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AULA 4 - 16 AGOSTO Abordagens metodológicas na leitura

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16/08/2023 18:11 Abordagens metodológicas na leitura
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02250/index.html# 1/44
Abordagens metodológicas na leitura
Prof. Daniel Abrão
Descrição
O ensino e as práticas da leitura em suas variadas perspectivas teóricas e metodológicas aplicadas ao texto literário.
Propósito
A teoria literária e o estudo das metodologias ativas do ensino da literatura contribuem para criar práticas de leitura de textos literários.
Preparação
Tenha em mãos um dicionário de literatura para compreender o vocabulário específico da área. Na internet você acessa gratuitamente o E-
Dicionário de Termos Literários, de Carlos Ceia, e o Dicionário de Cultura Básica, de Salvatore D’Onofrio.
Objetivos
Módulo 1
Ensino e práticas de leitura
Relacionar as teorias relativas ao ensino e à prática da leitura.
Módulo 2
O texto literário e a teoria da literatura em sala de aula
Identificar as características da linguagem literária e sua relação com o ensino da leitura do texto literário.
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Módulo 3
Metodologias ativas no ensino de literatura
Definir as especificidades das metodologias ativas para o ensino da leitura.
1 - Ensino e práticas de leitura
Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar as teorias relativas ao ensino e à prática da leitura.
A leitura na escola representa um ponto central do aprendizado. Ler, em um sentido amplo, é expandir a visão de mundo e as possibilidades
do conhecimento. Reconhecer os códigos de linguagem, tanto verbais como não verbais, é fundamental para entendermos não só disciplinas
como língua portuguesa e literatura, como também contribuem para o entendimento de tudo o que é ensinado na escola, já que o aluno leitor,
pelo aprimoramento de dimensões cognitivas ou culturais, por exemplo, consegue apreender e desenvolver competências diversas que o
qualificam para um bom desempenho escolar e profissional.
Neste conteúdo, veremos como a teoria da literatura, em suas mais diversas realidades, pode nos dar os instrumentais que possibilitam o
ensino e as práticas de leitura. Por meio deste estudo, abriremos o leque de opções para a escolha de bons e pertinentes livros, destinados a
cada faixa etária, série e predileção de assunto ou estilo, o que é fundamental para o sucesso de atividades de leitura do texto literário em
sala de aula.
Não há uma regra final que nos diz: “é assim que se aprende a ler”. Ler é algo social, mas também pessoal, tem a ver com expectativas,
predileções, conhecimentos prévios ou hábitos sociais. Dentro do amplo universo da leitura, a leitura do texto literário é algo que pode ser
desenvolvido na escola, mas também na vida familiar ou comunitária, por isso, para o ensino e a prática da leitura, é sempre bom ter em
mente que, quando se trata do universo da leitura, há diversas metodologias e abordagens que ajudam a formação de leitores, já que estes
possuem contextos diversos de vida, condições e interesses variados. Para o estudioso das linguagens, portanto, compreender essas
abordagens é um caminho para um ensino literário que frutifique em práticas constantes de leitura.
Introdução
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Ensino e práticas de leitura
Ensino e prática de leitura são duas dimensões completamente relacionadas entre si: sem prática de leitura, não há formação de leitores, assim
como o ensinar a ler depende justamente de uma prática que deve existir para que o ensino se transforme em aprendizado.
Ler é algo que se aprende lendo.
Ensinar a ler ou, mais especificamente, formar leitores é uma tarefa variada, que depende de uma interação entre mediadores de leitura e leitores,
pois o horizonte da leitura é muito amplo, assim como também é diverso o perfil dos leitores e seus interesses e condições.
A tarefa é variada porque formar leitores depende da escola, mas também dos hábitos familiares, das condições econômicas de cada um, dos
interesses cotidianos de lazer, além de muitos fatores.
Outra questão é que existe o que chamamos “mediadores de leitura”, que são:
Pro�ssionais
Pessoas comuns
Sites
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Professores
Familiares
Ou seja, pessoas que agem direta ou indiretamente para a formação de leitores.
Os mediadores podem incentivar, ofertar, sugerir leituras específicas, incrementar técnicas de aproximação com o livro e a leitura, por meio de
leituras induzidas ou lúdicas, informação e conteúdos em sites e demais âmbitos das redes sociais, criar dramatizações, contar histórias etc.
Os mediadores profissionais são formados por bibliotecários, contadores de histórias, professores, materiais didático-pedagógicos diversos
presentes nos meios tecnológicos de educação a distância, entre outros.
No âmbito escolar, as técnicas de ensino voltadas ao universo da formação de leitores procuram atingir uma gama variada de ações, não sem a
reflexão de que é preciso estar atento ao universo do próprio leitor, como forma de aproximação e expectativa de sucesso nas ações pedagógicas.
Na atualidade brasileira, a competição com outros meios de interação humana, principalmente advindas das novas tecnologias (televisão, internet,
celulares, tablets, games etc.), além da precariedade de acesso ao livro, fez com que o número de leitores tivesse expressivas quedas.
Essa queda impõe à escola uma atividade ampla de trabalho de leitura, tendo as tecnologias como aliadas e não como meios opositivos ao ensino
da leitura.
No livro Retrato da leitura no Brasil 5 (IBOPE INTELIGÊNCIA, 2020), temos a conclusão de que nos últimos anos perdemos 5% dos nossos leitores, o
que não é notícia boa, considerando que os números anteriores também eram baixos.
Em média, segundo diz a pesquisa, os brasileiros leem quatro livros por ano, considerando pelo menos a leitura de
trechos das obras. Se considerarmos a leitura de livro integrais, a média de leitura cai para dois livros por ano.
Os motivos são específicos, mas passam por desinteresses diversos, como a falta de tempo, falta de gosto, ou preferência por outras formas de
lazer. Ler para se divertir é a forma de lazer preferida de apenas 25% da população, já que a maioria se utiliza da leitura (mesmo sendo muito pouca)
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para fins práticos, como instrução, formação, coleta de dados, entre outras atividades de estudo ou ainda profissionais.
Portanto, a tarefa de ensinar a ler não é nada fácil, mas também não é impossível. Há vários fatores e diversas ações que podem ajudar:
Saiba mais
Segundo um levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes da OCDE (PISA) feito em 2015, entre 70 países, o Brasil
ocupa a 60ª posição relacionada ao número de leitores. 27% dos brasileiros ainda são analfabetos funcionais (aqueles que sabem ler, mas
não sabem interpretar e utilizar corretamente as informações dos códigos reconhecidos na leitura), 42% dos brasileiros afirmam que não
leem porque não compreendem ou têm dificuldades para ler, e apenas 12% são leitores de textos literários.

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Tudo isso sempre ajuda, e muito, na formação de leitores, tendo como resultado a ampliação significativa do número de leitores no âmbito escolar, o
que reverbera para a formação do indivíduo, que passa a ter o hábito da leitura para além da escola.
Bons projetos.
Um bom encaminhamento dos processos de leitura.
Bons livros, escolhidos para o perfil de interesse de cada leitor.
Atividades constantes de sensibilização para a leitura em sala de aula.
A utilização daleitura de textos em várias disciplinas.
Uma boa formação no aprendizado da língua portuguesa.
Bons materiais didáticos.
Projetos escolares, como feiras do livro, organização de bibliotecas.
Aproximação entre livros impressos e outras mídias ou outras artes (como a arte dramática, os quadrinhos, a leitura em meios
eletrônicos).
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Motivos para ler
Por que ler?
Qual a importância em se tornar um leitor?
O que isso ajuda na formação escolar?
Podemos elencar, primeiramente e sem ordem hierárquica de importância, alguns bons motivos para ter a prática da leitura:
Correta e profunda interpretação de textos diversos;
Colaboração para o aprendizado de língua portuguesa e suas regras, bem como aprimoramento da produção de textos;
Formação cultural, social e humanista, assim como conhecimento de culturas diversas;
Capacidade de cognição exercitada e, em muitos casos, ampliada;
Conhecimento da história brasileira e mundial, por meio de representações realístico-ficcionais;
Prazer.
Como vimos, não se aprende a prática da leitura somente nos bancos escolares, mas em se tratando do ensino e das abordagens da leitura na
escola, é preciso fazer uma série de considerações:
Leitura e gêneros do discurso
Sobre a prática e o ensino da leitura na escola, tanto os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) quanto a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
trazem em suas concepções a teoria dos gêneros do discurso do filósofo e linguista russo Mikhail Bakhtin (1895-1975) e a base teórica da
linguística da enunciação do linguista francês Émile Benveniste (1902-1976).
Tais teorias, interpretadas pelos documentos que servem como parâmetros para o ensino, dizem que é pelo contato com gêneros discursivos e
textuais diversos que o indivíduo consegue organizar as relações com o mundo e com a língua.
Assim, na escola, o aluno deverá entrar em contato com os mais variados gêneros textuais: textos técnicos, instrutivos, bulas de remédio, receitas
gastronômicas, entre outros, além dos textos literários. O texto literário, portanto, encontra-se em posição horizontal, ou seja, sem hierarquia de
importância, em relação a outros textos.
Leitura e diversidade textual
Na maioria das abordagens dos livros didáticos, justamente por conta da horizontalidade dos parâmetros para o ensino, os textos literários são
utilizados para a aprendizagem da língua ou da gramática, o que, de certa forma, rebaixam-nos a um plano de leitura mais técnica, que carece de
ressaltar toda a potencialidade do texto literário, que, em suma, é espelhar, tencionar, refletir, ampliar ou figurar a vida humana em todas as suas
dimensões.
É preciso ter em mente que o ensino da leitura deverá contar com uma gama variada de gêneros textuais possíveis,
incluindo relações entre textos verbais e não verbais.
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Leitura e conhecimento
Leitura é informação e conhecimento. O reconhecimento dos códigos linguísticos, cada vez mais complexos, também amplia a capacidade reflexiva
do que se lê, incrementando as abstrações conceituais e articulações de sentido, o que reverbera na fala e na escrita uma amplitude de formas
possíveis de serem mobilizadas pelo falante ou escrevente.
Essas competências colaboram para a produtividade e o desempenho de todas as disciplinas cursadas pelo aluno na escola.
Leitura e diálogo
A leitura é um ato de diálogo e um exercício de socialização.
Bakhtin (1992, 1997) concebe em sua obra a comunicação verbal com um ato dialógico, que nos põe em contato, a cada leitura, com enunciados
anteriores e posteriores presentes nas línguas e nas linguagens a cada ato comunicativo.
As teorias da leitura
Ao longo dos estudos de linguagem e das abordagens pedagógicas da leitura, várias concepções foram desenvolvidas, todas elas com teorias
subjacentes que indicam certas concepções de texto, sujeito, interpretação, cognição ou comunicação.
Basicamente, segundo Cosson (2014), quatro ênfases foram dadas no desenvolvimento das teorias da leitura: ênfase no autor, no leitor, no texto e
no contexto. Veremos a seguir cada uma delas:
Autor
Ler com ênfase no autor é tentar decodificar o que quis dizer o autor e sua intencionalidade anterior à constituição textual. É uma concepção
bastante tradicional e ainda muito usada em exercícios interpretativos presentes em provas, concursos e em sala de aula.
Ler com ênfase no autor é buscar até mesmo uma verdade subjacente ao texto.
Leitor
Tributária das concepções da estética da recepção, de Iser (1996), ler com ênfase no leitor é um exercício de construção mútua de sentido,
negociado no ato da leitura entre autor, texto e leitor. Concebem o leitor como produtor de sentido, tendo uma postura ativa na elaboração dos
significados de um texto.
Leffa (1996) concebe esse tipo de leitura como um “modelo descendente”, que teria como centro os conhecimentos já adquiridos pelo leitor, isto é,
o que chamamos de bagagem do leitor, recursos e habilidades linguísticas e informações que ajudam o leitor a deduzir os aspectos de sentido de
um texto.
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Tais concepções levam em conta a realidade do texto, mas a consideram insuficiente sem o leitor, portanto, sem o leitor, um texto poderia ser
considerado um amontoado de códigos sem sentido.
Texto
As teorias da leitura que dão ênfase ao texto partem de concepções teóricas muito próximas do formalismo, do estruturalismo e da nova crítica
(new criticism), também reforçadas, principalmente após a década de 1970, por correntes teóricas que foram denominadas de textualistas.
O textualismo concebe o texto como realidade primordial, pois tudo seria texto (já que tudo o que compreendemos no mundo parte de uma
mediação de linguagem ou da língua):

Um outdoor

Minha face

Uma foto

Um conto

Entre outros
Tudo seria texto porque o texto assumiria a concepção de uma trama coesa que compõe sentido. Para essa corrente, não importa o que quis dizer o
autor, sua intencionalidade, mas efetivamente o que seria a decifração dos códigos e processos retóricos inscritos.
Ler, portanto, seria desvelar a estrutura de organização de um texto.
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É considerada por Leffa (1999) como uma teoria da leitura “ascendente”, que parte do processo de decodificação de realidades mínimas (morfemas,
fonemas, letras, palavras) até o reconhecimento da organização das unidades em estruturas maiores, como orações, períodos e parágrafos.
Contexto
Maria José Coracini (2005) defende que a leitura, antes de ser um ato individual, possui uma dimensão coletiva, pois cada leitor carrega em si
valores, informações, o uso comum de códigos pertencentes às comunidades vivenciadas. Tais informações presentes no leitor dependem das
formas de socialização e de representação já inscritas na sociedade, portanto, anterior ao ato da leitura tomado em sua individualidade.
Ler, com ênfase no contexto, é reconhecer que lemos a partir de certas finalidades, sejam elas utilitárias ou não.
Os modos de leitura, nesse caso, são variáveis e dependem dos objetivos traçados pelo mundo em que o sujeito está inserido. Lemos, pois, a partir
de certas condições espaciais, temporais ou pragmáticas. Vejamos a seguir um exemplo que mostra duas formas diferentes de se ler o mesmo
signo:
Quando estou vendo um filme e “leio” uma placa de trânsito presente em uma cena, essa informação é somada à conjuntura ficcional, à trama
que envolve a placa de trânsito situada em meio as ações das personagens e o desenvolvimento da narrativa. É uma informação que não me
traz diretivas, nem obrigações.
Quando euefetivamente estou dirigindo um carro, leio a mesma placa com outras finalidades, absolutamente instrutivas e que devem me guiar
a obedecer aquela referência como uma lei coletiva, presentes nas formas contextuais de construção de sentido. Ou seja, é uma informação
que me traz diretivas e obrigações.
Além dessas instâncias vistas em separado (autor, leitor, texto e contexto), há também perspectivas teóricas da leitura denominadas
interacionistas. Nessa perspectiva, há uma fusão entre o texto e o leitor. Nesse caso, seria importante atentar para as marcas textuais, os traços
retóricos e a estrutura de organização do texto, mas o leitor, a partir desses reconhecimentos, deverá ativamente elaborar as suas deduções,
hipóteses e a criação de aspectos pessoais de sentido.
Conforme a perspectiva interacionista, em Círculo da leitura e letramento literário (2014), Rildo Cosson propõe uma abordagem conciliadora,
expressa pela própria ideia de círculo da leitura, como um processo contínuo e único e que levaria em conta de maneira equânime o autor, o leitor, o
texto e o contexto.

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Seria uma posição em que o texto teria tanta relevância quanto o leitor, assim como concebe a leitura como um
movimento em que o leitor está absorvido pela cultura e pela sociedade que o contextualiza em suas
interpretações.
A leitura, seus objetivos e a sua dimensão formativa
Para desenvolver a competência leitora, é preciso saber que quando lemos, fazemos isso com determinados objetivos, portanto, cada leitura pode
ser diferente, mesmo lendo o mesmo texto. Vejamos abaixo dois objetivos distintos para a leitura:
Objetivo 1
Se eu leio um romance com fins recreativos, os objetivos me levam a produzir sentidos próximos a uma experiência lúdica, ligada ao prazer da
leitura. Não é que não haja possibilidade de produzir conhecimentos, relações com a memória social etc., mas a atenção do leitor vai estar voltada
para focos específicos e conectada aos objetivos iniciais da leitura.
Objetivo 2
Mas se eu leio esse mesmo romance para fazer uma análise acadêmica, os objetivos da leitura se transformam, tornam-se mais técnico-
investigativos, científico-relacionais, pois a leitura vai estar comprometida com conceitos de área e a necessidade contínua de esquadrinhamento
parcimonioso do texto.
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Nesse sentido, a leitura possui modelos diferentes que, por sua vez, estabelecem estratégias e abordagens diferentes para a formação do leitor.
Cosson (2014, p. 46-48) defende que não devemos ler de qualquer maneira, mas de modo formativo, para que tal leitor se torne competente. Assim,
elenca alguns pontos principais dessa formação:
É preciso ler diversos e diferentes textos, pois isso possibilita ao leitor construir um repertório cujos destaques e experiências serão
escolhidos ao longo de sua prática leitora.
É preciso exercitar diversos modos de leitura: para o mesmo texto, é possível “passar os olhos”, fazer anotações, ler por curiosidade,
para extrair informações científicas, culturais ou sociais.
Ler no sentido avaliativo, de forma a identificar nas leituras o conteúdo ideológico, as representações daquele conteúdo na sociedade,
assim como saber problematizar elementos de composição e as condições históricas de produção daquele texto.
Deve-se ler como desafio, pois lemos o que conhecemos, mas também para atender a demandas do mundo que desafiam a nossa
própria competência leitora até aquele momento. Portanto, nesse caso, a leitura procura atender a um momento e a determinadas
condições que as necessidades nos impõem, sejam elas criadas por demandas externas ou pelo próprio indivíduo.
Ler para aprender a ler, o que é uma metaleitura, ou seja, uma leitura voltada para o próprio desenvolvimento das habilidades de
leitura, que permite ao leitor o conhecimento dos mecanismos da leitura, o que implica, por sua vez, a necessidade de ler uma
variedade de textos, pois a competência leitora se cria no próprio ato autorreflexivo da leitura.
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Já Kato (1982), de modo paralelo, desenvolve uma série de categorias para os modos de leitura, justamente pensando que as estratégias de ensino
da leitura mudam de acordo com os variados perfis dos próprios leitores, que devem ser tratados de modo individualizado. Assim, seria preciso
levar em conta os seguintes aspectos:
A maturidade do leitor
Os níveis de complexidade de um texto
Os objetivos da leitura
O conhecimento anterior do leitor inerente ao assunto
O gênero do texto
Nesse caso, Kato (1982) elabora alguns modelos de leitura que consideram a individualidade das condições do leitor, algo que deve ser levado em
conta quando falamos em “ensino de leitura” ou formação do leitor:
Modelo estruturalista
Parte do pressuposto de que é preciso decodificar letras, associar com sons e fazer as relações com o significado, a partir desta decodificação.
Leitura sem mediação sonora
Nesse caso, o leitor opera por signos visuais, não necessitando da associação fonética para formar o significado daquilo que está lendo.
Análise pela síntese
A leitura compreenderia uma série de processos que incluiriam a elaboração de hipóteses, a síntese dos dados e a confirmação ou não de tais
hipóteses.
Modelo construtivista
Nessa concepção, o leitor possui quadros cenários de significação já prontos e que ativam a interpretação de um texto.
Modelo reconstrutor
Haveria uma interação entre leitor e autor, interação essa que aproxima a figura de um autor no ato da leitura.
Todas essas afirmações nos levam a crer que o ensino da leitura deve estar embasado por teorias e estratégias de desenvolvimento, mas estas não
devem ser gerais e aplicadas fora de contexto, pois é preciso levar em conta a individualidade de cada leitor, que opera os códigos e os signos
linguísticos a partir de conhecimentos prévios e níveis de competência leitora diferenciados. Portanto, para cada tipo e objetivo de leitura, é preciso
contextualizar o leitor dentro de um plano estratégico de desenvolvimento próprio.

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Abordagens teóricas do ensino e prática da leitura
Neste vídeo, o professor Daniel Abrão falará sobre as abordagens teóricas sobre a leitura, destacando tanto o ensino quanto a prática da leitura a
partir dos autores estudados no módulo.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
A leitura, seus objetivos e a sua dimensão formativa
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
A leitura, seus objetivos e a sua dimensão formativa

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Questão 1
A formação de leitores é um grande desafio para o ensino no Brasil, pois, na escola, é preciso estimular a construção da competência leitora
para um bom desempenho escolar. Para tanto,

Vamos praticar alguns conceitos?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
A
é preciso conhecer as teorias da leitura para aplicá-las em variados contextos, sempre tendo em mente que é preciso,
anteriormente, conhecer muito bem as regras gramaticais para ter o hábito da leitura.
B
é necessário descobrir um gênero textual específico para cada leitor, pois este tem seus horizontes de leitura sempre
individualizados.
C
é preciso focar primordialmente no texto, pois este deve ser desvelado em um processode decodificação de suas estruturas
retóricas.
D
é preciso trabalhar primeiramente com textos complexos, para que o leitor se acostume com níveis elevados de
reconhecimento que o ajudam a ler os textos mais simples ou básicos.
E
é preciso estar atento à individualidade e ao nível de competência leitora de cada leitor, escolhendo textos adequados para o
momento e as condições de cada contexto.
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Questão 2
As teorias da leitura ora davam ênfase na primazia do texto, do leitor, do autor ou do contexto, ora preconizavam uma tentativa de união entre
todas essas instâncias, de forma a compreendê-las como um processo único de aprendizado da leitura. Sobre as teorias da leitura, é possível
afirmar que
Responder
A
as teorias focadas no autor defendem que é preciso compreender a intencionalidade do autor para compreender a verdade de
cada texto.
B
as teorias focadas no leitor defendem que o leitor deve se instrumentalizar e conhecer os códigos estruturados em um texto
para chegar até o ponto de reconhecimento dos sentidos textuais.
C
nas teorias em que a ênfase está no texto, a concepção é a de que a intencionalidade do autor deve ser encontrada a partir da
leitura de sua biografia.
D
nas teorias interacionistas, o importante é aliar o texto ao contexto, pois o leitor deverá chegar ao sentido produzido por meio
da decodificação dos recursos retóricos estruturados socialmente e presentes na linguagem.
E
nas teorias focadas no contexto, o importante é reconhecer os códigos sociais presentes na linguagem e adequá-los à
individualidade de cada leitor.
Responder
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2 - O texto literário e a teoria da literatura em sala de aula
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características da linguagem literária e sua
relação com o ensino da leitura do texto literário.
Questões preliminares
Neste módulo, vamos refletir e responder a algumas questões importantes para a leitura do texto literário, pois, como vimos no módulo anterior, é
preciso ler com objetivos diferenciados, porque os modos de leitura se alteram mediante um contexto de leitura e demandas específicas relativas ao
gênero textual.
Sabemos, também, que a competência leitora é individual, e os textos literários se nos impõem como formas específicas de estruturação, que
requerem aproximações paulatinas para que a decodificação e as relações contextuais sejam absorvidas pelo leitor. Devemos ainda levar em conta
que o texto literário pode trazer muitos conhecimentos, porém, em sua leitura não se deve perder uma de suas características básicas, que é o
prazer estético de sua fruição.
Assim, algumas perguntas vão nortear este módulo:
O que é o texto literário e quem é o seu leitor?
Para que se ensina literatura na escola?
Como estabelecer diálogo entre o texto literário, o leitor e as representações do mundo?
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O texto literário
Responder à pergunta “o que é a literatura?” parece bastante simples para o estudioso, mas não é tão fácil assim, porque as concepções de
literatura são motivos de controvérsias entre correntes teóricas.
Na perspectiva do formalismo, havia uma necessidade de definir e separar um texto literário de um não literário, e os critérios estabelecidos
estiveram próximos do reconhecimento de estruturas estilísticas e retóricas específicas que potencialmente identificariam o texto literário.
Mais precisamente, o texto literário, para os formalistas, deveria ter princípios como singularização e
estranhamento para serem considerados literários.
Explicando: seria preciso “estranhar” um objeto representado, deslocando sua posição de significação para longe do uso corriqueiro na língua. A
literatura, pois, teria o papel de criar efeitos de distanciamento (e não de reconhecimento) de como compreendemos o mundo, e que só seria
possível pelo olhar estético, como podemos observar a seguir:
Como utilizar a teoria da literatura para o ensino da leitura?
Quais aspectos devem ser priorizados na leitura literária?
Como formar um leitor de textos literários?
Como elaborar estratégias da escolha de textos literários para leitura escolar e de que forma os variados gêneros literários interferem
no processo de construção da prática da leitura de textos literários?
Exemplo
[...]
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina

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Se estivermos atentos ao último verso, veremos que a palavra palmeiras instaura uma visão, e não reconhecimento, do objeto. É uma poesia que
cria imagens e deslocamentos em relação às expectativas corriqueiras da língua. Poderíamos esperar indecifráveis enigmas, indecifráveis dúvidas,
indecifráveis mistérios, mas o poeta inova, desloca, singulariza, e instaura uma diferença inserindo palmeiras no lugar do esperado e do óbvio.
Para o formalismo, isso seria “literatura”.
Mas na teoria, as coisas não caminham tão pacificadas assim. O formalismo foi criticado porque tinha como base de definição uma concentração
muito forte no texto literário e suas estruturas internas de organização, levando em conta aspectos gramaticais, lexicais, estilísticos, retóricos,
fonéticos etc., o que não deixava espaço para as instâncias do leitor (a recepção), para o contexto e para o autor.
Há outra concepção de literatura que a identifica com a reprodução de gêneros literários (épica, lírica, drama, romance etc.). Nessa visão, seria
literário o texto que reproduzisse formas já consolidadas como literatura na história.
Mas essa é uma concepção que tem como origem uma visão clássica, em que o texto literário deve respeitar a existência de gêneros e suas formas
específicas. É uma visão consolidada por Aristóteles na Poética, em que o autor define três gêneros básicos:

Épico

Lírico

Dramático
Essa visão foi muito absorvida por períodos clássicos, como o renascentismo, no século XV, e o neoclassicismo, no século XVII, por exemplo. Após
o romantismo, essas formas clássicas dos gêneros foram expandidas, misturadas, desdobradas para outras formas textuais, como o conto, a
crônica, o poema em prosa, entre outras. Portanto, seria difícil pensar em uma classificação de literatura pela questão dos gêneros literários.
Como a variedade de estilos e gêneros, bem como a mistura entre eles, foi ampliada, a literatura passou a ser vista como:
Um conjunto de obras que possuem uma escrita subjetiva ou ficcional, contendo em si um uso especial das palavras, uma estilística própria, que
mobiliza certos recursos retóricos e possui algumas instâncias em comum, como narrador e personagens, nos casos da épica ou do romance, ou
ainda a exposição de impressões íntimas do mundo, como é o caso da lírica.
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
[...]
(ANDRADE, Carlos Drummond. Sentimento do mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012. p. 44)
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Porém, mais uma vez, percebemos que essa classificação pode ser restritiva, já que esse conjunto de obras, o cânone, pode ser ampliado ou
reorganizado. Assim, há mais ou menos um consenso na atualidade de que:
Literatura é aquilo que uma comunidade, centrada em determinado contexto espacial e temporal, considera como
sendo literário, porque essa mesma comunidade possui valores sociais e arcabouços teóricos que subsidiam as
transformações na concepção do que é literatura.
No tocanteà prática de leitura, essas considerações sobre o ser da literatura são essenciais, pois os usos e os modos de leitura do texto literário
serão completamente diferenciados. A escola nem sempre vai tratar o texto literário de maneira mais produtiva, no sentido de formação de leitores.
As práticas escolares muitas vezes tomam o texto literário para o ensino da gramática, indo da morfologia à ortografia. Nem sempre os textos
literários servem a esse propósito, pois a linguagem literária, cheia de desvios propositalmente construídos da língua, não seria o ambiente ideal
para estudar as regras gramaticais ou a normatividade da língua.
Nesse sentido, o leitor da literatura já teria uma barreira em tornar a leitura literária uma prática, pois toda uma dimensão ampliada e potencial da
literatura ficaria submersa no estudo das regras.
Mas quem é esse leitor da literatura?
Poderíamos dizer que, além da dimensão evidentemente estrutural de um texto literário, pois é aquele que possui regras linguísticas em sua
composição, há as dimensões estética e ética que podem ser extraídas de sua tessitura. Há leitura que pode visar extrair do texto seus sentidos, e
leitura que pode visar tomar o texto como mola propulsora de novas ideias e reflexões.
Diferentemente de outros gêneros textuais mais pragmáticos, objetivos, que visam repassar informações, a literatura, como a filosofia, carrega em si
muitas potencialidades de uso, desencadeando processos individuais de reflexão que vão do conhecer ao mundo ao conhecer a si mesmo. Assim, o
trabalho com texto literário em sala de aula deve levar em conta justamente essa potência máxima que pode ter um texto literário, pois essa ação
será útil para conquistar leitores.
Resposta
O leitor literário, dentro ou fora da escola, é aquele que possui competência leitora para reconhecer instâncias sutis da língua e da
linguagem. Muitas vezes, terá que recorrer à abstração e à criação de imagens mentais para estabelecer laços com o que está lendo.

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Cada leitor, por sua vez, desenvolverá relações individuais com o texto literário, mesmo que esteja envolvido em ações coletivas implementadas por
um professor, tutor ou ainda imerso em metodologias ativas do aprendizado.
É preciso considerar que nem sempre os referenciais curriculares permitem explorar toda a potencialidade do texto literário. Como já afirmamos,
muitas vezes o texto literário é usado como pretexto para ensinar regras gramaticais.
Além da leitura como pretexto para ensinar gramática, há outras dimensões mais amplas da literatura que também podem estar presentes, como:
No entanto, essas outras dimensões da leitura podem também contribuir para que o aluno ou leitor aprenda de forma muito mais fácil as regras
gramaticais, pois elas são apreendidas com mais profundidade e segurança quando se tem a efetiva prática da leitura.
Há uma leitura com finalidades para estudo e outra para entretenimento. As duas dimensões, entretanto, não se eliminam em seu cruzamento, já
que o desejo de conhecer abarca as duas possibilidades.
A escolha do cânone
Nas estratégias de leitura, a escolha dos livros a serem lidos é fundamental. Quanto maior for a amplitude das possibilidades de leitura, mais o
aluno poderá criar identificações e familiaridades com o texto a ser lido.
Para tanto, é preciso sempre pensar a questão do cânone literário e sua pertinência para a leitura, tendo sempre em mente que a competência
leitora é criada aos poucos e com segurança. Por isso, é improdutivo unir um leitor inexperiente com leituras complexas, deslocadas no tempo ou
até mesmo longe dos valores culturais do presente do leitor.
Questões sociais Questões �losó�cas Questões psicológicas Questões éticas
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O cânone literário é um conjunto de obras que se estabeleceram com o tempo, porque ganharam um status
hierárquico superior, duradouro. São obras tidas como referência e reverenciadas por estudiosos, leitores,
instituições, o meio educacional etc., e que acabaram por fazer parte dos currículos escolares de forma quase
hegemônica.
No caso do Brasil, o cânone se distribui ao longo das séries, expostas em uma periodização cronológica que supõe as obras pertencentes às
“escolas” ou aos “estilos”. Desse modo, as obras são distribuídas pelo:
Na verdade, a literatura, vista dessa forma, aparece na vida escolar já com uma predeterminação de leitura ao longo das séries. Diferentes
indivíduos, com formações culturais distintas, horizontes de leitura desiguais e competências de leitura também diferenciadas são obrigados a ler
as mesmas obras, na mesma sequência.
Dessa ocorrência, muitos casos de leitores de literatura acabam na frustração, pois o aluno se vê distante do texto que lê, porque não escolheu a
obra a ser lida, não está preparado para níveis de linguagem e reflexão que algumas obras exigem, não se aproximou ainda de registros da língua
mais antigos ou pertencentes a estéticas específicas e, em muitos casos, o estudante estranha os valores culturais oriundos de textos de outras
épocas.
O resultado é que a prática de leitura literária acaba sendo um exercício enfadonho de memorização de períodos, autores, suas respectivas obras e
as suas principais características associadas às escolas literárias. É a receita do fracasso na formação do leitor.
É muito comum, principalmente em se tratando da didatização crua e nua da literatura, que a prática da leitura do texto literário se resuma a estudar
características das escolas literárias e “encaixar” as obras em tais características.
É preciso, pois, não só dinamizar a leitura de tais obras como também fazer associações das obras com outras linguagens artísticas, como o
cinema, as artes visuais, bem como, o quanto possível, inverter a ordem das leituras e repensar até mesmo o cânone das obras escolhidas, para que
se consiga chegar até o horizonte de leituras de um leitor e para que o ensino da leitura tenha sucesso.
Na academia universitária contemporânea, são muitos os estudos e as pesquisas sobre a revisão do cânone literário. Pensa-se, na atualidade, na
ampliação desse cânone, a partir de uma crítica e uma revitalização, até porque o cânone foi formado a partir de certos valores culturais e
intelectuais que já não fazem mais sentido para certos contextos de leitura.
É dessa forma que, cada vez mais, são resgatados textos literários escritos por mulheres ou oriundos da cultura
africana, bem como outras formas literárias passaram a ser mais valorizadas, como a literatura de cordel, a
literatura escrita nas periferias, a literatura oral e a literatura construída a partir de outros suportes materiais, como
a literatura nas telas (do computador, celular, tablet etc.).
Também pode ser vantajoso incluir no cânone de leitura algumas obras ficcionais tidas como best-sellers e com grande apelo comercial, como
Harry Potter, sagas como Crepúsculo, Trono de vidro, Percy Jackson, entre outras.
Quinhentismo Barroco Arcadismo Romantismo
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O importante é sempre ter em mente que o objetivo geral, quando se trata de competência leitora, é chegar até obras mais complexas, do ponto de
vista do uso da língua, dos temas, das reflexões suscitadas e de níveis de abstração.
Os best-sellers são um bom começo e até podem se tornar a preferência de alguns leitores, mas é sempre bom lembrar que existem obras variadas
que a prática de leitura pode conquistar, portanto, não seria desejável que um leitor se formasse na dependência de um gênero literário específico e
sempre atado a certos níveis de expectativas de leitura estáveis.
Um bom leitor é aquele que consegue ler diferentes textos, estilos e gêneros.
Namesma direção, outros autores podem ser incluídos no cânone, mesmo levando em conta a periodização das escolas literárias, o que pode ser
feito principalmente do modernismo em diante, momento em que as opções de escolha passam a ser mais numerosas, notadamente na literatura
brasileira.
As estratégias de aproximação entre o aluno e o texto
literário
Algumas estratégias devem ser lançadas para que se efetive a prática da leitura em sala de aula. Todas elas passam por um trabalho coletivo com
atenção individual. O conhecimento que se tem das teorias da leitura, da própria literatura e da teoria da literatura serão fundamentais para o
sucesso no trabalho com a formação de leitores.
Girotto e Souza (2010) propõem uma breve descrição de etapas que podem ser criadas no trabalho com a leitura. São elas:
Estímulo do conhecimento prévio
É inserir o texto lido em um contexto de discussão prévio, seja esse contexto presente no próprio leitor, seja na sociedade.
Conexões/identi�cações
O leitor cria aproximações pessoais (memória e imaginação individual, intertextuais (com outros textos literários) e sociais (relações
do texto com o mundo) com o que está sendo lido.
Inferências
O l it lh i i d tid t t l j t l õ í i
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Essas etapas são sempre úteis para construir aproximações. Mesmo com obras a serem lidas de forma predeterminada, o que é característico de
uma escolarização preparatória, paulatinamente, para as exigências do ensino médio, é possível introduzir dinâmicas interessantes e que
conquistam leitores.
Rildo Cosson, em seu livro Círculos de leitura e letramento literário (2014), informa que Harbey Daniels (2002) elaborou o que foi denominado círculo
da leitura, que é um circuito produtivo que une as instâncias do autor, leitor, texto e contexto, em conexões que aproximam a leitura de relações
intertextuais (a conexão do texto lido com outros textos literários).
Em sala de aula, as atividades podem ser produtivas se elaboradas em grupos parceiros e interconectados. Nesse sentido, os autores sugerem
algumas atividades:

A obra escolhida para leitura deve partir dos estudantes.

Há um cronograma de leituras ao longo do ano.

O leitor recolhe sinais de sentido em um texto, o que o leva a conjecturar novas relações possíveis.
Visualização
O leitor constrói imagens mentais do que está sendo lido.
Sumarização
O leitor reúne os elementos principais do texto.
Síntese
Além do resumo, também a criação de uma visão pessoal sobre o que foi lido.
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A posição do professor é facilitar toda a organização dos grupos.

Para ser mais produtivo, anotações, registros, diários e fichas devem ser elaborados em relações às leituras.

Os alunos escolhem os tópicos principais a serem debatidos em discussões livres.

Há a organização de pequenos grupos que realizam a leitura da mesma obra. Novos grupos podem se formar a partir do interesse pela
mesma obra.
É possível notar, com essas sugestões, que a leitura parte de uma espontaneidade e autonomia do aluno. Não há imposições e as atividades se
constroem de dentro para fora, pois o ato de ler deve permanecer um exercício de curiosidades e não de imposição, principalmente quando falamos
de texto literário.
Atividades estimuladoras e associativas da leitura
Os textos literários também podem ser dinamizados por atividades associadas, que incrementam as leituras e tornam o ato de ler um exercício de
socialização. Os modos de ler são variados e evidenciam que a chegada até a leitura literária pode ser feita por vários caminhos.
A sala de aula, por sua vez, é a extensão da escola, portanto, os trabalhos com a leitura podem ser elaborados como grandes projetos escolares que
envolvem não só a comunidade escolar, mas também os familiares.
Tanto Rildo Cosson (2014), quanto Beth Brait (2010), Marcos Napolitano (2006) ou Teresa Colomer (2003) citam algumas atividades que estimulam
a aproximação com a literatura por meio de vários caminhos:
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A teoria da literatura em sala de aula
Como dito, conceitos da teoria da literatura podem ajudar na formação de leitores. A teoria literária nos explica que há instâncias de composição
dos variados gêneros literários, assim como descrevem os elementos históricos que compõem as estruturas da lírica, do gênero dramático, da épica
e do romance, do conto, além dos gêneros híbridos muito comuns na atualidade.
Quase ninguém vai se tornar um leitor porque sabe teoria literária, mas é essa mesma teoria que fornece recursos
para o ensino da leitura e elucida questões que podem causar afastamento do leitor do texto literário.
Vejamos um exemplo em um poema de Manoel de Barros:
Quadrinhos e literatura 
Sacola de leitura 
Dramatização 
Contação de história 
Cinema e literatura 
Fanfiction 
Diário de leitura, resenha e análise 
Discussão em sala de aula 
Exemplo
Sombra-boa I
O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas com aves.

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O leitor iniciante não precisa saber de todos os detalhes da estruturação do poema, mas, para o professor, seria essencial percorrer essas
construções com o objetivo de se aprofundar na leitura e evitar equívocos de superinterpretações possíveis.
O poema figura uma situação em que as coisas da natureza e do mundo se fazem modificadas pelas palavras. A atmosfera singular acontece
porque o poeta inverte expectativas e desloca palavras de seu contexto sintático corriqueiro. Com a teoria da literatura, sabemos que se trata de
uma invenção, e não apenas de lirismo.
Lirismo
A veia lírica é mais confessional, em que o poeta descreve estado de almas pessoais.
Invenção
Já na invenção o poeta inventa um eu para o eu lírico, como fosse um personagem falando em primeira pessoa.
O poema recorre às imagens para compor os significados. Em uma abordagem formalista, poderíamos dizer que poesia é pensar por imagens, pois
o obscurecimento da forma traria a possibilidade de duração da leitura estética, singularizando e “estranhando” o objeto representado.
É assim que podemos ler:
Outra leitura ativa necessária, que deve ser acompanhada pelo professor e pela teoria literária, está em:
“Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas por árvores”
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco,
os besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa.
Ele me rã.
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
os ocasos.
(BARROS, Manuel de. O livro das ignorãças. In: Poesia completa: Manoel de Barros. São Paulo: Editora Leya, 2010.)

Exemplo
“Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, / os besouros pensam que estão no incêndio”
Nesse ponto, a leitura literária tem que recorrer a um ritmo ativo de reconhecimento das palavras e seus sentidos, pois é preciso
acompanhar os dizeres anteriores, que instauram a cena de um bucolismo inventado, para somar essas informações com a imagem
construída pelo poeta, que alude ao fato de que o horizonte no pôr do sol pode ganhar uma cor rubra de acordo com o sol que se põe.

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O poeta poderia ter dito “há árvores em todos os lugares”, mas escolhe modular o verbo para uma forma não usual, imprimindo o sentido de que as
árvores fazemparte de todas as coisas, estão entranhadas na imagem e nas memórias de todas as coisas, por isso usa o verbo “comprometer”, que
nos leva à compromisso, necessidade, inevitabilidade. É uma maneira de intensificar a sensação de presença das árvores na paisagem construída e
que deve ser captada na leitura.
Quando está escrito “ele me coisa /ele me rã / ele me árvore”, o que pode causar bastante estranheza para um leitor desavisado, notamos que há
uma verbalização do substantivo:
Sabemos que coisa, rã e árvore são substantivos.
Mas nos versos se transformam em verbos (eu rã, tu rãs, ele rãs...).
Essa verbalização instaura uma ruptura com as regras normativas da língua, mas, ao mesmo tempo, cria outras possibilidades com essa mesma
língua, pois estamos falando de linguagem literária. Os efeitos de sentido desses deslocamentos causam curiosidade, estranheza, mas também
admiração.
Ler, pois, linguagem literária, é ter participação ativa na construção de sentidos, pois as palavras não estão dispostas de maneira usual e o leitor terá
que soltar as amarras da linguagem instrucional para fruir e compreender o texto. Ao professor, cabe conhecer a teoria literária para saber as
regras da composição e explicá-las aos seus alunos.
Leitura e textos literários
Neste vídeo, o professor Daniel Abrão falará sobre as relações entre a literatura, sua teorização e o ensino de leitura a partir de textos literários.


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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam mais assuntos do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
O texto literário
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Atividades estimuladoras e associativas da leitura

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Questão 1
Há variadas estratégias de aproximação entre alunos e os textos literários. Podemos citar, entre elas

Vamos praticar alguns conceitos?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
A
a escolha dos livros para leitura em sala de aula ser feita exclusivamente por um profissional qualificado com vasto
conhecimento literário.
B o círculo de leitura, proposto por Rildo Cosson, tomar o leitor e o texto como focos principais das relações intertextuais.
C
as discussões em sala após as leituras serem bastante produtivas, desde que os tópicos principais da discussão sejam
escolhidos por aqueles que coordenam as ações, no caso, os professores.
D
o leitor poder criar conexões e identificações com os temas lidos nos textos literários, o que é produtivo para a aproximação
entre leitor e texto literário.
E
a relação entre cinema e literatura também estimular a prática de leitura literária, neste caso, a assistência dos filmes deve
sempre anteceder a leitura dos livros, para que não haja confusão entre as duas instâncias estéticas.
Responder
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Questão 2
A discussão sobre o cânone literário a ser lido é relevante para pensar o sucesso das práticas de leitura. Nesse sentido, podemos afirmar que
3 - Metodologias ativas no ensino de literatura
A o cânone foi construído ao longo do tempo porque é composto de obras que devem ser necessariamente lidas por todo leitor.
B
para a formação do leitor literário, devemos evitar a leitura de best-sellers, pois estes prejudicam necessariamente o processo
de aprendizado da leitura.
C
para conquistar leitores, devemos dinamizar o cânone a ser lido, incluindo obras que se aproximem do horizonte de leitura do
leitor iniciante.
D
o cânone literário deve ser respeitado e lido porque faz parte da sequência cronológica de exposição da literatura nos livros
didáticos brasileiros.
E o bom leitor é aquele que lê o cânone literário estabelecido pela crítica literária e pela teoria da literatura.
Responder
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Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir as especi�cidades das metodologias ativas para o
ensino da leitura.
Considerações iniciais
Vários autores ressaltam a importância da autonomia e da identificação para que um indivíduo se torne leitor. Podemos elencar alguns aspectos
relacionados com esse assunto:

O horizonte de identificação é pessoal ou faz parte de imagens sociais da comunidade em que o indivíduo está inserido.

A obrigatoriedade da leitura geralmente vem acompanhada de um roteiro de obras a serem lidas, o que não é muito produtivo.

O ritmo da leitura é próprio de cada leitor, o que em muitas vezes não é respeitado em leituras centradas no ritmo da sala de aula.

Cada leitor ressalta de forma singular os principais pontos de atenção nas obras lidas, a autonomia facilita esse processo.
Pensando nessas questões, assim como em outras questões associadas, ressaltamos que as metodologias ativas para o ensino da leitura de
textos literários podem obter bastante sucesso.
O que são metodologias ativas?
Ao contrário da aula tradicional, em que um professor explana uma ideia e, posteriormente, recolhe as dúvidas e posições dos alunos, nas
metodologias ativas, o aluno ganha um papel central, atuando como protagonista do conhecimento, tratando-se de um conhecimento autoral, em
que os alunos podem reconduzir, modificar a relação ensino-aprendizagem.
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O professor assume o papel de facilitador, orientador das atividades, mas a condução do processo se dá de forma
ativa, autônoma, de modo que os discentes se desenvolvam na capacidade de apreender os conteúdos de forma
colaborativa.
As metodologias ativas foram pensadas, entre outros, pelo psiquiatra norte-americano William Glasser (1925-2013). O autor elaborou uma pirâmide
da aprendizagem que indica níveis de apreensão de informações e do conhecimento. Em linhas gerais, essa pirâmide parte do pressuposto de que
os alunos aprendem mais quando estão ativamente engajados no processo de apreensão do conhecimento, por isso, o ato de ensinar aos colegas o
que se aprendeu alcança níveis altos de aprendizado.
Também ressalta que os alunos aprendem mais quando expostos a imagens, sons e demais índices associativos que unem o conhecimento verbal
com sinais paralelos que acompanham as mensagens.
Por isso a sugestão profícua do uso de vídeos, pinturas, músicas, entre outros suportes materiais, que podem ser encontrados com bastante
facilidade nas novas tecnologias digitais.
Observe aqui a pirâmide de Glasser, que fala de apreensão do conhecimento em vários temas do ensino, mas, posteriormente, adaptaremos esta
pirâmide ao ensino de leitura por meio das metodologias ativas. Para o autor, depois de duas semanas expostos a um conteúdo, retemos em nossa
memória:
Imagem: Pirâmide de Aprendizagem de Glasser. Extraído de Glasser, 1998.
Adaptada por Daniel Abrão e Rodrigo Pessôa
Percebemos que explicar, resumir, estruturar, organizar um conteúdo obtém mais sucesso na memorização e no aprendizado, por isso é
importante, acerca das metodologias ativas, pensar em uma aula invertida, isto é, em um movimento ao contrário da relação passiva entre professor
e aluno de forma tradicional.
No modelo que foi chamado de aula invertida, os alunos têm conhecimento prévio dos conteúdos antes das aulas, pois assim eles já podem trazer
as dúvidas e incrementar as discussões no momento coletivo em sala de aula, porque os procedimentos estratégicos da relação ensino-
aprendizado são tão importantes quanto os conteúdos a serem ministrados e apreendidos.
Na compreensão da pirâmide,fica evidente que a atitude autônoma se sobrepõe hierarquicamente às atitudes mais passivas: ler, ouvir e observar
são procedimentos mais passivos, associar os sentidos (ver e ouvir) já se torna mais produtivo em se tratando de memorização e aprendizado,
enquanto debater, traduzir, dramatizar, que são movimentos ativos, alcançam mais sucesso.
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Quando o aluno consegue sistematizar o que foi apreendido, para que possa explicar o conteúdo de forma organizada para outra pessoa, temos a
taxa de maior eficiência. Por isso, é importante nas metodologias ativas pensar na opção de inverter a aula, pois o aluno pode desempenhar o papel
de condutor do processo, o que lhe confere também a obrigação de ter responsabilidade em assumir a execução de etapas e tomar decisões
individuais e coletivas.
Metodologias ativas no ensino da leitura literária
Como vimos, nada há de discrepante entre o ensino da leitura do texto literário e as metodologias ativas do ensino, muito pelo contrário, a
característica de relação íntima e pessoal, bem como coletiva e relacional, necessária à formação do leitor literário, está completamente presente
nas metodologias ativas. Nesse sentido, podemos destacar:
No tocante à leitura literária, os princípios para a conquista dos leitores são os mesmos:

Autonomia e horizontalidade entre alunos e professores na organização

Escolha das atividades.
Nesse sentido, apresentaremos algumas possibilidades de atividades, na concepção de que as atividades sugeridas não representam fórmulas
estanques a serem seguidas, mas são sugestões que devem ser adaptadas a cada contexto, bem como também deve ser feita uma escolha de tais
atividades para que não haja uma avalanche de ações que se sobreponham às efetivas leituras.
Atividades de leitura nas metodologias ativas
As obras literárias devem ser escolhidas de acordo com idade, série, expectativa de leitura, interesses e necessidades, mas essas escolhas
geralmente partem dos professores, restando aos alunos pouco espaço para interlocução.
Nas metodologias ativas, o professor deverá estimular o processo de escolha, e não escolher para o aluno.
Confiança advinda da
proatividade.
Protagonismo e autoria em
relação ao próprio
aprendizado
Autonomia e
responsabilidade na
apreensão e no diálogo dos
conteúdos.
Capacidade de trabalho em
equipe e de resolução de
problemas.
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Como o docente tem o papel de facilitar o processo, deve apresentar possibilidades de leitura, sugerir estilos, autores, movimentos literários e
suportes materiais para a sala, mas é cada aluno quem deverá montar a sua sequência de leitura, mediante atividades que possam ser
desenvolvidas em grupo, mas também com autonomia entre os alunos.
Discussões virtuais ou presenciais
Umas das metodologias ativas mais interessantes são os debates sobre uma obra literária. Os debates podem ser realizados entre os alunos, ainda
antes do trabalho em sala de aula, por meio de plataformas e aplicativos de conversação ou ainda presencialmente, fora do âmbito da sala de aula.
Nesses debates, os alunos podem até mesmo escolher as obras e a forma de organização das discussões em sala.
É interessante dispor as cadeiras em círculo, de modo que o professor ocupe a mesma posição que a dos alunos.
É um ótimo meio para desenvolver argumentos e habilidades retóricas de persuasão, sendo um ótimo recurso para a escrita de textos dissertativo-
argumentativos.
É possível deixar essas discussões em um formato mais lúdico, veja abaixo duas sugestões:
Nos dois casos, trata-se de metodologia ativa, pois o aluno se verá “obrigado” a dominar o tema e produzir algo a respeito dele.
Caso os debates sejam realizados de forma virtual, poderá fazer parte de uma dimensão importante das metodologias ativas, que é o ensino
híbrido, misto de presencial e remoto. Portanto, assim, teríamos até a possiblidade de otimização do tempo em sala de aula presencial, que seria
reservada para momentos de clímax das discussões.
Os principais tópicos de discussão também podem ser escolhidos em grupo pelos alunos.
Dessa forma, o eixo dos debates se modifica e se horizontaliza democraticamente, fugindo até de discussões já reincidentes e maçantes da obra
feitas pela mídia ou pela crítica literária, podendo oferecer novos pontos de vista sobre uma obra.
Outra metodologia ativa superinteressante é a promoção de seminários e discussões. Mudar a disposição das carteiras e colocar alunos e
professor em um mesmo patamar é bem interessante e faz os estudantes se sentirem importantes.
Escrita de textos
Cada aluno assume um personagem da história lida e se comporta como tal.
É possível organizar simulações de júri, em que determinados temas ou personagens podem ser colocados no banco dos réus e há
grupos de defesa e acusação, que deverão criar argumentações contundentes sobre os temas discutidos.
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Nas metodologias ativas, é importante produzir e não só receber. Assim, escrever textos sobre o tema pode se tornar um ótimo exercício de
aproximação do texto literário. Mas não só é possível fazer resenhas, resumos, sumarização ou sínteses. Também é desejável que os textos
produzidos estejam dialogando com vários gêneros discursivos, como:

A carta

O artigo de opinião

A notícia

Outros gêneros discursivos
O aluno poderá escrever sob o pseudônimo de um personagem da história lida, ou ainda como o narrador, endereçando os textos para seus colegas
ou para o professor, enfim, toda a sorte de relações só enriquece a atividade.
Importante ressaltar que a escrita, na escola e na vida, aprimora-se com a leitura e vice-versa, portanto, produzir textos a partir de conhecimentos e
informações recentes só acelera o aprendizado das duas modalidades de uso da língua.
Atividades paralelas à leitura
Um livro de literatura possui cenas, personagens, narrativas que se distribuem ao longo do texto, representações temporais de determinadas
passagens da história, focos narrativos diversos, figuração de paisagens, imagens, alusão a outras obras literárias e outras obras artísticas.
Todas essas relações podem ser exploradas antes, durante e depois da efetiva leitura das obras literárias.
Vejamos um rol de sugestões, com algumas atividades que já foram indicadas e comentadas anteriormente, mas que agora são apresentadas na
perspectiva das metodologias ativas:
Blogs interativos 
Páginas em redes sociais 
Canais de vídeos nas plataformas digitais 
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Resultados esperados das metodologias ativas
Sabemos que o contato inicial com a leitura é muito importante, pois experiências negativas podem afastar o leitor ou comprometer sua formação
por muito tempo ou para sempre.
Os estigmas criados, nesse sentido, são muito fortes, por isso, é preciso deixar que esse mesmo aluno faça suas escolhas e tenha o contato
facilitado da melhor forma possível, escolhendo desde as obras até os processos de leitura, de maneira autônoma e autoral.
As metodologias ativas contribuem para a promoção da leitura porque facilitam a aproximação entre leitor e texto literário, tornando a relação mais
espontânea e autônoma, para aprofundar os temas e as obras lidas.
Há também algo importante em se tratando de leitura que nunca deverá ser deixado de lado: o prazer da leitura. Os alunos constroem seu cânone
pessoal, retêm mais os conteúdos e formas apreendidas, criando mais identificação com a literatura.
Após esses momentos iniciais de formação, o aluno terá a capacidade de ampliar seu cânone, bem como ampliar o nível de complexidadedas
obras lidas, levando em conta os possíveis rebuscamentos do uso da língua e os níveis elevados de elaboração da linguagem artística.
Dramatização 
Vídeos e filmes relativos à obra 
Músicas, pinturas, histórias em quadrinhos e obras artísticas em geral 
Fanfiction e histórias em quadrinhos 
Sacola de leitura 
Contação de histórias 
Pesquisas paralelas à obra lida 
Gamificação 
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Metodologias ativas e ensino de leitura
Neste vídeo, o professor Daniel Abrão falará sobre algumas metodologias ativas no ensino-aprendizado da leitura no contexto escolar.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam mais assuntos do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Metodologias ativas no ensino da leitura literária
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Atividades paralelas à leitura
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Questão 1
Sobre as metodologias ativas para o ensino da leitura, é possível afirmar que

Vamos praticar alguns conceitos?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
A ler é a atividade fim de toda metodologia ativa, sendo o foco principal de todo aprendizado.
B
no âmbito do aprendizado, quando o aluno tem um conhecimento literário e o explica para alguém, temos um exemplo de
metodologia ativa para a aprendizagem.
C
nas metodologias ativas para o ensino da leitura, a proatividade do aluno vem do cumprimento rigoroso dos roteiros
didáticos.
D
nas metodologias ativas para o ensino da leitura, o aluno deverá incrementar seus estudos com a leitura de obras escolhidas
previamente pelos professores.
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Questão 2
No ensino da leitura, qual procedimento é contrário a uma abordagem caracterizada como metodologia ativa?
Considerações �nais
Como vimos, a leitura é essencial para o desenvolvimento e o bom desempenho escolar, pois aprimora a escrita, a capacidade de raciocínio e insere
os alunos em universos culturais e linguísticos mais ampliados em relação aos usos da língua no cotidiano da fala. O hábito da leitura é criado aos
poucos, por meio da investigação que identifique o perfil dos leitores e as possibilidades estratégicas de trabalho com diferentes gêneros textuais e
suportes tecnológicos possíveis.
A leitura literária deve ser incentivada e construída por intermédio de relações associativas que podem advir de outras artes, das tecnologias e das
inúmeras atividades possíveis de serem realizadas em sala de aula, como as dramatizações, a relação das obras literárias escritas com produtos
E
a “aula invertida” é uma metodologia invertida insuficiente porque os alunos não têm conhecimento para conduzirem o
processo de ensino-aprendizagem.
Responder
A Estar atento às aulas e seguir o roteiro didático exposto previamente pelos professores.
B Elaborar dramatizações relativas aos textos literários lidos.
C
Ler previamente as obras e os textos a serem trabalhados em sala de aula para que nas discussões sejam expostas as
dúvidas e os comentários entre os colegas.
D Produzir vídeos explicativos relativos aos textos literário lidos.
E Elaborar fanfictions como desdobramento das obras literárias lidas.
Responder
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culturais de outras mídias, o diálogo constante dos leitores com outros leitores, entre outras tantas atividades. É preciso, ainda, conhecer aspectos
teóricos da construção dos textos literários, para que seja possível elucidar questões de composição das obras, bem como situar tais obras em uma
leitura mais profunda que decodifique aspectos antes não notados por uma leitura leiga. Nesse sentido, prazer e teoria devem caminhar juntas.
Todo o processo deverá ser conduzido de modo que a leitura se torne algo, ao mesmo tempo, prazeroso e produtivo no ambiente escolar, o que
pode ser feito pelas metodologias ativas, pois estas permitem a criação de ambientes democráticos do saber, em que o aluno tem autonomia e é
protagonista do desenvolvimento de sua capacidade leitora, já que poderá interferir e construir seu próprio caminho de leitura, sempre no diálogo
com seus professores e colegas.
Podcast
Agora, o professor Daniel Abrão encerra falando sobre as diferentes abordagens teóricas e metodológicas que orientam o ensino da leitura.
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Pensando nas metodologias ativas, uma das possibilidades é a quadrinização de obras literárias. No portal Mundo nativo digital é possível encontrar
recursos que ajudam no processo de quadrinização em meio digital.
Leia o texto Retrato da leitura no Brasil 5ª ed., disponibilizado no portal do Instituto Pró-Livro, para conhecer um atual e completo estudo sobre os
níveis de leitura no Brasil.
Confira dicas de obras literárias e tenha boas ideias para o ensino e a aprendizagem da leitura, lendo o artigo 10 Melhores livros para iniciantes, de
Rebeca Fuks, publicado no portal Cultura genial.
Assista aos vídeos Práticas de Leitura no Ensino Fundamental - Partes 1 e 2, da Universidade Federal de Pernambuco, para conferir uma discussão e
situações práticas relacionadas com o ensino de leitura.
Referências
ABRÃO, Daniel; GOMES, Nataniel. Poesia em forma de história em quadrinhos. Filologus, Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos
(CiFEFiL), Rio de Janeiro, 2014.
BRAIT, Beth. Literatura e outras linguagens. São Paulo: Contexto, 2010.
COLOMER, Teresa. A formação do leitor literário. São Paulo: Global Editora, 2003.
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olhares. Campinas: Mercado das Letras; São João da Boa Vista: Unifeob, 2005.
COSSON, Rildo. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Contexto, 2014.
DANIELS, Harvey. Literature circles. Voice and choices in books Clubs and Reading Groups. 2. ed. Portland, Maine: Stenhouse Publishers, 2002.
GLASSER, W. Choice Theory: A New Psychology of Personal Freedom. The William Glasser Institute, 1998.
GIROTTO, Cynthia; SOUZA, Renata. Estratégias de leitura de leitura: para ensinar alunos a compreenderem o que leem. In: Souza, Renato (Org.). Ler e
compreender: estratégias de leitura. Campinas: Mercado de Letras, 2010.
IBOPE INTELIGÊNCIA. Retratos da leitura no Brasil. 5. ed. São Paulo: Instituto Pró-livro; Itaú Cultural, 2020.
ISER, Wolfgang. O ato de leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo: Editora 34, 1996.
KATO, Mary. Reconhecimento instantâneo e processamento. In: Linguagem oral, linguagem escrita, Série Estudos – 8: Uberaba, MG: Letras das
Faculdades Integradas de Uberaba, 1982.
LEFFA, Vilson J. Aspectos da leitura. Porto Alegre: Sagra – D.C. Luzzatto editores, 1996.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto. 2006.
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