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69 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Unidade III 5 PROCESSOS DE APOIO NA ÁREA DA SAÚDE 5.1 Introdução A transição demográfica da população brasileira nos últimos anos e ainda a transição epidemiológica levou a uma reorganização do sistema de saúde no Brasil, em virtude do aumento das taxas de incidência das doenças crônico-degenerativas. O envelhecimento da população e a queda da taxa de natalidade com o passar dos anos trouxe para o Brasil muitos desafios, principalmente em relação a problemas sociais e econômicos. Assim, vale ressaltar que essas mudanças para a área da saúde devem ser consideradas como grandes oportunidades de adequação do sistema de saúde no nosso país. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatista (IBGE), em 2014, as taxas de mortalidade infantil apresentaram um declínio e a expectativa de vida ao nascer também sofreu alterações por conta das mudanças econômicas e sociais no País. Em 2000, a expectativa de vida era de 70 anos, em 2010, subiu para 74. A urbanização e as mudanças nos padrões de consumo de bens e serviços da população brasileira são fatores relevantes. Tal conjuntura pode ter ocorrido graças às especificidades das condições de trabalho realizado pelo cidadão brasileiro, causa determinante para o aumento da frequência de doenças crônico-degenerativas como hipertensão arterial, diabetes mellitus e neoplasias. Contudo, sabemos que a assistência prestada pelos sistemas de saúde, tanto o Sistema Único de Saúde (SUS) como a saúde suplementar, através dos planos de saúde, ainda enfrentam dificuldades para atender a essa demanda, haja vista a escassez de leitos de internação. O sistema de saúde no Brasil, a partir da Constituição Federal de 1988, estruturou-se sob os signos da busca da equidade, universalização do atendimento, descentralização política e operacional e do financiamento tripartite, e a Constituição também estabeleceu que a saúde é campo de atuação econômica livre à iniciativa privada, cabendo a esta atuar de maneira complementar às estruturas públicas (BARBOSA; MALIK, 2014, p. 1146). Importante lembrar que o Pacto pela Saúde, em 2006, redefiniu, dentro do SUS as responsabilidades de cada gestor, federal, estadual e municipal, por causa das necessidades de saúde da população, cumprindo assim o princípio da equidade social. 70 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III Com isso, o SUS passa a valorizar mais as ações da atenção básica, nível primário de atenção à saúde, investindo em equipes da estratégia de saúde da família. Essa fase foi caracterizada pela grande dedicação em políticas públicas de promoção à saúde da população brasileira e também ações específicas de prevenção das principais doenças e agravos à saúde. Assim, em 2011, o Ministério da Saúde cria as redes de assistência à saúde, definida como novos mecanismos de administração de recursos e que tinha como base a operação conjunta de estruturas assistenciais interligadas, devendo haver um sistema de regulação e comunicação. Então, são implantadas várias redes de atenção à saúde, como: urgência e emergência, rede cegonha responsável pela assistência materno-infantil, rede de atenção à saúde de pessoas com doenças crônicas, rede de atenção psicossocial e a rede para portadores de necessidades especiais. Esse aumento de investimento, tanto financeiro como de gestão e organização em redes de atendimento, evidenciou uma fragilidade na infraestrutura da rede hospitalar no Brasil, sobretudo dentro do SUS, uma vez que as que as carências da população eram identificadas e a assistência médico-hospitalar apresenta-se ainda como um grande problema para o sistema de saúde. Nesse contexto governo e gestores em saúde buscaram alternativas viáveis de provimentos no setor com o objetivo de se resolver déficits estruturais do sistema, principalmente na assistência hospitalar. Desse modo, o Governo Federal intensificou as ações de regulação da saúde suplementar, por meio do monitoramento e avaliação dos planos de saúde. As instâncias estaduais e municipais investiram na publicização de serviços essenciais à saúde da população como a organização da assistência especializada, com a implantação de ambulatórios de especialidades médicas e de uma rede hospitalar de referenciada. Lembrete Para a saúde suplementar, a rede hospitalar tem uma característica muito importante, pois, dentro da organização dos planos de saúde, essa rede deve ser devidamente identificada, cadastrada e registrada em virtude de suas especificidades operacionais. Em dezembro de 2013, o Sistema Único de Saúde (SUS) institui a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP), estabelecendo diretrizes para a organização do componente hospitalar da Rede de Atenção à Saúde. A PNHOSP 2013, em seu artigo 3º, enfatiza que hospitais são instituições complexas, com capacidade tecnológica especifica, de caráter multiprofissional e responsável pela assistência aos seus usuários, que, em condições agudas e/ou crônicas, apresentem complicações de seu estado de saúde. Assim se faz necessária uma assistência contínua em regime de internação e ações que abrangem a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação. 71 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Portanto, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), os hospitais são identificados como importantes pontos de atenção à saúde, e sua missão e perfil assistencial devem ser definidos conforme o perfil epidemiológico de uma população locorregional. Os hospitais no âmbito do SUS devem fazer parte da Rede de Atenção à Saúde (RAS) e ainda devem estar articulados com a Atenção Básica em Saúde. Cabe enfatizar que as ações desenvolvidas pelas unidades de saúde que compõem a Atenção Básica e principalmente o trabalho das equipes de Estratégia de Saúde da Família, são classificadas com ações ordenadoras da assistência e das necessidades em saúde da população. Nesse contexto essas Unidades de Saúde devem desempenhar suas atividades com muita atenção e responsabilidade. Segundo Ouverney e Noronha (2013, p. 149), é essencial considerar as dimensões do cuidado em saúde que são representadas pela integração assistencial, pela continuidade da assistência, pelo trabalho multiprofissional, pela comunicação adequada entre os diferentes agentes, pela educação de pacientes e suas famílias e, sobretudo, pela organização dos serviços das redes de atenção à saúde. A transformação demográfica e epidemiológica no Brasil teve e ainda tem um impacto significativo no SUS. Vale citar, nesse contexto, um dado estatístico de 2010 do Ministério da Saúde, que gastou mais de 25 bilhões de reais no atendimento ambulatorial e hospitalar, em que a produção pode ser comprovada através do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) e Sistema de Informação Hospitalar (SIH). Vale ressaltar que a instituição hospitalar pode e deve ser considerada uma organização complexa, pois representa um objeto de muitos múltiplos interesses. Avalia-se o local de atendimento mais complexo e crítico em saúde e aquele ocupa lugar crítico na prestação de serviços de saúde. Com isso, as instituições hospitalares possuem relevante papel na sociedade. Essa atribuição pode ser devida a vários fatores e características. Vejamos alguns desses aspectos: • É uma atenção à saúde que depende da adequação e conjugação do trabalho de vários profissionais, ou seja, de uma equipe multiprofissional na qual os cuidados vão se complementando eassim integrando a assistência hospitalar. • A instituição hospitalar é prestadora de uma assistência 24 horas por dia, e o processo de trabalho é constituído por meio de suas equipes com a finalidade de prover assistência ao usuário desse serviço. • A tônica do cuidado em um ambiente hospitalar deve ser de uma assistência integral, individualizada e humanizada, ou seja, o usuário desse serviço, que permanece sob um regime de internação, espera receber um tratamento resolutivo, sanando seus problemas de saúde ou pelo menos tenham a indicação da continuidade do tratamento. • Os profissionais, dentro de um ambiente hospitalar, convivem constantemente com sofrimentos, morte, medos e conflitos, o que muitas vezes pode gerar na equipe de saúde ansiedade e estresses. 72 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III • Ainda em relação aos trabalhadores de um ambiente hospitalar, estes devem suportar um desgaste físico e psíquico em virtude da convivência com a dor e o sofrimento dos pacientes. • Para a prestação da assistência em uma instituição hospitalar, é necessária a organização e funcionamento dos serviços, que muitas vezes dependem de tecnologias, equipamentos e insumos adequados. Sobre a utilização de novas tecnologias, o sistema de informação hospitalar ainda é um grande desafio para a gestão dos serviços, pois, além de ser uma dificuldade no dia a dia de alguns profissionais, não conseguem atender ao objetivo da assistência prestada e resultados esperados. Observação Sistemas de informação, dentro de uma instituição hospitalar, favorecem muito a comunicação organizacional, facilitando a troca de informações entre os profissionais dos diversos setores dentro da entidade. Com isso, cabe enfatizar nesse momento que uma instituição hospitalar deve ter como missão atender seus pacientes da melhor forma possível, e os gestores devem preocupar-se constantemente com a evolução da qualidade de sua gestão, principalmente assistência. O foco é buscar uma integração harmônica das áreas e serviços que compõem a estrutura hospitalar. Assim, lembramos que essa estrutura está sustentada por importantes pilares, que são representados por diferentes serviços, como a área médica e outros profissionais, setor tecnológico, de serviços de apoio, área administrativa econômica e, em alguns casos, ensino e pesquisa. Portanto, a eficiência dos processos de trabalho deve existir para assegurar uma assistência adequada à saúde dos usuários que procuram os hospitais. Enfatizamos aqui o valor da liderança, da gestão e sobretudo o sistema de governo de uma organização hospitalar, pois deve existir um bom planejamento institucional e um excelente relacionamento com o cliente. Com isso, podemos considerar a organização hospitalar um sistema complexo, no qual sua estrutura e processos de trabalho devem sempre estar interligados, pois o funcionamento de um serviço interfere no outro e ainda em todo o conjunto, refletindo no resultado final esperado. Então, cabe nesse momento ressaltar de que forma e como uma instituição hospitalar está organizada e ainda enfatizar sobre a estrutura e o funcionamento dos seus serviços. Vale apontar os serviços hospitalares, setores nos quais cada um tem um conceito próprio e importante significado dentro da estrutura hospitalar. Devemos ainda considerar que um ambiente hospitalar também é caracterizado por seus diversos departamentos, ou seja, suas unidades de atendimento como unidades de internação, unidade ambulatorial, unidade de exames especializados e de pronto atendimento. 73 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Lembrando que esses serviços estão representados por seus profissionais, processos de trabalho e de gestão. Assim cabe ressaltar que os serviços hospitalares devem estar organizados através do que chamamos de um organograma, ou seja, uma representação gráfica da estrutura formal dos setores com seus respectivos serviços. Destacamos alguns serviços que devemos considerar dentro de uma organização hospitalar: • Recursos Humanos – compõem o corpo de profissionais da instituição hospitalar, são todas as pessoas que de forma direta e indireta estão envolvidas com a assistência ao usuário e estão em todas as áreas e setores do hospital. • Setores e unidades assistenciais – são os serviços de atendimento direto aos usuários, como as unidades de internação, serviços de ambulatório e de pronto atendimento. • Serviços de Apoio Diagnostico e Terapêutico (SADT) – abrangem os serviços de apoio ao diagnóstico e tratamento dos pacientes, como radiologia, laboratório e exames de imagem. São serviços que envolvem áreas muito técnicas e específicas. • Serviços de apoio técnico e administrativo – englobam os serviços que se relacionam aos processos de apoio e ação técnico-profissional, representam uma importante estrutura dentro do ambiente hospitalar, pois podemos incluir aqui desde serviços administrativos de apoio como financeiro, segurança, farmácia hospitalar, almoxarifado, limpeza hospital e ainda serviços considerados mais técnicos com enfermagem, nutrição, psicologia e serviço médico. Com isso, cabe ressaltar que hospital é considerado uma instituição muito complexa, representado por diversos serviços e departamentos, necessitando de uma gestão eficiente para diminuir conflitos internos, promover a harmonia e integração dos serviços e principalmente a qualidade da assistência prestada aos seus usuários. A missão essencial das instituições hospitalares é atender a seus pacientes da forma mais adequada, por isso, todo hospital deve preocupar-se com a melhoria permanente da qualidade de sua gestão e assistência, buscando uma integração harmônica das áreas médica, tecnológica, administrativa, econômica, assistencial e, se for o caso, de docência e pesquisa. O incremento de eficiência e eficácia nos processos de gestão é necessário para assegurar uma assistência melhor e mais humanizada à saúde dos seres humanos que procuram os hospitais, necessitados de cuidados e apoio (BRASIL, 2002, p. 15). 74 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III Saiba mais Para saber mais, leia a Portaria a seguir: BRASIL. Portaria nº 3.390, de 30 de dezembro de 2013. Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecendo-se as diretrizes para a organização do componente hospitalar da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Brasília: DOU, 2013. Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt3390_30_12_2013. html>. Acesso em: 22 jun. 2016. 5.2 Serviços gerais – limpeza, portaria e segurança hospitalar Dentro de uma instituição hospitalar, os serviços de limpeza, portaria e segurança, muitas vezes, pertencem ao setor de serviços gerais, que, dentro da estrutura gráfica, organograma, faz parte da diretoria administrativa da instituição. A diretoria tem a importante atribuição de planejar, coordenar e também avaliar atividades que correspondem à gestão de serviços gerais, apoio logístico, recursos humanos, tecnologia da informação e serviços de finanças dentro da unidade. O objetivo é, por meio desses serviços de apoio, qualificar as atividades-meio dentro de um hospital. Cabe ressaltar que o gestor na área da saúde, especificamente dentro de um ambiente hospitalar, deve desenvolver ações no sentido de estabelecer uma política de qualidade envolvendo desde a estrutura dos serviços, funcionamento, processos de trabalho e ainda o cumprimento de legislação pertinente, pois os serviços de saúde em ambientehospitalar devem garantir a qualidade da assistência prestada. Vamos considerar inicialmente o serviço de limpeza hospitalar. O hospital é apontado como importante reservatório de microrganismos causadores de infecções relacionadas à assistência prestada, apresentando riscos à segurança de pacientes e profissionais da saúde que trabalham na instituição. Assim, falhas no processo de limpeza e higienização hospitalar podem ter como consequência a transmissão dessas infecções no ambiente hospitalar. O principal objetivo dos serviços de limpeza e higienização hospitalar é promover a limpeza, ordem e segurança do ambiente, favorecendo o trabalho nas diversas áreas dentro da instituição hospitalar, melhorando a qualidade dos serviços. Com isso cabe enfatizar as principais finalidades do serviço de limpeza e higiene hospitalar: • manter o ambiente limpo; • prevenir infecções hospitalares; 75 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES • conservar equipamentos; • prevenir acidentes de trabalho. Lembrete O processo de limpeza hospitalar inclui a remoção de sujidades, por meio da aplicação de produtos químicos, ação mecânica e até mesmo ação térmica. Segundo o Manual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de segurança do paciente em serviços de saúde sobre limpeza e desinfecção de superfícies (BRASIL, 2012b), a limpeza e a desinfecção de superfícies são elementos que proporcionam sensação de bem-estar, segurança e conforto dos pacientes, profissionais e familiares dentro dos serviços de saúde, além de colaborar com o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde. O Manual ainda enfatiza que um ambiente limpo pode garantir a redução do número de microrganismos existentes nos serviços de saúde. Nesse sentido cabe ressaltar que no caso dos hospitais existe uma importante classificação de áreas e ambientes. O objetivo dessa divisão, em especial dentro de uma instituição hospitalar, é orientar sobre a complexidade e detalhes que são próprios de cada serviço, pois o objetivo essencial é realizar um processo de limpeza e desinfecção de áreas e superfícies adequado, minimizando e controlando os riscos de infecção hospitalar. Vejamos a classificação das principais áreas dentro de uma instituição hospitalar: • Áreas críticas – são os ambientes onde existe um maior risco de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos de risco. São alguns exemplos desse tipo de área: centro cirúrgico, centro obstétrico, unidade de terapia intensiva, unidade de diálise, laboratório de análises clínicas, banco de sangue, unidade de transplante, unidade de queimados, unidades de isolamento, berçário, central de material e esterilização, lactário e área suja da lavanderia. • Áreas semicríticas – são exemplos as unidades de internação dos pacientes, como as enfermarias, apartamentos, ambulatórios, banheiros, posto de enfermagem, elevador e corredores, enfim, todas as áreas onde circulam e estão ocupadas por pacientes. • Áreas não críticas – são os setores não ocupados por pacientes e onde não se realizam procedimentos de risco, como vestiário de funcionários, secretarias, almoxarifado, setor de faturamento e finanças, ou seja, setores administrativos. Vale lembrar que o conhecimento sobre esse tipo de classificação colabora muito para o bom desempenho do papel de um gestor hospitalar, sobretudo o responsável ou encarregado do Serviço de Limpeza e Higiene Hospitalar, pois essas informações são essenciais para a gestão do serviço como cálculo de dimensionamento de pessoal e ainda recursos materiais, necessários para a execução das atividades. 76 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III Observação Atualmente, com as constantes mudanças de tecnologia na área da saúde, a arquitetura hospitalar tem revolucionado o que chamamos de “ambiência na área da saúde”. Assim, a aparência do ambiente proporcionada pela limpeza hospitalar é um importante critério de qualidade de atendimento dentro da Instituição. Vale lembrar que o serviço de limpeza e higiene hospitalar compreende limpeza, desinfecção e conservação de superfícies fixas e equipamentos das diferentes áreas dentro de uma unidade hospitalar, onde a finalidade principal é deixar o ambiente limpo, em ordem e preparado para exercer suas atividades. O objetivo de se manter um ambiente em ordem se deve a um fator crucial, que é a conservação de equipamentos e instalações, evitando a propagação de microrganismos responsáveis pelas infecções hospitalares. Nesse sentido, devemos estudar as especificidades do ambiente hospitalar: piso, paredes, camas ou mobiliário do paciente, portas, maçanetas, tetos, janelas, equipamentos, pias, macas, divãs, suporte para soro, computadores, instalações sanitárias, aparelhos de ar-condicionado, luminárias, bebedouro, aparelho telefônico. Portanto, a equipe de funcionários do serviço de limpeza deve ser orientada quanto à percepção de cada ambiente hospitalar, suas peculiaridades, importância, composição e principalmente como deve ser o processo de limpeza e desinfecção para cada ambiente, pois o foco desse serviço é colaborar com a prevenção de infecção hospitalar. Considerando a gestão do serviço de limpeza e higiene hospitalar, esse serviço pode ser próprio ou terceirizado pela direção. Contudo, cabe enfatizar que, sendo próprio ou terceirizado, é essencial que os gestores responsáveis pelo serviço considerem alguns fatores importantes como o quadro de profissionais adequado à demanda existente para todos os períodos de trabalho da instituição. Hoje, para os administradores de instituições hospitalares, a terceirização do serviço de limpeza e higiene ainda é considerada uma boa solução em gestão, principalmente pela complexidade do serviço, pois limpeza hospitalar é uma atividade que requer muita atenção e responsabilidade, já que um hospital em más condições de asseio representa um risco à saúde de seus usuários e trabalhadores. Assim, existem no mercado muitas empresas especializadas na execução de serviços de limpeza e higiene hospitalar. Para o administrador, existem muitas vantagens na terceirização desse serviço, mas é necessário um planejamento eficiente e a elaboração de um bom contrato de prestação de serviços. Destacamos a seguir algumas vantagens de se terceirizar e contratar uma empresa especializada em limpeza e higiene hospitalar: 77 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES • Manutenção da qualidade e melhoria na prestação desse serviço e redução de custos. • Evita ações trabalhistas ou problemas judiciais referentes ao empregado, uma vez que este tipo de situação fica a cargo da empresa que você contrata. • O recrutamento de pessoal, treinamento e capacitação também fica sob a responsabilidade da empresa contratada. Lembrando que os funcionários que trabalham nos serviços de limpeza hospitalar devem passar por processo educativo constantemente, em virtude dos riscos ocupacionais e infecção hospitalar. • Existe claramente uma redução de custos principalmente em relação aos encargos trabalhistas, como licença médica e férias, pois todas as incumbências são da empresa contratada. Nesse sentido, cabe enfatizar que o gestor hospitalar, ao elaborar um contrato de prestação de serviços de limpeza e higiene hospitalar, ainda deve considerar a necessidade da organização de manuais de normas, rotinas e protocolos de procedimentos, que são documentos importantes para o planejamento. Lembrando que os protocolos devem respeitara legislação vigente e estar de acordo com as atividades diárias de limpeza e higienização de todas as áreas do hospital. A elaboração e execução de um programa de educação continuada também é atribuiçãoda empresa contratada, outra excelente vantagem. Contudo, cabe ao gestor hospitalar acompanhar, monitorar e avaliar os processos de trabalho da empresa contratada, pois uma grande preocupação das duas partes, contratante e contratada, é evitar acidentes de trabalho dessa categoria de trabalhadores. Desse modo, precisam adotar medidas preventivas que visem à segurança do funcionário durante suas atividades rotineiras, sendo monitoradas tanto pela empresa contratada como por supervisores da instituição hospitalar. Embora as atribuições possam apresentar variações entre diferentes instituições, o objetivo alvo deve ser comum. A clareza das atribuições tem papel fundamental para seu cumprimento, e se faz necessário um manual contendo todas as tarefas a serem realizadas, especificadas por cargo. O manual deve ser apresentado e estar à disposição de todos os colaboradores para consulta no local de trabalho, em local de fácil acesso. Sua revisão deve ser periódica e sempre que houver mudança de rotinas (BRASIL, 2012b, p. 32). 78 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III Saiba mais Para saber mais, acesse o site da Anvisa a seguir, pesquisando materiais diversos referentes à segurança do paciente em serviços de saúde, bem como as medidas preventivas que visem à segurança do funcionário durante suas atividades rotineiras: <portal.anvisa.gov.br>. Outro importante serviço e que ainda faz parte do rol de atribuições da diretoria administrativa dentro de uma instituição hospitalar é o serviço de portaria e segurança, que, assim como o serviço de limpeza de muitas unidades e higiene hospitalar, é terceirizado pela direção. Assim, quando consideramos o organograma de uma instituição hospitalar, é muito comum encontrar no departamento administrativo o serviço de recepção, vigilância e zeladoria. Cabe ressaltar que todo hospital deve organizar sua estrutura físico-funcional, ou seja, identificar quais são as vias de acesso à instituição, como deve ser a circulação interna e externa de pessoas, que tipo de sinalização será utilizada, estabelecendo os fluxos internos. O serviço de portaria e vigilância hospital tem como principais atribuições o controle de entrada e saída de pacientes, familiares, funcionários e ainda outras pessoas que necessitam visitar uma unidade hospitalar. A arquitetura de uma instituição hospitalar tem influência direta no serviço de portaria e vigilância, uma vez que, para a organização dos fluxos de acesso, entrada e saída de pessoas, deve-se inicialmente identificar toda a área física da instituição. O ideal é que o hospital tenha um fácil acesso para entrada e saída de pacientes, com barreiras arquitetônicas bem-estabelecidas, com orientação da circulação interna e também condições de segurança. Os sistemas de sinalização de um ambiente de saúde podem encorajar ou inibir comportamentos, pois informações visuais podem despertar atenção, priorizar atividades e auxiliar no tratamento na medida em que o acesso facilitado ao consultório ou a outro ambiente significa restringir a circulação ao que seja minimamente necessário em edificações hospitalares. O projeto de sinalização deve fazer parte integrante do projeto executivo do EAS, seja para um recorte do ambiente, do setor ou para o ambiente integral, o edifício em sua totalidade (BRASIL, 2014, p. 108). Nesse contexto, devemos enfatizar que todo Estabelecimento de Assistência à Saúde (EAS) deve ter no seu projeto arquitetônico especificado o sistema de sinalização, pois a utilização da sinalização interna e externa de uma instituição hospitalar é fundamental ao atendimento, sobretudo para o controle de acesso e circulação das pessoas. 79 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Lembrete Um importante objetivo da arquitetura hospitalar, atualmente, é aprimorar as instalações físicas, pois a ideia principal é aproveitar melhor os espaços físicos, contribuindo para a segurança, a circulação e o bem-estar dos pacientes e profissionais. Portanto, uma instituição hospitalar se apresentar uma estrutura física funcional bem estabelecida, com certeza o trabalho do serviço de portaria e vigilância será mais ágil e de qualidade. O primeiro passo para a realização desse trabalho é o controle de acesso de pessoas, de entrada e saída, e ainda a circulação interna, cujo objetivo principal é a garantia de um ambiente mais seguro. Lembramos que hoje muitos hospitais ainda enfrentam um grande problema, que é o aumento de furtos do seu patrimônio. Onde o tema segurança patrimonial hospitalar está sendo incorporado nos serviços de vigilância, com isso, o gestor hospitalar deve considerar esse serviço como estratégico para minimizar esse problema. Assim, como muitos hospitais terceirizam o serviço de portaria e vigilância, faz-se necessária a elaboração de um bom contrato de prestação de serviços. Nesse sentido, devemos enfatizar que as empresas que compõe esse segmento do mercado investem muito em melhorias para o controle de acesso em hospitais utilizando sistemas mais automatizados e recursos para um controle mais eficiente, sendo: • Leitura biométrica onde o sistema mais comum e utilizado pelos serviços de Portaria é o escaneamento da impressão digital das pessoas. • Utilização de cartões de segurança que é entregue após a identificação das pessoas. • Catracas eletrônicas inteligentes. • Câmeras de segurança para facilitar a identificação de quem entra ou sai da instituição. Portanto, a tecnologia permite uma praticidade maior e consequentemente um controle operacional mais eficiente, assim quanto melhor o recurso e sistema operacional melhor também será o controle de acesso. Cabe enfatizar que um importante objetivo também é determinar quantas pessoas passaram pela portaria do hospital durante as 24 horas de atendimento. Importante ressaltar que além do controle de acesso, o serviço de portaria e vigilância hospitalar também pode ser responsável pelo controle de entrada e saída de funcionários da Instituição e, para isso, são utilizados recursos e sistemas próprios, lembrando que todo esse processo deve estar estabelecido no contrato de prestação de serviços, onde contratante e contratado devem assumir suas respectivas responsabilidades frente ao que foi estabelecido. 80 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III Observação Durante a elaboração de um contrato de prestação de serviços que envolve portaria e vigilância hospitalar, é importante que o gestor hospital e a empresa contratada considerem se o controle e vigilância do patrimônio hospitalar será considerado em contrato. Mesmo sendo em muitos hospitais terceirizado, o serviço de portaria e vigilância é importante que a instituição tenha um planejamento e controle de todo esse processo de trabalho. Assim, é recomendado que se elabore um manual com normas, rotinas e protocolos que comtemplem todas as ações envolvidas, além de um programa de educação contínuo para adequação e execução dos protocolos estabelecidos. Com isso, destacamos a seguir algumas atribuições de um serviço de portaria e vigilância hospitalar que devem estar registradas nos protocolos de uma instituição hospitalar: • atendimento e recepção de pessoas com identificação e orientação; • atendimento e controle de entrada e saída de materiais, equipamentos e medicamentos;• atendimento e controle de entrada e saída de veículos, próprios e de terceiros; • atendimento e controle e guarda de chaves; • atendimento e controle durante o horário de visitas aos pacientes internados; • atendimento e controle e orientação aos usuários de serviços como ambulatório, pronto atendimentos e SADT; • atendimento e controle de acesso de funcionários da instituição; • realização de rondas periódicas em todas as dependências da instituição. Portanto, toda instituição hospitalar deve planejar, organizar e monitorar seu sistema de acesso, fluxo e circulação de pessoas, equipamentos e insumos; deve ainda manter um sistema de melhoria contínua de novas tecnologias e adequação técnico-profissional que colaborem para a qualidade das ações executadas pelo serviço de portaria e vigilância hospital. Importante enfatizar nesse momento que gestor hospitalar e empresa contratada devem manter uma relação de harmonia e de constante monitoramento das atividades executadas, uma vez que o patrimônio em muitos hospitais representa um valor financeiro elevado. O objetivo é a satisfação do que chamamos de clientes internos e externos de uma instituição hospitalar. 81 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Saiba mais Para saber mais sobre contratos de terceiros para os Serviços de Portarias vigilância e limpeza hospitalar, legislação e tipos de contratos, acesse a bolsa eletrônica de compras do Governo do Estado de São Paulo: <www.cadterc.sp.gov.br>. 5.3 Serviço de farmácia hospitalar Em uma instituição hospitalar, a farmácia é caracterizada como uma unidade clínica e administrativa, no qual o organograma está ligado hierarquicamente à diretoria de apoio técnico da instituição. A farmácia hospitalar deve sempre ser dirigida por um farmacêutico habilitado e com responsabilidade técnica emitida pelo Conselho Regional de Farmácia. Desse modo, o serviço de farmácia hospitalar deve exercer atividade clínica, pois está ligada diretamente à assistência farmacêutica prestada ao paciente internado e, ainda, haja vista o alto custo de medicamentos, deve exercer atividades de gestão e econômico-financeira dentro de uma instituição hospitalar. Segundo Dantas (2011), a assistência farmacêutica hospitalar pode ser considerada como um sistema complexo e muito importante no âmbito da gestão de serviços de saúde, não somente por contemplar um dos insumos básicos essenciais para o cuidado ao paciente hospitalizado, mas também por conta do alto custo que envolve essa assistência. Nesse sentido um importante objetivo da farmácia hospitalar é garantir o uso seguro e racional dos medicamentos prescritos relacionados à demanda necessária de medicamentos devido ao total de pacientes em regime de internação ou ainda em atendimento ambulatorial, em virtude do cumprimento de programas governamentais. Elencamos a seguir as principais atribuições de uma Farmácia dentro de uma instituição hospitalar: • Realizar um planejamento de trabalho que envolve a aquisição, o armazenamento, o controle e a dispensação dos medicamentos e outros produtos relacionados à assistência farmacêutica. • Implantar um sistema seguro de distribuição de insumos, considerando um importante indicador assistencial, que é o de não conformidades na administração de fármacos. • Implantar ações que garantam o uso seguro dos medicamentos e ainda um sistema de farmacovigilância eficiente. • Compor as principais comissões como a de controle de infecção hospitalar, terapia nutricional e principalmente a comissão interna de farmácia do hospital, selecionando adequadamente os fármacos e outros produtos necessários ao perfil assistencial do hospital. 82 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III Devemos ainda acrescentar: para que a farmácia alcance esses objetivos, é necessário ter um farmacêutico responsável técnico habilitado, uma equipe de colaboradores treinados e capacitados, uma área física com condições estruturais e instalações adequadas que atendam a todos os requisitos legais aos procedimentos de farmácia. Em relação à área física, uma farmácia hospitalar deve ter, segundo legislação vigente, um local específico de armazenamento dos medicamentos e outros produtos, outro para dispensação dos medicamentos segundo prescrição médica, um espaço administrativo com computadores e arquivos de documentos, uma região adequada para separação e unitarização de insumos, e se necessário, um local com câmara de fluxo laminar para preparação de nutrição parenteral e de fármacos para quimioterapia, e ainda uma área para higienização das mãos. Cabe ressaltar que a gestão de uma farmácia deve estar voltada para a garantia de uma assistência farmacêutica segura e livre de riscos; assim, é importante que se tenha manuais de protocolos, normas e rotinas com um sistema permanente de treinamento e capacitação dos colaboradores. Para o bom funcionamento do serviço, deve-se implantar um sistema de informação interno com possibilidade para controle de estoque, dispensação e custos. Hoje, existem serviços de apoio e software específico para utilização em farmácia hospitalar. Observação Um sistema informatizado em farmácia hospitalar permite ao serviço um monitoramento detalhado de todo o processo de trabalho da equipe, desde recebimento do medicamente até o momento de dispensação, além de seu custo total. Como dito antes, a farmácia hospitalar deve fazer parte das principais comissões de um hospital. Assim, seguem três importantes comissões em que o farmacêutico e membros do setor de farmácia devem participar e ainda a justificativa para essa representatividade: • Comissão de Controle de Infecção Hospital (CCIH) – é uma comissão que realiza um monitoramento e orienta quanto a medidas preventivas para o controle da infecção hospitalar. Destaca que a presença de um farmacêutico na comissão é muito importante em virtude do processo de avaliação e controle do uso de antibióticos nas unidades de internação do hospital. • Comissão de Farmacovigilância – composta de uma equipe multiprofissional, tem a finalidade de monitoramento, compreensão e principalmente a prevenção de efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados a medicamentos. Nesse contexto, por conhecer todo processo, o farmacêutico vai colaborar muito, uma vez que um importante objetivo dessa comissão é rastrear do momento da aquisição até a utilização pelos paciente os medicamentos que apresentem efeitos adversos. 83 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES • Comissão de padronização de medicamentos – formada por médicos, farmacêuticos, enfermeiros e administradores, tem como objetivo padronizar os principais medicamentos que serão utilizados pelo hospital. Lembrete Efeito adverso de um medicamento significa um efeito indesejado ou diferente do efeito esperado do medicamento e, quando prejudicial ao ser humano, deve ser notificado e monitorado todo o seu processo. Todo farmacêutico que assume a responsabilidade técnica de uma farmácia hospitalar deve, além de ter atenção com todo processo de solicitação de compra, conferência, recebimento, armazenamento e dispensação dos medicamentos, deve ter atenção com o cumprimento de toda legislação que norteia a organização e funcionamento de uma farmácia hospitalar. Por isso, seguem as principais leis e resoluções que devem ser observadas: • RDC Anvisa nº 50/02 – dispõe sobre regulamento técnico para projetos físicos em estabelecimentos assistenciais de saúde. • Lei nº5991/73 – dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências. • Resolução nº 300/97 – regulamenta o exercício profissional em farmácia e unidade hospitalar, clínicas e casa de saúde de natureza pública ou privada. • Portaria/MS nº 344 de 19/05/1998 – aprova o regulamento técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. • RDC nº. 33 de 19/04/2000 – aprova o regulamento técnico sobre Boas Práticas de Manipulação em Farmácias (BPMF) e seus anexos. • Resolução nº 288/96 – dispõe sobre a competência legal para o exercício da manipulação de drogas pelos farmacêuticos. • Portaria nº 1017 de dezembro de 2002 – estabelece que as farmácias hospitalares integrantes do SUS devam estar sob a responsabilidade do farmacêutico. • Portaria MTE nº 485/05 – Aprova a NR 32 – segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde. • Lei 13.021/14 – os hospitais públicos e privados deverão dispor dos serviços de assistência farmacêutica integral durante todo o seu horário de funcionamento. 84 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III • Portaria nº 4.283, de dezembro de 2010 – aprova as diretrizes e estratégias para organização, fortalecimento e aprimoramento das ações e serviços de farmácia no âmbito dos hospitais. Devemos ainda ressaltar que uma grande preocupação em relação à assistência hospitalar dispensada ao paciente sob regime de internação é a não conformidade na administração de medicamentos, ou seja, o erro de medicação. Tal inadvertência está relacionada à prática profissional e, muitas vezes, envolve uma ou mais fases do processo de utilização de fármacos dentro de uma unidade hospitalar. A farmácia hospitalar tem um papel importante na prevenção desses erros em virtude de sua responsabilidade na dispensação de medicamentos mediante uma prescrição médica. Assim, a segurança envolve um processo complexo, pois tem início na prescrição médica e termina na aplicação realizada pela equipe de enfermagem. Portanto, quando ocorre um evento de não conformidade nesse quesito, devemos analisar em que fase ocorreu o erro: prescrição, dispensação ou na fase da condução do medicamento. Com isso, vale ressaltar a importância do papel do gestor hospitalar por implementar sistemas de informação e indicadores de saúde como instrumentos de monitoramento e avaliação do processo e assistência farmacêutica. Saiba mais Para pesquisar acerca do Estatuto Social da Sociedade, acesse o site a seguir da Sociedade Brasileira de farmácia hospitalar e Serviços de Saúde: <http://www.sbrafh.org.br/>. 5.4 Serviço de Nutrição e Dietética (SND) Em uma unidade hospitalar, o SND está estruturado por meio dos serviços de nutrição clínica e produção de refeição. Em muitos hospitais, esse serviço é terceirizado para empresas especializadas nessa área. O SND deve estar sob a supervisão de um nutricionista responsável técnico, que é uma atribuição legal dada pelo Conselho Regional de Nutrição, para que o profissional responda pelas atividades de alimentação e nutrição de unidades de saúde ou empresas jurídicas, em conformidade com as normas de regulação dessas operações. Lembrete A Resolução de nº 419/2008 do Conselho Federal de Nutrição esclarece sobre as orientações para o RT em Nutrição e a Resolução nº 38/2005 normatiza as atribuições obrigatórias e complementares por área de atuação dos nutricionistas. 85 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Cabe ao gerente e RT do serviço de nutrição clínica, normatizar, planejar, acompanhar, controlar e avaliar todas as atividades que envolvam o serviço de nutrição clínica, desde a compra até o processo final de produção dos alimentos; dimensionar os colaboradores e recursos materiais necessários para as áreas que fazem parte do SND; promover a educação continuada dos colaboradores do serviço; ainda manter em ordem protocolos, normas e rotinas do serviço e cumprir a legislação vigente dentro do ambiente hospitalar. Deve o nutricionista clínico planejar, programar e acompanhar as atividades de produção dos cardápios destinados a atender os pacientes internados, bem como supervisionar e acompanhar as atividades de aquisição, qualidade, armazenamento e estoque de gêneros, alimentícios, seguindo normas de higiene e segurança na manipulação e no preparo de refeições. O objetivo do SND é fornecer alimentação adequada e preparada de acordo com critérios de higiene e ainda dentro de uma orientação dietoterápica, uma vez que os pacientes internados em uma unidade hospitalar devem receber a visita do nutricionista para adequação da assistência nutricional, que é essencial na evolução clínica e a recuperação do paciente. A avaliação do estado nutricional tem como objetivo identificar os distúrbios nutricionais, possibilitando uma intervenção adequada para auxiliar na recuperação ou manutenção do estado de saúde do indivíduo, assim utilizam-se métodos objetivos (antropometria, composição corpórea, parâmetros bioquímicos e consumo alimentar) e métodos subjetivos (exame físico à avaliação subjetiva global), recomendando-se a associação destes indicadores para obter um adequado diagnóstico nutricional (PEDROSO; SOUZA; SALES, 2011, p. 1158). A prescrição da dieta é realizada pelos médicos que assistem ao paciente hospitalizado, e os nutricionistas devem manter um trabalho multidisciplinar com eles, com o objetivo de se estabelecer uma assistência nutricional adequada a cada paciente. O SND deve investir em um sistema de monitoramento da satisfação dos clientes por meio de um programa de controle de qualidade para a assistência nutricional. O programa deve permitir uma boa avaliação do serviço considerando referencias legais e de qualidade. Enfatizamos ainda a importância da terceirização dos serviços de nutrição e dietética nas unidades hospitalares, uma ação muito utilizada pelos gestores nos dias de hoje. A terceirização é uma valiosa estratégia dentro da gestão hospitalar, pois o objetivo é passar as atividades-meio da instituição para empresas especializadas, haja vista a enorme gama de vantagens ao gestor. Quando uma organização hospitalar decide terceirizar o serviço de nutrição e dietética, uma das principais razões é a questão financeira, pois toda infraestrutura, que envolve muitas vezes adequação de área física, contratação de recursos humanos e ainda aquisição de equipamentos e insumos, fica sob a responsabilidade da empresa contratada, diminuindo consideravelmente as obrigações de financiamento por parte do Hospital, sem contar que todas as ações exercidas são 86 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III supervisionadas por profissionais especializados, uma vez que trabalham somente nessa área de suporte nutricional. Quando o gestor hospitalar decide passar a gestão de um serviço de nutrição para a responsabilidade de uma empresa contratada, é necessário que se tenha alguns cuidados, como: elaboração de um contrato adequado ao perfil do hospital e principalmente ao perfil de pacientes internados, definição da área física que será destinada para uso da empresa, estabelecer quem será responsável pela aquisição dos gêneros alimentícios, sobretudo designar uma nutricionista contratada pelo hospital para realizar todo processo de supervisão e monitoramento em conjunto com a equipe de profissionais da empresa contratada. Para a organização e execução de serviços de nutrição e dietética dentro de uma instituição hospitalar, tanto ogestor da empresa contratante como o gestor da empresa contratada devem ter, além do conhecimento técnico da área, o conhecimento de toda a legislação pertinente. Saiba mais Para saber mais, acesse o site do Conselho Regional de Nutricionistas terceira região: <www.crn3.org.br>. 5.5 Serviços de Apoio à Diagnose e Terapêutica (SADT) Estão representados pela atuação da medicina diagnóstica, que tem como definição ser um conjunto de especialidades médicas direcionado à realização de exames complementares para apoio e auxílio na elucidação do diagnóstico dos pacientes. Assim, essas atividades envolvem exames de laboratório clínico, medicina por imagem, exames por método gráfico, exames contrastados e, mais especificamente, citamos: laboratório de análises clínicas, anatomia patológica, radiologia, ultrassonografia, endoscopia, ressonância magnética, exames cardiológicos e outros. O laboratório clínico é responsável pela coleta, processamento, análise e emissão de resultados de exames complementares que são necessários e que atendam ao perfil da instituição hospitalar, pois o objetivo é dar suporte e apoio técnico ao diagnóstico e tratamento dos pacientes internados. Para a organização e funcionamento desse serviço, é necessário: • um responsável técnico habilitado responsável pelo serviço; • estrutura física para seu funcionamento e operacionalização atendendo à legislação vigente, que envolve desde especificações e separação de área física até os processos de trabalho pertinentes; 87 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES • uma equipe de trabalho habilitada e treinada que realize um atendimento sem interrupção de horários, mantendo-se uma escala de plantão que assegure o resultado dos exames solicitados; • possuir equipamentos e instalações adequados para realização dos exames, respeitando normas técnicas, legislação vigente e sistema de monitoramento diário e de manutenção preventiva de equipamentos; • dispor de um sistema informatizado que contemple todo o processo de trabalho desde a coleta da amostra, identificação, até a emissão do resultado; • um sistema adequado para o transporte de amostras; • possuir um manual interno com documentação, registros, manuais e protocolos pertinentes aos procedimentos do laboratório; • seguir normas de precauções padronizadas e rotinas de controle de infecção, segundo orientações internas do hospital; • um sistema de controle de qualidade de todo o processo de análise laboratorial. O serviço de diagnóstico por imagem comtempla os seguintes procedimentos: exames de raios X, angiografias, mamografias, tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassonografia. Também deve ter um responsável técnico habilitado e uma estrutura física adequada e que atenda o perfil da instituição e pacientes internados, seguindo legislação vigente, e ainda: • uma equipe multiprofissional habilitada; • um sistema de informação e esclarecimentos aos pacientes e acompanhantes em relação à realização dos exames; • sustentar uma escala de plantão e a distância para o atendimento dos exames solicitados; • manter um programa de manutenção preventiva dos equipamentos; • ter manual de normas, rotinas e procedimentos atualizado e disponível; • manter um programa de educação e treinamento contínuo para a equipe de trabalho; • possuir um sistema informatizado para identificação dos exames e liberação dos laudos; • ter um sistema de controle de qualidade do serviço, envolvendo todos os profissionais do setor; • manter o ambiente seguro e seguir normas de segurança, tanto para profissionais como pacientes, com a utilização de equipamentos de proteção individual e coletiva adequados; 88 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III • manter nas salas de atendimento equipamentos para assistência emergencial; • possuir serviço de limpeza e higiene permanente para manutenção da limpeza do ambiente; • manter um sistema interno e externo para solicitação e agendamento dos exames, bem como rede de telefonia adequada ao movimento e demanda do serviço. Lembrete Todo serviço que trabalha com agendamento prévio para realização de exames deve contar com um sistema de monitoramento e avaliação e, ainda, pesquisa de qualidade para adequações e melhorias necessárias. O serviço de métodos gráficos também realiza exames complementares, deve estar de acordo com o perfil da instituição e inclui os seguintes procedimentos: eletrocardiograma, eletroencefalograma e ecocardiograma. É um serviço que deve ter área física compatível, com salas próprias para cada exame, ter equipamentos adequados e profissionais habilitados para realização dos exames. Além disso, são necessários os seguintes requisitos: • ter um sistema informatizado para agendamento dos exames bem como entrega dos laudos; • dispor de um programa de manutenção preventiva dos equipamentos; • nas salas de atendimento material, possuir medicamentos e equipamentos para situações de emergência; • ter manual de normas, rotinas e procedimentos atualizado e segundo legislação vigente; • possuir programa de educação continuada para treinamento e capacitação de novos colaboradores; • oferecer um sistema de monitoramento e indicadores de avaliação dos processos de trabalho para análise e intervenção voltado para a melhoria do serviço; • ter documentos de divulgação quanto ao exame para a orientação dos pacientes; • manter serviço de limpeza e higiene permanente para manutenção da limpeza do ambiente; • sustentar uma rede de telefonia adequada ao movimento e demanda do serviço. Outro importante serviço que integra o SADT é o serviço de anatomia patológica, que, assim como os outros serviços, deve ter espaço físico adequado, material e equipamentos que atendam à necessidade da instituição e equipe de trabalho habilitada. Além disso, deve seguir legislação vigente, com um responsável técnico, um sistema seguro de identificação do material a ser analisado, um sistema de transporte e guarda das peças cirúrgicas, bem como um local adequado para arquivo de lâminas e laudos. 89 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Os serviços de apoio à diagnose e terapêutica (SADT) em muitas instituições hospitalares são terceirizados pelos gestores em virtude do nível de complexidade e especificidades dos exames realizados. Assim o gestor deve realizar um estudo e tomar a melhor decisão para o controle desse serviço. 6 SERVIÇOS DE APOIO TÉCNICO-ASSISTENCIAL 6.1 Serviço de enfermagem hospitalar Segundo Feuerwerker e Cecílio (2007), hospital é uma organização muito complexa e que está atravessada por múltiplos interesses. Ocupa um lugar crítico na prestação de serviços de saúde, pois a atenção depende da conjugação do trabalho de vários profissionais. Nesse contexto, os cuidados vão se complementando e é a partir da interação de vários cuidadores que existe o hospital. Nesse sentido, ressaltamos a importância do serviço de enfermagem, que é uma profissão desenvolvida por um grupo de trabalhadores, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, que são qualificados e especializados para a realização de atividades necessárias à saúde da população. A profissão está amparada pela Lei nº 7498, de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem. Considerando a gestão hospitalar, o serviço de enfermagem está inserido no organograma como setor ou departamento técnico e ligado diretamente à direção do hospital, pois é um serviço que,por preceitos legais, é obrigado a ter um responsável técnico (RT), que sempre será um enfermeiro. Por conta da constante transformação e mudanças na área as saúde e condições socioeconômicas e culturais da população brasileira, a equipe de enfermagem deve sempre buscar um aprimoramento técnico/científico/ético e legal pertinentes à profissão. Desse modo, deve cumprir o que se estabelece no seu Código de Ética de Enfermagem (CEE), uma vez que é uma profissão que atua nos três níveis de atenção à saúde, promoção, proteção e recuperação da saúde, e ainda está comprometida com a saúde do usuário, família e coletividade. A equipe de enfermagem, nessa conjuntura, adota princípios básicos de organização. Há uma hierarquia mais rígida e uma divisão do trabalho em tarefas, cabe ao enfermeiro a função de gerência do serviço, planejamento do cuidado e assistência direta aos pacientes críticos, competindo aos técnicos e auxiliares de enfermagem as tarefas delegadas e prescritas pelo enfermeiro. Sobre a divisão de tarefas, o Código de Ética de Enfermagem é muito claro em suas disposições: A Enfermagem compreende um componente próprio de conhecimentos científicos e técnicos, construído e reproduzido por um conjunto de práticas sociais, éticas e políticas que se processa pelo ensino, pesquisa e assistência. Realiza-se na prestação de serviços à pessoa, família e coletividade, no seu contexto e circunstâncias de vida (CÓDIGO DE ÉTICA DA ENFERMAGEM, 2007, p. 52). 90 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III Lembrete O Código de Ética de Enfermagem aborda: direitos, responsabilidades e proibições, dispondo sobre a relação do profissional com a pessoa, família e coletividade, relações com os trabalhadores de enfermagem, relação com as organizações da categoria e também com as organizações empregadoras. Contudo, devemos considerar que a enfermagem tem como característica principal do seu trabalho o cuidado ao paciente hospitalizado, e o que representa essa situação é a importante assistência de enfermagem hospitalar. Esse cuidado deve ser integral. É preciso haver um planejamento oriundo de um raciocínio clínico e observacional do enfermeiro e equipe. Esse cuidado é individualizado ao paciente e ainda é humanizado. Dentro de um contexto hospitalar, a enfermagem apresenta algumas características muito relevantes: • é prestadora de uma assistência 24 horas; • o processo de trabalho da enfermagem hospitalar se dá por meio da equipe constituída; • tem a importante função de prover assistência ao paciente sob regime de internação, com uma assistência integral, individualizada e humanizada; • são profissionais que convivem constantemente com sofrimentos, medos, conflitos, ansiedade e estresse por conta de longas jornadas de trabalho, pois muitas vezes possuem mais de um emprego; • profissionais da equipe de enfermagem convivem ainda com a dor, sofrimento e morte dos pacientes, com problemas de recursos humanos e materiais no dia a dia de trabalho; • é a categoria de maior representatividade no hospital e as enfermeiras são majoritariamente do sexo feminino. O serviço de enfermagem, em virtude da complexidade e dinamismo do trabalho executado, apresenta uma constante preocupação com a capacitação e treinamento dos membros de sua equipe. Assim, muitos gerentes de enfermagem investem no processo de educação continuada para seus profissionais. Portanto, é muito comum ter um enfermeiro específico e atuante no serviço de educação continuada, pois é ele que planeja e organiza as necessidades e adequações em relação aos treinamentos e capacitações da equipe. É considerado um profissional importante, pois interage com toda a equipe. Uma atribuição essencial da enfermeira da educação continuada, juntamente com o gerente do serviço, é a organização de um manual próprio com normas, rotinas e protocolos. Cabe ressaltar que um papel importante do gestor em enfermagem é desempenhar uma gerência inovadora, buscando sempre condições que possibilitem a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem e, consequentemente, uma assistência hospitalar de qualidade. 91 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Assim, o serviço de educação continuada hospitalar segue tradicionalmente o modelo acadêmico, pois a enfermagem tem sua assistência pautada no conhecimento técnico e científico, com ênfase em cursos e treinamentos, pois o grande objetivo é adequar os profissionais de enfermagem ao trabalho executado nos diversos setores de uma unidade hospitalar. Além de sua complexidade, o hospital possui detalhes e especialidades médicas, e a equipe de enfermagem deve sempre estar preparada e capacitada para esse atendimento, pois existem diversos setores, como: pediatria, clínica médica, clínica cirúrgica, centro cirúrgico, pronto socorro, UTI, ambulatório e ainda os Serviços de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SADT). Nesse sentido, os enfermeiros exercem suas funções em todos os setores que prestam assistência direta ao usuário. Portanto, o gerente de enfermagem é responsável por administrar o serviço, tendo como principal função a adequação do dimensionamento de pessoal de enfermagem nos diversos setores do hospital. Um grande desafio para os gestores em enfermagem é a organização das escalas de serviços dos diversos setores de uma instituição hospitalar. Uma outra preocupação é em relação a recursos materiais necessários para o bom desempenho da assistência de enfermagem. Então, é vital que os gestores de enfermagem tenham um canal de comunicação eficiente com a diretora administrativa do hospital. Nesse sentido, para Santos et al. (2013), no exercício gerencial do enfermeiro, prazer e sofrimento não podem ser considerados itens opostos, mas as vezes não é possível estabelecer uma relação de equilíbrio entre esses dois sentimentos, pois todo e qualquer trabalho humano, por mais prazeroso que seja, exigirá alguns enfrentamentos, os quais se podem configurar como angústia. Desse modo, para o exercício da gerência em enfermagem, é muito importante que o responsável esteja constantemente preparado e conheça técnicas de liderança, comunicação, negociação e controle de conflitos. Saiba mais Para saber mais, leia o guia a seguir: PIMENTA, C. A. de M. et al. Guia para construção de protocolos assistenciais de Enfermagem. Coren/SP, 2015. Disponível em: <http://www.coren-sp.gov. br/sites/default/files/Protocolo-web.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2016. A medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade. Os Conselhos Regionais de Medicina (CRM) fiscalizam o exercício da profissão médica, pois sua missão é garantir o exercício ético da medicina e ainda tem como princípio a melhoria das condições de vida e saúde da sociedade. 92 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão. O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu benefício, jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade (CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA, 2013, p. 8). Em uma instituição hospitalar, o médico faz parte de um corpo clínico da instituição, devendo estar contratado por ela e ainda com seu cadastro junto ao Conselho Regional de Medicina ativo. O corpo clínico está subordinado a uma direção médica que supervisiona todas as ações prestadaspela equipe médica, ou seja, a assistência médica propriamente dita. Para o exercício e o bom desempenho do corpo clínico, deve existir um regimento do corpo clínico, em que são definidas as diretrizes básicas das atividades de assistência médico-hospitalar, orientações para o bom cumprimento das rotinas médicas e ainda orientações para se fazer cumprir o Código de Ética e a legislação pertinente às atividades desenvolvidas e compatíveis com a natureza da instituição. A equipe médica deve atuar em período integral para garantir um acompanhamento contínuo dos pacientes internados (24 horas). Para tal, deve existir uma escala de plantões pré-estabelecida pela diretoria do corpo clínico. Além disso, é obrigatório haver um responsável técnico (RT). Observação Cabe ao Conselho Regional de Medicina emitir o documento de Responsabilidade Técnica (RT), e isso será feito após a entrega, pelo profissional solicitante, de todos os documentos exigidos e depois do pagamento da anuidade junto ao conselho. O médico é responsável pelo diagnóstico e pelo tratamento do paciente hospitalizado, assumindo toda a responsabilidade pela conduta adotada durante o período de internação; assim, é importante que todo paciente conheça seu médico assistente, o qual fará seu atendimento por meio de visita clínica, bem como realizará prescrições do tratamento medicamentoso e outros cuidados pertinentes ao quadro clínico e patologia do paciente. Outra atribuição essencial do médico é fazer todos os registros no prontuário do paciente, como as evoluções médicas, atendimentos realizados, exames e procedimentos, com carimbo e assinatura, lembramos que o prontuário do paciente internado deve ter letra legível estar completo com respectiva identificação. Além do regimento do corpo clínico, o hospital deve contar com manual de normas e rotinas e procedimentos, que são documentos próprios para o corpo clínico, bem como um programa de educação continuada para seus profissionais, pois isso qualifica os processos de trabalho e integração da equipe, uma vez que a discussão de casos em grupo é uma rotina muito importante dentro da área médica. 93 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Devemos enfatizar que o corpo clínico de uma instituição deve contar com os trabalhos de uma valiosa comissão, que é a de ética médica, pois, além de representar o Conselho Regional de Medicina na instituição, pode colaborar com fiscalização do exercício profissional e por conseguinte, com a melhoria da assistência médica prestada. Um essencial objetivo é a criação de possibilidades de reflexão das questões éticas e a preocupação é sempre zelar pelo cumprimento dos deveres e direitos dos médicos e pacientes. Para atender a exigências legais, deve haver outras comissões no hospital, e estas muitas vezes são presididas pelo médico responsável pelo corpo clínico da instituição. Destacamos a seguir algumas comissões internas: • Comissão de Revisão de Óbito – a declaração de óbito é um documento público sinificativo, devendo ser devidamente preenchido pelo médico responsável pelo paciente, bem como todo prontuário de pacientes que evoluem para o óbito. Assim, a importância dessa comissão é monitorar e avaliar os prontuários de pacientes que evoluíram para óbito dentro da Instituição. • Comissão de Revisão de Prontuário – o prontuário do paciente, que corresponde a um conjunto de registros que representam a assistência prestada durante seu período de internação, deve ser devidamente preenchido, principalmente em relação aos documentos relacionados ao prontuário médico. Dessa maneira, essa comissão irá monitorar e avaliar a qualidade de preenchimento dos prontuários. • Comissão de Controle da Infecção Hospitalar – deve exercer suas funções através de um programa de controle de infecções hospitalares, em que a ação mínima necessária desenvolvida tem como objetivo à redução de incidência das infecções no hospital. Saiba mais Para pesquisar legislações sobre as principais portarias que orientam sobre o trabalho de uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, acesse o site da Associação Paulista de Epidemiologia e Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde a seguir: <www.apechi.org.br>. 6.2 Serviço de fisioterapia hospitalar Segundo o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, 2016), a Fisioterapia estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais dos sistemas do corpo humano, que podem ser gerados por alterações genéticas, traumas ou ainda por doenças adquiridas ao longo da vida. 94 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III A fisioterapia hospitalar é um serviço essencial para a recuperação do paciente internado, e a atuação do fisioterapeuta dentro de uma unidade hospitalar tem como objetivos: minimizar as consequências do problema de imobilidade no leito, prevenir dificuldades respiratórias e principalmente restrições motoras. Com isso, a fisioterapia tem seu importante papel na recuperação do paciente, prevenindo complicações e diminuindo o tempo de internação hospitalar. Nesse contexto, o fisioterapeuta está subordinado a uma diretoria de apoio técnico, que preceitua que deve haver um responsável técnico na equipe. Segundo o Conselho Regional, o serviço deve garantir aos clientes uma prática assistencial de cunho científico comprovado e que ofereça à população uma assistência terapêutica. Como membro da equipe multidisciplinar, o fisioterapeuta atua em unidades de terapia intensiva e unidades de internação, devendo elaborar protocolos clínicos assistenciais que atendam de forma satisfatória às necessidades dos pacientes em relação ao processo de recuperação e reabilitação. Lembrete Para o fisioterapeuta trabalhar em uma UTI, deve-se ter autonomia, e a Portaria do Ministério da Saúde nº 1.071, de julho de 2005, sobre a Política Nacional de atendimento ao paciente crítico, assegura que o fisioterapeuta se faz necessário na equipe multiprofissional. Enfatiza-se que o setor de terapia intensiva deve contar com a presença de um fisioterapeuta. A assistência prestada por esse profissional pode reduzir o período de permanência dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva, pois todas as técnicas e procedimentos fisioterápicos são essenciais para a alta do paciente crítico. A assistência na ventilação mecânica invasiva e não invasiva deve ser monitorada e avaliada não somente pelo médico intensivista, mas também pelo fisioterapeuta. Com isso devemos enfatizar que o serviço de fisioterapia hospitalar atua não somente na recuperação do paciente sob regime de internação, mas também promovendo sua qualidade de vida. Pode prestar uma assistência em algumas áreas importantes dentro do ambiente hospitalar, como: • assistência respiratória; • auxílio neurofuncional; • cooperação motora; • assistência com técnicas de alongamento e relaxamento muscular. Para haver um bom funcionamento do serviço de fisioterapia hospitalar, a equipe deve contar com protocolos assistenciais, cálculo adequado de profissionais para as áreas do hospital, principalmente para as unidades de terapia intensiva, além de equipamentos e materiais adequados à assistência ao paciente 95 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES internado. Outra área em que o fisioterapeuta pode atuar é no ambulatório de saúde do trabalhador, realizando avaliações funcionais dos profissionais de saúde que atuam no ambiente hospitalar. Saiba mais Para pesquisara importância do Código de Ética dos Profissionais da Fisioterapia, acesse o site do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional a seguir: <www.coffito.org.br>. 6.3 Serviço social no ambiente hospitalar Dentro de uma instituição hospitalar, o assistente social é o profissional que trabalha diretamente com o paciente internado e sua família ou responsável legal na defesa das políticas sociais tanto de cunho público ou privado. Assim, o assistente social atua em parceria com outros profissionais compondo a equipe multidisciplinar do hospital. Com isso, deve garantir o cumprimento de direitos dos pacientes internados. A essência de seu trabalho é pautada na humanização hospitalar, uma vez que realiza um atendimento decisivo na informação necessária ao paciente. Portanto, exerce algumas atribuições exclusivas dentro do contexto hospitalar, como: • Atende aos familiares nos casos de óbitos internos, informando a rotina desse procedimento. • Articula com as secretarias municipais os direitos dos usuários com relação ao transporte dos usuários. • Orienta os familiares, quando necessário, sobre doação de órgãos e tecidos. • Notifica e articula, junto aos conselhos de direitos e promotorias, questões relacionadas a crianças, adolescentes, idosos e vítimas de violências. • Atende pacientes que solicitam informações sobre afastamento do trabalho por doenças e aposentadorias. • Orienta os pacientes portadores de doenças neoplásicas em relação aos seus direitos sociais. • Instrui pacientes e seus familiares no momento da alta hospitalar em relação à continuidade do tratamento, abertura de processos legais e programas sociais dentro do sistema de saúde tanto público como privado. Para a devida execução do serviço social em uma instituição hospitalar, deve haver: um responsável técnico habilitado, uma equipe preparada para atender às necessidades da demanda e perfil dos 96 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade III pacientes internados e uma sala adequada para atender pacientes e familiares. Para isso, são necessários manuais com normas, rotinas e protocolos técnicos-assistenciais para utilização da equipe. No caso do serviço social, é muito importante a criação de grupos de trabalho e de discussão para análise dos casos atendidos, a fim de obter uma melhor resposta e orientação final aos pacientes e seus familiares. O hospital é um ambiente onde se desenvolve um grande volume de atividades, que devem operar em harmonia; é o palco onde trabalham profissionais de várias especialidades e diferentes matizes. O comum entre eles é a atuação em perfeita consonância para a conquista dos resultados preconizados. Os serviços que esta instituição desenvolve devem interagir entre si com muita perfeição. Caso contrário assistência de qualidade aos doentes será prejudicada (CAMELO, 2011, p. 737). Assim, ainda atualmente, muitos hospitais seguem uma estrutura organizacional representada por organogramas clássicos, através de uma hierarquização das áreas e funções. Contudo, sabemos que o paciente, em seu leito ou em um ambulatório, necessita do atendimento de vários profissionais. Desse modo, é essencial que os gestores evitem a fragmentação do cuidado na organização dos serviços, promovendo e enfrentando o desafio de se construir cada vez mais uma equipe multidisciplinar integrada e em harmonia para a assistência ao paciente em regime de internação hospitalar. Lembrete Uma equipe multidisciplinar, representada por vários profissionais dentro de um contexto hospitalar, deve construir uma relação harmoniosa entre os profissionais, pois o paciente deve ser visto como um todo, considerando um atendimento humanizado. O objetivo é focar na demanda dos pacientes e a equipe tem a finalidade de atender às necessidades globais, visando a resolutividade dos problemas e o bem-estar do paciente. 6.4 Serviço de psicologia hospitalar Segundo o Manual de Psicologia Hospitalar (2007), o psicólogo, no exercício de sua profissão, acolhe e trabalha com pacientes internados de todas as faixas etárias e com suas respectivas famílias. O sofrimento dessas pessoas ocorre em virtude de suas doenças, dos longos períodos de internação e dos tipos de tratamento aplicados. Assim, o psicólogo deve assistir ao paciente e à sua família, realizando uma avaliação diagnóstica, ou seja, um psicodiagnóstico. O indivíduo em condições de internação hospitalar está debilitado por estado de saúde de quadro orgânico e, em conjunto, as questões clínicas desencadeiam a ansiedade, a angústia, traços depressivos momentâneos e diversas dúvidas sobre a patologia que o paciente desenvolveu. Além dos sintomas clínicos, emergem os sintomas psicológicos, pois uma das causas da angústia é o entendimento do desenvolvimento da patologia, dos 97 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES sintomas, das possíveis sequelas, medicação, tratamento, da vida após a alta hospitalar (SALDANHA; ROSA; CRUZ; 2013, p. 187). Hierarquicamente, o serviço de psicologia hospitalar faz parte de uma diretoria de apoio técnico-assistencial. Deve haver um responsável técnico, que, juntamente com sua equipe, elabora protocolos para atendimento aos pacientes e seus familiares durante o período de hospitalização ou ainda no setor de ambulatórios. Cabe enfatizar que o psicólogo realiza uma intervenção psicoterapêutica nos pacientes, em suas famílias e na equipe de saúde, que também participa do processo de internação e sofrimento psíquico do paciente em regime de internação. Quando o atendimento psicológico é ambulatorial, este pode ser individual ou em grupo, assim é muito importante o registro desse atendimento no prontuário dos pacientes. Contudo, devemos ressaltar que esses profissionais enfrentam alguns obstáculos dentro de um ambiente hospitalar, por exemplo, a dificuldade do psicólogo em se inserir na equipe multidisciplinar, dificuldades essas que podem ser explicadas por problemas tanto do lado do profissional como por questões institucionais que não consegue organizar uma equipe voltada para o atendimento aos pacientes em regime de internação ou ambulatorial. Assim, sabemos que é um grande desafio para os gestores hospitalares construir um trabalho em equipe. Outro ponto que devemos lembrar é que ainda existem muitas instituições hospitalares que contratam um número inferior de psicólogos para atendimento aos seus pacientes. Desse modo, é preciso considerar que existe um dimensionamento adequado para essa relação, pois, caso houver poucos profissionais dentro da instituição, com certeza o atendimento e trabalho da equipe de psicólogos estará prejudicado e, consequentemente, o atendimento aos pacientes, familiares e à equipe de saúde. Determinar o quadro ideal de profissionais dentro de um espaço organizacional ainda é um grande desafio ao gestor, pois não se trata somente de uma questão matemática com aspectos qualitativos, mas envolve aspectos qualitativos. Muitas vezes, usa sua subjetividade e governança e ainda é influenciado por características institucionais. Observação Dimensionar a força de trabalho na área da saúde não é uma tarefa fácil, pois envolve a previsão de pessoal quantitativa e qualitativa. Nesse contexto, o objetivo sempre será o atendimento das necessidades da clientela e obter qualidade esperada. Em relação á questão organizacional e de gestão hospitalar, o psicólogo precisa de um local próprio para trabalhar e deve seguir um manual de protocolos, normas e rotinas internas do serviço, trabalhando com indicadores de monitoramento e qualidade da assistência prestada, escala mensal da equipe com
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