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Transcrição aula 3.1 – Tabagismo - Epidemiologia do 
tabagismo no Brasil, relação do tabagismo com doenças 
crônicas, mortes evitáveis. Tabagismo passivo e ativo. 
 
 
O objetivo deste vídeo é apresentar a epidemiologia do tabagismo, sua relação 
com as doenças crônicas e mortes evitáveis, assim como diferenciar tabagismo passivo 
de ativo. 
 
 
Começamos com duas questões: Como está a situação do 
tabagismo no Brasil? Qual a diferença entre tabagismo ativo e passivo? 
 
 
O consumo do tabaco pela humanidade ocorre há milhares de anos. Antes 
relacionado ao poder e ao status social, o seu uso somente se disseminou na história 
mais recente, principalmente a partir da industrialização do cigarro e das ações 
intensivas de marketing, tornando-se um problema para os sistemas nacionais de 
saúde. 
O seu uso contribui diretamente para o desenvolvimento de diversos agravos 
de saúde, cuja prevalência vem aumentando progressivamente no último século, 
gerando custos sociais e econômicos enormes. O tabaco, consumido de diferentes 
maneiras, configura-se hoje como a principal causa evitável de morte no Brasil e no 
mundo. 
 Há um esforço mundial, envolvendo organismos governamentais, não 
governamentais, profissionais de saúde e sociedade civil, para regulamentação e 
controle do uso do tabaco, de forma a desestimular o seu consumo prevenindo a 
iniciação (especialmente entre os jovens) e estimulando/apoiando a cessação para os 
usuários. 
 Estima-se que na década de 2030 o número de fumantes no mundo poderá 
chegar a dois bilhões. O impacto sobre a saúde decorrente do uso do tabaco é bem 
conhecido: responsável por 90% dos tumores pulmonares, 75% das bronquites 
crônicas, 25% das doenças isquêmicas do coração. 
 Medidas restritivas de comercialização e consumo do tabaco nos países 
desenvolvidos levaram a indústria do tabaco a direcionar seus esforços de venda para 
países mais pobres, onde havia perspectivas de crescimento do consumo e contínua 
reposição de fumantes. Os alvos principais de suas campanhas promocionais têm sido 
os adolescentes e jovens. Assim, no final da década de 90, dos cerca de 100 mil jovens 
que se iniciam no tabagismo a cada dia no mundo, 80% residiam em países em 
desenvolvimento. 
 O tabagismo aumentou expressivamente nos países em desenvolvimento, 
excluindo poucos países, entre eles o Brasil. No entanto, observa-se importante queda 
no consumo de tabaco nos países desenvolvidos. De acordo com a OMS, o aumento 
significativo do consumo, principalmente no hemisfério sul, está entre mulheres 
jovens. 
 A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um terço da população mundial 
adulta – 1 bilhão e 200 milhões de pessoas – seja fumante, sendo que 80% delas estão 
em países em desenvolvimento. Cerca de 50% morrerão precocemente devido a 
condições associadas ao tabagismo, abreviando, em média, 15 anos de vida. 
 O Brasil desenvolve, desde a década de 1980, importantes ações de controle do 
Tabaco, inicialmente por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo 
(PNCT), que tem como principal objetivo reduzir as doenças e mortes relacionadas ao 
tabaco. Em 2005, o Brasil ratificou a Convenção-Quadro para Controle do Tabaco 
(CQCT), primeiro tratado de saúde pública mundial, proposto e construído pelos 
Estados membros da OMS. Com sua ratificação, a implementação nacional ganhou o 
status de Política de Estado, por meio da Política Nacional de Controle do Tabaco. O 
PNCT tem, nesse cenário, o papel de articulação da implementação dessa política no 
âmbito da saúde. 
O Brasil vem implementando importantes medidas dessa Política, tais como 
ações educativas abrangentes, inserção do tratamento do tabagismo no Sistema Único 
de Saúde (SUS), proibição do fumo em ambientes fechados, proibição da propaganda 
nos meios de comunicação, inclusão de advertências sanitárias com imagens nas 
embalagens dos produtos de tabaco, estabelecimento de política de preços e 
impostos, entre outras. 
Ambientes separados não funcionam 
 
Tais medidas vêm contribuindo para importante redução na prevalência do 
tabagismo no país (de 34,8%, em 1989, para 14,7%, em 2013 – população de 18 anos 
ou mais). 
 As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são doenças multifatoriais que 
se desenvolvem no decorrer da vida e são de longa duração. 
 Atualmente, elas são consideradas um sério problema de saúde pública, e já 
eram responsáveis por 63% das mortes no mundo, em 2008, segundo estimativas da 
Organização Mundial de Saúde. 
 Seguindo essa tendência mundial, no Brasil, em 2013, as DCNT foram a causa 
de aproximadamente 72,6% das mortes. Isso configura uma mudança nas cargas de 
doenças, e se apresenta como um novo desafio para os gestores de saúde. Ainda mais 
pelo forte impacto das DCNT na morbimortalidade e na qualidade de vida dos 
indivíduos afetados, a maior possibilidade de morte prematura e os efeitos 
econômicos adversos para as famílias, comunidades e sociedade em geral. 
 As DCNT são resultado de diversos fatores, determinantes sociais e 
condicionantes, além de fatores de risco individuais como tabagismo, consumo nocivo 
de álcool, inatividade física e alimentação não saudável. 
 As DCNT atingem fortemente camadas pobres da população e grupos 
vulneráveis. Em 2007, a taxa de mortalidade por DCNT no Brasil foi de 540 óbitos por 
100 mil habitantes. Apesar de elevada, observou-se redução de 20% nessa taxa na 
última década, principalmente em relação às doenças do aparelho circulatório e 
respiratórias crônicas. Entretanto, as taxas de mortalidade por diabetes e câncer 
aumentaram nesse mesmo período. A redução das DCNT pode ser, em parte, atribuída 
à expansão da Atenção Básica, melhoria da assistência e redução do tabagismo nas 
últimas duas décadas. 
 O tabagismo passivo consiste na inalação da fumaça de derivados do tabaco – 
cigarro, charuto, cigarrilhas, cachimbo, narguilé e outros produtores de fumaça – por 
indivíduos não fumantes que convivem com fumantes (especialmente em ambientes 
fechados), também descrito como exposição à Poluição Tabagística Ambiental (PTA). 
 
 A fumaça expelida contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais 
monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça 
inalada pelo fumante após passar pelo filtro do cigarro. Estudos mostram que não há 
nível seguro de exposição ambiental à fumaça de tabaco. 
 
 Em 2013, 10,2% dos adultos brasileiros (9,6% dos homens e 10,7% das 
mulheres) não fumantes moravam com pelo menos uma pessoa tabagista dentro de 
casa. 
Além disso, 9,8% (14,1% dos homens e 6,1% das mulheres) e 13,9% (16,9% dos 
homens e 10,4% das mulheres) dos adultos que não fumam, convivem com ao menos 
um colega que fuma no local de trabalho. 
 
PRINCIPAIS EFEITOS DO FUMO PASSIVO 
IMEDIATOS 
 Irritação dos olhos e nariz 
 Dor de cabeça 
 Dor de garganta 
 Tosse 
 
A LONGO PRAZO 
Para lactentes: 
 Aumento em cinco vezes o risco de Morte súbita infantil 
 Aumento das doenças respiratórias. 
 
Em crianças: 
 Redução do crescimento e da função pulmonar 
 Aumento da ocorrência de tosse, chiado e asma 
 Aumento de doenças respiratórias 
Em adultos: 
 Aumento de risco para câncer de pulmão, infarto do miocárdio, câncer 
de seios da face e de bronquite crônica e enfisema. 
 O tabagismo passivo apresenta a mortalidade mais elevada entre idosos 
e mulheres. 
Em cada 1000 mortes ocorridas em áreas urbanas, no Brasil, 25 casos foram 
ocasionadas por tabagismo passivo domiciliar. 
A prevenção do tabagismo passivo, evitaria óbitos por câncer de pulmão, doenças 
isquêmicas e doenças cerebrovasculares 
Políticas de incentivo a população para criação de ambientes livres do tabaco 
(domicílio e trabalho), podem reduzir a consideravelmente a mortalidade no Brasil. 
 
O tabagismo ativo pordefinição refere-se ao uso engajado pelo indivíduo de 
qualquer produto derivado do tabaco. 
Principais razões observadas para fumar: estimulação, ritual, prazer, redução 
da ansiedade e estresse, hábito e dependência. 
A dependência poderá ser física, psicológica ou comportamental. As principais 
adaptações são a tolerância e a síndrome de abstinência. 
Tolerância - aumento gradativo do uso da nicotina para obter os mesmos 
efeitos iniciais. 
Síndrome de abstinência - sinais e sintomas que surgem a partir da supressão 
ou diminuição do uso da droga, por diminuição do estímulo do SNC. 
Principais sintomas: forte desejo de fumar, inquietação, ansiedade, irritabilidade, 
tristeza, dificuldade de concentração, tontura, constipação intestinal, alteração de 
sono e transpiração súbita. 
 
A dependência física (química) indica que o corpo se adaptou fisiologicamente 
ao consumo habitual, surgindo sintomas quando o consumo é suspenso ou diminuído. 
A dependência psicológica consiste na ideação de que a nicotina serve para 
alcançar um bem-estar e um equilíbrio para enfrentar as dificuldades do cotidiano 
A dependência comportamental consiste na compulsão na busca por e no 
consumo da nicotina, estando relacionada a atividades cotidianas. Exemplo: uso após 
ingerir café (BRASIL, 2015). 
 
 
Voltando às questões iniciais: Como está a situação do tabagismo 
no Brasil? Qual a diferença entre tabagismo ativo e passivo? 
 
 
No Brasil as políticas adotadas conseguiram reduzir a prevalência do tabagismo 
no país (de 34,8%, em 1989, para 14,7%, em 2013 – população de 18 anos ou mais). 
 O tabagismo passivo consiste na inalação da fumaça de derivados do tabaco 
por indivíduos não fumantes que convivem com fumantes (especialmente em 
ambientes fechados). O tabagismo ativo refere-se ao uso engajado pelo indivíduo de 
qualquer produto derivado do tabaco. 
 
 
 
Referências 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: o cuidado 
da pessoa tabagista. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: 
<http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab40>. 
Acesso em: jul. 2017. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de 
Análise de Situação de 
Saúde. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não 
Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília, DF: Ministério da Saúde 2011. 
Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.pdf>. 
Acesso em: jul. 2017. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Vigilância das doenças crônicas não 
transmissíveis. Brasília, 
DF: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: 
<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-
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transmissiveis/14125-vigilancia-das-doencas-cronicas-nao-transmissivei>. Acesso em: 
jul. 2017. 
 
COSTA, Antônio José Leal et al. Mortalidade atribuível à exposição passiva a fumaça de 
tabaco na 
população residente em aglomerados urbanos. Rio de Janeiro: INCA, 2003. (ppt). 
 
TELESAÚDE. Tabagismo passivo e promoção de ambientes 100% livres de tabaco. Rio 
de Janeiro: INCA, 
[s.d.]. Disponível em: 
<https://www.ufrgs.br/telessauders/documentos/biblioteca_em_saude/066_material
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ao_tabagismo_passivo.pdf>. Acesso em: jul. 2017. 
 
WUNSCH FILHO, Victor et al. Tabagismo e câncer no Brasil: evidências e perspectivas. 
Revista Brasileira de 
epidemiologia, v. 13, n. 2, p. 175-187, 2010. Disponível 
em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2010000200001>. Acesso em: jul. 2017.