min Até 90min ICP Primária ICP Resgate CATE 24hrs10min 30min 120min Terapia trombolítica 60-90 min Legendas: ICP: intervenção coronária percutânea; CATE: cateterismo cardíaco. 8. ICP primária É a terapia de preferência na maior parte dos cenários, em especial, nos hospitais habilitados para tal procedimento. No entanto, a disponibilidade de hospitais habilitados em nosso país é muito baixa, limitando a realização desta. As atuais diretrizes recomendam que, na fase aguda do IAM, a ICP primária deve ser realizada preferencialmente via acesso de artéria radial e devem-se utilizar stents farmacológicos para tal. Em geral, trata-se somente o vaso culpado pelo IAM na primeira abordagem. Demais lesões podem ser tratadas em um segundo momento, de preferência ainda na mesma internação8. 9. Terapia trombolítica A utilização dos agentes trombolíticos nas SCACSST já existe há mais de 30 anos, sendo a única possibilidade de reperfusão na maior parte dos hospitais de todo o mundo. Está indicada para todos os pacientes que apresentam supradesnivelamento do segmento ST associado a dor torácica com menos de 12 horas de duração. As atuais diretrizes recomendam que seja realizado o cateterismo cardíaco entre duas e 24 horas após o término do trombolítico, ao que se denomina terapia fármaco-invasiva8. A cada minuto que passa com a artéria ocluída, reduz-se a expectativa de vida em 11 dias17. Por isso, o benefício do trombolítico é maior quanto mais cedo é administrado, poupando 65 mortes a cada mil pacientes tratados na primeira hora dos sintomas18. Por esses motivos, é preferível à ICP primária, caso esta não consiga ser realizada com até 120 minutos do diagnóstico da SCACSST. A formação de um trombo oclusivo na SCACSST se inicia com a erosão ou com a ruptura da placa de ateroma, seguida da exposição de colágeno e fator tecidual. Ocorrem, então, a agregação das plaquetas e a ativação do sistema de coagulação e, por fim, da rede de fibrina, que forma o arcabouço de sustentação do trombo. Todos os trombolíticos atuam na ativação do sistema trombolítico endógeno, transformando plasminogênio em plasmina. Uma vez formada, a plasmina atua degradando a rede de fibrina, dissolvendo o trombo e restabelecendo o fluxo coronário. Atualmente, é difícil de se encontrar a estreptoquinase (SK) no mercado mundial. No Brasil, são disponíveis os seguintes trombolíticos: a) Alteplase (t-PA)8,14,19 Enzima de ocorrência natural produzida pelo endotélio e por uma série de tecidos. Em contraste com a SK, essa enzima é um agente fibrino-específico, com meia-vida de apenas três a quatro minutos. Sua posologia varia de acordo com o peso e a duração dos sintomas: Início dos sintomas há menos de seis horas 15mg EV em bolus, seguidos de infusão de 0,75mg/kg (não excedendo 50mg) em 30 minutos e, por fim, mais 0,50mg/kg (não excedendo 35mg) nos próximos 60 minutos. Início dos sintomas entre seis e 12 horas 10mg EV em bolus, seguidos de infusão de 50mg em 60 minutos e, por fim, mais 35mg nos próximos 120 minutos. Naqueles com menos de 65kg, a dose total não deve exceder 1,5mg/kg. b) Tenecteplase (TNK)8,14,19 É um fármaco derivado da t-PA humana por meio de modificações em três posições da estrutura da proteína, sendo considerada 14 vezes mais fibrino-específica e 80 vezes mais resistente à inibição. Por possuir meia-vida mais longa, sua infusão se faz através de bolus único de cinco a dez segundos. Não pode ser feita em soro glicosado, pois precipita e perde sua ação. Sua posologia varia de acordo com o peso e a idade: Até 80kg: usa-se ampola de 40mg • Até 60kg: 30mg; • 60kg a 70kg: 35mg; • 71kg a 80kg: 40mg. Mais de 80kg: usa-se ampola de 50mg • 80kg a 90kg: 45mg; • > 90kg: 50mg. Nos idosos com mais de 75 anos, faz-se somente metade da dose. A literatura conta com mais de 200 mil pacientes estudados com a terapia fibrinolítica20. Em 1993, o estudo GUSTO 1 comparou a utilização da alteplase (t-PA) com a estreptoquinase em 41 mil pacientes, demonstrando superioridade do primeiro sobre o segundo (redução absoluta de 1% na mortalidade dos que utilizaram t-PA)21. O ASSENT-2 foi um estudo de fase 3, incluindo16.949 pacientes com SCACSST, comparando diretamente o TNK com o t-PA, que, ao final de 30 dias, apresentou semelhantes taxas de mortalidade entre os dois trombolíticos22. Por fim, em 2013, o estudo STREAM comparou a estratégia fármaco-invasiva com a ICP primária23. Foram incluídos 1.892 pacientes com SCACSST com sintomas há menos de três horas e sem possibilidade de realizar ICP em menos de 60 minutos. O grupo da estratégia fármaco-invasiva recebeu o TNK e foi submetido ao cateterismo cardíaco entre seis e 24 horas após a infusão do trombolítico. Ao final do estudo, as taxas de desfechos compostas de morte, choque cardiogênico, insuficiência cardíaca e reinfarto foram numericamente menores no grupo fármaco-invasivo, mas sem significância estatística (12,4% versus 14,3%; p=0,24). No entanto, a taxa de infarto abortado foi maior que no grupo ICP (11,1% versus 6,9%; p<0,01). Segurança dos trombolíticos As complicações sérias com trombolíticos são raras, desde que respeitadas as doses e as contraindicações. A taxa de AVC hemorrágico varia de 0,54% (com TNK)23 até 1,8% (com t-PA)22. São considerados preditores independentes para AVC pós-trombolíticos: idade avançada, baixo peso, sexo feminino, antecedente de AVC e hipertensão arterial na admissão. Sangramentos maiores não cerebrais (complicações hemorrágicas que necessitam de transfusão) podem ocorrer entre 4% e 13%, sendo que os preditores independentes são: idosos, baixo peso e sexo feminino14. Cuidados peritrombólise O paciente deve permanecer sob monitorização hemodinâmica contínua, com verificação dos sinais vitais a cada 15 minutos durante as primeiras duas horas; a cada 30 minutos nas próximas quatro horas; e de hora em hora por 18 horas. Devem ser evitados procedimentos invasivos dentro de 24 horas, sobretudo dentro das primeiras seis horas após o término do trombolítico, tais como: cateterização venosa central ou punção arterial; sondagem vesical; sondagem nasoenteral ou nasogástrica Contraindicações ao trombolítico8 As contraindicações absolutas ao uso do trombolítico são: história de AVC hemorrágico prévio ou AVC isquêmico nos últimos seis meses; malformação arteriovenosa, dano ou neoplasia em sistema nervoso central; trauma de face ou cabeça nos últimos 30 dias; punção não compressível há menos de 24 horas (exemplos: biópsia renal ou hepática, punção liquórica); sangramento ativo; sangramento em trato gastrointestinal nos últimos 30 dias; suspeita de dissecção aguda de aorta. São contraindicações relativas: PA > 180x110mmHg; uso prévio de anticoagulante; doença hepática avançada; úlcera péptica ativa; ressuscitação cardíaca prolongada; endocardite infecciosa; gravidez e primeira semana de puerpério; ataque isquêmico transitório nos últimos seis meses. Manejo de complicações As complicações hemorrágicas pelo uso do fibrinolítico frequentemente acontecem nas primeiras 24 horas. Os casos de sangramento mais comuns estão relacionados a procedimentos, ocorrendo em 3,6% das cirurgias de revascularização miocárdica e em 2% das intervenções coronárias percutâneas. O trato gastrointestinal é o local mais comum de sangramento espontâneo (1,8%)19,24. Na presença desse tipo de ocorrência, o trombolítico deve ser interrompido imediatamente. Medidas de suporte, incluindo reposição volêmica, podem ser instituídas e, se necessário, acrescidas da reposição de fatores sanguíneos, tais como plasma fresco congelado, crioprecipitado ou ambos, a fim de repor a fibrina e os fatores de coagulação. É preciso solicitar os seguintes exames laboratoriais: hematócrito, tempo de protrombina, TTPa e fibrinogênio19,24. Se o paciente estiver recebendo heparina, o sulfato de protamina poderá ser utilizado para reverter o efeito da heparina. Cada 1mg de sulfato de protamina neutraliza aproximadamente 100UI de heparina. Em situações de hemorragia potencialmente fatal, o ácido aminocaproico, antídoto específico dos agentes fibrinolíticos, poderá ser utilizado. Em adultos, 4g-5g diluídos em 250ml de diluente devem ser infundidos durante a primeira hora de tratamento, seguidos por infusão na taxa de 4ml (1g) por hora em 50ml de diluente. A infusão é continuada por cerca de oito horas ou até que a situação de sangramento esteja controlada. Essa deve ser uma medida de exceção, pois, ao inibir a atividade fibrinolítica intrínseca, pode-se precipitar trombose disseminada em órgãos-alvo. Outras complicações menos frequentes e relacionadas ao uso do t-PA no tratamento do IAM são as arritmias de reperfusão, tais como extrassístoles e ritmo idioventricular acelerado, em geral transitórias e de bom prognóstico. Em pacientes com trombo no lado esquerdo do coração, o trombolítico pode favorecer o seu desprendimento e consequentes fenômenos tromboembólicos. Por fim, a reações anafilactoides, embora raras, podem ocorrer. Se isso acontecer, a injeção deve ser interrompida e deve ser iniciado tratamento apropriado24-26. Hemorragia intracraniana A taxa de hemorragia intracraniana (HIC) após a trombólise é extremamente baixa, sendo 1,8% após utilização da t-PA19,24 e de 0,54% após o uso do TNK23. São considerados fatores preditores independentes: idade ≥ 75 anos; raça negra; sexo feminino; história prévia de AVC; pressão arterial sistólica ≥ 160mmHg; peso ≤ 65kg para mulheres ou ≤ 80kg para homens; Relação Normatizada Internacional (RNI) > 4; tempo de protrombina (TP) > 24; uso de alteplase (versus tenecteplase)19,24. A HIC deve ser suspeitada quando, durante ou após a infusão do agente fibrinolítico, o paciente apresenta náusea, vômito, hipertensão aguda, confusão mental, torpor, convulsão ou rebaixamento do nível de consciência. Na suspeita de HIC, deve-se interromper imediatamente o trombolítico e aplicar as medidas gerais já mencionadas anteriormente. Além disso, o paciente deverá ser submetido à tomografia de crânio sem contraste para a confirmação do diagnóstico de sangramento. Medidas específicas para reduzir a pressão intracraniana podem ser consideradas, tais como a infusão de manitol, a elevação da cabeceira do leito para 30 graus, a intubação endotraqueal e a hiperventilação para alcançar um pCO2 entre 25mmHg e 30mmHg. Além disso, devem ser solicitadas avaliações de neurologistas e neurocirurgiões24. 10. Angioplastia de resgate8,15 Quando não se alcançam os critérios de reperfusão, verificados após 90 minutos do início do trombolítico (melhora súbita da dor, regressão superior a 50% do supradesnível de ST, pico precoce de marcadores de necrose e/ou arritmias de reperfusão), está indicada a ICP de resgate, que idealmente deve ser realizada em até 90 minutos. A figura 6 ilustra o fluxo de atendimento da SCACSST em centro não habilitado para realização de ICP. Quadro suspeito de síndrome coronariana aguda Acomodar na sala de emergên- cia com monitorização cardía- ca e acesso venoso periférico ECG com supra ST ≥ 1mm em duas ou + derivações (≥ 2,0mm em V2 e V3) ou BRE novo/presumidamente novo¥ Catéter O2 se Sat < 90% AAS 160mg-325mg VO (exce- to se alergia ou úlcera gástrica ativa) Clopidogrel 300mg VOᵟ Repetir dinitrato de isosorbida 5mg Morfina 2mg-4mg EV s/n Avaliar dor torácica e ECG Novo ECG SCASSST SCA com supradesnível de ST Contato com centro de ICP Supradesnível persistente? 10min NÃO SIM Figura 6. Algoritmo de atendimento das SCACSST Legendas: SCASSST: Síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento do segmento ST; SCA- CSST: Síndrome coronariana aguda com supradesnivelamento do segmento ST; ECG: eletrocardiogra- ma; ATC: angioplastia coronária; ICP: intervenção coronária percutânea; CATE: cateterismo cardíaco; ¥ Se Supra ST D2, D3 e aVF = > fazer V3R, V4R. ᵟ Se > 75 anos com indic. de fibrinolítico, fazer APE- NAS 75mg (não fazer ataque) * Se > 75 anos, não fazer o ataque de 30mg € Melhora da dor e/ou redução do supra > 50% SIM sim NÃO nã o Tempo diagnóstico-transf-balão < 120min? ICP primária Trombolítico Alteplase Tenecteplase Enoxaparina30mg EV* seguido de 1mg/kg SC ECG 30, 60, 90min Reperfusão?€ Centro habilitado para CATE/ICP ATC resgate até 90min CATE até 24h ATC resgate até 90min 11. Terapia adjuvante a) Betabloqueadores Inibem os efeitos das catecolaminas circulantes, reduzem a frequência cardíaca, a pressão arterial e a contratilidade miocárdica, promovendo, com isso, uma redução do consumo de oxigênio pelo miocárdio. Além disso, possuem ação antiarrítmica, que é especialmente importante nas primeiras horas do infarto. Por isso, esse fármaco deve ser administrado em todos os pacientes dentro das primeiras 24 horas, visando à redução do tamanho da área infartada, da incidência de reinfarto e da mortalidade27,28. A via de administração preferencial é a oral, objetivando a manutenção da FC entre 50bpm e 60bpm. A administração venosa deve ser reservada apenas para os casos de SCACSST com PA sistólica > 120mmHg que irão para angioplastia primária. Nesse caso, pode-se utilizar o tartarato de metoprolol 5mg EV bolus lento (máximo 15mg)8. As contraindicações absolutas aos betabloqueadores são: asma grave, bloqueios atrioventriculares (BAV) de primeiro grau (intervalo PR > 240ms), BAV de segundo ou terceiros graus (em vez de dois ou três graus), insuficiência cardíaca descompensada, bradicardia e hipotensão8,14. b) Estatinas Atuam não só baixando os valores do LDL colesterol, mas também reduzindo a inflamação endotelial. Reduzem a taxa de recorrência de IAM, a mortalidade por doença cardiovascular, o AVC e a necessidade de revascularização de urgência. Devem, portanto, ser iniciadas em doses elevadas dentro de 24 horas da admissão8,14. Doses sugeridas • Sinvastatina: 40mg VO à noite; • Atorvastatina: 80mg VO ao dia; • Rosuvastatina: 40mg VO ao dia. Doses iniciais sugeridas • Atenolol: 25mg VO cada 12 a 24 horas; • Propranolol: 20mg VO cada 8 horas; • Carvedilol: 3,125mg VO cada 12 horas. c) Inibidores da enzina conversora de angiotensina (iECA) e bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA) Os iECAs devem ser iniciados dentro de 24 horas em todos os pacientes com disfunção ventricular (FE < 40%), hipertensos, diabéticos ou com doença renal crônica. Nos intolerantes, deve-se utilizar os BRAs. Tais drogas contribuem para redução da mortalidade cardiovascular8,14. Doses iniciais sugeridas • Captopril: 12,5mg VO a cada 8 horas; • Enalapril: 5mg VO a cada 12 horas; • Losartana: 25mg VO ao dia. d) Bloqueadores dos receptores de aldosterona Essa classe de medicação está indicada nos indivíduos que evoluem com disfunção ventricular (FE < 40%) com insuficiência cardíaca ou diabetes8,14. Doses iniciais sugeridas • Espironolactona: 12,5mg a 25mg VO ao dia. Alteplase Posologia para IAM29 A dose máxima para o tratamento do infarto agudo do miocárdio é de 100 mg. Tempo de infusão intravenosa Início dos sintomas Regime Peso Dose Total Bolus 30 min 60 min Até 6h Acelerado (90 min) <65 kg 1,5 mg x peso 15 mg 0,75 mg/kg (Até o máximo de 50 mg) 0,5 mg/kg (Até o máximo de 30 mg) ≥65 kg 100 mg 15 mg 50 mg 35 mg Início dos sintomas Regime Peso Dose Total Bolus 60 min 120 min Entre 6 e 12 h Convencional (3 horas) <65 kg 1,5 mg x peso 10 mg Infusão intravenosa até dose máxima total de 1,5 mg/kg em 3 horas ≥65 kg 100 mg 10 mg 50 mg 40 mg Administração de alteplase (t-PA) para o IAM25 • Retirar o frasco-ampola de alteplase, a água estéril para injetáveis e o dispositivo de transferência da caixa (observe que não existe dispositivo de transferência nas embalagens de 10mg e 20mg). • Remover a tampa de uma extremidade do dispositivo de transferência e do frasco do diluente (água para injeção estéril). Inserir o pino de perfuração no frasco do diluente. MANTER O FRASCO NA POSIÇÃO VERTICAL. • Remover a tampa da outra extremidade do dispositivo de transferência. Inverter para baixo o frasco de alteplase para que o pino de perfuração passe pelo centro do batoque do frasco-ampola de alteplase. • INVERTER OS DOIS FRASCOS-AMPOLAS para que alteplase fique na parte de baixo. Permitir que TODA a água flua para dentro do frasco-ampola de alteplase. Remover o dispositivo de transferência. • Reconstituir com movimentos leves e circulares para dissolver o alteplase. Não agitar vigorosamente. Inspecionar visualmente quanto a partículas e coloração. • Retirar a DOSE para o bolus, segundo a tabela apresentada anteriormente, usando seringa e agulha. Em um acesso limpo, administrar a dose em BOLUS INTRAVENOSO por 1 minuto. • Retirar o restante da dose calculada para o paciente. DESCARTAR O EXCESSO de medicamento acima do necessário para tratamento. • INFUNDIR o conteúdo da seringa ao longo de 60 minutos usando uma bomba de infusão. No final do tratamento, LAVAR o acesso com 15ml-20ml de solução fisiológica normal. Tenecteplase Peso corpóreo do paciente (kg) Tenecteplase (U) Tenecteplase (mg) Volume correspondente à solução reconstituída (mL) <60 6000 30 6 60 a <70 7000 35 7 70 a <80 8000 40 8 80 a <90 9000 45 9 ≥90 10000 50 10 Escolha a apresentação de 40 mg ou 50 mg de acordo com o peso do paciente Posologia30 Administração de tenecteplase (TNK) para o IAM26 • Abrir a proteção plástica do frasco, abrir o adaptador e a seringa. • Rosquear a seringa (com o diluente) ao adaptador. • Acoplar o adaptador ao frasco contendo o pó seco da medicação. • Infundir TODO o diluente (água para injeção) da seringa para o frasco. • Manter a seringa no frasco e reconstituir todo o pó seco com movimentos leves e circulares. • Inverter o frasco e aspirar o conteúdo de acordo com o peso do paciente (ver escala de seringa). • Retirar a seringa do adaptador. A medicação está PRONTA para infusão. • Garantir que o acesso venoso esteja limpo e SEM glicose. • Manter o paciente monitorizado. Referências 1. World Heart Federation. Cardiovascular disease: the world’s number 1 killer. [Internet] Acessado em: 20 mai 2022. Disponível em: <https://world-heart-federation.org/wp- content/uploads/2021/07/WHF-CVD-Number-1-Killer-2021.pdf>. • 2. Sivadasanpillai H, Leeder SR, Jeemon P et al. A race against the time: the challenge of cardiovascular diseases in developing economies. Centre for Chronic Disease Control: New Delhi, India; 2014. • 3. Hartley A, Marshall DC, Salciccioli JD et al. Trends in mortality from ischemic heart disease and cerebrovascular disease in Europe: 1980 to 2009. Circulation. 2016;133(20):1916-26. • 4. Gonzalez MM, Timerman S, Gianotto-Oliveira R et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. 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CEO: Renato Gregório | Gerente comercial: Sâmya Nascimento | Gerentes editoriais: Marcello Manes e Thamires Cardoso | Coordenador de conteúdo: Bruno Aires | Coordenador médico: Guilherme Sargentelli (CRM: 541480-RJ) | Coordenadora de Pró-DOC: Alice Selles | Designers gráficos: André Giordano, Douglas Almeida, Ivo Nunes, Mariana Matos e Monica Mendes | Marketing: Heryka Nascimento e Lucas Barroso | Gerentes de relacionamento: Fabiana Costa, Karina Maganhini e Thiago Garcia | Assistentes comerciais: Jessica Oliveira | Produção gráfica: Abraão Araújo e Viviane Telles Copyright© 2022 by DOC. Todas as marcas contidas nesta publicação, desenvolvida exclusivamente pela DOC para o laboratório Boehringer Ingelheim, bem como os direitos autorais incidentes, são reservados e protegidos pelas leis 9.279/96 e 9.610/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da DOC. Publicação destinada à classe médica. O conteúdo deste material é de responsabilidade de seu autor, não refletindo necessariamente a opinião da Boehringer Ingelheim. RJ Estrada do Bananal, 56 - Freguesia/Jacarepaguá - CEP: 22745-012 - (21) 2425-8878 SP (11) 97269-9516 www.universodoc.com.br | atendimento@universodoc.com.br Autor: Dr. Pedro Duccini (CRM 121561-SP) Cardiologista e arritmologista; coordenador da Cardiologia do Hospital Vivalle da Rede D’Or São Luiz; membro do Núcleo de Inovação e Tecnologia da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp); coordenador do programa SPRINT, de São José dos Campos (SP) Home Sindromes coronarianas... Suspeita clínica Suspeita laboratorial Estratificação de risco Abordagem terapêutica Estratégia de reperfusão ICP primária Terapia trombolítica Angioplastia de resgate Terapia adjuvante Suspeita Eletrocardiográfica Referencias Button 7: Page 1: Page 2: Page 3: Page 4: Page 5: Page 6: Page 7: Page 8: Page 9: Page 10: Page 11: Page 12: Page 13: Page 14: Page 15: Page 16: Page 17: Page 18: Page 19: Page 20: Page 21: Page 22: Page 23: Page 24: Page 25: Page 26: Page 27: Page 28: Page 29: Page 30: Page 31: Page 32: Page 33: Page 34: Page 35: Page 36: Page 37: Page 38: Page 39: Page 40: Botão 10: Page 1: Page 2: Page 3: Page 4: Page 5: Page 6: Page 7: Page 8: Page 9: Page 10: Page 11: Page 12: Page 13: Page 14: Page 15: Page 16: Page 17: Page 18: Page 19: Page 20: Page 21: Page 22: Page 23: Page 24: Page 25: Page 26: Page 27: Page 28: Page 29: Page 30: Page 31: Page 32: Page 33: Page 34: Page 35: Page 36: Page 37: Page 38: Page 39: Page 40: Botão 12: Page 1: Page 2: Page 3: Page 4: Page 5: 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