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Gastronomia Santé Professora Ma. Queila Turchetto Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP T932g Turchetto, Queila Gastronomia Santé / Queila Turchetto. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 91 p.: il. Color. 1. Gastronomia. 2. Hospitais – Serviços de alimentação. Alimentos naturais. 4. Alimentos vegetarianos. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III Título. CDD: 23 ed. 641.013 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTORA Professora Me. Queila Turchetto ● Mestre em Tecnologias Limpas (Unicesumar) . ● Bacharel em Nutrição (UniCesumar). ● Especialista em Fisiologia (Universidade Estadual de Maringá). ● Professor Formador EAD - UniCesumar. Ampla experiência como professor em ensino presencial desde 2008 e EAD desde de 2015, empresária no ramo da alimentação, nutrição e estética. Vasto atendimento em consultorias em Restaurante com enfoque em processo criativo em cardápios e gestão. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamentais para uma Gastronomia Santé, ou seja, para uma Gastronomia mais saudável. Além de conhecer seus principais conceitos e definições vamos explorar as mais diversas aplicações deste braço forte da cozinha contemporânea. Na unidade I abordaremos os conceitos da Gastronomia Santé, a proposta é que você aluno entenda a importância e de onde surgiu essa cozinha tão colorida e saudável, vamos associar aos conceitos básicos da nutrição e a formação de um prato composto tudo relacionado aos pilares da sustentabilidade. Já na unidade II discutiremos os conceitos do vegetarianismo, figurando seus vertentes e apontando os porquês que um indivíduo escolhe retirar o grupo de alimentos de origem animal de sua dieta, consequentemente veremos se esta dieta é saudável e fechamos o capítulo com o preparo da horta de brotos. Depois, nas unidades III e IV veremos sobre os alimentos funcionais, dietas da moda e abordaremos os alergênicos, fechando a unidade com aplicabilidade na gastronomia com os tipos de farinhas utilizando. A Unidade IV fecha nosso livro abordando a Gastronomia funcional, onde todo o conteúdo do livro será importante para adequar a Gastronomia aos conceitos apresentados. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Bases da Cozinha Natural UNIDADE II ................................................................................................... 26 Vegetarianismo e Suas Vertentes UNIDADE III .................................................................................................. 39 Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé UNIDADE IV .................................................................................................. 59 Gastronomia Hospitalar 3 Plano de Estudo: ● Conceitos e características da Gastronomia Santé; ● Bases da nutrição; ● Prato composto; ● Sustentabilidade. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar a gastronomia santé; ● Compreender e relacionar a alimentação saudável a gastronomia; ● Estabelecer a importância da relação da saúde com sabor e sustentabilidade. UNIDADE I Bases da Cozinha Natural Professora Me. Queila Turchetto 4UNIDADE I Bases da Cozinha Natural INTRODUÇÃO Olá queridos alunos, bem vindos a primeira unidade do livro de Gastronomia Santé, é com imenso prazer que nesta unidade iremos abordar as bases das quais se sustentam e caracterizam um dos braços mais criativos da cozinha contemporânea. Em nosso primeiro tópico irei demonstrar conceitos trabalhados na disciplina que classificam e mostram os caminhos das pedras para entendimento dos conceitos que reve- lam a essência da Gastronomia Santé. Em nosso segundo tópico vamos abordar as bases da nutrição para nivelamento dos conceitos básicos e terminologias sobre alimentos, para podermos falar no mesmo nível quando relacionar a saúde na alimentação. Em nosso terceiro tópico consiste no conhecimento e aplicação de um prato composto, sendo que neste tópico mais prático, já iremos associar os conhecimentos básicos da nutrição. Em nosso quarto e último tópico iremos abordar o tema sobre Sustentabilidade na gastronomia, fechando o ciclo da primeira unidade da disciplina de Gastronomia Santé. 5UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 1. CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA GASTRONOMIA SANTÉ A Gastronomia Santé começou a ser desenvolvida a partir do movimento de repúdio à culinária clássica da década de 70, mais conhecido como Nouvelle Cuisine, sua principal característica é vista como a redução das porções, molhos mais leves e a beleza do pra- to, que se evidenciou em ser mais refinada e decorativa. O Movimento iniciou através de uma campanha publicitária dos críticos gastronômicos Henri Gault e Christian Millau com o propósito de incentivar uma apresentação mais simples e leve de um prato, isto ocorreu em 1972. Através deste movimento já se fazia um repúdio ao consumo em excesso dos produtos industrializados, o excesso de gordura, açúcar e a promoção de uma vida mais saudável (SENAC, 1998). No livro Adeus aos Escargots de Michael Steinberger (2010 p. 38 e 39), fora citado os dez mandamentos da Nouvelle cuisine publicados por Gault e Millau em 1973: 01- Não cozerás demais; 02- Utilizarás produtos frescos e de qualidade; 03- Tornarás leve teu menu mais leve; 04- Não serás sistematicamente modernista; 05- Buscarás o que as novas técnicas podem proporcionar; 06- Eliminarás molhos escuros e brancos; 07- Não ignorarás a dietética; 08- Não trapacerás em tua apresentação; 09- Serás inventivo; 10 -Não terás ideias preconcebidas. 6UNIDADE I Bases da Cozinha Natural Após o movimento Nouvelle Cuisine, a Gastronomia Santé se tornou um dos bra- ços direitos da cozinha contemporânea e começou a aderir características únicas. Uma das características mais importantes ou como definição a Gastronomia Santé é a necessidade de exclusão de ingredientes/produtos industrializados sempre que possível nas produções diárias, um exemplo bem comum é quando falamos dos caldos “fundos aromáticos”, que vocês aprenderam ou irão aprender na disciplina de habilidades básicas de cozinha, que são substituídos no dia-a-dia de forma simples, e ao mesmo tempo de forma tão “inofensi- va”, por um tablete ou um pó de fundo pronto. Em restaurantes essas misturas ditas como profissionais, são vendidas com o “ape- lo” de custar menos no montante final dos custos de um restaurante. E no nosso dia-dia, também optamos por essas opções mais práticas, trocamos os sucos naturais para os de caixinha, a questão da praticidade se tornou hábito. Além da redução de produtos industrializados, uma das bases da Gastronomia Santé, está nas escolhas dos ingredientes, principalmente quando falamos da utilização dos produtos orgânicos. A utilização sempre que possível de produtos orgânicos é uma das preocupações da Gastronomia Santé. A FAO, define os alimentos orgânicos como aqueles in natura ou processados que são oriundos de um sistema orgânico de produção agropecuária e industrial. A produção de alimentos orgânicos é baseada em técnicas que dispensam o uso de insumos como pesticidas sintéticos, fertilizantes químicos, medica- mentos veterinários, organismos geneticamente modificados, conservantes, aditivos e irradiação. A produção está enfatizada ao uso de práticas de gestão e manejo do solo que levam em conta as condições regionais e a necessidade de adaptar localmente os sistemas de produção. SAIBA MAIS A missão do Slow food, portanto, é unir o prazer da boa comida com a preservação das comunidades locais, suas culturas e tradições e com respeito ao meio ambiente, sendo chamado de ecogastronomia. Para isto, o movimento organiza atividades que defendem a biodiversidade na cadeia de distribuição alimentar, difundir a educação do gosto, e aproximar produtores e consumidores. (O MOVIMENTO SLOW FOOD, 2021). 7UNIDADE I Bases da Cozinha Natural Atualmente estamos vivemos em uma luta para voltarmos a termo bons e saudáveis hábitos alimentares, a luta incessante está clara no novo guia alimentar para população Brasileira publicado em 2014 com diretrizes para promover uma boa alimentação: Consuma alimentos in natura ou minimamente processados como base de sua alimentação. Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozi- nhar alimentos e na hora de cozinhar. Limite o uso de alimentos processados, consumindo-os, em pequenas quantida- des, como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados. Evite alimentos ultraprocessados, não consuma nada que você não identifique o alimento in natura no alimento final. Para explanar um pouco mais sobre o tema alimentação saudável, segue a no- menclatura dos alimentos utilizadas no guia alimentar: ● Alimento IN NATURA: que são obtidos diretamente de plantas ou de animais sem que tenham sofrido qualquer alteração. ● Alimento MINIMAMENTE PROCESSADOS: que são obtidos in natura que, antes de sua aquisição, foram submetidos a alterações mínimas. ● ALIMENTOS PROCESSADOS: produtos fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar a um alimento in natura ou minimamente processado. ● ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS: produtos cuja fabricação envolve diver- sas etapas, técnicas de processamento e ingredientes, muitos deles de uso exclusivamente industrial. Os alimentos processados e ultraprocessados afetam negativamente o alimento como identidade, ainda mais quando falamos de cultura gastronômica. Saiba que para promoção de uma alimentação mais saudável e propor uma gastronomia Santé a escolha dos ingredientes será imprescindível. 8UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 2. BASES DA NUTRIÇÃO Quando falamos de Gastronomia Santé, estamos associando: sustentabilidade, saúde e sabor, assim para alinharmos os pilares precisamos focar nossos estudos em que nos nivelam na ciência da nutrição. A definição de Nutrição para o ministério da saúde, determina que: “é um estado fisiológico que resulta do consumo e da utilização biológica de energia e de nutrientes em nível celular” (BRASIL, 2007). Resumindo podemos dizer que a Nutrição é o consumo equilibrado de nutrientes, relacionado a questões sociais, econômicas, culturais e psicológicas ligadas ao alimento e com o modo de se alimentar. Afinal você sabe o que são nutrientes? Escudeiro em 1938, conseguiu definir com clareza o que são: “Nutrientes como toda substância que, após introduzida no organismo, exerce a função de Nutrição”. Podemos dividir os Nutrientes em dois grandes grupos: como Macronutrientes e Mi- cronutrientes. Os Macronutrientes são carboidratos, proteínas e lipídios e são necessários em grandes quantidades pelo nosso organismo. E os Micronutrientes que são essenciais para o consumo diário, porém em pequenas quantidades e são conhecidos por vitaminas e minerais. Uma alimentação equilibrada precisa de um consumo diário de Macro e Micronu- trientes, mas afinal o que são Macronutrientes? 9UNIDADE I Bases da Cozinha Natural Os Macronutrientes são compostos de alimentos energéticos e construtores (guar- de essa nomenclatura, iremos usar em nossa próxima unidade para associarmos ao prato composto) as famosas fontes de proteínas e dos temidos carboidratos e gorduras. Os Carboidratos, são hidratos de carbono que representam a mais importante fonte de energia rápida proveniente da dieta, cada grama de Carboidrato equivale à 4kcal. Por exemplo, se um alimento contém 40g de Carbohidratos, ele terá 40g x 4 kg/g = 160 kcal no alimento proveniente dos carboidratos. Podemos dividir os carboidratos em dois grandes grupos carboidratos complexos e carboidratos simples. Carboidratos Complexos: são carboidratos que são lentamente digeridos, evitando assim, grandes elevações de açúcares na corrente sanguíneas por terem baixo índice glicêmico, promovem maior saciedade, e são considerados mais saudáveis. Ex: arroz inte- gral, aveia, massas, batata, milho, pão. Carboidratos Simples: são carboidratos de rápida absorção e possuem alto índice glicêmico. Isto quer dizer, que sua absorção para corrente sanguínea é rápida, elevando as taxas do hormônio insulina, e isso não é considerado favorável à saúde. EX: açúcares, doces, refrigerante. REFLITA Gosto de explicar a ação em consultório para os meus pacientes da seguinte forma: ao colocar o alimento na boca, se ele já é líquido ou dissolve facilmente, é porque rapida- mente sobre a ação da amilase – enzima que já inicia a metabolização do carboidrato. – quanto mais rápido dissolve, maior será o pico de insulina e consequentemente não será saudável para a saúde. Fonte: a autora. Outro grande grupo dos macronutrientes é composto pelas proteínas, que também contém 4 kcal de energia como o carboidrato. Dentre as principais funções das proteínas no nosso corpo estão promover o crescimento e renovação celular, produzir células de defesa, agir como enzimas e hormônios. As proteínas são constituídas por substâncias conhecidas por aminoácidos. Exis- tem mais de 20 aminoácidos diferentes, que são separados em aminoácidos essenciais e não essenciais. 10UNIDADE I Bases da Cozinha Natural Os aminoácidos essenciais não são produzidos pelo nosso corpo, portanto devem ser fornecidos pela alimentação. São eles: isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano e valina. As principais fontes destes aminoácidos podem ser encontra- das em alimentosde origem animal como: ovos, carne bovina, carne de porco, frango e em produtos de origem vegetal como: soja e quinoa. Já os aminoácidos não essenciais são aqueles que nosso organismo sintetiza em nível celular são eles: alanina, arginina, asparagina, ácido aspártico, cisteína, ácido glutâ- mico, glutamina, glicina, prolina, serina, tirosina e histidina. O último grande grupo de Macronutrientes são as gorduras, das quais eu são mais a apaixonada, por sua complexidade e funcionalidade em nosso organismo as gorduras são substâncias orgânicas bastante variáveis, são insolúveis em água, desempenham funções vitais em nosso organismos, como carrear vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, E, K), vamos falar um pouquinho mais sobre elas, e melhoram claramente o sabor dos alimentos, aumenta o tempo de digestão, fornece ácidos graxos essenciais, no nosso organismo e é até capaz de sintetizar hormônios (adrenocorticais e sexuais). As gorduras são fontes de energia mais concentrada, isto quer dizer que fornecem mais energia que os macronutrientes anteriores, 9kcal por grama de gordura. Por exemplo, se um alimento contém 10g de gordura (o que equivale a uma colher de chá de óleo de soja) 10g x 9kcal/g = 90kcal fornecidas pelos lipídios. Finalizamos assim, os macronutrientes e iremos iniciar nossos estudos nos mi- cronutrientes. Já sabemos que os micronutrientes são essenciais ao nosso organismo e possuem várias funções importantes para a nossa sobrevivência e estes são compostos pelas vitaminas e os minerais, porém também devemos saber que a sua biodisponibilidade de absorção é interferida por vários fatores. SAIBA MAIS Ainda não se sabe exatamente como ocorre mais, alimentos ricos em cálcio (ex: leite e derivados) podem impedir a absorção do ferro (ex:carne) na alimentação, vários estu- dos conseguiram apontar estes resultados. Fonte: YBARRA et al., 2001 11UNIDADE I Bases da Cozinha Natural Pode-se dizer que a maior competição na hora da absorção dos micronutrientes, ocorre entre eles, se consumido um em excesso interfere na absorção do outro, é como se eles tivessem o mesmo meio de transporte para o destino final, se lota com um, o outro não consegue embarcar, alguns medicamentos, também alteram a absorção dos micronutrien- tes, quanto para mais quanto para menos. Como vimos anteriormente os micronutrientes são compostos pelas Vitaminas e Minerais, assim, a partir de agora como fizemos com os macronutrientes vamos picar como um mise en place bem feito sobre esses grandes grupos. Inicialmente iremos discutir sobre as vitaminas e classificá-las em dois grandes grupos: as vitaminas Lipossolúveis e hidrossolúveis. As vitaminas lipossolúveis são formadas pela vitamina A, D, E e K. A Vitamina A também conhecida como retinol, foi identificada pela primeira vez em 1913, foi chamada assim devido à sua função específica na retina do olho. Além dessa função primordial da vitamina A, ela possui papel fundamental para o desenvolvimento ósseo e manutenção do tecido epitelial e para o processo reprodutivo, e ainda é um an- tioxidante. Podemos encontrar a vitamina A em duas formas: a pré-formada denominada retinol que encontramos em alimentos de origem animal como fígado, rim, gema de ovo, queijos gordurosos, leite integral, creme de leite entre outros. E na forma de pró-vitamina A, denominada betacaroteno. O Betacaroteno é um pigmento amarelo alaranjado presente nos vegetais, os alimentos fontes são: cenoura, manga, mamão e etc. A vitamina D possui função primordial no metabolismo de cálcio e fósforo ajudando na mineralização destes nutrientes na fase de crescimento, sua principal função está as- sociada a esta ação. A maior fonte de vitamina D do organismo é sintetizada na pele, e a maior forma de carência está relacionada com a baixa exposição solar. Além disso, pode-se através da alimentação ingerir alimentos fontes de Vitamina D, em sua maioria os alimentos fontes se encontram em produtos de origem animal, como alimentos lácteos, gema de ovo e peixes gordurosos como sardinha, atum e arenque. Ainda falando sobre as vitaminas lipossolúveis, a Vitamina E é um potente antioxi- dante, ela é capaz de proteger as células da ação de radicais livres. As principais fontes de Vitamina E são o gérmen de trigo, amêndoas, avelãs dentre outros, como algumas fontes de origem animal, em ovos, leite e fígado, mas em quantidades menores. Para finalizarmos as vitaminas Lipossolúveis, a vitamina K, a função mais impor- tante deste vitamina é sua ação na coagulação sanguínea, sua deficiência pode levar a hemorragias, mais não é algo tão comum, para ocorrer esta deficiência, é necessário que 12UNIDADE I Bases da Cozinha Natural vários fatores impedem sua absorção. Os alimentos fontes de Vitamina K são os vegetais verdes folhosos, como alface, brócolis, couve, espinafre e de origem animal: leite e deriva- dos, fígado e ovos. Falamos das vitaminas lipossolúveis, e para fecharmos as vitaminas, vamos falar das vitaminas hidrossolúveis. As vitaminas hidrossolúveis, como o nome já diz, é dissolvida em água. Os exces- sos dessas vitaminas são excretados na urina, por isso faz-se necessário a ingestão diária para manutenção da saúde. As vitaminas hidrossolúveis são compostas pelas vitaminas do complexo B e a vitamina C. As vitaminas do complexo B, são compostas pela Vitamina B1, B2, B3, B5, B6, B8, B9 e B12, possuem papel fundamental no metabolismo energético e na construção tecidual. Para visualizarmos melhor as vitaminas do complexo B, vamos analisar a tabela 1. TABELA 1 - VITAMINAS DO COMPLEXO B Vitamina Nome Função / Deficiência Fontes Recomendação B1 Tiamina Função: Atua na metabolização de carboidratos. Deficiência: patologia denominada Barbéri Carnes Vermelhas, fígado, cereais integrais, leguminosas e leite de vaca. Homens: 1,2 mg/dia Mulheres: 1,1mg/dia. B2 Riboflavina Função: Produção de energia, atuando no metabolismo de glicose e dos ácidos graxos. Deficiência: Queilose, glossite, dermatite seborreica e distúrbios oculares. Leite e derivados, carnes brancas e vermelhas, ovos e fígado. Homens: 1,3 mg/dia Mulheres: 1,1mg/dia. 13UNIDADE I Bases da Cozinha Natural B3 ou PP Niacina Função: Atua no metabolismo dos Macronutrientes. Deficiência: Fraqueza muscular, anorexia e erupções cutâneas. A deficiência grave é conhecida como Pelagra. Carne vermelha, fígado, legumes, leite, ovos, peixe, leveduras e cereais integrais. Homens: 16mg/dia Mulheres: 14mg/dia B5 Ácido Pantatênico Função: Metabolismo de Energia. Deficiência: Formigamento nas pernas, mal estar, cefaleia, mal-estar, sonolência, náuseas. Carne de boi e frango, batata, cereais inte- grais, fígado, vísceras e gema de ovo. Homens: 5mg/dia Mulheres 5mg/dia B6 Piridoxina Função: Atua na metabolização de aminoácidos. Deficiência: Dermatite sebor- reica, convulsão, depressão e confusão mental. Cereais integrais, fígado bovino e outras vísceras. Homens: 1,3mg/dia Mulheres: 1,3mg/dia B8 Biotina Função: Síntese de ácidos graxos, catabolismo proteico. Deficiência: Dermatites, erupções cutâneas, conjuntivites e perda de acuidade visual. Fígado bovino, gema de ovo. Homens: 30ug/dia Mulheres: 30 ug/dia. 14UNIDADE I Bases da Cozinha Natural B9 Ácido Fólico Função: Metabolismo de aminoácidos, e na síntese de ácidos nucleicos. Deficiência: diminuição do crescimento, anemia megaloblástica. Vegetais folhosos verdes escuros: brócolis, espinafre e aspargos), feijões, cereais integrais e fígado. Homens: 400ug/dia Mulheres: 400ug/dia B12 Cobalamina Função: metabolismo de lipídeos e a síntese de ácido nucleico. Deficiência: anemia perniciosa, anemia megaloblástica e neuropatias. Alimentos de origem animal: fígado, rim, leite, ovos, peixe, queijo e carnes. Homens: 2,4ug/dia Mulheres: 2,4ug/dia. Fonte: (ILSI, 2001).Através da tabela, visualizamos as vitaminas hidrossolúveis do complexo B, para finalizarmos as vitaminas hidrossolúveis, vamos falar sobre a vitamina C. A vitamina C possui diversas funções essenciais ao nosso organismo, ela atua na síntese de colágeno, na cicatrização de feridas e fraturas, estimula as funções de defesa do organismo, ajuda na conversão do colesterol em ácidos biliares, é um potente antioxidante, aumenta a absorção de ferro e ainda atua na síntese de adenosina trifosfato (ATP) e no metabolismo enzimático da tirosina. Sua deficiência causa o escorbuto, e os sintomas mais comuns são dores musculares, prurido, dificuldade para cicatrização de feridas, hiperceratose folicular, distúrbios neuróticos, inflamação das gengivas, fragilidade e amolecimento dos dentes e perda de cabelo. As principais fontes de vitamina são as frutas: laranja, limão, morango, acerola, goiaba, maracujá e abacaxi e em alguns vegetais como pimentão verde e amarelo, tomate e repolho. Estamos quase finalizando os micronutrientes ainda falta estudarmos os minerais. Os minerais exercem funções específicas no organismo humano, dos quais são indispen- sáveis à vida. Para visualizarmos melhor os micronutrientes divididos em Macrominerais e Microminerais vamos analisar a tabela 02 a seguir. 15UNIDADE I Bases da Cozinha Natural TABELA 2 - MINERAIS: MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES Classificação Minerais Funções / Deficiências Fontes Recomendação Macrominerais Cálcio (Ca) Funções: formação de ossos e dentes, transporte de membranas celulares, contração muscular, transmissão de impulsos nervosos e secreção glandular. Deficiência: Deformação óssea como raquitismo, osteomalacia, osteoporose. Leite e derivados e em fontes vegetais como couve, brócolis e mostarda. Homens: 1.000mg/dia Mulheres: 1.000mg/dia. Fósforo (P) Funções: Junto ao cálcio possui papel fundamen- tal na formação de ossos e dentes. Deficiência: Perca de apetite, fraqueza, dores articulares, perda de massa óssea, dores articulares e diminuição de crescimento. Alimentos proteicos como carne, leite e derivados, leguminosas, pescados, ovos e oleaginosas. Homens: 700mg/dia Mulheres: 700mg/dia Magnésio (Mg) Funções: estabilizar a estrutura de ATP, atuando nas reações para o fornecimento de energia. Deficiência: pode gerar anorexia, retardo no crescimento, irritabilidade muscular, arrit- mias cardíacas, relaxamento muscular. Verduras e Legumes como espinafre, acel- ga, beterraba, quiabo, oleagi- nosas e cereais integrais. Homens: 420mg/dia Mulheres: 320mg/dia Enxofre (S) Função: constituinte das proteínas, da insulina e da queratina. Deficiência: é rara. Carnes, leite e derivados, ovos e leguminosas. Uma dieta balanceada em proteínas supre as necessida- des de Enxofre. 16UNIDADE I Bases da Cozinha Natural Sódio (Na) Potássio(K) Funções: Manutenção osmótica, no equilíbrio hídrico e acidobásico do organismo humano e na irritabilidade muscular, em especial e o músculo cardíaco. Sal de cozinha, bicarbonato de sódio, glutamato monossódico Banana, laranja, frutas secas, vegetais: espi- nafre, tomate e brócolis Homens: 1,5g/dia Mulheres: 1,5g/dia Homens: 2,3g/dia Mulheres: 2,3g/dia Cloro (Cl) Cloreto de sódio, pescados frutos do mar. Homens: 4,7g/dia Mulheres: 4,7g/dia Microminerais Ferro (Fe) Função: transportar oxigênio. Deficiência: anemia ferropriva. Ferro heme: carnes vermelhas, aves, porco e peixes. Ferro não heme: leguminosas e vegetais verdes escuros Homens: 8mg/dia Mulheres: 18mg/dia Cobre (Cu) Função: formação da hemoglobina, antioxidante. Deficiência: Anemia. Ostras, mariscos, fígado, cacau em pó, rim, nozes, leguminosas secas e aves. Pescados e frutos do mar, fígado, carne bovina, frango e peixe, cereais integrais, amendoim e castanhas. Homens: 900ug/dia Mulheres 900ug/dia Zinco (Zn) Funções: Metabolismo de Macronutrientes, síntese e degra- dação de ácidos nucleicos. Deficiência: anorexia, hipogonadismo, retardo na ma- turação sexual, baixa imunidade e diminuição do crescimento. Pescados e frutos do mar, fígado, carne bovina, frango e peixe, cereais integrais, amendoim e castanhas. Homens: 11mg/dia Mulheres: 8mg/dia 17UNIDADE I Bases da Cozinha Natural Iodo (I) Funções: participa na síntese de hormônios tireoidianos. Deficiência: Bócio. Sal de cozinha iodado, pescados, frutos do mar, leite, ovos e carne. Homens: 150ug/dia Mulheres: 150ug/dia/ Manganês (Mn) Função: Meta- bolização de energia e coles- terol, formação ósseas, cresci- mento humano e reprodução. Deficiência: Redução do crescimento, alterações ós- seas, diminuição da capacidade reprodutiva. Cereais integrais, amendoim, nozes, folhas verdes e carnes. Homens: 2,3 mg/dia Mulheres 1,8mg/dia Selênio (Se) Funções: Antio- xidante, melhora a imunidade e a fertilidade masculina. Deficiência: Leve: fraqueza muscular, cansaço, dores musculares. Grave: Doença de Keshan e Doença de Kashin-Beck. Cereais integrais, leguminosas, oleaginosas. Homens: 55ug/dia Mulheres: 55ug/dia. Flúor (F) Funções: Manutenção dos ossos e dentes. Deficiência: Cáries dentárias. Água fluoretada. folhas de chá e frutos do mar. Homens: 4mg/dia Mulheres: 3mg/dia 18UNIDADE I Bases da Cozinha Natural Cromo (Cr) Função: Potencializa a ação da insulina. Deficiência: redução da tolerância a glicose e ocorrência da diabetes mellitus tipo 2. Levedo de cerveja, fígado, ostra, frutos do mar e carnes em geral. Homens: 35ug/dia. Mulheres: 25ug/dia. Fonte: (ILSI, 2001). Finalizamos o tópico das bases da nutrição com uma citação linda sobre alimenta- ção: Podemos dizer que a alimentação se dá em função do consumo de alimentos e não de nutrientes, uma alimentação saudável deve estar baseada em práticas alimentares que tenham significado social e cultural. Os alimentos têm gosto, cor, forma, aroma e textura e todos esses componentes precisam ser considerados na abordagem nutricional. Os nu- trientes são importantes; contudo, os alimentos não podem ser resumidos a veículos deles, pois agregam significações culturais, comportamentais e afetivas singulares que jamais podem ser desprezadas. Portanto, o alimento como fonte de prazer e identidade cultural e familiar também é uma abordagem necessária para a promoção da saúde. (BRASIL, 2008). 19UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 3. PRATO COMPOSTO Em nosso tópico anterior falamos sobre as bases da nutrição classificando os nu- trientes em Macro e Micronutrientes. Outra forma de classificarmos os nutrientes é através de sua função em nosso organismo, assim podemos classificar em: nutrientes energéticos, construtores e reguladores. Os Nutrientes Energéticos: são responsáveis por fornecer energia, para andar, falar, fazer atividades físicas. O carboidrato é a maior fonte de energia, lembra que você já leu sobre isso. Os Lipídios também são considerados uma fonte de energia considerada mais concentrada. Fontes de Alimentos energéticos: arroz, milho, aveia, macarrão, pão, biscoitos, batatas, mandioca, feijão, lentilha, soja, mel, melado, açúcares. Nutrientes Construtores: são responsáveis pela reconstrução celular, já imaginou o que seria um corte sem cicatrização, cortar o cabelo e ele não crescer mais? São as proteínas responsáveis por toda essa reconstrução com uma ajuda essencial dos minerais. As fontes de alimentos construtores constituem principalmente as fontes de proteí- nas de origem animal como: as carnes, bovina, suína, de aves, os ovos, leite e derivadas, porém dentre a dieta vegetariana e suas vertentes podemos encontrar nas junções de cereais e leguminosas, cogumelos, oleaginosas, sementes e brotos grandes quantidades de aminoácidos disponíveis para formação das proteínas neste perfil alimentar. 20UNIDADE I Bases da Cozinha Natural NutrientesReguladores: Regulam as funções internas do nosso organismo. São essenciais para seu bom funcionamento, auxilia na prevenção de doenças, carências nutri- cionais e no crescimento. As fontes de alimentos reguladores são de origem vegetal, tendo as frutas, verduras e legumes, como maior exemplo. Assim, Cenouras, Brócolis, cebolas, abacaxi, couve, laranja , beterrabas, são excelentes exemplos deste grande grupo alimentar. Agora que você já sabe classificar os alimentos através de sua função em nosso organismo, vamos utilizar essas informações preciosas para colocar em prática os conhe- cimentos básicos em nutrição na elaboração de um prato composto e saudável. Um prato composto por 25% de alimentos energéticos, 25% de alimentos constru- tores e 50% de alimentos reguladores compõem a composição mais equilibrada e nutricio- nalmente adequada quando está relacionada a uma grande refeição. REFLITA Quando utilizamos o termo Grande Refeição, estamos relacionando a refeições rea- lizadas no período do almoço e jantar, normalmente são nomenclaturas utilizadas na elaboração de cardápios. Fonte: a autora. Visualize o esquema a seguir: FIGURA 1 - ESQUEMA DE PRATO COMPOSTO 21UNIDADE I Bases da Cozinha Natural Assim, podemos utilizar os conhecimentos das bases da nutrição, alinhando aos constituintes do prato composto para sempre estar elaborando pratos que estão em enqua- dramento ao conceito de um prato saudável, observe a composição dos pratos apresenta- dos no Quadro 01, como exemplo de pratos compostos em tipos de dietas diferenciadas. QUADRO 01 - PRATOS COMPOSTOS EM DIETAS DIFERENCIADAS Tipos de Dieta Fonte de Alimentos Energéticos Fontes de Alimentos Construtores Fontes de Alimentos Reguladores Onívora Massa cozida com ervas Carne moída de patinho com molho de tomate caseiro Salada de alface e semente de abóbora Ovo-lacta- vegetariana Arroz com legumes Ovos cozido Quiabo e grão de bico Vegana Batata doce Cogumelos com amendoim Quinoa com chia e rúcula Low Carb Purê de palmito com queijo Contra filé Brotos de rúcula Fonte: A autora. SAIBA MAIS Os flocos de quinoa são considerados alimentos com alto teor de fibras por conter mais de 6g de fibra em 100g de produto e 8,65% de fibras . (BRASIL, 1998) 22UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 4. SUSTENTABILIDADE De acordo com a definição o termo sustentabilidade pode representar as ações destinadas a sustentar a vida na terra, com intuito de objetivar propostas ao mundo con- temporâneo para as gerações futuras de uma forma que sejam mantidas a capacidade de regeneração, reprodução e coevolução dos nossos recursos naturais (BOOF, 2012). REFLITA Em uma pesquisa realizada em 2015 em um restaurante universitário de médio porte em dissertação de mestrado, constatou a produção de uma tonelada de casca de laran- ja por mês. Imagine totalizando todos os resíduos gerados em um restaurante? Fonte: a autora. O termo sustentabilidade no setor alimentício está ligado a ações que vão do início ao fim da cadeia produtiva. Consegue observar que todos os conceitos da Gastronomia Santé envolvem a sustentabilidade? Observe que as recomendações iniciam desde a agri- cultura, fornecedores, transporte e embalagens dos produtos até a chegada ao restaurante, e este processo inclui treinamento e padronização dos manipuladores, gestão dos resíduos produzidos, envolve o planejamento do layout da unidade de alimentação e nutrição, a 23UNIDADE I Bases da Cozinha Natural economia de energia, bem como a otimização na utilização dos recursos naturais. Todas estas ações visam atender a continuidade da produção levando em consideração as neces- sidades das gerações presentes e futuras de uma forma que sejam mantidas a capacidade de regeneração, reprodução e coevolução dos recursos naturais (BOOF, 2012; NUNES, 2012; PUNTEL, 2013). Ao observar os resíduos gerados nos restaurantes verificamos que em sua maior parte resultam do processo de produção e de distribuição de refeições onde o alimento pas- sa por um fluxo de transformações até se tornarem uma refeição, a bela arte de cozinhar. Quando cozinhamos é comum “jogarmos fora” as aparas e resíduos dos alimentos na fase de pré-preparo e preparo (cascas, sementes, talos, folhas danificadas, raízes, pele, sebo, nervo, osso entre outros), diversos tipos de embalagens (primárias e secundárias) para acondicionamento de gêneros alimentícios (papéis, papelão, isopor, ráfia, juta, plás- tico, latas, vidros entre outros), embalagens de produtos de limpeza e desinfecção (vidro, lata, plástico, esponja, lã de aço, entre outras) além de outros produtos descartáveis tais como embalagens de alumínio e de isopor, toalhas de papel, luvas, máscaras entre outros. Além do resíduo que conseguimos visualizar até em nossa cozinha caseira em restaurante vemos que até na fase da distribuição de refeições os resíduos gerados normalmente são resultantes de sobras e restos alimentares, guardanapos e toalhas de papel, copos, talhe- res descartáveis, luvas e máscaras descartáveis entre outros deixados no prato, na mesa e claro nos “lixos”. (KINASZ, 2004). Podemos assim classificar os resíduos sólidos gerados em restaurantes em duas categorias: orgânicos e inorgânicos. Os resíduos orgânicos são restos de alimentos e outros materiais que degradam rapidamente na natureza, tais como: cascas de frutas, cascas de legumes, ovos e suas cascas, folhas de verduras, restos de frutos e vegetais, pó de café, papel limpo ou sujo e alimentos preparados não comercializados. Os resíduos inorgânicos: são resíduos provenientes de produtos industrializados, geralmente utilizados nas embalagens. São de difícil decomposição pela natureza e alguns po- dem ser reciclados pelo homem e outros não, em função da natureza da destinação a que são submetidos. Podemos citar alguns exemplos: papelão/papel, plástico, vidro, metais e isopor. 24UNIDADE I Bases da Cozinha Natural CONSIDERAÇÕES FINAIS Vivemos atualmente em uma fase de grande terrorismo nutricional, quem nunca ouviu falar que o café faz mal, e no outro dia faz bem, que o ovo faz mal, passa uma semana faz bem, esse grande terrorismo pela gama de informações truncadas postadas nas redes sociais e mostradas em programas de TV faz uma bagunça em nossas escolhas, e atualmente fica difícil dizer o que faz realmente bem à saúde. Por este motivo, a única for- ma de se fazer boas escolhas para vida, para sua saúde, para saúde dos seus comensais e para realmente promover uma gastronomia Santé é o conhecimento. Por isso, querido aluno, sempre continue pesquisando, lendo, aprofundando seu conhecimento. Em nosso primeiro tópico vemos que os conceitos da cozinha santé vão se fundindo e evoluindo, deixando sempre uma cozinha com bases sólidas, porém fluidas, em nosso segundo tópico com o nivelamento da nutrição é importantíssimo estar antenados às descobertas sobre novos ingredientes, conceitos e claro os nutrientes que cada um pode disponibilizar através da composição biodisponível a alimentação, e falando nisso não es- queça de sempre revisar de como elaborar o prato composto, tema visto em nosso terceiro tópico, e por último e não menos importante, não desperdice, seja criativo, aproveitando, reaproveitando sempre com muito sabor e saúde. 25UNIDADE I Bases da Cozinha Natural MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Cascas, Talos, Folhas e outros tesouros nutricionais. Autor: Alexandre Fernandes. Editora: Planeta. Sinopse: Não desperdice o que lhe faz bem - comer saudável é aproveitar integralmente os nutrientes que os alimentos nos dão: compre menos, desperdice menos, coma melhor! Num mundo onde o desperdício impera, todos os dias deitamos para o lixo autênticos tesouros nutricionais. Parece-lhe estranho? Então verifique como, utilizando aquilo que normalmente rejeitamos nas nossas cozinhas, se pode preparar um mundo de receitas práticas e deliciosas, e surpreenda a família e os amigoscom pratos originais, onde entram cascas, talos e outros «desperdícios» que são muitas vezes a parte mais nutritiva e rica dos alimentos. Dos aperitivos e entradas aos pratos principais e acompanhamentos, doces, bolos e sobremesas, bebidas e molhos, a originalidade impera! Mas, muito mais do que um livro de receitas, o nutricionista Alexan- dre Fernandes propõe-nos um autêntico manual de boas práticas ecológicas, nutricionais e de higiene e segurança alimentar para adotarmos no dia a dia, com conselhos para a organização da cozinha, a racionalização dos gastos e ensinamentos úteis para melhor prepararmos e conservarmos os alimentos frescos. Pode ser considerado ainda um livro de cozinha ideal para cozinheiros principiantes, com instruções pormenorizadas, tabelas de conver- são e mesmo um pequeno dicionário da alimentação. FILME/VÍDEO Título: Sustentável Ano: 2016. Sinopse: Sustentável é um filme sobre a terra, as pessoas que a trabalham e o que deve ser feito para sustentá-la para as gerações futuras. A narrativa do filme concentra-se em Marty Travis, um agri- cultor da sétima geração no centro de Illinois, que viu sua terra e comunidade serem vítimas das pressões do grande agronegócio. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=KL5nF_1zLLc 26 Plano de Estudo: ● História do Vegetarianismo; ● Porque do Vegetarianismo; ● Vertentes do Vegetarianismo e saúde; ● Horta de brotos. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar as vertentes do vegetarianismo; ● Compreender os motivos que levaram a mudança do perfil alimentar; ● Estabelecer a importância da saúde, nicho e respeito. UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes Professora Me. Queila Turchetto 27UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 27UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes INTRODUÇÃO Olá queridos alunos, bem vindos a mais uma unidade da disciplina de Gastronomia Santé. Nesta Unidade iremos focar na temática do vegetarianismo e suas vertentes. No primeiro tópico iremos correlacionar a história para entender de onde surgiu este perfil alimentar e começar a entender onde iniciou os desdobramentos das suas vertentes. Já no segundo tópico entenderemos o que leva um indivíduo excluir um grupo alimentar, tão almejado pelo grupo de onívoros “a carne” da dieta, e não só entender, mas respeitar suas escolhas, e como futuro cozinheiro aprender sempre com os desafios e ver a beleza em todos os conceitos. Em nosso terceiro tópico será determinado as bases de uma alimentação saudável, porém relacionada às vertentes do vegetarianismo, focando no veganismo e crudivorismo e vamos fechar esta unidade com um conceito prático que relaciona a cozinha crudivorista que é a elaboração de brotos, estão prontos? Então vem comigo. 28UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 28UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes 1. HISTÓRIA DO VEGETARIANISMO Desmistificando os tipos de vegetarianos existentes, tipos de dieta e filosofias de vida, vêm a questão, será que o Vegetarianismo é recente? No artigo publicado por Aze- vedo (2013), é feita uma revisão sobre os aspectos históricos e as questões culturais do Vegetarianismo. Podemos iniciar esta discussão apresentando a visão da crença central do hinduís- mo, de acordo com suas doutrinas a alma possui a possibilidade de reencarnação de vidas, tornando-se um ciclo sem fim, e durante alguma de suas vidas matar um animal e criar uma responsabilidade – um carma – é assumir essa dor, este sangue em vidas futuras, e os mesmos associam às práticas de não violência e à crença de que todos os seres vivos têm uma alma (não diferenciando animais de pessoas – a luta contra o especismo), embasam o vegetarianismo entre os hindus, os seguidores do jainismo e alguns tipos de budistas. Alguns relatos de grupos de sábios vegetarianos existiram desde a idade clássica até os períodos helenístico e imperial. Na antiga Grécia, Pitágoras propunha uma doutrina que incluía a imortalidade da alma e sugeria a seus seguidores a proposta do vegetarianis- mo, indo contra a maior necessidade da época que incluía o culto ao corpo e à força física, através da abundância alimentar e do alto consumo de proteínas animais. Já no período da Renascença, as críticas à crueldade imposta aos animais apare- cem nos trabalhos do humanista holandês Erasmo de Roterdã, do filósofo inglês Thomas More, do escritor e filósofo francês Michel de Montaigne e do artista italiano Leonardo 29UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 29UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes da Vinci. Com a fundação da Sociedade Vegetariana na Inglaterra, em 1847, a proposta hu- manista, mesclada com preocupações econômicas e de saúde, foi oficialmente assumida por outros personagens de destaque como Bernard Shaw e Leon Tolstoi. O vegetarianismo desses intelectuais pode ser pensado como crítica às concepções morais e culturais de sua época. E chegando mais para a atualidade as terminologias começaram a confundir os adeptos as dietas “vegetarianas” assim, Donald Watson juntamente com Elsie Shrigley e outros cinco vegetarianos estritos, que só se alimentavam de alimentos de origem vegetal, fundaram a primeira sociedade Vegana na Inglaterra, determinando a diferença entre os termos “vegetariano” e “vegano”. A discussão tem a premissa que esses “vegetarianos atuais, também conhecidos atualmente por ovo-lactovegetarinos” devem ser designados como: Vegetusian, em portu- guês Vegetusiano, leite e ovos não dão em árvores, nem são extraídos do solo, neste caso é extremamente errôneo se auto intitula como vegetariano – assim, começamos a entender tanta confusão nos cardápios e menus e alimentos industrializados para venda hoje em dia. Podemos relacionar que no caso dos Vegetusianos são aqueles que adotam uma dieta com intuito de se tornarem mais saudáveis (com enfoque na saúde) e a questão do sofrimento dos animais é menos relevante (a luta contra o especismo). Donald Watson, fundador da primeira sociedade britânica Vegana em 1944 denunciou o engodo dos vege- tarianos que relacionam a palavra Vegetarian derivaria do latim Vegetus, segundo ele, os vegetarianos tentam de alguma forma explicar o porquê do consumo de ovos, mel, leite e derivados e se auto intitularem como vegetarianos. Podemos concluir que os veganos são os verdadeiros vegetarianos descritos na história, os vegetarianos que consomem leite e derivados, ovos, mel, são vegetusianos, e sua filosofia de vida não é com o sofrimento animal, é apenas para seu bem estar. A polêmica em si, está implantada. Para podermos enxergar melhor as terminolo- gias aplicadas em nosso país, fique atenta nas próximas descrições: ● Vegetariano: a terminologia vegetariana inclui o veganismo. O vegetariano não consome nada de origem animal, nem seus subprodutos, o vegetariano não se alimenta de nada que envolva o sofrimento animal de acordo com a terminolo- gia exata. Porém os “vegetarianos” que devem ser considerados vegetusianos, como descrito anteriormente, podem ser divididos em ovo-lacto vegetariano, lacto vegetariano, e os que são Vegetarianos Estritos “os verdadeiros” são de- nominados como Veganos. 30UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 30UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes ● Veganos: os veganos, são os verdadeiros vegetarianos, excluem da sua dieta todos os produtos de origem animal, e isto se este às roupas, produtos de higiene, cosméticos, ou qualquer produto que envolva a exploração animal. Não é conside- rado somente um tipo de dieta, mas sim uma filosofia de vida, em prol dos animais. ● Ovo-lacto-vegetariano: são vegetusianos, que não consomem nenhum tipo de carne, mas inclui ovos e leite e seus derivados na alimentação. A maioria dos titula- dos como vegetarianos, são ovo-lacto é a forma mais popular do “vegetarianismo”. ● Lacto-vegetariano: são vegetusianos que não consomem nenhum tipo de carne, mas inclui leite e seus derivados. ● Crudívoro ou crudivorista: o crudivorismoé um estilo de dieta onde seus se- guidores só consomem alimentos crus, que não passam da temperatura acima de 40oC. Podemos dizer que todo Crudivorista é Vegano. ● Frugívoro ou frutariano: o frugívero só se alimenta de frutas, logo todo frugí- vero é Vegano. No Brasil o dia Mundial do Vegetarianismo é comemorado no dia primeiro de outubro, em pesquisa inédita realizadas pelo IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatís- tica) em abril de 2018, demonstrou que No Brasil, 14% da população se declara vegetariana, nas regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Recife e Rio de Janeiro este percentual sobe para 16%. A estatística representa um crescimento de 75% em relação a 2012, quando a mesma pesquisa indicou que a proporção da população brasileira nas regiões metropolita- nas que se declararam vegetarianas era de 8% . Hoje, isto representa quase 30 milhões de brasileiros que se declaram adeptos a esta opção alimentar – um número maior do que as populações de toda a Austrália e Nova Zelândia juntas. (IBOPE, 2018). De acordo com a pesquisa, já existem, no Brasil, cerca de 240 restaurantes vege- tarianos e veganos, além de um boom de lançamentos de pratos e lanches veganos em restaurantes e lanchonetes não-vegetarianas. O crescimento do mercado brasileiro reflete tendências mundiais. Nos supermercados brasileiros também já é possível encontrar muitas versões veganas de produtos cárneos e lácteos, como nuggets, presuntos, kibes, coxinhas, salsichas, lingüiças, sorvetes e requeijões. 31UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 31UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes SAIBA MAIS A carne de laboratório, ou carne in vitro, ou carne limpa como vem sendo chamada, ob- viamente não é um produto vegetariano, nem tampouco destinado àquelas pessoas que já optaram por uma alimentação vegetariana. A iniciativa, entretanto, tem diversos pon- tos positivos, a saber: - Ética: Permitirá a população que não quer deixar de consumir produtos de origem animal (ou não tem motivação/informação suficiente) - infelizmente ainda a maioria - consumir um produto cárneo que não envolve o sofrimento e a morte de animais. Como sabemos, muitos vegetarianos assim o são por questões éticas e pela compaixão aos animais. A carne de laboratório é uma aliada neste sentido; - Saúde: A carne limpa é um produto mais benéfico do que a carne convencional do pon- to de vista de saúde pública. Alguns dos grandes problemas do consumo de produtos de origem animal envolvem, por exemplo, as contaminações alimentares (por Salmonella, Campylobacter, Listeria, E.coli, dentre outros), os riscos de epidemias e pandemias (ex. gripe aviária) com consequências para a população humana e, talvez o mais grave, a contribuição da indústria pecuária na aceleração do processo de resistência a antibióti- cos entre a população humana em função do uso massivo e indiscriminado de antibióti- cos como profiláticos e promotores de crescimento em sistemas industriais de criação. No caso da carne limpa, estes problemas deixam de existir. - Meio Ambiente: do ponto de vista ambiental, a carne limpa também é energeticamente mais eficiente do que a produção de carne convencional, requerendo assim menos ter- ra, emitindo menos gases, dentre outros (além de eliminar outros impactos ambientais, como por exemplo a poluição de corpos d’água). Fonte: IMPACTOS ambientais da produção de carne cultivada. ACS Publications, 2011. Disponível em: https://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/es200130u. Acesso em: 09 nov. 2021. 32UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 32UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes 2. PORQUE DO VEGETARIANISMO Queridos alunos, este tópico é especialmente para realizarmos uma reflexão e en- tendermos que as escolhas devem ser respeitadas. Nós como amamos cozinhar, sabemos que este é um dos atos mais belos, o ato de servir, assim, com este os temas abordados neste capítulo, possamos entender quais os possíveis motivos que um indivíduo resolveu alterar sua alimentação, excluindo as fontes de origem animal, e assim respeitá-los. Em minha trajetória de vida e consultório já conversei com inúmeros vegetarianos, veganos e cheguei à conclusão que não existe um único motivo para aderir ao vegeta- rianismo ou veganismo até mesmo o crudivorismo. Sempre observo que existe um perfil muito comum, de pessoas que pesquisam e sabem muito sobre alimentação. Através das conversas e estudos no assunto, cheguei a conclusão que na verdade, existem diversos motivos que são associados a fatores racionais ou emocionais que levam a adesão de uma dieta vegetariana. O fator saúde, segue em disparada como um dos principais motivos que indivíduos se tornarem vegetarianos, inúmeros estudos nos últimos 20 anos, mostraram diferenças signifi- cativas relacionados a melhora da saúde e a dieta vegetariana correlacionado à redução do risco de muitas doenças crônicas não-transmissíveis (MELINA; DAVIS; HARRISON, 1998). Como nutricionista posso afirmar que existem benefícios de se manter uma die- ta vegetariana, primeiramente por reduzir os alimentos de origem animal como também aumentar o consumo e variedade de alimentos de origem vegetal, que contêm nutrientes como vitaminas e minerais mais ativas. (COUCEIRO, 2008). 33UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 33UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes REFLITA A adoção de dieta vegetariana tem sido associada a diversos benefícios para a saúde da população humana, como baixas concentrações de lipídios séricos, baixos níveis de adiposidade corporal e baixa incidência de mortes por isquemia do miocárdio, diabetes mellitus e certos tipos de câncer além de uma maior expectativa de vida. Fonte: Ferreira, 2006. Segundo Knutsen et al. (2003) existem tantas evidências de que a alimentação vegetariana é mais saudável, que cientistas e profissionais da Saúde deveriam promover mais e efetivamente esse tipo de alimentação. Porém, a questão Saúde não é o único cami- nho trilhado para se tornar um vegetariano existem outros fatores que levam um indivíduo a se tornar vegetariano. (MELINA, 1998) FIGURA 3 - SE VOCÊ AMA UNS, PORQUE COME OS OUTROS Fonte: Wikimedia Commons, 2018. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Speciesism.jpg. Acesso em: 09 nov. 2021. Esta imagem é a forma mais clara de iniciar esta discussão, costumo dizer que ela traz uma grande reflexão, principalmente para quem tem animais de estimação. Em minha história de vida, passei 3 anos sendo vegana, e um dos motivos que me fez mudar a alimentação foi a discussão que teremos agora. 34UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 34UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes Primeiramente porque citei especificamente o “VEGANISMO” e não ao vegetaria- nismo em geral. Devido às discussões anteriores, vimos que o verdadeiro vegetariano é que exclui todas as formas de consumo relacionadas aos maus tratos dos animais. Assim podemos dizer que, o Veganismo luta contra o especismo, e pregam que todos os animais são seres circenses, isto é, que possuem sentimentos. SAIBA MAIS O especismo define-se pela discriminação arbitrária daqueles que não pertencem a uma determinada espécie. A maior parte dos humanos são especialistas perante os restantes animais, uma vez que os consideram seres inferiores e os colocam num patamar abaixo do seu, não lhes conferindo qualquer tipo de direitos. Fonte: Batista, Beatriz. Sociedade Vegan, 2021. Disponível em: https://sociedadevegan.com/. Acesso em: 09 nov. 2021. No início do capítulo eu falei em amor ao próximo e sobre cozinhar e amar, e porque incitar esta discussão. Eu como passei uma parte da minha vida vegana, escutava: E nem peixe? Está somente refogada com bacon, porém não tem pedacinhos de bacon, pode comer. A empatia de entender e oferecer o seu melhor, independe da sua escolha alimentar. Quando o pensamento cítrico onívoro (que não exclui da alimentação nenhum grupo alimentar) diz, se não tem carne nãotem menu, exige o mínimo de respeito e ética. Porém agora peço que vocês parem e pensem em todo o processo que envolve a conversão do animal vivo na carne no prato, difícil de pensar em tudo que está envolvido não é mesmo? A figura 04 explana como é moldado nosso consumo alimentar atual. FIGURA 4 - O CONSUMIDOR DE PLÁSTICO 35UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 35UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes REFLITA Em 2015 fiz mestrado em engenharia ambiental, e durante este mestrado participei de uma mesa redonda que fui convidada como nutricionista para correlacionar o consumo de alimentos de origem animal à saúde. Em uma das discussões questionei ao médico veterinário que trabalha com produção de leite, se ele consumia leite e derivados e ele respondeu sem hesitar: não consumo. Fonte: a autora. SAIBA MAIS Essa discussão me faz recordar a polêmica em volta do apresentador Rodrigo Hilbert que foi intimado a depor após a morte de um cordeiro em seu programa Tempero de Fa- mília, no canal pago GNT. O episódio, exibido em março de 2016, mostrava a realidade dos produtores rurais em Santa Catarina. Na sequência levada ao ar, Rodrigo apareceu capturando e matando um cordeiro. O programa causou revolta nas redes sociais, prin- cipalmente por exibir cenas do sangue. Fonte: RODRIGO Hilbert é intimado após abater filhote de ovelha na TV. Megaphone, 2017. Disponí- vel em: https://megaphoneadv.blogspot.com/2017/06/rodrigo-hilbert-e-intimado-apos-abater.html. Acesso em: 09 nov. 2021. Queridos alunos, venho esclarecer que em nenhum momento estou querendo que você se escandalize ou mude a sua alimentação, porém, pare e reflita como o conjunto do todo nos tornam consumidores melhores. Em uma última análise observo que perfil alimentar de outros países, principalmente considerados de primeiro mundo, a relação da alimentação vegetariana está ligada ao meio ambiente. E como poderíamos relacionar o impacto ambiental e o porquê do vegetarianismo. 36UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 36UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes REFLITA O Canadá é apontado hoje como um dos países mais promissores quando se fala no crescimento do veganismo, considerando que há mais de três milhões de pessoas que se identificam como veganas ou vegetarianas. Fonte: Vegazeta, 2019. De acordo com dados do IBGE (2019), no Brasil anualmente em foco para ali- mentação humana, produzimos bilhões de animais para o abate. Cerca de 5,80 bilhões de animais passaram pelos frigoríficos destinados ao consumo humano. Se relacionarmos toda logística de produção (alimentação, água potável e terra disponível para pastagem e criação), a quantidade de resíduos descartados ao meio ambiente presumem um desequi- líbrio nos ecossistemas. Podemos afirmar então que a pecuária é uma das atividades que mais influenciam o PIB dos países e uma das maiores preocupações está relacionada à ocupação da terra, ocorrendo desmatamento e suas consequências. De acordo com Foley et al. (2011), 75% das terras agricultáveis de todo o mundo são utilizadas para a criação de gado, diretamente, como pastos, ou indiretamente, como cultivos agrícolas destinados à alimentação dos animais. REFLITA Mais de 80% do desmatamento das florestas brasileiras entre 1990 e 2005, por exem- plo, estão associadas à criação de pastos pela pecuária Fonte: FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION (FAO), 2016. O Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG-Brasil), do Observatório do Clima, aponta que, em 2013, no Brasil, a agropecuária contribuiu direta- mente com cerca de 30% das emissões do país (SVB, 2015). Podemos concluir então que, o impacto Ambiental de uma dieta onívora está rela- cionado à mudança no uso da terra, como o desmatamento e as queimadas para criação de pastos e cultivo de ração, são as principais fontes de emissão de gases de efeito estufa do setor agropecuário. 37UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 37UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes CONSIDERAÇÕES FINAIS Já chegou a pensar que suas escolhas hoje, podem influenciar seu futuro? Com esta única reflexão algumas pessoas chegam a fazer mudanças incríveis em sua vida. Abordamos no primeiro tópico deste livro a história do vegetarianismo, e identifica- mos que este perfil alimentar não é algo novo, desde os primórdios a alimentação a base de vegetais já era opção de alguns públicos. Já no segundo tópico trouxe a reflexão dos motivos que existem para se tornar vegetariano, vegano ou crudívoro alinhando os três pi- lares, o mais complexo deles é sobre o especismo, porque entender a visão de um vegano exige uma grande empatia e claro sair um pouco do conceito de consumidor de plástico filme e entender que existe morte quando nos alimentamos de alimentos de origem animal. Já em nossa terceira unidade apresentei a relação de saúde e vegetarianismo, veganismo e crudivorismo, relacionando a dados de artigos que justificam a qualidade alimentar com o uso exclusivo de vegetais. O último tópico desta unidade trouxe frescor, produzir um alimento mesmo que você não tenha espaço é uma das atividade mais prazerosa da vida, por isso, no último tópico apresentei como se preparar e quais sementes podem ser germinadas, mesmo que o seu espaço for mínimo. O mercado do veganismo, vegetarianismo está crescendo muito e precisando de mão-de-obra qualificada, e claro a utilização de brotos não está só nas vertentes descritas neste livro, então desejo a você uma cozinha criativa e santé, e até a próxima unidade. 38UNIDADE I Bases da Cozinha Natural 38UNIDADE II Vegetarianismo e Suas Vertentes MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Alimentação viva e ecológica Autor: Ros´Ellis Moraes. Editora: Alaúde. Sinopse: Reunindo informações preciosas, o livro Alimentação viva e ecológica explica conceitos e esclarece dúvidas sobre a alimentação viva e ensina como o leitor pode cultivar alimentos or- gânicos em casa. A obra apresenta mais de 150 receitas deliciosas incluindo sucos, leites e queijos vegetais, pães, bolos, petiscos, saladas e sobremesas para todos os gostos - uma ótima solução para ter mais saúde e vitalidade, sem deixar de lado o sabor. FILME/VÍDEO Título: Dieta dos Gladiadores Ano: 2019 Sinopse: Um lutador de UFC entrevista cientistas e atletas sobre os mitos que envolvem o consumo de carne para ganhar força e sobre os benefícios da dieta à base de vegetais. 39 Plano de Estudo: ● Alimentos Funcionais; ● Dietas da Moda; ● Principais alergénicos; ● Tipos de Farinhas e suas aplicabilidades na Gastronomia Santé. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar os alimentos funcionais; ● Compreender os tipos de dietas da moda; ● Estabelecer a importância de correlacionar tipos de alimentos, tipos dietas para a Gastronomia Santé. UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé Professora Me. Queila Turchetto 40UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé INTRODUÇÃO Olá querido aluno, vamos iniciar mais uma unidade do livro de Gastronomia Santé. Nesta unidade iremos aprender um pouco mais sobre o mundo da cocção saudável, e consequentemente entender como esta cozinha é ampla e criativa. No primeiro tópico iremos abordar sobre os alimentos funcionais, identificar quais são esses alimentos e como podemos utilizá-los corretamente sem descaracterizar a ques- tão do alimento funcional. Já em nossa segunda unidade vamos relacionar quais as dietas da moda que se tornam nichos de mercados gastronômicos que envolvem a temática da alimentação sau- dável, hoje sabemos que as informações sobre alimentos ocorrem a uma velocidade ímpar e acompanhar nos torna um profissional qualificado. Em nosso terceiro tópico iremos identificar quais são os principais alimentos res- ponsáveis por causar alergias alimentares, sabemos que ainda em nosso país não existe a obrigatoriedade em identificar estes ingredientes no menu, porém conhecê-los te tornaráum profissional diferenciado. Para finalizar esta unidade apresento quais são as principais farinhas utilizadas na cocção de produções mais saudáveis, relacionando as dietas da moda e claro ao grupo de produções para alérgicos. Espero que gostem deste conteúdo que preparei com muito carinho para vocês. 41UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé 1. ALIMENTOS FUNCIONAIS O cenário nos supermercados e lojas de produtos naturais apresentou um cresci- mento significativo nos últimos anos. Nós como consumidores vimos aparecer nas prate- leiras novos alimentos, que prometem contribuir para a busca de uma alimentação mais saudável e mais prática. Hoje podemos afirmar que os alimentos funcionais são uma nova tendência para as gerações futuras. (RAUD, 2008). A terminologia para alimentos funcionais foi inicialmente proposta no Japão, em meados de 1980, principalmente em função de uma população demograficamente maior em idosos, a necessidade surgiu tanto da própria população como do governo, com intuito de trabalhar na prevenção das doenças crônicas e degenerativas. (ARAI, 1996). Os alimentos funcionais são classificados quanto à fonte (origem vegetal ou ani- mal) ou quanto aos seus benefícios nos sistemas fisiológicos, atuando em seis áreas do organismo: no sistema gastrointestinal; no sistema cardiovascular; no metabolismo de substratos; no crescimento, no desenvolvimento e diferenciação celular; no comportamen- to das funções fisiológicas e como antioxidantes (SOUZA et al., 2003). Podemos dividir também os alimentos funcionais em três categorias: aos que reduzem doenças, as que modulam funções do sistema imunológico e as que melhoram ou modulam a disposição e o desempenho físico. 42UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé Inicialmente a função primária dos alimentos funcionais é de melhorar, manter e fortalecer a saúde dos indivíduos através da alimentação, no quadro 1 podemos visualizar quais alimentos são considerados funcionais e suas propriedades terapêuticas. QUADRO 1 - ALIMENTOS CONSIDERADOS FUNCIONAIS SUBSTÂNCIA FONTES BENEFÍCIOS À SAÚDE Ácidos Graxos Ômega 3 Peixes de águas frias com alto teor de gordura; óleos vegetais (linhaça) Prevenção de doenças cardiovasculares, prevenção e controle de doenças autoi- munes e inflamatórias. Esteróis/Estanóis vegetais Milho, soja, trigo, óleos de madeira Redução do risco de doenças cardiovasculares, diminui a absorção do colesterol. Flavonoides Uva, amora, framboesa, frutas cítricas, brócolis, repolho, chá verde, soja, etc Efeito antioxidante – ação sobre a formação de radicais livres e diminuição dos níveis de LDL – colesterol, alívios de ondas de calor em mulheres na menopausa. Antocianinas Frutas em geral, principalmente em frutas vermelho escuras e roxas Prevenção de doenças cardiovasculares e câncer. Catequinas Uva, morango, chá verde, chá preto Atividade antioxidante e inibição da formação de ateromas, prevenção de certos tipos de câncer. Resveratrol e Quercetina Casca de uva, vinho tinto, maçãs Redução do risco de doenças cardiovasculares, inibição da formação de carcinógenos, coágulos e inflamações. Isoflavonas Soja, leguminosas, amendoim, alcaçuz, legumes e ervilha Alívio dos sintomas da menopausa, redução do risco de doenças cardiovasculares e osteoporose, redução do risco de câncer de mama e próstata. Proteínas da soja Soja e derivados Redução do risco de doenças cardiovasculares. Betaglucana Aveia, cevada, legumes e alguns outros grãos Controle da glicemia e do colesterol sérico Isotiocianatos e Indol Brócolis, repolho, couve flor, rabanete e folha de mostarda Aumento da atividade de enzimas (tipo 2) protetoras contra carcinogênese. Licopeno Tomate, goiaba, melancia Atividade antioxidante, redução do risco de doenças cardiovasculares, proteção contra câncer, principalmente de próstata. 43UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé Luteína e Zeaxantina Folhas verdes (Luteína), Pequi e milho (Zeaxantina) Proteção contra a degeneração macular e manutenção de uma boa visão. Lignanas Linhaça Inibição de tumores hormônio dependentes. Sulfetos Alílicos (Alil Sulfetos) Alho e cebolas Redução do risco de doenças cardiovasculares, estimulo à produção de enzimas protetoras contra o câncer gástrico. Fibras/Prebióticos (Fibras insolúveis e solúveis) frutooligossacarideos, inulina, etc.) Grãos integrais, frutas e vegetais em geral Melhora da saúde intestinal, redução do risco de câncer do cólon, melhora da intole- rância a lactose.Probióticos (Bifidobacterias e Lactobacilos) Leites fermentados, iogurtes, etc. Fonte: Vieira e Pierre, 2018. SAIBA MAIS Wright, em 1852, relatou sobre a preservação de gorduras feita pelos índios americanos do Vale de Ohio por meio do uso de casca de ulmeiro. Isto fez com que, após 30 anos dessa observação, o produto fosse patenteado como antioxidante. Fonte: Pereira, 2013 SAIBA MAIS De acordo com a Legislação Brasileira, a indústria deve seguir a legislação do Ministério da Saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária estabelece normativas para regis- tro de alimentos e/ou ingredientes funcionais. Para se obter o registro de um alimento com alegação de propriedades funcionais e/ou de saúde, deve ser formulado um relató- rio técnico científico bastante detalhado, comprovando os benefícios e a segurança de uso do alimento. (CARDOSO e OLIVEIRA, 2008). 44UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé REFLITA Elaborar um produto utilizando ingredientes funcionais, não o torna funcional. Porém, pode-se utilizar a frase: “contém ingredientes funcionais”, assim estes já estão compro- vados cientificamente da sua eficácia. Fonte: a autora. É importante ressaltar que os alimentos funcionais não curam as doenças, elas apenas previnem o aparecimento, e caso aconteça a patologia, elas ajudam a combatê-la de forma mais eficaz, porém não devem ser utilizados como remédios ou auto medicação. (CARVALHO et al., 2013) 45UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé 2. DIETAS DA MODA A gastronomia Santé pode ser caracterizada como um braço da cozinha contempo- rânea e abrir um leque de possibilidades dentro de uma cozinha mais saudável, além de en- globar os conceitos das vertentes da cozinha vegetariana trabalha os nichos de mercados, estes são considerados extremamente promissores, dos quais vamos abordar os conceitos e entender como trabalhar de forma correta e evitar as famosas gafes vistas por aí. E porque enfatizar nos conceitos? Em primeiro lugar quando trabalhamos com ni- chos de mercado, trabalhamos com uma população seleta que se preocupa com o que está consumindo, isto quer dizer, que ela lê, pesquisa e na maioria das vezes entende do que está consumindo, por este motivo, saber exatamente sobre o produto que está oferecendo e produzindo se torna primordial. A dieta LowCarb será o primeiro exemplo de dietas da moda a ser trabalhada neste tópico. Este perfil de dieta é caracterizada pelo consumo baixo de carboidratos, não isento, por exemplo: em uma dieta regular o consumo de carboidratos deve ser de aproximadamente de 60% do total de calorias da dieta e em uma dieta lowcarb esse percentual é abaixo de 40%, cerca de menos de 130g deste nutriente por dia, e eleva-se o consumo de gorduras que se aproxima de 30% (o total recomendado) e aumenta-se o de proteínas para (30%) que antes o recomendado é de 12-15% do total. Este perfil alimentar é considerado seguro por boa parte dos médicos, pois não restringe nenhum grupo alimentar, é enfatiza as trocas seguras de alimentos como: carboidratos integrais, gorduras boas, redução de carboidratos refinados. 46UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé FIGURA 1 - ALIMENTOS QUE SÃO PERMITIDOS NA DIETA LOWCARB ● Frutas e vegetais em pequenas quantidades, preferencialmente crus,com cas- ca e bagaço, para aumentar a quantidade de fibras e melhorar a sensação de saciedade; ● Carnes magras, especialmente frango ou peru, sem pele; ● Peixes, preferencialmente os mais gordos como salmão, atum, truta ou sardinhas; ● Ovos e queijo; ● Azeite, óleo de coco e manteiga; ● Nozes, amêndoas, avelãs, castanha-do-pará e amendoim; ● Sementes em geral, como chia, linhaça, girassol e gergelim; ● Cafés e chás sem açúcar. Já os alimentos proibidos estão relacionados àqueles que possuem uma elevada quantidade de carboidratos. Dessa forma, uma boa opção é consultar o rótulo do alimento antes de consumir. No entanto, alguns alimentos que já são figurinhas carimbadas de ex- clusão nas dietas estão na lista de exclusão da dieta lowcarb: ● Açúcar: incluindo alimentos como refrigerantes, sucos de fruta industrializados, adoçantes, doces, sorvetes, bolos e biscoitos; ● Farinhas: trigo, cevada ou centeio, e alimentos como o pão, biscoitos, salgados, torradas; ● Gorduras trans: batata frita embalada, comida pronta congelada e margarinas; ● Carnes processadas: presunto, peito de peru, salsicha, linguiça, salame, mor- tadela, bacon; ● Outros: arroz branco, macarrão branco, farofa, tapioca e cuscuz. Para reforçar, segue uma orientação importante: evitar todo o tipo de produtos industrializados, uma vez que normalmente estes contêm uma elevada concentração de carboidratos, e claro dar preferência aos produtos naturais e vegetais frescos, estamos na Gastronomia Santé, não é mesmo? 47UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé E como podemos exemplificar esta “dieta” em uma preparação? FIGURA 2 - MUFFIN DE FRANGO Ingredientes: ● 240g de batata doce ● 4 colher sopa de pasta de ricota ● 400g de frango cozido e desfiado (cozinhar com pouco sal, 1 colher café noz moscada e 1 colher café pimenta calabresa) ● 4 tomate pequeno ● 8 ramos de salsinha ● 3 ramo de cebolinha ● 2 cebolas pequena picada ● 8 claras” Modo de Preparo: Misturar todos os ingredientes, de forma homogênea. Colocar em forminhas de muffin para assar em forno por 30 minutos. Existe uma variação da dieta LowCarb que é a dieta cetogênica, na dieta cetogênica a redução de carboidratos chegam até 20-50g dia. Nestes casos ocorrem as retiradas das fontes de carboidratos da dieta quase que total, oferecem as frutas que tenham apenas 5% de carboidratos em 100g de polpa (as frutas vermelhas podem ser um exemplo) e eleva-se a quantidade de gordura como fonte de energia. Existe em muitos casos uma confusão grande entre os conceitos das dietas que envolvem a exclusão ou controle de carboidratos. A melhor orientação é sempre conversar com seu cliente para entender qual o tipo de necessidade específica ele apresenta. 48UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé Outra vertente bastante trabalhada na Gastronomia Santé é a Cozinha Fit. A Cozi- nha Fit ou em um tempo não muito distante denominada Cozinha Maromba é caracterizada por fornecer uma quantidade de proteínas mais equilibrada o foco da alimentação é para um fim mais estético, dessa forma a dieta prioriza preparações com redução de açúcar, me- nos calórica e por contém mais proteína. Em alguns casos utiliza-se adoçantes artificiais, os “edulcorantes são ainda casos para discussão dentre a Gastronomia Santé”, devido que em sua maioria são artificiais e os ditos naturais como Xilitol, Eritritol, sorbitol e até o mais famoso Stevia possui contradições na literatura e são extremamente caros de serem utilizados para produtos de revenda. Vamos colocar fogo no parquinho aqui e entender um pouco mais da confusão que os conceitos de dietas empregam no dia-dia da Gastronomia Santé. Segue a propaganda do bolo: bolo fit funcional: Sem glúten, sem lácteos, sem farinha apropriado para você que treina e faz dieta (fique atento falaremos sobre alergênicos em nosso próximo tópico), segue ingredientes do bolo: Farinha de arroz, fécula de batata, amido de milho, goma xantana, banana, açúcar demerara, leite de soja, gotas de chocolate 70% cacau, coco seco, fermento químico e amido nativo, olhando os ingredientes eu sei que ele é uma base simples de um bolo sem glúten, que fica muito saboroso, porém com alto índice glicêmico, alto teor calórico, pobre em fibras, resumindo não é fit, não é ideal para o seu treino, talvez seja bom para quem tem alergia ao trigo ou intolerância lactose, somente, a e também não é funcional, porque não tem ingredientes funcionais que justificam este nome, estão começando a entender a confusão? É preciso estudar antes, entender dos conceitos, dos ingredientes antes de colocar um nome no produto, de fit este bolo não deveria ter nem o nome. E como trabalhar com uma alimentação com o conceito FIT? A base principal é a gastronomia santé, então inclui todos os conceitos de uma alimentação saudável, focando na redução de calorias e aumento de proteínas de forma saudável. O foco maior está na produção das marmitas FIT e salgados FIT. E como podemos exemplificar esta cozinha em uma receita: FIGURA 3 - COXINHA FIT 49UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé Ingredientes: ● 200g de grão de bico cozido ● 200g de batata doce cozida ● 200g de frango cozido e desfiado ● 1 ovo ● Farinha de linhaça Modo de preparo: Processe o grão de bico com a batata doce cozida (tempere a gosto). Recheie com o frango desfiado! Passe no ovo batido (sempre dou uma temperada) - e empane na farinha de linhaça! FIGURA 4 - MARMITA FIT 2.1 Gastronomia Funcional Para finalizar este tópico vamos falar da Gastronomia funcional, nesta unidade já falamos sobre os ingredientes funcionais e iremos abordar no próximo tópico sobre os prin- cipais alergênicos a associando a dieta sem glúten e sem leite. A junção de poucos carboi- dratos (dieta low carb/ cetogênica/ sem glúten e lactose) muitas vezes é confundida com o conceito de ser uma cozinha funcional e quando paramos para estudar de forma separada, vemos que elas possuem muitas similaridades, porém existem diferenças cruciais entre elas. Porém podemos dizer que: a união entre a gastronomia e a nutrição funcional resulta em uma gastronomia funcional, onde a utilização de uma alimentação saudável através dos conceitos básicos da Gastronomia Santé associado com os ingredientes funcionais criam a Gastronomia funcional. 50UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé SAIBA MAIS Sabe-se que a gastronomia funcional surgiu no início do século XXI visando o desenvol- vimento de receitas através da introdução de alimentos funcionais, maximizando seus valores nutricionais e proporcionando uma alimentação saudável, nutritiva, apresentan- do aspectos funcionais, promovendo a qualidade de vida. (SOUZA, 2008; CAMPOS, 2010). E como exemplificar esta dieta em receita: FIGURA 5 - QUIBE DE SOJA Ingredientes: ● 2 xícaras (chá) de PTS (proteína de soja texturizada) ● 1 xícara (chá) de trigo para quibe ● 4 colheres (sopa) de hortelã picada ● 5 copos (requeijão) de água fervente ● sal, azeite e pimenta síria a gosto ● 1 cebola ralada ● 1 ovo Modo de Preparo: Misturar a soja e o trigo e hidratá-los com a água fervente. Deixar descansar por 15 minutos e escorrer. Apertar bem com as costas de uma colher para retirar o excesso de água. Juntar o restante dos ingredientes da massa e misturar bem, espalhar metade do trigo em um refratário untado, dispor o recheio (queijo, orégano, tomate, palmito) e cobrir com o restante do trigo. Em toda a superfície, fazer marcas de quadrados com a faca. Regar com o azeite e levar para assar em forno médio pré-aquecido até dourar. 51UNIDADE III Tipos de Dietas e Alimentos na Gastronomia Santé 3. PRINCIPAIS ALERGÊNICOS Você já parou para pensar que algumas pessoas, não por escolha, mas por ques- tões de saúde não podem consumir alguns tipos de alimentos/ ingredientes? Esta situação é muito comum, principalmente porque existem alguns alimentos com potencial alergênico que são
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