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e-book criancas podem ser vegetarianas

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Bebês e crianças podem 
ser vegetarianos? 
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Índice
Crianças podem ser vegetarianas 
desde a época da introdução alimentar? 3
Afinal, quem são os vegetarianos? 4
Se a alimentação vegetariana 
é segura para o meu filho, 
por que muitas pessoas 
falam exatamente o contrário? 5
Se você e sua família são vegetarianos... 6
Cuidado número 1 7
Cuidado número 2 8
E quando não for possível 
amamentar? 9
Cuidado número 3 10
Cuidado número 4 11
Cuidado número 5 12
Cuidado número 6 13
Cuidado número 7 14
Cuidado número 8 15
Cuidado número 9 16
Cuidado número 10 17
Para finalizar 18
Bibliografia consultada 19
Contato 20
3
Crianças podem ser 
vegetarianas desde a época 
da introdução alimentar?
Esta é uma pergunta que ouço quase todos os dias das famílias 
que atendo no consultório… A resposta é: SIM!!!
Inúmeros estudos científicos mostram que a alimentação vege-
tariana (ovo-lacto vegetariana e vegetariana estrita) desde que 
bem planejada, é adequada em todas as fases da vida (incusive na 
gestação, na amamentação, infância, adolescência e para atletas). 
Além disso, ajuda a prevenir e/ou tratar diversas doenças, como 
câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, algumas 
doenças renais e hipertensão.
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Afinal, quem são os vegetarianos?
Vegetariano é todo indivíduo que não come carne
Semi-vegetariano
Não pode ser considerado 
vegetariano. Indivíduo 
que come carnes brancas 
até 3x por semana. Pode 
estar em transição para o 
vegetarianismo. 
Ovolactovegetariano
Consome ovos, leite 
e derivados.
Lactovegetariano
Consome leite 
e derivados.
Veganismo
Filosofia do não consumo de qualquer produto que 
cause exploração e/ou sofrimento animal. Adota o 
vegetarianismo estrito como forma de alimentação. 
Na prática, o termo “vegano” muitas vezes é usado 
como sinônimo de vegetariano estrito.
Vegetariano estrito
Não consome nenhum 
alimento de origem animal.
Ovovegetariano
Consome ovos.
Importante: os semi-vegetarianos 
também precisam de cuidados 
nutricionais, principalmente nas fases 
da vida onde a demanda de nutrientes 
aumenta muito, como a gestação, 
amamentação e infância!
5
Se a alimentação vegetariana 
é segura para o meu filho, 
por que muitas pessoas falam 
exatamente o contrário?
No Brasil existe uma grande falta de informação sobre o vegetaria-
nismo, inclusive entre os profissionais de saúde. Felizmente, esta rea-
lidade já está mudando em muitos países! 
A situação fica bem mais complicada quando falamos de gestan-
tes, bebês e crianças, não é mesmo? 
A falta de informação gera uma enorme insegurança nas famílias 
que já são vegetarianas e desejam seguir trilhando este caminho 
com seus filhos…
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Se você e sua família 
são vegetarianos....
Se você e sua família são vegetarianos, mas possuem muitas dú-
vidas e, frequentemente, ouvem críticas e comentários preconcei-
tuosos sobre o vegetarianismo…
É um profissional de saúde que busca estar sempre atualizado e, 
por isso, deseja informações práticas e confiáveis sobre a alimen-
tação vegetariana para crianças…
Com certeza, vai gostar de receber...
“Os 10 cuidados para a alimentação 
da criança vegetariana”
Um presente feito com carinho pra você!
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Cuidado número 1
Boa nutrição desde os 
primeiros 1.000 dias de vida
• Hoje se sabe que a boa nutrição nos primeiros 1.000 dias de 
vida* é um fator muito importante na prevenção de doenças 
como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares na vida do 
futuro adulto!
• Para vegetarianos, é importante lembrar que a boa nutrição e o 
acompanhamento nutricional nos primeiros 1.000 dias de vida 
evita que mãe e filho desenvolvam carências nutricionais, tais 
como anemia ferropriva e deficiência de vitamina B12.
• Estas carências nutricionais podem gerar consequências muito 
negativas para a saúde da mãe e do bebê, mas são 100% evitá-
veis!!
* Primeiros 1.000 Dias de Vida: período compreendido entre a 
gravidez e os 2 primeiros anos de vida da criança.
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Cuidado número 2
Aleitamento materno exclusivo 
em livre demanda até os 6 meses 
e complementado com alimentação 
vegetariana após esta idade
• Para as mães: que tal procurar um Banco de Leite ou um Con-
sultor Certificado para apoiar nas possíveis dúvidas e dificulda-
des na amamentação? 
• O leite materno supre 100% das necessidades nutricionais até 
os 6 meses e daí em diante, este percentual vai reduzindo gra-
dativamente com a chegada da alimentação complementar, 
até chegar em cerca de 50% no final do primeiro ano de vida 
do bebê.
• Manter o aleitamento materno em livre demanda e seguir dan-
do oportunidades para a evolução da alimentação comple-
mentar após os 6 meses, é a melhor forma de garantir a boa 
nutrição do bebê, seja ele vegetariano ou não!
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E quando não for 
possível amamentar?
Você sabia que bebês vegetarianos não amamentados precisam 
receber fórmulas infantis?
Leites vegetais caseiros ou industrializados não substituem 
as fórmulas!
Um bebê precisa de cerca de 3 vezes mais energia do que um adul-
to, considerando o número de calorias por kg de peso corporal? 
O acompanhamento da curva de peso e comprimento da criança 
pelo profissional de saúde é uma das formas de avaliar se a ali-
mentação que a criança está recebendo alimentação suficiente 
para o seu crescimento?
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Cuidado número 3
Energia ou calorias adequadas para garantir 
o crescimento do bebê e da criança
Ofereça alimentos de média e alta 
densidade calórica (raízes e tubérculos 
como: mandioca, inhame, batata doce, 
cará, batata inglesa, batata baroa; frutas 
como abacate, banana, mamão, caqui; 
cereais e derivados como fubá, arroz, 
macarrão, aveia em flocos finos) nas 
refeições principais e nos lanches.
Adicione óleos vegetais de boa 
qualidade na comida já pronta 
(1c. de chá para aproximadamente 
100 gramas ou 1c. de chá para 4 a 5c. de 
sopa do alimento pronto), como azeite 
extra-virgem ou óleo de linhaça
Alterne a oferta de cereais 
integrais e refinados (ex: arroz 
integral x arroz branco ou 
parboilizado), para evitar o 
excesso de fibras na alimentação.
Dicas Nutricionais
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Cuidado número 4
Proteínas: fundamentais para o crescimento, 
imunidade, formação de enzimas e hormônios
Inclua leguminosas variadas 
e derivados (feijões variados, 
lentilha, grão de bico, ervilha) 
2x ao dia, no almoço e jantar.
Utilize a Combinação “cereais 
+ leguminosas” nas refeições 
do bebê. Ex: cereais como 
arroz, aveia, derivados do milho 
(angu, polenta, cuscuz), quinua, 
macarrão + leguminosas como 
ervilha, feijão adzuki, lentilha, 
feijão, grão de bico.
Dicas Nutricionais
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Para a criança:
Cuidado número 5
Ácidos Graxos Ômega 3 (EPA e DHA*): 
participam da formação do cérebro e da 
retina, redução de alergias e inflamações
Consuma fontes diretas e 
indiretas de EPA e DHA: algas 
ou suplementos de algas (fontes 
diretas de EPA e DHA), linhaça 
triturada, nozes, chia e macadâmia 
(fontes indiretas de EPA e DHA).
Evite alimentos industrializados 
(possuem gorduras trans e hidroge-
nadas). Estas gorduras diminuem a 
transformação das fontes indiretas 
de EPA e DHA em fontes diretas pela 
mãe, reduzindo a disponibilidade 
das fontes diretas de ômega 3 para 
criança através do leite materno.
*EPA e DHA: ácidos graxos eicosapentaenóico e docosahexaenóico.
Dicas Nutricionais
Para a mãe que amamenta:
Inclua óleo de linhaça prensado à 
frio na comida depois de pronta (5g 
ou 1 c. de chá/ dia do óleo de linha-
ça puro ou 2 c. de chá/ dia do óleo 
de linhaça misturado com azeite de 
oliva na mesma proporção).
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Dicas Nutricionais
A Deficiência de B12 na gestação e 
na infância pode acarretar problemasgraves para a gestante e a criança.
Cuidado número 6
Vitamina B12: maturação das 
células sanguíneas, crescimento e 
integridade do sistema nervoso
Suplementação criteriosa, 
monitorada e individuali-
zada da mãe na gravidez 
e na lactação.
Suplementação do 
bebê a partir do 
início da alimentação 
complementar.
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Dicas Nutricionais
Cuidado número 7
Ferro: formação das células vermelhas 
do sangue, transporte de oxigênio, 
produção de energia e aprendizado
Ofereça folhosos verde-
escuros e leguminosas 
(feijão, lentilha, ervilha, 
grão de bico) no almoço e 
no jantar, diariamente.
Deixe as leguminosas de 
molho em água por 8 a 
12h, lave os grãos num 
escorredor e coloque nova 
água para cozinhar.
Ofereça fontes vitamina C 
(acerola, caju, goiaba, 
laranja, carambola) junto 
com fontes vegetais de ferro 
(feijões, vegetais folhosos 
verde-escuros).
Não dê leite de vaca e 
derivados, chás (de todos 
os tipos, inclusive chás de 
ervas e chá preto) e cacau 
após o almoço e jantar. 
Atenção: estes alimentos 
não deve ser oferecidos 
antes de 1 ano de idade!
Suplementação de ferro 
conforme orientação do 
profissional de saúde que 
acompanha a criança.
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Dicas Nutricionais
Cuidado número 8
Zinco: essencial para o crescimento, 
imunidade e bom funcionamento de 
diversas reações químicas celulares 
Coloque os feijões de molho 
por 8 a 12h, troque a água 
antes de cozinhar e ofereça 
estes alimentos para a crian-
ça no almoço e no jantar.
Deixe as sementes oleaginosas* 
de molho por 8 a 12h (amên-
doas, nozes, gergelim, macadâ-
mia, semente de girassol, cas-
tanha de caju), retire a água e 
adicione-as raladas nas frutas.
Outras formas de oferecer as sementes oleaginosas* (semen-
tes de girassol, gergelim, melancia, abóbora):
• consumí-las na foma pastas, como tahine (pasta de 
gergelim) e pasta de castanha-de-caju (veja receita no 
e-book Delícias de Festa!)
• torrá-las no forno ou em panela sem óleo, triturá-las no 
processador e adicionar 1c. de chá do pó na comida ou 
usá-lo no preparo de tortas, pães e bolos.
* Para crianças que não possuem alergias alimentares, sugiro oferecer oleagino-
sas dos 10 meses em diante. Crianças alérgicas devem seguir as orientações es-
pecíficas do profissional de saúde de confiança da família.
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Dicas Nutricionais
Cuidado número 9
Cálcio: estrutura dos ossos e dentes, 
coagulação do sangue, contração muscular 
e transmissão de impulsos nervosos
Priorize a oferta de vegetais verde-escuros da 
família das brássicas diariamente (couve, repolho, 
brócolis e folha de mostarda), que possuem cálcio 
de bom aproveitamento pelo organismo. Além de 
oferecê-los puros, você pode adicionar estes vege-
tais em receitas como bolinhos e souflês.
Limite a oferta de alimen-
tos ricos em oxalato (espi-
nafre, beterraba e cacau) a 
1 a 2x por semana.
Utilize condimentos naturais frescos ou 
seco (salsinha, cebolinha, orégano, manjeri-
cão, hortelã, coentro) e reduza o uso do sal 
e de alimentos industrializados em geral.
Crianças acima de 1 ano podem 
consumir também “leites vege-
tais” enriquecidos com cálcio. 
Atenção: estes “leites” não subs-
tituem o leite materno!!
Evite o consumo de leite ani-
mal ou vegetal enriquecido 
com cálcio misturado com 
cacau ou com achocolatados.
Dê banhos de sol no bebê 
diariamente, estimule a crian-
ça a brincar ao ar livre e faça a 
suplementação de vitamina D 
conforme a recomendação do 
profissional de saúde.
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Cuidado número 10
Introdução alimentar pela abordagem 
BLW (Baby Led Weaning) e vegetariana
Há muitas informações sobre BLW circulando nas redes sociais... 
Infelizmente, a maioria veiculada por pessoas que não conhecem 
a abordagem a fundo e, por isso, cometem vários equívocos! 
Se o BLW faz sentido pra você, aprofunde seus conhecimentos 
diretamente com as idealizadoras, Gill Rapley e Tracey Murkkett, 
através do livro “Baby led weaning - O desmame guiado pelo bebê” 
(recentemente traduzido para o português)!
Veja a seguir algumas dicas que preparei para você sobre como 
harmonizar a Introdução Alimentar Vegetariana com a Aborda-
gem BLW.
Dicas Nutricionais
Continue amamentando o 
bebê em livre demanda.
Ofereça leguminosas (feijões), 
cereais (arroz, aveia, polenta, 
angu) e óleos vegetais de boa 
qualidade (azeite ou óleo de 
girassol extra-virgem, óleo 
de linhaça, óleo de abacate), 
desde o início da IA.
Ofereça cereais e 
leguminosas na forma de 
bolinhos, até que criança 
adquira os “movimentos 
de pinça”, consiga pegar os 
grãos com as mãos, levá-
los à boca e mastigá-los.
Ofereça vegetais verde-escuros 
e óleos de boa qualidade como 
ingredientes de bolinhos e, 
quando perceber que a criança 
já desenvolveu maior habilida-
de na mastigação para rasgar as 
folhas, passe-as rapidamente na 
água fervente para abrandar as 
fibras (ex: couve, repolho).
Evite o excesso de fibras 
na alimentação do bebê 
(veja o cuidado acima). Fique atenta à curva de 
crescimento da criança.
18
Pra finalizar...
Este e-book foi prepado com muito carinho para responder as 
principais dúvidas que recebo no consultório e de profissionais de 
saúde sobre alimentação vegetariana...
Espero que você goste! Foi só uma amostrinha do que vem por aí… 
Afinal, o assunto é muito extenso e ainda bastante polêmico, né? 
Siga-me nas redes sociais 
e acompanhe as novidades 
sobre nutrição vegetariana 
na gestação, na lactação 
e na infância!
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Bibliografia Consultada
Nathan Cofnas (2018): Is vegetarianism healthy for children?, Critical Reviews in 
Food Science and Nutrition, DOI: 10.1080/10408398.2018.1437024
Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Vegetarian Diets. J Acad Nutr 
Diet. 2016; 116: 1970-1980.
Gomes de Souza, E.C; Lopes Duarte, M. S.; Lopes da Conceição, L. L. Alimentação 
Vegetariana: atualidades na abordagem nutricional. 1a Ed. Ed Rubio, Rio de 
Janeiro, 2016.
Slywich, Eric. Alimentação sem Carne: guia prático: o primeiro livro brasileiro que 
ensina como montar sua dieta vegetariana, 2a ed. São Paulo, Alaúde Editorial, 2015.
Davis, B.; Vesanto, M. 100% vegetariano: o guia essencial para uma alimentação 
saudável e ecologicamente correta. São Paulo, Cultrix, 2011.
Ana Paula Pacífico Homem
anapaulapacificohomem
Ana Paula Pacífico Homem
www.anapaulapacificohomem.com.br
|31| 99315.4905
“Ter conhecido o método BLW e 
aprendido com Ana Paula a melhor 
forma de associá-lo com receitas 
vegetarianas foi maravilhoso. 
Nossa filha Shanti está cheia de 
saúde e está se alimentando de 
forma independente e feliz!!!”
Keiko e Maurício

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