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APG 6 GUSTAVO MENDES SARMENTO Objetivos: 1- Compreender o conceito, epidemiologia, fisiopatologia, sintomas, exames, diagnóstico e prognóstico da Doença Arterial Coronariana Estável. 2- Descrever os tipos de Angina (estável e instável). 3- Analisar fisiopatologia da Aterosclerose. 4- Revisar a circulação coronariana. Referências: SOCESP 5ª Ed. – 9ª; Bogliolo 10 Ed.; Porth, 10ª Ed.; Tortora 14ª Ed.; Diretrizes de Doença Arterial Coronariana Estável. ❖ Circulação Coronariana: As duas artérias coronárias principais: - Coronárias Direita e Esquerda: originam-se do seio coronariano pouco acima da valva aórtica. - Artéria Coronária Esquerda: fornece sangue às partes anterior e lateral do Ventrículo Esquerdo. - Artéria Coronária Direita: estende-se ao longo do sulco atrioventricular direito e seus ramos irrigam a maior parte do ventrículo direito e a parte posterior do VE em 80 a 90% dos casos. Desse modo, a obstrução das artérias coronárias direita e esquerda pode causar lesão do ventrículo esquerdo. Observação: Em geral, a artéria coronária direita estende-se à parte posterior do coração, onde dá origem à artéria descendente posterior, que normalmente irriga a parte posterior do coração, o septo interventricular, os nós sinoatrial (SA) e atrioventricular (AV) e o músculo papilar posterior. As artérias coronárias epicárdicas calibrosas estão localizadas na superfície do coração, com as artérias intra-miocárdicas menos calibrosas ramificando-se e penetrando no miocárdio antes de se misturarem com uma rede ou plexo de vasos subendocárdicos. Embora não existam conexões entre as artérias coronárias calibrosas, há canais anastomóticos que interligam artérias finas. Com a obstrução progressiva das artérias mais calibrosas, os vasos colaterais mais finos aumentam de diâmetro e fornecem canais alternativos para a circulação do sangue. Uma das razões pelas quais a DAC não causa sintomas até que esteja muito avançada é que os vasos colaterais desenvolvem se ao mesmo tempo em que as lesões ateroscleróticas progridem. Já as veias coronarianas principais são: - Veia Cardíaca Magna (ou Veia Cardíaca Anterior): Drena a parte anterior do coração e flui principalmente para o átrio direito. - Veia Cardíaca Média: Drena a região média do coração, seguindo um curso variável, frequentemente desembocando na grande veia cardíaca. - Veia Cardíaca Pequena (ou Veia Cardíaca Posterior): Drena a parte posterior do coração e geralmente deságua na grande veia cardíaca. - Grande Veia Cardíaca: É uma veia coletora importante que recebe o sangue das outras veias coronárias e desemboca no átrio direito. As veias coronárias são vitais para a função cardíaca e o bloqueio ou obstrução delas pode levar a condições graves, como a doença arterial coronariana, que é uma das principais causas de ataques cardíacos. ➢ FLUXO SANGUÍNEO AO MIOCÁRDIO: O fluxo sanguíneo das artérias coronárias é controlado principalmente por fatores físicos, neurais e metabólicos. O fluxo sanguíneo do miocárdio é regulado principalmente pela atividade metabólica do mesmo e por mecanismos autorreguladores que controlam a vasodilatação, que se segue ao aumento do trabalho cardíaco. Dentre essas substâncias, a adenosina parece ter efeito vasodilatador mais acentuado e talvez seja o mediador crítico do fluxo sanguíneo local. Além de gerar a pressão aórtica que movimenta o sangue dentro das coronárias, a contração do músculo cardíaco afeta seu próprio fluxo sanguíneo ao comprimir os vasos sanguíneos intramiocárdicos e subendocárdicos durante a sístole. O sistema nervoso autônomo produz seus efeitos no fluxo sanguíneo coronário alterando a frequência e a contratilidade cardíacas e a pressão arterial. O fluxo sanguíneo coronariano é regulado principalmente pela demanda de oxigênio do músculo cardíaco. Em condições normais em repouso, o coração extrai e utiliza 70% do oxigênio do sangue que circula pelas artérias coronárias. Como há pouca reserva de oxigênio no sangue, as artérias coronárias precisam aumentar seu fluxo para atender às necessidades metabólicas do miocárdio durante os períodos de atividade acentuada. Quando há um desequilíbrio entre o fornecimento e a demanda de oxigênio do miocárdio, pode haver isquemia miocárdica e angina, infarto do miocárdio ou até mesmo morte súbita. Observação: A frequência cardíaca é o fator mais importante para a demanda de oxigênio do miocárdio, por duas razões: 1. À medida que a frequência cardíaca aumenta, o consumo ou a demanda de oxigênio do miocárdio também aumenta. 2. O fluxo sanguíneo das coronárias subendocárdicas é reduzido porque o tempo de enchimento diastólico diminui quando a frequência cardíaca está elevada. ❖ Fisiopatologia da Aterosclerose: ➢ Introdução: O conceito de aterosclerose antigamente aceito e reconhecido era de um processo proliferativo insidioso e passivo e suas consequências vasculares decorrentes apenas da obstrução mecânica simples ao fluxo sanguíneo. Podemos afirmar que a aterosclerose se trata de uma doença inflamatória crônica sistêmica de grande complexidade que ocorre sobretudo na camada íntima das artérias, mas também envolvendo as camadas média e adventícia. Podemos dizer que a inflamação acaba por modular as seguintes ações na aterogênese: -A ativação do endotélio e recrutamento monolinfocitário. -A captação e oxidação das partículas de lipoproteínas de baixa densidade (LDL). -A produção local e sistêmica de citocinas pró inflamatórias. -A produção de proteases e a degradação da capa fibrótica, responsáveis pela desestabilização da placa. -A indução da apoptose das células da placa. -O controle da coagulação após rotura da placa, aumentando fatores pró-coagulantes tanto no núcleo lipídico quanto no sangue. O processo de crescimento e de desenvolvimento da doença aterosclerótica se dá de maneira silenciosa e ao longo de décadas, iniciando-se com a formação da estria gordurosa em crianças e adolescentes, progredindo para formação de placas complexas na idade adulta. Nesse momento, essas placas, a depender do seu tamanho e do seu grau de instabilidade, podem levar a um quadro sintomático como angina pectoris, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral ou claudicação intermitente. ➢ FISIOPATOLOGIA: Inicialmente é válido mencionar os dois tipos celulares predominantes em uma artéria normal e que têm importância fundamental na gênese da placa aterosclerótica são: - Células Endoteliais (CE) - Células Musculares Lisas (CML) Isso porque essas células possuem especificidades que fazem com que as tornem propícias a acontecer esse evento da criação de placas. Para iniciar a explicação da fisiopatologia, uma artéria possui três camadas (ou túnicas) principais: - Túnica íntima - Túnica média -Túnica adventícia Ademais a tudo isso, faz-se necessário citar as Fases do desenvolvimento da Aterosclerose. Apesar de se tratar de um processo contínuo, para fins didáticos, iremos dividir o processo ateromatoso em quatro grandes fases: - Fase inicial da aterogênese Em seu estado normal, as células endoteliais (CE), que recobrem a superficial da parede arterial, não permitem a adesão de células sanguíneas como os leucócitos. Entretanto, fatores de risco ou desencadeadores da aterosclerose como cigarro, hipertensão, hiperglicemia, dieta rica em gorduras saturadas, obesidade ou resistência à insulina podem levar a disfunção endotelial e instigar a expressão de moléculas de adesão pelas CE, permitindo a adesão dos leucócitos à parede arterial. Após uma fase inicial de rolamento, mediada por moléculas endoteliais de adesão denominadas selectinas, os monócitos passam para a fase de adesão firme, caracterizadapela interação entre a VCAM-1 do endotélio e moléculas específicas de integrina na superfície dos monócitos e linfócitos T. Uma vez aderidos ao endotélio arterial, os monócitos penetram por meio do endotélio e entram na íntima do vaso por diapedese, processo dependente de um gradiente quimiotático, gerado, por exemplo, pela proteína quimiotática de monócito (MCP-1). - Fase de desenvolvimento da estria gordurosa. Na íntima das artérias, monócitos maturam-se em macrófagos e após a internalização excessiva de lipídios modificados, os macrófagos tornam-se células espumosas. As ações de fagocitose e de liberar citocinas exercidas por estes macrófagos são componentes da chamada resposta imunológica inata, aquela que não necessita da ativação e interação entre linfócitos T e B para ocorrer. Hoje, sabemos também, entretanto, que a resposta imune adaptativa também contribui para a aterogênese. Os linfócitos T ativados apresentam diferentes comportamentos de resposta imune, a depender de sua programação genética e das citocinas específicas a que é exposto. De maneira especial, os linfócitos TCD4+ que apresentam resposta TH1 contribuem para progressão das lesões ateroscleróticas. - Fase de progressão para placa complexa. A deposição do tecido fibroso define a lesão aterosclerótica mais avançada, com a formação da capa fibrosa. Nesta fase, as células musculares lisas (CML) sintetizam a matriz extracelular. Essas células migram da túnica média para a íntima em resposta à produção de fator de crescimento derivado de plaqueta secretado pelos macrófagos ativados e pelas células endoteliais (CE), processo em parte estimulado pela degradação da matriz extracelular pela metaloproteinase de matriz 9 (MMP-9) e por outras proteinases. Concomitantemente, mais macrófagos e linfócitos T infiltram as lesões ateroscleróticas e localizam-se preferencialmente na borda do ateroma, onde a atividade inflamatória é mais ativa e por onde se dá o crescimento da placa. - Fase de rotura da placa. A rotura da placa com sua trombose é a complicação mais temida da aterosclerose, estando por trás da fisiopatologia de grande parte das síndromes coronarianas agudas. Acredita-se que para a rotura acontecer deva haver um desequilíbrio entre produção e degradação de matriz extracelular que compõe a capa fibrosa, sendo que, no cômputo final, haja predomínio da degradação da matriz, enfraquecimento da capa e rotura. A inflamação, mais uma vez, seria o processo básico que faria essa regulação. Com a rotura, as moléculas de fator tecidual do núcleo lipídico exposto, proveniente das células espumosas e de partículas apoptóticas de CMLs, irão interagir com moléculas de fibrinogênio e inibidor do ativador plasminogênio (PAI- 1) presentes no sangue, levando à formação de um trombo sobre a placa rota. ❖ Compreender Doença Arterial Coronariana Estável ❖ CONCEITO: A doença coronariana, também conhecida como doença arterial coronariana estável ou angina, é uma condição médica caracterizada pela redução do fluxo sanguíneo nas artérias coronárias que irrigam o músculo cardíaco estável (miocárdio). Isso geralmente ocorre devido à presença de placas de gordura, colesterol e outros depósitos nas paredes das artérias coronárias, conhecidas como aterosclerose. ❖ EPIDEMIOLOGIA: A DAC é uma das principais formas de apresentação da doença arterial coronária, diante disso aparece como uma das principais doenças do século 21 por sua morbidade e mortalidade. Com base na observação de estudos, estima-se a prevalência de angina em 12 a 14% dos homens, e em 10 a 12% das mulheres com idades entre 65 a 84 anos. Nos Estados Unidos, um a cada três adultos (em torno de 81 milhões de pessoas) tem alguma forma de doença cardiovascular, incluindo mais de 10 milhões de pessoas com angina pectoris. No Brasil, dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) mostram que a causa cardiovascular corresponde a perto de 30% das causas de morte. Para ser ter uma ideia, ocorreram, no Brasil, mais de 80 mil internações apenas no mês de fevereiro de 2014 por doenças do sistema circulatório. ❖ CAUSAS, CONSEQUENCIAS E FATORES DE RISCO: Causas: Na maioria dos casos, a DAC é causada por aterosclerose, que acomete não apenas as artérias coronárias, como também as artérias de outras partes do corpo. Nos demais casos, a DAC pode resultar do aumento da demanda (p. ex., aumento da frequência cardíaca ou hipertensão); da diminuição do volume sanguíneo (p. ex., hipotensão ou choque); da diminuição da oxigenação (p. ex., resultante de pneumonia ou ICC); ou da redução da capacidade de transportar oxigênio (p. ex., causada por anemia ou intoxicação por monóxido de carbono). Consequências: As doenças das artérias coronárias podem causar isquemia miocárdica e angina, infarto do miocárdio ou ataque cardíaco, arritmias cardíacas, distúrbios da condução, insuficiência cardíaca e morte súbita. Fatores de risco: Os principais fatores de risco da DAC são tabagismo, hipertensão arterial, níveis séricos altos de colesterol total e lipoproteína de baixa densidade (LDL), nível sérico baixo de lipoproteína de alta densidade (HDL), diabetes, idade avançada, obesidade abdominal e falta de atividade física. Observação: Os pacientes com diabetes e síndrome metabólica têm riscos especialmente altos de desenvolver DCV e morbidade significativa causada por esta doença. ❖ FISIOPATOLOGIA: A doença arterial coronariana estável é uma condição em que ocorre um estreitamento gradual das artérias coronárias que fornecem sangue ao músculo cardíaco. Isso é geralmente causado pelo acúmulo de placas de gordura e depósitos de cálcio nas paredes das artérias, resultando em um processo chamado aterosclerose. Essas placas, compostas principalmente de lipídios, tecido conjuntivo e células inflamatórias, podem eventualmente obstruir parcialmente o fluxo sanguíneo, o que limita a quantidade de oxigênio e nutrientes que chegam ao coração. Isso pode levar a sintomas como dor no peito (angina) durante o esforço ou estresse. A fisiopatologia envolve uma série de eventos: Lesão Endotelial: O revestimento interno das artérias (endotélio) pode ser danificado por fatores como tabagismo, pressão arterial alta, diabetes e níveis elevados de colesterol. Isso permite que lipídios entrem nas paredes arteriais. Inflamação e Acúmulo de Placas: As células do sistema imunológico são atraídas para o local da lesão, causando inflamação. As células inflamatórias acumulam colesterol oxidado, que é transportado para dentro das células musculares lisas das artérias. Formação de Placas: As células musculares lisas se acumulam nas paredes arteriais, juntamente com o colesterol e o cálcio. Isso forma placas ateroscleróticas, que podem crescer gradualmente e estreitar o lúmen das artérias. Estreitamento Progressivo: Conforme as placas aumentam, o lúmen das artérias diminui, reduzindo o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. Isso pode resultar em episódios de angina, dor no peito que ocorre durante o esforço. Risco de Ruptura: As placas podem se tornar instáveis e vulneráveis à ruptura. Se isso acontecer, podem ser liberados coágulos sanguíneos que podem obstruir completamente o fluxo sanguíneo na artéria. Isso pode levar a um infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco), causando danos permanentes ao músculo cardíaco. OBS: O tratamento visa controlar os fatores de risco, aliviar os sintomas e prevenir complicações graves, como o infarto. Isso pode envolver medicamentos, mudanças no estilo de vida, angioplastia com colocação de stent ou, em casos graves, cirurgia de revascularização miocárdica (ponte de safena ou mamária). ❖ SINTOMAS: A doença arterial coronarianaestável pode se manifestar de várias maneiras, e os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Geralmente, os sintomas ocorrem durante o esforço físico ou em situações de estresse, quando o coração precisa de mais oxigênio. Alguns sintomas incluem: Angina de Peito: A angina é o sintoma mais comum da doença coronariana estável. É uma sensação de desconforto, pressão, aperto ou dor no peito. Pode ser descrita como uma sensação de "queimação" ou "aperto". A angina de peito geralmente ocorre durante a atividade física ou emocionalmente estressante e melhora com o repouso ou a administração de medicamentos. Dispneia: A falta de ar é outro sintoma frequentemente associado à doença coronariana estável. Pode ocorrer durante atividades físicas leves ou mesmo em repouso, dependendo da gravidade do estreitamento das artérias coronárias. Fadiga: Pessoas com doença coronariana estável podem se sentir cansadas ou com pouca energia, mesmo após atividades leves. Náusea ou Indigestão: Alguns pacientes podem experimentar náuseas ou desconforto no estômago, que podem ser erroneamente atribuídos a problemas gastrointestinais. Sudorese: A sudorese excessiva, especialmente fria e pegajosa, pode ocorrer durante episódios de angina ou outras situações de estresse cardíaco. Sintomas Atípicos: Em algumas pessoas, a doença coronariana estável pode causar sintomas menos típicos, como dor no pescoço, mandíbula, costas ou braços. OBS: É importante notar que nem todos os indivíduos com doença coronariana estável apresentam os mesmos sintomas. Além disso, algumas pessoas podem ter sintomas tão leves que podem ser facilmente ignorados. Se você suspeitar que está sofrendo de doença coronariana estável ou tiver algum desses sintomas, é fundamental buscar avaliação médica para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado. ➢ DIAGNÓSTICO: Entre os métodos usados para avaliar o fluxo sanguíneo coronariano e a perfusão miocárdica estão eletrocardiograma, prova de esforço, ecocardiograma, radiografia do tórax, cintigrafia cardíaca, RM, TC e cateterismo cardíaco. Eletrocardiograma: Esse exame pode ser usado para diagnosticar e tratar DAC, e também para revelar distúrbios da condução ventricular, arritmias, distúrbios eletrolíticos, efeitos farmacológicos e anomalias estruturais ou elétricas determinadas geneticamente. Em geral, o monitoramento ambulatorial do ECG é realizado para detectar alterações transitórias do segmento ST e da onda T, que ocorrem e não estão acompanhadas de sintomas (i. e., isquemia assintomática). Prova de esforço: Também chamada de teste ergométrico, é um método usado para avaliar a função cardíaca em condições de estresse e, nos casos típicos, realizado nos adultos com sintomas de cardiopatia isquêmica confirmada ou suspeita. O teste de esforço em esteira – modalidade usada mais comumente como prova de estresse cardiovascular – requer níveis mais altos de função miocárdica que os outros tipos de exercício. Quando é possível, a meta é alcançar o nível máximo de esforço previsto para a idade do paciente. Enquanto tenta alcançar esse nível de esforço, a pressão arterial é monitorada durante a prova de esforço e o traçado do ECG é registrado para determinar a frequência cardíaca e detectar alterações isquêmicas do miocárdio. Dor torácica, dispneia, arritmias, alterações do segmento ST do ECG ou redução da pressão arterial sugerem DAC. Ecocardiograma: Ainda é o exame diagnóstico utilizado mais amplamente para avaliar a estrutura e a função do coração. O sinal de ultrassom é refletido (i. e., ecoa) sempre que há alguma alteração da resistência à transmissão do feixe sonoro. O ecocardiograma é útil para determinar as dimensões dos ventrículos e os movimentos das valvas cardíacas; obter dados sobre os movimentos da parede do ventrículo esquerdo e do septo; estimar os volumes diastólico e sistólico; e examinar a mobilidade de determinados segmentos da parede ventricular esquerda durante a sístole e a diástole. Radiografia de tórax: A radiografia de tórax normalmente representa a primeira modalidade de imagem utilizada nos pacientes com dor torácica. Sua principal finalidade é a avaliação de diagnósticos diferenciais. Posteriormente, a radiografia torácica pode ajudar a identificar sinais de insuficiência cardíaca esquerda (congestão pulmonar), cardiomegalia ou aneurisma de ventrículo esquerdo, achados associados a pior prognóstico nos pacientes com DAC estável. Cintigrafia cardíaca: É um exame que tem finalidade de avaliar o fluxo sanguíneo nas artérias que nutrem o músculo cardíaco, detectando possíveis falhas na irrigação de determinadas regiões do coração.O paciente recebe a injeção intravenosa de substância radioativa ou radiofármaco. As imagens do fluxo sanguíneo são coletadas após um período de 30 a 60 minutos, por um equipamento denominado gama câmara. Ressonância magnética e tomografia computadorizada do coração: A RM cardíaca é usada para quantificar volume, massa e função dos ventrículos, mas não pode ser realizada nos pacientes com marcapasso, desfibrilador ou outros dispositivos implantados. Já a tomografia computadorizada é uma técnica radiográfica que fornece imagens transversais do corpo por rotação do escâner de raios X em torno do paciente. A TC cardíaca pode ser realizada com ou sem injeção de contraste. A TC não contrastada é realizada principalmente para avaliar calcificações das artérias coronárias. Os exames contrastados podem ser usados para avaliar as câmaras cardíacas, os grandes vasos do coração e, em alguns casos, o interior das artérias coronárias. A TC por feixe de elétrons, desenvolvida especialmente para exames cardíacos, é uma técnica útil para identificar pacientes com ou em risco de DAC. Cateterização cardíaca e arteriografia: Cateterização cardíaca é um dos procedimentos invasivos mais amplamente utilizados para avaliar DAC. Consiste em introduzir cateteres flexíveis até os grandes vasos e as câmaras cardíacas. Com a cateterização do coração direito, o cateter é introduzido em uma veia periférica (em geral, veia femoral) e avançado até o coração direito. O cateter cardíaco esquerdo é introduzido em sentido retrógrado por uma artéria periférica (em geral, braquial ou femoral) até a aorta e as câmaras cardíacas esquerdas. O laboratório de cateterização cardíaca, no qual o procedimento é realizado, está equipado para exibir e registrar imagens radioscópicas do coração e dos vasos torácicos e medir as pressões do coração e dos grandes vasos. ➢ TRATAMENTOS O tratamento da DAC deve abranger quatro aspectos principais: tratamento de doenças associadas, mudança no estilo de vida, tratamento clinico medicamentoso e revascularização miocárdica. Os portadores de DAC devem adotar medidas quanto a seus hábitos de vida com o objetivo de diminuir a progressão da aterosclerose, como: 1. Controle do peso. 2. Prática regular de exercício fisico (aumenta o HDL-C, reduz triglicérides, diminui a pressão arterial, funciona como coadjuvante no controle do peso corporal e eleva a reserva coronariana). 3. Controle da pressão arterial. 4. Controle do diabetes mellitus. 5. Controle dos níveis de LDL-C e HDL-C. 6. Abandono do tabagismo. Atualmente, existe uma grande gama de medicamentos que podem ser usados no tratamento de pacientes com DAC estável, os quais podem ser divididos em dois grandes grupos: medicações que efetivamente diminuem a morbidade e a mortalidade em pacientes com doença coronariana crônica e medicações que agem mais no controle dos sintomas do que propriamente no controle da mortalidade. Medicações Que Diminuem Morbimortalidade -Antiplaquetários Todos os pacientes com coronariopatia crônica devem receber doses baixasde ácido acetilsalicílico (AAS) (81 a 325 mg/dia), na ausência de contraindicações. O ácido acetilsalicílico (AAS) exerce efeito antiplaquetário por inibição da síntese da cicloxigenase e do tromboxano A2 plaquetário, possuindo ação antitrombótica. O Clopidogrel também é antagonista da ativação plaquetária mediada pelo difosfato de adenosina (ADP), importante via para agregação plaquetária. Além disso, reduz o nível de fibrinogênio circulante e bloqueia parcialmente os receptores de glicoproteína llb/Illa, impedindo sua ligação ao fibrinogênio e ao fator de von Willebrand. -Inibidores da enzima conversora da angiotensina II (IECA) Os IECA são recomendados para pacientes com angina estável com infarto do miocárdio, disfunção ventricular (fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) < 40%), hipertensão, diabetes ou doença renal crônica. Podem ser utilizados em todos os pacientes com DAC ou outras doenças cardiovasculares. Os potenciais benefícios dos IECA incluem redução da hipertrofia ventricular esquerda, da hipertrofia vascular, da progressão de aterosclerose, da ruptura de placas de ateroma e da trombose, além de potenciais efeitos favoráveis na relação oferta/demanda de O2, hemodinâmica cardíaca e atividade simpática. Influenciam na função vasomotora endotelial coronariana em pacientes com DAC e podem reduzir sinais de inflamação. - Betabloqueadores Os efeitos benéficos dos betabloqueadores em pacientes com angina estável são mediados pela redução na demanda de oxigênio miocárdio, pela diminuição da frequência cardíaca (FC), da contratilidade e do estresse da parede ventricular esquerda. Esta classe de droga melhora a capacidade de exercício, reduz a depressão ST induzida pelo exercício, diminui a frequência de episódios de angina e diminui a necessidade de uso de nitratos. - Agentes hipoglicemiantes Tem o objetivo de controlar a dislipidemia. O principal representante é da estatina, a sinvastatina. Medicações Que Reduzem Sintomas E Isquemia Miocárdica - Bloqueadores de canais de cálcio: Constituem um grupo heterogêneo de medicamentos, cujos efeitos farmacológicos incluem relaxamento da musculatura lisa, redução da pós-carga e, em algumas formulações, promovem efeitos inotrópicos negativos e redução do consumo de oxigênio. Os efeitos farmacológicos diferenciam esses três subgrupos quanto a sua capacidade vasodilatadora, redutora da contratilidade miocárdica e redutora da velocidade de condução do impulso no nó atrioventricular. - Nitratos Produzem venodilatação sistêmica, o que reduz a tensão da parede miocárdica e as necessidades de oxigênio, dilata as artérias coronarianas e aumenta o fluxo sanguíneo nos vasos colaterais e, desse modo, combate a angina no peito. Tratamento Intervencionista Diversos estudos evidenciaram que a revascularização promove melhora dos sintomas (e diminuição de medicações sintomáticas) em pacientes com angina refratária e redução da morbimortalidade em pacientes com doença coronariana extensa. - Intervenção coronariana percutânea (ICP) A intervenção coronariana percutânea (ICP) inclui angioplastia coronariana transluminar percutânea (ACTP), colocação de stents, aterectomia e trombectomia. A angioplastia coronariana transluminar percutânea ACTP com balão consiste em dilatar uma placa aterosclerótica estenótica com um balão inflável. O procedimento é semelhante ao de cateterização cardíaca para angiografia coronariana, na qual um cateter de dilatação por balão com lúmen duplo é introduzido por via percutânea dentro da artéria femoral ou braquial e avançado sob controle radioscópico até a área estenótica da artéria coronária afetada. Nesse local, o balão é usado para expandir o lúmen da artéria coronária por estiramento e rompimento da placa aterosclerótica e, em menor grau, distribuição da placa ao longo de seu eixo longitudinal. - Cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) Tem como objetivos o alívio de sintomas, o aumento da sobrevida e a diminuição das chances de reinfarto. A cirurgia de revascularização do miocárdio, também conhecida como cirurgia de ponte de safena, tem como objetivo melhorar o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco em pessoas que apresentam obstruções graves nas artérias do coração (coronárias). É um procedimento que utiliza veias ou artérias saudáveis das pernas, dos braços ou do tórax do próprio paciente para criar um caminho alternativo para o sangue. Essas veias e artérias são chamadas de pontes, pois redirecionam o sangue para uma área da coronária localizada após o segmento obstruído. Assim é possível contornar o bloqueio das coronárias reestabelecendo o fluxo de sangue normal para o músculo cardíaco. ❖ Tipos de angina A angina é um tipo de dor no peito que ocorre quando o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco é reduzido. Existem dois tipos principais de angina: estável e instável. Angina estável: Também conhecida como angina de esforço, ocorre quando o coração precisa de mais oxigênio durante atividades físicas ou estresse emocional. Geralmente, os sintomas são previsíveis e tendem a desaparecer com o repouso ou com medicação - Angina instável: É mais grave e imprevisível do que a angina estável. Pode ocorrer mesmo em repouso e não é aliviada com medicação. É um sinal de que um vaso sanguíneo pode estar parcialmente bloqueado e existe um risco maior de ataque cardíaco. - Angina variante (ou Prinzmetal): Que ocorre devido a espasmos temporários nas artérias coronárias, causando uma redução temporária do fluxo sanguíneo.
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