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Materiais de Construção Mecânica Aplicada 6º SEMESTRE (ENG. MEC) Prof.Luciano de Lima Lopes limalolopes@gmail.com AULA 3 DUREZA Prof. Luciano de Lima Lopes limalolopes@gmail.com Conceito de Dureza Dureza é a propriedade de um material que permite a ele resistir à deformação plástica, usualmente por penetração. Dureza expressa sua resistência a deformações permanentes e está diretamente relacionada com a força de ligação dos átomos. O termo dureza também pode ser associado à resistência à flexão, risco, abrasão ou corte. Porque fazer o Ensaio de Dureza? Interesse do conhecimento da dureza: 1.Conhecimento da resistência ao desgaste; 2.Conhecimento aproximado da resistência mecânica (resistência a tração) através do uso de tabelas de correlação; 3.Controle de qualidade de tratamentos térmicos. Aplicações Esse ensaio é amplamente utilizado na indústria de componentes mecânicos, tratamentos superficiais e laminados devido à vantagem de fornecer dados quantitativos das características de resistência à deformação permanente das peças produzidas. É utilizado como um ensaio para o controle das especificações da entrada de matéria prima e durante as etapas de fabricação de componentes; Os resultados fornecidos pela medida de dureza devem variar em função de tratamentos sofridos pela peça (tratamentos superficiais, tratamentos térmicos, etc). Medição de Dureza Nos materiais metálicos, a dureza pode ser alterada por tratamentos térmicos, adição de solutos (elementos químicos), trabalho mecânico a frio (encruamento), tratamentos térmicos específicos. Aço temperado → maior dureza Aço encruado → maior dureza Aço com maior quantidade de C → maior dureza Introdução Vantagens Rapidez de execução; Baixo custo dos equipamentos envolvidos. Métodos de Medição Risco (escala de dureza de MOHS); Rebote (método SHORE); Penetração (BRINNEL, VICKERS, ROCKWELL). Dureza por Risco Dureza Mohs Esse tipo de dureza é pouco utilizado para materiais metálicos, sendo sua maior utilização na área de mineralogia. Entre os ensaios por risco, a dureza Mohs é o mais conhecido e consiste numa escala de 10 minerais padrões, onde o mais duro é o diamante e risca todos os demais minerais. O mais mole (dureza 1) é o silicato de magnésio (talco), este não tem condições de riscar nenhum material. Dureza por Risco Dureza Mohs Nessa escala, a maioria dos metais se enquadra entre durezas 4 e 8, e pequenas diferenças de dureza não são acusadas por este método, o que não permite uma definição adequada da sua dureza. A dureza é determinada pela pesquisa de qual mineral da escala padrão o material de teste risca ou não risca. Escala Mohs (1822) 1 - Talco 2 - Gipsita 3 - Calcita 4 - Fluorita 5 - Apatita 6 - Feldspato 7 - Quartzo 8 - Topázio 9 - Safira e corindo 10 - Diamante Dureza por Risco Método da Lima Métodos similares de avaliação de dureza relativa são ainda utilizados atualmente. Um exemplo é o teste da lima, onde uma lima temperada numa dureza desejada é friccionada na superfície do material a testar. Se a lima desliza sem marcar a superfície, o material é considerado mais duro que a lima. Caso contrário, o material é menos duro que a lima. Outros: fagulha no esmeril, chicote elétrico com ponta abrasiva. Dureza por Rebote Dureza Shore É um ensaio dinâmico cuja impressão na superfície do material é causada pela queda livre de um êmbolo com uma ponta padronizada de diamante. O valor da dureza é proporcional à energia de deformação consumida para formar a marca no corpo de prova e representada pela altura alcançada no rebote do êmbolo. Desta forma, materiais dúcteis irão consumir mais energia na deformação do corpo de prova e o êmbolo alcançará uma altura menor no retorno, indicando uma dureza mais baixa. Dureza Shore O teste do Escleroscópio consiste em provocar a queda de um martelo com ponta de diamante sobre o corpo de prova. O martelo inicia sua queda a partir de uma altura fixa, sob a ação de seu próprio peso, e viaja dentro de um tubo de vidro. O peso do martelo é de aproximadamente 2,5 kgf e cai de uma altura aproximada de 25cm (10”) sobre a superfície do material a testar. Teste do Escleroscópio escala Shore Dureza por Penetração Dureza Brinell O método de teste de dureza Brinell consiste em endentar o material com uma esfera de aço endurecido ou metal duro com 10 mm de diâmetro com uma carga de 3000 kgf. Para materiais mais moles a carga pode ser reduzida para 1500 kg ou 500 k para reduzir endentação excessiva. A carga total é normalmente aplicada por 10 ou 15 segundos no caso de ferro fundido ou aço , e pelo menos durante 30 segundos para outros metais. A dureza Brinell é representada pelas letras HB. Esta representação vem do inglês Hardness Brinell, que quer dizer “dureza Brinell”. Dureza Brinell A dureza Brinell (HB) é a relação entre a carga aplicada (F) e a área da calota esférica impressa no material ensaiado (Ac). A área da calota esférica é dada pela eq. (Ac = π x D x p), onde (p) é a profundidade da calota. Substituindo Ac pela fórmula para cálculo da área da calota, temos: cA F = HB Dp F = HB Dureza Brinell O diâmetro da impressão formada deve ser medido por meio de microscópio ou lupa graduada e por 2 leituras, uma a 90º da outra, para minimizar erros de leitura e resultados imprecisos. Tipo de Esfera (Aço ou Carboneto de Tungstênio) Depende da faixa de dureza do material. Assim, utiliza-se esfera de: Carboneto de Tungstênio para dureza entre 450 e 650HB; Aço para durezas menores. Dureza Brinell Correlação entre a Dureza Brinell e Resistência à Tração A dureza Brinell pode ser correlacionada com o limite de resistência a tração de materiais metálicos. Apesar de tais relações não serem necessariamente precisas, são importantes para uma estimativa da resistência de um material quando não se dispõe de uma máquina de tração, ou vice-versa. rt= . HB, onde é o limite de resistência à tração e é uma constante experimental. = 3,60 (para aços carbono) Dureza Brinell Vantagens e Limitações Não é recomendado para peças muito finas e para materiais muito duros, ex. aço temperado (metais de dureza ≥ das esferas dos penetradores) Não é indicado para materiais que tenham sofrido tratamentos superficiais, pois a penetração pode ultrapassar a camada com tratamento e gerar erros nos valores medidos. É o único ensaio utilizado e aceito para ensaios em metais que não tenham estrutura interna uniforme. Dureza Rockwell Em 1922, Rockwell desenvolveu um método de ensaio de dureza que utilizava um sistema de pré-carga. O ensaio Rockwell é hoje o processo mais utilizado no mundo inteiro, devido à rapidez e à facilidade de execução, isenção de erros humanos, facilidade em detectar pequenas diferenças de durezas e pequeno tamanho da impressão. Dureza Rockwell A carga do ensaio é aplicada em etapas: primeiro se aplica uma pré-carga e depois se aplica a carga do ensaio. A pré-carga é necessária para eliminar a ação de eventuais defeitos superficiais, ajudar na fixação do corpo de prova no suporte e causar pequena deformação permanente, eliminando erros causados pela deformação elástica. Para a realização da leitura é retirada a carga total, mas mantendo-se, entretanto a carga inicial. O número de dureza Rockwell é citado com o símbolo HR, seguido da escala utilizada. Dureza Rockwell A leitura da dureza é feita diretamente no mostrador do equipamento, na escala adequada à dureza do material. Se utiliza: Penetrador cônico de diamante, fazer a leitura do resultado na escala externa do mostrador (de cor preta). Penetrador esférico, fazer a leitura na escala vermelha. O valor indicado na escala é o valor da dureza Rockwell. Os penetradores utilizados na máquina de ensaio de dureza Rockwell são do tipo esférico (esfera de aço temperado) ou cônico (cone de diamante com 120º de conicidade e ponta ligeiramente arredondada r=0,2mm). Dureza Rockwell Descrição do Processo1o passo: aproximar a superfície do corpo de prova do penetrador. 2o passo: submeter o corpo de prova a uma pré-carga (carga menor). 3o passo: aplicar a carga maior até o ponteiro parar 4o passo: retirar a carga maior e fazer a leitura do valor indicado no mostrador, na escala apropriada. Dureza Rockwell Descrição do Processo Dureza Rockwell Equipamento de Ensaio Pode-se realizar o ensaio de dureza Rockwell em dois tipos de máquinas, ambas com a mesma técnica de operação, que diferem apenas pela precisão de seus componentes. A máquina padrão mede a dureza Rockwell normal e é indicada para avaliação de dureza em geral. A máquina mais precisa mede a dureza Rockwell superficial, e é indicada para avaliação de dureza em folhas finas ou lâminas, ou camadas superficiais de materiais. Dureza Rockwell Equipamento de Ensaio As escalas de dureza Rockwell foram determinadas em função do tipo de penetrador e do valor da carga maior. Nos ensaios de dureza Rockwell normal utiliza-se uma pré- carga de 10kgf e a carga maior pode ser de: 60, 100 ou 150 kgf. Nos ensaios de dureza Rockwell superficial a pré-carga é de 3 kgf e a carga maior pode ser de 15, 30 ou 45 kgf. Dureza Rockwell Escalas Estas escalas não têm relação entre si. Por isso, não faz sentido comparar a dureza de materiais submetidos a ensaio de dureza Rockwell utilizando escalas diferentes. Ou seja, um material ensaiado numa escala só pode ser comparado a outro material ensaiado na mesma escala. O quadro a seguir mostra as escalas mais utilizadas nos processos industriais. Dureza Rockwell (Escalas) Escala de dureza Rockwell superficial e aplicações Escala Cor da escala Carga maior Penetrador Faixa de utilização Campo de aplicação 15N preta 15 diamante cone 120º 65 a 90 HR 15N Uso em aplicações similares às escalas HRC, HRA, HRD 30N preta 30 diamante 40 a 80 HR 30N Uso em aplicações similares às escalas HRC, HRA, HRD 45N preta 45 diamante 35 a 70 HR 45N Uso em aplicações similares às escalas HRC, HRA, HRD 15T vermelha 15 esfera aço 1,5875mm 50 a 94 HR 15T Uso em aplicações similares às escalas HRB, HRF, HRG 30T vermelha 30 esfera aço 1,5875mm 10 a 84 HR 30T Uso em aplicações similares às escalas HRB, HRF, HRG 45T vermelha 45 esfera aço 1,5875mm 10 a 75 HR 45T Uso em aplicações similares às escalas HRB, HRF, HRG Escala de dureza Rockwell normal e aplicações Escala Cor da escala Carga maior Penetrador Faixa de utilização Campo de aplicação A preta 60 diamante cone 120° 20 a 88 HRA Carbonetos, folhas de aço com fina camada superficial endurecida C preta 150 diamante cone 120° 20 a 70 HRC Aço, titânio, aços com camada endurecida profunda, materiais com HRB>100 D preta 100 diamante cone 120° 40 a 77 HRD Chapas finas de aço com média camada endurecida B vermelha 100 esfera aço 1,5875mm 20 a 100 HRB Ligas de cobre, aços brandos, ligas de alumínio, ferro maleável etc. E vermelha 100 esfera aço 3,175mm 70 a 100 HRE Ferro fundido, ligas de alumínio e de magnésio F vermelha 60 esfera aço 1,5875mm 60 a 100 HRF Ligas de cobre recozidas, folhas finas de metais moles G vermelha 150 esfera aço 1,5875mm 30 a 94 HRG Ferro maleável, ligas de cobre-níquel-zinco e de cobre- níquel H vermelha 60 esfera aço 3,175mm 80 a 100 HRH Alumínio, zinco, chumbo K vermelha 150 esfera aço 3,175mm 40 a 100 HRK Metais de mancais e outros muito moles ou finos Dureza Rockwell O número de dureza Rockwell deve ser seguido pelo símbolo HR, com um sufixo que indique a escala utilizada. Exemplo, a interpretação do resultado 64HRC: 64 é o valor de dureza obtido no ensaio; HR indica que se trata de ensaio de dureza Rockwell; a última letra, no exemplo C, indica qual a escala empregada. Dureza Rockwell Vantagens e Limitações As escalas não têm relação entre si, por isso, não se pode comparar a dureza de materiais submetidos a ensaio de dureza Rockwell utilizando escalas diferentes. O resultado de dureza no ensaio Rockwell não tem relação com o valor de resistência à tração, como no ensaio Brinell. Rapidez de execução. Maior exatidão e isenção de erros. Possibilidade de maior utilização para materiais duros. Pequeno tamanho de impressão (não destrutivo). Método semelhante ao ensaio de dureza Brinell, uma vez que relaciona a carga aplicada com a área superficial da impressão. Recebeu o nome Vickers devido a Companhia Vickers-Armstrong Ltda. que fabricou as máquinas para operar esse tipo de dureza, sendo o método desenvolvido em 1925. A dureza Vickers se baseia na resistência que o material oferece à penetração de uma pirâmide de diamante de base quadrada e ângulo entre faces de 136º, sob uma determinada carga. Dureza Vickers Dureza Vickers O valor de dureza Vickers (HV) é o quociente da carga aplicada (F) pela área de impressão (A) deixada no corpo ensaiado. A máquina que faz o ensaio Vickers não fornece o valor da área de impressão da pirâmide, mas permite obter, por meio de um microscópio acoplado, as medidas das diagonais (d1 e d2) formadas pelos vértices opostos da base da pirâmide. A F =HV Dureza Vickers Dureza Vickers Conhecendo as medidas das diagonais, é possível calcular a área da pirâmide de base quadrada (A), utilizando a fórmula: Voltando à fórmula para cálculo da HV, e substituindo A pela fórmula acima, temos: Na fórmula anterior, a força deve ser expressa em quilograma-força (kgf) e o “d” corresponde à diagonal média: Pode-se consultar tabelas para determinar as cargas em função da diagonal média. 2 136 sen 2 d =A 2 2d 1,8544F =HV 2d 68 sen 2 x F =HV 68 sen 2 2d F =HV 2 d + 21dd Dureza Vickers Representação do Resultado do Ensaio A dureza Vickers é representada pelo valor de dureza, seguido do símbolo HV e de um número que indica o valor da carga aplicada. Por exemplo: A representação 440 HV 30 indica que o valor da dureza Vickers é 440 e que a carga aplicada foi de 30 kgf. Dureza Vickers Cargas Usadas Neste método, ao contrário do que ocorre no Brinell, as cargas podem ser de qualquer valor, pois as impressões são sempre proporcionais à carga, para um mesmo material. Deste modo, o valor de dureza será o mesmo, independente da carga utilizada. Por uma questão de padronização, as cargas recomendadas são: 1, 2, 3, 4, 5, 10, 20, 30, 40, 60, 80, 100, 120 kgf. Dureza Vickers Vantagens e Limitações Escala contínua de dureza, medindo todas as gamas de valores de dureza numa única escala. Impressões extremamente pequenas e não inutilizam as peças, mesmo as acabadas. O penetrador, por ser de diamante, é praticamente indeformável. Aplica-se a materiais de qualquer espessura, e pode também ser usado para medir durezas superficiais. Dureza Vickers Vantagens e Limitações Cuidados especiais para evitar erros de medida ou de aplicação de carga, que alteram muito os valores reais de dureza. Preparação do corpo de prova para evitar o encruamento superficial. Ensaio com relativa demora o que limitada sua utilização industrial. RELATÓRIO 2 Equipamentos para ensaio Rockwell Materiais Objetivo Procedimento Conclusão QUESTÕES 1. Quais os tipos de ensaio de Dureza que você conhece? 2. Comente as vantagens e desvantagens do método do ensaio Rockwell em relação aos métodos Brinell e Vickers. 3. Qual o ensaio de dureza mais utilizado na industria e porque? 4. Descreva as etapas de realização do Ensaio de Dureza Rockwell. 5. Na maquina de Dureza Rockwell, quando devemos utilizar a escala de cor preta e quando utilizamos a escala vermelha? Qual o tipo de penetrador de para cada escala?
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