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1 EMPREENDEDORISMO E NOVOS NEGÓCIOS 1 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................................................... 2 INTRODUÇÃO AO MUNDO DOS NEGÓCIOS ............................................................................................ 3 1.1 Bens industriais .................................................................................... 4 1.2 Ambiente de negócios .......................................................................... 5 1.2.1 Macroambiente ............................................................................................................... 6 1.2.2 Microambiente ................................................................................................................ 8 1.3 Empresa ............................................................................................... 9 1.3.1 Classificação das Empresas ........................................................................................... 10 2. PROCESSO EMPREENDEDOR ......................................................................................................... 11 2.1 Origem e desenvolvimento do empreendedorismo ............................ 13 2.2 Vantagens e desvantagens do empreendedorismo ........................... 16 2.3 Características e habilidades do empreendedor ................................... 17 2.3.1 Características do empreendedor ........................................................................................ 19 2.3.2 Habilidades empreendedoras .............................................................................................. 20 3. EMPREENDENDO NOVOS NEGÓCIOS ............................................................................................ 21 3.1 O que é novo negócio? ...................................................................... 21 3.2 O plano de negócio ............................................................................ 25 3.2.1 A Necessidade de um Plano de Negócio ....................................................................... 26 3.2.2 Como elaborar o Plano de Negócio ............................................................................... 27 3.2.3 Utilidades do Plano de Negócio .................................................................................... 30 4. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E EMPREENDEDORISMO ............................................................ 31 4.1 A pirâmide estratégica: como envolver toda a empresa na busca da visão do negócio .................................................................................................... 33 4.2 Tirando do papel: como traduzir os objetivos estratégicos em ações e tarefas concretas ................................................................................................... 34 5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 36 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO AO MUNDO DOS NEGÓCIOS Negócio é quando individualmente e/ou duas ou mais pessoas se juntam em um esforço organizado para produzir bens (produtos) e serviços, a fim de gerar lucros através da venda desses para um determinado mercado. Em linhas gerais, negociar envolve, basicamente, compra e venda de algo a alguém, agregando valor a esse “algo” produzido em meio a essas duas pontas. O produto é um bem concreto, algo palpável, que se pode pegar e ver. Um bem pode ser destinado ao consumo (bens de consumo) ou à produção de outros bens (bens de produção). O produto, ou o bem, consiste em um grupo de atributos tangíveis ou não, que satisfaz os consumidores e que é recebido em troca de dinheiro ou outra unidade de valor. Os atributos tangíveis incluem características físicas como embalagem e cor, e os intangíveis incluem benefícios emocionais e a satisfação abstrata, tais como: tornar-se mais saudável ou mais rico. Desse modo, um produto inclui o cereal que você come, o contador que preenche seu imposto de renda ou seu museu de arte local. Os produtos ou bens são classificados por tipos de usuários e por grau de tangibilidade do produto, como demonstrado a seguir: a) Os tipos de usuário envolvem: • Bens de consumo – produtos comprados pelo consumidor final. • Bens industriais – produtos que auxiliam direta ou indiretamente na oferta de produtos para revenda. b) O grau de tangibilidade envolve: • Bens não duráveis – alimentos e gasolina. • Bens duráveis – vestuário, automóvel e equipamento de som. Os serviços são definidos por atividades, satisfações ou benefícios oferecidos para venda, tais como: pesquisa de marketing, planos de saúde e educação. 4 1.1 Bens industriais A principal característica de um bem industrial é que sua venda, em geral, resulta da demanda derivada, isto é, venda dos bens de consumo. Por exemplo: se a demanda do consumidor por determinada marca de carro (um produto de consumo) aumenta, a empresa pode aumentar sua demanda por equipamentos para pintura (um produto industrial). Para operar um negócio, o empreendedor assumirá vários riscos, seja quanto ao capital empregado, seja quanto ao tempo e ao esforço investido, principalmente quando existe a possibilidade de sua aplicação resultar em perdas. 5 1.2 Ambiente de negócios Quando se fala em ambiente de negócios se fala em tudo que existe em torno de uma empresa. Isso porque elas não vivem isoladas e não são instituições absolutas; elas representam a sociedade, o país e o cenário mundial. Em linhas gerais, devido à sua complexidade, o ambiente é dividido em dois segmentos: o maior é o ambiente geral ou macroambiente e o outro, o mais imediato, é o ambiente de tarefa ou microambiente. 6 1.2.1 Macroambiente Todos os negócios operam em um ambiente geral formado por variáveis que interagem dinamicamente entre si e provocam impactos profundos em todas as empresas, tais como: variáveis econômicas, sociais, tecnológicas, culturais, legais, demográficas e ecológicas. Variáveis econômicas Estão relacionadas aos eventos econômicos, tais como: recessão ou desenvolvimento econômico, PIB (Produto Interno Bruto) e PIB per capita, câmbio, balança comercial, inflação, juros, preços, aluguéis, perfis de distribuição de riqueza, taxas inflacionárias, níveis de emprego, entre outros. É a variável que mais influencia o ambiente de negócio. Variáveis sociais Estão relacionadas com os eventos sociais propriamente ditos, tais como: nível de emprego, melhoria da educação, saúde, previdência social, segurança e bem- estar. Esta variável é importante porquedetermina os hábitos e as necessidades de compra, bem como as necessidades individuais a serem satisfeitas. Variáveis tecnológicas Estão relacionadas ao desenvolvimento de tecnologias no qual as empresas trabalham em busca de novos métodos, processos, equipamentos e instalações. Variáveis culturais Relacionam-se aos eventos culturais, tais como: artes, arquitetura, tipo de vida, etc. Variáveis legais Estão relacionadas às leis e normas que regulam as atividades dos negócios, seja um comércio interno, seja um comércio externo. Variáveis demográfica Relacionam-se ao crescimento demográfico, densidade demográfica, distribuição espacial, composição etária e étnica, entre outros. 7 Variáveis ecológicas Estão relacionadas com os recursos naturais de uma determinada região, tais como: clima, água, terra, etc. 8 1.2.2 Microambiente O microambiente constitui uma parte específica do ambiente geral e é também chamado de “ambiente de tarefa” ou “ambiente de operações” da empresa. Isso porque cada empresa opera em um microambiente específico do qual retira seus recursos e coloca seus produtos/serviços. Abrange os fornecedores de insumos, os clientes e consumidores, os concorrentes e agências reguladoras. Fornecedores São os fornecedores de recursos ou insumos para o negócio. Entre os principais fornecedores estão os de recursos financeiros (mercado de capitais, investimento, etc.), os fornecedores de recursos materiais (matérias-primas), fornecedores de recursos tecnológicos (máquinas, equipamentos, etc.), entre outros. Clientes e consumidores Usuários dos produtos e serviços produzidos pela empresa. Concorrentes Produzem bens ou serviços iguais ou semelhantes, visando os mesmos consumidores ou usuários; competem pelos mesmos recursos junto aos mesmos fornecedores. Agências reguladoras São entidades externas que impõem controles, limites e restrições à ação da organização. Governo, meios de comunicação de massa, sindicatos, organizações não governamentais, associações empresariais e de classe são exemplos de agências reguladoras. 9 1.3 Empresa Uma empresa é uma pessoa jurídica ou sistema econômico que tem como objetivo exercer uma atividade particular, pública ou de economia mista, que produza e ofereça bens e/ou serviços, com o objetivo de atender à alguma necessidade humana. Os objetivos de uma empresa podem ser diretos e indiretos. Os objetivos diretos são, geralmente, a produção, a venda de mercadorias ou a prestação de serviços. Para o seu funcionamento, a empresa precisará de recursos humanos (pessoas), recursos materiais (máquinas, equipamentos, móveis e utensílios) e recursos financeiros (capital ou dinheiro). Já os objetivos indiretos se referem ao lucro, onde a empresa almeja ganhar mais do que gasta para produzir ou vender suas mercadorias ou prestar serviços. Ainda de forma indireta ela desempenha várias finalidades sociais, tais como: criação de oportunidades de emprego, disseminação da atividade econômica, distribuição dos ganhos, pagamentos a fornecedores, preservação do meio ambiente, etc. 10 1.3.1 Classificação das Empresas As empresas são organizações destinadas à produção de alguma coisa. Os vários tipos existentes de empresa são classificados de acordo com seu ramo de atividade, podendo ser produtoras de bens ou prestadoras de serviços. De acordo com o ramo de atividade, as empresas podem ser classificadas em: a) Empresas industriais – são as responsáveis pela transformação de matérias-primas em mercadorias ou produtos acabados, produzindo bens de consumo ou bens de produção. Podem abranger desde os pequenos artesanatos até as grandes fábricas. b) Empresas comerciais – são as que vendem mercadorias ou produtos acabados diretamente ao consumidor (comércio varejista) ou aquelas que compram diretamente do produtor para vender ao varejista (comércio atacadista). c) Empresas prestadoras de serviços – são as que oferecem serviço e mão de obra especializada como transporte, educação, saúde, comunicação, serviços de manutenção, etc. 11 2. PROCESSO EMPREENDEDOR O termo empreendedor (entrepeneur) é de origem francesa e significa “assumir riscos e começar algo novo”. Já o termo empreendedorismo tem sua criação atribuída ao escritor e economista Richard Cantillon (séc. XVII), pois foi um dos primeiros a distinguir o empreendedor (pessoa que assume riscos) do capitalista (fornecedor de capital). Em 1814, o economista francês Jean-Baptiste Say usou o termo “empreendedor” para identificar o indivíduo que transfere recursos econômicos de um setor de baixa produtividade para um setor de produtividade mais elevada. O autor enfatizou ainda a importância do empreendedor para o bom funcionamento do sistema econômico. Schumpeter (1984), economista austríaco, defendeu o papel do empreendedor e seu impacto sobre a economia. Ele definiu o termo como alguém com desejo e potencial de converter uma nova ideia ou invenção em uma inovação bem-sucedida, tendo como principal tarefa a “destruição criativa”. Para o autor, o empreendedor é capaz de modificar a economia introduzindo novos produtos ou serviços no mercado. Um empreendedor é capaz de conceder a algo já existente uma nova funcionalidade. Constantemente empenha-se em descobrir oportunidades para inovar, sem medo de assumir riscos. Aquele que empreende, além de ser capaz de detectar oportunidades rentáveis, também busca informações e conhecimentos, pois entende que esse é o caminho para o êxito do seu negócio. Para Chiavenato (2005), ser empreendedor é ser uma pessoa com sensibilidade e “tino” financeiro para os negócios; é ser dinâmico e realizador de propostas; é alguém que inicia e opera um negócio para realização de uma ideia ou um projeto pessoal, assumindo riscos, responsabilidades e, enfim, inovando em sua área de atuação. Segundo Carvalho (1996, p.79-82), [...] os empreendedores são indivíduos que têm a capacidade de criar algo novo, assumindo responsabilidades em função de um sonho, o de obter sucesso em seu negócio, estas pessoas são ousadas, aprendem com os erros e encaram seu negócio como um desafio a ser superado; têm facilidade para resolverem problemas que podem influenciar em seu empreendimento, e mais, identificam oportunidades que possibilitam melhores resultados; são 12 pessoas incansáveis na procura de informações interessadas em melhorias para o seu setor ou ramo de atividade, elevando ao máximo sua gestão. De acordo com Bernardi (2010), a ideia de um empreendimento surge da observação, da percepção e da análise de atividades, tendências e desenvolvimentos, na cultura, na sociedade, nos hábitos sociais e de consumo. Assim também as oportunidades detectadas, racional ou intuitivamente, nas necessidades e nas demandas prováveis (atuais e futuras), bem como nas necessidades não atendidas, para o autor, definem o conceito de empreendimento. Até o presente momento, não há uma definição única sobre “empreendedorismo”. Há, no entanto, um consenso nos diversos idiomas em que é empregado, onde o termo sugere inovação, risco, criatividade, organização e riqueza. É importante lembrar que o fato de conhecermos acerca do empreendedorismo não nos garante a posição de empresários geniais, como Steve Jobs ou Bill Gattes, porém nos possibilita a noção de como ter melhores empresas e sermos melhores empresários. 13 2.1 Origem e desenvolvimento do empreendedorismo A origem do termo empreendedorismo não é precisa, no entanto, constata-se que desde os primórdios da humanidade existem pessoas que se destacam, inovando suas atividades ou produtos. À essas práticas inovadoras dá-se o nome de empreendedorismo. Entre 1271 e 1295, um mercador chamado Marco Polo tentou desenvolver uma rota comercialpara o Oriente e, numa iniciativa empreendedora, firmou um contrato com um capitalista a fim de comercializar seus produtos. Suas viagens e ações caracterizaram a pessoa que pratica empreendedorismo, ou seja, uma pessoa empreendedora que assume riscos físicos e emocionais a fim de atingir seus objetivos. No período medieval, empreendedor era aquele que administrava grandes projetos sem que, para isso, assumisse sérios riscos. No século XVII, surgem as primeiras relações entre empreendedorismo e riscos assumidos. Foi nesse período que o empreendedor passou a estabelecer acordos contratuais com o governo a fim de realizar serviços ou fornecer produtos. Na década de 1990, o empreendedorismo passou a ser foco de políticas públicas e de estudos em instituições de ensino médio e superior. Isso ocorreu devido ao intenso avanço tecnológico, que forçou as pessoas da época a se prepararem para inovar, continuando ou tornando-se assim, competitivas no mercado. Tudo isso, ainda hoje, é observado através dos incentivos governamentais a novos investimentos, integração da disciplina aos currículos escolares e desburocratização de financiamentos para implantação de novos negócios. Empreendedorismo no Brasil O empreendedorismo no Brasil teve início com a chegada dos portugueses, a partir do século XVII, época em que foram realizados os mais diversos empreendimentos, como os executados por Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. Até hoje, ele ainda é reconhecido como uns dos primeiros grandes empreendedores do Brasil. A seguir, você poderá conferir algumas ações que elucidam a importância do Barão de Mauá neste contexto: 14 a) Organização de companhias de navegação a vapor no Rio Grande do Sul e no Amazonas. b) Implantação, em 1852, da primeira ferrovia brasileira entre Petrópolis e Rio de Janeiro. c) Implantação de uma companhia de gás para a iluminação pública do Rio de Janeiro, em 1854. d) Inauguração do trecho inicial da União e Indústria, primeira rodovia pavimentada do país, entre Petrópolis e Juiz de Fora, em 1856. O empreendedorismo no Brasil teve início na década de 1920, com o desenvolvimento de mais de 4.000 indústrias subsidiadas, protegidas e que possuíam autorização do governo contra a concorrência internacional. No ano de 1936, o então presidente Getúlio Vargas constituiu a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a primeira estatal no Brasil e, em 1960, no seu segundo mandato, criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e a Petrobras, estabelecendo assim o incentivo à iniciativa privada. No governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960), o Plano de Metas permitiu a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro (isentando o pagamento de tributos para a importação de máquinas e equipamentos), implantação da indústria automobilística no ABC paulista e o desenvolvimento da indústria naval. Foi um período bastante marcante para o empreendedorismo no Brasil. Em 1972 foi criado o CEBRAE que, em outubro de 1990, passou a ser chamado de Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Na década de 80 surgiu a primeira iniciativa quanto ao ensino de empreendedorismo, através da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, com a disciplina “Novos Negócios”. Outra grande contribuição foi dada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a qual inseriu a disciplina “Criação de Novas Empresas” no curso de Ciência da Computação. A partir da década de 1990, o empreendedorismo no Brasil ganhou destaque com a abertura da economia. A partir da criação do SEBRAE (antes CEBRAE e agora melhor organizado) e do SOFTEX (Sociedade Brasileira de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o empreendedorismo foi alavancado. A crise econômica do 15 final do século passado, a desestabilização empregatícia e a abertura dos mercados iniciaram esse movimento revolucionário no nosso país. Ao longo do século XX outros empreendedores também deixaram sua marca na história do empreendedorismo brasileiro: Attílio Francisco Xavier Fontana – criou o Grupo Sadia (atual Brasil Foods, resultado da fusão entre Sadia e Perdigão). Valentim dos Santos Diniz – fundador da rede de supermercados Pão de Açúcar, revolucionou o varejo com novas formas de atendimento ao cliente, alterações nos sistemas de embalagem, refrigeração, técnicas de venda, publicidade e administração, influenciando padrões de consumo e comportamento. Ele transformou o que era apenas uma doceria no ano de 1948, em um grande grupo. É dono das marcas Pão de Açúcar, Extra, Compre Bem, Sendas, Assai e Ponto Frio. José Ermírio de Moraes – responsável pela transformação da Sociedade Anônima Votorantim em um grande conglomerado, que atua em diversos segmentos, tais como: têxtil, siderúrgico, metalúrgico, produtos químicos e cimento. De acordo com pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM) e divulgada pelo SEBRAE, em 2010, o Brasil apresentou a maior taxa de empreendedorismo dos países que compõem o G20, grupo das maiores economias do mundo e o BRIC (grupo que reúne os emergentes Brasil, Rússia, Índia e China). Em 2010, o Brasil atingiu a taxa de empreendedorismo de 17,5% para empreendimentos de até 3,5 anos, contra 15,3% verificados em 2009. Constata-se, então, que a cada 100 brasileiros, aproximadamente 17 empreenderam no ano passado. É importante ressaltar que a TEA (Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial) brasileira também foi maior do que a de países como Austrália (7,8%) e Estados Unidos (7,6%). 16 2.2 Vantagens e desvantagens do empreendedorismo O empreendedorismo pode apresentar vantagens e desvantagens para aquele que for empreender. Entre as principais vantagens temos: a) Geração de enorme ganho financeiro pessoal, o que pode ser verdade se o empreendedor for, de fato, uma pessoa preparada e ciente de suas reais capacidades e limitações. b) Capacidade de geração de emprego e aumento do crescimento econômico. c) Encorajamento do processamento de materiais locais em bens acabados para consumo doméstico, bem como para exportação. d) Capacidade de estimular uma competição saudável, que gera a criação de produtos de maior qualidade. e) Estímulo ao desenvolvimento de novos mercados. f) Promoção do uso de tecnologia moderna em pequena escala. g) Fabricação para estimular o aumento de produtividade. h) Encorajamento de pesquisas e estudos, bem como o desenvolvimento de máquinas e equipamentos modernos para consumo doméstico. i) Desenvolvimento de qualidades e atitudes empreendedoras entre potenciais empreendedores, os quais podem contribuir para mudanças significativas em áreas distantes. j) Liberdade em relação à dependência do emprego oferecido por outros. k) Redução da economia informal. Entre as principais desvantagens temos: a) Requer muito trabalho, horas de dedicação e energia emocional. b) Tensão inerente ao se dirigir um negócio próprio. c) Ameaça constante de possibilidade de fracasso. d) Os empreendedores precisam assumir os riscos relacionados ao fracasso. 17 2.3 Características e habilidades do empreendedor Um indivíduo poderá ser considerado um empreendedor quando vender um produto ou serviço utilizando novos sistemas e/ou meios de comercialização, distribuição ou de produção como base para uma empresa, ou para um novo negócio. Segundo Chiavenato (2005) e Lyrio (2008), o empreendedor é também um agente transformador do meio através do uso das suas ideias. Ele geralmente consegue identificar oportunidade para os negócios, tem habilidade financeira, além de ser criativo e perseverante. Aspectos que, combinados adequadamente, o habilitam a transformar uma ideia simples e mal-estruturada em algo concreto e bem- sucedido. E como saber se a pessoa tem um espírito empreendedor?Através de três características básicas: necessidade de realização, disposição para assumir riscos e autoconfiança. Necessidade de realização As pessoas apresentam diferenças individuais quanto à necessidade de realização. Algumas têm grande necessidade, outras têm pouca, e ainda existem aquelas que se satisfazem com o status que adquirem. As pessoas com maiores necessidades de realização, geralmente, gostam de competir com certo padrão de excelência e preferem ser pessoalmente responsáveis por tarefas e objetivos que atribuíram a si próprias. É possível observar essa característica em pessoas que iniciam novas empresas; elas são ambiciosas e esses traços as acompanham desde a infância. Disposição para assumir riscos De acordo com McClelland (1987), as pessoas com alta necessidade de realização também têm moderadas propensões para assumir riscos, isto é, elas preferem situações arriscadas até o ponto em que podem exercer determinado controle pessoal sobre o resultado; em contraste com situações de jogo em que o resultado depende apenas de sorte. A preferência pelo risco moderado reflete a autoconfiança do empreendedor. 18 Autoconfiança Autoconfiança é um termo usado para descrever como uma pessoa está segura em suas próprias decisões e ações, o que geralmente pode ser aplicado em situações ou atividades específicas. Os empreendedores com autoconfiança enfrentam os desafios que os rodeiam com total domínio sobre as situações que enfrentam. Os empreendedores de sucesso enxergam os problemas relacionados a um novo negócio, mas acreditam em suas habilidades pessoais para superá-los. 19 2.3.1 Características do empreendedor Há quem confunda um bom administrador com um empreendedor, pois ambos possuem similaridades e diferenças. Segundo Dornelas (2011), para ser empreendedor é necessário ser um bom administrador. No entanto, ser um bom administrador não é garantia de ser empreendedor, pois para isso é necessário, além de possuir habilidades gerenciais, ousar, criar, ter paixão pelo que faz, assumir riscos e transformar seu ambiente social e econômico. A cada dia é crescente o número de pessoas que se arriscam em empreender novos negócios e os motivos são variados: o fato de estar desempregado, ter flexibilidade no horário de trabalho, ficar rico ou mesmo o fato de ter uma ideia. Porém ter uma ideia e desenvolver um negócio não garante o sucesso do mesmo. É necessário mais do que isso. É imprescindível conhecer bem o que se vai fazer e estar disposto a correr riscos, a inovar, pesquisar e adquirir conhecimentos constantemente. Um empreendedor apresenta um conjunto de características próprias de uma pessoa diferenciada; a partir da identificação de uma oportunidade para empreender, ou seja, para alterar, inovar ou criar algo, esta pessoa dá início a um processo de tomada de decisão a fim de tornar algo já existente em algo não comum. Para ser um empreendedor de sucesso, além de apresentar características importantes, algumas habilidades são também essenciais para aquele que empreende. São elas: habilidades técnicas, habilidades administrativas e habilidades empreendedoras, sobre as quais trataremos no próximo tópico. 20 2.3.2 Habilidades empreendedoras Assim como foram abordadas características de empreendedores de sucesso, há habilidades que são desenvolvidas de acordo com o passar do tempo. Essas são as chamadas habilidades empreendedoras. De acordo com Hisrich e Peters (2009), podemos classificar as habilidades empreendedoras em três tipos: a) Técnicas – relacionadas à redação, atenção, oralidade, organização, treinamento, trabalho em equipe e know-how técnico. b) Administrativas – referem-se à criação, ao desenvolvimento e à administração de empresas. c) Pessoais – diz respeito ao controle interno (disciplina), risco, capacidade de inovar, persistência, liderança visionária e orientação para mudanças. Já a Escola de Empreendedorismo Zeltzer classifica as habilidades empreendedoras de acordo com o que segue: a) Pessoais – habilidades muito particulares. b) Interpessoais – são oriundas da interação. c) Sistematizadas – podem ser adquiridas através de treinamento. d) Profundas – desenvolvidas apenas quando são vivenciadas. 21 3. EMPREENDENDO NOVOS NEGÓCIOS 3.1 O que é novo negócio? Cabe aqui definir os conceitos básicos sobre um novo negócio, facilitando assim a compreensão do leitor. Os primeiros conceitos que devem ser destacados e diferenciados são os de corporate venturing e corporate venture capital: Outro conceito é o de negócio, utilizado coloquial e empresarialmente com diversos significados, desde o fechamento de novos contratos de venda até o sinônimo de empresa. Define-se, aqui, negócio como: Um negócio pode ser caracterizado com base nos pressupostos de abran- gência e diferenciação, considerando as seguintes dimensões: grupo de clientes atendidos; funções executadas para os clientes; tecnologias utilizadas. corporate venturing: toda a atividade de desenvolvimento de novos negócios realizada por uma organização estabelecida. Possui duas abordagens: o desenvolvimento de novos negócios corporativo e o corporate venture capital; corporate venture capital: refere-se à participação da corporação no mercado de private equity, adotando práticas similares a fundos de capital de risco. Tipicamente caracteriza-se pela compra e venda de parte do capital de empresas emergentes. Entidade empresarial com produtos e mercado específicos atendidos através da disposição de recursos. Pode adquirir diversas formas, desde uma empresa até uma divisão ou subsidiária, ligada a uma empresa maior. 22 Figura 1 - Ferramenta para definição de negócio. Fonte: Abell, 1991. 23 Para facilitar a caracterização de um negócio pode ser utilizada a ferramenta gráfica apresentada na Figura 2. Essa figura complementa as idéias, esclarecendo que “funções executadas para os clientes” podem ser entendidas como necessidades do cliente e “tecnologias utilizadas” podem ser entendidas como formas de atendimento. Figura 2 - Exemplo de definição de negócio Fonte: Passarela apud Degen, 1994. O conceito de negócio utilizado nesta apostila não deve ser confundido com a caracterização ou conceituação de negócio.Essa caracterização é amplamente utilizada nos processos de planejamento estratégico e elaboração de planos de negócio onde a conceituação de “qual é o negócio” é utilizada no sentido de missão de uma organização. Oportunidade de novo negócio: é a possibilidade de desenvolvimento e investimento em uma nova entidade organizacional, produto e mercado cuja viabilidade percebida vale a pena ser avaliada. A oportunidade de novo negócio tem um caráter temporal, ou seja, vale a pena durante determinado período. Novo negócio: uma conceituação amplamente referenciada na literatura remete à classificação apresentada na Figura 3. 24 Figura 3 - Definição de segmentos de produto e mercado e estratégias de crescimento Fonte: Ansoff apud Aacker, 1984. Apenas a entrada em novos mercados com novos produtos configuraria uma modificação significativa a ponto de ser considerada novo negócio. Nesse sentido, será considerado novo negócio quando, para uma entidade empresarial atual, ocorre a: A importância de incluir a expressão nova entidade é que ligada à atividade de empreendedorismo está a alavancagem empresarial, possibilitada principalmente pelo perfil do empreendedor. Esse perfil significa essencialmente: fazer as coisas acontecer, nesse caso, a nova entidade empresarial. Entrada em um novo mercado por meio de um novo produto e através de uma nova entidade empresarial. A nova entidade empresarial pode ser uma divisãoou uma nova empresa. 25 3.2 O plano de negócio Para ser bem-sucedido, o empreendedor precisa planejar o seu negócio. Improvisar jamais. Saltar no escuro não é exatamente uma boa pedida. Empreendedores tendem a negligenciar o estágio de planejamento seja pela ansiedade em iniciar o novo negócio, seja pela descrença no instrumento ou mesmo pela desinformação sobre como elaborar um planejamento. Planejar significa estudar antecipadamente a ação que será realizada ou colocada em prática e quais os objetivos que se pretende alcançar. Visa proporcionar condições racionais para que a empresa seja organizada e dirigida com base em certas hipóteses a respeito da realidade atual e futura. Se o futuro vai chegar — e ele chega de qualquer maneira —, por que deixar que ele surja sem que se esteja devidamente preparado para enfrentá-lo, a ponto de se improvisar soluções repentinas e apressadas, que nem sempre são as melhores ou mais adequadas à nova situação? O planejamento produz um resultado imediato: o plano. Todos os planos têm um propósito comum: a previsão, a programação e a coordenação de uma sequência lógica de eventos, os quais, se bem-sucedidos, deverão conduzir ao alcance do objetivo que se pretende. Geralmente, um plano é um curso predeterminado de ação sobre um período especificado de tempo e proporciona respostas às seguintes questões: o que, quando, como, onde e por quem. Na verdade, é uma tomada antecipada de decisões sobre o que fazer, antes de a ação ser necessária. Planejar consiste em simular o futuro desejado e estabelecer previamente os cursos de ação exigidos e os meios adequados para atingi-los. O planejamento é uma relação entre coisas a fazer e o tempo disponível para realizá-las. Como o passado já se foi e o presente vai andando, é com o futuro que o planejamento se preocupa. O planejamento pode ser aplicado a qualquer atividade. Existe o planejamento físico (para lidar com arranjos espaciais ou físicos, como localização de fábricas ou de equipamentos, arranjo de lojas, escritórios ou agências bancárias), o planejamento financeiro, o planejamento orçamentário etc. O planejamento global é uma combinação de todos os planos existentes na empresa e é o processo que amarra todos os seus planos internos ao esquema maior. 26 3.2.1 A Necessidade de um Plano de Negócio O plano de negócio — business plan — descreve a ideia de um novo empreendimento e projeta os aspectos mercadológicos, operacionais e financeiros dos negócios propostos, geralmente, para os próximos três ou cinco anos. Seu preparo permite a análise da proposta e ajuda o futuro empreendedor a evitar uma trajetória decadente que o levará do entusiasmo à desilusão e ao fracasso. O plano de negócio movimenta todos os aspectos do novo empreendimento. Ele representa um levantamento exaustivo de todos os elementos que compõem o negócio, sejam internos — o que deverá ser produzido, como, onde, quanto — sejam externos — para quem produzir, qual é o mercado, quais são os concorrentes etc. Em princípio, o plano de negócio procura responder a algumas perguntas fundamentais, que estão listadas no item “A viabilidade financeira do negócio”. 27 3.2.2 Como elaborar o Plano de Negócio Todo novo empreendimento deve ser visualizado do ponto de vista de um plano de negócio completo e que contenha todos os elementos importantes para caracterizá-lo adequadamente. O plano deve trazer a descrição do setor, a natureza jurídica do negócio, a estrutura organizacional da empresa, os relatórios financeiros simulados, um plano estratégico e um plano operacional. Na verdade, a elaboração completa de um plano de negócio para uma empresa de grande porte está acima dos objetivos deste livro introdutório, mas o empreendedor deve ter plena consciência da importância do processo de planejamento. A seguir, apresentamos o modelo de um plano de negócio composto de sete partes básicas envolvendo um sumário executivo, uma análise completa e detalhada do setor em que a microempresa vai operar e um resumo sobre as características do negócio com simulações financeiras e planos estratégico e operacional do negócio. 1. Sumário executivo: texto de um parágrafo sobre a natureza do negócio e os aspectos mais importantes do empreendimento; inclui missão e visão do negócio; texto de um parágrafo sobre as necessidades que a empresa vai atender no mercado; inclui o papel do empreendimento em relação à responsabilidade social; resumo das características do mercado em que a empresa vai operar; mostra como o mercado está se comportando em relação ao produto/serviço a ser oferecido; breve relatório sobre os sócios do empreendimento; breve relatório sobre os recursos financeiros necessários. 2. Análise completa e detalhada do setor: principais características do setor; inclui as variáveis econômicas, sociais, demográficas e políticas que influenciam o mercado; oportunidades encontradas no mercado; identificação dos fornecedores de entradas (matérias-primas, dinheiro e crédito, tecnologia, mão-de-obra etc.). 28 3. Natureza jurídica e estrutura organizacional da empresa: currículo dos sócios do empreendimento que contenha a formação e as competências pessoais de cada um; funcionários necessários para o empreendimento estabelecendo o perfil profissional e técnico de cada um. 4. Simulação de relatórios financeiros: balanço de abertura da empresa; previsão de receitas, fluxo de caixa e balanço para o período coberto pelo planejamento. 5. Plano estratégico: definição da missão e da visão da empresa; definição do negócio; estabelecimento dos objetivos específicos da empresa; definição da estratégia da empresa; declaração de premissas do planejamento; estabelecimento dos objetivos estratégicos de longo prazo. 6. Plano operacional: previsão de vendas; planejamento da produção; orçamento de despesas gerais; previsão do lucro operacional; previsão do fluxo de caixa e balancete; balanço patrimonial simulado; previsão de índices operacionais e financeiros. 29 7. Apêndices: contatos pertinentes; informações técnicas. A terceira parte do plano deve conter os relatórios financeiros simulados. O balanço de abertura simulado deve relacionar os bens patrimoniais e os compromissos financeiros da empresa no início de suas operações, bem como o ativo e passivo, os bens nos quais os recursos foram alocados. Se a empresa já estiver em atividade, o balanço deve refletir a situação do empreendimento no início do período abrangido pelo plano. A previsão de receita e o fluxo de caixa podem ser alterados com base nos objetivos da empresa. Os banqueiros e capitalistas de risco exigem um plano de negócio para aprovar empréstimos ou financiamentos para todo e qualquer novo empreendimento. Muitos candidatos a sócios querem analisar o plano de negócio para avaliá-lo e decidir sobre sua participação. Relatórios financeiros simulados são importantes para que tanto investidores como sócios saibam antecipadamente quais serão os futuros desdobramentos do empreendimento. De qualquer maneira, o novo negócio precisa ter uma forma específica e ser bem administrado para alcançar o sucesso. O plano de negócio deve ser simultaneamente conciso e abrangente de tal maneira que quem o leia e o analise tenha uma ideia completa do empreendimento. Contudo, o plano de negócio é um projeto a ser implementado e desenvolvido. Não se deve esquecer que as pessoas ocupam um papel determinante na realização do plano e no sucesso de um empreendimento. Daí a vantagem de incluir os currículos profissionais dos sócios empreendedores. 30 3.2.3 Utilidades do Plano de Negócio O plano de negócio é um projeto indispensável para definir os rumos atuais efuturos do novo empreendimento. As utilidades do plano de negócio são muitas, estas são algumas: cobre todos os aspectos internos e externos do negócio; abrange todos os aspectos atuais e futuros do negócio; funciona como uma visão integrada e sistematizada do negócio; serve como um guia abrangente para a condução do negócio; informa o mercado — principalmente investidores, bancos e financeiras — a respeito do negócio; divulga aos parceiros internos e externos as características do negócio; funciona como um meio de avaliação dos desdobramentos do negócio. Na verdade, o plano de negócio permite melhores condições para planejar, organizar, dirigir, avaliar e controlar o negócio. Em outras palavras, ele serve para retratar o início, o meio e o fim de um empreendimento. É imprescindível fazer revisões contínuas no plano de negócio para mantê-lo atualizado e dinâmico. Lembre-se de que ele se assemelha a um plano de voo: indica o início, o meio e o fim de uma viagem e deve levar em conta todos os acidentes de percurso, a influência do clima externo e as possíveis turbulências do caminho. Dica do Prof! Veja alguns exemplos de planos de negócios em: https://smartbusinessplan.com.br/exemplos- de-plano-de-negocios/ 31 4. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E EMPREENDEDORISMO A atividade do empreendedor está constantemente vinculada ao futuro. O empreendedor, mesmo quando já tem um negócio estabelecido, está rotineiramente em busca de novas formas de explorar as potencialidades do negócio, resolver problemas dos consumidores e promover ajustes na sua operação atual que a tornem mais eficiente e aderente às necessidades dos clientes, trazendo, assim, melhores resultados. Esse foco no futuro e na execução é a grande ligação do empreendedorismo com o planejamento estratégico. O planejamento estratégico é a ferramenta que permite que as aspirações de longo prazo da organização sejam expressas e sistematizadas. Em geral, diz-se que o planejamento estratégico parte da definição da missão, da visão e dos valores organizacionais para, então, ser desdobrado em objetivos táticos e operacionais que tornarão essa visão de futuro real. Essa definição é totalmente alinhada com o empreendedorismo. Todo novo negócio tem uma missão, que é a sua razão de existir (o porquê de aquela empresa ter sido criada) e que delimita o mercado e os segmentos nos quais a empresa irá atuar. A visão pode ser entendida como o sonho do empreendedor, como ele imagina o seu negócio no futuro, as suas principais ambições e como ele se enxerga no mercado. Está extremamente de acordo com o que ocorre com empresas já consolidadas quando definem a sua visão para os próximos 3, 5 ou 10 anos. Já os valores organizacionais formalizam “as regras do jogo” na organização. Nas empresas estabelecidas, os valores ajudam a consolidar comportamentos da força de trabalho que estejam de acordo com o que a empresa entende como correto, alinhados com a cultura organizacional e que reforcem a forma como a organização é vista pelos seus consumidores e pela sociedade. Um novo negócio normalmente começa pequeno, com os sócios e alguns parceiros que costumam ser amigos ou conhecidos que compartilham os mesmos valores. Conforme o negócio cresce, surge a necessidade de contratar novas pessoas, que não fizeram parte da origem do negócio e, portanto, podem ter valores divergentes daqueles que constituíram a empresa. 32 Por isso, a definição clara dos valores serve tanto para garantir que a “identidade” da empresa não se perca com o tempo e com o crescimento do negócio quanto para permitir que futuros colaboradores possam avaliar se ficarão à vontade em uma organização que tem determinados valores, bem como se esses valores fazem sentido para eles. Por fim, o planejamento estratégico desdobra a visão da empresa em objetivos factíveis e metas de curto prazo (mensais e trimestrais, por exemplo), que impõem a disciplina necessária para que as aspirações dos fundadores, diretores e gerentes se concretizem. O uso do planejamento estratégico em um novo negócio não é garantia de sucesso, dado que o risco de fracasso é inerente a todo novo empreendimento. No entanto, o empreendedor que faz uso do planejamento estratégico como ferramenta de gestão terá muito mais chances de identificar fatores críticos para o seu sucesso que não estão sendo atingidos e, com isso, a oportunidade de corrigir a trajetória do novo negócio antes de um eventual fracasso e de reposicioná-lo na rota da visão estabelecida. 33 4.1 A pirâmide estratégica: como envolver toda a empresa na busca da visão do negócio As definições iniciais do planejamento estratégico ocorrem no nível diretivo. São os diretores, conselheiros ou sócios que definem os rumos do negócio. No entanto, frequentemente, os responsáveis por objetivos do negócio não estão na execução, o que exige a criação de estratégias para mobilizar os esforços dos colaboradores para os fins esperados. A visualização do planejamento como uma pirâmide reflete a metodologia de implantação do planejamento. A implantação do planejamento começa com a formalização clara da missão, da visão e dos valores do negócio. Essa formalização ajudará a delimitar uma série de aspectos, como o core business (atividades que caracterizam o negócio) e o mercado em que a empresa atuará. 34 4.2 Tirando do papel: como traduzir os objetivos estratégicos em ações e tarefas concretas Com a popularização das ferramentas de gestão pela qualidade e a disseminação das certificações ISO no final dos anos 1990, inúmeras empresas passaram a adotar alguma iniciativa relacionada ao planejamento estratégico. Mesmo em pequenos negócios, tornou-se corriqueiro encontrar na sala do “chefe” um quadro com a missão e a visão da empresa, e isso era tido como “aqui nós temos planejamento”. Ainda que louvável, a definição da missão, da visão e dos valores é só o primeiro passo para a realização de um planejamento estratégico organizacional. É evidente que esse ponto de partida é extremamente importante; sem ele, todo o desdobramento fica sem sentido. No entanto, se as ações que permitirão tirar os planos do papel não forem claramente definidas, não haverá resultados. O passo após essas definições iniciais é a análise de mercado, que permitirá traçar os planos de médio prazo. Para isso, existem diversas ferramentas. As mais utilizadas atualmente ainda são: a análise de Porter, bastante focada no mapeamento da concorrência atual e de possíveis novos entrantes; a matriz BCG (Boston Consulting Group), com foco na análise de portfólio, permitindo que a empresa avalie os seus produtos e como eles estão posicionados no mercado; a matriz SWOT, que combina uma análise de fatores internos com a percepção do ambiente de mercado da empresa. U ma consultoria externa para tal, mas o foco é a realização de uma análise de cenário que permita identificar oportunidades para a empresa avançar rumo à sua visão e riscos que podem comprometer o planejamento. Após a realização dessa análise, a empresa passa a traçar os planos para aproveitar as oportunidades que foram mapeadas e minimizar os riscos identificados. Suponha que uma rede de lojas, que tem como visão ser reconhecida nacionalmente, tenha identificado, nas suas análises, que a renda média em determinada região do país cresceu 30% e que os seus principais concorrentes não possuem lojas nessa região. Isso se traduz em uma importante oportunidade para que essa empresa amplie e consolide a sua participação nessa região. 35 Para transformar concretizar essa oportunidade, no seu plano tático, a empresa vai definir as metas para marcar presença na região. Algumas ações poderiam ser: inaugurar 2 novas lojas em cada uma das capitais da região nos próximos3 anos; além das capitais, marcar presença inaugurando 10 novas lojas nas principais cidades da região, nos próximos 3 anos; conquistar a liderança de mercado na região nos próximos 5 anos. Cada um dos exemplos anteriores é um objetivo tático que está alinhado com as pretensões da empresa expressas na sua visão. No planejamento, essas metas deverão ser atribuídas a um responsável, normalmente um diretor, ou a uma área. Depois que objetivos táticos são definidos, a empresa passa à etapa final do planejamento: a descrição dos objetivos operacionais. Cada objetivo tático terá uma série de objetivos operacionais com as suas respectivas metas e os seus projetos. Nesse desdobramento, você pode perceber que o planejamento operacional traduz as ambições de longo prazo em ações factíveis e de curto prazo. Assim, conforme os objetivos de curto prazo forem atingidos, a visão global da empresa começa a se concretizar. A realização de um planejamento estratégico costuma envolver todos os principais tomadores de decisão do negócio e é um processo que pode levar uma semana ou, até mesmo, alguns meses. No entanto, um planejamento coerente e uma boa execução costumam gerar bons frutos. 36 5. REFERÊNCIAS ABELL, Derek F. Definição do negócio: ponto de partida do planejamento estraté- gico. 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