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Treinamento Aerobio e anaerobio nas lutas

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Preparação física para 
lutadores – treinamento 
aeróbio e anaeróbio 
 
 
 
 
Emerson Franchini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[ 2 ] 
 
[ 3 ] 
 
 
 
[ 4 ] 
 
 
[ 5 ] 
ORGANIZADOR 
 
Emerson Franchini 
Bacharel em Educação Física pela Escola de Educação 
Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP, 
1995), Doutor em Educação Física na área de Biodinâmica 
do Movimento Humano pela EEFE-USP (2001), Livre-
Docente pelo Departamento de Esporte da EEFE-USP 
(2009) e pós-doutorado pela Faculdade de Ciências do 
Esporte da Universidade de Montpellier (2014). Bolsista de 
Produtividade em Pesquisa 1B pelo CNPq. Faixa-preta de 
judô (2º dan) e preparador físico de atletas de judô de 
alto rendimento. Docente do Departamento de Esporte da 
EEFE-USP e coordenador do Grupo de Estudos e 
Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidade de 
Combate da mesma instituição. 
 
 
[ 6 ] 
COLABORADORES 
 
Ursula Ferreira Julio 
Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Educação 
Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie (2005). 
Mestra em Ciências na área Estudos do Esporte pela 
Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de 
São Paulo (EEFE-USP) (2011). Doutora em Ciências na 
área de Biodinâmica do Movimento Humano pela EEFE-
USP (2015). Pesquisadora dos Grupos de Estudos e 
Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de 
Combate e em Fisiologia do Exercício Intermitente de Alta 
Intensidade. 
 
Valéria Leme Gonçalves Panissa 
Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Educação 
Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie (2005). 
Especialista em Bases Metabólicas Aplicadas à Atividade 
Física e Nutrição pelo Instituto de Ciências Biomédicas da 
Universidade de São Paulo (ICB-USP) (2008). Mestra em 
Ciências na área Biodinâmica Do Movimento Humano pela 
Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de 
São Paulo (EEFE-USP) (2011). Doutora em Ciências na 
área de Biodinâmica do Movimento Humano pela EEFE-
USP (2015). Pós-doutoranda Júnior do Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 
Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em 
Fisiologia do Exercício Intermitente de Alta Intensidade. 
 
 
[ 7 ] 
João Paulo Lopes Silva 
Licenciado em Educação Física (2012) e Mestre em 
Nutrição Humana pela Universidade Federal de Alagoas 
(2014). Doutorando em Ciências na área de Biodinâmica 
do Movimento Humano pela Escola de Educação Física e 
Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP). Faixa-
preta de judô (1º dan). Tem experiência na área de 
fisiologia do exercício, atuando principalmente nos 
seguintes temas: exercício físico, lutas e suplementação 
nutricional, com ênfase em suplementação de cafeína e 
bicarbonato de sódio. É pesquisador do Grupo de Estudos 
e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de 
Combate da EEFE-USP. 
 
 
[ 8 ] 
Apresentação 
 
As modalidades esportivas de combate (MEC) têm 
crescido em popularidade e em número de eventos, 
resultando em maior número de atletas envolvidos em 
competições de diferentes níveis. Juntamente com esse 
crescimento, há necessidade de desenvolvimento de 
métodos de treinamento mais seguros e cientificamente 
orientados. Como o desempenho nas MECs depende da 
combinação do desenvolvimento de diferentes 
capacidades físicas, é importante conhecer 
detalhadamente a relevância de cada um desses aspectos 
para o sucesso competitivo. A partir deste conhecimento, 
meios de treinamento podem ser melhor delineados para 
atender às necessidades específicas à modalidade e à 
condição do atleta. 
A literatura especializada apresenta inúmeros 
trabalhos sobre o treinamento das diferentes capacidades 
físicas de lutadores, porém, muitas vezes esse material 
não é acessível aos profissionais que atuam neste 
segmento. Adicionalmente, não existem materiais 
sintetizando os diferentes aspectos para a compreensão 
das respostas fisiológicas à competição e ao treinamento 
das MECs ou quanto à elaboração do processo de 
treinamento dessas variáveis. Neste sentido, este livro é 
uma iniciativa com objetivo de detalhar as respostas 
fisiológicas e de desempenho físico em diferentes 
condições da prática das MECs, apresentando estudos que 
tenham investigado o processo de treinamento de modo a 
permitir a condução deste processo com base em 
 
[ 9 ] 
evidências. Esperamos que o livro contribua para o 
desenvolvimento do treinamento de lutadores. 
Boa leitura!!! 
 
Emerson Franchini 
Fevereiro de 2016 
 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[10] 
 
Capítulo 1 - Desenvolvimento da aptidão aeróbia 
de lutadores ....................................................................... 11 
Capítulo 2 - Desenvolvimento da aptidão anaeróbia 
de lutadores ..................................................................... 140 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[11] 
 
Capítulo 1 - Desenvolvimento da 
aptidão aeróbia de lutadores 
 
 
Ursula Ferreira Julio 
Valéria Leme Gonçalves Panissa 
Emerson Franchini 
 
1. Introdução 
 
A aptidão aeróbia envolve dois componentes: 
potência e capacidade. A potência aeróbia pode ser 
definida como a máxima taxa pela qual o oxigênio pode 
ser utilizado pelo organismo durante exercício severo (11). 
Por sua vez, a capacidade aeróbia pode ser definida como 
a quantidade máxima de energia que pode ser gerada 
pelo sistema aeróbio, ou seja, a maior intensidade de 
esforço que pode ser mantida por longos períodos de 
tempo, sendo que, acima dessa intensidade a medida do 
consumo do oxigênio não pode ser responsável por toda a 
energia necessária e requerida para realizar o exercício 
(90). 
Os esportes de combate podem ser caracterizados 
como modalidades intermitentes, uma vez que há 
alternância dos momentos de esforço e pausa. Nos 
períodos de esforço, observa-se uma alternância da 
intensidade das ações executadas, embora a quantificação 
dessa intensidade seja difícil de ser mensurada no 
combate propriamente dito (37). A duração do combate 
nessas modalidades é variada e em algumas situações, 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[12] 
 
um único combate pode ser dividido em rounds 
(13,24,33,54). 
Embora as ações que definam o resultado do 
combate sejam predominantemente anaeróbias (47), a 
aptidão aeróbia é importante pois valores elevados dessa 
variável permitem ao atleta a manutenção de altas 
intensidades durante o combate, visto que, retardam o 
processo de fadiga e facilitam a recuperação entre os 
combates e entre os períodos de esforço do mesmo 
combate (26). Além disso, há estudos demonstrando que 
há um aumento temporal da contribuição do sistema 
aeróbio em combates simulados (13,24,40). Tomados em 
conjunto, esses aspectos demonstram a importância do 
desenvolvimento da aptidão aeróbia para otimizar o 
desempenho durante as competições. 
Considerando a relevância dessa aptidão, é 
fundamental o conhecimento das respostas relacionadas 
ao metabolismo aeróbio em atividades específicas que são 
realizadas em sessões de treinamento. De fato, 
atualmente existem diversos estudos que observaram 
essas respostas (consumo de oxigênio e frequência 
cardíaca) em exercícios específicos (50), o que pode 
contribuir para melhor planejamento das sessões de 
treinamento e otimizar o desenvolvimento dessa aptidão. 
A avaliação da aptidão aeróbia de lutadores 
geralmente é realizada em testes laboratoriais, conduzidos 
em ergômetros (20,28,47), os quais não atendem à 
especificidade das ações do combate; ou em testes 
específicos das modalidades (29,72,79,88,91). De maneira 
geral, os lutadores apresentam valores de potência e 
capacidade aeróbias superiores aos observados na 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[13] 
 
população (83). Quando são comparados atletas de 
diferentes níveis competitivos, esses valores podem ser 
superiores em atletas de maior nível na modalidade de 
taekwondo (22) e boxe (31), ao passo quepara o judô 
(47) e karatê (28) essa diferença parece não ocorrer. 
Portanto, a caracterização dos níveis da aptidão 
aeróbia de atletas de esportes de combate acessado tanto 
por meio de testes genéricos quanto através de testes 
específicos é importante a fim de que se possa 
estabelecer a relevância e níveis esperados dessa aptidão. 
Além disso, a avaliação periódica da aptidão aeróbia pode 
fornecer informações que auxiliem no monitoramento e na 
prescrição das sessões de treinamento (22,28,47). 
Dada a importância da avaliação e o 
desenvolvimento da aptidão aeróbia o presente capítulo 
apresentará primeiramente as respostas fisiológicas 
agudas (consumo de oxigênio [V̇O2] e frequência cardíaca 
[FC]) em situações de combate no treinamento, 
simulando a competição, na competição real, em 
exercícios e nas sessões de treinamento, os métodos 
específicos para a avaliação da aptidão aeróbia em 
lutadores, e por fim, os estudos longitudinais que 
analisaram os efeitos do treinamento sobre o 
desenvolvimento da aptidão aeróbia de lutadores, com 
possíveis inferências para a elaboração da prescrição do 
treinamento baseado em evidências. 
 
2. Respostas cardiovasculares e solicitação 
oxidativa das lutas 
No presente tópico serão apresentados os estudos 
que mensuraram as respostas da FC e do V̇O2. 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[14] 
 
Considerando que a medida do V̇O2 é um indicativo de 
utilização do sistema aeróbio para ressintetizar ATP e que 
durante o combate competitivo é impossível ser 
mensurada, alguns estudos realizaram essa medida em 
situações adaptadas com o objetivo de compreender o 
comportamento dessa variável em situações que se 
aproximam ao máximo de uma situação real de combate 
(24,33,63). Portanto, serão apresentados a seguir a FC e 
o V̇O2 no combate executado em três condições 
diferentes: durante o treinamento, simulando a 
competição e na competição, tanto em combate único 
como em múltiplos. 
Embora a FC e o V̇O2 sejam ambos marcadores da 
solicitação do metabolismo aeróbio, o V̇O2 é o principal 
marcador, pois é uma medida direta da utilização desse 
metabolismo. No entanto, infelizmente, não é possível 
realizar essa medida em muitas situações. Adicionalmente, 
essa medida requer equipamento caro e sofisticado para 
coleta dos dados. Na ausência da medida do V̇O2, a FC é 
utilizada, porém, essa medida pode fornecer informação 
equivocada da solicitação do metabolismo aeróbio em 
algumas situações visto que ela é apenas um dos 
componentes do sistema que envolve o metabolismo 
aeróbio. 
O V̇O2 é resultado do débito cardíaco multiplicado 
pela diferença arteriovenosa (diferença entre a 
concentração de O2 arterial e venoso) (Equação 1). 
 
 
 
 
V̇O
2
 = Débito cardíaco X diferença arteriovenosa de O
2 
 
Equação 1 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[15] 
 
Em situações em que há aumento da demanda de 
energia como, por exemplo, durante o exercício, 
aumenta-se a extração de O2 do sangue para o músculo, 
diminuindo o conteúdo de O2 venoso. Assim, essa 
diminuição aumenta a diferença arteriovenosa devido ao 
aumento do consumo de O2 pelos músculos. Por sua vez, 
o débito cardíaco é composto pelo volume de ejeção 
multiplicado pela FC (Equação 2). 
 
 
 
 
Portanto, na impossibilidade de se medir o V̇O2, a 
FC tem sido utilizada há décadas como marcadora da 
intensidade do exercício aeróbio (6), ainda que, como dito 
anteriormente, ela represente apenas uma parte dos 
fatores que determinam o V̇O2 e, consequentemente, a 
demanda oxidativa. Em atividades submáximas, a FC e o 
V̇O2 apresentam comportamento linear com aumento da 
intensidade. No entanto, em atividades intermitentes de 
alta intensidade, a FC apresenta comportamento distinto 
do V̇O2 (23). Em exercícios acima da velocidade associada 
ao V̇O2máx, a resposta da FC apresenta um atraso em 
relação a resposta do V̇O2 (84,85). 
Contudo, ainda que alguns estudos façam 
adaptações com intuito de medir o V̇O2, em algumas 
situações de combate (por exemplo, jiu-jitsu) não há 
possibilidade de mensuração do V̇O2, pois nesses esportes 
de combate de domínio existe uma grande aproximação 
entre os atletas, o que não possibilita o uso do analisador 
de gases. Além disso, esse tipo de equipamento apresenta 
Débito cardíaco = Volume sistólico de ejeção X frequência cardíaca 
 Equação 2 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[16] 
 
custo elevado e é frágil, o que dificulta a aquisição por 
profissionais envolvidos com o treinamento de atletas 
dessas modalidades. Esse é outro motivo pelo qual muitos 
pesquisadores também têm utilizado a FC como 
marcadora da demanda do sistema aeróbio. 
Além disso, em algumas modalidades de combate 
também pode haver limitações para mensuração da FC 
durante o combate, muitas vezes, sendo necessária a 
interrupção para a medida ou a tomada da medida apenas 
no final da luta. Três meios até o presente momento 
foram utilizados pelos pesquisadores para acessar essa 
medida: palpação da carótida (77), utilização de 
frequencímetros (24) e utilização de eletrocardiograma 
(63). A utilização da palpação da carótida possui uma 
limitação nos dados obtidos, pois requer alguns segundos 
(10 ou 15s) para quantificação do número de batimentos. 
Nesse período de tempo, a FC já pode estar declinando, o 
que pode resultar em subestimação do valor adquirido. 
Sendo assim, quando esse tipo de método for utilizado, 
será descrito no texto. 
Todavia, apesar das limitações que existem na 
utilização da FC durante o combate quando a intensidade 
não ultrapassa àquela associada ao V̇O2máx, a utilização da 
FC pode, de fato, indicar a solicitação do metabolismo 
aeróbio. Todavia, treinadores devem ter cautela ao utilizar 
resposta da FC no combate para a prescrição do 
treinamento aeróbio, pois não há linearidade das 
respostas da FC e do V̇O2 em exercícios acima da 
velocidade associada ao V̇O2máx. Adicionalmente, fatores 
como o desvio cardiovascular contribuem para dissociação 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[17] 
 
da relação entre FC e V̇O2 em situações em que o 
exercício é prolongado (96). 
 Por fim, serão apresentados os estudos que 
estimaram a contribuição relativa do sistema oxidativo 
para a transferência de energia nos esportes de combate. 
Essas informações serão apresentadas separadamente 
para as modalidades de domínio, seguida das 
modalidades de percussão. 
 Para facilitar o entendimento das respostas 
cardiovasculares em situação de combate único ou 
múltiplo, simulado ou real (competição), será apresentado 
um quadro no final do texto de cada modalidade com 
intuito de responder pontualmente as seguintes questões: 
1) Há estudos descrevendo as respostas da FC e do 
V̇O2? 
2) Quais são os valores médios da FC e do V̇O2 em um 
combate? 
3) Quais são os valores da FC e do V̇O2 pós-combate? 
4) Em um único combate, há elevação dos valores da 
FC e do V̇O2 pré-combate? 
5) Em um único combate, porém fragmentando a 
duração total do combate, há elevação dos valores 
da FC e do V̇O2? Em que momento esse aumento 
acontece? Há um aumento progressivo desses 
valores? 
6) Os valores médios e picos da FC e do V̇O2 durante 
o combate, representam qual porcentagem dos 
limiares anaeróbios dessas variáveis? 
7) Os valores médios e picos da FC e do V̇O2 durante 
o combate, representam qual porcentagem dos 
valores máximos dessas variáveis? 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[18] 
 
8) Em um único combate, há diferença entre os 
valores dos combates simulados e dos combates 
reais? 
9) Em múltiplos combates, quer seja simulado, quer 
seja real, há resposta distinta da FC e do V̇O2? 
 
 
2.1. Modalidades de domínio 
 
Judô 
Kaneko, Iwata e Tomioka (63) analisaram o V̇O2 de 
cinco atletas de judô em duas situações diferentes detreinamento incluindo randori (combate realizado durante 
as sessões de treinamento de forma contínua e sem a 
mediação de um árbitro para aplicação das regras, 
principalmente para estabelecimento dos momentos de 
pausa). Na primeira situação, os atletas avaliados 
realizaram dez randori de 4 minutos com dez adversários 
diferentes. O V̇O2 também foi mensurado em outros 
momentos da sessão de treinamento: 10 minutos antes e 
após o aquecimento, 5 minutos de aquecimento e 30 
minutos após o término dos randori. Na segunda situação, 
o V̇O2 foi mensurado em cinco randori com duração de 4 
minutos, porém intercalados com um período de pausa de 
igual duração. Nessa situação, o V̇O2 também foi 
mensurado em outros momentos da sessão experimental: 
10 minutos antes e depois do aquecimento, um minuto de 
aquecimento que foi um randori e 30 minutos após o 
término dos randori. As medidas do V̇O2 foram possíveis 
de serem realizadas nessas situações, pois um dos 
investigadores segurou o equipamento que realizou a 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[19] 
 
análises dos gases (bolsa de Douglas) e acompanhou a 
movimentação do atleta que estava sendo avaliado. Os 
randori foram desenvolvidos apenas em pé, uma vez que 
é impossível fazer essas medidas durante o combate no 
solo. Como resultado, os autores observaram que a 
solicitação do sistema aeróbio é menor na sessão de 
randori intermitente (~29,40 ml.kg-1.min-1) comparado 
com o randori realizado de maneira contínua (~30,89 
ml.kg-1.min-1). Possivelmente, com os períodos de pausa 
proporcionados, os sistemas anaeróbios contribuíram de 
forma mais pronunciada para a realização dos esforços 
durante os randori na condição intermitente do que na 
contínua. 
Posteriormente, Ahmaidi et al. (1) utilizaram um 
analisador de gases portátil para mensurar o V̇O2 em oito 
homens fisicamente ativos durante a realização de 
técnicas simulando um combate de judô ou um combate 
de kendô de 3 minutos. As técnicas utilizadas foram 
realizadas com algumas restrições, impostas devido ao 
uso do equipamento. Embora os participantes não fossem 
atletas de alto rendimento esse estudo traz uma 
informação relevante para a compreensão do 
comportamento do V̇O2 ao longo do tempo. Ao 
expressarem os valores observados de maneira relativa ao 
valor do V̇O2máx mensurado em um teste em 
cicloergômetro para membros inferiores, os autores 
observaram para os momentos 1, 2 e 3 minutos, valores 
de 28, 68 e 78% do V̇O2máx, respectivamente. Esses 
dados, ainda que limitados pelas características da 
amostra, demonstram que é provável que exista aumento 
da solicitação do metabolismo aeróbio ao longo do 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[20] 
 
combate para suprir a energia necessária, uma vez que os 
estoques de substratos do metabolismo anaeróbio alático 
é limitado e há acúmulo de metabólitos resultante do 
metabolismo anaeróbio lático (53) e podem não ser 
repostos ou removidos durante o combate, devido ao fato 
de que os períodos de pausa são curtos. 
O uso de um frequencímetro durante o combate de 
judô competitivo não é permitido pelas regras da 
modalidade. Dessa forma, alguns estudos que tiveram 
como objetivo compreender a resposta da FC ao combate 
de judô, realizaram essa medida durante o randori (18) e 
em combates simulados (65). Ahmaidi et al. (1) também 
mensuraram a FC em seu protocolo experimental, além do 
V̇O2, e verificaram um aumento dos valores ao longo do 
combate simulado de 3 minutos, sendo os valores médios 
da FC do terceiro (166 ± 18 bpm) e segundo minuto (161 
± 18 bpm) superiores aos valores do primeiro minuto 
(130 ± 22 bpm). 
Dez atletas com experiência nacional e 
internacional realizaram quatro randori com duração de 5 
minutos intercalados por um período de recuperação 
passiva com a mesma duração (18). Nesse estudo, há 
duas limitações importantes que devem ser consideradas 
ao observar os achados para o comportamento da FC. O 
randori é realizado de forma mais contínua e não tão 
intermitente como ocorre na competição oficial pois é 
observada menor ocorrência e duração dos períodos de 
pausa. Como não são estabelecidos períodos de pausa 
pelo árbitro, essa forma de combate resulta em um tempo 
total inferior à duração real e, possivelmente, essa 
diferença na dinâmica do combate modifique as respostas 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[21] 
 
fisiológicas observadas. Além disso, o período de 
recuperação foi de duração igual ao combate, o que não 
segue a indicação das regras da modalidade em oferecer, 
no mínimo, um intervalo equivalente à duração de dois 
combates. Como resultado, os autores observaram que os 
valores médios da FC são aproximadamente 170-180 
bpm. Adicionalmente, os valores do segundo randori 
foram inferiores aos valores observados no terceiro 
randori, sem qualquer diferença para o primeiro e quarto 
randori (Figura 1). 
Ainda que o randori seja desenvolvido de forma 
mais contínua, parece que os valores da FC são similares 
aos combates simulados, que são caracterizados pela 
intermitência. Sanchis et al. (77) avaliaram 26 atletas em 
um combate simulado de judô com duração média de 
173s, medindo a FC por meio da palpação da carótida 
durante 30s. Nesse estudo, provavelmente, o combate foi 
finalizado quando houve a ocorrência do ippon. Para 
calcular o valor máximo do combate, os autores utilizaram 
uma equação considerando os valores após o combate 
nos momentos 35, 60 e 120s. Os valores calculados foram 
172 ± 16 bpm. Esses valores não foram correlacionados 
com a duração do combate e com a concentração do 
lactato sanguíneo. 
Sbriccoli et al. (82) mensuraram a FC de seis 
atletas olímpicos da equipe italiana em um combate 
simulado de 5 minutos. Cada combate foi realizado com 
dois adversários diferentes, um para cada metade do 
combate, com o objetivo de manter a intensidade elevada 
durante o combate. As medidas foram realizadas durante 
e após o término do combate (15-20 minutos). Ao incluir 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[22] 
 
os períodos de pausa, a duração média dos combates foi 
de, aproximadamente, 7 minutos e os valores máximos da 
FC foram 180 ± 11 bpm, o que representou 95% do valor 
máximo obtido em um teste máximo em esteira. Durante 
o desenvolvimento do combate, os autores observaram 
um aumento acentuado da FC nos primeiros 90s, com 
aumento mais discreto até o término do combate. Além 
disso, foi observado que a FC não foi reduzida durante os 
períodos de pausa. Após 12 minutos, aproximadamente, 
os valores mensurados eram equivalentes a 60% da FCmáx 
(mensurada no teste máximo em esteira rolante). 
 
 
*= diferente (p < 0,05) do terceiro randori. 
Figura 1 – Resposta da frequência cardíaca ao final de 
quatro randori com duração de 5 minutos intercalados 
com 5 minutos de pausa (Adaptado de BRANCO et al. 
(18)). 
 
Com o objetivo de compreender o curso das 
mudanças de algumas variáveis fisiológicas ao longo do 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[23] 
 
combate, incluindo a FC, Julio et al. (62) avaliaram dez 
atletas de judô em cinco combates simulados com 
diferentes durações (1, 2, 3, 4 e 5 minutos) determinados 
aleatoriamente, com o mesmo parceiro, em diferentes 
dias e com o tempo de combate blindado para o atleta, ou 
seja, os atletas não conheciam a duração do combate, 
pois foi dada a instrução para considerar que a luta 
sempre duraria 5 minutos. Os autores observaram que os 
valores da FC diferiram entre as diferentes durações, 
sendo os valores do combate de 1 minuto inferiores aos 
valores observados nas demais durações (Figura 2). Esses 
dados demonstram uma estabilização da FC após o 
segundo minuto de combate. 
 
*= diferente (p < 0,05) das demais durações dos combates. 
Figura 2 – Resposta da frequência cardíaca em combates 
simulados com durações diferentes (Adaptado de JULIO et 
al. (62)). 
 
Kim et al. (65)não observaram mudança nos 
valores da FC após o término de um combate simulado 
realizado com dois adversários diferentes (um adversário 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[24] 
 
diferente em cada metade do combate) após 4 e 8 
semanas de treinamento intermitente de alta intensidade. 
A ausência de mudança nos valores da FC foi observada 
tanto no grupo que participou do treinamento (GT) como 
no grupo controle (GC), embora tenham sido observadas 
modificações no desempenho anaeróbio desses atletas. As 
medidas foram realizadas antes do início do treinamento 
(GC: 177 ± 9 bpm; GT: 172 ± 7 bpm), após quatro 
semanas de treinamento (GC: 176 ± 8 bpm; GT: 173 ± 6 
bpm) e após oito semanas de treinamento (GC: 175 ± 7 
bpm; GT: 172 ± 7 bpm). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[25] 
 
 FC V̇O2 
Há estudos descrevendo essas 
variáveis? 
Sim Sim 
Valores médios (durante) Sim Sim 
Valores pós-combate Sim NA 
Em um único combate, há elevação 
dos valores do pré-combate? 
Sim Sim 
Em um único combate, porém 
fragmentando a duração total do 
combate, há elevação dos valores? 
Em que momento esse aumento 
acontece? 
Há um aumento progressivo desses 
valores? 
 
 
Sim 
1° 
min 
Sim, 
até 2° 
min 
 
 
 
NA 
NA 
 
NA 
Os valores médios e pós-combate, 
representam qual porcentagem dos 
valores máximos dessas variáveis? 
Média 
78% 
Média 
95% 
Os valores médios e picos durante o 
combate, representam qual 
porcentagem dos limiares 
anaeróbios dessas variáveis? 
NA NA 
Em um único combate, há diferença 
entre os valores dos combates 
simulados e dos combates reais? 
NA NA 
Em múltiplos combates, quer seja 
simulado, quer seja real, há 
resposta distinta? 
NA NA 
NA= nenhum estudo avaliou essa variável. 
Quadro 1 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC 
e do V̇O2 no judô. 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[26] 
 
Jiu-jitsu 
Andreato et al. (4) compararam as respostas da FC 
de 12 atletas de diferentes níveis competitivos em um 
combate contínuo, sem interrupção do árbitro, em quatro 
momentos: em repouso, após o aquecimento, 
imediatamente e 14 minutos após o término do combate. 
Os autores observaram que os valores de repouso (80 ± 
13 bpm) foram inferiores aos demais valores, assim como 
os valores pós-aquecimento (122 ± 25 bpm) e pós-
recuperação (107 ± 19 bpm) foram inferiores aos valores 
pós-combate (165 ± 17 bpm). Esses resultados, ainda 
que limitados pela característica contínua do combate 
simulado, demonstram que a FC apresenta um aumento 
após o período de aquecimento, porém, esse aumento é 
inferior ao aumento observado após o término do 
combate, e apresenta um declínio nos valores quando é 
mensurada após um período de recuperação que 
representou duas vezes a duração do combate. 
Para inferir a solicitação do metabolismo aeróbio 
durante o combate de jiu-jitsu, ou seja, o comportamento 
da solicitação desse metabolismo no decorrer do combate, 
Franchini et al. (52) submeteram 22 atletas a um combate 
de 5 minutos. Ao término de cada minuto de combate, os 
avaliadores mensuravam a FC no período máximo 30s. 
Após as comparações, os autores observaram que os 
valores da FC do combate de 1 minuto (~148 ± 15 bpm) 
não foram diferentes dos valores de combate aos 2 
minutos (~153 ± 16 bpm), mas foram inferiores aos 
valores dos combates de 3 (~161 ± 17 bpm), 4 (~157 ± 
15 bpm) e 5 minutos (~166 ± 16 bpm). Além disso, os 
valores do combate de 5 minutos foram superiores aos 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[27] 
 
valores observados nos combates de 2 e 4 minutos. Ainda 
que o estudo de Franchini et al. (52) tenha sido o primeiro 
a conduzir medidas da FC ao longo do combate, é 
necessário considerar a limitação imposta para a criação 
dos períodos de pausa para conduzir a coleta dessa 
medida, o que pode ter proporcionado aos atletas um 
período de recuperação superior ao que é observado no 
combate, alterando, possivelmente, o comportamento 
dessa variável ao longo do combate. 
Em desenho experimental similar ao estudo de 
Franchini et al. (52), oito atletas foram submetidos a um 
combate de 10 minutos, sendo a FC mensurada a cada 2 
minutos (45). Com a duração maior de combate e 
momento de coleta, verificou-se que os valores dos 
combates de 8 (~168 ± 8 bpm) e 10 minutos (~168 ±6 
bpm) foram superiores aos valores do combate de 2 
minutos (~160 ± 12 bpm). Porém a limitação desse 
estudo é a mesma descrita para o estudo de Franchini et 
al. (2003), sendo ideal para a compreensão do 
comportamento da FC, a condução de um estudo que 
realizasse a fragmentação do combate de 10 minutos 
realizados em momentos separados e distintos. 
Em 2014, Andreato (3) conduziu estudo com a 
fragmentação da duração total do combate. O 
pesquisador realizou dois estudos sendo um para 
compreender o comportamento da FC durante o combate 
e outro durante competição simulada (quatro lutas no 
mesmo dia). No primeiro estudo, 10 praticantes de jiu-
jitsu, faixas marrom e preta, foram submetidos a quatro 
combates com durações diferentes (2, 5, 8 e 10 minutos), 
realizados em dois dias distintos, disputado com o mesmo 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[28] 
 
adversário, em ordem determinada por sorteio, sendo 
cada dia realizado duas durações de luta separadas por 
intervalo de uma hora. Os participantes não tiveram 
conhecimento da duração da luta, sempre iniciavam o 
combate considerando que a duração seria de 10 minutos 
e os avaliadores interrompiam o combate de acordo com 
a duração sorteada. Essa estratégia foi adotada para 
evitar que os atletas dosassem o esforço de acordo com a 
duração do combate. A FC foi mensurada antes e 
imediatamente ao término de cada um dos combates. 
Como resultado, o autor observou diferença apenas entre 
os valores finais comparados com os valores pré-combate 
(Figura 3), demonstrando uma estabilidade dessa medida 
com o decorrer do combate. Uma limitação desse estudo 
é a duração mínima do combate que foi de 2 minutos. No 
judô, Julio et al. (62) observaram que os valores do 
combate de 1 minuto foram inferiores aos valores dos 
combates de 2, 3, 4 e 5 minutos. Se a duração mínima do 
combate do estudo de Andreato (3) fosse de 1 minuto, 
talvez fosse observada essa diferença também, mas isso 
aumentaria o número de sessões que precisariam ser 
conduzidas, dificultando a finalização do estudo, o qual 
traz informações inéditas. 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[29] 
 
 
*= diferente (p < 0,05) das demais durações dos combates. 
Figura 3 – Resposta da frequência cardíaca em combates 
simulados com durações diferentes (Adaptado de 
ANDREATO (3)). 
 
No segundo estudo, Andreato (3) avaliou dez 
praticantes de jiu-jitsu, faixa marrom e preta em quatro 
combates de 10 minutos intercalados por um período de 
recuperação de vinte minutos, que em parte foi passivo 
ou ativo (condução de uma bateria de testes de 
desempenho e coletas sanguíneas), simulando uma 
competição da modalidade. A FC foi mensurada antes e 
após cada um dos combates. Como resultado, o autor 
observou diferenças entre todos os valores pré 
comparados com os valores pós-combate, assim como 
diferença entre os valores pré do primeiro combate 
comparados com os valores pré dos demais combates 
(Figura 4). 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[30] 
 
 
*= diferente (p < 0,05) dos valores pré-combate da luta 1; #= 
diferente (p < 0,05) dos valores pré-combate. 
Figura 4 – Resposta da frequência cardíaca antes e após a 
realização de quatro combates com duração de 10 
minutos simulando uma competição de jiu-jitsu (Adaptado 
de ANDREATO (3)). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[31] 
 
 FC V̇O2 
Há estudos descrevendo essas 
variáveis? 
Sim Não 
Valores médios (durante)Não NA 
Valores pós-combate Sim NA 
Em um único combate, há elevação dos 
valores do pré-combate? 
 
Sim 
 
NA 
Em um único combate, porém 
fragmentando a duração total do 
combate, há elevação dos valores? 
Em que momento esse aumento 
acontece? 
Há um aumento progressivo desses 
valores? 
 
 
Sim 
2° 
min 
Não 
 
 
NA 
 
NA 
NA 
Os valores médios e pós-combate, 
representam qual porcentagem dos 
valores máximos dessas variáveis? 
NA NA 
Os valores médios e picos durante o 
combate, representam qual 
porcentagem dos limiares anaeróbios 
dessas variáveis? 
NA NA 
Em um único combate, há diferença 
entre os valores dos combates 
simulados e dos combates reais? 
NA NA 
Em múltiplos combates, quer seja 
simulado, quer seja real, há resposta 
distinta? 
Não NA 
NA= nenhum estudo avaliou essa variável. 
Quadro 2 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC 
e do V̇O2 no jiu-jitsu. 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[32] 
 
Luta olímpica 
Assim como foi observado no jiu-jitsu, a solicitação 
do metabolismo aeróbio para a transferência de energia 
durante o combate de luta olímpica foi quantificada 
através da FC, sobretudo em menor quantidade de 
estudos e detalhamento quando comparado às 
modalidades descritas anteriormente. A FC foi mensurada 
nos estudos que simularam uma competição, tanto para o 
para o estilo livre (cinco combates em dois dias) (66), 
como para o estilo greco-romano (cinco combates em um 
único dia) (10) e também durante um único combate 
(64,93). 
Com relação a resposta da FC durante um único 
combate de luta olímpica, estilo greco-romano, Theophilos 
et al. (93) submeteram 12 atletas da Grécia (até 74 kg) a 
um combate simulado constituído de 3 rounds de 2 
minutos. Durante todo o combate a FC foi registrada e os 
resultados são demonstrados na Figura 5. Os autores 
observaram que os valores médios da FC do round 1 
foram inferiores aos valores observados nos rounds 2 e 3. 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[33] 
 
 
*= diferente (p < 0,05) dos valores do round 1. 
Figura 5 – Resposta da frequência cardíaca em diferentes 
momentos de um combate simulado constituído de três 
rounds de 2 minutos, na luta olímpica, estilo greco-
romano (Adaptado de THEOPHILOS et al. (93)). 
 
Por sua vez, Karninčić, Baić, e Sertić (64) avaliaram 
oito atletas da equipe nacional da Croácia representando 
cada uma das oito categorias em dois momentos: 1) no 
início do primeiro período competitivo (12/2007) e no final 
do período competitivo (03/2008). O combate foi 
composto de 3 rounds de 2 minutos com 30s de pausa 
entre os rounds. A FC foi mensurada com objetivo de 
estimar a intensidade do trabalho realizado. Embora os 
pesquisadores não tenham comparado os valores de FC 
entre os períodos competitivos nem entre os rounds, o 
estudo trouxe informações descritivas sobre a resposta da 
FC (Figura 6), sendo possível inferir uma elevação dos 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[34] 
 
valores da FC durante o combate comparado com os 
valores pré-combate, assim como uma possível ausência 
de diferença entre os valores mensurados nos diferentes 
momentos. 
 
 
Figura 6 – Resposta da frequência cardíaca em diferentes 
momentos de um combate simulado (três rounds de 2 
minutos, separados por um intervalo de 30s) na luta 
olímpica, estilo greco-romano, no início e no fim de um 
período competitivo (Adaptado de KARNINČIĆ, BAIĆ e 
SERTIĆ (64)). 
 
Kraemer et al. (66) submeteram 12 atletas de luta 
olímpica, estilo livre, para uma simulação de competição 
ao longo de dois dias (formato de competição da época). 
Os atletas foram submetidos a uma redução de 6% da 
massa corporal durante uma semana (variação entre 4,6 e 
6,8%), sendo permitida uma tolerância de 2% no 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[35] 
 
segundo dia de competição. No primeiro dia, foram 
realizados três combates e no segundo dia, dois 
combates, todos executados com duração de 5 minutos. 
As medidas da FC foram realizadas antes e após cada um 
dos combates via palpação da carótida durante 15s. Os 
valores pré-combate não diferiram dos valores baseline 
mensurados antes do período de redução da massa 
corporal, porém, como esperado, todos os valores pós 
foram superiores aos valores pré-combate, sem qualquer 
diferença entre os combates. (Figura 7). 
 
#= diferente (p < 0,05) dos valores pré-combate. 
Figura 7 – Resposta da frequência cardíaca antes e após a 
realização de cinco combates com duração de 10 minutos 
simulando competição de luta olímpica, estilo livre 
(Adaptado de KRAEMER et al. (66)). 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[36] 
 
 
Com um desenho experimental similar ao estudo de 
Kramer et al. (66) incluindo a redução da massa corporal 
na semana que antecedeu a realização do estudo, Barbas 
et al. (10) submeteram 12 atletas de luta olímpica, estilo 
greco-romano, a simulação de competição em um único 
dia. Cada um dos cinco combates foi constituído de três 
rounds de 2 minutos intercalados por uma pausa de 30s. 
A FC foi mensurada durante todo o combate e registrada 
em um intervalo de 5s. Dessa forma, os autores 
comparam tanto os valores pré e pós-combate, como os 
valores médios e picos de cada combate. Os autores 
verificaram que todos os valores pós foram superiores aos 
valores pré-combate, sem qualquer diferença entre os 
diferentes combates (Figura 8). Não foi observada 
diferença entre os valores médios e picos dos combates. 
Adicionalmente, os valores da FC média, FC pós-combate 
e FC pico representaram, respectivamente, 83-86%, 92-
96% e 96-98% dos valores máximos dessa variável 
obtidos em teste progressivo máximo. 
 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[37] 
 
 
#= diferente (p < 0,05) dos valores pré-combate. 
Figura 8 – Resposta da frequência cardíaca antes e após a 
realização de cinco combates constituídos de três rounds 
de 2 minutos separados por um período de 30 s entre os 
rounds, simulando uma competição de luta olímpica, estilo 
Greco-romano (Adaptado de BARBAS et al. (10)). 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[38] 
 
 
 FC V̇O2 
Há estudos descrevendo essas 
variáveis? 
Sim Não 
Valores médios (durante) Sim NA 
Valores pós-combate Sim NA 
Em um único combate, há elevação 
dos valores do pré-combate? 
 
Sim 
 
NA 
Em um único combate, porém 
fragmentando a duração total do 
combate, há elevação dos valores? 
Em que momento esse aumento 
acontece? 
Há um aumento progressivo desses 
valores? 
 
 
Sim 
1° round 
Não 
 
 
NA 
NA 
 
NA 
Os valores médios e pós-combate, 
representam qual porcentagem dos 
valores máximos dessas variáveis? 
83-86% 
92-96% 
NA 
NA 
Os valores médios e picos durante o 
combate, representam qual 
porcentagem dos limiares anaeróbios 
dessas variáveis? 
NA NA 
Em um único combate, há diferença 
entre os valores dos combates 
simulados e dos combates reais? 
NA NA 
Em múltiplos combates, quer seja 
simulado, quer seja real, há resposta 
distinta? 
Não NA 
NA= nenhum estudo avaliou essa variável. 
Quadro 3 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC 
e do V̇O2 na luta olímpica. 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[39] 
 
2.2. Modalidades de percussão 
 
Muay-thai 
Crisafulli et al. (33) submeteram dez atletas a um 
combate simulado constituído de três rounds com duração 
de 3 minutos e intercalados por um período de 
recuperação de 1 minuto. Cada round foi constituído de 
uma série de seis ataques e seis defesas. Ao término do 
combate simulado, os atletas foram questionados quanto 
à similaridade da demanda fisiológica desse combate 
comparado com o combate real, sendo obtido um escore 
médio de 4, numa escala de 0 a 5 (entre nenhuma 
similaridade e muito similar, respectivamente). Foram 
monitorados a FC e o V̇O2 durante e 3 minutos após o 
término do combate.Em seus resultados, os autores 
verificaram que houve um aumento da FC durante o 
combate, nos períodos de recuperação entre os rounds e 
ao término do combate quando comparado com os 
valores de repouso. Além disso, os valores de FC durante 
os períodos de combate e recuperação permaneceram 
acima dos valores da FC associada ao limiar anaeróbio 
obtido em um teste progressivo em esteira rolante (Figura 
9). 
De forma similar, o mesmo comportamento foi 
observado para o V̇O2, sendo os valores mensurados 
durante o combate acima dos valores associados ao limiar 
anaeróbio e superiores aos valores medidos no repouso. 
Além disso, não foi observada diferença nos valores de 
V̇O2 entre os períodos de esforço e recuperação, exceto 
para período de recuperação pós-combate, pois esses 
valores não diferiram dos valores de repouso (Figura 10) 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[40] 
 
(33). Os valores de FC e V̇O2 representaram 
aproximadamente 92% e 86% dos seus respectivos 
índices máximos. 
 
 
rec= recuperação; FCmáx= valor da frequência cardíaca máxima obtida 
em teste progressivo; FC LAn= valor da frequência cardíaca no limiar 
anaeróbio obtida em teste progressivo; *= diferente (p < 0,05) dos 
valores do pré-combate. 
Figura 9 – Resposta da frequência cardíaca durante 
diferentes momentos de um combate simulado de muay-
thai (três rounds de 2 minutos, separados por um 
intervalo de 30s) e após 3 minutos de recuperação 
(recuperação final) (Adaptado de CRISAFULLI et al. (33)). 
 
 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[41] 
 
 
rec = recuperação; V̇O2máx= valor do consumo máximo de oxigênio 
obtido em teste progressivo; VO2 LAn= valor do consumo de oxigênio 
no limiar anaeróbio obtido em teste progressivo; *= diferente (p < 
0,05) dos valores do pré-combate; # diferente (p < 0,05) da 
recuperação final 
Figura 10 – Resposta do consumo de oxigênio durante 
diferentes momentos de um combate simulado de muay-
thai (três rounds de 2 minutos, separados por um 
intervalo de 30s) e após 3 minutos de recuperação 
(recuperação final) (Adaptado de CRISAFULLI et al. (33). 
 
A comparação dos valores da FC durante combate 
simulado de muay-thai foi analisada por Cappai et al. 
(25), incluindo a comparação entre vencedores e 
perdedores. Nesse estudo, 20 atletas de nível nacional e 
internacional, realizaram um combate constituído de 
quatro rounds de 2 minutos, intercalados por 1 minuto de 
recuperação. A FC foi mensurada em cinco momentos: no 
repouso e ao término de cada um dos quatro rounds. 
Como esperado, os valores da FC após o término do 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[42] 
 
combate foram superiores aos valores do repouso (Figura 
11). 
 
 
FC= frequência cardíaca; *= diferente (p < 0,05) dos valores do pré-
combate. 
Figura 11 - Resposta da frequência cardíaca pré e durante 
quatro rounds de um combate simulado de muay-thai, 
separados por um intervalo de um minuto entre cada 
round (Adaptado de CAPPAI et al. (25)). 
 
Os valores médios da FC foram de 179 ± 0 bpm, 
sendo esses valores superiores aos valores associados ao 
limiar anaeróbio obtidos em um teste progressivo máximo 
em esteira rolante. Adicionalmente, os autores não 
observaram diferenças nos valores da FC entre os 
lutadores vencedores e perdedores dos combates. 
 
 
 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[43] 
 
 FC V̇O2 
Há estudos descrevendo essas 
variáveis? 
Sim Sim 
Valores médios (durante) Sim Sim 
Valores pós-combate Não Não 
Em um único combate, há elevação 
dos valores do pré-combate? 
Sim Sim 
Em um único combate, porém 
fragmentando a duração total do 
combate, há elevação dos valores? 
Em que momento esse aumento 
acontece? 
Há um aumento progressivo desses 
valores? 
 
 
Sim 
1° 
round 
Não 
 
 
Sim 
1° 
round 
Não 
Os valores médios e pós-combate, 
representam qual porcentagem dos 
valores máximos dessas variáveis? 
Média 
92% 
Média 
86% 
Os valores médios e picos durante o 
combate, representam qual 
porcentagem dos limiares anaeróbios 
dessas variáveis? 
Acima Acima 
Em um único combate, há diferença 
entre os valores dos combates 
simulados e dos combates reais? 
NA NA 
Em múltiplos combates, quer seja 
simulado, quer seja real, há resposta 
distinta? 
NA NA 
NA= nenhum estudo avaliou essa variável. 
Quadro 4 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC 
e do V̇O2 no muay-thai. 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[44] 
 
Karatê 
Para o karatê, além de estudos analisando a 
resposta da FC e do V̇O2, dois estudos estimaram a 
contribuição dos sistemas de transferência de energia. 
Beneke et al. (13) avaliaram dez atletas de karatê com 
ranking nacional e internacional em combates kumite 
(entre dois e quatro combates) com o objetivo de 
comparar a contribuição dos três sistemas de 
transferência de energia, sendo a contribuição aeróbia 
calculada pelo V̇O2 acima dos valores de repouso, o 
equivalente calórico e a massa corporal. Como um dos 
atletas completou apenas o primeiro combate, um atleta 
não pode realizar o quarto combate, um atleta teve uma 
lesão e houve falha técnica do equipamento, os autores 
estimaram a contribuição dos três sistemas de energia em 
36 combates com duração média de 267 ± 61s e com 
uma relação de esforço: pausa de 2:1 (18s e 9s, 
respectivamente). O intervalo entre os combates foi 
estabelecido de acordo com o que foi observado durante 
o campeonato nacional do ano em que foi realizado o 
estudo: entre o primeiro e segundo combates o intervalo 
foi de 17 ± 2 minutos; entre o segundo e terceiro 
combates foi de 15 ± 1 minutos; e entre o terceiro e 
quarto foi de 9 ±1 minutos. Os resultados demonstraram 
que, em média, a realização do combate teve um custo 
energético de, aproximadamente, 335 kJ, sendo o sistema 
aeróbio responsável pela maior contribuição relativa. 
Adicionalmente, os valores de V̇O2 (41,3 ± 13,1 ml.kg-
1.min-1) e a contribuição relativa do sistema aeróbio (78 ± 
6%) foram similares entre os combates. 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[45] 
 
Doria et al. (40) também tiveram como objetivo 
estimar a contribuição dos sistemas de energia no 
combate, porém sem as interrupções do árbitro. Além 
disso, os autores realizaram essas medidas durante a 
realização do kata (apresentação de uma sequência de 
movimentos sem oposição) utilizando a mesma 
metodologia do estudo de Beneke et al. (13). A amostra 
foi constituída de 12 atletas italianos, sendo seis homens 
e seis mulheres, os quais foram subdivididos no grupo que 
realizou o kumite e no grupo que realizou o kata, ou seja, 
cada grupo foi composto por três atletas, sendo esse 
tamanho amostral uma limitação do estudo. Sobretudo, 
considerando apenas os resultados do combate do grupo 
masculino (duração de 240s) verificou-se resultados 
similares aos valores observados por Beneke et al. (13), 
comprovando a predominância do metabolismo aeróbio 
para transferir energia nesse tipo de combate. O custo 
energético foi de aproximadamente 305 kJ, com 
predominância da contribuição do sistema aeróbio (70%) 
e o pico da FC foi 175 ± 5 bpm. Além disso, os autores 
observaram que a contribuição aeróbia do grupo 
masculino foi superior a do grupo feminino durante o 
combate, e superior aos valores do grupo masculino que 
realizou o kata. Doria et al. (40) também realizaram teste 
progressivo no qual os atletas atingiram FCmáx de 191 ± 4 
bpm e V̇O2máx de 48,5 ± 6,0 ml.kg-1.min-1, a média do V̇O2 
foi de 34,9 ± 3,0 ml.kg−1.min−1 o que correspondeu a 
72% do V̇O2máx. 
Iide et al. (57) submeteram 3 pares de atletas de 
karatê adultos (18 – 20 anos) e 3 pares de jovens (16-17 
anos), a uma simulação de luta de 2 minutos seguido de 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[46] 
 
uma simulação de 3 minutos e analisaram o V̇O2 e a FC. 
Também foi realizado um teste progressivo máximoem 
esteira rolante para obtenção do V̇O2máx, e do V̇O2 e da FC 
associados ao limiar anaeróbio. No teste máximo os 
atletas apresentaram V̇O2máx de 51,2 ± 4,3 ml.kg-1.min-1; 
FCmáx de 188 ± 2 bpm e o limiar anaeróbio foi em 66,5 ± 
7,0 % V̇O2máx. Durante a luta de 2 minutos os valores de 
FC (160 ± 13), %FCmáx (85 ± 7) e %V̇O2máx (42 ± 10) 
foram inferiores aos observados na luta de 3 minutos (170 
± 9 bpm; 93 ± 4%FCmáx e 47,8 ±8,0 %V̇O2máx). O V̇O2 
tanto da luta de 2 como de 3 minutos permaneceram 
abaixo do V̇O2 associado ao limiar anaeróbio. 
A comparação da resposta da FC em combates 
simulados e na competição foi realizada por Chaabéne et 
al. (30). Na ocasião, 10 atletas de karatê, nível 
internacional, foram avaliados em duas situações 
(simulação e competição) intercaladas por duas semanas 
de intervalo. A FC foi mensurada em intervalos de 5s e, 
posteriormente, calculados os valores médios e pico de 
cada situação. Sobretudo, dos 10 atletas que realizaram 
os procedimentos só foi possível analisar os dados de três 
atletas no combate simulado e seis atletas na competição, 
dado que apenas nesses atletas a medida da FC foi 
coletada com sucesso. Assim, os autores não observaram 
diferença nos valores da FC média e pico entre os 
combates simulados e reais (Figura 12), e o % da FCmáx 
foi de 92%. Porém, a comparação desses dados foi 
limitada pelo tamanho amostral. Vale ressaltar que os 
autores observaram algumas diferenças interessantes 
entre essas situações para o número de técnicas de perna 
aplicadas durante o combate, sendo superior no combate 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[47] 
 
real comparado com o simulado (6 ± 3 e 3 ± 1, 
respectivamente); a razão esforço: pausa também diferiu 
entre as situações (1:1,5 e 1:1, respectivamente); além 
disso, os autores relataram maiores escores na percepção 
subjetiva de esforço no combate real comparado com o 
simulado (14 ±2 u.a. e 12 ± 2 u.a.). 
 
 
Figura 12 – Resposta da frequência cardíaca pico e média 
em um combate simulado e em um combate na 
competição de karatê (Adaptado de CHAABÉNE et al. 
(30)). 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[48] 
 
 
 FC V̇O2 
Há estudos descrevendo essas 
variáveis? 
Sim Sim 
Valores médios (durante) Sim Sim 
Valores pós-combate Sim NA 
Em um único combate, há elevação 
dos valores do pré-combate? 
Sim Sim 
Em um único combate, porém 
fragmentando a duração total do 
combate, há elevação dos valores? 
Em que momento esse aumento 
acontece? 
Há um aumento progressivo desses 
valores? 
 
NA 
 
NA 
Os valores médios e pós-combate, 
representam qual porcentagem dos 
valores máximos dessas variáveis? 
Média 
93% 
Média 
48- 
72% 
Os valores médios e picos durante o 
combate, representam qual 
porcentagem dos limiares 
anaeróbios dessas variáveis? 
Abaixo Abaixo 
Em um único combate, há diferença 
entre os valores dos combates 
simulados e dos combates reais? 
Não NA 
Em múltiplos combates, quer seja 
simulado, quer seja real, há resposta 
distinta? 
 
NA 
 
NA 
NA= nenhum estudo avaliou essa variável. 
Quadro 5 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC 
e do V̇O2 no karatê. 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[49] 
 
Taekwondo 
Com o objetivo de analisar a intensidade de esforço 
do combate de taekwondo, Chiodo et al. (32) mensuraram 
a FC de 7 mulheres e 10 homens (13 e 14 anos) na 
primeira luta do campeonato nacional (3 rounds de 2 
minutos, intercalados com 1 minuto de pausa). Os valores 
da FC foram registrados em períodos de 5s e expressos 
em % da FC máxima obtida durante o combate, 
considerando 5 zonas de intensidade: (1) >95%; (2) 86-
95%, (3) 76-85%; (4) 66-75%; (5) <65%. A FC média de 
todo o combate e sexos foi de 187 ± 11 bpm, 
correspondendo a 90 ± 5% da FC máxima, e os valores 
picos variaram entre 194 e 205 bpm. A frequência de 
esforços executados entre 86-95% e acima de 95% da FC 
máxima foi maior que as demais classificações. 
Considerando que os esforços realizados acima de 85% 
da FC máxima representaram o trabalho anaeróbio e 
abaixo dessa intensidade representaram o trabalho 
aeróbio, o combate foi 77% anaeróbio e 23% aeróbio. 
Essa divisão e distinção do trabalho aeróbio e anaeróbio 
baseado na FC foram elaboradas pelos autores, porém foi 
fundamentada em estudos com atletas adultos e na 
literatura consultada pelos autores há informação que 
para uma mesma intensidade submáxima, crianças 
apresentam uma maior contribuição aeróbia. Além disso, 
essa divisão deve ser vista com cautela, dada a limitação 
da FC como marcador de intensidade do combate de 
taekwondo, caracterizado como exercício intermitente. 
 Por sua vez, Bridge et al. (19) analisaram a FC de 
oito atletas ingleses faixa preta, sendo um atleta de cada 
categoria de peso, em 12 combates em uma competição 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[50] 
 
internacional. Cada combate foi composto por 3 rounds de 
2 minutos, intercalado com 30s de pausa). Os dados da 
FC foram adquiridos tantos nos períodos de esforço e 
recuperação, como nos períodos pré-combate (dois 
minutos), sendo registrados em períodos de 5s e, 
posteriormente, calculados as médias e desvio padrão dos 
três períodos. Além disso, esses valores foram expressos 
de forma percentual aos valores máximos de cada 
competidor utilizando a equação 220 – idade. Por fim, 
esses valores foram classificados em zonas de intensidade 
do esforço de acordo com o American College of Sports 
Medicine (2): (1) 55-69; (2) 70-89%: (3) 90-99%; (4) 
100%. Os autores observaram que os valores absolutos e 
percentuais da FC durante o combate nos rounds 1, 2 e 3 
foram superiores aos valores observados antes do início 
do combate (Figura 13), assim como os valores absolutos 
e percentuais do round 1 foram inferiores aos valores do 
round 3. Além disso, foi observada uma diferença entre os 
rounds para o tempo gasto em cada zona de intensidade. 
No round 1, os atletas permaneceram maior proporção do 
tempo na zona 2 e menor proporção de tempo na zona 3, 
quando comparado com os demais rounds; ainda no 
round 1 o tempo que os atletas permaneceram na zona 1 
foi inferior ao observado nas zonas 2 e 3; no round 2, os 
atletas permaneceram menor tempo na zona 4 comparado 
com a zona 3; no round 3, os atletas permaneceram 
maior proporção de tempo na zona 3 comparado com a 
zona 2. 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[51] 
 
 
rec= recuperação; *= diferente (p < 0,05) dos valores dos rounds 1, 
2 e 3; #= diferente (p < 0,05) dos valores do round 3. 
Figura 13 – Resposta da frequência cardíaca absoluta 
(barras) e relativa (linha contínua; em relação aos valores 
da frequência cardíaca máxima calculados pela equação 
220 - idade) durante diferentes momentos do combate de 
taekwondo em uma competição internacional (três rounds 
de 2 minutos, separados por um intervalo de 30s 
(Adaptado de BRIDGE et al. (19)). 
 
Bouhlel et al. (17) avaliaram a FC de oito atletas 
tunisianos da equipe nacional em um combate simulado 
constituído de três rounds de 3 minutos intercalados por 
um minuto de recuperação. Além disso, com o objetivo de 
comparar as respostas fisiológicas do combate simulado 
com a execução de exercícios específicos, os atletas 
realizaram três protocolos com durações distintas (10s, 1 
e 3 minutos). O exercício escolhido foi o chute frontal e o 
executante deveria realizar o maior número de chutes nas 
diferentes durações que foram intercaladas por um 
período de trinta minutos de recuperação. Ao término do 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[52] 
 
combate, verificou-se que os valores médios da FC foram 
de 197 ± 2 bpm, sendo esses valores superiores aos 
valores de repouso (54 ± 3 bpm) e correlacionados com 
os valores máximos da FC nos protocolos de 10s (r = 
0,85) e 3 minutos (r = 0,95). 
A comparação da demanda fisiológica de um 
combate real e umprotocolo de exercícios envolvendo 
movimentos do combate de taekwondo também foi 
realizada por Bridge et al. (21). Para tal, dez atletas de 
taekwondo participaram de uma competição internacional 
e de uma atividade que simulava as ações mais realizadas 
em um combate real. A estrutura temporal de ambas as 
atividades consistia na realização de três rounds de 2 
minutos separados por 1 minuto de recuperação. A FC foi 
mensurada em ambas as condições durante os períodos 
de repouso, ao término de cada round e 2 minutos após o 
término do combate. Esses valores foram expressos de 
forma relativa aos valores máximos obtidos durante o 
combate. Além disso, os autores utilizaram uma 
classificação das zonas de intensidade da FC para 
atividades do taekwondo e calcularam o tempo que os 
atletas permaneceram em cada uma dessas zonas em 
ambas as atividades. Após as comparações, os autores 
verificaram que a os valores médios e pico da FC obtidos 
no combate foram superiores aos valores do protocolo 
simulado (Figura 14). A proporção do tempo que os 
atletas permaneceram na zona de maior intensidade (> 
95% da FC pico do combate) foi superior nos combates 
(65 ± 22 %) comparado com o protocolo simulado (4 ± 9 
%). Além disso, os autores observaram que os valores da 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[53] 
 
FC e da % da FCpico foram aumentando ao longo do 
combate e no combate simulado. 
 
 
#= diferente (p < 0,05) dos valores do protocolo simulado; *= 
diferente (p < 0,05) dos valores dos rounds 1, 2 e 3; §= diferente (p 
< 0,05) dos valores do round 1. 
Figura 14 – Resposta da frequência cardíaca em 
diferentes momentos de um combate e em um protocolo 
simulado, constituídos com a mesma estrutura temporal 
(três rounds de 2 minutos separados por um período de 
um minuto) no taekwondo (Adaptado de BRIDGE et al. 
(21)). 
 
Campos et al. (24) estimaram a contribuição dos 
sistemas de energia no combate simulado de taekwondo 
utilizando metodologia similar aos dos estudos conduzidos 
com o karatê por Beneke et al. (13) e Doria et al. (40). 
Para isso, dez atletas de nível nacional e internacional 
foram avaliados em um combate simulado constituído de 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[54] 
 
três rounds de 2 minutos intercalados com 1 minuto de 
recuperação entre os mesmos. O adversário apenas se 
defendeu e realizou as ações de step para garantir a sua 
segurança e para não danificar o analisador de gases. 
Nessas condições, os autores observaram que os 
combates tiveram um custo energético de 
aproximadamente 181 kJ. Assim como observado nos 
combates de karatê (13,40), observou-se predominância 
da contribuição do sistema aeróbio (66%). Quando a 
contribuição dos sistemas foi apresentada por round 
notou-se um aumento temporal da contribuição aeróbia 
sendo os valores da contribuição aeróbia absoluta no 
round 1 (98 ± 15 kJ) inferiores aos rounds 2 (127 ± 14 
kJ) e 3 (134 ± 18 kJ). Um comportamento contrário 
ocorreu com a contribuição do sistema anaeróbio lático, 
sendo reduzida a contribuição ao longo dos rounds. 
Nesse mesmo estudo (24) foram calculadas as 
médias do V̇O2 e da FC em todos os rounds. Para o V̇O2 
houve aumento somente no segundo (52,1 ± 5,9 ml.kg-
1.min-1) e terceiro rounds (53,4 ± 5,9 ml.kg-1.min-1) 
comparados ao primeiro round (44,4 ± 6,2 ml.kg-1.min-1). 
Em contrapartida, a FC apresentou comportamento 
distinto sendo que os valores no primeiro round (156 ± 9 
bpm) foram inferiores aos valores dos rounds 2 (169 ± 9 
bpm) e 3 (175 ± 10 bpm); a FC no round 2 foi inferior ao 
round 3. Isso demonstra que a relação FC/ V̇O2 não é 
linear nessa atividade, pois a FC apresenta um 
comportamento atrasado em relação ao V̇O2. 
Matsushigue, Hartmann e Franchini (69) analisaram 
em 14 atletas de taekwondo a resposta da FC na 
competição (Campeonato Brasileiro do estilo Songahm). 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[55] 
 
Além disso, foi realizada uma comparação dessa resposta 
entre vencidos e vencedores. Os valores pós-combate 
(183 ± 9 bpm) foram superiores aos do pré-combate (113 
± 25 bpm), e não houve diferença para FC pré e pós 
combate entre vencedores (pré-combate – 119 ± 20 bpm; 
pós-combate – 181 ± 11 bpm) e vencidos (pré-combate – 
106 ± 30 bpm; pós-combate – 188 ± 7 bpm). 
Tabben et al. (92) avaliaram 7 atletas de karatê 
vitoriosos (4 homens e 3 mulheres) em 3 combates 
durante um torneio internacional e registraram os valores 
da FC durante o combate (em períodos de 5s), e em um 
teste progressivo em esteira (maior valor durante o teste). 
A duração dos combates dos homens foi de 5,4 ± 1,5 
minutos e para as mulheres foi de 3,6 ± 1,0 minutos. O 
intervalo entre os combates foi variável: entre o primeiro 
e o segundo combate foi 33,6 ± 7,6 minutos; entre o 
segundo e terceiro combates foi de 14,5 ± 3,1 minutos. A 
FC foi registrada a cada 5s e o tempo nas zonas de 
intensidade. Os valores médios são apresentados na 
Tabela 1. Foi observado que a FC permaneceu maior 
tempo entre 90 e 100% da FCmáx e que a porcentagem de 
tempo em cada zona de intensidade não foi alterada entre 
os combates. Os autores também não detectaram 
mudança no tempo total de combate, valores médios da 
FC e %FC máxima. 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[56] 
 
 
Tabela 1 - Valores médios absolutos e relativos (% da FC 
máxima) dos atletas vitoriosos em três combates de um 
torneio internacional de karatê (adaptado de TABBEN et 
al. (92). 
 FC 
(bpm) 
 FC (% da FC 
máxima) 
Luta 1 Homens 177 ± 9 88 ± 3 
Mulheres 185 ± 11 92 ± 3 
Todos 181 ± 10 90 ± 3 
Luta 2 Homens 179 ± 7 89 ± 4 
Mulheres 185 ± 10 92 ± 3 
Todos 182 ± 8 91 ± 4 
Luta 3 Homens 181 ± 8 90 ± 2 
Mulheres 185 ± 9 92 ± 2 
Todos 183 ± 8 91 ± 3 
Média Homens 179 ± 7 89 ± 3 
Mulheres 185 ± 9 92 ± 2 
Todos 182 ± 9 91± 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[57] 
 
 FC VO2 
Há estudos descrevendo essas 
variáveis? 
Sim Sim 
Valores médios (durante) Sim Sim 
Valores pós-combate Sim NA 
Em um único combate, há elevação 
dos valores do pré-combate? 
Sim Sim 
Em um único combate, porém 
fragmentando a duração total do 
combate, há elevação dos valores? 
Em que momento esse aumento 
acontece? 
Há um aumento progressivo desses 
valores? 
Sim 
 
 
1° 
round 
Sim 
Sim 
 
 
1° 
round 
Sim, 
até o 
2° 
round 
Os valores médios e pós-combate, 
representam qual porcentagem dos 
valores máximos dessas variáveis? 
Média 
90% 
NA 
Os valores médios e picos durante o 
combate, representam qual 
porcentagem dos limiares anaeróbios 
dessas variáveis? 
NA NA 
Em um único combate, há diferença 
entre os valores dos combates 
simulados e dos combates reais? 
NA NA 
Em múltiplos combates, quer seja 
simulado, quer seja real, há resposta 
distinta? 
Não NA 
NA= nenhum estudo avaliou essa variável. 
Quadro 6 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC 
e do V̇O2 no taekwondo. 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[58] 
 
Boxe 
 Ghosh et al. (54) submeteram 26 atletas de boxe 
amador, nível nacional a um combate simulado durante 
um treinamento de campo. Os combates foram 
constituídos de três rounds de 3 minutos intercalados com 
1 minuto de pausa, sendo a FC mensurada no 
aquecimento e nos períodos de esforço e pausa no 
combate. Adicionalmente, os autores compararam as 
respostas da FC nos atletas subdivididos em três 
categorias de peso: 48-57 kg (n = 7), 60-67 kg (n = 10) e 
70-90 kg (n = 9). Considerando todos os dados, não se 
observou diferença entre que os valores da FC entre os 
diferentes momentos de mensuração (Figura 15). 
 
 
aquec.= aquecimento; rec.= períodos de recuperação. 
Figura 15 – Resposta da frequência cardíaca em 
diferentes momentos de mensuração em um combate de 
boxe constituídos de três rounds de 3 minutos separados 
por um minuto de recuperação (Adaptado de GHOSH et 
al. (54)). 
Treinamentoaeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[59] 
 
Todavia, considerando apenas a categoria mais 
leve (48-57 kg), Ghosh et al. (54) verificaram valores 
superiores de FC no round 3 comparado com os rounds 1 
e 2 (Tabela 2) 
 
Tabela 2 – Resposta da frequência cardíaca em diferentes 
momentos de mensuração em um combate de boxe 
constituídos de três rounds de 3 minutos separados 1 
minuto de recuperação em três categorias de peso 
(Adaptado de GHOSH et al. (54)). 
 48-57kg 60-67kg 70-90kg 
Aquecimento 130 ± 12 120 ± 13 123 ± 16 
Round 1 175 ± 7 172 ± 6 172 ± 5 
Recuperação 1 146 ± 8 146 ± 13 145 ± 11 
Round 2 179 ± 6 176 ± 7 180± 5 
Recuperação 2 157 ± 8 148 ± 12 151 ± 9 
Round 3 186 ± 5* 183 ± 5 179 ± 4 
Combate 180 ± 6 177 ± 6 177 ± 5 
*= diferente dos valores dos rounds 1 e 3. 
 
Os valores de V̇O2 aumentaram ao longo do tempo, 
sendo os valores do round 1 inferiores aos valores dos 
rounds 2 e 3 (Figura 17). Tanto as repostas da FC como 
as do V̇O2 diminuíram nos intervalos de recuperação entre 
os rounds, porém os valores após o segundo round foram 
superiores aos valores do primeiro round (Figuras 16 e 17, 
respectivamente) (35). 
 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[60] 
 
 
Rec.= períodos de recuperação; *= diferente (p < 0,05) do round 1; 
#= diferente (p < 0,05) do período de recuperação 1. 
Figura 17 – Resposta do consumo de oxigênio em 
diferentes momentos de mensuração em um combate de 
boxe constituídos de três rounds de 2 minutos separados 
por 1 minuto de recuperação (Adaptado de DAVIS et al. 
(35)). 
 
O combate teve um custo energético de 608,6 ± 
81,8 kJ, correspondendo a 84 ± 8% do V̇O2máx. A 
contribuição relativa do sistema aeróbio foi menor no 
primeiro round quando comparado com os rounds 2 e 3, 
sendo responsável por aproximadamente 87% do gasto 
energético total do combate (526,0 ± 57,1 kJ) (Figura 18) 
(35). 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[61] 
 
 
*= diferente (p < 0,05) do round 1. 
Figura 18 – Contribuição relativa do sistema aeróbio em 
diferentes momentos de mensuração em um combate de 
boxe constituídos de três rounds de 2 minutos separados 
por 1 minuto de recuperação (Adaptado de DAVIS et al. 
(35)). 
 
De Lira et al. (36) avaliaram a resposta da FC 
(máxima e correspondente ao primeiro e segundo limiares 
ventilatórios) em uma simulação de combate (3 rounds de 
2 minutos com 1 minuto de intervalo entre os rounds) 
durante a luta e nos intervalos de recuperação em 10 
boxeadores (6 homens e 4 mulheres). Os índices máximos 
(FCmáx: 193 ± 7 bpm; e V̇O2máx: 52,2 ± 7,2 ml.kg-1.min-1) 
e os mesmos associados aos limiares ventilatórios 1 (FC: 
167 ± 9 bpm; V̇O2: 40,5 ± 5,9 ml.kg-1.min-1) e 2 (FC: 181 
± 6 bpm; V̇O2: 47,7 ± 6,0 ml.kg-1.min-1) foram 
identificados em teste progressivo máximo. A FC e 
%FCmáx se mantiveram superiores nos rounds 2 (FC: 183 
± 6 bpm; FCmáx: 95 ± 3% da máxima) e 3 (FC: 186 ± 7 
bpm; FCmáx: 96 ± 2% da máxima) quando comparados ao 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[62] 
 
round 1 (FC: 175 ± 11 bpm; FCmáx: 91 ± 5% da máxima). 
A FC de recuperação (delta percentual) não diferiu entre 
os rounds (round 1: -18 ± 13%; round 2: -13 ± 6%; 
round 3: -16 ± 7%). Além disso, uma informação 
importante reportada no estudo foi o cálculo do tempo 
gasto em intensidade abaixo ou acima do limiar 
ventilatório 1 e 2 utilizando a FC. Os autores 
demonstraram uma diminuição do tempo abaixo do limiar 
1 e um aumento acima do limiar 2 em função do tempo 
(round), conforme tabela abaixo. Aproximadamente, em 
60% do combate, a FC permaneceu acima do limiar 
ventilatório 2 demonstrando alta solicitação aeróbia 
(Tabela 3). 
 
Tabela 3 – Porcentagem do tempo gasto em diferentes 
intensidades dos limiares anaeróbios em simulação de 
combate de boxe (3 rounds de 2 minutos com 1 minuto 
de intervalo entre os rounds) (Adaptado de DE LIRA et al. 
(36)). 
 
Abaixo 
LV 1 (%) 
Entre LV 1 
e LV 2 (%) 
Acima LV 2 
(%) 
Round 1 
FC 19 ± 20* 40 ± 30* 41 ± 36* 
V̇O2 16 ± 14 52 ± 29 32 ± 34 
Round 2 
FC 7 ± 6 18 ± 6 75 ± 11 
V̇O2 7 ± 6 22 ± 10 70 ± 14 
Round 3 
FC 6 ± 13 12 ± 5 83 ± 12 
V̇O2 4 ± 6 18 ±10 79 ± 14 
LV= limiar ventilatório; *= diferente (p < 0,05) dos rounds 2 e 3. 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[63] 
 
 FC VO2 
Há estudos sobre essas variáveis? Sim Sim 
Valores médios (durante) Sim Sim 
Valores pós-combate Não NA 
Em um único combate, há elevação 
dos valores do pré-combate? 
 
Sim 
 
Sim 
Em um único combate, porém 
fragmentando a duração total do 
combate, há elevação dos valores? 
Em que momento esse aumento 
acontece? 
Há um aumento progressivo desses 
valores? 
 
Sim 
 
1° 
round 
Sim 
 
Sim 
 
1° 
round 
Sim, até 
2° 
round 
Os valores médios e pós-combate, 
representam qual porcentagem dos 
valores máximos dessas variáveis? 
Média 
91-
96% 
Média 
84% 
Os valores médios e picos durante o 
combate, representam qual 
porcentagem dos limiares 
anaeróbios dessas variáveis? 
 
 
Acima 
 
 
Acima 
Em um único combate, há diferença 
entre os valores dos combates 
simulados e dos combates reais? 
 
NA 
 
NA 
Em múltiplos combates, quer seja 
simulado, quer seja real, há resposta 
distinta? 
 
NA 
 
NA 
NA= nenhum estudo avaliou essa variável. 
Quadro 7 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC 
e do V̇O2 no boxe. 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[64] 
 
3. Respostas cardiovasculares e solicitação 
oxidativa durante atividades específicas 
 No presente tópico serão apresentados os estudos 
que mensuram as respostas cardiovasculares em 
exercícios específicos das modalidades. As variáveis 
apresentadas serão as mesmas descritas no tópico 
anterior: o V̇O2 e a FC, além da estimativa da contribuição 
do sistema aeróbio nessas atividades. Essa sequência será 
seguida para a apresentação das modalidades de domínio 
e das modalidades de percussão. 
 
3.1. Modalidades de domínio 
 
Judô 
Franchini et al. (44) mediram a FC, o gasto 
energético e a contribuição dos sistemas de transferência 
de energia em três técnicas de nage-komi (morote seoi-
nage, harai-goshi, e o-uchi-gari) em 12 judocas. Para 
tanto, foram realizadas três sessões experimentais sendo 
uma para a execução de cada técnica com duração de 5 
minutos cada, sendo que o atleta avaliado arremessou o 
adversário a cada 15s. O V̇O2 foi superior durante a 
realização da técnica morote seoi-nage (33,7 ± 5,7 ml.kg-
1.min-1) e harai-goshi (32,3 ± 5,1 ml.kg-1.min-1) 
comparado com o o-uchi-gari (30,0 ± 6,1 ml.kg-1.min-1). 
Para a contribuição relativa (%) do sistema aeróbio não 
houve diferença entre as técnicas (84 ± 3,8% o-uchi-gari; 
82,3 ± 3,8% harai-goshi; 82,2 ± 2,9% morote seoi-nage), 
ao passo que houve diferença para a contribuição 
absoluta do aeróbio, sendo superior nas técnicas morote 
seoi-nage (223 ± 66 kJ) comparada com o o-uchi-gari 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[65] 
 
(196 ± 74 kJ) e harai-goshi (211 ± 66 kJ). O gasto 
energético total também foi superior no morote seoi-nage 
(273 ± 86 kJ) comparado com o-uchi-gari (237 ± 99 kJ) e 
harai-goshi (259 ± 91 kJ). A FC não diferiu entre as 
técnicas demonstrando que pode não ser uma medida 
precisa para quantificar gasto energético ou intensidade 
neste tipo de exercício. 
Baudry e Roux (12) submeteram 10 judocas 
adolescentes (2 meninas e 8 meninos) a um circuito de 
atividades específicas do judô variando a relação de 
esforço e pausa em três sessões distintas e separadas por 
uma semana (6 x 40s com três intervalos diferentes de 
40, 120 e 200s e relação esforço pausa de 1:1; 1:3; 1:5). 
Cada série foi composta por um ou dois exercícios 
diferentes: a) hikidashi; b) hikidashi + uchi-komi; c) uchi-
komi; d) hikidashi + nage-komi; e) nage-komi; f) uchi-
komi + nage-komi. Todos os exercícios foram realizados 
na máxima intensidade possível e a FC foi mensurada no 
repouso, durante a atividadee após o término (30 
minutos). Para comparação dos valores dos períodos de 
esforço e pausa foi calculada a média de cada período de 
5s; para os valores de repouso e pós aquecimento, assim 
como nos períodos de 5 e 30 minutos após o circuito, foi 
calculada a média de 30s. 
Em seus resultados, Baudry e Roux (12) 
observaram que para as três sessões, a FC no final da 
última série foi diferente dos valores de repouso, sem 
diferença entre as sessões. Considerando os valores das 
sessões, os autores não observaram diferenças entre as 
sessões 1:1 e 1:3. Sobretudo, os valores da FC na sessão 
1:5 foram inferiores na 2ª, 4ª e 6ª série comparados com 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[66] 
 
os mesmos momentos da sessão 1:1; e na 2ª e 4ª série 
comparado com os mesmos momentos da sessão 1:3. Os 
valores da FC no fim dos períodos de pausa foram 
superiores em 1:1 comparado com 1:3 e 1:5, exceto para 
a 5ª série, em que não observou-se diferença entre 1:1 e 
1:3. Considerando a diferença entre o valor de FC no fim 
do período de pausa e no fim do próximo período de 
esforço, a variação para cada período de esforço foi 
menor na sessão 1:1 comparado com 1:3 e 1:5; menor na 
sessão 1:3 comparado com 1:5. Esse achado foi mais 
evidente no último período de esforço, quando a diferença 
foi de 16 ± 11 bpm em 1:1; 41 ± 13 bpm em 1:3 e 63 ± 
9 bpm em 1:5. 
Com objetivo de comparar as respostas fisiológicas 
da FC e do V̇O2 de diferentes protocolos de uchi-komi 
executados com diferentes técnicas e estruturas 
temporais, Franchini, Panissa e Julio (50) submeteram dez 
atletas de judô a nove sessões experimentais de uchi-
komi executados na maior intensidade possível. Foram 
utilizadas três técnicas, sendo uma de braço (morote-seoi-
nage), uma de perna (o-uchi-gari) e outra de quadril 
(harai-goshi) em três estruturas temporais intermitentes 
distintas. Foi utilizada a mesma duração para os períodos 
de esforço e pausa, porém houve variação no número de 
períodos de esforço de forma que fosse mantida a mesma 
duração total da sessão de 3 minutos: 18 x 10s, 9 x 20s 
ou 6 x 30s. Os autores também calcularam o gasto 
energético de cada uma das nove sessões experimentais. 
Como todos os esforços foram executados na máxima 
intensidade possível (all out), não foi observada diferença 
no gasto energético absoluto entre as diferentes técnicas 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[67] 
 
e estruturas temporais, porém, os atletas realizaram um 
número maior de técnicas de perna comparado com as 
outras duas técnicas, sendo o gasto energético para a 
aplicação desse golpe inferior ao gasto energético do 
golpe de braço. O V̇O2 durante o esforço da estrutura 
temporal de 18 x 10:10s foi superior ao V̇O2 durante o 
esforço da estrutura temporal de 9 x 30:30s (Figura 19). 
 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[68] 
 
20
24
28
32
36
40
44
48
O-uchi-gari Harai-goshi Seoi-nage
V̇
O
2
(m
L
.k
g
-1
.m
in
-1
)
18 x 10:10 s *
20
24
28
32
36
40
44
48
O-uchi-gari Harai-goshi Seoi-nage
V̇
O
2
(m
L
.k
g
-1
.m
in
-1
)
9 x 20:20 s
 
20
24
28
32
36
40
44
48
O-uchi-gari Harai-goshi Seoi-nage
V̇
O
2
(m
L
.k
g
-1
.m
in
-1
)
6 x 30:30 s
Esforço
Pausa
 
*= valores superiores (p < 0,05) em 18 x 10:10s comparado com 6 x 30:30s durante os períodos de 
esforço. 
Figura 19 – Valores do consumo de oxigênio durante os períodos de esforço (barra 
azul) e pausa (barra vermelha) em sessões de uchi-komi all-out utilizando diferentes 
técnicas e estruturas temporais (Adaptado de FRANCHINI, PANISSA e JULIO (50)). 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[69] 
 
 
Os valores do V̇O2 foram inferiores no primeiro 
minuto de atividade quando comparados ao segundo e 
terceiro minutos, assim como os valores do segundo 
minuto de atividade foram inferiores aos valores do 
terceiro minuto (Figura 20). 
20
24
28
32
36
40
44
48
1° minuto 2° minuto 3° minuto
V̇
O
2
(m
L
.k
g
-1
.m
in
-1
)
#*
*
 
*= valores superiores (p < 0,05) ao primeiro minuto de esforço; #= 
valores superiores (p < 0,05) ao segundo minuto de esforço. 
Figura 20 – Valores do consumo de oxigênio durante os 3 
minutos de esforço em sessões de uchi-komi all-out 
utilizando diferentes técnicas e estruturas temporais 
(Adaptado de FRANCHINI, PANISSA e JULIO (50)). 
 
Os valores de FC no esforço e na pausa foram 
inferiores no primeiro minuto de atividade quando 
comparados ao segundo e terceiro minutos; os valores do 
segundo minuto de atividade também foram inferiores aos 
valores do terceiro minuto (Figura 21). 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[70] 
 
150
160
170
180
190
1° minuto 2° minuto 3° minuto
F
C
 (
b
p
m
)
Esforço Pausa
*
*#
 
*= valores superiores (p < 0,05) ao primeiro minuto de esforço e 
pausa; #= valores superiores (p < 0,05) ao segundo minuto de 
esforço e pausa. 
Figura 21 – Valores médios da frequência cardíaca 
durante os 3 minutos de esforço e pausa em sessões de 
uchi-komi all-out utilizando diferentes técnicas e 
estruturas temporais (Adaptado de FRANCHINI, PANISSA 
e JULIO (50)). 
 
3.2. Modalidades de percussão 
 
Karatê 
Imamura et al. (61) analisaram a resposta da FC, 
% da FCmáx (FCmáx determinada em teste progressivo 
máximo em esteira rolante) e % FC de reserva durante a 
realização de 1000 socos e 1000 chutes com membros 
alternados, com intervalo de 5 minutos entre os dois 
exercícios em karatecas altamente treinados (n = 6) e 
novatos (n = 8) (~15 minutos de duração da sessão). A 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[71] 
 
FC foi registrada a cada minuto até o quinto minuto e, 
após esse período, os registros aconteceram de 3 em 3 
minutos para calcular os valores médios da sessão. 
Adicionalmente foi realizado um teste progressivo máximo 
em esteira rolante para obtenção da FCmáx. Os valores de 
FC são apresentados na tabela 4. 
Para o grupo mais experiente, os valores de FC 
medidos em ambos os exercícios foram superiores àqueles 
observados no repouso. Houve diferença entre os 
exercícios, sendo os valores do exercício de 1000 socos 
inferiores àqueles observados no exercício de 1000 
chutes. Quanto a %FCmáx, os valores observados no 
exercício de 1000 socos foram inferiores àqueles do 
exercício de 1000 chutes e superiores aos valores na 
recuperação. Quanto a %FCres, os valores do exercício de 
1000 socos foram inferiores àqueles observados no 
exercício de 1000 chutes (61). 
Para o grupo de novatos, os valores de FC medidos 
em ambos os exercícios foram superiores àqueles 
observados no repouso e no período de recuperação; 
houve diferença entre os exercícios sendo os valores 
observados no exercício de 1000 socos inferiores àqueles 
observados no exercício de 1000 chutes. Quanto a 
%FCmáx e %FCres os resultados obtidos foram os mesmos 
que do grupo mais experiente. Em ambas as sessões a FC 
permaneceu em intensidade considerada moderada. 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[72] 
 
Tabela 4 – Resposta da frequência cardíaca em repouso e durante dois tipos de 
exercício (mil socos e mil chutes separados por 5 minutos de recuperação) 
(Adaptado de IMAMURA et al. (61)). 
 Repouso 1000 
socos 
1000 
chutes 
Recuperação 
FC (bpm) Treinados 69 ± 5 103 ± 15# 127 ± 12#§ 83 ± 13§* 
Novatos 71 ± 10 116 ± 18# 137 ± 14#§ 87 ± 7#§* 
FC 
(% FCmáx) 
Treinados ___ 53 ± 9 66 ± 8§ 43 ± 7§ 
Novatos ___ 58 ± 8 70 ± 7§ 44 ± 3§ 
FC 
(% FCres) 
Treinados ___ 27 ± 13 47 ± 13§ ___ 
Novatos ___ 35 ± 13 52 ± 13§ ___ 
FC= frequência cardíaca; % FCmáx= percentual da frequência cardíaca máxima obtida em teste 
máximo; % FCres= percentual da frequência cardíaca de reserva; #= diferente (p < 0,05) do repouso; 
§= diferente (p < 0,05) dos 1000 socos; *= diferente (p < 0,05) dos 1000 chutes. 
Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini 
 
[73] 
 
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