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Preparação física para lutadores – treinamento aeróbio e anaeróbio Emerson Franchini [ 2 ] [ 3 ] [ 4 ] [ 5 ] ORGANIZADOR Emerson Franchini Bacharel em Educação Física pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP, 1995), Doutor em Educação Física na área de Biodinâmica do Movimento Humano pela EEFE-USP (2001), Livre- Docente pelo Departamento de Esporte da EEFE-USP (2009) e pós-doutorado pela Faculdade de Ciências do Esporte da Universidade de Montpellier (2014). Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1B pelo CNPq. Faixa-preta de judô (2º dan) e preparador físico de atletas de judô de alto rendimento. Docente do Departamento de Esporte da EEFE-USP e coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidade de Combate da mesma instituição. [ 6 ] COLABORADORES Ursula Ferreira Julio Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie (2005). Mestra em Ciências na área Estudos do Esporte pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP) (2011). Doutora em Ciências na área de Biodinâmica do Movimento Humano pela EEFE- USP (2015). Pesquisadora dos Grupos de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate e em Fisiologia do Exercício Intermitente de Alta Intensidade. Valéria Leme Gonçalves Panissa Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie (2005). Especialista em Bases Metabólicas Aplicadas à Atividade Física e Nutrição pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) (2008). Mestra em Ciências na área Biodinâmica Do Movimento Humano pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP) (2011). Doutora em Ciências na área de Biodinâmica do Movimento Humano pela EEFE- USP (2015). Pós-doutoranda Júnior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Fisiologia do Exercício Intermitente de Alta Intensidade. [ 7 ] João Paulo Lopes Silva Licenciado em Educação Física (2012) e Mestre em Nutrição Humana pela Universidade Federal de Alagoas (2014). Doutorando em Ciências na área de Biodinâmica do Movimento Humano pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP). Faixa- preta de judô (1º dan). Tem experiência na área de fisiologia do exercício, atuando principalmente nos seguintes temas: exercício físico, lutas e suplementação nutricional, com ênfase em suplementação de cafeína e bicarbonato de sódio. É pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate da EEFE-USP. [ 8 ] Apresentação As modalidades esportivas de combate (MEC) têm crescido em popularidade e em número de eventos, resultando em maior número de atletas envolvidos em competições de diferentes níveis. Juntamente com esse crescimento, há necessidade de desenvolvimento de métodos de treinamento mais seguros e cientificamente orientados. Como o desempenho nas MECs depende da combinação do desenvolvimento de diferentes capacidades físicas, é importante conhecer detalhadamente a relevância de cada um desses aspectos para o sucesso competitivo. A partir deste conhecimento, meios de treinamento podem ser melhor delineados para atender às necessidades específicas à modalidade e à condição do atleta. A literatura especializada apresenta inúmeros trabalhos sobre o treinamento das diferentes capacidades físicas de lutadores, porém, muitas vezes esse material não é acessível aos profissionais que atuam neste segmento. Adicionalmente, não existem materiais sintetizando os diferentes aspectos para a compreensão das respostas fisiológicas à competição e ao treinamento das MECs ou quanto à elaboração do processo de treinamento dessas variáveis. Neste sentido, este livro é uma iniciativa com objetivo de detalhar as respostas fisiológicas e de desempenho físico em diferentes condições da prática das MECs, apresentando estudos que tenham investigado o processo de treinamento de modo a permitir a condução deste processo com base em [ 9 ] evidências. Esperamos que o livro contribua para o desenvolvimento do treinamento de lutadores. Boa leitura!!! Emerson Franchini Fevereiro de 2016 Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [10] Capítulo 1 - Desenvolvimento da aptidão aeróbia de lutadores ....................................................................... 11 Capítulo 2 - Desenvolvimento da aptidão anaeróbia de lutadores ..................................................................... 140 Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [11] Capítulo 1 - Desenvolvimento da aptidão aeróbia de lutadores Ursula Ferreira Julio Valéria Leme Gonçalves Panissa Emerson Franchini 1. Introdução A aptidão aeróbia envolve dois componentes: potência e capacidade. A potência aeróbia pode ser definida como a máxima taxa pela qual o oxigênio pode ser utilizado pelo organismo durante exercício severo (11). Por sua vez, a capacidade aeróbia pode ser definida como a quantidade máxima de energia que pode ser gerada pelo sistema aeróbio, ou seja, a maior intensidade de esforço que pode ser mantida por longos períodos de tempo, sendo que, acima dessa intensidade a medida do consumo do oxigênio não pode ser responsável por toda a energia necessária e requerida para realizar o exercício (90). Os esportes de combate podem ser caracterizados como modalidades intermitentes, uma vez que há alternância dos momentos de esforço e pausa. Nos períodos de esforço, observa-se uma alternância da intensidade das ações executadas, embora a quantificação dessa intensidade seja difícil de ser mensurada no combate propriamente dito (37). A duração do combate nessas modalidades é variada e em algumas situações, Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [12] um único combate pode ser dividido em rounds (13,24,33,54). Embora as ações que definam o resultado do combate sejam predominantemente anaeróbias (47), a aptidão aeróbia é importante pois valores elevados dessa variável permitem ao atleta a manutenção de altas intensidades durante o combate, visto que, retardam o processo de fadiga e facilitam a recuperação entre os combates e entre os períodos de esforço do mesmo combate (26). Além disso, há estudos demonstrando que há um aumento temporal da contribuição do sistema aeróbio em combates simulados (13,24,40). Tomados em conjunto, esses aspectos demonstram a importância do desenvolvimento da aptidão aeróbia para otimizar o desempenho durante as competições. Considerando a relevância dessa aptidão, é fundamental o conhecimento das respostas relacionadas ao metabolismo aeróbio em atividades específicas que são realizadas em sessões de treinamento. De fato, atualmente existem diversos estudos que observaram essas respostas (consumo de oxigênio e frequência cardíaca) em exercícios específicos (50), o que pode contribuir para melhor planejamento das sessões de treinamento e otimizar o desenvolvimento dessa aptidão. A avaliação da aptidão aeróbia de lutadores geralmente é realizada em testes laboratoriais, conduzidos em ergômetros (20,28,47), os quais não atendem à especificidade das ações do combate; ou em testes específicos das modalidades (29,72,79,88,91). De maneira geral, os lutadores apresentam valores de potência e capacidade aeróbias superiores aos observados na Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [13] população (83). Quando são comparados atletas de diferentes níveis competitivos, esses valores podem ser superiores em atletas de maior nível na modalidade de taekwondo (22) e boxe (31), ao passo quepara o judô (47) e karatê (28) essa diferença parece não ocorrer. Portanto, a caracterização dos níveis da aptidão aeróbia de atletas de esportes de combate acessado tanto por meio de testes genéricos quanto através de testes específicos é importante a fim de que se possa estabelecer a relevância e níveis esperados dessa aptidão. Além disso, a avaliação periódica da aptidão aeróbia pode fornecer informações que auxiliem no monitoramento e na prescrição das sessões de treinamento (22,28,47). Dada a importância da avaliação e o desenvolvimento da aptidão aeróbia o presente capítulo apresentará primeiramente as respostas fisiológicas agudas (consumo de oxigênio [V̇O2] e frequência cardíaca [FC]) em situações de combate no treinamento, simulando a competição, na competição real, em exercícios e nas sessões de treinamento, os métodos específicos para a avaliação da aptidão aeróbia em lutadores, e por fim, os estudos longitudinais que analisaram os efeitos do treinamento sobre o desenvolvimento da aptidão aeróbia de lutadores, com possíveis inferências para a elaboração da prescrição do treinamento baseado em evidências. 2. Respostas cardiovasculares e solicitação oxidativa das lutas No presente tópico serão apresentados os estudos que mensuraram as respostas da FC e do V̇O2. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [14] Considerando que a medida do V̇O2 é um indicativo de utilização do sistema aeróbio para ressintetizar ATP e que durante o combate competitivo é impossível ser mensurada, alguns estudos realizaram essa medida em situações adaptadas com o objetivo de compreender o comportamento dessa variável em situações que se aproximam ao máximo de uma situação real de combate (24,33,63). Portanto, serão apresentados a seguir a FC e o V̇O2 no combate executado em três condições diferentes: durante o treinamento, simulando a competição e na competição, tanto em combate único como em múltiplos. Embora a FC e o V̇O2 sejam ambos marcadores da solicitação do metabolismo aeróbio, o V̇O2 é o principal marcador, pois é uma medida direta da utilização desse metabolismo. No entanto, infelizmente, não é possível realizar essa medida em muitas situações. Adicionalmente, essa medida requer equipamento caro e sofisticado para coleta dos dados. Na ausência da medida do V̇O2, a FC é utilizada, porém, essa medida pode fornecer informação equivocada da solicitação do metabolismo aeróbio em algumas situações visto que ela é apenas um dos componentes do sistema que envolve o metabolismo aeróbio. O V̇O2 é resultado do débito cardíaco multiplicado pela diferença arteriovenosa (diferença entre a concentração de O2 arterial e venoso) (Equação 1). V̇O 2 = Débito cardíaco X diferença arteriovenosa de O 2 Equação 1 Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [15] Em situações em que há aumento da demanda de energia como, por exemplo, durante o exercício, aumenta-se a extração de O2 do sangue para o músculo, diminuindo o conteúdo de O2 venoso. Assim, essa diminuição aumenta a diferença arteriovenosa devido ao aumento do consumo de O2 pelos músculos. Por sua vez, o débito cardíaco é composto pelo volume de ejeção multiplicado pela FC (Equação 2). Portanto, na impossibilidade de se medir o V̇O2, a FC tem sido utilizada há décadas como marcadora da intensidade do exercício aeróbio (6), ainda que, como dito anteriormente, ela represente apenas uma parte dos fatores que determinam o V̇O2 e, consequentemente, a demanda oxidativa. Em atividades submáximas, a FC e o V̇O2 apresentam comportamento linear com aumento da intensidade. No entanto, em atividades intermitentes de alta intensidade, a FC apresenta comportamento distinto do V̇O2 (23). Em exercícios acima da velocidade associada ao V̇O2máx, a resposta da FC apresenta um atraso em relação a resposta do V̇O2 (84,85). Contudo, ainda que alguns estudos façam adaptações com intuito de medir o V̇O2, em algumas situações de combate (por exemplo, jiu-jitsu) não há possibilidade de mensuração do V̇O2, pois nesses esportes de combate de domínio existe uma grande aproximação entre os atletas, o que não possibilita o uso do analisador de gases. Além disso, esse tipo de equipamento apresenta Débito cardíaco = Volume sistólico de ejeção X frequência cardíaca Equação 2 Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [16] custo elevado e é frágil, o que dificulta a aquisição por profissionais envolvidos com o treinamento de atletas dessas modalidades. Esse é outro motivo pelo qual muitos pesquisadores também têm utilizado a FC como marcadora da demanda do sistema aeróbio. Além disso, em algumas modalidades de combate também pode haver limitações para mensuração da FC durante o combate, muitas vezes, sendo necessária a interrupção para a medida ou a tomada da medida apenas no final da luta. Três meios até o presente momento foram utilizados pelos pesquisadores para acessar essa medida: palpação da carótida (77), utilização de frequencímetros (24) e utilização de eletrocardiograma (63). A utilização da palpação da carótida possui uma limitação nos dados obtidos, pois requer alguns segundos (10 ou 15s) para quantificação do número de batimentos. Nesse período de tempo, a FC já pode estar declinando, o que pode resultar em subestimação do valor adquirido. Sendo assim, quando esse tipo de método for utilizado, será descrito no texto. Todavia, apesar das limitações que existem na utilização da FC durante o combate quando a intensidade não ultrapassa àquela associada ao V̇O2máx, a utilização da FC pode, de fato, indicar a solicitação do metabolismo aeróbio. Todavia, treinadores devem ter cautela ao utilizar resposta da FC no combate para a prescrição do treinamento aeróbio, pois não há linearidade das respostas da FC e do V̇O2 em exercícios acima da velocidade associada ao V̇O2máx. Adicionalmente, fatores como o desvio cardiovascular contribuem para dissociação Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [17] da relação entre FC e V̇O2 em situações em que o exercício é prolongado (96). Por fim, serão apresentados os estudos que estimaram a contribuição relativa do sistema oxidativo para a transferência de energia nos esportes de combate. Essas informações serão apresentadas separadamente para as modalidades de domínio, seguida das modalidades de percussão. Para facilitar o entendimento das respostas cardiovasculares em situação de combate único ou múltiplo, simulado ou real (competição), será apresentado um quadro no final do texto de cada modalidade com intuito de responder pontualmente as seguintes questões: 1) Há estudos descrevendo as respostas da FC e do V̇O2? 2) Quais são os valores médios da FC e do V̇O2 em um combate? 3) Quais são os valores da FC e do V̇O2 pós-combate? 4) Em um único combate, há elevação dos valores da FC e do V̇O2 pré-combate? 5) Em um único combate, porém fragmentando a duração total do combate, há elevação dos valores da FC e do V̇O2? Em que momento esse aumento acontece? Há um aumento progressivo desses valores? 6) Os valores médios e picos da FC e do V̇O2 durante o combate, representam qual porcentagem dos limiares anaeróbios dessas variáveis? 7) Os valores médios e picos da FC e do V̇O2 durante o combate, representam qual porcentagem dos valores máximos dessas variáveis? Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [18] 8) Em um único combate, há diferença entre os valores dos combates simulados e dos combates reais? 9) Em múltiplos combates, quer seja simulado, quer seja real, há resposta distinta da FC e do V̇O2? 2.1. Modalidades de domínio Judô Kaneko, Iwata e Tomioka (63) analisaram o V̇O2 de cinco atletas de judô em duas situações diferentes detreinamento incluindo randori (combate realizado durante as sessões de treinamento de forma contínua e sem a mediação de um árbitro para aplicação das regras, principalmente para estabelecimento dos momentos de pausa). Na primeira situação, os atletas avaliados realizaram dez randori de 4 minutos com dez adversários diferentes. O V̇O2 também foi mensurado em outros momentos da sessão de treinamento: 10 minutos antes e após o aquecimento, 5 minutos de aquecimento e 30 minutos após o término dos randori. Na segunda situação, o V̇O2 foi mensurado em cinco randori com duração de 4 minutos, porém intercalados com um período de pausa de igual duração. Nessa situação, o V̇O2 também foi mensurado em outros momentos da sessão experimental: 10 minutos antes e depois do aquecimento, um minuto de aquecimento que foi um randori e 30 minutos após o término dos randori. As medidas do V̇O2 foram possíveis de serem realizadas nessas situações, pois um dos investigadores segurou o equipamento que realizou a Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [19] análises dos gases (bolsa de Douglas) e acompanhou a movimentação do atleta que estava sendo avaliado. Os randori foram desenvolvidos apenas em pé, uma vez que é impossível fazer essas medidas durante o combate no solo. Como resultado, os autores observaram que a solicitação do sistema aeróbio é menor na sessão de randori intermitente (~29,40 ml.kg-1.min-1) comparado com o randori realizado de maneira contínua (~30,89 ml.kg-1.min-1). Possivelmente, com os períodos de pausa proporcionados, os sistemas anaeróbios contribuíram de forma mais pronunciada para a realização dos esforços durante os randori na condição intermitente do que na contínua. Posteriormente, Ahmaidi et al. (1) utilizaram um analisador de gases portátil para mensurar o V̇O2 em oito homens fisicamente ativos durante a realização de técnicas simulando um combate de judô ou um combate de kendô de 3 minutos. As técnicas utilizadas foram realizadas com algumas restrições, impostas devido ao uso do equipamento. Embora os participantes não fossem atletas de alto rendimento esse estudo traz uma informação relevante para a compreensão do comportamento do V̇O2 ao longo do tempo. Ao expressarem os valores observados de maneira relativa ao valor do V̇O2máx mensurado em um teste em cicloergômetro para membros inferiores, os autores observaram para os momentos 1, 2 e 3 minutos, valores de 28, 68 e 78% do V̇O2máx, respectivamente. Esses dados, ainda que limitados pelas características da amostra, demonstram que é provável que exista aumento da solicitação do metabolismo aeróbio ao longo do Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [20] combate para suprir a energia necessária, uma vez que os estoques de substratos do metabolismo anaeróbio alático é limitado e há acúmulo de metabólitos resultante do metabolismo anaeróbio lático (53) e podem não ser repostos ou removidos durante o combate, devido ao fato de que os períodos de pausa são curtos. O uso de um frequencímetro durante o combate de judô competitivo não é permitido pelas regras da modalidade. Dessa forma, alguns estudos que tiveram como objetivo compreender a resposta da FC ao combate de judô, realizaram essa medida durante o randori (18) e em combates simulados (65). Ahmaidi et al. (1) também mensuraram a FC em seu protocolo experimental, além do V̇O2, e verificaram um aumento dos valores ao longo do combate simulado de 3 minutos, sendo os valores médios da FC do terceiro (166 ± 18 bpm) e segundo minuto (161 ± 18 bpm) superiores aos valores do primeiro minuto (130 ± 22 bpm). Dez atletas com experiência nacional e internacional realizaram quatro randori com duração de 5 minutos intercalados por um período de recuperação passiva com a mesma duração (18). Nesse estudo, há duas limitações importantes que devem ser consideradas ao observar os achados para o comportamento da FC. O randori é realizado de forma mais contínua e não tão intermitente como ocorre na competição oficial pois é observada menor ocorrência e duração dos períodos de pausa. Como não são estabelecidos períodos de pausa pelo árbitro, essa forma de combate resulta em um tempo total inferior à duração real e, possivelmente, essa diferença na dinâmica do combate modifique as respostas Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [21] fisiológicas observadas. Além disso, o período de recuperação foi de duração igual ao combate, o que não segue a indicação das regras da modalidade em oferecer, no mínimo, um intervalo equivalente à duração de dois combates. Como resultado, os autores observaram que os valores médios da FC são aproximadamente 170-180 bpm. Adicionalmente, os valores do segundo randori foram inferiores aos valores observados no terceiro randori, sem qualquer diferença para o primeiro e quarto randori (Figura 1). Ainda que o randori seja desenvolvido de forma mais contínua, parece que os valores da FC são similares aos combates simulados, que são caracterizados pela intermitência. Sanchis et al. (77) avaliaram 26 atletas em um combate simulado de judô com duração média de 173s, medindo a FC por meio da palpação da carótida durante 30s. Nesse estudo, provavelmente, o combate foi finalizado quando houve a ocorrência do ippon. Para calcular o valor máximo do combate, os autores utilizaram uma equação considerando os valores após o combate nos momentos 35, 60 e 120s. Os valores calculados foram 172 ± 16 bpm. Esses valores não foram correlacionados com a duração do combate e com a concentração do lactato sanguíneo. Sbriccoli et al. (82) mensuraram a FC de seis atletas olímpicos da equipe italiana em um combate simulado de 5 minutos. Cada combate foi realizado com dois adversários diferentes, um para cada metade do combate, com o objetivo de manter a intensidade elevada durante o combate. As medidas foram realizadas durante e após o término do combate (15-20 minutos). Ao incluir Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [22] os períodos de pausa, a duração média dos combates foi de, aproximadamente, 7 minutos e os valores máximos da FC foram 180 ± 11 bpm, o que representou 95% do valor máximo obtido em um teste máximo em esteira. Durante o desenvolvimento do combate, os autores observaram um aumento acentuado da FC nos primeiros 90s, com aumento mais discreto até o término do combate. Além disso, foi observado que a FC não foi reduzida durante os períodos de pausa. Após 12 minutos, aproximadamente, os valores mensurados eram equivalentes a 60% da FCmáx (mensurada no teste máximo em esteira rolante). *= diferente (p < 0,05) do terceiro randori. Figura 1 – Resposta da frequência cardíaca ao final de quatro randori com duração de 5 minutos intercalados com 5 minutos de pausa (Adaptado de BRANCO et al. (18)). Com o objetivo de compreender o curso das mudanças de algumas variáveis fisiológicas ao longo do Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [23] combate, incluindo a FC, Julio et al. (62) avaliaram dez atletas de judô em cinco combates simulados com diferentes durações (1, 2, 3, 4 e 5 minutos) determinados aleatoriamente, com o mesmo parceiro, em diferentes dias e com o tempo de combate blindado para o atleta, ou seja, os atletas não conheciam a duração do combate, pois foi dada a instrução para considerar que a luta sempre duraria 5 minutos. Os autores observaram que os valores da FC diferiram entre as diferentes durações, sendo os valores do combate de 1 minuto inferiores aos valores observados nas demais durações (Figura 2). Esses dados demonstram uma estabilização da FC após o segundo minuto de combate. *= diferente (p < 0,05) das demais durações dos combates. Figura 2 – Resposta da frequência cardíaca em combates simulados com durações diferentes (Adaptado de JULIO et al. (62)). Kim et al. (65)não observaram mudança nos valores da FC após o término de um combate simulado realizado com dois adversários diferentes (um adversário Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [24] diferente em cada metade do combate) após 4 e 8 semanas de treinamento intermitente de alta intensidade. A ausência de mudança nos valores da FC foi observada tanto no grupo que participou do treinamento (GT) como no grupo controle (GC), embora tenham sido observadas modificações no desempenho anaeróbio desses atletas. As medidas foram realizadas antes do início do treinamento (GC: 177 ± 9 bpm; GT: 172 ± 7 bpm), após quatro semanas de treinamento (GC: 176 ± 8 bpm; GT: 173 ± 6 bpm) e após oito semanas de treinamento (GC: 175 ± 7 bpm; GT: 172 ± 7 bpm). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [25] FC V̇O2 Há estudos descrevendo essas variáveis? Sim Sim Valores médios (durante) Sim Sim Valores pós-combate Sim NA Em um único combate, há elevação dos valores do pré-combate? Sim Sim Em um único combate, porém fragmentando a duração total do combate, há elevação dos valores? Em que momento esse aumento acontece? Há um aumento progressivo desses valores? Sim 1° min Sim, até 2° min NA NA NA Os valores médios e pós-combate, representam qual porcentagem dos valores máximos dessas variáveis? Média 78% Média 95% Os valores médios e picos durante o combate, representam qual porcentagem dos limiares anaeróbios dessas variáveis? NA NA Em um único combate, há diferença entre os valores dos combates simulados e dos combates reais? NA NA Em múltiplos combates, quer seja simulado, quer seja real, há resposta distinta? NA NA NA= nenhum estudo avaliou essa variável. Quadro 1 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC e do V̇O2 no judô. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [26] Jiu-jitsu Andreato et al. (4) compararam as respostas da FC de 12 atletas de diferentes níveis competitivos em um combate contínuo, sem interrupção do árbitro, em quatro momentos: em repouso, após o aquecimento, imediatamente e 14 minutos após o término do combate. Os autores observaram que os valores de repouso (80 ± 13 bpm) foram inferiores aos demais valores, assim como os valores pós-aquecimento (122 ± 25 bpm) e pós- recuperação (107 ± 19 bpm) foram inferiores aos valores pós-combate (165 ± 17 bpm). Esses resultados, ainda que limitados pela característica contínua do combate simulado, demonstram que a FC apresenta um aumento após o período de aquecimento, porém, esse aumento é inferior ao aumento observado após o término do combate, e apresenta um declínio nos valores quando é mensurada após um período de recuperação que representou duas vezes a duração do combate. Para inferir a solicitação do metabolismo aeróbio durante o combate de jiu-jitsu, ou seja, o comportamento da solicitação desse metabolismo no decorrer do combate, Franchini et al. (52) submeteram 22 atletas a um combate de 5 minutos. Ao término de cada minuto de combate, os avaliadores mensuravam a FC no período máximo 30s. Após as comparações, os autores observaram que os valores da FC do combate de 1 minuto (~148 ± 15 bpm) não foram diferentes dos valores de combate aos 2 minutos (~153 ± 16 bpm), mas foram inferiores aos valores dos combates de 3 (~161 ± 17 bpm), 4 (~157 ± 15 bpm) e 5 minutos (~166 ± 16 bpm). Além disso, os valores do combate de 5 minutos foram superiores aos Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [27] valores observados nos combates de 2 e 4 minutos. Ainda que o estudo de Franchini et al. (52) tenha sido o primeiro a conduzir medidas da FC ao longo do combate, é necessário considerar a limitação imposta para a criação dos períodos de pausa para conduzir a coleta dessa medida, o que pode ter proporcionado aos atletas um período de recuperação superior ao que é observado no combate, alterando, possivelmente, o comportamento dessa variável ao longo do combate. Em desenho experimental similar ao estudo de Franchini et al. (52), oito atletas foram submetidos a um combate de 10 minutos, sendo a FC mensurada a cada 2 minutos (45). Com a duração maior de combate e momento de coleta, verificou-se que os valores dos combates de 8 (~168 ± 8 bpm) e 10 minutos (~168 ±6 bpm) foram superiores aos valores do combate de 2 minutos (~160 ± 12 bpm). Porém a limitação desse estudo é a mesma descrita para o estudo de Franchini et al. (2003), sendo ideal para a compreensão do comportamento da FC, a condução de um estudo que realizasse a fragmentação do combate de 10 minutos realizados em momentos separados e distintos. Em 2014, Andreato (3) conduziu estudo com a fragmentação da duração total do combate. O pesquisador realizou dois estudos sendo um para compreender o comportamento da FC durante o combate e outro durante competição simulada (quatro lutas no mesmo dia). No primeiro estudo, 10 praticantes de jiu- jitsu, faixas marrom e preta, foram submetidos a quatro combates com durações diferentes (2, 5, 8 e 10 minutos), realizados em dois dias distintos, disputado com o mesmo Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [28] adversário, em ordem determinada por sorteio, sendo cada dia realizado duas durações de luta separadas por intervalo de uma hora. Os participantes não tiveram conhecimento da duração da luta, sempre iniciavam o combate considerando que a duração seria de 10 minutos e os avaliadores interrompiam o combate de acordo com a duração sorteada. Essa estratégia foi adotada para evitar que os atletas dosassem o esforço de acordo com a duração do combate. A FC foi mensurada antes e imediatamente ao término de cada um dos combates. Como resultado, o autor observou diferença apenas entre os valores finais comparados com os valores pré-combate (Figura 3), demonstrando uma estabilidade dessa medida com o decorrer do combate. Uma limitação desse estudo é a duração mínima do combate que foi de 2 minutos. No judô, Julio et al. (62) observaram que os valores do combate de 1 minuto foram inferiores aos valores dos combates de 2, 3, 4 e 5 minutos. Se a duração mínima do combate do estudo de Andreato (3) fosse de 1 minuto, talvez fosse observada essa diferença também, mas isso aumentaria o número de sessões que precisariam ser conduzidas, dificultando a finalização do estudo, o qual traz informações inéditas. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [29] *= diferente (p < 0,05) das demais durações dos combates. Figura 3 – Resposta da frequência cardíaca em combates simulados com durações diferentes (Adaptado de ANDREATO (3)). No segundo estudo, Andreato (3) avaliou dez praticantes de jiu-jitsu, faixa marrom e preta em quatro combates de 10 minutos intercalados por um período de recuperação de vinte minutos, que em parte foi passivo ou ativo (condução de uma bateria de testes de desempenho e coletas sanguíneas), simulando uma competição da modalidade. A FC foi mensurada antes e após cada um dos combates. Como resultado, o autor observou diferenças entre todos os valores pré comparados com os valores pós-combate, assim como diferença entre os valores pré do primeiro combate comparados com os valores pré dos demais combates (Figura 4). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [30] *= diferente (p < 0,05) dos valores pré-combate da luta 1; #= diferente (p < 0,05) dos valores pré-combate. Figura 4 – Resposta da frequência cardíaca antes e após a realização de quatro combates com duração de 10 minutos simulando uma competição de jiu-jitsu (Adaptado de ANDREATO (3)). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [31] FC V̇O2 Há estudos descrevendo essas variáveis? Sim Não Valores médios (durante)Não NA Valores pós-combate Sim NA Em um único combate, há elevação dos valores do pré-combate? Sim NA Em um único combate, porém fragmentando a duração total do combate, há elevação dos valores? Em que momento esse aumento acontece? Há um aumento progressivo desses valores? Sim 2° min Não NA NA NA Os valores médios e pós-combate, representam qual porcentagem dos valores máximos dessas variáveis? NA NA Os valores médios e picos durante o combate, representam qual porcentagem dos limiares anaeróbios dessas variáveis? NA NA Em um único combate, há diferença entre os valores dos combates simulados e dos combates reais? NA NA Em múltiplos combates, quer seja simulado, quer seja real, há resposta distinta? Não NA NA= nenhum estudo avaliou essa variável. Quadro 2 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC e do V̇O2 no jiu-jitsu. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [32] Luta olímpica Assim como foi observado no jiu-jitsu, a solicitação do metabolismo aeróbio para a transferência de energia durante o combate de luta olímpica foi quantificada através da FC, sobretudo em menor quantidade de estudos e detalhamento quando comparado às modalidades descritas anteriormente. A FC foi mensurada nos estudos que simularam uma competição, tanto para o para o estilo livre (cinco combates em dois dias) (66), como para o estilo greco-romano (cinco combates em um único dia) (10) e também durante um único combate (64,93). Com relação a resposta da FC durante um único combate de luta olímpica, estilo greco-romano, Theophilos et al. (93) submeteram 12 atletas da Grécia (até 74 kg) a um combate simulado constituído de 3 rounds de 2 minutos. Durante todo o combate a FC foi registrada e os resultados são demonstrados na Figura 5. Os autores observaram que os valores médios da FC do round 1 foram inferiores aos valores observados nos rounds 2 e 3. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [33] *= diferente (p < 0,05) dos valores do round 1. Figura 5 – Resposta da frequência cardíaca em diferentes momentos de um combate simulado constituído de três rounds de 2 minutos, na luta olímpica, estilo greco- romano (Adaptado de THEOPHILOS et al. (93)). Por sua vez, Karninčić, Baić, e Sertić (64) avaliaram oito atletas da equipe nacional da Croácia representando cada uma das oito categorias em dois momentos: 1) no início do primeiro período competitivo (12/2007) e no final do período competitivo (03/2008). O combate foi composto de 3 rounds de 2 minutos com 30s de pausa entre os rounds. A FC foi mensurada com objetivo de estimar a intensidade do trabalho realizado. Embora os pesquisadores não tenham comparado os valores de FC entre os períodos competitivos nem entre os rounds, o estudo trouxe informações descritivas sobre a resposta da FC (Figura 6), sendo possível inferir uma elevação dos Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [34] valores da FC durante o combate comparado com os valores pré-combate, assim como uma possível ausência de diferença entre os valores mensurados nos diferentes momentos. Figura 6 – Resposta da frequência cardíaca em diferentes momentos de um combate simulado (três rounds de 2 minutos, separados por um intervalo de 30s) na luta olímpica, estilo greco-romano, no início e no fim de um período competitivo (Adaptado de KARNINČIĆ, BAIĆ e SERTIĆ (64)). Kraemer et al. (66) submeteram 12 atletas de luta olímpica, estilo livre, para uma simulação de competição ao longo de dois dias (formato de competição da época). Os atletas foram submetidos a uma redução de 6% da massa corporal durante uma semana (variação entre 4,6 e 6,8%), sendo permitida uma tolerância de 2% no Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [35] segundo dia de competição. No primeiro dia, foram realizados três combates e no segundo dia, dois combates, todos executados com duração de 5 minutos. As medidas da FC foram realizadas antes e após cada um dos combates via palpação da carótida durante 15s. Os valores pré-combate não diferiram dos valores baseline mensurados antes do período de redução da massa corporal, porém, como esperado, todos os valores pós foram superiores aos valores pré-combate, sem qualquer diferença entre os combates. (Figura 7). #= diferente (p < 0,05) dos valores pré-combate. Figura 7 – Resposta da frequência cardíaca antes e após a realização de cinco combates com duração de 10 minutos simulando competição de luta olímpica, estilo livre (Adaptado de KRAEMER et al. (66)). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [36] Com um desenho experimental similar ao estudo de Kramer et al. (66) incluindo a redução da massa corporal na semana que antecedeu a realização do estudo, Barbas et al. (10) submeteram 12 atletas de luta olímpica, estilo greco-romano, a simulação de competição em um único dia. Cada um dos cinco combates foi constituído de três rounds de 2 minutos intercalados por uma pausa de 30s. A FC foi mensurada durante todo o combate e registrada em um intervalo de 5s. Dessa forma, os autores comparam tanto os valores pré e pós-combate, como os valores médios e picos de cada combate. Os autores verificaram que todos os valores pós foram superiores aos valores pré-combate, sem qualquer diferença entre os diferentes combates (Figura 8). Não foi observada diferença entre os valores médios e picos dos combates. Adicionalmente, os valores da FC média, FC pós-combate e FC pico representaram, respectivamente, 83-86%, 92- 96% e 96-98% dos valores máximos dessa variável obtidos em teste progressivo máximo. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [37] #= diferente (p < 0,05) dos valores pré-combate. Figura 8 – Resposta da frequência cardíaca antes e após a realização de cinco combates constituídos de três rounds de 2 minutos separados por um período de 30 s entre os rounds, simulando uma competição de luta olímpica, estilo Greco-romano (Adaptado de BARBAS et al. (10)). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [38] FC V̇O2 Há estudos descrevendo essas variáveis? Sim Não Valores médios (durante) Sim NA Valores pós-combate Sim NA Em um único combate, há elevação dos valores do pré-combate? Sim NA Em um único combate, porém fragmentando a duração total do combate, há elevação dos valores? Em que momento esse aumento acontece? Há um aumento progressivo desses valores? Sim 1° round Não NA NA NA Os valores médios e pós-combate, representam qual porcentagem dos valores máximos dessas variáveis? 83-86% 92-96% NA NA Os valores médios e picos durante o combate, representam qual porcentagem dos limiares anaeróbios dessas variáveis? NA NA Em um único combate, há diferença entre os valores dos combates simulados e dos combates reais? NA NA Em múltiplos combates, quer seja simulado, quer seja real, há resposta distinta? Não NA NA= nenhum estudo avaliou essa variável. Quadro 3 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC e do V̇O2 na luta olímpica. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [39] 2.2. Modalidades de percussão Muay-thai Crisafulli et al. (33) submeteram dez atletas a um combate simulado constituído de três rounds com duração de 3 minutos e intercalados por um período de recuperação de 1 minuto. Cada round foi constituído de uma série de seis ataques e seis defesas. Ao término do combate simulado, os atletas foram questionados quanto à similaridade da demanda fisiológica desse combate comparado com o combate real, sendo obtido um escore médio de 4, numa escala de 0 a 5 (entre nenhuma similaridade e muito similar, respectivamente). Foram monitorados a FC e o V̇O2 durante e 3 minutos após o término do combate.Em seus resultados, os autores verificaram que houve um aumento da FC durante o combate, nos períodos de recuperação entre os rounds e ao término do combate quando comparado com os valores de repouso. Além disso, os valores de FC durante os períodos de combate e recuperação permaneceram acima dos valores da FC associada ao limiar anaeróbio obtido em um teste progressivo em esteira rolante (Figura 9). De forma similar, o mesmo comportamento foi observado para o V̇O2, sendo os valores mensurados durante o combate acima dos valores associados ao limiar anaeróbio e superiores aos valores medidos no repouso. Além disso, não foi observada diferença nos valores de V̇O2 entre os períodos de esforço e recuperação, exceto para período de recuperação pós-combate, pois esses valores não diferiram dos valores de repouso (Figura 10) Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [40] (33). Os valores de FC e V̇O2 representaram aproximadamente 92% e 86% dos seus respectivos índices máximos. rec= recuperação; FCmáx= valor da frequência cardíaca máxima obtida em teste progressivo; FC LAn= valor da frequência cardíaca no limiar anaeróbio obtida em teste progressivo; *= diferente (p < 0,05) dos valores do pré-combate. Figura 9 – Resposta da frequência cardíaca durante diferentes momentos de um combate simulado de muay- thai (três rounds de 2 minutos, separados por um intervalo de 30s) e após 3 minutos de recuperação (recuperação final) (Adaptado de CRISAFULLI et al. (33)). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [41] rec = recuperação; V̇O2máx= valor do consumo máximo de oxigênio obtido em teste progressivo; VO2 LAn= valor do consumo de oxigênio no limiar anaeróbio obtido em teste progressivo; *= diferente (p < 0,05) dos valores do pré-combate; # diferente (p < 0,05) da recuperação final Figura 10 – Resposta do consumo de oxigênio durante diferentes momentos de um combate simulado de muay- thai (três rounds de 2 minutos, separados por um intervalo de 30s) e após 3 minutos de recuperação (recuperação final) (Adaptado de CRISAFULLI et al. (33). A comparação dos valores da FC durante combate simulado de muay-thai foi analisada por Cappai et al. (25), incluindo a comparação entre vencedores e perdedores. Nesse estudo, 20 atletas de nível nacional e internacional, realizaram um combate constituído de quatro rounds de 2 minutos, intercalados por 1 minuto de recuperação. A FC foi mensurada em cinco momentos: no repouso e ao término de cada um dos quatro rounds. Como esperado, os valores da FC após o término do Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [42] combate foram superiores aos valores do repouso (Figura 11). FC= frequência cardíaca; *= diferente (p < 0,05) dos valores do pré- combate. Figura 11 - Resposta da frequência cardíaca pré e durante quatro rounds de um combate simulado de muay-thai, separados por um intervalo de um minuto entre cada round (Adaptado de CAPPAI et al. (25)). Os valores médios da FC foram de 179 ± 0 bpm, sendo esses valores superiores aos valores associados ao limiar anaeróbio obtidos em um teste progressivo máximo em esteira rolante. Adicionalmente, os autores não observaram diferenças nos valores da FC entre os lutadores vencedores e perdedores dos combates. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [43] FC V̇O2 Há estudos descrevendo essas variáveis? Sim Sim Valores médios (durante) Sim Sim Valores pós-combate Não Não Em um único combate, há elevação dos valores do pré-combate? Sim Sim Em um único combate, porém fragmentando a duração total do combate, há elevação dos valores? Em que momento esse aumento acontece? Há um aumento progressivo desses valores? Sim 1° round Não Sim 1° round Não Os valores médios e pós-combate, representam qual porcentagem dos valores máximos dessas variáveis? Média 92% Média 86% Os valores médios e picos durante o combate, representam qual porcentagem dos limiares anaeróbios dessas variáveis? Acima Acima Em um único combate, há diferença entre os valores dos combates simulados e dos combates reais? NA NA Em múltiplos combates, quer seja simulado, quer seja real, há resposta distinta? NA NA NA= nenhum estudo avaliou essa variável. Quadro 4 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC e do V̇O2 no muay-thai. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [44] Karatê Para o karatê, além de estudos analisando a resposta da FC e do V̇O2, dois estudos estimaram a contribuição dos sistemas de transferência de energia. Beneke et al. (13) avaliaram dez atletas de karatê com ranking nacional e internacional em combates kumite (entre dois e quatro combates) com o objetivo de comparar a contribuição dos três sistemas de transferência de energia, sendo a contribuição aeróbia calculada pelo V̇O2 acima dos valores de repouso, o equivalente calórico e a massa corporal. Como um dos atletas completou apenas o primeiro combate, um atleta não pode realizar o quarto combate, um atleta teve uma lesão e houve falha técnica do equipamento, os autores estimaram a contribuição dos três sistemas de energia em 36 combates com duração média de 267 ± 61s e com uma relação de esforço: pausa de 2:1 (18s e 9s, respectivamente). O intervalo entre os combates foi estabelecido de acordo com o que foi observado durante o campeonato nacional do ano em que foi realizado o estudo: entre o primeiro e segundo combates o intervalo foi de 17 ± 2 minutos; entre o segundo e terceiro combates foi de 15 ± 1 minutos; e entre o terceiro e quarto foi de 9 ±1 minutos. Os resultados demonstraram que, em média, a realização do combate teve um custo energético de, aproximadamente, 335 kJ, sendo o sistema aeróbio responsável pela maior contribuição relativa. Adicionalmente, os valores de V̇O2 (41,3 ± 13,1 ml.kg- 1.min-1) e a contribuição relativa do sistema aeróbio (78 ± 6%) foram similares entre os combates. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [45] Doria et al. (40) também tiveram como objetivo estimar a contribuição dos sistemas de energia no combate, porém sem as interrupções do árbitro. Além disso, os autores realizaram essas medidas durante a realização do kata (apresentação de uma sequência de movimentos sem oposição) utilizando a mesma metodologia do estudo de Beneke et al. (13). A amostra foi constituída de 12 atletas italianos, sendo seis homens e seis mulheres, os quais foram subdivididos no grupo que realizou o kumite e no grupo que realizou o kata, ou seja, cada grupo foi composto por três atletas, sendo esse tamanho amostral uma limitação do estudo. Sobretudo, considerando apenas os resultados do combate do grupo masculino (duração de 240s) verificou-se resultados similares aos valores observados por Beneke et al. (13), comprovando a predominância do metabolismo aeróbio para transferir energia nesse tipo de combate. O custo energético foi de aproximadamente 305 kJ, com predominância da contribuição do sistema aeróbio (70%) e o pico da FC foi 175 ± 5 bpm. Além disso, os autores observaram que a contribuição aeróbia do grupo masculino foi superior a do grupo feminino durante o combate, e superior aos valores do grupo masculino que realizou o kata. Doria et al. (40) também realizaram teste progressivo no qual os atletas atingiram FCmáx de 191 ± 4 bpm e V̇O2máx de 48,5 ± 6,0 ml.kg-1.min-1, a média do V̇O2 foi de 34,9 ± 3,0 ml.kg−1.min−1 o que correspondeu a 72% do V̇O2máx. Iide et al. (57) submeteram 3 pares de atletas de karatê adultos (18 – 20 anos) e 3 pares de jovens (16-17 anos), a uma simulação de luta de 2 minutos seguido de Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [46] uma simulação de 3 minutos e analisaram o V̇O2 e a FC. Também foi realizado um teste progressivo máximoem esteira rolante para obtenção do V̇O2máx, e do V̇O2 e da FC associados ao limiar anaeróbio. No teste máximo os atletas apresentaram V̇O2máx de 51,2 ± 4,3 ml.kg-1.min-1; FCmáx de 188 ± 2 bpm e o limiar anaeróbio foi em 66,5 ± 7,0 % V̇O2máx. Durante a luta de 2 minutos os valores de FC (160 ± 13), %FCmáx (85 ± 7) e %V̇O2máx (42 ± 10) foram inferiores aos observados na luta de 3 minutos (170 ± 9 bpm; 93 ± 4%FCmáx e 47,8 ±8,0 %V̇O2máx). O V̇O2 tanto da luta de 2 como de 3 minutos permaneceram abaixo do V̇O2 associado ao limiar anaeróbio. A comparação da resposta da FC em combates simulados e na competição foi realizada por Chaabéne et al. (30). Na ocasião, 10 atletas de karatê, nível internacional, foram avaliados em duas situações (simulação e competição) intercaladas por duas semanas de intervalo. A FC foi mensurada em intervalos de 5s e, posteriormente, calculados os valores médios e pico de cada situação. Sobretudo, dos 10 atletas que realizaram os procedimentos só foi possível analisar os dados de três atletas no combate simulado e seis atletas na competição, dado que apenas nesses atletas a medida da FC foi coletada com sucesso. Assim, os autores não observaram diferença nos valores da FC média e pico entre os combates simulados e reais (Figura 12), e o % da FCmáx foi de 92%. Porém, a comparação desses dados foi limitada pelo tamanho amostral. Vale ressaltar que os autores observaram algumas diferenças interessantes entre essas situações para o número de técnicas de perna aplicadas durante o combate, sendo superior no combate Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [47] real comparado com o simulado (6 ± 3 e 3 ± 1, respectivamente); a razão esforço: pausa também diferiu entre as situações (1:1,5 e 1:1, respectivamente); além disso, os autores relataram maiores escores na percepção subjetiva de esforço no combate real comparado com o simulado (14 ±2 u.a. e 12 ± 2 u.a.). Figura 12 – Resposta da frequência cardíaca pico e média em um combate simulado e em um combate na competição de karatê (Adaptado de CHAABÉNE et al. (30)). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [48] FC V̇O2 Há estudos descrevendo essas variáveis? Sim Sim Valores médios (durante) Sim Sim Valores pós-combate Sim NA Em um único combate, há elevação dos valores do pré-combate? Sim Sim Em um único combate, porém fragmentando a duração total do combate, há elevação dos valores? Em que momento esse aumento acontece? Há um aumento progressivo desses valores? NA NA Os valores médios e pós-combate, representam qual porcentagem dos valores máximos dessas variáveis? Média 93% Média 48- 72% Os valores médios e picos durante o combate, representam qual porcentagem dos limiares anaeróbios dessas variáveis? Abaixo Abaixo Em um único combate, há diferença entre os valores dos combates simulados e dos combates reais? Não NA Em múltiplos combates, quer seja simulado, quer seja real, há resposta distinta? NA NA NA= nenhum estudo avaliou essa variável. Quadro 5 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC e do V̇O2 no karatê. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [49] Taekwondo Com o objetivo de analisar a intensidade de esforço do combate de taekwondo, Chiodo et al. (32) mensuraram a FC de 7 mulheres e 10 homens (13 e 14 anos) na primeira luta do campeonato nacional (3 rounds de 2 minutos, intercalados com 1 minuto de pausa). Os valores da FC foram registrados em períodos de 5s e expressos em % da FC máxima obtida durante o combate, considerando 5 zonas de intensidade: (1) >95%; (2) 86- 95%, (3) 76-85%; (4) 66-75%; (5) <65%. A FC média de todo o combate e sexos foi de 187 ± 11 bpm, correspondendo a 90 ± 5% da FC máxima, e os valores picos variaram entre 194 e 205 bpm. A frequência de esforços executados entre 86-95% e acima de 95% da FC máxima foi maior que as demais classificações. Considerando que os esforços realizados acima de 85% da FC máxima representaram o trabalho anaeróbio e abaixo dessa intensidade representaram o trabalho aeróbio, o combate foi 77% anaeróbio e 23% aeróbio. Essa divisão e distinção do trabalho aeróbio e anaeróbio baseado na FC foram elaboradas pelos autores, porém foi fundamentada em estudos com atletas adultos e na literatura consultada pelos autores há informação que para uma mesma intensidade submáxima, crianças apresentam uma maior contribuição aeróbia. Além disso, essa divisão deve ser vista com cautela, dada a limitação da FC como marcador de intensidade do combate de taekwondo, caracterizado como exercício intermitente. Por sua vez, Bridge et al. (19) analisaram a FC de oito atletas ingleses faixa preta, sendo um atleta de cada categoria de peso, em 12 combates em uma competição Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [50] internacional. Cada combate foi composto por 3 rounds de 2 minutos, intercalado com 30s de pausa). Os dados da FC foram adquiridos tantos nos períodos de esforço e recuperação, como nos períodos pré-combate (dois minutos), sendo registrados em períodos de 5s e, posteriormente, calculados as médias e desvio padrão dos três períodos. Além disso, esses valores foram expressos de forma percentual aos valores máximos de cada competidor utilizando a equação 220 – idade. Por fim, esses valores foram classificados em zonas de intensidade do esforço de acordo com o American College of Sports Medicine (2): (1) 55-69; (2) 70-89%: (3) 90-99%; (4) 100%. Os autores observaram que os valores absolutos e percentuais da FC durante o combate nos rounds 1, 2 e 3 foram superiores aos valores observados antes do início do combate (Figura 13), assim como os valores absolutos e percentuais do round 1 foram inferiores aos valores do round 3. Além disso, foi observada uma diferença entre os rounds para o tempo gasto em cada zona de intensidade. No round 1, os atletas permaneceram maior proporção do tempo na zona 2 e menor proporção de tempo na zona 3, quando comparado com os demais rounds; ainda no round 1 o tempo que os atletas permaneceram na zona 1 foi inferior ao observado nas zonas 2 e 3; no round 2, os atletas permaneceram menor tempo na zona 4 comparado com a zona 3; no round 3, os atletas permaneceram maior proporção de tempo na zona 3 comparado com a zona 2. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [51] rec= recuperação; *= diferente (p < 0,05) dos valores dos rounds 1, 2 e 3; #= diferente (p < 0,05) dos valores do round 3. Figura 13 – Resposta da frequência cardíaca absoluta (barras) e relativa (linha contínua; em relação aos valores da frequência cardíaca máxima calculados pela equação 220 - idade) durante diferentes momentos do combate de taekwondo em uma competição internacional (três rounds de 2 minutos, separados por um intervalo de 30s (Adaptado de BRIDGE et al. (19)). Bouhlel et al. (17) avaliaram a FC de oito atletas tunisianos da equipe nacional em um combate simulado constituído de três rounds de 3 minutos intercalados por um minuto de recuperação. Além disso, com o objetivo de comparar as respostas fisiológicas do combate simulado com a execução de exercícios específicos, os atletas realizaram três protocolos com durações distintas (10s, 1 e 3 minutos). O exercício escolhido foi o chute frontal e o executante deveria realizar o maior número de chutes nas diferentes durações que foram intercaladas por um período de trinta minutos de recuperação. Ao término do Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [52] combate, verificou-se que os valores médios da FC foram de 197 ± 2 bpm, sendo esses valores superiores aos valores de repouso (54 ± 3 bpm) e correlacionados com os valores máximos da FC nos protocolos de 10s (r = 0,85) e 3 minutos (r = 0,95). A comparação da demanda fisiológica de um combate real e umprotocolo de exercícios envolvendo movimentos do combate de taekwondo também foi realizada por Bridge et al. (21). Para tal, dez atletas de taekwondo participaram de uma competição internacional e de uma atividade que simulava as ações mais realizadas em um combate real. A estrutura temporal de ambas as atividades consistia na realização de três rounds de 2 minutos separados por 1 minuto de recuperação. A FC foi mensurada em ambas as condições durante os períodos de repouso, ao término de cada round e 2 minutos após o término do combate. Esses valores foram expressos de forma relativa aos valores máximos obtidos durante o combate. Além disso, os autores utilizaram uma classificação das zonas de intensidade da FC para atividades do taekwondo e calcularam o tempo que os atletas permaneceram em cada uma dessas zonas em ambas as atividades. Após as comparações, os autores verificaram que a os valores médios e pico da FC obtidos no combate foram superiores aos valores do protocolo simulado (Figura 14). A proporção do tempo que os atletas permaneceram na zona de maior intensidade (> 95% da FC pico do combate) foi superior nos combates (65 ± 22 %) comparado com o protocolo simulado (4 ± 9 %). Além disso, os autores observaram que os valores da Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [53] FC e da % da FCpico foram aumentando ao longo do combate e no combate simulado. #= diferente (p < 0,05) dos valores do protocolo simulado; *= diferente (p < 0,05) dos valores dos rounds 1, 2 e 3; §= diferente (p < 0,05) dos valores do round 1. Figura 14 – Resposta da frequência cardíaca em diferentes momentos de um combate e em um protocolo simulado, constituídos com a mesma estrutura temporal (três rounds de 2 minutos separados por um período de um minuto) no taekwondo (Adaptado de BRIDGE et al. (21)). Campos et al. (24) estimaram a contribuição dos sistemas de energia no combate simulado de taekwondo utilizando metodologia similar aos dos estudos conduzidos com o karatê por Beneke et al. (13) e Doria et al. (40). Para isso, dez atletas de nível nacional e internacional foram avaliados em um combate simulado constituído de Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [54] três rounds de 2 minutos intercalados com 1 minuto de recuperação entre os mesmos. O adversário apenas se defendeu e realizou as ações de step para garantir a sua segurança e para não danificar o analisador de gases. Nessas condições, os autores observaram que os combates tiveram um custo energético de aproximadamente 181 kJ. Assim como observado nos combates de karatê (13,40), observou-se predominância da contribuição do sistema aeróbio (66%). Quando a contribuição dos sistemas foi apresentada por round notou-se um aumento temporal da contribuição aeróbia sendo os valores da contribuição aeróbia absoluta no round 1 (98 ± 15 kJ) inferiores aos rounds 2 (127 ± 14 kJ) e 3 (134 ± 18 kJ). Um comportamento contrário ocorreu com a contribuição do sistema anaeróbio lático, sendo reduzida a contribuição ao longo dos rounds. Nesse mesmo estudo (24) foram calculadas as médias do V̇O2 e da FC em todos os rounds. Para o V̇O2 houve aumento somente no segundo (52,1 ± 5,9 ml.kg- 1.min-1) e terceiro rounds (53,4 ± 5,9 ml.kg-1.min-1) comparados ao primeiro round (44,4 ± 6,2 ml.kg-1.min-1). Em contrapartida, a FC apresentou comportamento distinto sendo que os valores no primeiro round (156 ± 9 bpm) foram inferiores aos valores dos rounds 2 (169 ± 9 bpm) e 3 (175 ± 10 bpm); a FC no round 2 foi inferior ao round 3. Isso demonstra que a relação FC/ V̇O2 não é linear nessa atividade, pois a FC apresenta um comportamento atrasado em relação ao V̇O2. Matsushigue, Hartmann e Franchini (69) analisaram em 14 atletas de taekwondo a resposta da FC na competição (Campeonato Brasileiro do estilo Songahm). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [55] Além disso, foi realizada uma comparação dessa resposta entre vencidos e vencedores. Os valores pós-combate (183 ± 9 bpm) foram superiores aos do pré-combate (113 ± 25 bpm), e não houve diferença para FC pré e pós combate entre vencedores (pré-combate – 119 ± 20 bpm; pós-combate – 181 ± 11 bpm) e vencidos (pré-combate – 106 ± 30 bpm; pós-combate – 188 ± 7 bpm). Tabben et al. (92) avaliaram 7 atletas de karatê vitoriosos (4 homens e 3 mulheres) em 3 combates durante um torneio internacional e registraram os valores da FC durante o combate (em períodos de 5s), e em um teste progressivo em esteira (maior valor durante o teste). A duração dos combates dos homens foi de 5,4 ± 1,5 minutos e para as mulheres foi de 3,6 ± 1,0 minutos. O intervalo entre os combates foi variável: entre o primeiro e o segundo combate foi 33,6 ± 7,6 minutos; entre o segundo e terceiro combates foi de 14,5 ± 3,1 minutos. A FC foi registrada a cada 5s e o tempo nas zonas de intensidade. Os valores médios são apresentados na Tabela 1. Foi observado que a FC permaneceu maior tempo entre 90 e 100% da FCmáx e que a porcentagem de tempo em cada zona de intensidade não foi alterada entre os combates. Os autores também não detectaram mudança no tempo total de combate, valores médios da FC e %FC máxima. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [56] Tabela 1 - Valores médios absolutos e relativos (% da FC máxima) dos atletas vitoriosos em três combates de um torneio internacional de karatê (adaptado de TABBEN et al. (92). FC (bpm) FC (% da FC máxima) Luta 1 Homens 177 ± 9 88 ± 3 Mulheres 185 ± 11 92 ± 3 Todos 181 ± 10 90 ± 3 Luta 2 Homens 179 ± 7 89 ± 4 Mulheres 185 ± 10 92 ± 3 Todos 182 ± 8 91 ± 4 Luta 3 Homens 181 ± 8 90 ± 2 Mulheres 185 ± 9 92 ± 2 Todos 183 ± 8 91 ± 3 Média Homens 179 ± 7 89 ± 3 Mulheres 185 ± 9 92 ± 2 Todos 182 ± 9 91± 3 Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [57] FC VO2 Há estudos descrevendo essas variáveis? Sim Sim Valores médios (durante) Sim Sim Valores pós-combate Sim NA Em um único combate, há elevação dos valores do pré-combate? Sim Sim Em um único combate, porém fragmentando a duração total do combate, há elevação dos valores? Em que momento esse aumento acontece? Há um aumento progressivo desses valores? Sim 1° round Sim Sim 1° round Sim, até o 2° round Os valores médios e pós-combate, representam qual porcentagem dos valores máximos dessas variáveis? Média 90% NA Os valores médios e picos durante o combate, representam qual porcentagem dos limiares anaeróbios dessas variáveis? NA NA Em um único combate, há diferença entre os valores dos combates simulados e dos combates reais? NA NA Em múltiplos combates, quer seja simulado, quer seja real, há resposta distinta? Não NA NA= nenhum estudo avaliou essa variável. Quadro 6 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC e do V̇O2 no taekwondo. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [58] Boxe Ghosh et al. (54) submeteram 26 atletas de boxe amador, nível nacional a um combate simulado durante um treinamento de campo. Os combates foram constituídos de três rounds de 3 minutos intercalados com 1 minuto de pausa, sendo a FC mensurada no aquecimento e nos períodos de esforço e pausa no combate. Adicionalmente, os autores compararam as respostas da FC nos atletas subdivididos em três categorias de peso: 48-57 kg (n = 7), 60-67 kg (n = 10) e 70-90 kg (n = 9). Considerando todos os dados, não se observou diferença entre que os valores da FC entre os diferentes momentos de mensuração (Figura 15). aquec.= aquecimento; rec.= períodos de recuperação. Figura 15 – Resposta da frequência cardíaca em diferentes momentos de mensuração em um combate de boxe constituídos de três rounds de 3 minutos separados por um minuto de recuperação (Adaptado de GHOSH et al. (54)). Treinamentoaeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [59] Todavia, considerando apenas a categoria mais leve (48-57 kg), Ghosh et al. (54) verificaram valores superiores de FC no round 3 comparado com os rounds 1 e 2 (Tabela 2) Tabela 2 – Resposta da frequência cardíaca em diferentes momentos de mensuração em um combate de boxe constituídos de três rounds de 3 minutos separados 1 minuto de recuperação em três categorias de peso (Adaptado de GHOSH et al. (54)). 48-57kg 60-67kg 70-90kg Aquecimento 130 ± 12 120 ± 13 123 ± 16 Round 1 175 ± 7 172 ± 6 172 ± 5 Recuperação 1 146 ± 8 146 ± 13 145 ± 11 Round 2 179 ± 6 176 ± 7 180± 5 Recuperação 2 157 ± 8 148 ± 12 151 ± 9 Round 3 186 ± 5* 183 ± 5 179 ± 4 Combate 180 ± 6 177 ± 6 177 ± 5 *= diferente dos valores dos rounds 1 e 3. Os valores de V̇O2 aumentaram ao longo do tempo, sendo os valores do round 1 inferiores aos valores dos rounds 2 e 3 (Figura 17). Tanto as repostas da FC como as do V̇O2 diminuíram nos intervalos de recuperação entre os rounds, porém os valores após o segundo round foram superiores aos valores do primeiro round (Figuras 16 e 17, respectivamente) (35). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [60] Rec.= períodos de recuperação; *= diferente (p < 0,05) do round 1; #= diferente (p < 0,05) do período de recuperação 1. Figura 17 – Resposta do consumo de oxigênio em diferentes momentos de mensuração em um combate de boxe constituídos de três rounds de 2 minutos separados por 1 minuto de recuperação (Adaptado de DAVIS et al. (35)). O combate teve um custo energético de 608,6 ± 81,8 kJ, correspondendo a 84 ± 8% do V̇O2máx. A contribuição relativa do sistema aeróbio foi menor no primeiro round quando comparado com os rounds 2 e 3, sendo responsável por aproximadamente 87% do gasto energético total do combate (526,0 ± 57,1 kJ) (Figura 18) (35). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [61] *= diferente (p < 0,05) do round 1. Figura 18 – Contribuição relativa do sistema aeróbio em diferentes momentos de mensuração em um combate de boxe constituídos de três rounds de 2 minutos separados por 1 minuto de recuperação (Adaptado de DAVIS et al. (35)). De Lira et al. (36) avaliaram a resposta da FC (máxima e correspondente ao primeiro e segundo limiares ventilatórios) em uma simulação de combate (3 rounds de 2 minutos com 1 minuto de intervalo entre os rounds) durante a luta e nos intervalos de recuperação em 10 boxeadores (6 homens e 4 mulheres). Os índices máximos (FCmáx: 193 ± 7 bpm; e V̇O2máx: 52,2 ± 7,2 ml.kg-1.min-1) e os mesmos associados aos limiares ventilatórios 1 (FC: 167 ± 9 bpm; V̇O2: 40,5 ± 5,9 ml.kg-1.min-1) e 2 (FC: 181 ± 6 bpm; V̇O2: 47,7 ± 6,0 ml.kg-1.min-1) foram identificados em teste progressivo máximo. A FC e %FCmáx se mantiveram superiores nos rounds 2 (FC: 183 ± 6 bpm; FCmáx: 95 ± 3% da máxima) e 3 (FC: 186 ± 7 bpm; FCmáx: 96 ± 2% da máxima) quando comparados ao Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [62] round 1 (FC: 175 ± 11 bpm; FCmáx: 91 ± 5% da máxima). A FC de recuperação (delta percentual) não diferiu entre os rounds (round 1: -18 ± 13%; round 2: -13 ± 6%; round 3: -16 ± 7%). Além disso, uma informação importante reportada no estudo foi o cálculo do tempo gasto em intensidade abaixo ou acima do limiar ventilatório 1 e 2 utilizando a FC. Os autores demonstraram uma diminuição do tempo abaixo do limiar 1 e um aumento acima do limiar 2 em função do tempo (round), conforme tabela abaixo. Aproximadamente, em 60% do combate, a FC permaneceu acima do limiar ventilatório 2 demonstrando alta solicitação aeróbia (Tabela 3). Tabela 3 – Porcentagem do tempo gasto em diferentes intensidades dos limiares anaeróbios em simulação de combate de boxe (3 rounds de 2 minutos com 1 minuto de intervalo entre os rounds) (Adaptado de DE LIRA et al. (36)). Abaixo LV 1 (%) Entre LV 1 e LV 2 (%) Acima LV 2 (%) Round 1 FC 19 ± 20* 40 ± 30* 41 ± 36* V̇O2 16 ± 14 52 ± 29 32 ± 34 Round 2 FC 7 ± 6 18 ± 6 75 ± 11 V̇O2 7 ± 6 22 ± 10 70 ± 14 Round 3 FC 6 ± 13 12 ± 5 83 ± 12 V̇O2 4 ± 6 18 ±10 79 ± 14 LV= limiar ventilatório; *= diferente (p < 0,05) dos rounds 2 e 3. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [63] FC VO2 Há estudos sobre essas variáveis? Sim Sim Valores médios (durante) Sim Sim Valores pós-combate Não NA Em um único combate, há elevação dos valores do pré-combate? Sim Sim Em um único combate, porém fragmentando a duração total do combate, há elevação dos valores? Em que momento esse aumento acontece? Há um aumento progressivo desses valores? Sim 1° round Sim Sim 1° round Sim, até 2° round Os valores médios e pós-combate, representam qual porcentagem dos valores máximos dessas variáveis? Média 91- 96% Média 84% Os valores médios e picos durante o combate, representam qual porcentagem dos limiares anaeróbios dessas variáveis? Acima Acima Em um único combate, há diferença entre os valores dos combates simulados e dos combates reais? NA NA Em múltiplos combates, quer seja simulado, quer seja real, há resposta distinta? NA NA NA= nenhum estudo avaliou essa variável. Quadro 7 – Achados disponíveis na literatura acerca da FC e do V̇O2 no boxe. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [64] 3. Respostas cardiovasculares e solicitação oxidativa durante atividades específicas No presente tópico serão apresentados os estudos que mensuram as respostas cardiovasculares em exercícios específicos das modalidades. As variáveis apresentadas serão as mesmas descritas no tópico anterior: o V̇O2 e a FC, além da estimativa da contribuição do sistema aeróbio nessas atividades. Essa sequência será seguida para a apresentação das modalidades de domínio e das modalidades de percussão. 3.1. Modalidades de domínio Judô Franchini et al. (44) mediram a FC, o gasto energético e a contribuição dos sistemas de transferência de energia em três técnicas de nage-komi (morote seoi- nage, harai-goshi, e o-uchi-gari) em 12 judocas. Para tanto, foram realizadas três sessões experimentais sendo uma para a execução de cada técnica com duração de 5 minutos cada, sendo que o atleta avaliado arremessou o adversário a cada 15s. O V̇O2 foi superior durante a realização da técnica morote seoi-nage (33,7 ± 5,7 ml.kg- 1.min-1) e harai-goshi (32,3 ± 5,1 ml.kg-1.min-1) comparado com o o-uchi-gari (30,0 ± 6,1 ml.kg-1.min-1). Para a contribuição relativa (%) do sistema aeróbio não houve diferença entre as técnicas (84 ± 3,8% o-uchi-gari; 82,3 ± 3,8% harai-goshi; 82,2 ± 2,9% morote seoi-nage), ao passo que houve diferença para a contribuição absoluta do aeróbio, sendo superior nas técnicas morote seoi-nage (223 ± 66 kJ) comparada com o o-uchi-gari Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [65] (196 ± 74 kJ) e harai-goshi (211 ± 66 kJ). O gasto energético total também foi superior no morote seoi-nage (273 ± 86 kJ) comparado com o-uchi-gari (237 ± 99 kJ) e harai-goshi (259 ± 91 kJ). A FC não diferiu entre as técnicas demonstrando que pode não ser uma medida precisa para quantificar gasto energético ou intensidade neste tipo de exercício. Baudry e Roux (12) submeteram 10 judocas adolescentes (2 meninas e 8 meninos) a um circuito de atividades específicas do judô variando a relação de esforço e pausa em três sessões distintas e separadas por uma semana (6 x 40s com três intervalos diferentes de 40, 120 e 200s e relação esforço pausa de 1:1; 1:3; 1:5). Cada série foi composta por um ou dois exercícios diferentes: a) hikidashi; b) hikidashi + uchi-komi; c) uchi- komi; d) hikidashi + nage-komi; e) nage-komi; f) uchi- komi + nage-komi. Todos os exercícios foram realizados na máxima intensidade possível e a FC foi mensurada no repouso, durante a atividadee após o término (30 minutos). Para comparação dos valores dos períodos de esforço e pausa foi calculada a média de cada período de 5s; para os valores de repouso e pós aquecimento, assim como nos períodos de 5 e 30 minutos após o circuito, foi calculada a média de 30s. Em seus resultados, Baudry e Roux (12) observaram que para as três sessões, a FC no final da última série foi diferente dos valores de repouso, sem diferença entre as sessões. Considerando os valores das sessões, os autores não observaram diferenças entre as sessões 1:1 e 1:3. Sobretudo, os valores da FC na sessão 1:5 foram inferiores na 2ª, 4ª e 6ª série comparados com Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [66] os mesmos momentos da sessão 1:1; e na 2ª e 4ª série comparado com os mesmos momentos da sessão 1:3. Os valores da FC no fim dos períodos de pausa foram superiores em 1:1 comparado com 1:3 e 1:5, exceto para a 5ª série, em que não observou-se diferença entre 1:1 e 1:3. Considerando a diferença entre o valor de FC no fim do período de pausa e no fim do próximo período de esforço, a variação para cada período de esforço foi menor na sessão 1:1 comparado com 1:3 e 1:5; menor na sessão 1:3 comparado com 1:5. Esse achado foi mais evidente no último período de esforço, quando a diferença foi de 16 ± 11 bpm em 1:1; 41 ± 13 bpm em 1:3 e 63 ± 9 bpm em 1:5. Com objetivo de comparar as respostas fisiológicas da FC e do V̇O2 de diferentes protocolos de uchi-komi executados com diferentes técnicas e estruturas temporais, Franchini, Panissa e Julio (50) submeteram dez atletas de judô a nove sessões experimentais de uchi- komi executados na maior intensidade possível. Foram utilizadas três técnicas, sendo uma de braço (morote-seoi- nage), uma de perna (o-uchi-gari) e outra de quadril (harai-goshi) em três estruturas temporais intermitentes distintas. Foi utilizada a mesma duração para os períodos de esforço e pausa, porém houve variação no número de períodos de esforço de forma que fosse mantida a mesma duração total da sessão de 3 minutos: 18 x 10s, 9 x 20s ou 6 x 30s. Os autores também calcularam o gasto energético de cada uma das nove sessões experimentais. Como todos os esforços foram executados na máxima intensidade possível (all out), não foi observada diferença no gasto energético absoluto entre as diferentes técnicas Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [67] e estruturas temporais, porém, os atletas realizaram um número maior de técnicas de perna comparado com as outras duas técnicas, sendo o gasto energético para a aplicação desse golpe inferior ao gasto energético do golpe de braço. O V̇O2 durante o esforço da estrutura temporal de 18 x 10:10s foi superior ao V̇O2 durante o esforço da estrutura temporal de 9 x 30:30s (Figura 19). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [68] 20 24 28 32 36 40 44 48 O-uchi-gari Harai-goshi Seoi-nage V̇ O 2 (m L .k g -1 .m in -1 ) 18 x 10:10 s * 20 24 28 32 36 40 44 48 O-uchi-gari Harai-goshi Seoi-nage V̇ O 2 (m L .k g -1 .m in -1 ) 9 x 20:20 s 20 24 28 32 36 40 44 48 O-uchi-gari Harai-goshi Seoi-nage V̇ O 2 (m L .k g -1 .m in -1 ) 6 x 30:30 s Esforço Pausa *= valores superiores (p < 0,05) em 18 x 10:10s comparado com 6 x 30:30s durante os períodos de esforço. Figura 19 – Valores do consumo de oxigênio durante os períodos de esforço (barra azul) e pausa (barra vermelha) em sessões de uchi-komi all-out utilizando diferentes técnicas e estruturas temporais (Adaptado de FRANCHINI, PANISSA e JULIO (50)). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [69] Os valores do V̇O2 foram inferiores no primeiro minuto de atividade quando comparados ao segundo e terceiro minutos, assim como os valores do segundo minuto de atividade foram inferiores aos valores do terceiro minuto (Figura 20). 20 24 28 32 36 40 44 48 1° minuto 2° minuto 3° minuto V̇ O 2 (m L .k g -1 .m in -1 ) #* * *= valores superiores (p < 0,05) ao primeiro minuto de esforço; #= valores superiores (p < 0,05) ao segundo minuto de esforço. Figura 20 – Valores do consumo de oxigênio durante os 3 minutos de esforço em sessões de uchi-komi all-out utilizando diferentes técnicas e estruturas temporais (Adaptado de FRANCHINI, PANISSA e JULIO (50)). Os valores de FC no esforço e na pausa foram inferiores no primeiro minuto de atividade quando comparados ao segundo e terceiro minutos; os valores do segundo minuto de atividade também foram inferiores aos valores do terceiro minuto (Figura 21). Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [70] 150 160 170 180 190 1° minuto 2° minuto 3° minuto F C ( b p m ) Esforço Pausa * *# *= valores superiores (p < 0,05) ao primeiro minuto de esforço e pausa; #= valores superiores (p < 0,05) ao segundo minuto de esforço e pausa. Figura 21 – Valores médios da frequência cardíaca durante os 3 minutos de esforço e pausa em sessões de uchi-komi all-out utilizando diferentes técnicas e estruturas temporais (Adaptado de FRANCHINI, PANISSA e JULIO (50)). 3.2. Modalidades de percussão Karatê Imamura et al. (61) analisaram a resposta da FC, % da FCmáx (FCmáx determinada em teste progressivo máximo em esteira rolante) e % FC de reserva durante a realização de 1000 socos e 1000 chutes com membros alternados, com intervalo de 5 minutos entre os dois exercícios em karatecas altamente treinados (n = 6) e novatos (n = 8) (~15 minutos de duração da sessão). A Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [71] FC foi registrada a cada minuto até o quinto minuto e, após esse período, os registros aconteceram de 3 em 3 minutos para calcular os valores médios da sessão. Adicionalmente foi realizado um teste progressivo máximo em esteira rolante para obtenção da FCmáx. Os valores de FC são apresentados na tabela 4. Para o grupo mais experiente, os valores de FC medidos em ambos os exercícios foram superiores àqueles observados no repouso. Houve diferença entre os exercícios, sendo os valores do exercício de 1000 socos inferiores àqueles observados no exercício de 1000 chutes. Quanto a %FCmáx, os valores observados no exercício de 1000 socos foram inferiores àqueles do exercício de 1000 chutes e superiores aos valores na recuperação. Quanto a %FCres, os valores do exercício de 1000 socos foram inferiores àqueles observados no exercício de 1000 chutes (61). Para o grupo de novatos, os valores de FC medidos em ambos os exercícios foram superiores àqueles observados no repouso e no período de recuperação; houve diferença entre os exercícios sendo os valores observados no exercício de 1000 socos inferiores àqueles observados no exercício de 1000 chutes. Quanto a %FCmáx e %FCres os resultados obtidos foram os mesmos que do grupo mais experiente. Em ambas as sessões a FC permaneceu em intensidade considerada moderada. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [72] Tabela 4 – Resposta da frequência cardíaca em repouso e durante dois tipos de exercício (mil socos e mil chutes separados por 5 minutos de recuperação) (Adaptado de IMAMURA et al. (61)). Repouso 1000 socos 1000 chutes Recuperação FC (bpm) Treinados 69 ± 5 103 ± 15# 127 ± 12#§ 83 ± 13§* Novatos 71 ± 10 116 ± 18# 137 ± 14#§ 87 ± 7#§* FC (% FCmáx) Treinados ___ 53 ± 9 66 ± 8§ 43 ± 7§ Novatos ___ 58 ± 8 70 ± 7§ 44 ± 3§ FC (% FCres) Treinados ___ 27 ± 13 47 ± 13§ ___ Novatos ___ 35 ± 13 52 ± 13§ ___ FC= frequência cardíaca; % FCmáx= percentual da frequência cardíaca máxima obtida em teste máximo; % FCres= percentual da frequência cardíaca de reserva; #= diferente (p < 0,05) do repouso; §= diferente (p < 0,05) dos 1000 socos; *= diferente (p < 0,05) dos 1000 chutes. Treinamento aeróbio e anaeróbio, por Emerson Franchini [73] O mesmo
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