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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 7ª FASE TUT 7 - Otites média aguda e otite externa Otite média aguda - - OMA é definida por abaulamento moderado a grave da membrana timpânica ou início recente de otorréia não decorrente de otite externa aguda acompanhada de sinais agudos de doença e sinais ou sintomas de inflamação da orelha média. → OMA recorrente, >3 episódios de OMA → Efusão da orelha média (MEE): Fluido na cavidade da orelha média; → OMA: Infecção bacteriana aguda do fluido do ouvido médio; também chamada de otite média supurativa. → Otite média com efusão (OME) – Fluido do ouvido médio que não está infectado; também chamada de otite média serosa, secretora ou não supurativa. EPIDEMIOLOGIA: uma das principais causas de atendimentos agudos e a razão mais comum para a administração de antibióticos em crianças. → É ligeiramente mais comum em homens. Ocorre em todas as idades, mais prevalente entre 6-24 meses de idade, após começa a diminuir. → A OMA é pouco frequente em crianças em idade escolar e adolescentes. → As crianças que têm seu primeiro episódio de OMA antes dos seis meses de idade têm maior risco de OMA recorrente. → A incidência de OMA em crianças diminuiu em outros países após a introdução das vacinas pneumocócicas conjugadas no calendário. FATORES DE RISCO: → Idade: picos entre 6 e 12 meses. A partir daí, a incidência diminui. A prevalência de OMA no início da vida provavelmente está relacionada a múltiplos fatores, incluindo anatomia imatura, pred. genética... → História familiar: particularmente entre crianças que têm irmãos. → Creches: A transmissão de patógenos bacterianos e virais → Fumaça de tabaco e poluição do ar: O mec para esta associação não é totalmente claro, mas pode estar relacionado ao aumento da carga naso/orofaríngea de otopatogênicos com exposição à fumaça → Uso de chupeta → Raça e etnia: nativas americanas, inuítes do Alasca e do Canadá e indígenas australianas e groenlandesas têm uma incidência maior de OMA grave e recorrente do que crianças brancas. → Outros fatores de risco: Estação do ano (aumento no outono e inverno) / Defesas alteradas do hospedeiro e doença subjacente (por exemplo, HIV, fenda palatina, síndrome de Down, rinite alérgica). FATORES DE PROTEÇÃO: amamentação protege contra OMA nos primeiros 2 anos. Amamentação exclusiva por pelo menos 6 meses está associada à mais proteção. Diminui a colonização da nasofaringe por bactérias otopatogênicas (Strepto pneumoniae, Haemophilus influenzae). Xilitol: Embora a admn diária de xilitol oral reduza o risco de OMA, o efeito benéfico requer admn de 3-5x/d. PATOGÊNESE: A orelha média é uma câmara estreita que faz parte de um sistema aerado que inclui as narinas, a trompa de Eustáquio e as cél. aéreas da mastóide. A patogênese da OMA em crianças de risco geralmente envolve a seguinte sequência de eventos: - O pcte tem um evento antecedente IVAS → Resulta em edema inflamatório da mucosa respiratória do nariz, nasofaringe e tuba auditiva → Obstrui a porção mais estreita da trompa de Eustáquio (o istmo). → Causa má ventilação e pressão - na orelha média. Isso leva ao acúmulo de secreções produzidas pela mucosa da orelha média. - Vírus e bactérias que colonizam o trato respiratório superior entram no ouvido médio por aspiração, refluxo ou insuflação. MICROBIOLOGIA: Patógenos bacterianos: S. pneumoniae, H. influenzae não tipável (NTHi) e Moraxella catarrhalis são as bactérias mais comuns isoladas do fluido da orelha média em crianças com OMA; Streptococcus pneumoniae: seja responsável por ~ 15-25% dos isolados bact do fluido do ouvido médio de crianças pequenas com OMA. - Frequentemente causa os primeiros episódios de otite média, embora o H. influenzae e o M. catarrhalis também possam causar. O S. pneumoniae é isolado com igual freq. na OMA bilateral e unilateral. - O S. pneumoniae está associado a maior gravidade clínica do que outros otopatogênicos, conforme refletido por febre + alta, otalgia mais intensa e potencial para complicações como bacteremia e mastoidite. Também está associado a uma maior resposta inflamatória com contagens elevadas de glóbulos brancos... Haemophilus influenzae: responsável por ~ 50-60% dos isolados bacterianos do fluido do ouvido médio de crianças pequenas com OMA - Freq. associada com conjuntivite concomitante e sintomas mais leves (ex., febre mais baixa, membrana timpânica menos inflamada [TM]) do que a OMA pneumocócica). Moraxella catarrhalis: responsável por ~ 12-15% dos isolados bacterianos do ouvido médio em crianças com OMA. A OMA por M. catarrhalis geralmente é menos grave que a OMA pneumocócica. Streptococcus do Grupo A: 2-10 % dos isolados, tende a ocorrer em crianças mais velhas e a ser mais freq. associada a complicações locais (ex, perfuração da MT, mastoidite) e menos freq. associada a febre e sintomas sistêmicos ou respiratórios do que a OMA causada por outros organismos. Patógenos virais: a infecção viral é frequentemente associada à OMA. Os vírus mais freq. isolados são o vírus sincicial respiratório (RSV), picornavírus (por exemplo, rinovírus, enterovírus), coronavírus, vírus influenza, adenovírus e metapneumovírus humano. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: Os sintomas em crianças incluem dor de ouvido, fricção no ouvido, perda auditiva e drenagem do ouvido. A febre ocorre em 1/3-2/3 das crianças com OMA, embora a temperatura >40°C seja incomum sem bacteremia ou outro foco de infecção. Dor de ouvido: é a queixa mais comum e o melhor preditor de OMA. No entanto, dor de ouvido e outros sintomas relacionados ao ouvido nem sempre estão presentes. OMA sem queixa de dor de ouvido ocorreu com mais frequência em crianças > 2 anos (não pode reclamar). Crianças pequenas: particularmente lactentes, podem ter sintomas e sinais inespecíficos (ex.: febre, agitação, sono perturbado ou inquieto, má alimentação/anorexia, vômitos, diarreia). EXAMES: AVALIAÇÃO OTOSCÓPICA: necessária para o diagnóstico de OMA. Pode fazer a remoção do cerúmen e avaliação da membrana timpânica: avaliar posição, mobilidade, translucidez, cor e outros achados. Otoscopia pneumática: dolorosa em crianças com OMA. Não é necessário em crianças com membranas timpânicas abauladas porque todas as MT abauladas têm mobilidade diminuída ou ausente. - A otoscopia pneumática cria pressões + e - dentro do canal auditivo externo usando o bulbo insuflador do otoscópio. A MT se afasta do observador com pressão positiva e se aproxima do observador com pressão negativa. A mobilidade é descrita como normal, ausente, diminuída ou aumentada. Otoscopia digital: incorpora uma câmera de alta resolução ao otoscópio ou endoscópio para permitir fotografia ou videografia. Achados da membrana timpânica: orelha média cheia de líquido e membrana timpânica abaulada, opaca, amarela ou e com mobilidade diminuída ou ausente com otoscopia pneumática Membrana timpânica abaulada: marca registrada da OMA. Indica inflamação aguda e efusão da orelha média (mobil diminuída ou ausente). → O abaulamento é inicialmente aparente na área póstero- superior, onde a MT é mais complacente. Perfuração aguda com otorreia purulenta: estabelece o diagnóstico de OMA desde que a otite externa seja excluída. Mobilidade diminuída ou ausente: A mobilidade diminuída ou ausente não pode ser usada isoladamente para fazer um diagnóstico de OMA porque não distingue o fluido do ouvido médio infectado do não infectado. Membrana timpânica turva ou opaca: A MT, ou uma porção pode parecer turva ou opaca quando há líquido na orelha média, mas esse achado não ajuda diferencie a OMA da OME. Cor da membrana timpânica: - Branca ou amarelo pálido geralmente indica pus na cavidade do ouvido médio, um sinal de OMA - O fluido do ouvido médio que não estáinfectado (ou seja, OME) geralmente aparece em âmbar, cinza ou azul. - Vermelha ou hemorrágica pode indicar inflamação aguda, mas é inespecífica. O eritema da membrana timpânica pode ser causado por vasodilatação relacionada à manipulação do canal, choro ou febre alta. Outros achados: podem indicar inflamação (aguda ou crônica), MEE (infeccionada ou não infectada) e complicações ou sequelas de OMA: - As bolhas são causadas pela inflamação da MT que ocorre em associação com a OMA - Bolhas ou níveis hidroaéreos indicam EEM e são mais sugestivos de OME do que de OMA - A miringoesclerose (placas esbranquiçadas assintomáticas de cristais de cálcio e fosfato na MT) pode resultar de inflamação crônica da orelha média, perfuração, miringotomia com ou sem colocação de tubo de ventilação ou trauma. - A perfuração da MT pode resultar do aumento da pressão na orelha média que leva à isquemia central e necrose. Áreas atróficas podem resultar de OMA; áreas atróficas podem ter maior mobilidade. - As bolsas de retração podem ser sequelas de otite média e predispor ao desenvolvimento de colesteatoma. - Os colesteatomas são crescimentos benignos do epitélio escamoso, estratificado e escamoso. TIMPANOMETRIA E REFLETOMETRIA ACÚSTICA - A timpanometria mede a complacência da MT, a função da trompa de Eustáquio e a função da orelha média. - A reflectometria acústica mede a reflexão do som da MT. - Nem a timpanometria nem a refletometria acústica diferenciam o fluido do ouvido médio infectado do não infectado DIAGNÓSTICO: - O diagnóstico preciso evita o uso excessivo de antibióticos, o que leva ao desenvolvimento de organismos resistentes Diagnóstico clínico: requer efusão da orelha média (MEE) e sinais agudos de inflamação da orelha média. As crianças que têm MEE sem evidência de inflamação aguda têm OME. Um diagn. clínico de OMA pode ser feito: - Abaulamento da MT; plenitude distinta ou abaulamento da MT é o sinal mais específico e reprodutível de inflamação aguda. A otoscopia pneumática não é necessária em crianças com abaulamento da MT. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 7ª FASE - Perfuração da membrana timpânica com otorreia purulenta aguda se a otite externa aguda tiver sido excluída. - O MEE pode ser confirmado por otoscopia em crianças com bolhas ou nível hidroaéreo, ou 2 ou +: cor anormal (branco, amarelo, âmbar, cinza ou azul), opacidade envolvendo todo ou parte do a MT que não é devido à miringoesclerose e mobilidade prejudicada Diagnóstico etiológico: A timpanocentese para cultura ou outros estudos microbiológicos é necessária para o diagnóstico etiológico. Não é necessário na maioria dos casos de OMA porque a terapia antimicrobiana é escolhida empiricamente. → INDICADA: criança parecer tóxica, estiver imunocomprometida ou tiver falhado em cursos anteriores de antibioticoterapia. Otite-conjuntivite: Quando a OMA ocorre com conjuntivite purulenta, ela é chamada de síndrome de otite-conjuntivite (ou conjuntivite-otite), é geralmente causada por Haemophilus influenzae não tipável , embora possa ser causada por outros organismos Miringite bolhosa: A miringite bolhosa (inflamação e bolhas da membrana timpânica) ocorre associada à OMA. Os patógenos virais e bac que causam miringite bolhosa são semelhantes aos que causam OMA sem bolhas Diagnóstico diferencial: A principal consideração da OMA é a OME. Na OMA, a MT geralmente é abaulada e tipicamente branca ou amarelo-clara; pus pode ser visto atrás dele. Na OME, a MT pode estar retraída ou na posição neutra e é tipicamente âmbar, cinza ou azul; bolhas ou um nível de fluido de ar podem ser vistos atrás dele. TRATAMENTO: Controle da dor: Para a maioria dos pacientes, sugerimos ibuprofeno ou paracetamol oral em vez de outros analgésicos. Agentes analgésicos alternativos para crianças ≥2 anos de idade sem perfuração da MT incluem procaína tópica ou preparações de lidocaína (se disponíveis). - Sugerimos não aplicar calor ou frio na orelha externa ou instilar azeite de oliva ou extratos de ervas no conduto auditivo externo. A eficácia dessas terapias não foi comprovada e elas podem ser prejudiciais. Antibióticos imediatos versus observação – A escolha de tratamento imediato com antibióticos ou observação depende da gravidade da doença, idade da criança, condições associadas e preferência do cuidador. Pacientes com risco aumentado de infecção grave, complicações e/ou OMA recorrente: Os pacientes com risco aumentado de infecção grave, complicações e/ou recorrência incluem: lactentes < 6m, pcte imunocomprometido, pcte com aparência tóxica, pcte com anormalidade craniofacial. Nesses casos, recomenda-se ATB imediato ao invés de observação. Crianças sem risco aumentado de infecção grave, complicações e/ou OMA recorrente: ATB imediato em vez de observação inicial. - ATB acelerou a resolução dos sintomas e reduziu a probabilidade de falha do tratamento. - No entanto, os benefícios absolutos são modestos e os efeitos colaterais relacionados aos antibióticos são comuns (por exemplo, diarreia, erupção cutânea). - Assim, algumas famílias podem escolher razoavelmente a observação inicial em vez da ATB, principalmente se a criança tiver ≥2 e tiver OMA unilateral sem sintomas graves ou otorréia. - A antibioticoterapia inicial tem maior probabilidade de ser selecionada para pacientes <2a e aqueles ≥2a com sintomas graves (por exemplo, dor de ouvido persistente por >48h, temperatura ≥39°C nas últimas 48 horas), OMA bilateral, otorréia ou seguimento incerto. Esquemas preferenciais – A antibioticoterapia para OMA deve incluir atividade contra os otopatógenos bacterianos mais comuns: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae não tipável (NTHi) e Moraxella catarrhalis, considerando as mudanças nos padrões de resistência ao longo do tempo. - Sugere-se amoxi ou amoxi-clav em vez de outros antibióticos); a escolha entre esses agentes depende do risco de NTHi produtores de beta-lactamase. - Para crianças <2a ou com OMA recorrente ou perfuração da MT (ATB VO), ATB por 10d. - Para crianças ≥ 2a com MT intacta e sem OMA recorrente, 5- 7d. - Regimes alternativos, como cefuroxima, azitro, claritro, clinda, ceftriaxona IM podem fornecer menos atividade contra os otopatógenos mais comuns. - A dose de amoxi ou amoxi-clav depende da prevalência local de S. pneumoniae não suscetível à penicilina. Resposta ao gerenciamento inicial - Observação inicial – Pacientes cujos sintomas pioram ou não melhoram após 48-72h horas de observação geralmente justificam antibióticos. - Antibióticos iniciais – Piora durante ou falha em melhorar após 48-72h de antibioticoterapia e terapia analgésica é considerada falha do tratamento. As causas de falha do tratamento incluem o desenvolvimento de uma complicação, terapia antimicrobiana inicial inadequada ou outra condição que não a OMA. COMPLICAÇÕES E SEQUELAS Complicações intratemporais Perda auditiva: A maioria dos pcts com efusão da orelha média tem perda auditiva condutiva persistente ou flutuante. O fluido que preenche o espaço da orelha média impede que a membrana timpânica (MT) vibre adequadamente. → A perda auditiva neurossensorial é uma consequência incomum da OMA, mas pode ocorrer. Problemas de equilíbrio e motores: relacionados à disfunção vestibular ou labirintite. Anomalias da membrana timpânica Perfuração: O aumento da pressão na orelha média pode resultar em isquemia central, necrose e perfuração espontânea da MT, geralmente acompanhada de otorreia Miringoesclerose: (calcificação do tecido conjuntivo da MT, às vezes chamada de timpanoesclerose) é uma complicação freq da doença do ouvido médio. Caracteriza-se por placas esbranquiçadas na MT e ocasionalmente na orelha média. Na maioria das crianças, a miringoesclerose não tem importânciafuncional, mas em algumas, os depósitos podem envolver os ossículos → perda auditiva condutiva. Retração ou colapso: A diminuição crônica ou recorrente da pressão na orelha média em crianças com OMA recorrente pode levar à retração (atelectasia) ou colapso da MT (atelectasia da orelha média). Otite média crônica supurativa: OMA não resolvida ou complicada com perfuração da MT pode levar a otite média crônica supurativa (CSOM) ou otomastoidite crônica, que é definida como perfuração da MT com drenagem purulenta crônica da fenda da orelha média por mais de 6s Colesteatoma: é um crescimento anormal do epitélio escamoso no ouvido médio e na mastóide que pode aumentar progressivamente para envolver e destruir os ossículos. Mastoidite: A maioria dos ep de OMA está associada a alguma inflamação da mastoide porque as células aéreas da mastoide estão conectadas à extremidade distal da orelha média através de um pequeno canal ou antro. O inchaço pós-auricular e a protrusão do pavilhão auricular são característicos da mastoidite. Outras complicações intratemporais: → Petrosite (extensão da infecção na porção petrosa do osso mastóide) → Labirintite (extensão da infecção para o aparelho coclear e vestibular) → Paralisia facial (o nervo facial passa pelo ouvido médio e mastóide); Complicações intracranianas: continuam sendo uma preocupação em países com recursos limitados, onde há pouco acesso a cuidados médicos → Meningite, Abscesso epidural, Abscesso cerebral, Trombose do seio lateral, Trombose do seio cavernoso, Empiema subdural, Trombose da artéria carótida Otite externa - Chamada de ouvido de nadador, é a inflamação do canal auditivo externo. - Doenças infecciosas, alérgicas e dermatológicas podem levar à otite externa. EPIDEMIOLOGIA: Pode ocorrer em todas as faixas etárias. Estima-se que 10% das pessoas desenvolvam otite externa durante a vida. Taxas mais altas de consulta durante a infância, diminuindo com a idade. - É mais provável de ocorrer no verão, em comparação com os meses de inverno. Isso pode estar relacionado ao aumento da umidade do ambiente e à participação em atividades aquáticas ao ar livre. - A infecção bacteriana aguda é a causa mais comum de otite externa. ANATOMIA: A porção cartilaginosa externa é revestida por pele mais espessa com estruturas anexiais, como glândulas de cerume, sebáceas e folículos pilosos. - A porção óssea interna do canal contém pele fina sem tecido subcutâneo. A derme nesta área está em contato direto com o periósteo subjacente. Assim, uma inflamação ou instrumentação mínima do canal ósseo causa dor e/ou lesão significativa. - O recesso timpânico inferior é uma pequena depressão na face medial inferior do canal auditivo, adjacente à membrana timpânica. Os detritos podem se acumular nessa área e causar ou perpetuar a infecção. - O revestimento do canal auditivo é um epitélio escamoso queratinizado que sofre descamação contínua. A migração epitelial é um processo de limpeza natural do canal auditivo que permite a saída de detritos de queratina e cerume. A migração epitelial começa no centro da membrana timpânica e continua para as faces medial e lateral do canal auditivo. - O canal auditivo é limitado superiormente pela fossa craniana média, anteriormente pela articulação temporomandibular e região parótida, medialmente pela membrana timpânica, posteriormente pela cavidade mastoidea e inferiormente pela base do crânio e tecidos moles do pescoço. Esses limites têm particular importância ao considerar as possíveis complicações da otite externa. - As fissuras de Santorini são uma série de fissuras embriológicas no aspecto anterior da porção cartilaginosa do canal por onde passam os tecidos neurovasculares. Essas fissuras também permitem a disseminação potencial da doença do canal auditivo para a região parótida, articulação temporomandibular e tecidos moles da parte superior do pescoço. ETIOLOGIA Porcentagem (%) Bactérias aeróbicas 56 % Pseudomonas 41 % Staphylococcus aureus 15 % Bactérias anaeróbicas 33 % Fúngica 6,5 % - A infecção fúngica é responsável por 2 a 10% dos casos de otite externa e ocorre com mais frequência após o tratamento da infecção bacteriana. A infecção por Candida ocorre mais comumente em pctes que usam aparelhos auditivos PATOGÊNESE: Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento da otite externa, apesar dos mecanismos de defesa do conduto auditivo. Os mecanismos de defesa inerentes do canal auditivo incluem: - O trago e a cartilagem conchal cobrem parcialmente a abertura do canal auditivo e ajudam a impedir a entrada de corpos estranhos. - Os folículos pilosos e o estreitamento do istmo inibem a entrada de contaminantes no canal auditivo. - O cerume ajuda a criar um ambiente ácido no canal auditivo, que inibe o crescimento de bactérias e fungos. Também é hidrofóbico, repelindo a água que poderia criar um meio de https://www.uptodate.com/contents/ibuprofen-pediatric-drug-information?search=otite%20m%C3%A9dia%20aguda&topicRef=5959&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/acetaminophen-paracetamol-pediatric-drug-information?search=otite%20m%C3%A9dia%20aguda&topicRef=5959&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/lidocaine-pediatric-drug-information?search=otite%20m%C3%A9dia%20aguda&topicRef=5959&source=see_link EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 7ª FASE cultura ideal. Além disso, a qualidade pegajosa do cerúmen ajuda a reter detritos finos. - A quebra da barreira pele-cerume é o primeiro passo na patogênese da otite externa. A inflamação e o edema da pele levam a prurido e obstrução. O prurido leva a coçar, o que pode causar mais lesões. Essa sequência de eventos altera a qualidade e a quantidade de cerúmen produzido, prejudica a migração epitelial e aumenta o pH do conduto auditivo. O canal auditivo escuro, quente, alcalino e úmido resultante torna-se um terreno fértil ideal para numerosos organismos. FATORES DE RISCO: - Natação ou outra exposição à água é um fator de risco bem documentado para otite externa. O excesso de umidade leva à maceração da pele e quebra da barreira cerúmen-pele, alterando a microflora do canal auditivo para bactérias predominantemente gram-negativas. - Qualquer trauma, como limpeza excessiva ou arranhões agressivos do canal auditivo, remove o cerume e pode criar abrasões ao longo da fina camada de pele no canal auditivo, permitindo que os organismos tenham acesso ao tecido mais profundo. Além disso, parte de um cotonete pode se desprender ou um pequeno pedaço de papel de seda pode ser abandonado no canal auditivo; esses remanescentes podem se desintegrar parcialmente e infeccionar, causando uma reação cutânea grave e infecção. - Dispositivos que obstruem o canal auditivo, como aparelhos auditivos, fones de ouvido ou toucas de mergulho, podem predispor à otite externa. - A dermatite de contato alérgica pode levar à otite externa (por exemplo, de brincos ou produtos químicos em cosméticos ou xampus). - As condições dermatológicas também podem predispor à otite externa (por exemplo, psoríase, dermatite atópica). - A radioterapia prévia pode causar alterações isquêmicas do conduto auditivo, alterar a produção de cerúmen e a migração epitelial e predispor à otite externa. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: os sintomas mais comuns: dor de ouvido, prurido, secreção e perda auditiva. - Pcte deve ser questionado sobre qualquer perfuração conhecida da membrana timpânica, infecções de ouvido anteriores, qualquer cirurgia ou radiação de ouvido anterior, doenças crônicas da pele, instrumentação recente do ouvido, uso de dispositivos no canal auditivo e exposição à água. - No exame físico, a aurícula e o tragus devem ser examinados quanto a eritema ou sinais de trauma. Sensibilidade com pressão tragal ou quando a aurículaé manipulada ou puxada são achados indicativos de otite externa. No entanto, esses sinais podem estar ausentes em casos leves. - A otoscopia é fundamental para distinguir entre otite externa, otite média e outras patologias do ouvido. O canal auditivo geralmente parece edematoso e eritematoso na otite externa. Detritos ou cerúmen são tipicamente amarelos, marrons, brancos ou cinzas. A membrana timpânica pode estar eritematosa na otite externa e apenas parcialmente visível devido ao edema do canal. - O exame é auxiliado por um otoscópio pneumático que permite a insuflação. A membrana timpânica em pctes com otite externa deve ser móvel com insuflação pneumática. Uma orelha média cheia de líquido minimizará quaisquer excursões da membrana timpânica com a insuflação. Não deve haver evidência de fluido no ouvido médio na otite externa isolada. - O diagnóstico de otite externa também deve ser questionado quando o pcte apresenta membrana timpânica perfurada. É provável que o foco primário da doença nesses pctes seja a orelha média, com inflamação secundária do conduto auditivo. - O pcte deve ser avaliado quanto a achados que possam indicar otite externa maligna. O tecido de granulação na junção óssea cartilaginosa do assoalho do canal auditivo é um achado clássico. Necrose franca da pele do canal auditivo pode ser evidente. Gravidade da otite: varia com base nos sintomas e exame físico: - A doença leve caracteriza-se por um pequeno desconforto e prurido. Há um mínimo de edema do canal. - A doença moderada é caracterizada por um grau intermediário de dor e prurido. O canal está parcialmente ocluído. - A doença grave é caracterizada por dor intensa e o canal está completamente ocluído devido ao edema. Geralmente há eritema periauricular, linfadenopatia e febre. DIAGNÓSTICO: clínico, baseado na história e exame físico. - Diretrizes da Academia Americana de Otorrinolaringologia definem otite externa aguda difusa como ocorrendo com início rápido (48 horas) nas 3 semanas anteriores com sinais e sintomas de inflamação do canal auditivo (tragus doloroso e/ou pavilhão auricular), ou edema difuso ou eritema do conduto auditivo, com ou sem otorreia, adenopatia regional, eritema da membrana timpânica ou celulite do pavilhão auricular e pele adjacente. - As culturas são geralmente reservadas para pctes com casos graves de otite externa. Mais custosa do que simplesmente iniciar o tratamento empírico, que costuma ser muito eficaz. Assim, pctes com otite externa leve e moderada não precisam de cultura do canal auditivo antes de iniciar a terapia. - No entanto, as culturas devem ser realizadas em pctes com otite externa grave, otite externa recorrente, otite externa crônica, pctes imunossuprimidos (por exemplo, pós-transplante, HIV, recebendo quimioterapia ou radioterapia), infecções em pctes após cirurgia de ouvido e pctes que não respondem à terapia inicial. A cultura é realizada com um pequeno cotonete dentro do canal externo. TRATAMENTO - A limpeza do canal auditivo externo é o primeiro passo do tto. A remoção de cerúmen, pele descamada e material purulento facilita muito a cicatrização e aumenta a penetração de gotas auriculares no local da inflamação. Usa otoscópio para visualizar diretamente, uma cureta com ponta em alça ou cotonete para tirar cerúmen e detritos. - Se MT estiver intacta, pode irrigar canal auditivo para melhorar a remoção de detrito. - Se MT rompida, ou naqueles cuja MT não pode ser completamente visualizada, é apropriado encaminhar a um otorrinolaringologista para limpeza e tratamento adicional. Eles podem usar microscópio, que fornece visão ampliada e permite o uso de ambas as mãos para limpeza. Essa técnica pode facilitar a limpeza quando a orelha estiver extremamente sensível. Abordagem ao tratamento - Nossa abordagem ao tratamento depende da gravidade da otite externa, da presença de DM ou imunocomprometimento e da presença ou ausência de membrana timpânica (MT) intacta. Membrana timpânica intacta - Otite externa leve – o tto com uma preparação tópica não antibiótica contendo um agente acidificante e um glicocorticóide (ex. ácido acético-hidrocortisona) em vez de outros agentes. Usa 3-4x ao dia. Tratamos por 7d, com instruções para continuar por mais uma semana se os sintomas não forem resolvidos. Os sintomas que persistem por mais de duas semanas justificam uma reavaliação. - Otite externa moderada – tto com uma preparação tópica ácida, contendo um antibiótico com cobertura contra Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus, um anti- séptico e um glicocorticoide em vez de outras preparações tópicas. Prefere ciprofloxacino-hidrocortisona; embora seja mais caro, está associado a menos efeitos colaterais do que a neomicina-polimixina B-hidrocortisona. Tratamos 3-4x ao dia por 7d, com instruções para continuar por mais uma semana se os sintomas não forem resolvidos. Os sintomas que persistem após uma a duas semanas justificam uma reavaliação. - Otite externa grave – Culturas da drenagem do canal auditivo devem ser obtidas; os resultados podem ajudar a orientar a terapia, principalmente em pctes que não respondem à terapia empírica. Tto com uma preparação tópica ácida e contendo um antibiótico com cobertura contra P. aeruginosa e S. aureus e um glicocorticoide em vez de outras preparações. Preferimos ciprofloxacino-hidrocortisona; embora seja mais caro, está associado a menos efeitos colaterais do que a neomicina- polimixina B-hidrocortisona. - Pctes com obstrução do canal devido a inchaço requerem colocação de pavio. Um pavio permite que os medicamentos tópicos alcancem o aspecto medial do canal auditivo e também pode facilitar a retenção mais longa da solução tópica. - Para pctes com doença grave com celulite pré-auricular ou auricular e/ou febre, sugerimos terapia dupla com antibióticos tópicos e sistêmicos em vez de terapia tópica isolada. O tto sistêmico com uma fluoroquinolona (levofloxacino 500 mg VO 1xd por 7d) para cobertura de S. aureus e P. aeruginosa é o preferido. Para pctes que não são candidatos a fluoroquinolonas sistêmicas, o tratamento com um antibiótico antiestafilocócico beta-lactâmico, como cefuroxima 500 mg VO 2xd ou amoxi-clav 875 mg VO 2xd por 7d, é uma opção para S. aureus sensível à meticilina. Antibióticos intravenosos (IV) podem ser indicados para pctes com infecção mais extensa, como vancomicina + cefepima. - Pctes com otite externa grave são acompanhados em 1 semana; os pctes que necessitam de pavio e aqueles com infecção que se espalhou além do canal auditivo externo são vistos dentro de 3d para trocar o pavio (se aplicável) e avaliar a resposta ao tratamento. MT não intacta – semelhante ao de pctes com MT intacta, com exceção das preparações tópicas preferenciais e a recomendação de encaminhamento precoce para otorrinolaringologia se não responder ao tratamento inicial. - Tratamento tópico inicial para a maioria dos pctes – Em pctes com otite externa e uma MT conhecida ou suspeita, sugerimos um tratamento de 7d com uma fluoroquinolona tópica (ex. ciprofloxacino, dexametasona) em vez de outros preparações. Agentes tópicos que contenham aminoglicosídeos ou álcool, ou que tenham pH baixo, não devem ser administrados devido ao potencial de dor e ototoxicidade. Agentes sabidamente ototóxicos quando atingem a orelha média, ou cuja segurança não foi estabelecida, também devem ser evitados. - Pctes que não respondem ao tratamento inicial – se em 7d de tto com quinolona não responde, encaminha para otorrinolaringologia. Além disso, deve-se obter cultura da drenagem externa e iniciar tratamento empírico com antibiótico oral. As opções incluem levofloxacina 500 mg VO 1xd, ciprofloxacina 500mg VO 2xd, cefuroxima 500mg VO 2xd ou amoxi-clav 875mg VO 2xd por 7d. Dessas opções, apenas o levofloxacinoe o ciprofloxacino apresentam atividade contra Pseudomonas. Os antibióticos podem precisar ser trocados assim que os resultados da cultura estiverem disponíveis. - Pctes com alergia a fluoroquinolonas: inicia com cefuroxima 500mg VO 2xd ou amoxi-clav 875mg VO 2xd. O pcte também deve ser encaminhado para otorrinolaringologia. - Hospedeiros imunocomprometidos – tto com antibióticos tópicos e sistêmicos combinados, em vez de terapia tópica isolada. Para esses pctes, os antibióticos são os mesmos usados para doenças graves. Todos os pctes com DM ou imunossupressão que apresentam otite externa grave ou dor de ouvido unilateral persistente podem estar em risco de otite externa maligna e devem ser encaminhados a um otorrinolaringologista para tratamento adicional. O encaminhamento para um especialista em doenças infecciosas também pode ser útil. - Se dor, pcte pode usar AINEs orais, como ibuprofeno ou naproxeno, desde que com cuidado para não mascarar o tto inadequado. Aconselhamento do pcte - Higiene do ouvido e prevenção de recorrência – O ouvido deve ser protegido da água durante o tratamento da otite externa. Aparelhos auditivos, “fones de ouvido” e outros dispositivos semelhantes não devem ser usados até que a dor e a secreção diminuam. Esses dispositivos devem ser desinfetados antes de serem reutilizados. Para evitar a recorrência, a educação do pcte sobre a higiene adequada do ouvido é essencial. Medidas específicas para quem pratica esportes aquáticos incluem o uso de tampões para os ouvidos, sacudir a orelha para secar depois de nadar e secar a orelha após a exposição à água. - Acompanhamento clínico e condições para encaminhamento: A maioria dos pctes com otite externa apresentará alguma melhora dos sintomas dentro de 36-48h após o início do tratamento, com resolução total dos sintomas em cerca de 6d. O tempo de acompanhamento clínico depende da gravidade da otite externa. Pctes com otite externa leve só precisam retornar se os sintomas persistirem ou piorarem além de 1 semana. Para pctes com doença moderada, o acompanhamento é recomendado em 1-2 semanas. Pctes com doença grave podem precisar ser vistos mais cedo, geralmente dentro de 1 semana. https://www.uptodate.com/contents/acetic-acid-and-hydrocortisone-otic-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/ciprofloxacin-and-hydrocortisone-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/neomycin-polymyxin-b-and-hydrocortisone-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/neomycin-polymyxin-b-and-hydrocortisone-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/ciprofloxacin-and-hydrocortisone-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/neomycin-polymyxin-b-and-hydrocortisone-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/neomycin-polymyxin-b-and-hydrocortisone-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/levofloxacin-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/cefuroxime-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/amoxicillin-and-clavulanate-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/ciprofloxacin-and-dexamethasone-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/levofloxacin-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/ciprofloxacin-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/cefuroxime-drug-information?search=otite&topicRef=16516&source=see_link EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 7ª FASE - Em pctes que não respondem ao tratamento inicial, o canal auditivo deve ser cultivado. O pcte deve ser questionado sobre adesão à medicação, adesão às precauções de água e evitar manipulação do canal auditivo. - Todos os pctes com diabetes ou imunossupressão que apresentam otite externa grave ou dor de ouvido unilateral persistente podem estar em risco de otite externa maligna e devem ser encaminhados a um otorrinolaringologista para tratamento adicional. - Os pctes que não respondem ao tratamento inicial também devem ser avaliados quanto a outras condições que possam mimetizar, complicar ou estar subjacente à otite externa. OTOMICOSE - Dx diferencial de otite externa - É uma infecção fúngica do conduto auditivo externo, responsáveis por ~ 9% das infecções do canal auditivo. - Pode ocorrer como infecção primária ou pode se desenvolver junto com a otite externa bacteriana, geralmente como resultado de antibioticoterapia. - Aspergillus niger e Candida são os organismos mais comuns, embora o organismo dominante varie de acordo com a localização geográfica. A incidência de otomicose é maior em locais tropicais e subtropicais, provavelmente por causa da umidade. - Nadar e coçar ou limpar o canal auditivo também predispõem à otomicose. Foi levantada a preocupação de que o uso excessivo de gotas otológicas antibióticas possa permitir a proliferação de fungos. No entanto, a incidência e os tipos de infecções fúngicas não mudaram significativamente, apesar de várias décadas de uso de antibióticos tópicos. - Pctes com otomicose relatam mais comumente coceira no ouvido, desconforto, secreção e/ou sensação de que algo está no canal auditiva. A coceira profunda é o sintoma mais problemático; a dor é menos intensa do que na otite externa bacteriana. - Localizam-se geralmente na face medial do canal auditivo. Isso pode ser devido à localização do recesso timpânico inferior, que facilita o acúmulo de detritos nesta área. Além disso, o aspecto medial do canal auditivo é mais escuro e quente, características que promovem o crescimento de fungos. - O edema do canal auditivo é menos grave do que na otite externa bacteriana. - Os organismos fúngicos têm uma aparência muito característica no canal auditivo, com filamentos finos de fungos e esporos podem ser vistos que se assemelham a mofo crescendo em alimentos estragados. - Os esporos de A. niger parecem um fino pó de carvão espalhado no canal auditivo. Aspergillus também pode se assemelhar a jornal molhado ou papel mata-borrão. As infecções por Candida normalmente estão associadas a material macio, branco e sebáceo que pode preencher o canal auditivo em casos graves. Uma pseudomembrana geralmente reveste o canal auditivo que, quando removida, revela uma membrana granular friável subjacente. - O tratamento consiste numa limpeza cuidadosa do canal auditivo e terapia antifúngica tópica. - Pcte com MT intacta, usa clotrimazol 2xd no conduto auditivo por 10-14d. Após isso, reavalia pcte. Repete tto, se precisar. - Pcte com MT não intacta ou refratária ao tto tópico, usa fluconazol VO (Candida) ou voriconazol (Aspergillus). Complicações da otite externa Celulite periauricular: apresenta-se com eritema, edema e calor da pele ao redor da aurícula. A dor geralmente é leve e as manifestações sistêmicas geralmente estão ausentes, o que ajuda a diferenciar a celulite da otite externa maligna. Otite externa maligna ou necrotizante: complicação grave e potencialmente fatal da otite externa bacteriana aguda. Mais comum em pctes idosos diabéticos ou outros indivíduos imunocomprometidos. - Ocorre quando a infecção se espalha da pele para os espaços ósseos e medulares da base do crânio (envolvendo também partes moles e cartilagens da região temporal). - Pctes geralmente apresentam otalgia e otorréia intensas com dor que parece desproporcional aos achados do exame. O tecidode granulação na junção óssea cartilaginosa do assoalho do canal auditivo é um achado clássico. Edema, eritema e franca necrose da pele do canal auditivo podem ser evidentes. As paralisias dos nervos cranianos são um sinal de mau prognóstico. Os pctes geralmente têm uma taxa de sedimentação de eritrócitos (ESR) acentuadamente elevada. - O diagnóstico é auxiliado por uma ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC) anormal mostrando a extensão da infecção nas estruturas ósseas. - Pctes que possam ter otite externa maligna devem ser imediatamente encaminhados a um otorrinolaringologista. Fonte: UpToDate 2023 EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 7ª FASE