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Asma 
Acd. Paulo Roberto T30 
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Asma 
 Acd. Paulo Roberto T30 
 Aspectos Gerais 
• Conceito: 
➢ Doença heterogênea (diversos fenótipos e endótipos), caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas 
com limitação episódica ao fluxo aéreo – pelo menos parcialmente reversível – com hiperresponsividade, 
levando a sibilos, dispneia, opressão torácica retroesternal e tosse, os quais varia com o tempo e na intensidade; 
o Fenótipos: 
o Endótipos: 
▪ Inflamação tipo 2 (T2) alta – asma de início precoce, mais grave, associada à atopia/IgE e à eosinofilia 
nas vias aéreas e sistêmica; responsivos aos corticoides e às drogas que inibem a inflamação T2; 
▪ Inflamação tipo 2 (T2) baixa – asma de início tardio, com ausência de eosinofilia nas vias aéreas e 
sistêmica; responsividade diminuída aos corticoides; também não respondem às drogas que inibem a 
inflamação T2; 
• Epidemiologia: 
➢ Prevalência, no Brasil, de 20% entre adolescentes – uma das mais altas do mundo; 
➢ 300 milhões no mundo e 20 milhões no Brasil; 
➢ No ano de 2019, segundo a OMS, um estudo entre adultos de 18 a 45 anos evidenciou que 23% dos brasileiros 
tiveram sintomas de asma, porém apenas 12% tinham diagnóstico prévio; 
➢ Em 2013, houveram cerca de 129.728 internações e 2.047 mortes no País; 
➢ Felizmente, a mortalidade e as hospitalizações estão diminuindo, ao passo que há maior acesso aos tratamentos; 
➢ A asma não controlada compromete ¼ da renda familiar entre usuários do SUS. E, infelizmente, apenas 12,3% 
dos asmáticos tem bom controle da doença; 
➢ O pico de incidência é aos três anos de vida; 
➢ Infância – mais comum em meninos; 
➢ Puberdade – mais comum em meninas; 
➢ Adultos – mesma proporção; 
 
 
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• Controle x gravidade da asma: 
➢ Controle da asma expressa a intensidade com que as manifestações são supridas pelo tratamento, 
apresentando variações em dias ou semanas, e compreende: 
▪ Controle das limitações clínicas atuais – sintomas mínimos durante o dia, ausência dos sintomas à noite, 
necessidade reduzida de medicação de alívio dos sintomas, ausência de limitação das atividades físicas; 
▪ Redução dos riscos futuros – exacerbações, perda acelerada da função pulmonar e efeitos adversos do 
tratamento; 
➢ A avaliação do controle, em geral, é feita em relação às últimas 4 semanas. É o principal parâmetro para ajustar 
ou não o plano terapêutico; 
 OBS – A espirometria, apesar de não fazer parte da avaliação de controle da GINA e do ACT, quando disponível, a 
avaliação funcional deve ser feita a cada 3-6 meses para estimar o risco futuro de exacerbações e de perda 
acelerada da função pulmonar; 
➢ Gravidade – refere-se à quantidade de medicamentos para atingir o controle, refletindo uma característica 
intrínseca da doença, e que pode ser alterada lentamente com o tempo; 
▪ Asma leve – step 1 ou 2; 
▪ Asma moderada – step 3; 
▪ Asma grave – step 4 ou 5 ou refratária a estes; 
 Fisiopatologia 
▪ Se dá por uma inflamação crônica nas vias aéreas inferiores (sobretudo brônquios de médio e de pequeno calibre, 
excetuando-se os alvéolos), que gera hipersensibilidade a diferentes estímulos, os quais desencadeiam 
broncoespasmo; 
▪ Nos pacientes que não recebem tratamento apropriado, a persistência da inflamação leva ao remodelamento 
brônquico, que resulta em alterações irreversíveis, como estreitamento luminal por fibrose, hipertrofia/hiperplasia 
da camada muscular e das glândulas submucosas, que passam a hipersecretar muco; 
• Resposta inflamatória T2 alta: 
▪ Resulta da interação das imunidades adaptativa e inata; 
▪ Caracterizado pelo aumento de biomarcadores, como EosEI, EosS e FeNO, correspondendo a 50-75% dos casos 
de asma grave; 
▪ Th2 – IL-4, IL-5 e IL-13: 
✓ IL-4 – maturação de linfócitos naive para linfócitos Th2 e mudança de linfócitos B em produtores de IgE; 
✓ IL-5 – recrutamento, maturação, ativação e sobrevida dos eosinófilos; 
 
 
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✓ IL-13 – fibrose e remodelamento da musculatura lisa e, em conjunto com a IL-4, regula a produção de IgE e 
induz a hiperplasia das células caliciformes, com consequente aumento da produção de muco; 
▪ ILC2 – IL-5 e IL-13: 
✓ Estimuladas pela IL-33 e IL-25 devido ao dano do epitélio das vias aéreas; 
▪ Linfócitos B – IgE, eosinófilos, mastócitos e basófilos; 
▪ Alarminas – citocinas epiteliais, mediadoras frente a estímulos externos (alérgenos, vírus, bactérias, fumaça e 
poluentes, etc); 
• Resposta inflamatória T2 baixa: 
▪ Possivelmente associada à ativação das imunidades inata e adquirida; 
▪ Produção de alarminas (IL-33 e TSLP), que estimulam Th17 a produzirem IL-6, IL-8 e IL-17 – papel importante 
na atração e estimulação de neutrófilos; 
▪ Adicionalmente pode haver ativação de Th1, que produz TNF-alfa e INF-gama, os quais também estimulam a 
inflamação neutrofílica; 
 ASMA EOSINOFÍLICA – alérgica ou não alérgica (predomina no sexo feminino e em asmáticos com rinossinusite 
crônica com ou sem polipose nasal e /ou obesidade, menor resposta aos corticoides e exacerbações frequentes); 
 ASMA NEUTROFÍLICA – comumente associado a infecções respiratórias frequentes, tabagismo, exposição a poluentes 
ambientais ou ocupacionais e, em alguns casos, ao tratamento crônico com corticoides; 
 ASMA PACIGRANULOCÍTICA – infrequente, feito pela ausência de eosinofilia e neutrofilia; 
 Quadro clínico 
▪ Dispneia + tosse (predomínio noturno) + sibilos – achado mais comum; 
▪ Secreção costuma ser hialina, caráter mucoide (“baba branca”); 
▪ Podem melhorar espontaneamente; 
▪ Melhora parcial ou total com tratamento; 
▪ Opressão/desconforto torácico – pode estar presente; 
▪ Piora com exposição a alérgenos; 
▪ Sintomas pioram à noite e durante as primeiras horas do dia – devido ao cortisol baixo; 
▪ Período intercrise – pode ser oligo ou assintomático; 
▪ Exame físico: 
✓ FTV – normal ou diminuído; 
✓ Percussão – normal ou hipersonoridade; 
✓ Ausculta – MV diminuído, roncos – quando há muita secreção – e sibilos expiratórios; 
✓ Cianose central (em casos de hipoxemia), pulso paradoxal (sinal de gravidade), taquipneia (expiração > 
inspiração); 
▪ Outros possíveis achados: 
✓ Dificilmente causa insuficiência respiratória aguda; 
✓ Gasometria – hipocapnia (alcalose respiratória); 
✓ Normo ou hipocapnia pode indicar fadiga da musculatura acessória; 
✓ Em casos graves – hipoxemia (distúrbio ventilação/ perfusão); 
 Fatores que influenciam o controle da asma 
▪ Diagnóstico incorreto; 
▪ Falta de adesão ao tratamento – principal causa de falta de controle; decorre de fatores voluntários (medos e 
mitos sobre o tratamento) e de fatores involuntários (falta de acesso ao tratamento ou dificuldade no uso do 
dispositivo) – apenas 32% são aderentes; 
▪ Tabagismo – exposição ao tabagismo passo aumenta o risco de exacerbações, dificulta o controle, aumenta a 
gravidade, acelera a perda da função pulmonar e diminui a responsividade ao corticoide inalatório – asmáticos 
tabagistas têm risco aumentado de internações e de exacerbações graves; 
 
 
 
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▪ Exposição ambiental e ocupacional: 
✓ Ambiental (ex: poeiras e poluição – material particulado fino, ozônio, NO2 e CO); 
✓ Domiciliar (ex: queima de biomassa, ácaros, alérgenos de barata, fungos e animais); 
✓ Ocupacional (ex: alergia à látex, agentes de baixo peso molecular e material de limpeza) – devem ser, se possível, 
eliminadas ou minimizadas; 
▪ Infecções virais – as células da mucosa respiratória dos asmáticos secretam menos interferon, logo são mais 
suscetíveis (ex: Rhinovírus, Coronavírus e o próprio vírus do sincício respiratório); 
▪ Uso de outras drogas que podem dificultar o controle da asma – aspirina e AINES (nos sensibilizados), BB (VO 
ou colírios – broncoespasmo); 
▪ Dieta – alguns conservantes (ex: metabissulfito); 
▪ Exercício físico – hiperventilação (sobretudo em clima frio e seco), excesso de choro e riso(crianças pequenas) – 
▪ Comorbidades – rinite (~80%), DRGE, HAS, obesidade, disfunção de cordas vocais, rinossinusite crônica, polipose 
nasal, ansiedade, depressão, apneia do sono, disfunção respiratória, DPOC, aspergilose broncopulmonar alérgica, 
bronquiectasias, asma piorada ou causada por exposição ocupacional, etc; 
 OBS – A investigação sistemática para comorbidades deve ser realizada nos casos de asma de difícil controle (17,4% 
dos asmáticos adultos e 74,1% dos classificados nas etapas IV e V da GINA); 
 Diagnóstico de asma 
• Antecedentes: 
o Aumenta probabilidade: 
▪ Início na infância; 
▪ Piora noturna; 
▪ Mais de um sintoma; 
▪ Presença de gatilhos; 
▪ Variação ao longo do dia e em intensidade; 
▪ Presença de rinite (80% dos asmáticos tem); 
▪ História familiar de asma ou de alergia; 
o Diminui probabilidade: 
▪ Tosse isolada, sem outros sintomas respiratórios; 
▪ Produção crônica de secreção, dor torácica; 
▪ Sintomas constitucionais – febre, perda de peso; 
• Avaliação complementar: 
▪ Hemograma – eosinofilia – inespecífico, porém a maioria dos asmáticos (+); 
▪ Radiografia de tórax – apenas para diagnóstico diferencial (normal na asma); 
▪ Pesquisa de alergia – teste cutâneo de leitura imediata e IgE sérica específica (verificação de alergia a ácaros, 
etc); 
▪ Funcional – espirometria e pico de fluxo expiratório; 
▪ Outros – teste de broncoprovocação (TBP) com metacolina; 
• Espirometria: 
➢ Teste funcional que demostra limitação ao fluxo de ar e a resposta ao broncodilatador; 
➢ Avalia gravidade da obstrução – pior VEF1 > exacerbação; 
➢ Uso para acompanhamento e resposta ao tratamento (3-6 meses após o início do tratamento); 
➢ Pode ser normal – como a limitação ao fluxo é variável, pode ser que, durante o exame, o paciente não apresente 
tal, o que, por si só, não descarta o diagnóstico de asma. Além disso, pode indicar remissão; 
o Relação VEF1/CVF (índice de Tiffenau): 
▪ Tem-se um valor esperado para cada paciente. Daí, primeiramente realiza-se o exame para observar o valor 
atingido pelo paciente; 
▪ Se encontra reduzido (< 75% em adultos ou < 86% em crianças); 
 
 
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▪ Em seguida, avalia a resposta aguda (10-15 minutos) do VEF1 à inalação de broncodilatador de curta ação 
(Salbutamol, 200-400μg); 
▪ Teste positivo: 
✓ Aumento do VEF1 ≥ 12% e ≥ 200 mL em relação ao valor basal; 
✓ Ou VEF1 ≥ 7% e ≥ 200 mL sobre o valor de referência; 
✓ Aumento do CVF ≥ 350 mL (obstrução grave – consequência de hiperinsuflação e/ou aprisionamento 
aéreo); 
✓ Aumento do VEF1 ≥ 20% após tratamento; 
▪ Também pode-se comparar a função pulmonar basal e após 4 semanas de tratamento com corticoide ou 
entre visitas em períodos de estabilidade clínica; 
 CONSIDERAÇÕES – Como já citado, a ausência de variação ao broncodilatador não exclui o diagnóstico, 
especialmente na asma grave, em que pode haver remodelamento das vias aéreas, maior obstrução ao fluxo aéreo e 
menor VEF1; 
 CONSIDERAÇÕES – A espirometria pode ser repetida com a suspensão prévia dos broncodilatadores por tempo 
adequado (washout), durante a ocorrência de sintomas ou ainda após um curso de corticoide sistêmico, mostrando 
variação > 10% no VEF; 
• Teste provocativo: 
➢ Uso de broncoconstritores, como metacolina, histamina, carbacol, em que se avalia a hiperresponsividade 
brônquica, de modo que: 
▪ Positivo – redução ≥ 20% do VEF1; 
➢ Além disso, também pode ser feito com exercício físico – queda de 10 a 15% do VEF1; 
➢ Deve ser feito em ambiente hospitalar; 
• Pico do fluxo expiratório (PFE): 
➢ Mede, de forma longitudinal, o grau diurno de obstrução das vias aéreas e a sua instabilidade; 
➢ Em fase estável, não há variação; 
➢ Muito útil para diagnóstico de asma ocupacional; 
➢ Flutuação indica asma não controlada; 
▪ Variação ≥ 20% no período de 2-3 semanas; 
 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL – IC, TEP, obstrução por corpo estranho, esofagite, obstrução de laringe/traqueia; 
 Tratamento de controle da asma 
• Objetivo: 
▪ Atingir e manter o controle atual da doença; 
▪ Prevenir riscos futuros – exacerbações, instabilidade da doença, perda acelerada da função pulmonar e efeitos 
adversos do tratamento; 
• Pontos presentes na abordagem: 
▪ Relação médico-paciente (educação e adesão); 
▪ Identificação e controle dos fatores de risco – ex: exercício, infecção, medicação, estresse, comorbidades; 
▪ Tratamento farmacológico; 
▪ Plano de ação por escrito; 
▪ Treinamento do uso de dispositivo inalatório e a revisão da técnica inalatória a cada consulta; 
• Classes farmacológicas: 
A. Agonistas dos receptores β-2 adrenérgicos: 
▪ Mecanismo de ação – se liga ao receptor acoplado à proteína Gs, que leva à broncodilatação; em menor 
grau, aumentam a depuração mucociliar e a integridade vascular; 
▪ SABA (ação curta) – Terbutalina, Salbutamol, Fenoterol (Berotec®), etc; 
▪ LABA (ação longa) – Salmeterol, Formoterol, Indacaterol (UltraLABA); 
▪ Efeitos colaterais – tremor muscular, taquicardia, hipopotassemia, inquietação, hipoxemia; 
 
 
 
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B. Anticolinérgicos muscarínicos: 
▪ Mecanismo de ação – bloqueiam os receptores M3 muscarínicos presente no músculo liso, impedindo a 
ligação da acetilcolina e, consequentemente, sua ação broncoconstritora e indutora de secreção. São mais 
eficientes na redução da secreção brônquica; 
▪ Efeitos colaterais – xerostomia (Tiotrópio), sabor amargo na boca (Ipratrópio), retenção urinária (mais em 
idosos), precipitação de glaucoma (mais raro) – poucos efeitos sistêmicos; 
C. Corticoides inalatórios: 
▪ Ação – atuam diminuindo a inflamação, melhoram a função pulmonar e a qualidade de vida, bem como 
reduzem mortalidade e hospitalizações; 
▪ Efeitos colaterais (locais) – disfonia, candidíase oral e irritação da garganta – reduzidos com emprego de 
inalador pressurizado dosimetrado com espaçador e com higiene oral após a inalação de cada dose; 
▪ Efeitos colaterais (sistêmicos) – por uso prolongado de altas doses – redução da densidade mineral óssea, 
infecções respiratórias (incluindo tuberculose), catarata, glaucoma, supressão do eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal, retardo do crescimento em crianças, DM; 
▪ Considerações – após obtenção e manutenção do controle por um tempo prolongado (não < 3 meses), a 
dose do CI deve ser a mínima possível; 
D. Antileucotrienos: 
▪ Mecanismo de ação – bloqueio do receptor de leucotrienos (Montelucaste e Zafirlucaste) ou bloqueio da 
enzima 5’lipoxigenase (Zileuton). Logo, melhoram função pulmonar e reduzem sintomas; 
 OBS – Montelucaste reduz inflamação da via área e bloqueia broncoconstrição; tem efeito não 
inferior ao CI no controle da asma, mas tem efeito menor na redução das exacerbações; 
▪ Efeitos colaterais – mínimos, sendo cefaleia, dispepsia e diarreia os mais relatados; 
▪ Principais indicações – na redução da dose de corticoide, pacientes com muita atopia (ex: rinite alérgica); 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 OBS – O uso de LABA como monoterapia na asma está contraindicado por aumentar o risco e hospitalização e 
morte por asma; 
 OBS – CI + LABA é o tratamento preferencial nas etapas III a V da asma; 
 OBS – O limite máximo é até de 12 inalações/dia; 
 
 
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 OBS – O uso de associação CI + LABA pode ser em dose fixa (mais SABA de resgate) ou em dose variável 
(Budesonida + Formoterol ou Beclometasona + Formoterol de manutenção e resgate, usando um único inalador); 
• Manejo da asma por etapas baseado no controle: 
▪ Envolve consultas mais frequentes (a cada 3-6 meses) e acompanhamento regular do asmático; 
▪ Antes de ajustar a medicação, é preciso avaliar a estabilidade da asma (controle atual e ausência de 
exacerbações graves no último ano), a adesão ao tratamento, controle das comorbidades, risco de exacerbações, 
exposição ocupacional e ambiental, etapa do tratamento e dos potenciaisefeitos adversos da medicação; 
▪ Dose fixa – ajuste periódico, conforme nível de controle; 
▪ Dose variável – pelo próprio paciente, de acordo com a percepção dos sintomas; 
 
• Tratamento alternativo para asma: 
▪ CI + SABA – por demanda nas etapas I e II da GINA; 
▪ Montelucaste – opção ao SABA na asma induzida por exercício (diariamente ou de forma intermitente), 
associado ao CI como opção nas etapas II a IV da GINA; e associado ao CI + LABA na tentativa de melhorar o 
controle da asma (etapa IV); 
• Tratamento de resgate com SABA: 
▪ Uso por demanda (sempre associado a CI) é eficaz no alívio imediato dos sintomas e na prevenção em curto 
prazo dos sintomas induzidos por exercícios; 
▪ Uso excessivo (> 3 canisters no ano) está associado a um maior risco de exacerbações, e o isso de 1 > 
canister/mês está associado a um maior risco de morte por asma; 
• Dispositivos inalatórios: 
1. Inaladores pressurizados: 
▪ Vantagens – menor custo, disponíveis para maioria dos medicamentos; 
▪ Desvantagens – exige técnica (se usados sem espaçador), deposição orofaríngea, pigarro e tosse (sem 
espaçador), ausência do contador de doses impede contagem do número restante; 
2. Espaçadores: 
▪ Vantagens – baixa deposição na orofaringe, aumentam deposição pulmonar, facilita uso dos IPs; 
▪ Desvantagens – maiores riscos de doses excessivas e contaminação, demanda manutenção e limpeza; 
 
 
 
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3. Inaladores de pó: 
▪ Vantagens – menor técnica, dispõem de marcador de dose; 
▪ Desvantagens – mais caros que IPs, dificuldade de uso, pois demanda fluxo (sobretudo por crianças < 5 
anos, idosos e pacientes com obstrução grave); 
4. Nebulizador a jato e nebulizador ultrassônico: 
▪ Vantagens – permitem uso em volume corrente, baixa deposição na orofaringe, uso em pacientes com 
obstrução grave; 
▪ Desvantagens – oneroso, requer fonte de energia e produz muito ruído, baixa adesão (transporte e maior 
tempo para a inalação), maiores riscos de doses excessivas e contaminação, necessitam de manutenção e 
limpeza; 
 Manejo da asma grave 
• Generalidades: 
▪ A asma grave é definida como aquela com boa adesão ao tratamento e com diminuição ou eliminação de 
fatores associados à falta de controle da doença, que permanece não controlada com o tratamento máximo 
otimizado ou que necessita desse tratamento para evitar que a doença se torne não controlada (na tentativa de 
reduzir a dose de CI ou CO), apesar da supressão ou minimização dos fatores que pioram o controle da asma; 
▪ Tratamento máximo – uso de altas doses de CI e de um segundo medicamento de controle no ano anterior 
ou uso de CO em >/= 50% dos dias no ano anterior; 
▪ É um subgrupo da asma de difícil controle; tem diagnóstico retrospectivo; 
▪ Asma de difícil controle – paciente nas etapas IV e V, permanece não controlado ou que necessita desse 
tratamento devido à presença concomitante de um ou mais fatores que podem interferir no controle da doença; 
▪ Cerca de 3,7% dos asmáticos tinham asma grave, sendo < 1% de asma grave eosinofílica; 
 OBS – Em pacientes com ADC, a taxa de adesão à medicação inalatória de manutenção é cerca de 50%; 
• Biomarcadores – mais usados na T2 alta; 
➢ Auxilia na identificação dos diferentes fenótipos e endótipos, bem como prediz a resposta ao tratamento da 
asma grave; 
▪ IgE – produzida pelos linfócitos B através da estimulação das interleucinas 4 e 13 – os valores de IgE podem 
sofrer interferência da idade e de outras condições não atópicas; o diagnóstico do fenótipo alérgico não depende 
do valor da IgE sérica total, apesar desse valor ser usado no cálculo da dose de tratamento com anti-IgE na asma 
grave; 
▪ EosEI e EosS (eosinófilos no escarro induzido e no sangue periférico) – método não invasivo que permite a 
quantificação do padrão de células inflamatórias nas vias aéreas; ponto de corte varia ≥ 2 ou ≥ 3%), sendo seu 
aumento um preditor de resposta a CI e CO, de falta de controle da doença e de maior risco de exacerbações; 
GINA sugere um corte e EosS ≥ 150 células/ microlitro para caracterizar T2 alta, sendo feito em pelo menos três 
ocasiões e sob a menor dose possível de CO; 
▪ FeNO – o seu aumento relaciona-se com maior comprometimento da função pulmonar e exacerbações mais 
graves; GINA ≥ 20 ppb (inflamação T2 alta); pode aumentar ou diminuir frente a fatores, como uso de CI e/ou 
CO ou falta de adesão ao tratamento; 
• Tratamento: 
▪ Tiotrópio – adjuvante para asmáticos > 6 anos com asma não controlada nas etapas IV e V da GINA (CI + LABA 
+ Tiotrópio – melhora função pulmonar e reduz a taxa de exacerbações); opção alternativa ao uso de LABAs 
(quando não bem tolerados, maior risco de eventos adversos ou ineficácia); 
▪ Omalizumabe – anticorpo monoclonal humanizado anti-IgE, usado na etapa V; indicado para portadores de 
asma grave com idade >/= 6 anos; administração SC, a cada 2-4 semanas, com avaliação após 16 semanas; bem 
tolerado, com baixo risco de anafilaxia (0,07-0,14%); 
▪ Mepolizumabe – anticorpo monoclonal humanizado anti- IL-5 (reduz inflamação eosinofílica); indicado para 
asma grave eosinofílica, a partir de 6 anos, na etapa V; eosinofilia >/= 150 células/microlitro no momento ou 
>/= 300 nos 12 meses anteriores; administração SC a cada 4 semanas; 
 
 
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▪ Benralizumabe – anticorpo monoclonal humanizado IgG1-kappa, indicado como terapia adicional em 
portadores de asma eosinofílica grave – se liga ao receptor alfa da IL-5, levando a apoptose do eosinófilo; uso a 
partir dos 18 anos na etapa V; 
▪ CO em doses baixas – uso após verificar todas as condições que podem estar associadas à falha. Seu uso 
prolongado pode causar efeitos adversos graves; se uso > 3 meses, o monitoramento deve ser permanente 
devido ao risco de IA m casos de trauma, doenças agudas ou cirurgia; 
▪ Azitromicina – uso controverso e off-label (3x/semana por 12 meses); efeitos adversos – ototoxicidade, arritmia 
cardíaca e aumento do intervalo QT, além do aumento da resistência bacteriana; 
 Outras abordagens no manejo da asma 
▪ Vacinas – influenza, antipneumocócica 10 e 23- valente (asma persistente moderada a grave) – 10-valente apenas 
para crianças até 1 ano e 11 meses; recomendação da 13-valente conjugada, seguida da 23-valente após 6 meses; 
▪ Imunoterapia – opção nos asmáticos com componente alérgico proeminente; eficaz em monossensibilizados para 
ácaros domésticos e com asma leve/moderada, com benefício menor nos com asma grave e polissensibilizados; 
 Plano de ação 
➢ Deve ser dividido em: 
1. Tratamento da asma controlada no dia a dia; 
2. Quando, como e por quanto tempo usar a medicação de resgate e aumentar o tratamento de controle; 
3. Quando usar CO; 
4. Quando procurar auxílio médico de emergência ou urgência; 
➢ Deve incluir, ainda, as definições dos níveis de controle da asma; 
➢ A (adesão), B (broncopneumonia), C (comorbidades), D (diagnóstico diferencial), E (exposição); 
o SABA de resgate: 
▪ Uso >/= 2 dias consecutivos é sinal de alerta e indica a necessidade de se reintroduzir ou reavaliar e ajustar o 
tratamento de controle; 
▪ Não deve ser usado isoladamente; 
▪ Dose recomendada – 1 a 2 doses inaladas via espaçador, se necessário, podendo ser repetida a cada 20-30 
min até 3x seguidas; 
 
 
 
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o Aumento do CI: 
▪ Dose dobrada quando os sintomas piorarem, exigindo repetidas doses de SABA por mais de 1 ou 2 dias; 
▪ Se pacientes em monoterapia com CI, dobrar dose; 
▪ Se CI + LABA, usar a dose mais alta da combinação; 
▪ Caso estiver em dose mais alta de CI em monoterapia, associar LABA; 
▪ Se CI + LABA em dose fixa, aumentar para a dose mais alta do CI nessa combinação; 
 OBS – Em pacientes usando CI + Formoterol de manutenção e resgate o plano deve conter a dose fixa diária de 12/12 
horas e doses adicionais na presença de sinais de descontrole da asma (máximo de 72 μg/dia de Formoterol); 
oOrientações para o uso de CO: 
▪ Dose máxima de 40-50 mg/dia por 5-7 dias para pacientes sem melhora do controle da asma com uso de SABA 
após 48h, com piora da função pulmonar ou com uma exacerbação mais grave; 
▪ Orientar sobre os efeitos adversos; 
 Condutas em situações específicas 
▪ Obesidade – perdas de-% já podem melhorar a qualidade de vida do asmático; 
▪ Alergia alimentar – deve-se diferenciar crise asmática de anafilaxia, pois no último caso o uso de epinefrina salva 
a vida do paciente; 
▪ Asma induzida por exercício – profilaxia pré-exercício com SABA inalatório; 
▪ Gravidez – o descontrole da asma na gestação é muito mais grave do que eventuais paraefeitos das drogas 
antiasmáticas (pode iniciar com Budesonida); se uso de SABA 48h antes do parto, deve haver monitorização da 
glicemia neonatal nas primeiras 24h de vida, sob risco de hipoglicemia no RN; 
▪ Peroperatório – uso de SABA antes da intubação para evitar broncoespasmo reflexo; se paciente estiver em uso de 
CI em dose alta ou CO > 2 semanas nos 6 últimos meses que antecedem a cirurgia, deve receber hidrocortisona IV 
para evitar IA aguda; 
 Exacerbação da asma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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	Acd. Paulo Roberto T30
	Aspectos Gerais
	Fisiopatologia
	Quadro clínico
	Fatores que influenciam o controle da asma
	Diagnóstico de asma
	Tratamento de controle da asma
	Manejo da asma grave
	Outras abordagens no manejo da asma
	Plano de ação
	Condutas em situações específicas
	Exacerbação da asma

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