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Fisioterapia Esportiva Aula 02: Processo de reparo tecidual – Parte 1 Prof. Arlindo Elias Objetivos 2 1. Introdução 2. Compreendendo o processo de reparo tecidual a) Lesão primária b) Fase de resposta inflamatória c) Fase proliferativa d) Fase de remodelagem 3. Papel do movimento controlado durante o processo de remodelagem 4. Fatores que impedem o reparo 5. Lesões em estruturas articulares a) Morfologia da articulação sinovial b) Estiramentos ligamentares c) Reparo dos ligamentos 6. Leitura complementar Introdução 3 A reabilitação de lesões requerem conhecimento aprofundado da etiologia e das patologias envolvias nos vários distúrbios musculoesqueléticos. Os protocolos de reabilitação e as progressões devem ser baseadas primariamente nas respostas fisiológicas dos tecidos à lesão e no entendimento de como os tecidos se recuperam. Compreendendo o processo de reparo tecidual 4 As respostas fisiológicas dos tecidos ao trauma seguem uma sequencia previsível. As decisões de como e quando alterar ou evoluir o programa de reabilitação deve ser baseada no reconhecimento dos sinais e sintomas, bem como nos tempos de ocorrência das fases do reparo tecidual. O processo de reparo consiste em: - Fase inflamatória - Fase proliferativa - Fase de remodelagem É importante notar que o processo de reparo é contínuo e não existe pontos definidos de término ou início dessas fases. Compreendendo o processo de reparo tecidual 5 Lesão Primária As lesões primárias apresentam natureza aguda ou crônica, resultando de forças macro ou microtraumáticas. Macrotraumas: - Fraturas - luxações - Subluxações - Estiramentos - Entorses Compreendendo o processo de reparo tecidual 6 Lesão Primária Microtraumas: - Lesões de overuse resultante de sobrecarga repetitiva ou mecânica incorreta do movimento. - Exemplos incluem: tendinites, bursites, tenossinovites Lesão Secundária: - Resposta inflamatória ou hipóxia que ocorre com a lesão primária. Compreendendo o processo de reparo tecidual 7 Fase de Resposta Inflamatória Quando o tecido é lesionado, o processo de reparo inicia imediatamente. A fase inflamatória geralmente dura de 2 a 4 dias. A destruição do tecido produz lesão direta às células de vários tecidos moles. As características são inerentes à resposta inflamatória: dor, calor, rubor, edema e limitação funcional Compreendendo o processo de reparo tecidual 8 Fase de Resposta Inflamatória A inflamação é um processo onde leucócitos e outros fagócitos e exudatos são entregues ao sítio da lesão. - Essa reação celular é uma resposta de proteção, que objetiva localizar e eliminar subprodutos da lesão (corpos estranhos e células danificadas). Eventos da resposta inflamatória: - Reação vascular: Espasmo dos vasos com formação de "plugs" de plaquetas, coagulação sanguínea e crescimento de tecido fibroso. - Mediadores inflamatórios: produção de mediadores inflamatórios que direcionam o processo de reparo inicial como histamina, leucotrienos e citocinas - Formação do coágulo: período de conversão de fibrinogênio em fibrina Compreendendo o processo de reparo tecidual 9 Fase de Resposta Inflamatória Inflamação crônica - Ocorre quando a resposta inflamatória aguda não é suficiente para eliminar os subprodutos da lesão e restaurar o tecido ao estado fisiológico normal - Baixa concentração de agentes inflamatórios - Substituição de neutrófilos por macrófagos, linfócitos, fibroblastos e células plasmáticas. - Ocorre dano aos tecidos conectivos resultando em fibrose prolongada e comprometimento do processo de reparo. - Um dos fatores de risco mais importante para a cronificação do processo inflamatório é o microtrauma cumulativo de uma determinada estrutura. Compreendendo o processo de reparo tecidual 10 Fase de Resposta Inflamatória Compreendendo o processo de reparo tecidual 11 Fase Proliferativa Nessa fase ocorre reparação e regeneração do colágeno levando à formação do tecido cicatricial Esse período, também chamado de fibroplasia, começa ao final da fase inflamatória e pode durar até 4 a 6 semanas após a lesão. A maioria dos sinais e sintomas da inflamação reduzem mas o paciente pode ainda apresentar alguma dor à palpação e movimentos. Compreendendo o processo de reparo tecidual 12 Fase Proliferativa Nessa etapa, a fibrina é gradualmente substituída pelo tecido de granulação, que consiste em fibroblastos, colágeno e capilares. A aparência é uma massa granular avermelhada que preenche a lacuna da lesão. A partir do sexto ou sétimo dia pós-lesão, os fibroblastos começam a produzir fibras de colágeno que são inicialmente depositadas de forma aleatória, aumentando gradualmente a força tensiva do tecido de reparo. Com o aumento da força tensiva, o número de fibroblastos diminui, dando início à fase de reparação. Compreendendo o processo de reparo tecidual 13 Fase Proliferativa Compreendendo o processo de reparo tecidual 14 Fase de remodelagem Essa é uma fase de longa duração onde o tecido cicatricial é submetido a uma remodelagem das fibras de colágeno de acordo com as forças tensivas as quais são submetidas à cicatriz. Com o aumento do estresse mecânico da região, as fibras de colágeno realinham em uma posição de máxima eficiência, paralela às linhas de tensão. O tecido cicatricial gradualmente assume uma aparência e função normais. Entretanto, o tecido cicatricial raramente tem as mesmas características do tecido original. Compreendendo o processo de reparo tecidual 15 Fase de remodelagem Ao final da terceira semana após lesão, existe uma cicatriz firme, forte e contraída. A fase de remodelagem pode durar até mesmo alguns anos para concluir totalmente. Compreendendo o processo de reparo tecidual 16 O papel do movimento controlado durante o processo de remodelagem Lei de Wolff: O tecido mole ou ósseo responde às demandas físicas impostas a ele, levando à remodelagem e realinhamento do colágeno ao longo das linhas de força. Um ponto crítico do processo de reabilitação é a exposição progressiva do tecido cicatricial ao movimento e cargas durante o processo de reparo. Na fase inflamatória, um breve período de imobilização é importante para facilitar os eventos controlados pelo processo inflamatório. Compreendendo o processo de reparo tecidual 17 O papel do movimento controlado durante o processo de remodelagem Durante a fase proliferativa, atividades controladas direcionadas para obtenção de uma melhor flexibilidade e força devem ser combinadas com órteses de suporte. Na fase de remodelagem o terapeuta pode incorporar exercícios mais agressivos de amplitude de movimento e fortalecimento para facilitar o processo de reorientação do colágeno. Geralmente a dor dita a taxa de progressão dos exercícios. Se houver exacerbação da dor, edema ou outros sinais clínicos durante ou após um exercício em particular, é sinal que o exercício prescrito foi excessivo e o terapeuta deve descontinuá-lo ou reduzir sua intensidade. Compreendendo o processo de reparo tecidual 18 Fatores que impedem o reparo Extensão da lesão: - Micro ou macro traumas - O tamanho da lesão determina o tamanho da resposta inflamatória. Edema - O edema retarda o processo de reparo, inibe o controle neuromuscular, produz alterações neurofisiológicas reflexas e impede a nutrição do tecido cicatricial Hemorragia - Produz os mesmos efeitos negativos do edema Compreendendo o processo de reparo tecidual 19 Fatores que impedem o reparo Separação dos tecidos - Separação mecânica dos tecidos pode comprometer significativamente o curso do processo de reparo e produzir excesso de tecido cicatricial Espasmo muscular - Podem causar tração dos segmentos do tecido lesionado contribuindo para a separação mecânica do tecido - Podem ainda comprometer a vascularização do local Atrofia - A hipotrofia muscular é iniciada imediatamente após a lesão. A mobilização precoce pode contribuir para retardar esse processo Compreendendo o processo de reparo tecidual20 Fatores que impedem o reparo Quelóides e cicatrizes hipertróficas - Ocorrem quando a taxa de produção de colágeno excede a taxa de reabsorção durante a fase proliferativa. Infecção: - Causa atraso no processo de reparo, formação excessiva de tecido de granulação e cicatrizes deformadas Compreendendo o processo de reparo tecidual 21 Fatores que impedem o reparo Saúde, idade e nutrição - As qualidades elásticas da pele diminuem com a idade - Doenças degenerativas como diabetes e aterosclerose podem atrasar o processo de reparo - A nutrição é importante, especialmente: ○ Vitamina C: síntese de colágeno e sistema imune ○ Vitamina A: sistema imune ○ Vitamina K: formação da rede de fibrina ○ Zinco: para enzimas do processo inflamatório ○ Aminoacidos Lesões em estruturas articulares 22 Morfologia da articulação sinovial As superfícies das extremidades ósseas são envolvidas por fina camada de cartilagem hialina Envolvidas por uma cápsula articular A parte interna da cápsula é formada pela membrana sinovial, que produz o líquido sinovial O fluido sinovial atua na lubrificação, absorção de choques e nutrição da articulação Algumas articulações podem apresentar estruturas fibrocartilaginosas chamadas de meniscos As principais estruturas de suporte são os ligamentos Lesões em estruturas articulares 23 Morfologia da articulação sinovial Lesões em estruturas articulares 24 Estiramentos ligamentares Os ligamentos são compostos por tecido conectivo denso dispostos em fibras paralelas. O ligamento é robusto, relativamente inelástico, conectando um osso ao outro. Funções do ligamento: - Fornecer estabilidade para uma articulação - controle de posição de um osso em relação ao outro durante os movimentos - Fornecer input proprioceptivo devido à grande presença de mecanoceptores. Lesões em estruturas articulares 25 Estiramentos ligamentares Graduação das lesões ligamentares: - Grau 1: leve estiramento ou alguma ruptura parcial de fibras, sem instabilidade articular. Pode haver dor leve, pequeno edema ou pequeno grau de rigidez articular. - Grau 2: Grau maior de ruptura e separação de fibras com instabilidade moderada. Dor moderada a severa, edema e rigidez articular mais pronunciadas. - Grau 3: Ruptura total do ligamento com instabilidade articular. O edema e rigidez articular são muito mais pronunciados. Pode ser caso cirúrgico. Lesões em estruturas articulares 26 Estiramentos ligamentares Lesões em estruturas articulares 27 Processo de reparo dos ligamentos O processo de reparo dos ligamentos segue a sequencia de eventos dos tecidos moles em geral. Imediatamente após a lesão e por aproximadamente 72 horas ocorre a fase inflamatória, com migração de células para o sítio da lesão. Se o ligamento lesionado for extracapsular, o sangramento inicial ocorre no espaço subcutâneo. Se for intracapsular, o sangramento ocorre no interior da articulação. Lesões em estruturas articulares 28 Processo de reparo dos ligamentos Durante as próximas 6 semanas, ocorre proliferação vascular e aumento da atividade dos fibroblastos até a formação da malha de fibrina. Após esse período, o tecido cicatricial continua amadurecendo, tornando-se cada vez mais denso, ao passo em que a atividade fibroblástica reduz gradativamente. O movimento precoce é importante para a recuperação do tecido ligamentar, uma vez que contribui para a formação de ligamentos mais fortes. - Importante minimizar os períodos de imobilização e progressivamente colocar estresse nos tecidos ligamentares, mantendo os cuidados com o excesso de estímulo Lesões em estruturas articulares 29 Leitura complementar Current Concepts for Anterior Cruciate Ligament Reconstruction: A Criterion- Based Rehabilitation Progression Authors: Douglas Adams, David Logerstedt, Airelle Hunter-Giordano, Michael J. Axe, Lynn Snyder-Mackler J Orthop Sports Phys Ther 2012;42(7):601-614. http://www.jospt.org/doi/full/10.2519/jospt.2012.3871#.Vcdb__m6fcc http://www.jospt.org/doi/full/10.2519/jospt.2012.3871.Vcdb__m6fcc
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