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https://cursos.univesp.br/courses/3123/pag es/semana-2?module_item_id=266447 Semana 1 (24/07): Concepções de Gestão Texto-base: Gestão educacional: novos olhares, novas abordagens Teorias da administração e seus desdobramentos no âmbito escolar - Condições básicas para o modelo ou paradigma na teoria organizacional, segundo Guillén: - A nova ordem do mundo capitalista é sua direção não mais por homens e sim por princípios científicos baseados na natureza das coisas; - A expansão da industrialização também correspondeu a expansão escolar, a escola como um agente fundamental na preparação para o trabalho; - Uma função primordial da escola é a socialização para o trabalho; A escola clássica: a perspectiva funcionalista - Aqui a organização é visualizada como autônoma; - Representada por Taylor, Fayol e Gilbreth & Gilbreth; - Tem como preocupação a racionalização e os métodos de trabalho e pelos princípios administrativos que garantem o trabalho mais produtivo, mais afetivo e centralizado no comando da gerência; - Princípios que fundamentam os aspectos técnicos e administrativo desta teoria: - Nesta abordagem é construída a definição do operário-massa, como figura emblemática do taylorismo, sendo ele na visão de Lazzarato e Negri: - A educação aqui será vista como fundamental para a sustentação e perpetuação do processo; - A administração escolar aqui é vista como um conjunto de funções, onde planejamento, organização, coordenação, avaliação e controle são elementos constitutivos; - A reprodução se faz necessária nesta teoria; - A primeira função administrativa da escola é o estudo da aprendizagem, do ensino, do aconselhamento, da supervisão e da pesquisa; https://cursos.univesp.br/courses/3123/pages/semana-2?module_item_id=266447 https://cursos.univesp.br/courses/3123/pages/semana-2?module_item_id=266447 - Fluxo de comunicação ocorre de cima para baixo; - Este paradigma perdurou até meados do século XX, incluindo na escola, a qual a direção era designada hierarquicamente e centralizava as decisões e se reproduzia também na sala de aula, centrada na figura do professor, cujo papel era ensinar e o do aluno aprender. Escola de Relações Humanas e seus desdobramentos - Ocupa-se da seleção, do treinamento, do adestramento, da pacificação e ajustamento da mão de obra para adaptá-los aos processos de trabalhos organizados; - A insatisfação, as faltas, a rotatividade, as hostilidades e agressividades, a negligência e o desinteresse são fenômenos que só podem ser compreendidos e administrados se mantidos no nível de interação entre os indivíduos e os pequenos grupos, escamoteados os aspectos políticos da degradação de homens e mulheres submetidos a um tipo de trabalho fragmentado e sem sentido; - Essa perspectiva procura preservar os modelos já existentes; - Príncipios básicos que configuram esta teoria: - A batalha rotineira, as barganhas salariais, o emaranhado da nova vida, os novos tempos alocados e impostos são escondidos pela visão psicológica, obscurecendo o fato de que estão a serviço do poder econômico; - O modo de produção aqui também se expande para a escola. A adequação do trabalhador deve ser renovada a cada geração, exigindo-se uma matriz que a reproduza e a transforme em um aspecto permanente da sociedade industrial; - Administração escolar centrada na tarefa para uma locação no asseguram a estabilidade e sobrevivência de longo prazo do sistema escolar e por consequência do sistema organizacional; O funcionalismo estrutural - Três contribuições clássicas redirecionam, no período, os estudos organizacionais: a) Primeira: Interpretação estrutural-funcionalista da abordagem sistêmica, que acaba por se tornar hegemonia no campo organizacional; b) Segunda: Os aportes mais consistentes da teoria de Durkheim, vía Parsons, mesclam-se a esta vertente, dando conteúdo diferenciado e de cunho mais sociológico ao entendimento das organizações. - Como premissas fundamentais podemos citar: - No que se refere a prática da administração escolar pode se destacar a visão da escola como organização normativa, na qual os órgãos diretivos utilizam controles normativos como primeira instância e coercitivos como fonte secundária; - Organização burocrática e seus elementos se constituírem no centro da gestão da escola, impactando diretamente a sua administração; - A administração escolar enfatiza sua dimensão sociotécnica, lhe conferindo um caráter neutro e começam a aparecer a associação de pais e mestres como sistema de suporte à escola e à administração; A perspectiva do poder e da política - As ideias de Weber são redescobertas entendidas agora como análise de estruturas de dominação e não mais como modelo organizacional estático; - Reintroduzidos os seus estudos sobre ação social e o desenvolvimento das éticas que se alicerçam em cada sistema de poder legitimado, reorientando a leitura dos conflitos para as suas relações com o poder e a política; - Para alguns autores esta abordagem coloca-se na mesma lógica da abordagem do estrutural-funcionalista clássico, mas englobando de forma diferenciada o poder; - Aqui o conflito é um processo social básico e a sua resolução determina a direção das mudanças; - A sociedade é um produto da história e do produto concreto dos homens, que são aquilo que produzem ou a forma como produzem; - As relações entre indivíduos e sociedade são mediadas pelas relações de classe; - O poder aqui é entendido como uma extensa e complexa rede na sociedade e nas instituições, em seus processos micropolíticos; - Na prática da administração escolar temos a escola como aparelho ideológico. Sendo que sua gestão passa necessariamente pela estrutura do poder necessária a esta dominação; - Mudanças no processo administrativo, como eleição de diretores pela comunidade escolar e participação destas nas decisões. À guisa de conclusão: o paradigma atual é o pós-fordismo? - O desemprego e informalidade botam novos exércitos de reserva no espaço público e institucional; - A perda de emprego tem significado a perda do espaço público e das possibilidades de formação identitária como o coletivo de produtores; - A organização torna-se portadora de conhecimentos sociais, técnicos e de distintas competências por meio dos quais grupos particulares se constituem e se reproduzem organizacionalmente, reproduzindo ao mesmo tempo a organização que se deseja; - Neste reino o gestor aparece como modelador da cultura organizacional e orientador de sua direção; - A prática da administração escolar dilacera-se em duas direções opostas: a) Por um lado: a.1) Necessidade de mobilização da subjetividade dos diferentes atores sociais aí presentes estimula o exercício das principais estratégias hoje disponíveis nesse sentido a participação no processo decisório, socializando para o trabalho em equipe e a produção flexível; a.2) A formação profissional enquanto formação de competências denomina autêntica e a.3) A aprendizagem organizacional que se traduz na proposição e na prática de projetos político-pedagógicos que envolvam a comunidade escolar como um todo, garantindo a sua decisão, o seu envolvimento nos processos e nos resultados educacionais. b) Por outro lado: b.1) Tais estratégias se situam no marco da racionalidade instrumental que permeia a sociedade capitalista, cujo fins concentram-se na acumulação e valorização do capital, o que significa que a escola encontra-se submetida aos mesmos critérios de eficácia e efetividade nos termos desta lógica, e não de uma lógica humanista que muitos educadores prefeririam que a organização escolar contemplasse. Texto-base: A educação, a política e administração: reflexões sobre a prática do diretor de escola Resumo - Apresenta subsídios teóricos para se discutir como se configura a ação administrativa do diretor de escola básica (com enfoque especial no ensino fundamental) diante dos fins da educação e da especificidade do processo de produção pedagógico; - O trabalho traz à discussão uma concepção conservadora, mais identificada com o senso comum educacional, queadvoga métodos e princípios idênticos aos aplicados na administração empresarial capitalista. Introdução - “Nenhum problema escolar sobrepuja em importância o problema de administração”; - Nos meios políticos e governamentais, , uma das questões mais destacadas diz respeito à relevância de sua administração, seja para melhorar seu desempenho, seja para coibir desperdícios e utilizar mais racionalmente os recursos disponíveis; - O ensino não está bom, grande parte da culpa cabe à má administração das nossas escolas, em especial daquelas mantidas pelo poder público; - O ensino é importante, e é por isso que se deve realizá-lo da forma mais racional e eficiente; portanto, é fundamental o modo como a escola é administrada. Essa justificativa, expressa ou tacitamente, supõe a administração como mediação para a realização de fins; - “Administração é a utilização racional de recursos para a realização de fins determinados” (Paro, 2010a, p. 25); - Administração é sempre utilização racional de recursos para realizar fins, independentemente da natureza da “coisa” administrada: por isso é que podemos falar em administração industrial, administração pública, administração privada, administração hospitalar, administração escolar, e assim por diante. Tal conceito diz respeito também a toda a administração, o que inclui os vários “setores” da empresa, ou os vários locais ou momentos do processo a que ela se refere; - De acordo com esse conceito mais abrangente de administração, a mediação a que se refere não se restringe às atividades-meio, porém perpassa todo o processo de busca de objetivos. Isso significa que não apenas direção, serviços de secretaria e demais atividades que dão subsídios e sustentação à atividade pedagógica da escola são de natureza administrativa, mas também a atividade pedagógica em si – pois a busca de fins não se restringe às atividades meio, mas continua, de forma ainda mais intensa, nas atividades-fim (aquelas que envolvem diretamente o processo ensino-aprendizado); - Essa valorização do diretor de escola segue paralela à valorização da administração no ensino básico, já que ele é considerado o responsável último pela administração escolar. Enfim, é o diretor que, de acordo com a lei, responde, em última instância, pelo bom funcionamento da escola – onde se deve produzir um dos direitos sociais mais importantes para a cidadania; - O diretor ocupa uma posição não apenas estratégica, mas também contraditória na chefia da escola; Administração como mediação - Tradicionalmente, atuação do diretor de escola costumam ater-se a uma concepção de administração diversa do conceito amplo utilizado neste trabalho, restringem a ação administrativa dos diretores apenas às atividades-meio, dicotomizando, assim, as atividades escolares em administrativas e pedagógicas; - Mutuamente exclusivas — como se o administrativo e o pedagógico não pudessem coexistir numa mesma atividade —, encobrindo assim o caráter necessariamente administrativo de toda prática pedagógica e desconsiderando as potencialidades pedagógicas da prática administrativa quando se refere especificamente à educação; - A administração entendida como a utilização racional de recursos para a realização de fins configura-se “como uma atividade exclusivamente humana, já que somente o homem é capaz de estabelecer livremente objetivos a serem cumpridos” (p. 25); quer dizer, só o homem é capaz de realizar trabalho, em seu sentido mais geral e abstrato, como “atividade orientada a um fim” (Marx, 1983, p. 150); - Considerada a escola como uma empresa, sua administração, ao cuidar da utilização racional dos recursos, supõe que tal utilização seja realizada por uma multiplicidade de pessoas, mas sem ignorar que, em cada um dos trabalhos (que concretizam essa realização), está presente o problema administrativo, ou seja, a necessidade de realizá-lo da forma mais adequada para a consecução do fim que se tem em mira; - Os recursos envolvidos na busca dos objetivos de uma empresa podem se apresentar sob as mais variadas formas, podemos considerá-los como parte de dois grupos interdependentes: a) Os recursos objetivos: a.1) os primeiros incluem-se, por um lado, os objetos de trabalho e os instrumentos de trabalho, isto é, os elementos (materiais ou não) que são objeto de manipulação direta para a confecção do produto; a.2) Os recursos objetivos, como o próprio nome sugere, referem-se às condições objetivas presentes na realização do trabalho ou dos trabalhos que concorrem para a realização dos fins da empresa ou organização. b) Os recursos subjetivos: b.1) Os recursos subjetivos dizem respeito à subjetividade humana, ou seja, à capacidade de trabalho dos sujeitos que fazem uso dos recursos objetivos. Capacidade de trabalho ou força de trabalho é toda energia humana disponível para o processo de produção, ou seja, “o conjunto das faculdades físicas e espirituais que existem na corporalidade, na personalidade viva de um homem e que ele põe em movimento toda vez que produz valores de uso” (Marx, 1983, p. 139); b.2) O recurso subjetivo de cada trabalhador consiste, assim, em seu esforço na realização de ações que concorram para a concretização do objetivo; - A aplicação dos recursos objetivos e subjetivos só tem sentido se esses forem considerados integradamente. Empregando os primeiros da forma mais racional possível – em processos que sejam concebidos e executados do modo mais adequado para o fim que se tem em mira e para os recursos de que se dispõe. O segundo campo diz respeito à utilização racional dos recursos subjetivos e pode chamar-se coordenação do esforço humano coletivo, ou simplesmente coordenação; - A coordenação, por mais que se ocupe da utilização do esforço humano coletivo, não pode ignorar que o escopo principal para a realização dos objetivos é a integração desses recursos aos recursos objetivos de que se dispõe; - Um segundo elemento de complexidade é que a ação dos sujeitos não se restringe ao momento do trabalho, mas espalha-se por todas as relações dentro da empresa; - Percebe-se então o caráter nitidamente político da coordenação do esforço humano coletivo no interior de determinada empresa ou organização; - Quando os interesses dos que executam os trabalhos coincidem com os objetivos a serem alcançados, a coordenação pode se revestir de um caráter mais técnico, pois se atém muito mais ao estudo e à implementação de formas alternativas para alcançar objetivos que interessam a todos. Não deixa de ser política, mas pode mais facilmente fazer-se democrática; - Há divergência entre os interesses dos trabalhadores e os objetivos a se realizarem, a coordenação ganha um caráter marcadamente político, tornando-se muito mais complexas suas funções e as formas de empregar o esforço humano coletivo; - contrariamente ao que se acha difundido no senso comum, a coordenação não precisa ser feita sempre a partir de um coordenador unipessoal que determine a conduta de grupos e pessoas; - A coordenação pode também ser realizada coletivamente – em especial por aqueles mesmos que emprestam seu esforço para a realização dos objetivos da empresa —, quer diretamente, quer por meio de conselhos e representantes. Direção e diretor - A palavra direção pode ser utilizada indistintamente como sinônimo de chefia, comando, gestão, governo, administração, coordenação, supervisão, superintendência etc; - Na maioria dos sistemas de ensino, quando se fala em administrador escolar, pensa-se logo na figura do diretor de escola – embora haja exceções, em que existe a figura do diretor e a do administrador com funções distintas; - Parece ser quase unânime a preferência pela expressão “diretor escolar”, quando se trata de denominar oficialmente, por meio de leis, estatutos ou regimentos, aquele que ocupa o cargo hierarquicamente mais elevado no interior de uma unidade de ensino e praticamente ninguém vai à escola à procura do administrador, mas sim do diretor escolar; - a direção se impõe como algo diverso da administração. E não parece descabido que isso aconteça.Quando se trata da direção da escola e do responsável por ela, pretende-se uma maior abrangência de ação e um ingrediente político bastante nítido, que a administração, muito mais técnica, parece não conter: o diretor é aquele que ocupa a mais alta hierarquia de poder na instituição; - Direção X Administração - Esse ponto de vista assume que a direção, em certo sentido, contém a administração e simultaneamente lhe é mais abrangente. A direção engloba a administração nos dois momentos desta, de racionalização do trabalho e de coordenação, mas coloca-se acima dela, em virtude do componente de poder que lhe é inerente. Podemos dizer que a direção é a administração revestida do poder necessário para se fazer a responsável última pela instituição, ou seja, para garantir seu funcionamento de acordo com “uma filosofia e uma política” de educação (Ribeiro, 1952); - . Observe-se que o diretor de determinada empresa está na situação de quem estabelece os fins da organização, ou é investido do poder de fazê-los realizar-se, ou ambas essas atribuições ao mesmo tempo; - O mais frequente em nossa sociedade é que a direção esteja nas mãos de poucos, que estabelecem os objetivos e determinam que eles sejam atingidos, restando à grande maioria executar as ações necessárias ao cumprimento dos fins da empresa por meio de seu esforço. Situação contraditória do diretor escolar - Conceito de direção, não apenas o encarregado da administração escolar, ao zelar pela adequação de meios a fins – pela atenção ao trabalho e pela coordenação do esforço humano coletivo —, mas também aquele que ocupa o mais alto posto na hierarquia escolar, com a responsabilidade por seu bom funcionamento; - O espírito que rege o tratamento dado ao diretor de escola e as expectativas que se tem sobre ele são cada vez mais semelhantes ou idênticos ao modo de considerar o típico diretor da empresa capitalista (Cf. Félix, 1984; Paro, 2010a); - Se a administração (subsumida pela direção) é a mediação para a realização de fins, será razoável que fins tão antagônicos quanto os da empresa capitalista (apropriação do excedente de trabalho pelo capital) e o da escola (construção, pela educação, de sujeitos humano-históricos) sejam obtidos de forma idêntica, ou semelhante, sem levar em conta a especificidade do processo de produção pedagógico, nem questionar os efeitos deletérios de uma coordenação do esforço humano coletivo na escola nos moldes do controle do trabalho alheio inerente à gerência capitalista? - É o responsável último por uma administração que tem por objeto a escola, cuja atividade-fim, o processo pedagógico, condiciona as atividades meio e exige, para que ambas se desenvolvam com rigor administrativo, determinada visão de educação e determinadas condições materiais de realização que não lhe são satisfatoriamente providas quer pelo Estado, quer pela sociedade de modo geral. Educação escolar: fins e meios - A escola brasileira, de modo geral, não logra alcançar minimamente os objetivos a que se propõe; - Trata-se, portanto, da negação do princípio fundamental da boa administração, que requer a adequação entre meios e fins; - Em termos da qualidade do ensino fundamental, mais do que abordar a administração dos meios, é preciso questionar o próprio fim da escola e da educação, quando mais não seja, para saber se ele é de fato factível e até mesmo desejável; - Vigora nos sistemas de ensino e nas políticas públicas educacionais uma concepção estreita de educação, disseminada no senso comum, de que o papel único da escola fundamental é a passagem de conhecimentos e informações às novas gerações; - A educação – meio de formá-lo como humano-histórico – não pode se restringir aos conhecimentos e informações, mas precisa, em igual medida, abarcar os valores, as técnicas, a ciência, a arte, o esporte, as crenças, o direito, a filosofia, enfim, tudo aquilo que compõe a cultura produzida historicamente e necessária para a formação do ser humano histórico em seu sentido pleno; - Mesmo estando os sistemas de ensino e toda a política educacional supostamente estruturados para esse objetivo, ele não é obtido, o que se pode constatar por meio de contato com os egressos do ensino fundamental que, em geral, retêm apenas uma pequena parcela dos conhecimentos que compõem os currículos e programas das disciplinas escolares; - O componente técnico, refere-se à própria natureza do ato educativo, isto é, ao modo como o educando se apropria da cultura; - O processo pedagógico deve tomar o educando como sujeito, quando mais não seja para não ferir o princípio de adequação de meios a fins: se o fim é a forma; - O educando, que nesse processo forma sua personalidade pela apropriação da cultura, tem necessariamente de ser um sujeito. Portanto, ele só se educa se quiser; - Educar não é apenas explicar a lição ou expor um conteúdo disciplinar, mas propiciar condições para que o educando se faça sujeito de seu aprendizado, levando em conta seu processo de desenvolvimento biopsíquico e social desde o momento em que nasce; - Querer aprender não é uma qualidade inata, mas um valor construído histórica; - Dos próprios professores não se exige (nem se oferecem condições para) um conhecimento razoavelmente profundo de pedagogia e uma prática didática razoavelmente competente; - A ignorância pedagógica e a adoção de um conceito de educação que não se eleva acima do senso comum têm feito com que se tome a educação de crianças e jovens como mera comunicação, análoga à que se dá na leitura de um livro ou jornal, ou no ato de assistir a um filme ou ver televisão; - A escola é vista como mera repassadora de conhecimentos e informações, como acontece com as demais agências de comunicação mais que isso, educar envolve uma relação política entre sujeitos empenhados na construção de personalidades; - Como tal, há o trabalhador, ou produtor, e há o objeto de trabalho a ser transformado em produto. O primeiro é o educador, que mantém uma relação com o segundo, o educando, aquele cuja personalidade se forma ou se transforma como fim da educação. É aqui que entra a peculiaridade da educação como trabalho; - O produtor age sobre o objeto de trabalho, que simplesmente “sofre” aquela ação de transformação; - Por mais que se insista, os conhecimentos e informações não se transmitem sozinhos, isolados de outros elementos da cultura; - Para querer aprender, a criança ou o jovem deve pronunciar-se como sujeito, deve envolver sua personalidade plena, colocando em jogo os demais elementos culturais componentes dessa personalidade (valores, crenças, emoções, visões de mundo, domínio da vontade etc.). - Os sistemas de ensino estruturam suas unidades escolares como agências de comunicação de conhecimentos, ignorando quaisquer medidas que se orientem para fazer da escola um centro educativo com o fim de formar personalidades humano-históricas e em que, por isso, quer nos métodos, quer nos conteúdos, a cultura seja contemplada em sua plenitude; - Em sala de aula, predomina o professor “explicador”, que, só mesmo nessa função minguada, pode ser substituído por computadores ou por meios de comunicação a distância. Administração escolar e o caráter específico do trabalho pedagógico - Temos por um lado a busca de um objetivo extremamente modesto, que omite das novas gerações seu direito de acesso pleno à cultura; - Por outro, uma mediação (administração) inadequada à obtenção mesmo desse modesto objetivo. E isso não é recente, pois a maneira de administrar a escola é praticamente centenária no Brasil; - A escola pública fundamental de hoje, que, por dever constitucional, precisa receber as crianças e jovens de todas as camadas sociais, não pode se esconder atrás do sucesso de poucos; por isso, o seu fracasso aparece; - O problema central é que a escola tem-se estruturado a partir de um equívoco em seu objetivo e na forma de buscá-lo porque adota uma visão estreita de educação. Essa concepção impede que se perceba a especificidade do trabalho escolar e a necessidade de uma administração que correspondaa essa especificidade; - A intenção de aplicar na escola os princípios de produção que funcionam nas empresas em geral não é recente, mas tem-se exacerbado ultimamente, configurando um crescente assalto da lógica da produtividade empresarial capitalista sobre as políticas educacionais e, em especial, sobre a gestão escolar; - A escola básica, em sua estrutura global, continua organizada para formas ultrapassadas de ensino e procura se “modernizar” administrativamente pautando-se no mundo dos negócios, com medidas como a “qualidade total” ou como a formação de gestores – capitaneada por pessoas e instituições afinadas com os interesses da empresa capitalista e por ideias e soluções transplantadas acriticamente da lógica e da realidade do mercado; - É cômodo destacar diretor ou diretores que comandam em nome dos proprietários. Os objetivos a serem perseguidos são os do proprietário, não os dos produtores; - O conceito de autoridade restringe-se à obediência dos comandados, independentemente de suas vontades, a autoridade democrática supõe a “concordância livre e consciente das partes envolvidas” (Paro, 2010b, p. 40). Segundo essa acepção: - A educação formadora de personalidades humano-históricas requer uma relação democrática, aquela em que tem vigência a autoridade democrática. Por isso é tão difícil educar em sociedades (como a capitalista) que não tenham como seu pressuposto básico a democracia em seu caráter radical; - As descobertas das ciências (especialmente a psicologia e a psicologia da educação) têm permitido compreender cada vez melhor no decorrer da história o modo como a criança pensa e aprende, e perceber cada vez mais nitidamente como seu processo de desenvolvimento biopsíquico depende de sua condição de sujeito, de autor; - Os métodos daí decorrentes, desde a Escola Nova (e mesmo antes), exigem relações de colaboração entre quem ensina e quem aprende. Mas esses métodos conflitam com a forma cotidiana de ser de uma sociedade calcada no mando e na submissão; - É preciso estar atento a essa conduta que usualmente compõe a personalidade das pessoas formadas sob uma sociedade autoritária, e que consiste em tratar o outro, o diferente, como inferior. Direção escolar democrática - A relevância de se refletir a respeito da prática do diretor da escola de ensino fundamental. Por isso, devem estar em pauta duas dimensões que se interpenetram mutuamente: a) a explicitação e a crítica do atual papel do diretor, e de como a direção escolar é exercida; e b) a reflexão a respeito de formas alternativas de direção escolar que levem em conta a especificidade político-pedagógica da escola e os interesses de seus usuários. - Essas dimensões se fundamentam em razões técnicas e políticas, embora seja muito difícil distinguir umas das outras; - Comprometido com a construção de personalidades humano-históricas, e que seja a base da formação do cidadão; mas são as razões técnico-administrativas (adequação entre meios e fins) que nos convencem da necessidade do caráter dialógico-democrático (convivência entre sujeitos que se afirmam como tais) das relações que se dão no processo pedagógico, o qual determina e é determinado pela ação do diretor; - Em termos críticos, essa instituição exige, para realização de seu objetivo, uma mediação administrativa sui generis, tanto em termos de racionalização do trabalho quanto de coordenação do esforço humano coletivo; - Como vimos, o processo de trabalho pedagógico, por ser uma relação entre sujeitos que se afirmam como tais, é uma relação necessariamente democrática e assim deve ser tratada em sua concepção e execução; - No que concerne à figura do diretor, trata-se de se questionar a atual situação em que este se acaba constituindo mero preposto do Estado na escola, cuidando para o cumprimento da lei e da ordem ou da vontade do governo no poder; - O dirigente escolar precisa ser democrático no sentido pleno desse conceito, ou seja, sua legitimidade advém precipuamente da vontade livre e do consentimento daqueles que se submetem à sua direção; - Já existem vários estudos e pesquisas que demonstram a importância da participação do pessoal da escola, alunos e pais na escolha democrática do diretor. Um diretor cuja lotação e permanência no cargo depende não apenas do Estado, mas precipuamente da vontade de seus liderados, tenderá com muito maior probabilidade a se comprometer com os interesses destes e a ganhar maior legitimidade nas reivindicações junto ao Estado, porque estará representando a vontade dos que o legitimam e não exercendo o papel de mero “funcionário burocrático” ou de apadrinhado político; - No que concerne a novas alternativas de direção, é preciso contemplar maneiras de conceber a direção escolar que transcendam a forma usual de concentrá-la nas mãos de apenas um indivíduo, que se constitui o chefe geral de todos; - É mais fácil pressionar um indivíduo (o diretor) com processos e outros instrumentos burocráticos do que atingir uma instituição coletiva, formada por coordenadores que representam a vontade dos integrantes da escola que os elegeram e os apoiam; - Em síntese, diante da atual configuração administrativa e didática da escola básica, que se mantém presa a paradigmas arcaicos tanto em termos técnico-científicos quanto em termos sociais e políticos, é preciso propor e levar avante uma verdadeira reformulação do atual padrão de escola, que esteja de acordo com uma concepção de mundo e de educação comprometida com a democracia e a formação integral do ser humano-histórico – e que se fundamente nos avanços da pedagogia e das ciências e disciplinas que lhe dão subsídios. Vídeo-base: Charles Chaplin - Tempos Modernos - Percebe-se nitidamente no vídeo apresentado que existe dois tipos de trabalhadores: o do chão da fábrica que apenas executa a atividade e outro que cuida da parte do pensar a atividade, ou seja, controla os trabalhadores e a forma como cada um irá executar a função dentro da fábrica; - Percebemos ainda que mesmo a parada para um descanso ou ida ao banheiro é proibida levando o trabalhador a fadiga, pois o que importa não é seu bem estar e sim a produtividade e o ganho do empresário; - Na escola, cruzam-se algumas dessas dicotomizações autoritárias. Mas existe uma dominante, da qual a sociedade parece tomar ainda menos conhecimento do que as outras: trata-se da relação da criança diante do adulto, que assume, na maioria dos casos, a do aluno diante do professor: de “quem não sabe” diante de “quem sabe”; - Vídeoaula 1: Concepções de Gestão - Parte I Objetivos desta aula Teorias da administração escolar Escola clássica: a perspectiva funcionalista - Os ideais e fundamentos da revolução industrial foram trazidos também para o campo educacional; - O movimento repetitivo revela a cisão de quem comanda e de quem é comandado; - O trabalhador dessa época era pensando sempre na otimização e por isso este trabalho era parcelado em diversas etapas, ou seja, uma equipe cuida de uma parte da construção de um carro e outra cuida de outra parte; - Aqui temos duas figuras: O pensar (são os que comandam, os especialistas) e o fazer (são os trabalhadores que apenas executam e não podem participar do momento de reflexão sobre seu próprio trabalho). Modelo Taylorista e Fordista - Pensados para a otimização dos processos e a economia de recursos, gerando maior lucro para os empresários. Influências do Taylorismo e Fordismo na Gestão Escolar - A educação traz um modismo da administração empresarial sem pensar esta prática para o conceito escolar; - Temos muitos gestores que ficam presos ao aspecto burocrático e rotineiro que veio da concepção de trabalho da época; - O professor perde a autonomia, pois quem pensa é apenas o especialista; - O professor é apenas o executor, ou seja, abrem um pacote de provas que já vem prontas e ele precisa apenas aplicá-la; - Muitos empresários e governos estão voltando a este pensamento mecânico para o campo da educação. Escola clássica: a perspectiva funcionalista - Esta teoria está voltada para asações descritas e como percebemos na pirâmide, o aluno que deveria ser o centro do processo educativo é colocado lá embaixo e o diretor se torna a figura central. Escola das Relações Humanas - Surge após a primeira teoria e trabalha mais no campo psicológico, mais sutil de manipulação; - Aqui as pessoas são dividas em grupos e umas são incumbidas de controlar as outras; - Tem por objetivo acomodar o trabalhador no lugar em que ele se encontra, fazendo-o pensar se ele pensa diferente dos demais ele é o errado; - Qualquer pensamento político é silenciado e o conflito é posto como algo apenas ruim. Lugar do CONFLITO nas duas teorias da administração - A Escola Clássica está ligada ao tecnicismo. Vídeoaula 2: Concepções de Gestão - Parte II Objetivos desta aula Teorias da administração O funcionalismo estrutural a) Organização e a busca pelo equilíbrio b) O funcionalismo estrutural - Esses sistemas são pensados para o aspecto empresarial e não para a escola, pois é a escola que pega e não pensa sobre o contexto da vida escolar; - Essa teoria nega o imprevisto e a escola é cheia de imprevisto; - Aqui temos o controle não de forma direta, mas sim de uma forma mais sutil de silenciamento; - Os conflitos nesta história não é negado, mas é convertido como apenas questões técnicas, ou seja, poderão ser resolvidos; - Ênfase na neutralidade e no equilíbrio; - A burocracia serve para que alguns conflitos sejam evitados, pois como Foucault dizia a burocracia é uma ferramenta de silenciação de corpos. A perspectiva de poder e da politica - Ancorada no marxismo, ou seja, ela reconhece que as relações de classe existe; - O poder aqui não é negado; - Os conflitos existem e eles devem ser resolvidos e estão sempre ligados a uma questão de classe. Ele se ancora na figura do autoritário e o pensamento contra este autoritarismo; - Tira o poder do campo do autoritarismo e redistribui de uma forma democrática para todos, fazendo-se assim que as classes populares também tenham acesso à educação e ao poder. O paradigma atual seria um pós-fordismo? - O que estamos vivendo hoje é o liberalismo, ou seja, menos estado e mais a empresa, - Esse paradigma atual busca a maior produtividade, porém o busca por meio de outras ferramentas, sendo buscar envolver o trabalhador ao seu trabalho, como se aquele trabalho fosse parte do seu eu e a sua carreira é a sua vida. Administração escolar e Gestão escolar - Diferença dos dois conceitos; - Administração escolar: Utilização racional dos recursos, racional, autoritária e centralizadora; - Gestão escolar: Inclui o aspecto administrativo, pois este é importante, porém a gestão é mais ampliada e inclui também a descentralização do poder. Semana 2 (31/07): Gestão Democrática Texto-base: Concepções e processos democráticos de gestão educacional 1.3 A descentralização do ensino, a democratização da escola e a construção da autonomia da gestão escola - Paradigma corresponde a uma visão de mundo que permeia todas as dimensões da ação humana, não se circunscrevendo a esta ou àquela área, a este ou àquele nível ou âmbito de operação; - É fruto de uma consciência social e coletiva de um tempo, e esta não se dá de modo homogêneo, sobretudo em sua fase de gestação, é possível identificar certa diversidade de orientações e expressões que manifestam graus de intensidade diferente em relação à orientação em torno de um paradigma; - Vivemos em uma condição de transição dialética entre um paradigma e outro. Idealizamos perspectivas diferentes, mais abertas, orientadas pelo novo paradigma; - Encontramos certos sistemas de ensino que buscam o desenvolvimento da democratização da escola, sem pensar na autonomia da sua gestão e sem descentralizar poder de decisão para a mesma; - Observa-se o esforço realizado em alguns sistemas de ensino, no sentido de desenvolver nas escolas os conceitos de democratização e autonomia, a partir de métodos e estratégias centralizadoras, o que implica uma contradição paradigmática muito comum, que faz com que os esforços se anulem (LÜCK, 1987); - A gestão democrática ocorre na medida em que as práticas escolares sejam orientadas por filosofia, valores, princípios e ideias consistentes, presentes na mente e no coração das pessoas, determinando o seu modo de ser e de fazer. 1.3.1 O processo de descentralização do ensino - O movimento de descentralização em educação é internacional e emerge com características de reforma nos países cujo governo foi caracterizado pela centralização, sobretudo aqueles que tiveram regimes autoritários de governo. - Esse movimento está relacionado a vários entendimentos, sendo: - Há três ordens de entendimento na proposição de descentralização: a) Uma de natureza operacional b) Outra de caráter social c) Mais outra, de caráter político - Há sistemas de ensino, como o americano, que emergiram, desenvolveram-se e são mantidos de forma descentralizada, a partir dos esforços e recursos locais e grande participação das famílias. - São as comunidades locais que mantêm a educação e suas escolas e se sentem responsáveis por elas; - O Estado apenas dá algumas diretrizes de caráter extremamente geral e compensações financeiras para as cidades e vilas pobres, enquanto o governo federal apenas promove programas, mobiliza debates e corrige graves desequilíbrios” (CUNHA, 1995: 60); - É necessário toda uma aldeia para educar uma criança; - Diagnósticos realizados sobre a educação brasileira revelam que nela ocorrem problemas crônicos. Esses problemas, conforme apontado por Costa (1997:16), são: - A situação demanda um grande movimento para sua reversão como condição para a superação das condições de baixa qualidade e efetividade do ensino entre nós. - Dada a natureza das problemáticas identificadas, que apenas com uma efetiva participação, envolvimento e comprometimento local é possível promover a efetividade do ensino, tendo em vista não apenas a distância dos governos federal e estadual, e até mesmo dos sistemas municipais de ensino, em relação à escola, mas sobretudo porque são as pessoas com atuação direta ou indireta nas ações que fazem a diferença e sobretudo a partir de sua postura e perspectiva com que realizam o seu trabalho; - A descentralização é, portanto, considerada tendo como pano de fundo tanto, e fundamentalmente, a perspectiva de democratização da sociedade, como também a melhor gestão de processos sociais e recursos, visando a obtenção de melhores resultados educacionais. A relação entre centralização e desconcentração - A democratização da escola fosse plena, seria necessário ocorrer uma verdadeira democratização do sistema de ensino como um todo, envolvendo os níveis superiores de gestão; - Estes deveriam, também, sofrer o processo de gestão democrática, mediante a participação da comunidade em geral e de representantes das escolas, na tomada de decisões a respeito: a) Das políticas educacionais que delineiam; b) Dos programas que propõem para realizá-las; e c) Das normas e regulamentos que definem para sua operacionalização; - Em última instância, que houvesse uma mudança de postura e orientação, mediante a adoção de um relacionamento superador da verticalização e unilateralidade na definição dos rumos da educação; - Observa-se ser comum a adoção por sistemas de ensino, de políticas de descentralização, sem o entendimento das implicações quanto à bidirecionalidade e participação entre o nível de gestão macro (sistema) e o micro (escola), em vista do que se adotam esforços de descentralização, apenas nominais; - Descentralizar, centralizando, isto é, dando algo com uma mão, ao mesmo tempo em que tirando outra coisa com a outra; - O princípio que adotam não seria o da democratização, mas, talvez, o de maior racionalidade no emprego de recursos de maior rapidez na solução dos problemas; - Esse movimento é denominado de desconcentração (e.g. ALVAREZ, 1995; COSTA, 1997) que corresponde aos esforços promovidos pelo Estado para conferir competências que lhe são próprias para regiões ou municípios, de modo que estessejam capazes de administrar as escolas sob sua dependência. Esse movimento é em geral praticado como uma reforma educacional, vindo, dessa forma, a constituir um “modelo de gestão decretado” (BARROSO et al. 1995), em vista do que assume um caráter jurídico e normativo, guardando, portanto, uma possibilidade de significado centralizador; - Descentralização propriamente dita, que pressuporia o empoderamento local, de forma organizada e articulada com os sistemas de ensino, e nem à desconcentração; - Mecanismos de gestão colegiada, desconsiderando as experiências locais de desenvolvimento de práticas de participação na gestão da escola; - Tais ações centrais, de certa forma centralizam o que já se encontravam em processo de descentralização e em desenvolvimento de forma autenticamente autônoma, mediante iniciativas locais; - Como em qualquer outro movimento social, a descentralização é um processo sujeito a contradições. Portanto, as contradições registradas na educação brasileira não invalidam a importância da questão e do movimento, uma vez que apenas evidenciam um aspecto natural do processo, que demanda maior atenção, habilidade e determinação para promovê-lo; - A desconcentração se constitui em uma dessas manifestações, no conjunto do movimento pela descentralização; - Descentralização, esta se processa simultaneamente com um processo de desconcentração, isto é, enquanto se descentralizar certos aspectos, centralizam-se outros; - A desconcentração, apesar de constituir um avanço, no sentido político e operacional da gestão, apresenta limitações, dentre as quais se destaca o fato de -que “não provoca o compartilhamento de poder e nem assunção local de responsabilidades” (MARTINS, 2002: 128); - Criam-se, por exemplo, mecanismos centrais de monitoramento e avaliação da escola e suas ações, como controle sobre a escola e seus resultados, sem preocupar-se com a criação, a partir da escola, da cultura de monitoramento e avaliação locais, como estratégias importantes de gestão, em todos os níveis de ação; - Este é o caso, por exemplo, do Programa Sistema Nacional de Acompanhamento da Frequência Escolar Safe; - A Figura, a seguir apresentada, divulgada pela Diretoria de Estatística da Educação Básica, do Inep, ilustra a intenção de centralização, estabelecendo a relação direta da escola com o Inep: - A descentralização do ensino é, por certo, um processo extremamente complexo e, quando se considera o caso do Brasil, a questão se torna mais complexa ainda, por tratar-se de um país continental, com diversidades regionais muito grandes, com distâncias imensas que caracterizam ainda grande dificuldade de comunicação, apesar de vivermos na era da comunicação mundial em tempo real; - Cabe aqui aplicar o princípio da participação proposto por Pedro Demo (2001), no sentido de que participação é conquista; - Desse modo, “a descentralização educacional não é um processo homogêneo e praticado com uma única direção. Ela responde à lógica da organização federativa”; - A descentralização se justifica, dentre outros aspectos, justamente pela diversidade, cujo aproveitamento e consideração se tornam necessários para a maior efetividade do ensino; - A descentralização pressupõe o atendimento a princípios gerais estabelecedores da unidade do sistema. Isso porque o papel da autonomia é o de produzir consonâncias e não dissonâncias, não representa perda de vínculos e de unidade pela dispersão, mas sim a interligação pelo exercício da energia construtiva e vital de toda organização; - Em muitos casos se pratica muito mais a desconcentração, do que propriamente a descentralização; - É apontado que a desconcentração seria mais o caso praticado no Brasil, em nome da descentralização, estando, no entanto, se conduzindo para a descentralização, mesmo que ainda de forma inconsistente; - Da mesma forma, os sistemas estaduais vêm adotando política similar, ou seja, transferem recursos e responsabilidades com a oferta de serviços educacionais tanto para o município quanto diretamente para a escola”; - A descentralização é, pois, um processo que se delineia à medida que vai sendo praticado, constituindo-se, portanto, em uma ação dinâmica de implantação de política social, visando estabelecer, conforme indicado por Malpica (1994), mudanças nas relações entre os sistemas centrais e suas escolas, pela redistribuição de poder, passando, em consequência, as ações centrais, de comando e controle; - Conforme Sander (1995: 67) propõe, “a verdadeira descentralização só ocorre quando o poder de decisão sobre o que é realmente relevante no campo pedagógico e administrativo se instala na escola”; - Os movimentos de democratização da gestão educacional devem focalizar a escola e o desenvolvimento de uma cultura democrática efetiva e eficaz, liderada por um processo de gestão escolar orientada pela autonomia, conforme a seguir analisado. 1.3.2 A democratização da escola - Descentralização, democratização da escola, construção da autonomia, participação são facetas múltiplas da gestão democrática, diretamente associadas entre si e que têm a ver com as estruturas e expressões de poder na escola, tal como indicado por Martins (2002). Cabe destacar também que “democratizar é a conquista de poder por quem não o tem” (GHANEN, 1998: 98); - A proposição da democratização da escola aponta para o estabelecimento de um sistema de relacionamento e de tomada de decisão em que todos tenham a possibilidade de participar e contribuir a partir de seu potencial que, por essa participação, se expande, criando um empoderamento pessoal de todos em conjunto e da instituição; - O que se observa na escola é um ambiente em que o aluno é colocado em uma situação de passividade e de obediência a determinações de professores por entenderem o processo educacional como aquisição de conhecimentos; - Que nesse caso o que ocorreria é a escola estar a serviço do professor e não do aluno, pois se não ocorrer o seu empoderamento, não ocorreu educação e, sim, domesticação; - Na medida, porém, em que o professor considere que o papel do processo educacional é o de levar o aluno a desenvolver seu potencial, mediante o alargamento e aprofundamento de seus conhecimentos, habilidades e atitudes, de forma associada, passa a envolver o aluno em uma participação ativa; - Não pode ser considerada como democrática uma escola em que os alunos fracassam, e que não pode ser democrática uma escola que não o é para todos; - Quando o exercício do poder é orientado por valores de caráter amplo e social, como o são os educacionais, estabelece-se um clima de trabalho em que os profissionais passam a atuar como artífices de um resultado comum a alcançar, de que resulta o aumento do poder para todos; - Como o poder da competência gera novas alternativas para o enfrentamento de desafios, o melhor aproveitamento de oportunidades na superação de dificuldades e criação de novas e mais promissoras perspectivas de ação, ele tende a aumentar gradativamente; - A atuação efetivamente competente dos professores cria uma cultura proativa pela qual se evita o errado comportamento de atribuir ao sistema e a qualquer outra pessoa ou situação a culpa por condições difíceis, em vez de considerá-las como desafios e enfrentá-las com responsabilidade; - A democratização da escola corresponderia, portanto, na realização do trabalho escolar orientado pela realização e desenvolvimento da competência de todos, em conjunto. Três aspectos apontados nas análises de democratização da escola: a) democratização como ampliação do acesso e sucesso do aluno na escola; b) democratização dos processos pedagógicos; e c) democratização dos processos de gestão escolar (HORA, 1994). 1.3.3 A autonomia da gestão escola - Autonomia constitui-se em um dos conceitos mais mencionados, sendo focalizada nos programas de gestão de sistemas de ensino, como também em programas do Ministério de Educação e Desporto, como condição para a realização de princípio constitucional e da legislação educacional, de democratização da gestão escolar;- O conceito de autonomia da escola está relacionado a tendências mundiais de globalização e mudança de paradigma que têm repercussões significativas nas concepções de gestão educacional e nas ações dela decorrentes; - A autonomia da gestão escolar evidencia-se como uma necessidade quando a sociedade pressiona as instituições para que promovam mudanças urgentes e consistentes, em vista do que aqueles responsáveis pelas ações devem, do ponto de vista operacional, tomar decisões rápidas para que as mudanças ocorram no momento certo e da forma mais efetiva, a fim de não se perder o momentum de transformação; - A autonomia é entendida, em última instância, como o resultado de transferência financeira: “a autonomia é financeira, ou não existe”, conforme afirmou uma dirigente do sistema estadual de ensino. Para muitos diretores de escola, a autonomia corresponde à capacidade de agir independentemente do sistema; - A aproximação entre tomada de decisão e ação não apenas garante a maior adequação das decisões e efetividade das ações correspondentes, como também é condição de formação de sujeitos de seu destino e maturidade social. Texto-base: Gestão Democrática da Escola no Brasil: Desafios à Implementação de Um novo Modelo/Sofia Lerche Vieira e Eloisa Maia Vidal Síntese - A gestão democrática é um princípio orientador da escola pública brasileira definido pela Constituição Federal de 1988 e referendado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996; - O artigo discute avanços da legislação brasileira e iniciativas de políticas visando o fortalecimento da gestão democrática, procurando associá-los a questões tratadas em uma amostra de professores e gestores de escolas da rede pública de modo a compreender os contornos da gestão escolar pública no Brasil. Introdução - A gestão democrática é um princípio orientador da escola pública brasileira; - É oportuno reconhecer, porém, que este convive com formas de condução das políticas públicas que revelam a permanência de traços de um Estado clientelista e patrimonial. 2. Gestão Democrática - Um princípio orientador - A ideia de gestão democrática foi um marco importante na legislação do país; - Movimentos de educadores lutaram por fazer valer a defesa de seus interesses e inscrever esses e outros princípios nos documentos que passariam a orientar as políticas de educação; - Não é simples precisar o momento exato em que ocorreram os primeiros movimentos em defesa de uma gestão escolar mais participativa; - Surgiram as Conferências Brasileiras de Educação (cbe), as quais assinalaram uma ruptura com formas de pensar anteriores: a) A primeira dessas conferências foi realizada em 1980, em São Paulo; e b) A mais significativa para a defesa da gestão democrática foi a IV CBE, realizada em 1986, em Goiânia. Nela foram firmadas as linhas gerais das bandeiras dos educadores a ser defendidas na Assembleia Nacional Constituinte (ANC), instalada em início em 1987 e que resultou na Constituição aprovada em 5 de outubro de 1988. - O conhecimento sobre gestão democrática disseminou-se no campo educacional; - A Constituição Federal (cf) de 1988 define a “gestão democrática” como um dos princípios orientadores “do ensino público” e “na forma da lei” (Art. 206, VI); - A educação pública como espaço por excelência de sua aplicação, remetendo à autonomia das unidades federadas a legislação sobre a matéria; - A ldb referenda a gestão democrática entre os princípios da educação brasileira (Lei nº 9.394/96, Art. 3º, VIII), ao afirmar a “gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino”; - O tema da gestão democrática é detalhado no artigo transcrito a seguir, no art. 14: - Responsabilidade dos sistemas de ensino pela regulamentação das normas da gestão democrática, sendo a participação de dois atores considerados neste processo: dois profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola, da comunidade escolar e local nos conselhos escolares; - Dois Planos Nacionais de Educação (pne) foram aprovados: o primeiro deles, sancionado por lei em 2001 (Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001) e o segundo, em 2014 (Lei nº 1305, de 25 de junho de 2014); - A gestão democrática mantém-se como foco das políticas de educação. O segundo PNE define como uma das suas diretrizes (Art. 2o , VI); - Duas metas do pne 2014 focalizam a gestão democrática: a meta 7 e a meta 19. A primeira trata da “qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades” e elege como uma de suas estratégias “apoiar técnica e financeiramente a gestão escolar mediante transferência direta de recursos financeiros à escola, garantindo a participação da comunidade escolar no planejamento e na aplicação dos recursos, visando à ampliação da transparência e ao efetivo desenvolvimento da gestão democrática”. A outra meta tem foco específico sobre o tema indicando a necessidade de, meta 19: a) À formação de conselheiros (19.2), incluindo processos participativos de planejamento, com fóruns específicos de coordenação nas unidades federadas (19.3). Também são feitas recomendações sobre a “constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e associações de pais, assegurando-lhes, inclusive, espaços adequados e condições de funcionamento nas escolas e fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos escolares, por meio das respectivas representações” (19.4). 3. Iniciativas de Política - A última década foi marcada por iniciativas que registram uma ampliação da participação na gestão educacional e escolar. Duas estratégias nessa direção registram a preocupação com o aumento da presença de diferentes e novos sujeitos na educação: a) A realização de fóruns coletivos de discussão sob os auspícios do Poder Público (União, Estados e Municípios); e b) O estímulo à formação de conselhos e conselheiros no fortalecimento da gestão democrática. 3.1 Fóruns coletivos de planejamento - E consultas feitas à sociedade civil sobre os rumos necessários à melhoria da educação brasileira, sob a forma de conferências realizadas em etapas municipais e estaduais, que culminaram com a realização de conferências nacionais de educação (Conae); - “A Conferência Nacional de Educação (Conae) é um espaço democrático aberto pelo Poder Público e articulado com a sociedade para que todos possam participar do desenvolvimento da Educação Nacional”: a) A Conae 2010 teve como tema “Construindo o Sistema Nacional de Educação: O Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação”; b) A Conae 2014 também focalizou o Plano Nacional de Educação, tendo como tema central “O pne na Articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração”. 3.2 Fortalecimento de Conselhos Escolares - Recebeu forte estímulo na última década foi o fortalecimento dos conselhos que reúne a comunidade escolar. A origem dessas organizações é bastante antiga no Brasil; - Tornaram compulsórias a exigência de instâncias de gestão coletiva nos estabelecimentos de ensino; - O governo federal criou o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, iniciativa que resultou na produção de materiais didáticos pedagógicos diversos, formação de técnicos de secretarias estaduais e municipais de educação e de conselheiros escolares; - E as estratégias formativas: os Encontros Municipais de Formação de Conselheiros Escolares, Cursos de Extensão a Distância, Formação Continuada em Conselhos Escolares e Curso de Formação para Conselheiros Escolares; - Além dos Conselhos Escolares, outra importante instância de tomada de decisão coletiva é o Projeto Político Pedagógico (PPP), instrumento orientador dos rumos da escola; - Considerando que a gestão democrática envolve outros sujeitos, de modo específico as famílias dos estudantes e a comunidade em torno da esfera de abrangência geográfica da escola, o PPP requer a presença de outros atores além dos profissionais da educação. 4. Gestão democrática na escola - Explorando dados de pesquisa -A gestão democrática da escola pública no Brasil, como se viu, faz-se presente como princípio na Constituição Federal de 1988 e na ldb. A legislação educacional posterior, entretanto, pouco avança no sentido de definir conceitualmente o termo e também de estabelecer atribuições e competências para os gestores escolares; - Têm proliferado modalidades distintas de processos para a escolha de cargos nas escolas; - A literatura brasileira na área de gestão escolar tem enfatizado a organização desta por meio de um conjunto de dimensões, entre as quais podemos citar: - A organização da escola a partir dessas dimensões tem se feito presente nos cursos de formação oferecidos aos gestores escolares, seja pelo Poder Público, ou por organizações não governamentais. 4.1 Formas de Acesso ao Cargo - As formas predominantes de acesso ao cargo são: seleção 9,7%, eleição, 19,9% e seleção mais eleição, 13,2%; e indicação técnica, 11,4%, indicação política, 21,7%, ou outra forma de indicação, 12,8%; - Quase a metade das escolas públicas têm seus gestores escolhidos por processos de indicação, o que fere princípios democráticos e republicanos, na medida em que esses procedimentos não envolvem critérios claramente definidos, publicidade e transparência; - Procurou-se estratificar os dados observando a dependência administrativa dos estabelecimentos de ensino como mostra a tabela 1: - As escolas municipais aquelas que possuem os maiores percentuais de ocupação dos cargos por algum tipo de indicação (59,7%) e as escolas estaduais, as que têm a maioria dos seus cargos ocupados por processo de seleção e/ou eleição (60,7%). Noutras palavras, o princípio da gestão democrática não tem representado obstáculo à indicação política ao cargo de diretor, informação que salta aos olhos no exame dos números absolutos apresentados na tabela 1. 4.2 Gestão participativa - Conselho escolar e comunidade na escola; - A constituição do Conselho Escolar e revelam que este organismo conta com a participação efetiva de professores, funcionários e pais (85,7%, 83,6%, 83,8%, respectivamente) enquanto a participação dos alunos é de 65,4%, valor que pode ter influência de escolas que oferecem apenas as séries iniciais do ensino fundamental: - A tabela 3 apresenta dados sobre a quantidade de reuniões anuais do Conselho Escolar: - A participação e envolvimento da comunidade com as atividades da escola podem ser observadas a partir dos dados apresentados nas tabelas 4 e 5: 4.3 Gestão de pessoas - Procurou-se investigar aspectos relacionados às relações interpessoais entre direção escolar e docentes, bem como a articulação entre o coletivo de professores e demais equipes escolares; - Mais de 50% dos docentes afirmam concordar totalmente ou concordar, evidenciando que para parte expressiva dos docentes, as relações entre os professores e o(a) diretor(a) são construídas com base no respeito, na confiança, no comprometimento, na motivação, possibilitando um clima amistoso de trabalho e cooperação mútua entre os que trabalham no estabelecimento de ensino: - Esses dados, no entanto, também revelam uma significativa omissão por parte dos docentes, uma vez que a média de respostas em branco é da ordem de 25%. 4.4 Gestão pedagógica - Segundo os defensores da organização da gestão escolar em dimensões, a gestão pedagógica é a mais relevante, “pois está mais diretamente envolvida com o foco da escola que é o de promover a aprendizagem e a formação dos alunos”; - A tabela 7 mostra dados referentes a indagações sobre a forma de desenvolvimento do Projeto Politico Pedagógico (PPP) da escola, a partir de uma questão presente nos Questionários do Diretor e do Professor: - 40,7% dos diretores afirmaram ter o PPP sido concebido por professores, pais, outros servidores, estudantes e direção, enquanto 24,6% dos professores afirmam que este foi elaborado por uma equipe de professores e o diretor da escola e 26,5% não respondeu às indagações; - A tabela 8 apresenta informações referentes ao grau de envolvimento do diretor com duas dimensões da gestão escolar: a pedagógica e a administrativa, vistas na perspectiva dos professores: - Na visão dos professores, a gestão escolar sobrepõe as preocupações administrativas às pedagógicas. 4.5 Gestão de recursos - Outro aspecto investigado se refere à autonomia do gestor escolar; - Os dados da tabela 9 mostram que mais de 90% afirma contar com o apoio da comunidade e trocar informações com diretores de outras escolas, 87,8% informam ter apoio de instâncias superiores e 36,1% revela que há interferências externas em sua gestão: - Quanto ao apoio financeiro, 88,4% dos diretores de escolas afirmam receber recursos do Governo Federal, 44,0% do Governo Estadual e 43,1% dos Governos Municipais, como mostra a tabela 10: - Esses dados mostram que as escolas possuem algum tipo de autonomia financeira para gerenciar seu cotidiano. Mostram também que o poder central atua de forma direta nas escolas pertencentes às redes públicas estaduais e municipais, com isso, exercendo algum tipo de controle direto sobre os sistemas de ensino, colocando em cheque os princípios do federalismo.; - O exame desses dados revela avanços da gestão democrática e, ao mesmo tempo, algumas contradições relativas à sua implementação, sobretudo no que diz respeito à permanência de práticas de indicação que ferem a essência deste princípio constitucional. 5. Gerencialismo na escola - Contraponto à Gestão Democrática - O princípio da gestão democrática estabelecido pela Constituição de 1988, tem se traduzido em medidas legais e iniciativas de política com vistas a seu fortalecimento; - Evidencia que diretores têm buscado alternativas para a construção de uma gestão democrática no cotidiano de seu trabalho nas escolas; - Escolas cultivam práticas em flagrante descompromisso com os dispositivos da ldb, expressas pela inexistência de Conselhos Escolares e pela presença de formas segregacionistas de elaboração do Projeto Político Pedagógico, conforme apontam os dados analisados; - Nesse cenário propício à gestão democrática, práticas que têm sido associadas a modelos gerencialistas ganham força; - A principal estratégia para concretizar tal redirecionamento tem sido a avaliação de larga escala, cujas raízes no país remontam à década anterior, “quando o governo federal e alguns governos estaduais (Brooke e Cunha, 2010) começam a desenvolver iniciativas diversas visando aferir resultados de estudantes em provas aplicadas em escolas da rede pública” (Vieira, 2014, p. 7) ; - A gestão das políticas de avaliação de larga escala envolve diferentes instâncias e responsabilidades, desde o Ministério da Educação (mec), passando por secretarias estaduais e municipais, até chegar às escolas, com participação de incalculável contingente de instituições e sujeitos; - Neste contexto, aquilo que deveria representar mera radiografia de um momento da vida escolar (a avaliação externa), passa a ser vivido como se fosse sua essência; - As iniciativas de premiação adotadas por grande número de Estados e Municípios, por sua vez, têm gerado padrões de conduta que se distanciam do princípio da gestão democrática, impondo uma cultura de gestão por resultados. Videoaula 3: Gestão democrática: centralização versus descentralização - Parte I Objetivos desta aula Concepção atual/ideal(izada) de gestão - Ter a democracia como pilar desta gestão; - A ação descentralizadora procura garantir a transparência dos processos e visa fortalecer os municípios, procurando superar a visão de dependência dos outros entes federativos. O que é uma Gestão Centralizadora X Gestão Descentralizadora? - Gestão centralizadora: Ocorre quando o poder está concentrada apenas em uma pessoa ou entidade; - Gestão descentralizadora: O poder está sendo democratizado e distribuído entre as pessoas. Constituição Federal de 1988 e a descentralização - O regime de colaboração que traz o conceito de descentralização do poder; - A legislação traz esse imediatismo para que a haja a descentralização do poder,o que, infelizmente, não ocorria em leis anteriores. Lei de Diretrizes e Bases da Educação e a descentralização - Ela aprofunda um pouco mais o aspecto da descentralização e fala da distribuição dos poderes, por exemplo, as incubencias de cada ente: a) União: Prestação de auxílio técnico e financeiro a Estados e Municípios; b) Estados: Cuidaram do Ensino Fundamental e Médio. Podendo ter universidades, desde que atendido o primeiro requisito; c) Municípios: Cuidaram da Educação Infantil e Fundamental, ciclo inicial, podendo ter Fundamental II ou Médio e Universidades, desde que atendido o primeiro requisito. - Os papéis de cada ente federativo fica muito nítido e ao menos em nível de legislação eles estão em prática. Argumento utilizados para a descentralização - Otimização de recursos, pois os recursos vão chegar às mãos do diretor e ele saberia o que realmente a unidade e a comunidade escolar precisam. Mas seria tão simples assim? Desafios que levam a concentração. a) Gestão descentralizada (desconcentração) - Um dos desafios é quando uma autoridade que manda mantém o poder para si de mandar e desmandar e apenas a responsabilidade que aquele poder leva junto é repassada. Ou seja, é a desresponsabilização do órgão central; - Desconcentração: É a delegação ou transferência do poder, porém mantendo para si o bônus e apenas passando o ônus e responsabilidades daquele poder, ou seja, transferência de tarefas e ordens. b) Associação construída - A descentralização de poder se liga a democracia, enquanto o autoritarismo se liga a centralização e ineficácia dos serviços. c) Contradições à perspectiva emancipatória e participativa da descentralização - Graças ao neoliberalismo a descentralização ganha contornos opostos, ou seja, na verdade não temos uma descentralização e sim uma desconcentração como visto anteriormente; - Todas as responsabilidades recaem sobre os menores, ou seja, nas mãos do diretor e municípios. d) Descentralização da educação ( na ótica do ideário neoliberal) - Uberização na educação, falta de concursos públicos, desinvestimentos e cada vez mais o currículo é atrelado a avaliações externas; - Nesta ótica neoliberal cada vez mais o governo lava as mãos sobre suas responsabilidades e chama isso de descentralização e autonomia, mas na verdade está ocorrendo uma desconcentração de responsabilidades. e) A descentralização na educação, sob a ótica emancipadora - Ela se justifica pela diversidade das realidades de seus participantes; - Consonância na distribuição de poder e tarefas; - Bidirecional, ou seja, não acontece de cima para baixo, mas na horizontalidade; - Busca a construção de um projeto verdadeiro de educação; - Gestão compartilhada; - Realiza a gestão dos recursos de forma colegiada, ou seja, não está apenas na figura do diretor. Vídeoaula 4: Gestão democrática - Parte II Objetivos desta aula - Ela não está dada e precisa ser construída diariamente; - É a base da gestão escolar a gestão democrática. Gestão democrática anunciada na legislação (Constituição de 1988 e na LDBEN 9394/1996 - Desde de 1988 a constituição traz o conceito de gestão democrática no ensino público; - A LDBEN traz quase o mesmo texto da Constituição apresentando apenas um desdobramento; - Como não possuímos ainda muita expertise com a democracia, sendo a nossa relativamente nova, vivemos ainda naquele pensamento de hierarquia na escola pública o que deve ser enfrentado e quebrado cotidianamente. Autonomia da Gestão, segundo a LDBEN - Essa autonomia não ocorre de fora imediata, mas de maneira progressiva. O que a gestão democrática influencia? - Coletividade são todos as pessoas que fazem parte da escola e não apenas de professor e aluno. A educação tem muita falta ainda de olhar para todos os profissionais que dela fazem parte como educadores e não apenas os professores. Autonomia é inerente á uma gestão democrática - A autonomia é a base da gestão democrática; - O PPP tem como exigência a gestão democrática que por sua vez exige autonomia. Mecanismos de Construção da Autonomia da Gestão Escolar - Eleição de diretores (apenas essa eleição não garante a gestão democrática, mas ela é necessária), descentralização de recursos financeiros e formação de órgãos colegiados; - A eleição de diretores é o ideal que a legislação traz e precisamos lutar para que isso realmente faça parte da educação em todas as escolas. a) Como deve ser essa eleição de diretores? - Esse diretor deve ter competência técnica em gestão, o ideal seria se tivesse experiência de sala de aula, mas se não tiver tudo bem; - Cada município e ente irá desenhar os seus critérios para essa eleição e quem pode participar. Autonomia na gestão - Essa autonomia demanda confiança recíproca, ou seja, confiança de todos os que elegeram o diretor; - Amadurecimento, aqui todos devem se sentir pertencentes àquele espaço em seu bônus e suas responsabilidades, ou seja, não basta fazer a eleição de diretores é necessário também fazer-se presente nesta gestão, cobrar e cumprir com as responsabilidades; - É necessário ser uma gestão transparente; - Os gestores precisam fazer a separação de seus desejos particulares e coletivos. Algumas contradições… - Precisamos pensar melhor qual é o papel da escola e dar um suporte para essa escola exercer de fato esse poder. Autonomia se constitui na medida em que... - Se vence os medos, se vence esse medo no cotidiano, na vivência; - Criar espírito de equipe frente às condições deficitárias; - Conquistar a gestão compartilhada, reforçando o trabalho colaborativo. Escola democrática inclui o sucesso escolar, segundo Luck - Uma escola inclusiva é aquela que inclui a todos e dá de fato voz a todos. Escola democrática inclui o sucesso escolar, segundo Luck - A gestão democrática não é apenas a atuação do diretor, mas também é com todos os sujeitos que discutem e conseguem soluções em conjunto para os problemas vivenciados; - Esse tipo de gestão não é algo orgânico, mas construído com o tempo e com vários embates. Vídeo-base: Gestão Escolar Democrática: resumo da entrevista com Vitor Henrique Paro - Conceito de administração: Utilização racional de recursos para atingir determinados fins; - Administração é mediação, esse conceito corrige dois equívocos: a) Quando se fala em administração parece que as pessoas pensam que precisa necessariamente tem um administrado e os seus administrados; b) Administração como mediação, é a administração é a preocupação com todos os tipos de recursos, seja ele humano, material, financeiro. - A administração permeia todo o processo; - Qualquer administração somente é bem sucedida se o objetivo final é atingido e caso não for essa administração não vale de absolutamente nada. Por exemplo, não adianta ter merendeira, secretário da educação, diretor se não tiver no processo o aluno que está aprendendo de fato; - Gestão ou administração significa todo tipo de mediação; - A racionalização do trabalho é o uso consciente e de maneira equilibrada dos recursos; - Não basta ser eficiente administrativamente, mas ser eficiente para atingir um objetivo, no caso da escola, a produção de um ser humano histórico; - Tudo o que é produção do homem é chamado de cultura. O homem a cada nova geração não precisa ficar reinventando tudo de novo, ele pode se apropriar da cultura dos nossos antepassados e modificá-la; - O ser humano não aprende, mas ele se apropria da cultura produzida; - O sujeito somente aprende se ele quiser; - O fundamental do educador é exatamente propiciar para o aluno que ele queira aprender; - Você não nasce querendo aprender, você aprende a querer a saber; - Ninguém educa ninguém, o sujeito educa-se a si mesmo, o professor vai propiciar para o aluno momentos e oportunidades de incentivo para que ele queira aprender; - A escola não precisa ter apenas uma pessoa na direção mandando nos outros e sim um grupo diretivo, por exemplo uma equipe de coordenadores; - A melhor forma de ensinar não é obrigando o aluno a estudar, mas fazer com que o alunoqueira estar ali; - Existem duas formas de eu conviver com o outro: de maneira autoritária (mandando no outro), a dominação é sempre abominável. Outra forma de conviver com o outro é democraticamente, dialogando, um cede e ou outro também; - O principal papel do professor é propiciar oportunidades para que os alunos queiram aprender; - O mais importante do administrativo é aprender que temos que aprender a dialogar com o outro. Semana 3 (07/08): Gestão Participativa Texto-base: A gestão participativa na escola 2- Valores, objetivos, princípios e dimensões da participação - A participação se manifesta como um processo fluido, dinâmico e não linear, nem sempre lógico, correspondente à democratização da tomada de decisões e da respectiva atuação comprometida de profissionais e pessoas em geral na dinamização da organização escolar; - Aspectos de modo a caracterizar perspectivas com as quais se pode analisar e avaliar as práticas atuais da escola. 2.1 - Valores orientadores da ação participativa - Ação participativa, depende de que seja realizada mediante a orientação por certos valores substanciais: a) Ética: b) Solidariedade: c) Equidade: d) Compromisso: 2.2 - Objetivos da participação como ação social - A participação não se constitui um fim em si mesma; - A promoção da participação deve ser orientada e se justifica na medida em que seja voltada para a realização de objetivos educacionais claros e determinados, relacionados à transformação da própria prática pedagógica da escola e de sua estrutura social, de maneira a se tornar mais efetiva na formação de seus alunos e na promoção de melhoria de seus níveis de aprendizagem; - Objetivos gerais na promoção da participação: * Estas são condições fundamentais para que a escola realize o objetivo por ela assumido e presente na proposição de seu projeto pedagógico, que é a formação de seus alunos para a cidadania. - Objetivos específicos: * São importantes condições para o estabelecimento da qualidade de ensino. 2.3 - Princípios da participação - Esses princípios são: 2.3.1. A democracia é vivência social comprometida com o coletivo - Embora a democracia seja irrealizável sem participação, é possível observar a ocorrência de participação sem espírito democrático; - A democracia, como processo e não como ideário estabelecido a priori, aparece e se desenvolve incessantemente (re)construída, mediante o dinamismo específico da estrutura e funcionamento organizacional da comunidade escolar/educacional que se efetiva a partir das pessoas e do espírito humano da cultura organizacional da comunidade, mobilizando-os e sendo por estes elementos mobilizada; - No contexto democrático, direito e dever não são conceitos fixos e estabelecidos a serem adotados e seguidos, mas, sim, ideias que se desdobram e se transformam continuamente pela própria prática democrática que, por si, é criativa e dinâmica; - O postulado democrático de orientação dos processos sociais da escola implica, portanto, o construir juntos, vivenciado no plano interpessoal, do respeito ao outro como sujeito, como ser humano (CARDOSO, 1995); - A participação constitui uma forma significativa de, ao promover maior aproximação entre os membros da escola, reduzir desigualdades entre eles; - Define-se, pois, a gestão democrática como o processo em que se criam condições para que os membros de uma coletividade não apenas tomem parte, de forma regular e contínua, de suas decisões mais importantes, mas assumam responsabilidade por sua implementação; - Democracia pressupõe muito mais que tomar decisões: envolve a consciência de construção do conjunto da unidade social e de seu processo de melhoria contínua como um todo. 2.3.2 - A construção do conhecimento sobre a realidade escolar é resultado da construção dessa realidade - É necessário haver além da intuição e da observação empática e receptiva sobre os fatos e dados da realidade uma organização sistemática desses aspectos, de modo a se poder, a partir de sua análise e interpretação objetiva, construir conhecimento significativo e inspirador para a promoção de avanços educacionais; - Os processos sociais participativos promovidos na escola constituem-se em campo fértil e rico de construção de conhecimento social; - Construir conhecimentos a partir das práticas escolares coletivas constitui-se, portanto, em um processo fundamental a ser promovido na escola, e que sustenta e faz avançar a gestão da escola e a qualidade de seu trabalho educacional; - Conflitos e dificuldades das situações de participação e interação social, é a condição fundamental para permitir-lhe a construção de conhecimentos de seus processos sociais e educacionais; - O conhecimento complexo exige-nos: 2.3.3 - A participação é uma necessidade humana - Entende-se que a natureza humana básica - sua vocação primeira - consiste na necessidade de a pessoa ser ativa em associação com seus semelhantes, desenvolvendo seu potencial; - O ser humano se torna uma pessoa e desenvolve sua humanidade na medida em que, pela atuação social, coletivamente compartilhada, canaliza e desenvolve seu potencial, ao mesmo tempo que contribui para o desenvolvimento da cultura do grupo em que vive, com o qual interage e do qual depende para construir sua identidade pessoal; - “Nenhum homem vive, pensa, sente ou julga independentemente do grupo social a que pertence” (CARVALHO, 1979: 15), nenhum grupo social tem vida independente dos indivíduos que o constituem; - À medida que um alcança, por sua dinâmica de ação, estágios mais elevados de desenvolvimento, constrói condições para que o outro também o alcance; - É pela participação que o indivíduo desenvolve a consciência do que é como pessoa, mobilizando suas energias e sua atenção como parte efetiva de sua unidade social e da sociedade como um todo; - Quanto mais nos dedicamos a atuar em nosso meio participativamente, mais nos conduzimos para nossa realização como seres humanos plenos. 2.3.4 - A participação implica uma visão global do processo social - Não se pode pensar em estabelecer o processo de participação na escola apenas parcialmente. Ou ele é considerado como um processo que atinge a todos os segmentos do estabelecimento de ensino, ou corresponderá a simples ativismo utilizado para camuflar um esforço no sentido da manutenção da condição vigente na escola como um todo, em que uns decidem e outros executam, uns se omitem, outros ocupam o espaço da decisão, ou em que ninguém decide e o que todos fazem é continuar atuando como sempre fizeram, sem consideração a resultados e possibilidades de melhoria e desenvolvimento; - Participação é um princípio a permear todos os segmentos, espaços e momentos da vida escolar e dos processos do sistema de ensino, de acordo com os postulados democráticos, orientadores da construção conjunta; - Participação, portanto, não é privilégio, ou idiossincrasia de determinados grupos, e sim condição geral, caracterizada pela reciprocidade expressa em todos os segmentos; - A realidade social é socialmente construída, ela não preexiste, mas é criada cotidianamente pela ação coletiva, a partir das intenções e propósitos que a orientam. 2.4 - Dimensões da participação - Manifesta três dimensões convergentes entre si e interinfluentes: política, pedagógica e técnica; - Nenhuma ocorre independentemente da outra e não representa a realidade como um todo, visto que se entrecruzam, formando um todo dinâmico pela força de sua associação. 2.4.1 - Dimensão política - Refere-se ao sentido do poder das pessoas de construírem a sua história e a história das organizações de que fazem parte, para torná-las mais significativas e mais produtivas; - Quistam-se os direitos correspondentes que, gradativamente, aumentam o direito da participação; - Desenvolvendo-se a prática de cidadania no interior na escola; - Constrói-se a autonomia e o empoderamento pelo alargamento de consciência social e desenvolvimento de competências sociais. 2.4.2 - Dimensão pedagógica - Refere-se ao fato natural de que a prática é, em si, um processoformativo e, portanto, um fator fundamental de promoção de aprendizagens significativas e construção do conhecimento; - Processo permanente de ação-reflexão, pela discussão colegiada das questões escolares e pela busca de concretização de seus objetivos, propicia aos seus participantes a oportunidade de desenvolver o sentido de corresponsabilidade, a par do desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes relativas a essa prática social. 2.4.3 - Dimensão técnica - A efetividade de uma ação política depende sobretudo da competência técnica que realiza a vontade política. A dimensão técnica não tem significado sem a política e esta não tem expressão sem a técnica; - mudanças encerradas na técnica são limitadas, mantenedoras da situação social vigente e das interações sociais conservadoras nela estabelecidas; - Sem competência técnica não é possível realizar qualquer projeto pedagógico. A dimensão técnica não é um fim em si mesma, mas ela é fundamental por se constituir no veículo para o alcance de resultados; - Não se deve substituir ideias sem estratégias de ação por estratégias de ação sem ideias. Tais práticas, aliás, infelizmente muito comuns, resultam em muita ação e pouco ou nenhum resultado significativo; - O método consiste em uma concepção clara da realidade, associada ao modo de agir para realizá-la. Consideramos que um dos problemas básicos da educação brasileira é justamente a falta de método na realização das ações educacionais, isto é, de um conjunto de ideias (uma concepção) associado a estratégias e processos capazes de realizá-las por guardarem o mesmo espírito; - Participação é conquista, não estamos acostumados a participar de modo pleno, compete aos gestores escolares abrir espaço para orientar essa conquista, em vez de se cobrar a participação para a execução das ações que já tenham sido previamente decididas. Texto-base: As dimensões do projeto político-pedagógico: novos desafios para a escola 2. Projeto Político-Pedagógico: Novas trilhas para a escola Introdução - A escola realiza uma ação intencionalizada, sistemática, de acordo com princípios filosóficos, epistemológicos e pedagógicos; - A escola tem novos desafios internos e externos que são propostos a todo momento. O projeto político-pedagógico do ponto de vista estratégico-empresarial - Criação de instrumentos diagnósticos e avaliação transformados em referenciais para o diagnóstico prévio e para a avaliação dos seus resultados; - Projeto concebido como instrumento de controle, atrelado a mecanismos operacionais, de técnicas, de manobras e estratégias que ensinam de vários centros de decisões e diferentes atores; - Se concretiza por meio de normas, modelos e práticas eficazes definidas em manuais pré-moldados, a fim de “aumentar o desempenho da escola por meio do planejamento eficaz”; - Centrada no serviço ao cliente; - Plano de desenvolvimento da escola (PDE): a) Opera com base em quatro grandes separações do trabalho: a.1) O pensamento separado da ação: - Separação entre pensar e agir; - Incapacidade de refletir sobre a prática pedagógica desenvolvida; - A qualidade deve se ligar à missão da escola e para isso precisa contar com a participação de todos e essa participação restringe-se apenas no gerenciamento de rotina. a.2) O estratégico separado do operacional: - Projeto orienta-se para o controle e a estabilidade por meio de planos de ação a curto prazo; - Projetos centralizadores, definidos de cima para baixo; - Voltando à burocratização da escola. a.3) Os pensadores separados dos concretizadores; e - Cisão entre os que pensam e os que executam ; - Fortalecimento do individualismo e do isolamento; - Visa a estrutura que garanta a elaboração e a implementação do plano de desenvolvimento da escola; - Sugere a seguinte estrutura: - Obrigação política vertical: professor-direção-Estado; - Os professores têm apenas a incumbência de operacionalizar procedimentos e aplicar instrumentos , sem participar das reflexões; - A escola assume maiores encargos burocráticos-administrativos em detrimento de atividades-fins de cunho político-pedagógico. a.4) Os estrategistas separados das estratégias: - Reforça a hierarquia dentro da instituição escolar; - Centrado apenas nos diagnósticos passados; - Valoriza apenas os preenchimentos quantitativos de quadros, fichas, etc.; - Finalidade da educação brasileira: - Visão reducionista da escola, valorizando apenas o burocrático - As palavras de ordem passam a ser: eficiência e custo; - Desqualificação do magistério, o atrelamento da escola aos interesses empresariais e do capital e ao desvinculamento dos seus determinantes sociopolíticos - Princípios da educação: - É necessário que o aluno domine os conhecimentos curriculares, porém não somente isso; - Tem o currículo homogêneo e com isso exclui ainda mais; - O conhecimento é visto como um produto pronto e acabado, transmitido e armazenado pela repetição e memorização; - A avaliação se liga a aspectos quantitativos e pontuais; - A gestão se apresenta como um processo autoritário de tomada de decisão; - Produz um conhecimento distante da realidade, preparando indivíduos com dificuldades para uma leitura contextualizada do mundo que os rodeia. O projeto político-pedagógico do ponto de vista emancipador - Superar a visão conservadora e extrapolar o centralismo burocrático; - Aspirar uma gestão democrática significa, segundo SEC: - Para a escola exercer suas incumbências pela legislação, ela deverá ser estatal (no seu funcionamento), democrática (gestão) e pública (quanto a destinação); - O grande desafio da escola está em garantir um padrão de qualidade técnica e política para todos. - Considera o aluno um sujeito concreto, real, histórico, social e ético do processo educativo; - O projeto não é uma simples produção de um documento, mas um processo de ação-reflexão-ação que exige o esforço conjunto e a vontade do coletivo escolar; - Esse projeto possui quatro pressupostos: a) Unicidade da teoria e da prática: b) Ação consciente e organizada da escola: c) Participação efetiva da comunidade escolar e reflexão coletiva: d) Articulação da escola, da família e da comunidade: - Pressupõe relação de interdependência e reciprocidade; - Considera um todo único, produzido na dinâmica do processo educativo em um contexto e em um tempo; - É desenvolvido pelos educadores no interior da escola; - A teoria isoladamente não gera transformações, não produz realidades inovadoras; - Pensar este projeto será pensar a escola como um conjunto, ou seja, sua função social; - Projetar é lançar-se para o futuro. Caracterizado como uma ação consciente e organizada; - Aqui a instituição escolar é um espaço de ensinar e aprender; - O currículo é resultado de conflitos e contradições, é culturalmente determinado, historicamente situado e não pode ser desvinculado da totalidade social; - A escola não apenas reproduz o conhecimento, mas também deve ser vista como instância de produção de saberes; - Transposição didática: Esse processo visa tornar o conhecimento transmissível e assimilável pelos alunos; - Ter o exercício do diálogo para uma prática se tornar de natureza participativa; - O exercício da participação em todas as suas dimensões: administrativa, financeira e pedagógica. É preciso, portanto, para isso: - Tem-se que superar as relações competitivas e autoritárias que impedem a vivência democrática e a resolução das tensões de forma criativa; - Famílias atuais, segundo Marques (1998): - Além da mudança na estrutura da família temos a fragmentação das relações de vizinhança; - A escola pública de nossos dias não pode limitar-se à função de ensinar. Exige-lhe a função de animação cultural, a função fr ocupação dos tempos livres e a função de socialização; - O projeto deve assegurar a presença da família para refletir sobre o processo educativo; - A articulação da comunidade, tendo em vista a construção do projeto de escol, é inspirada em ações comunitária, tais como: - Concepções de projeto de escola estratégico-empresarial X educaçãoemancipatória: Considerações para finalizar - O projeto político-pedagógico é a identidade da escola; - Tem-se que reconsiderar a relação entre teoria-prática. Vídeo-base: Lead India The Tree - Não importa o tamanho do problema, em nosso caso uma educação de qualidade tem como prima a constituição, se todos se doarem um pouco - cumprindo seu papel conseguiremos chegar lá. Vídeo-base: O que caracteriza uma escola democrática? - O ser é um ser político. Político aqui se refere no sentido de convivência com o outro e não simplesmente partidária; - Existem duas maneiras de estabelecer essa convivência: a) Democraticamente: Aqui temos a relação de convivência entre os sjujeitos que pensam diferente. Aqui precisa saber mediar. b) Autoritariamente: - A escola se desenvolve integralmente no cenário democrático, pois se não existir diálogo e a convivência mútua não temos escola; - A condição da democracia as pessoas podem não querer; - O objetivo da escola não é levar conhecimento e sim propiciar para condições para que o aluno queira estes conhecimentos; - O mais importante na escola é uma relação entre o aluno e o professor de forma respeitosa e mútua; - Na escola precisa a participação de todas as pessoas dentro da escola; - Não dá para se pensar que uma escola que tem a democracia como primazia não dá para sequer ter a visão de não conversar e dialogar com todos; - A participação não precisa ocorrer num espaço apenas, ela pode estar e ser instâncias de participação. Vídeoaula 5: Gestão Participativa - Parte I Objetivos da Aula Pilares da gestão participativa (gestão democrática e democracia) - O projeto efetivamente democratico pressupõe participar no processo de decisões e também no processo de assumir de responsabilidades, ou seja, um processo coparticipativo; - Todos os sujeitos que participam da comunidade escolar participam da gestão em seus papéis e ajudam a construir a teia da educação. Valores orientadores da ação participativa - Ética: Envolver dar autoria ao outros, não estimular concorrência; - Equidade: Para cada necessidade um tratamento diferente com um mesmo ponto de chegada; - Solidariedade: Fazer com que todos estejam bem, caso um indivíduo esteja passando por um processo difícil o outro o apoia; - Compromisso: Responsabilidade, tanto com o projeto coletivo, quanto com o seu papel dentro da organização; - Empatia: Colocar-se no lugar do outro; - Maturidade social: Sendo construída cotidianamente, piois tenho que a todo momento ceder algumas coisas para obter outras; - Coletivo atuante: Participação envolve ação; - Orientação com controle: Aqui as pessoas são livres sim, mas seguindo os combinados que elas mesmas ajudaram a construir. Objetivos na promoção da participação - Uma de nossas maiores fragilidades como cidadão é delegar para os nossos governantes e não fazer o acompanhamento efetivo do mandato deles. Dimensões da participação - São três dimensões indissociáveis: política, pedagógica e técnica. Órgãos colegiados - Precisamos dos pais como parceiros do filho, não apenas para uma deliberação, mas também para elogiar essa criança; - A escola precisa rever a postura de chamar os pais apenas para reclamar do filho e dificilmente o chama para elogiá-lo também. Exemplos de órgãos colegiados de participação - Conselho de classe: Os professores geralmente o fazem no final do bimestre para pensar e repensar suas escolhas pedagógicas sobre rendimentos e participação dos alunos; - Grêmio estudantil: Formado por alunos, geralmente das séries finais e Ensino Médio; - Conselho escolar, tendo como funções: * Um dos desafios deste conselho para além de somente deliberar aspectos orçamentários e incluí-los também para discutir o pedagógico. “Não se pode pensar em estabelecer o processo de participação na escola parcialmente” - É pela participação que o ser humano vai se construindo; - É muito importante implementar desde cedo uma gestão democrática, para que o ser humano não apenas fique acomodado executando comandos, mas pense também sobre o processo assumindo responsabilidades. Vídeoaula 6: Gestão Participativa - Parte II Objetivo da aula Projeto Político-Pedagógico - A escola ao desenhar este projeto coletivamente lança para frente e adiante o que ela quer como escola e qual o cidadão que ela quer desenvolver; - Rompe com o passado, uma sociedade racista; - Tece promessas possíveis para o futuro. Características do Projeto Político-Pedagógico - Precisa possuir uma comunicação eficiente tanto durante a construção do documento, tanto no período da implementação e posteriormente da avaliação; - Atmosfera favorável ao diálogo para que todos possam falar e ter maturidade para ouvir também; - O projeto pedagógico é único e cada comunidade escolar tem o seu projeto; - Sonhar um sonho possível; - Articulação de todos e incluir todos não somente no dia da escrita do projeto; - Construído, implementado e avaliado sempre; - Ação intencional envolvendo o coletivo; - Fortalecer a relação entre a escola e o sistema de ensino. O projeto político-pedagógico é político e pedagógico - Articulação entre si essas duas dimensões. Qual projeto de escola que queremos? - A escola de hoje se estrutura até mesmo a nossa revelia, graças ao projeto neoliberal, em uma concepção estratégica/empresarial e não de emancipação (reconhece as diferenças e promove a equidade); a) Concepção de Projeto de Escola - Estratégico Empresarial - Merco escola, ou seja, escola voltado a servir o mercado; - Baseada somente a bater metas e índices, ou seja, não se preocupa em formar cidadãos; - Gestão centralizadora e vertical. b) Concepção de Projeto de Escola - Educação Emancipatória PPP e a unicidade entre teoria e prática - Práxis: É uma prática reflexiva. Semana 4 (14/08): Gestão e Formação Docente Texto-base: A formação de professores e a base comum nacional: questões e proposições para o debate Políticas para a educação: CF 1988, LDB e PNE - A partir da década de 1990, houve mudança na lógica das políticas educacionais e nos seus diversos espaços de decisão e efetivação. Houve mudanças políticas e ideológicas no campo da educação básica e superior, requerendo alterações de ordem jurídico-institucional, nos processos de regulação e avaliação; - A CF 1988 estabeleceu um conjunto de princípios no Capítulo da Educação, a gratuidade no ensino público em todos os níveis, a gestão democrática da escola pública, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na educação universitária, a autonomia das universidades e a formação de professores, entre outros; - Lei nº 9.131/954 , regulamentando o Conselho Nacional de Educação e instituindo avaliações periódicas nas instituições e nos cursos superiores; - A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996), entendida como Lei complementar, reserva um conjunto de princípios que indicam alterações na forma de organização de gestão da educação; - Plano Nacional de Educação (Lei n. 10.172/2001) , que resultou das disposições legais do artigo 214 da CF de 1988 e das disposições transitórias da LDB, em seu artigo 87, parágrafo 1; - O PNE aprovado em 2001 é revelador dos seguintes indicativos de políticas para a educação: diversificação do sistema por meio de políticas de expansão da educação; a não-ampliação dos recursos vinculados ao governo federal para a educação; a aferição da qualidade de ensino mediante sistema de avaliação; e a inclusão de capítulos específicos sobre o magistério da educação básica e sobre a educação a distância e novas tecnologias, incidindo diretamente na formação de professores; - Na década seguinte, a Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada em 2010, e a criação do Fórum Nacional de Educação; - O Projeto de Lei sobre o novo PNE, composto por 20 metas e inúmeras estratégias, incide diretamente (caso das metas 15, 17 e 18) ou indiretamente sobre a formação dos profissionais da educação, sobretudo de professores; - As políticas e gestões direcionadas à educação básica vêm se processando por meiode alterações substantivas, destacando-se a ruptura com a focalização ao ensino fundamental; a aprovação do Fundeb (fundo de natureza contábil para toda a educação básica) ; o ensino fundamental de nove anos; a integração ensino médio e educação profissional; as novas definições para a educação infantil; o redirecionamento da educação especial/ inclusiva e as questões atinentes à diversidade, incluindo, neste contexto, etnia, gênero, orientação sexual e, mais recentemente, alterações por meio da Emenda Constitucional 09/2009, que ampliou a educação obrigatória (restrita ao ensino fundamental) para a educação dos quatro aos 17 anos, prevendo a universalização das etapas até 2016; - O Decreto nº 5.773/2006, que flexibilizam a estruturação da educação superior no país e, como decorrência, o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão como seu parâmetro básico; - Segmentarem a educação superior pelo estímulo à expansão das matrículas e à diversificação institucional, na prática, as políticas para o setor, na maioria dos casos, contribuíram para a redução da educação superior à função de ensino; - O CNE, à formação de professores, indicou a necessidade de consolidação da legislação, resultando na constituição de Comissão Bicameral do Conselho sobre a temática. Esta comissão, busca o estudo de temáticas e concepções sobre a formação inicial e continuada, visando maior organicidade dos aparatos normativos do CNE em relação à formação em nível médio e superior; a programas especiais de formação pedagógica; à instituição de diretrizes curriculares nacionais e à formação continuada, entre outros aspectos. Formação: Concepções e donâmicas curriculares - A educação, num sentido ampliado, refere-se aos processos formativos, que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (LDB, art. 12); - A educação é mais abrangente que o ensino, mesmo que o ensino seja entendido como parte desta prática social mais ampla. A educação, aqui, é entendida como constitutiva e constituinte das relações sociais mais amplas. Nesta direção, pensar a formação implica considerar a educação e os processos de ensino como todo e parte que se articulam, ou seja, pensar esta relação de maneira contextualizada, apreendida como campo de disputas e, portanto, ato político-partidário; - Formação docente, definição de fundamentos, princípios e diretrizes e à sua articulação com o exercício profissional; à definição do que constitui a formação inicial e continuada; à definição sobre o lócus e as características da instituição formadora, à modalidade educativa, mas também à vinculação com os processos culturais mais amplos, os processos identitários, a tensão unidade e diversidade, dentre outros; - A noção de currículo não se restringe ao conteúdo de ensino e à ordem de sua progressão no decorrer do tempo. Segundo Mangez & Lienard, na corrente sociológica compreende-se o currículo: - Em geral os estudos compreendem o currículo como uma construção social, o que requer precisões, “pois ela não deveria ser entendida como fruto de uma simples correspondência mecânica entre currículo e sociedade […]”; - O papel do currículo e de sua relativa autonomia, destacando o papel atribuído ao currículo e sua interface com os conhecimentos prescritos, com um conjunto de disposições específicas (fala, comportamento, expectativas […]. Ou seja, o “currículo, tanto nas suas dimensões formais como nas suas dimensões ocultas, é concebido como um ‘arbitrário cultural’. […]; - A questão dos currículos de graduação começou a ganhar importância na reforma da educação superior a partir de 1995. Dentre os principais elementos que desencadearam esta movimentação na área, estão: - A compreensão da educação como processo formativo, contínuo e permanente, traz implicações para os profissionais da educação, particularmente no exercício da função docente, uma vez que lhes é exigida a capacidade de articular os diferentes saberes à prática social e científica, em articulação ao mundo do trabalho; - Assim como o trabalho docente precisa ser repensado, o mesmo cabe à formação docente, uma vez que torna-se necessário considerar as especificidades dos diferentes níveis e modalidades da educação; - A LDB afirma o horizonte formativo dos docentes, o lócus e a formação mínima, art. 62: - No campo educacional, é preciso repensar a formação, para estabelecer políticas mais orgânicas, sobretudo no cenário de disputas do papel do professor e da dinâmica formativa que se pretende garantir ao profissional; - Formação centrada no «fazer», enfatizando a formação prática e, de outro, uma concepção centrada na formação «teórica», onde é enfatizada a ampla formação do professor; - A formação dos profissionais da educação passou a ocupar papel de destaque no campo das políticas educacionais, embora, muitas vezes, como exercício retórico; - Freitas (2002, p.139) destaca os princípios que devem nortear a formação destes profissionais: - A concepção de base comum nacional, com forte incidência sobre a docência e o trabalho pedagógico como núcleo constitutivo e constituinte da formação, vai sendo formulada e, em alguns casos, incorporada nos marcos legais, nas políticas e programas direcionados à formação de professores, de maneira articulada ou não, e se constitui em importante ação do movimento de professores. Esta concepção tem sido ratificada por meio dos seguintes princípios: - A concepção de base comum nacional, entendida como o estabelecimento de diretrizes curriculares nacionais; - A seleção e o ordenamento dos conteúdos dos diferentes âmbitos de conhecimento que compõe a matriz curricular para a formação de professores são de competência das instituições de ensino, bem como a garantia do componente curricular de diversificação de estudos; - Referência da Conae, defende-se, no Documento, uma noção ampla do que seja profissional da educação, que inclui professores, especialistas e funcionários. Reafirma a importância de uma sólida formação teórica e interdisciplinar em educação, a unidade entre teoria e prática, a centralidade do trabalho como princípio educativo, a pesquisa como princípio cognitivo e formativo e, portanto, eixo nucleador da formação. Articulado ao processo formativo, destaca-se a necessidade de considerar a gestão democrática, o compromisso social, político e ético com um projeto emancipador e transformador das relações sociais, e a vivência do trabalho coletivo e interdisciplinar de forma problematizadora; - Formação inicial é desejada como pré-requisito para o ingresso na carreira, a formação continuada passa a ser vista como estratégia para a melhoria permanente da qualidade da educação, tendo como principal finalidade a reflexão sobre a prática educacional e a busca do aperfeiçoamento técnico, ético e político, que não se retringe a esta prática; - Formação inicial e continuada são momentos distintos e articulados, imprescindíveis para a formação e valorização dos profissionais da educação e do magistério; - Parecer CNE/CP no 05/05, 1988 e 2002 homologação, direcionado ao curso de Pedagogia, expressa, importantes elementos para a formação dos professores para a educação básica na medida em que - Objetivos do curso de Pedagogia, o mesmo Parecer expressa que ele se destina à formação de professores para exercer funções de magistério na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, nos cursos de ensino médio, na modalidade normal, de educação profissional, na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos; - O campo de atuação engloba, ainda, a gestão educacional, especialmente no que se refere ao planejamento, à administração, à coordenação, ao acompanhamento, à avaliação de planos e de projetos pedagógicos, bem como à análise, formulação, implementação, acompanhamento e avaliação de políticas públicas e institucionaisna área de educação; e a produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo educacional; - Cabe destacar que novas funções foram atribuídas ao curso, destacando-se a formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. (Decreto nº 5.626/0515); - A Lei no 9.394/96 e a Lei no 12.014/09, a formação dos profissionais da educação, visando atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, deverá ter como fundamentos: - À organização curricular, deverá permitir ao graduando opções que favoreçam a escolha da etapa da educação básica para a qual se habilitou e a complementação de estudos que viabilize sua habilitação para outra etapa da educação básica; - A matriz curricular para a formação de professores são de competência das instituições de ensino; contudo, os critérios de organização curricular, de alocação de tempos e espaços curriculares, devem contemplar as seguintes dimensões (artigo 11, critérios de organização da matriz curricular): - À estrutura do curso de Pedagogia, a (Resolução CNE/CP no 01/2006), se constituir por: - Os cursos de formação de professores para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental devem atentar para as necessidades específicas da formação de professores indígenas e dos que atuam em escolas indígenas; dos professores que atuam em escolas remanescentes de quilombos ou que atendem a populações de etnias e culturas específicas; e da formação de professores bilíngues para o ensino de Libras; - À carga horária, a legislação vigente é diversificada, mesmo entre os cursos regulares de licenciatura, graduação plena; - A necessidade de articulação efetiva nas orientações para os cursos de formação de professor; - As orientações curriculares dos cursos de formação de professores, baseadas na legislação vigente, sinalizam, ao mesmo tempo, para uma parte comum e outra diversificada, e para distinta carga horária entre os cursos regulares de licenciatura, graduação plena. Isto nos sugere a necessidade de maior convergência nas orientações e diretrizes curriculares para os cursos de licenciatura; - Definições sobre as condições de trabalho e os planos de carreira. A Lei nº 9.394/1996 explicita que os sistemas de ensino devem promover a valorização dos profissionais da educação assegurando, nos estatutos e planos de carreira: - A Lei no 9.424/9618 associava as condições de trabalho a “um padrão de qualidade de ensino” a ser definido nacionalmente, levando em consideração: - O Decreto no 6.755/09 ratifica o mesmo princípio ao destacar: - A carreira do magistério é vista de maneira ampla, na medida em que tal discussão não trata tão-somente da questão salarial, duração da jornada de trabalho, evolução funcional, mas, implica examinar todas as interfaces da organização do processo educacional; - A discussão considera e, ao mesmo tempo, transcende os interesses específicos da categoria e se apresenta como condição sine qua non para a oferta de um ensino de qualidade nas escolas brasileiras; - A aprendizagem como direito social e carreira do magistério; o financiamento da educação e a implementação do custo aluno qualidade; o piso salarial nacional e a remuneração do magistério; a nova composição da jornada de trabalho prevista na Lei 11.738/2008; a abrangência das diretrizes para a carreira; a organização dos tempos e espaços; o currículo e carreira do magistério e a carreira do magistério e a gestão democrática das escolas; - Para que possamos continuar avançando na direção de assegurar um padrão de qualidade que se construa e perdura ao longo do tempo, algumas condições básicas são fundamentais, entre elas parâmetros adequados para a composição das classes, jornada de trabalho compatível com as necessidades de formação e atualização do professor e a implementação do Custo-Aluno Qualidade como medida para o suficiente aporte de verbas na educação; - Para que possa cumprir em plenitude sua função social, a escola tem que dispor de um projeto político-pedagógico adequado à realidade social na qual se insere, democraticamente deliberado e gerido pela própria escola, e possuir as condições objetivas necessárias para o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem, entre elas o número adequado de alunos em sala de aula, tempo de duração das aulas que confira dinamismo ao processo educativo e permita a interação entre as diferentes disciplinas, e um Plano de Carreira do Magistério que tenha como premissa o incentivo para que o professor nela permaneça, buscando sempre melhor qualidade para a escola pública; Considerações finais: desafios a formação de professores - As discussões ao longo do texto sinalizam para alguns avanços e para a necessidade de consolidação de marcos normativos, regulatórios e políticas articuladas para a formação de professores, por meio da articulação entre fundamentos e diretrizes, associando tal processo à articulação entre formação, carreira, salário e condições de trabalho; - A não linearidade entre a proposição de políticas, sua materialização e os processos de avaliação regulação ensejando maior organicidade no campo; - Os cursos de formação de professores para a educação básica devem ser organizados para atender a um conjunto de requisitos legais, dentre eles: - Fundamental romper com a formação pedagógica como apêndice à formação do professor (exemplo, 3+1), por meio de base comum nacional, nela incluída a diversidade, articulada à base diversificada da formação, que expresse: - A dinâmica curricular, deve se efetivar em consonância com os processos de garantia de formação ampla, que considerem a diversificação curricular Texto-base: A Arte do Disfarce: BNCC como Gestão e Regulação do Currículo Introdução - A discussão e o complexo processo de aprovação pelo Conselho Nacional de Educação, bem como de homologação de Base Nacional Comum Curricular (BNCC), pelo ministério da educação (MEC), efetivaram-se a partir de proposta do MEC que resultou na segmentação da Educação Básica, expressa pela aprovação de duas bases curriculares: uma para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental e outra, direcionada ao ensino médio; - Vivenciamos um discurso e/ou retórica ‘neo economicista’ e ‘reformista’ em torno da proposição e materialização desta política; - Papel do Estado na condução da BNCC como política nacional, aquilo que se configurou a partir da década de 1990, “as políticas públicas passam a ser orientadas por uma reforma de Estado, que engendra alterações substantivas nos padrões de intervenção estatal, redirecionando as formas de gestão e, consequentemente, as políticas públicas, particularmente, as políticas educacionais”; - O Estado surge como agente do processo produtivo. Ele opera, também e principalmente, no nível infraestrutural, diretamente no processo de formação do capital, isto é, de acumulação capitalista; - O poder público participa intensamente na formulação das possibilidades e na própria dinamização das forças produtivas. […] Nesse sentido, o Estado é a expressão das relações de apropriação e dominação; - Observa-se uma contrarreforma, bastante conservadora e privatista, no campo da educação, por meio de amplo processo de (des)regulação que favorece a expansão privada mercantil. A orientação e lógica mercantil se fazem presentes e predominantes nos instrumentos legais e nas ações e programas produzidos, da creche à pós-graduação; - BNCC. A aprovação desse documento no Conselho Nacional de Educação (CNE) também não se deu por unanimidade; - Processo histórico, a BNCC não foi consensuada, não foi pactuada e, portanto, apresenta vários questionamentos acerca de sua legitimidade. Todavia, está aprovada. Está homologada. Ela é normativa e implica um esforço das Redes de Ensino, no âmbito público ou privado, de repensar suas Propostas Pedagógicas. O discurso da mudança: reducionismos e contradições - Epistemologia do conhecimento. Ou seja, a produção de determinadotipo de conhecimento não pode desconsiderar aquilo que é objetivo e subjetivo em torno do tema. Isso, porque nenhum conhecimento está desprovido do significado social que o homem ocupa em relação ao mundo, à sociedade e a si mesmo; - Do ponto de vista objetivo, há na BNCC um modelo de educação que retoma os princípios da ‘Teoria do Capital Humano’, centrado nas finalidades da educação para o processo de desenvolvimento humano e econômico; - “É preciso entender a reforma educacional contemporânea como uma prática política e social”; - O movimento em torno da afirmação de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) também pode ser considerado determinado tipo de reforma que toma o currículo e o conhecimento como objetos de regulação social e, no caso brasileiro, por meio de reducionismo do processo formativo, ratificado a partir da defesa de um discurso centrado em competências e habilidades que, além de não atender ao horizonte legal do Plano Nacional de Educação (PNE), que advoga direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, é prescritivo e padronizador; - A ênfase na estabilidade, na harmonia e na continuação dos acordos institucionais existentes - não na mudança; - A afirmação do discurso da mudança tenta tornar o movimento da Base como ‘instituído e legítimo’, assim como se acredita que seus princípios e objetivos sejam ‘instituintes’ de um novo processo de escolarização: “a ecologia da reforma relaciona-se com os padrões da regulamentação social encontrada na escola”; - A lógica do discurso reformista da Base não pode ser apreendida apenas de ‘cima para baixo e de fora para dentro’ mas, sim, pela força que opera por ‘dentro’ e do lugar que ocupam parte de seus idealizadores; - Por dentro do movimento de constituição da BNCC está a configuração de um projeto de governo e de poder que toma, pelo conhecimento, novas formas de conhecer, organizar, regular, avaliar e controlar os processos formativos na escola; - A gestão do currículo se configura como objeto central das Políticas de Governo; - Gerencialismo na educação, Frigotto (2012) acrescenta a pedagogia das competências como expressão da lógica e filosofia mercantil do conhecimento da escola capitalista; - A ‘Pedagogia das Competências’, é claramente definida como resultado de acordos entre os ‘organismos multilaterais’ e suas pautas de reformas educacionais ancoradas nas políticas neoliberais; - O movimento em defesa das competências não é algo novo na história da educação. Remonta e retrocede àquilo que já foi criticado pela educação brasileira: a Teoria do Capital Humano (1950) e Conferência Mundial Sobre Educação para Todos Jomtien, Tailândia (1990); - “As aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento.” (BRASIL, 2017, p. 8); - A pedagogia das competências reafirma o modelo de gestão empresarial de responsabilização individual dos sujeitos frente aos processos de aprendizagem e apropriação do conhecimento. Isto se dá por meio de um duplo movimento: ‘centralização curricular e adoção de um modelo de aprendizagem cognitivista’; - É fundamental problematizamos os limites das concepções de educação, formação e dinâmicas curriculares centradas no gerencialismo e nas competências e habilidades como fundamentos pedagógicos estruturantes à BNCC; - Necessidades Básicas de Aprendizagem (NEBA) em que o básico é naturalizado como mínimo. Isto significa: - É fundamental enfatizar o ‘conhecimento como fundamento pedagógico, reforçar a autonomia dos sistemas, de suas instituições educativas e dos educadores’. O conhecimento é universal; - É preciso distinguir a concepção de base comum nacional (defendida pelas associações científicas do campo) e BNCC: Regulação do conhecimento e do currículo - Um dos pilares que sustentam a defesa da BNCC é um tipo de conhecimento convertido em conteúdo que pode ser apreendido, medido e avaliado: “a aprendizagem de qualidade é uma meta que o País deve perseguir incansavelmente, e a BNCC é uma peça central nessa direção” (BRASIL, 2017, p. 5) Por serem práticos e utilitários; - O conhecimento prático requerido nas habilidades e competências da BNCC é aquele marcado pela lógica pragmática, utilitarista e reducionista; - Essa concepção gerencial e pragmática, se materializada, poderá resultar em matrizes e dinâmicas curriculares mais operacionais e padronizadas, pautadas por uma secundarização das Ciências Humanas e Sociais e das Artes em geral; - Não se pode negar o impacto da globalização, associado à revolução tecnológica, impõe um novo tipo de conhecimento: menos discursivo, mais operativo; menos particularizado, mais interativo, comunicativo; menos intelectivo, mais pragmático; menos setorizado, mais global; não apenas fortemente cognitivo, mas também valorativo; - Segundo Miranda (1997), esse novo padrão de conhecimento utilitarista é aprendido e adquirido mediante a ação (saber fazer), a utilização (saber usar) e a interação (saber comunicar). O conhecimento vai-se confundindo com a informação e o ato de conhecer vai ficando cada vez mais identificado com os procedimentos de documentação e acesso às informações; - Portanto, na BNCC, uma lógica da reforma e da regulação do conhecimento em que “o problema por trás da mudança é como e por que as formas de verdade vêm a prevalecer e, em pontos diferentes, são historicamente desafiadas”; - O currículo na escola “expressa conjuntos de relações sociais e estruturais através dos próprios padrões de comunicação sobre os quais é formulado (...) falar sobre currículo pressupõe, então, um conjunto de suposições e valores sociais que não são claramente aparentes, mas que limitam a gama de escolhas disponíveis”; - “A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento”; - A BNCC se restringe a um tipo de aprendizagem: aquela parametrizada e instrumentalizada com ênfase nas operações básicas e na leitura; - Leia-se conteúdos mínimos: “é necessário que sistemas, redes e escolas garantam um patamar comum de aprendizagens a todos os estudantes, tarefa para a qual a BNCC é instrumento fundamental”; - A exigência de estabelecer um currículo comum para o país reafirma a existência de um suposto consenso sobre o que é moral e intelectualmente apropriado e para o que a tarefa da escola é a de apresentar coerência e padronização nos programas escolares, negligenciando, assim, a autonomia pedagógica, os diferentes atores que constroem o cotidiano educacional e escolar; -“A descentralização é uma estratégia da direção do estado, enquanto que a suposição de consenso está relacionada às exigências de maior padronização”. (POPKEWITZ, 1997, p. 165); - Outro risco, em relação à padronização de uma base, é orientar-se por uma lógica restrita do ‘direito à aprendizagem’. Não se trata a ter direito a aprender, mas sim, ‘direito à educação’, uma vez que aprender é uma condição inerente ao ato educativo. Falar em direito à educação é mais amplo do que direito à aprendizagem; - Para origens diferentes, necessidades diferentes, características sociais, culturais e econômicas diferentes, é preciso oferecer trajetórias diferentes! Tratar igualmente os desiguais é aprofundar a desigualdade! É inferiorizar alguns perante os outros; - Como política estruturante, “a BNCC integra a política nacional da Educação Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais” (BRASIL, 2017 p. 8); - Objetiva garantir condições para que se implemente no país um processo de avaliação estandardizado marcado pelo reducionismo,pelo controle e pela ênfase no controle dos resultados; - Para Saviani (2016), o alinhamento entre BNCC e avaliação em larga escala indica novos parâmetros para a organização e o funcionamento do ensino e do currículo em todo o país; Por processos mais autônomos - A ideia da BNCC e de uma avaliação nacional, estão aqueles que tratam a desigualdade social como processo de equidade. A primeira tem suas bases no modo de produção desigual e combinado e a partir da dialética inclusão-exclusão. A segunda máscara e vela a desigualdade sem procurar alterá-la; - É fundamental reafirmar que os processos de regulação e avaliação precisam ser redefinidos à luz de uma Política de Estado, com ampla participação, assegurando o regime de colaboração entre os entes federados e suas autonomias; - As ações e os objetivos da educação devem convergir para uma formação emancipadora, portanto, como prática social; - Necessidade de debates críticos em torno das Políticas Educacionais a fim de que contribuam para a consolidação de uma nação soberana, democrática, justa, inclusiva, que promovam a emancipação dos indivíduos e grupos sociais; - Políticas precisam reconhecer e valorizar a diversidade. Isso significa a concepção ampla de conhecimento, formação e currículos a partir da indissociável relação entre educação e cultura; - A cultura, fruto da ação humana, é compreendida no tempo, no espaço e se concretiza na produção material e imaterial; - Qualquer processo de inclusão social requer, antes de tudo, a superação da desigualdade social. Vídeoaula 7: Gestão e Formação Docente - Parte I Objetivos da aula Algumas metas do plano nacional de educação para a formação de professores a) Meta 15 - Pode parecer que essa meta é pouca para as grandes regiões, porém para muitos municípios do Brasil isso é quase impossível; - Valorização das experiências que surgem na prática. b) Meta 16 - UAB: Universidade Aberta do Brasil, está uma iniciativa do governo para a formação a distância de docentes; - Há um corte da modalidade a distância e presencial para a formação continuada de professores. b) Meta 19: - Se volta mais para a formação de gestores; - Depende do estado ou do município se irá promover uma prova unificada juntamente com o âmbito federal para a promoção destes cargos. Formação de professores - currículo em disputa (pilares dessa formação) - Temos hoje a BNCC que está sendo construída a muitos anos e a um aspecto empresarial muito forte por trás desta base; - Se a base é desenhada principalmente na visão dos empresários da educação temos então: um controle e regulação direcionada para este sentido, avaliações externas e recursos didáticos preconizando essa valorização empresarial; - Os recursos didáticos tem sido oferecido como um milagre para a educação, essa ferramenta embelezada pelo uso das tecnologias. A disputada da formação de professores se baseia em um currículo pragmatista - A crítica não é a prática somente, mas também precisa ser observado a teoria que é o pensamento abstrato e que por vezes não existem nessas formações; - Os conhecimentos teóricos não são desejáveis pelo mercado e por isso são colocados de lado; - O professor aqui é tarefeiro e os métodos levam muita relevância. Temos, portanto, uma revisita ao tecnicismo, seria um neotecnicismo; - A formação não é voltada para ser reflexiva e crítica e sim puramente uma qualificação para se formar um profissional tarefeiro e que sirva ao sistema da massa de trabalhadores. O que está subjacente ao currículo de formação de professores ancorado na prática e experiência - Demerval denunciava, desde de 2017, que estava se formando dois tipos de escola: 1) Escola para trabalhadores: Preconiza a formação prática e tarefeira; e 2) Escola para dirigentes: Requer um domínio teórico mais amplo. - A prática é importante, mas não devemos ficar com apenas a parte empirista e sim a parte abstrata e reflexiva também é muito importante. BNCC para a formação de professores, traz competências gerais e específicas para os docentes A formação docente necessária, segundo Dourado - É importante a prática na formação docente, mas é importante também a parte teoria nessa formação, isso foi esvaziado neste outro lado. Vídeoaula 7: Gestão e Formação Docente - Parte II Objetivos da aula Importância da formação continuada - A profissão docente mais do que as outras, ela tem uma dinâmica própria, pois muda conforme ocorre a mudança na sociedade e essa mudança exige do professor maior capacitação. Formação continuada docente - implicações para gestão escolar - As escola possui uma cultura aonde pega-se os que recém se formaram e tacam para os problemas mais complexo, enquanto na verdade os mais antigos deveriam ter esse tipo de experiência; - É no cotidiano e na relação com os colegas é que o professor irá completar sua formação. Implicação da formação docente com a formação humana - Todas as ações não estão desligadas de valores, a todo tempo a política está permeando as decisões tomadas na escola. Equipe gestora e formação continuada - A equipe gestora atua na organização e garantir a formação dos professores para lidar com o dia a dia. A equipe gestora e a formação continuada dos docentes - A prática dos professores é importante, porém a teoria precisa estar acompanhada desse treinamento; - A direção não vai inventar um tema e sim é preciso que nas reuniões pedagógicas o grupo eleja qual tema vão querer abordar; - Observar quais são as experiencias e saberes docentes que são mais importantes naquela escola, ou seja, lançar luz aquele colega que possui uma prática que está funcionando também para auxiliar os colegas e juntos, colaborativamente, eles aprenderem. Formação continuada e equipe gestora - A escola pública não pode negar que há desafios e pensar coletivamente as estratégias possíveis para alcançar os alunos; - Qualquer formação EAD não substitui a presencial, mas é necessário pensar qual é a possível; - Os gestores precisam dominar as tecnologias também para que não fiquem reféns de outros profissionais; - A gestão com autonomia passa por aprender as tecnologias. Formação continuada em tempos de grande complexidade, segundo Candau - É na escola que a formação continuada perdura por mais tempo e se constitui verdadeiramente; - Temos que reconhecer o não saber, mas não podemos nos ater apenas a isso é necessário que não nos conformamos e busquemos o aprendizado. Semana 5 (21/08): Às políticas e indicadores de larga escala - impactos e desafios para gestão Texto-base: Avaliação externa na Educação Básica: do índice de desenvolvimento da Educação Básica à Base Nacional Comum Curricular Introdução - As consequências da avaliação externa provocam mudanças estruturais em todo o processo pedagógico nas escolas, invocando padrões de desempenho escolar e o apagamento de relações que, historicamente, têm constituído o processo educacional; - Há uma mudança qualitativa na organização do trabalho pedagógico da escola, passa a ter como base um ensino que busca um resultado uniforme; - Condicionalidades dos organismos internacionais e ao empresariamento na Educação (quando conjugados num mesmo objetivo), possivelmente, influenciam todo o processo de avaliação na Educação Básica priorizando mecanismos de (aferição do cumprimento de metas), por razões de natureza mercadológica. - Accountability: um conjunto de regras nas quais as escolas são responsabilizadas por seus resultados, sendo estabelecidas metas a serem alcançadas, e bonificações aos professores que atingirem os resultados esperados; - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), criado por meio da Portaria nº 1.795, de 27 de dezembro de 1994, e no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) realizado pela primeira vez em 1998; - Proposta de avaliação descentralizada, são substituídas por instrumentos de controle das políticas educacionais; - No quadro atual, avaliações externas têm como característica o emprego de provas padronizadas justificadas como necessárias para monitorar o funcionamentode redes de ensino com foco no desempenho dos alunos; - O IDEB na sua dupla vertente - aprendizagem e fluxo - tem relação com as metas de qualidade do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE); - SAEB composto por testes cognitivos e questionários contextuais (BRASIL, 1994) é necessário observar sua configuração: (a) inclusão da rede particular de ensino na amostra; (b) adoção da Teoria de Resposta ao Item (TRI), que permite estimar as habilidades dos alunos independentemente do conjunto específico de itens respondidos; (c) opção de trabalhar com as séries conclusivas de cada ciclo escolar (5ª e 9ª ano do ensino fundamental e inclusão do 3ª ano do ensino médio); (d) priorização das áreas de conhecimento de Língua Portuguesa (foco em leitura) e Matemática (foco em resolução de problemas); (e) participação das vinte e sete unidades federais; e (f) adoção de questionários para os alunos sobre características socioculturais e hábitos de estudo (BONAMINO, SOUSA, 2012). - O SAEB apresenta baixo nível de interferência nas perspectivas curriculares na educação básica, posto que não permite acompanhar a evolução do desempenho individual dos estudantes ou das escolas; - No período pós-LDB 9394/96, criado o movimento Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Publicada em três versões (respectivamente, no ano de 2015, 2016 e 2017), seu texto final inclui itens lexicais como “competências”, “objetivos”, “aprendizado” que operam no sentido de legitimar discursivamente uma formação tecnicista ao propor um currículo alinhado aos princípios de mercado; - A dimensão do conhecimento que já não é mais prioridade no processo de escolarização, tendo em vista a sua substituição nos atos de currículo pelo desenvolvimento das competências; - Inclui-se a possibilidade de ofertarem diferentes tipos de sistemas de ensino, conteúdos e materiais didáticos para diferentes frações de classe: a) A escola de “elite” para formar as frações que vão dirigir empresas e negócios; e b) A escola para os filhos de trabalhadores com direcionamento das habilidades das competências. As políticas de avaliação externa e sua relação com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - As políticas educacionais, têm buscado imprimir uma lógica de resultados no ensino público brasileiro em que a parceria público-privado é considerada estratégica; - O IDEB, criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), referência a taxa de rendimento escolar (aprovação) e as médias de desempenho nos exames aplicados pelo INEP, como Prova Brasil; - A Prova Brasil – aplicada pela primeira vez em novembro de 2005 – foi concebida para complementar as informações já oferecidas pelo SAEB, que apresenta matrizes de referência elaboradas a partir de uma síntese de propostas curriculares estaduais, municipais, como também pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 2005); - Prova Brasil, permite identificar e monitorar as escolas com baixo desempenho de seus alunos; - O IDEB, favorece a implementação de políticas de e de accountability responsabilização; - As implicações das políticas de e de responsabilização accountability impõem o cultivo à performatividade docente, requerendo competências e qualidades específicas, que na ausência destas, aplica retórica com base na culpabilização; - IDEB realizada pelo Ministério da Educação (MEC) para repassar recursos aos municípios que apresentam melhor desempenho, por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), municípios que apresentam resultados insatisfatórios e oferecem apoio técnico e/ou financeiro. Adesão ao Compromisso e da elaboração do Plano de Ações Articuladas (PAR), Plano de Ações Articuladas organiza as vinte e oito diretrizes do Plano de Metas em quatro dimensões: (1) gestão educacional; (2) formação de professores e profissionais de serviço e apoio escolar; (3) práticas educativas e avaliação; e (4) infraestrutura física e recursos pedagógicos (BRASIL, 2015a). - O pressuposto é reconfigurar a relação do trabalho docente, exigindo do trabalhador um conhecimento mais adequado ao processo produtivo com base nos índices de avaliação dos desempenhos; - O ponto de convergência entre a produtividade e os índices de avaliação traduz-se, possivelmente, na reduzida preocupação com a dimensão humana com a natureza cultural e política da Educação; - Fernandes (2009) impactos nas formas como as escolas e os professores organizam e desenvolvem os atos de currículo: - O IDEB surge oficialmente com o Plano de Metas, por Compromisso Todos pela Educação meio do Decreto nº 6.074, de 24 de abril de 2007; - O IDEB tem falhas e méritos e que, portanto, necessitam ser aperfeiçoado para que de fato revele as singularidades dos resultados institucionais; - Há pouca produção de conhecimento a partir dos resultados das avaliações nas escolas; - No cenário atual, as avaliações externas realizadas por agentes externos à escola têm servido ao ranqueamento entre as escolas brasileiras; - Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc, também conhecida como Prova Brasil) serão identificadas como SAEB; - O SAEB, em 2019, passa a incluir o segmento da Educação Infantil, além do Ensino Fundamental e Médio. Isto é, as avaliações serão aplicadas na Educação Infantil, 2º ano, 5º ano, 9º ano e 3ª série do Ensino Médio; - A função da didática nas escolas brasileiras será restringir-se cada vez mais ao estudo de métodos específicos para ensinar determinados conteúdos considerados como prioritários nos encaminhamentos da avaliação externa; - Envolve a construção de objetivos com vistas a controlar os fins a serem atingidos, com o currículo restringindo o conhecimento ao atendimento desses objetivos. O período pós-LDB 9394/96 com o movimento Base Nacional Comum Curricular - Ênfase ao desenvolvimento de habilidades, atitudes e conhecimentos necessários à integração no processo produtivo; - A didática e a formação do professor passaram a dar “ênfase muito grande no operacional, nos resultados” de modo que os determinantes sociais da educação e o debate ideológico passaram a ser considerados secundários; - A organização do trabalho pedagógico na escola sofre influência das determinações do capital envolvendo não só a seleção dos conteúdos programáticos, bem como a definição das grades curriculares, carga horária das disciplinas e métodos de avaliação; - “A escola capitalista encarna objetivos (funções sociais) que adquire do contorno da sociedade na qual está inserida e encarregam os procedimentos de avaliação; - A noção de competências, impulsionada pelo Sistema Toyota de Produção, a partir do discurso pautado na necessidade de qualificação e profissionalização dos trabalhadores, requer um trabalhador polivalente, com aptidões técnicas para o cumprimento de suas atividades profissionais; - Supõe que todos os indivíduos podem adquirir um repertório comum de habilidades, por intermédio de treinamento institucionalizado desconsiderando os aspectos individuais inerentes a cada sujeito; - O sistema educacional reproduz a lógica do capital considera que as relações sociais de poder e dominação reduzem o saber escolar a uma subversão fetichista onde o conhecimento pautado no reducionismo instrumental, passa a ser a principal força produtiva no modo de produção capitalista; - BNCC, seu objetivo é “sinalizar percursos de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes ao longo da Educação Básica, compreendida pela Educação Infantil, Ensino Fundamental, anos iniciais e finais e Ensino Médio” (BRASIL, 2015b, s/p); - Conteúdos para as áreas de Linguagem, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas em cada etapa escolar; - A BNCC “permitirá que os sistemas de ensino se ajustem às demandas de técnicos feitas pelas corporações e empreendimentos locais abastecendo as empresas”; - No contexto atual, os discursos que acompanham as políticas educacionais têm sido postos em termos de desempenho, habilidades e competências; - Reduzem-se os conteúdos curriculares,a serviço do desenvolvimento de competências. Como exemplo, o rol extenso de competências necessárias em Língua Portuguesa (são 44 habilidades a serem desenvolvidas só no 5º ano); - Todavia não qualifica as competências de Linguagens e Ciências Humanas que favorecem as áreas de conhecimento; - Educação adaptando-se às necessidades de produção de capital humano pode favorecer o desenvolvimento de atividades produtivas que consolidam as tendências internacionais de uniformização curricular com a aplicação de avaliações externas para operarem na redefinição das finalidade educacionais de escolarização. Considerações finais - Alinha-se às prescrições curriculares com base nas avaliações externas e por decorrência, em metas de desempenho (como critério para a distribuição de recursos) busca exercer uma função de controle e regulação da educação; - A expressão omite a função do Estado e, ao mesmo tempo, encaminha para o trabalho docente a direito à aprendizagem responsabilidade de garantir a educação a todo; - A tríade - avaliação externa, BNCC, IDEB - busca operar como reguladores do trabalho docente, das perspectivas curriculares e, consequentemente, das práticas pedagógicas no cotidiano escolar. Texto-base: Três gerações de avaliação da educação básica no Brasil: interfaces com o currículo de/na escola/Alicia Bonamino e Sandra Zákia Sousa Introdução - As iniciativas de avaliação associam-se à promoção da qualidade do ensino, estabelecendo, no limite, novos parâmetros de gestão dos sistemas educacionais; - Utilização de avaliações centralizadas para mensurar o desempenho escolar dos alunos, sob os mesmos parâmetros curriculares aos quais se considera que todos os estudantes deveriam ter acesso; - Há três gerações de avaliação da educação em larga escala, com consequências diferenciadas para o currículo escolar: a) A primeira geração enfatiza a avaliação com caráter diagnóstico da qualidade da educação ofertada no Brasil, sem atribuição de consequências diretas para as escolas e para o currículo. A finalidade é acompanhar a evolução da qualidade da educação. De um modo geral, essas avaliações divulgam seus resultados na Internet, para consulta pública, ou utilizam-se da mídia ou de outras formas de disseminação, sem que os resultados da avaliação sejam devolvidos para as escolas. ; b) Avaliações de segunda geração, por sua vez, contemplam, além da divulgação pública, a devolução dos resultados para as escolas, sem estabelecer consequências materiais. As consequências são simbólicas e decorrem da divulgação e da apropriação das informações sobre os resultados da escola pelos pais e pela sociedade; e c) Avaliações de terceira geração são aquelas que referenciam políticas de responsabilização forte ou high stakes, contemplando sanções ou recompensas em decorrência dos resultados de alunos e escolas, envolvem mecanismos de remuneração em função de metas estabelecidas. Primeira geração de políticas de avaliação em larga escala: o Saeb - É no final dos anos 1980 que a avaliação passa paulatinamente a integrar políticas e práticas governamentais direcionadas à educação básica; - O Saeb, principal sistema de avaliação da qualidade da educação básica, avalia, a cada dois anos, uma amostra dos alunos regularmente matriculados na 4ª e na 8ª série (6º e 9º ano) do ensino fundamental e no 3º ano do ensino médio, em escolas públicas e privadas localizadas em área urbana e rural; - Os testes de desempenho aplicados aos alunos são conjugados com questionários sobre fatores associados a esses resultados, tendo por foco a escola e seus diferentes agentes; - Em 1995, foram introduzidas inovações metodológicas em seu desenho, as quais consolidaram sua configuração atual; são elas: i) inclusão da rede particular de ensino na amostra; ii) adoção da Teoria de Resposta ao Item (TRI), que permite estimar as habilidades dos alunos independentemente do conjunto específico de itens respondidos; iii) opção de trabalhar com as séries conclusivas de cada ciclo escolar (4ª e 8ª série do ensino fundamental e inclusão da 3ª série do ensino médio); iv) priorização das áreas de conhecimento de língua portuguesa (foco em leitura) e matemática (foco em resolução de problemas); v) participação das 27 unidades federais; e vi) adoção de questionários para os alunos sobre características socioculturais e hábitos de estudo. - O Saeb apresenta baixo nível de interferência na vida das escolas e no currículo escolar. Seu desenho mostra-se adequado para diagnosticar e monitorar a evolução da qualidade da educação básica, mas não permite medir a evolução do desempenho individual de alunos ou escolas; - Não permitem apoiar a introdução de políticas de responsabilização de professores, diretores e gestores por melhorias de qualidade nas unidades escolares. Avaliação em educação e responsabilização - As avaliações que subsidiam políticas de responsabilização operam crescentemente dentro de um referencial que associa gestão democrática da educação, avaliação e responsabilização. Essa democracia apoia-se em dois princípios norteadores: a participação que acontece, em grande medida, mas não exclusivamente, por meio do processo eleitoral e do sistema partidário; e a contestação pública entre vários atores políticos, não apenas no sentido da competição política, mas, sobretudo, como controle dos governantes pelos governados; - Com os ideais supracitados temos duas formas de responsabilização: uma é o processo eleitoral e a outra o controle das instituições; - Ganhou relevância a relação entre a qualidade das ações dos governos e os controles e incentivos a que estão submetidos os governantes e a burocracia, bem como entre o fortalecimento dos mecanismos de responsabilização e o aperfeiçoamento das práticas administrativas. Há dois mecanismos principais: o controle social e o controle de resultados. Segunda geração de avaliação da educação - responsabilização e currículo: a Prova Brasil - A Prova Brasil, que permite agregar à perspectiva diagnóstica a noção de responsabilização (FERNANDES; GREMAUD, 2009); - A Prova Brasil, que ocorre a cada dois anos, foi idealizada para produzir informações a respeito do ensino oferecido por município e escola, com o objetivo de auxiliar os governantes nas decisões sobre o direcionamento de recursos técnicos e financeiros e no estabelecimento de metas e implantação de ações pedagógicas e administrativas, visando à melhoria da qualidade do ensino. Permitem a comparação, ao longo do tempo, entre as escolas que oferecem o ensino fundamental; - Foi censitária para as escolas urbanas em 2005 e 2007. Em 2007, alterou-se o número mínimo de alunos na série avaliada, que passou de trinta para vinte. Essa alteração foi realizada para possibilitar que aproximadamente quatrocentos municípios que não participaram da primeira edição pudessem ser incluídos na avaliação. Já na terceira edição, em 2009, houve a ampliação do universo avaliado, de modo a incluir também todas as escolas rurais que tivessem, no mínimo, vinte alunos nas séries avaliadas; - Ideb: a) O princípio básico de tal indicador é o de que a qualidade da educação envolve que o aluno aprenda e passe de ano; e b) Atualmente, o Ideb é o principal indicador adotado pelo Governo Federal para traçar metas educacionais a serem alcançadas por escolas e redes estaduais e municipais. - A estratégia da mídia de divulgação, por meio de rankings, embora não oficial, juntamente com a distribuição nas escolas da matriz de conteúdos e habilidades utilizada na elaboração dos testes de língua portuguesa e matemática, introduz perspectivas concretas de interferência mais direta no que as escolas fazem e em como o fazem; - A Prova Brasil e o uso de seus resultados para composição do Ideb integram uma política de responsabilização branda, uma vez que se limitam a traçar metas e a divulgar os resultados dos alunos por escola e rede de ensino, sem atrelar prêmios ou sanções a esses resultados, como é característico das políticas de responsabilização sólida. Terceira geração de avaliaçãoda educação - responsabilização e currículo: as avaliações estaduais de São Paulo e Pernambuco - Vários sistemas estaduais e municipais de ensino básico vêm desenvolvendo propostas próprias de avaliação, com frequência bianual; - Há especificidades nas avaliações educacionais e no uso de seus resultados que ilustram as características das relações entre avaliações de terceira geração, políticas de responsabilização e currículo escolar. 1) Evolução recentes na avaliação estadual de São Paulo - O Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP) foi implantado em 1996, apresentando-se com os seguintes objetivos: a) Subsidiar a Secretaria de Educação na tomada de decisão quanto à política educacional; b) Verificar o desempenho dos alunos da educação básica para fornecer informações a todas as instâncias do sistema de ensino que subsidiem a capacitação dos recursos humanos do magistério; c) a reorientação da proposta pedagógica das escolas, de modo a aprimorá-la; e d) a viabilização da articulação dos resultados da avaliação com o planejamento escolar, capacitação e o estabelecimento de metas para o projeto de cada escola. (SÃO PAULO, 1996, p. 7). - A avaliação tinha dupla orientação: servir de referência para a elaboração de políticas, por parte da Secretaria de Educação, e orientar a construção da proposta pedagógica e a elaboração do planejamento pelas escolas; - A noção de responsabilização, direcionada aos professores e demais profissionais da educação, concretizou-se no ano de 2000, com a instituição do Bônus Mérito, cuja distribuição levou em conta os resultados da avaliação em larga escala; - As metas foram divulgadas com a seguinte redação: a) Meta 8: b) Meta 9: - Essas metas ilustram a importância atribuída aos resultados das avaliações em larga escala nas gestões da Secretaria; - A avaliação deve servir tanto para uso dos gestores dos sistemas, quanto na orientação do planejamento e do trabalho pedagógico nas escolas. 2) Evoluções recentes na avaliação estadual de Pernambuco - O sistema inclui a condução anual do Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco (Saepe), a ampla divulgação de seus resultados, avaliações bimestrais de estudantes por notas e o monitoramento bimestral de indicadores educacionais de cada escola da rede estadual por meio de um sistema informatizado; - A partir de 2008, começou a ser realizado anualmente, e seus resultados passaram a compor o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de Pernambuco (Idepe); - O Sistema também coleta informações sobre as condições socioeconômicas e culturais dos estudantes, dos professores e da equipe gestora. Seus principais objetivos são: a) Produzir informações sobre o grau de domínio dos estudantes nas habilidades e competências consideradas essenciais, em cada período de escolaridade avaliado, não apenas para a continuidade dos estudos, mas para a vida em sociedade; b) monitorar o desempenho dos estudantes ao longo do tempo, como forma de avaliar continuamente o projeto pedagógico de cada escola, possibilitando a implementação de medidas corretivas quando necessário; c) contribuir diretamente para a adaptação das práticas de ensino às necessidades dos alunos, diagnosticadas por meio dos instrumentos de avaliação; d) associar os resultados da avaliação às políticas de incentivo com a intenção de reduzir as desigualdades e elevar o grau de eficácia da escola; e e) compor, em conjunto com as taxas de aprovação verificadas pelo Censo Escolar, o Idepe. - A característica central dessa política é a formulação de metas para cada escola e a concessão do Bônus de Desempenho Educacional (BDE) às escolas que cumprirem suas metas; - Para elevar o Idepe, a escola deve, necessariamente, apresentar melhorias na média da proficiência dos alunos no Saepe e na média da taxa de aprovação; - O Saepe constitui uma avaliação de terceira geração em apoio a mecanismos de responsabilização forte cuja expressão mais consistente é o referido BDE. Avaliação em larga escala e currículo escolar: o que dizem as pesquisas? - Avaliações de segunda e terceira geração, associadas à introdução de políticas de responsabilização baseadas em consequências simbólicas e materiais, têm o propósito de criar incentivos para que o professor se esforce no aprendizado dos alunos; - Evidências nacionais e internacionais mostram que principalmente o uso de resultados das avaliações de terceira geração para informar iniciativas de responsabilização forte pode envolver riscos para o currículo escolar. Um deles é ensinar apenas para o teste (ocorre quando os professores concentram seus esforços preferencialmente nos tópicos que são avaliados e desconsideram aspectos importantes do currículo, inclusive de caráter não cognitivo); - A pesquisa indicou que, apesar de os gestores da Secretaria de Educação defenderem a importância do Saeb, eles têm pouco conhecimento e praticamente não utilizam os dados gerados pela avaliação nos processos de gestão, principalmente devido a limitações para compreender os resultados produzidos; - As equipes da Secretaria de Educação percebem a Prova Brasil como uma iniciativa que possibilita unificar o processo de ensino- -aprendizagem, no sentido de dar a conhecer o que está sendo ensinado e aprendido em todas as escolas do país - Os estudos feitos há mais tempo tendem a indicar poucos efeitos do SARESP no cotidiano escolar, embora destaquem reações de desconfiança e de resistência ao Sistema por parte dos profissionais da educação; - Alguns usos dos resultados do SARESP, tais como: i) utilização na composição das notas bimestrais dos alunos; ii) reprodução de questões na prova unificada criada pela escola, com a intenção de treinar os alunos para a avaliação; iii) utilização, pelos professores de português, das orientações do SARESP relativas à correção de redações, para orientar os alunos nas redações escolares, o que pode representar aprimoramento de práticas vigentes; e iv) incentivo à participação dos alunos no dia da aplicação das provas do SARESP, por meio de atribuição de nota a ser considerada na média bimestral. - A avaliação da aprendizagem realizada na escola toma a avaliação em larga escala como referência. Conclusões - Avaliações de segunda e terceira geração – isto é, que se articulam, respectivamente, a políticas de responsabilização fraca e forte – como aquelas com consequências mais expressivas para o currículo escolar; - O novo desenho introduzido pela segunda geração produz resultados que servem como indicadores capazes de fornecer informações a respeito dos componentes do currículo que estão chegando aos alunos e daqueles que não estão; - As pesquisas também mostram que a primeira geração de avaliação em larga escala, ou seja, a avaliação sem consequências, minimiza esses problemas, porque os diretores e professores vêem-se menos ameaçados pela avaliação e podem assumi-la, ou não, com maior liberdade; e - O presente estudo indicou o potencial das avaliações de segunda e terceira geração para propiciar uma discussão mais informada sobre o currículo escolar, em termos das habilidades fundamentais de leitura e matemática. Vídeo-base: Prof. Luiz Freitas da Unicamp fala sobre lendas da avaliação - Lenda n. 1: Nota alta em exames escandalizados não é sinônimo de boa educação; - Estes testes conseguem retirar do debate o que é uma boa educação, pois são aplicados um simples teste padrão com questões selecionadas por alguém que diz que é bom; - Nós como educadores devemos rasgar nossos diplomas se aceitarmos que uma nota aumentada em um destes, pois os mesmo não significam absolutamente nada; - Precisamos primeiramente discutir o que é uma boa educação para então criarmos melhores ferramentas de avaliação e verificar se é possível transformá-la em um teste; - Vídeo-base: Notícias Univesp - Como educadores usam resultados de avaliações - Os municípios que estão nos primeiros lugares dos rankings se especializaram nas avaliações sistêmicas, incluindo em sua Secretaria Municipal um setor próprio paralidar com este assunto; - O coordenadores utilizam as diretrizes dessas provas orientar os professores para realizarem as atividades e identificarem como anda o desempenho dos alunos e tomar as devidas providências com os alunos que têm certas dificuldades; - Os profissionais da escola aplicam a avaliação, manda para o setor específico na Secretaria que manda de volta para eles corrigirem a correção, da correção; - Os municípios têm justificado para a criação de suas avaliações próprias a sua autonomia como ente federado; - A avaliação ajuda a pensar o trabalho na escola, ajuda a repensar a prática docente; - A avaliação estimula a competitividade entre os docente para que eles, segundo a entrevista, possam melhorar cada vez mais o seu trabalho; - São atrelados a essas avaliações uma bonificação, a tal da meritocracia; - Vê-se hoje uma proliferação das avaliações em municípios; - As avaliações elas trataram as questões mais gerais e que deveriam ser trabalhado em todas as disciplinas. Vídeoaula: As políticas e indicadores de larga escala - impactos e desafios para a gestão - Parte I Objetivo desta aula Política baseada em resultados - Duas principais avaliações: PISA (internacional) e Novo SAEB (nacional). Política baseada em resultados: Novo SAEB - Essas avaliações contemplam inclusive a Educação Infantil e isso se dá em um enário de grande debate; - Temos as avaliações de cunho amostral (uma pequena parte dos estudantes participam) e a censitária (aonde todos do público-alvo participam); - Prova Brasil é censitária e aborda as duas disciplinas: Língua Portuguesa e Matemática. O que é política baseada em resultados? - IDEB é um índice, ele é calculado em cima não somente das avaliações aplicada, mas também leva em consideração em seu cálculo as taxas de aprovação, reprovação e abandono e o censo escolar. Responsabilização e prestação de contas na avaliação (Accountability) - O Estado precisa pensar em avaliações para medir como está o sistema e as políticas públicas que precisam ser implementadas, mas o problema está na forma como os resultados são utilizados pelo governo. Aonde o governo tem adotado a política de responsabilização (accountability), aqui ocorre a premiação ou a culpabilização das escolas/professores que alcançaram ou não o resultado nas avaliações e aqui o Estado acaba se desresponsabilizando-se pelas políticas; - Esse tipo de política pode estimular uma concorrência entre unidades escolares e os seus profissionais, isso traz um problema muito grande de competitividade entre os pares; - Falta formação e informação tanto aos professores quanto aos gestores, muitas vezes simplesmente as avaliações chegam e os docentes e gestores não sabiam. Responsabilização e prestação de contas na avaliação (Responsabilização) - Essa responsabilização podem oferecer tanto recompensas como sanções, por exemplo, bônus. Desafios para os gestores quanto à responsabilização na avaliação - Está chegando com essa política uma outra paralela que é a performance, gerando competitividade, meritocracia e os alunos são tratados como números apenas; - Quando a essas políticas de bonificação são adotadas há estreitamento do curriculo velado e os professores começam a trabalhar apenas com o conteúdo do currículo e trabalharam aqueles conteúdos que mais cairão na avaliação, por exemplo, se os conteúdos mais cobrados são os de Matemática e Língua Portuguesa esses serão contemplados dentro do PPP da escola e em dinâmicas, por exemplo, gincanas; - Ocorre em alguns lugares a seleção apenas dos melhores alunos para realizarem as provas, culminado-se assim em práticas desonestas. Fatores escolares que interferem no desempenho do aluno - 70% do desempenho do aluno é determinado por fatores externos à escola os 30% restantes são explicados por outros fatores, entre eles os atributos escolares; - Com isso, se as avaliações forem enfrentadas da maneira posta atualmente a escola não trabalhará os 70% que os alunos trazem, ficando limitadas aos 30%. Avaliação externa garante ou verifica o que é uma boa educação? Contribuições do Luís Carlos Freitas (2013) - Ele não é contra a avaliação externa, mas sim como ela é aplicada. Política de eficiência dos sistemas não garante melhorias - Mesmo que haja todo investimento em avaliações não teremos melhoria nos resultados, pois não basta apenas preparar os alunos para além do aparente e das avaliações. Vídeoaula: As políticas e indicadores de larga escala - impactos e desafios para a gestão - Parte I Objetivo desta aula (In)formações geradas a partir das avaliações externas Informações geradas pelas avaliações externas - Muitos professores demonstram resistência às avaliações externas e muitas vezes ela ocorre pelo desconhecimento dos docentes acerca dessas avaliações. Gestão e impacto da política de avaliação - Essa política propicia ações por parte dos professores diante dos dados, porém isso ocorre por meio do diretor; - Quando o diretor protege o grupo de professores temos uma acomodação por parte deles, porém outros gestores realmente encaram a avaliação como uma responsabilização de todos pela aprendizagem dos alunos e não única e exclusivamente a gestão. Gestores que contavam com alguma premiação - Esses gestores trabalhavam em prol dos alunos com dificuldades de aprendizagem; - Buscavam reduzir a reprovação e a evasão; - Se interessavam mais pelos dados das avaliações. Alguns fatores que interferem na adesão à política de avaliação e responsabilização a) Escolas instáveis ou violentas - Há escolas que se localizam em regiões mais violentas que levam os docentes a não se comprometerem com os resultados e há uma rotatividade desses profissionais, o que não dá experiência para o grupo. b) Escolas estáveis e não-violentas - Revelam ter uma maior e melhor adesão às políticas de avaliação; - Essa escola não estão em lugares muito vulneráveis; - Os docentes são mais comprometidos com a escola, muitas vezes os docentes foram alunos daquela própria escola. Escala de proficiência de Língua Portuguesa 5° ano do Ensino Fundamental - Existe essa proficiência tanto para Língua Portuguesa quanto para Matemático; - Proficiência é o que o aluno deve ter alcançado para o seu nível de idade e série; - Saber essas proficiências ajudará ao professor preparar melhor suas aulas e impactar da melhor maneira aquele aluno; - Exemplo de um item de proficiência em Língua Portuguesa: Concluindo… - Indicadores não são a própria qualidade, mas eles fornecem pistas para descobrirmos o que precisa ser melhorado. Semana 6 (28/08): Recursos financeiros na escola Vídeo-base: Financiamento da Educação - O trabalho pedagógico tanto do gestor quando do docente envolve necessariamente o debate sobre os recursos da educação; - A educação é um direito de todos e para que este direito se efetive é preciso investimento; - Sem recursos como desenvolver as politicas pública educacionais; - O dinheiro arrecadado através dos impostos e eles são as principais fontes de financiamento da educação; - Uma parte dos impostos vai ao MDE (Manutenção e o Desenvolvimento do Ensino), como preconiza a Constituição Federal; - Os entes reservam parte de seus recursos para a educação, essas cotas são previstas em lei e são elas que garantem que a educação receba efetivamente investimentos independentemente do governo e partido de plantão; - Considerando que muitos municípios e estados arrecadam muito e outros muito pouco existe o papel da União que cabe ponderar e redistribuir esses recursos, por exemplo, com o Fundo de Manutenção da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - Fundeb; - Para financiar a educação além dos impostos temos o salário-educação, que é uma contribuição social vinda por parte das empresas e distribuídas entre os entes federativos; - O PNE de 2014 - 2024 estabelece 20 metas a serem cumpridas e a meta vinte se refere aos investimentos na educação e que este deve ser ampliado. Vídeo-base: Arrecadação e investimento dos recursos da educação -Como funciona o Fundeb? - Os recursos para a educação vem de diferentes fontes, sendo a principal delas o Fundeb; - O Fundeb é um fundo formado por impostos de estados e municípios, 20% do que é arrecadado de diferentes impostos não entram no caixa da prefeitura ou do estado e sim vai a um fundo contábil estadual, funciona como uma conta bancária. Depois estes recursos são redistribuídos entre as prefeituras e estados; - O valor que cada ente irá receber depende da quantidade de alunos matriculados nas diversas etapas da educação básica, que é determinado pelo censo do ano anterior, então: a) Este número de alunos é multiplicado por um fator de ponderação para se chegar ao va lor que será enviado; b) Este valor de ponderação representa quanto vale cada matrícula, sendo que há 19 fatores de ponderação e matrículas no ensino fundamental urbano nas séries iniciais a base de cálculo; c) Outro fator é que a educação no camo vale mais que a educação nas cidades, por conta de seus múltiplos desafios, então receberá mais recursos; d) A partir dos dados colhidos nos sensos escolares é criado um conselho composto por: Secretário da Educação, 5 representantes do CONSED e 5 representantes da UNDIME definem um valor para cada tipo de matrícula. - Existem regras para o uso dos recursos do Fundeb, por exemplo: a) O gestor deve destinar 60% para o pagamento de profissionais do magistério em efetivo exercício; b) Os 40% restantes vão para a manutenção e desenvolvimento da educação que incluem: capacitação dos profissionais da educação, construir ampliar e reformar a escola, investir em material didático e transporte escolar; c) O artigo 71 determina aonde os recursos não podem ser utilizados: ações de assistência social, odontológica, médica, farmacêutica e de alimentação não podem ser consideradas despesas de ação educativa. - O Fundeb conta com um conselho de acompanhamento e controle social para fiscalizar se seus recursos estão sendo devidamente empregados. Este conselho é formado pelo gestor local, professores, pais, alunos e servidores. Este conselho é o olho do cidadão. Se o município não tiver conselho, não recebe o dinheiro do fundo. Texto-base: Concepções e processos democráticos de gestão educacional 2.3 Descentralização de recursos financeiros - O Ministério de Educação orientou a organização de estruturas de gestão colegiada, pelos estabelecimentos de ensino, de modo que pudessem sistematizar e ordenar a formação de mecanismos de gestão financeira, denominando-os genericamente como Unidade Executora; - A responsabilidade precípua dessa Unidade seria a de receber, executar e gerir recursos financeiros da unidade escolar; - Mediante a existência dessa unidade, a escola estaria apta a receber, diretamente do MEC (Dinheiro Direto na Escola) ou de outras fontes, recursos financeiros para suas necessidades cotidianas; - Verificou-se que essas passaram a desconsiderar outras dimensões mais fundamentais da gestão escolar, em vista do que este espaço aberto para a construção da autonomia da gestão escolar não foi devidamente ocupado, com sérios prejuízos para a qualidade do ensino; - Órgãos colegiados existem na escola como mecanismo de democratização pela gestão colegiada de todas as dimensões do processo pedagógico; - O princípio básico é a busca da promoção da autonomia da escola e participação da comunidade, em todas as suas dimensões: pedagógica, administrativa e financeira; - Os recursos financeiros de que a escola dispõe para sua manutenção e custeio são os: a) repassados para a escola oriundos do governo federal (Dinheiro Direto na Escola PDDE); b) conforme a mantenedora, os oriundos do governo estadual ou do municipal; e c) os recursos arrecadados pela própria escola (recursos próprios), mediante ação de sua Unidade Executora, como resultado de contribuição comunitária, convênios ou outras formas de arrecadação. - Estabelecidas as possibilidades e limitações das ações de gestores educacionais na gestão de seus recursos financeiros. O quadro Gestão financeira nas escolas estaduais da Bahia: - Escolas criaram unidades colegiadas, elegeram seus diretores, receberam dinheiro para cobrir seus gastos cotidianos e nem por isso converteram-se em autônomas, no sentido de se tornarem mais competentes na gestão de seu cotidiano voltado para o desenvolvimento institucional, para o desenvolvimento de seu projeto pedagógico e, em última instância, para a formação e aprendizagem de seus alunos; - de um lado, manifesta-se na escola o desejo de ser autônoma e, de outro, o receio de assumir responsabilidades; a necessidade de assumir seus próprios destinos e responsabilidade sobre seus atos, paralelamente ao medo de que o governo a deixe sozinha para fazê-lo; - a prática da autonomia demanda, por parte dos gestores da escola e de sua comunidade, um amadurecimento caracterizado pela confiança recíproca, pela abertura, pela transparência e pela transcendência de vontades e interesses setorizados ou pessoais, em nome de um valor maior que é a educação de qualidade para os alunos. Destac; - a construção da autonomia da gestão escolar é um processo em desenvolvimento nas escolas brasileiras e que a qualidade do ensino está em íntima relação com esse processo; - Texto-base: As dimensões do planejamento educacional: o que educadores precisam saber Capítulo 6 - Planejamento educacional e financiamento da educação nas escolas públicas e privadas - as condições materiais se destacam entre as dimensões como sumamente importantes, especialmente quanto à composição de planos (particularmente planos estruturais e planos de desenvolvimento institucional) e à execução deles. Um início de conversa: definindo o financiamento educacional, escolas públicas e privadas - Às escolas públicas, o artigo 19, inciso I, indica que são definidas como: as criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público; - As escolas privadas são entendidas como: as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado (LDB, artigo 19, inciso II); - Artigo 20, indica ainda que elas são classificadas em: I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo; II – comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comu- nidade (Redação dada pela Lei no 12.020, de 2009); III – confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem à orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior; e IV – filantrópicas, na forma da lei (BRASIL, 1996). - As formas matriciais das escolas privadas admitem diferentes modalidades, as quais incluem modelos organizacionais diversos; - Cada modelo admite diversas formas de financiamento. Já as escolas públicas se dividem nas circunscrições administrativas dos entes federados que as mantêm, a saber: esco las municipais, estaduais e federais; - Financiamento educacional corresponde à provisão dos recursos financeiros destinados ao desenvolvimento dos processos de planejamento, organização e gerenciamento de instituições educacio nais, sistemas e redes de ensino, por meio do fluxo financeiro, concernentes de modo adstrito às especificidades relativas às atividades fim (educacionais) e ativida des meio (administrativas) dessas instituições, redes e sistemas; - O artigo 77 da LDB define como se dá o financia mento da educação quanto aos recursos públicos: - A LDB é clara ao indicar que há uma destinação de recursos públicos para as escolas públicas, além de apresentar o modo como esses recursos podem vir a compor a matriz orçamentária das escolas privadas, inclusive para complementar (em caráter emergencial) a oferta de vagas nas es colas. O planejamentoeducacional e o financiamento das escolas privadas - Planejamento educacional no que compete aos aspectos financeiros precisa ob servar alguns princípios e procedimentos que assumem a forma de imperativos ou condições sine qua non para a realização do planejamento educacional. a) A programação financeira das escolas e sua relação com os projetos educacionais - Necessidade de manter o equilíbrio finan ceiro entre receita e despesa no âmbito das escolas, o que é feito mediante o acompanhamento do orçamento anual e dos gastos periódicos (mensais, sema nais e até diários); - Todo orçamento diz respeito a uma programação financeira, e essas programações nada mais são do que projetos nos quais se planejam as despesas em função dos valores disponíveis na instituição; - Deverá contar prioritariamente (quando não exclusiva mente) com recursos financeiros oriundos de mensalidades e outras taxas e emo lumentos (taxas de matrícula, expedição de documentos etc.); - Uma forma de organizar a programação das despesas no orçamento anual neces sariamente deve prever despesas referentes às atividades fim (e que precisam se relacionar com a proposta pedagógica da escola), despesas administrativas (cuja origem está tanto no organograma quanto no staff da escola) e despesas de infra estrutura (cuja origem vem tanto do cálculo das despesas de manutenção quanto inventário escolar que deve registrar os bens da escola). b) A documentação do fluxo financeiro nas escolas privadas: balancetes e balanços como elementos de um plano - A programação orçamentária associa -se à noção de projeto. O aspecto documental desses projetos encontra se registrado nas pro gramações orçamentárias e, como todo projeto, contém periodicidade variável segundo as despesas surgidas no ano escolar; - Enquanto o orçamento e sua programação possuem estrutura assemelhada à de um projeto, o registro contábil nada mais é do que a face documental de um plano, pois registra a materialidade das receitas auferidas e das despesas executadas no mês (balan cete) e no ano (balanço); - A execução do orçamento nada mais é do que a própria execução de um plano, trazido para a dimensão financeira e aplicado à realidade escolar. c) O planejamento educacional e o financiamento das escolas públicas - Administração pública, a qual corresponde à estrutura integrante do Estado, constituída com a finalidade de administrar os bens públicos e de promover os objetivos vinculados aos direitos dos cidadãos, a qual, por sua vez, abrange órgãos públicos e servidores da administração direta e indireta; - Princí pios, matriz ordenadora de todo o serviço público: a supremacia do interesse público e o planejamento como princípio ordenador da administração pública (que inclui as escolas; - O princípio da “unidade na diversidade”, que se coloca como pano de fundo do ordenamento da política educacional brasileira. d) O princípio da supremacia do interesse público, a indisponibilidade do interesse público e a administração financeira das escolas públicas - Primeiro dos princípios, a supremacia do interesse público, cabe ressaltar que se encontra presente no artigo 37 da CF/88; - Existe um princípio fundamental para toda a administração pública, que é o princípio da indisponibilidade do interesse público, ou seja, os órgãos públicos e os servidores integrantes da administração pública, em caso de conflito de in teresses (principalmente na esfera pessoal), devem necessariamente decidir pelo que for mais vantajoso para a coletividade (no caso das escolas, isso implica de cidir de acordo com a gestão democrática e, portanto, de modo colegiado); - Não cabe ao gestor (e, sem dúvida, ao planejador) da escola pública agir como se esta fosse um bem privado, mas sim um bem que é administrado em função da coletividade; - O gestor (tanto o secretário de Educação como o diretor escolar) não pode dispor das finanças que chegam a essa escola de acordo com suas conveniências pessoais; - Existem recursos que são repassados à escola para que sejam livremente ordenados os gastos a partir deles, tais como os recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE); - No caso do Fundeb, 60% dos recursos suplementam a remuneração dos profissionais da educação e 40% são destinados a despesas de manutenção e desenvolvimento da educação; - Além dos recursos do próprio ente federado, as escolas possuem o aporte de recursos do governo federal e os recursos de livre ordenação advindos do PDDE. e) O planejamento como princípio da administração pública e o planejamento educacional aplicado ao financiamento de escola públicas - O planejamento e a gestão democrática são princípios constitucionais que regem todas as escolas públicas; - Assim, as instituições educativas públicas estão submetidas aos dois princípios de modo inescapável: a) Princípio do planejamento, isto surge na dimensão financeira das escolas públicas sob a forma da necessidade de registro dos investimentos e das despesas de livre ordenação,8 bem como na necessidade da prestação de con tas anual b) Princípio da gestão democrática, as decisões coletivas sobre os rumos dos recursos financeiros que chegam até as escolas (lem brando que se trata daqueles que estão sob a égide do poder discricionário do diretor) representam a junção do princípio do planejamento com o princípio da gestão democrática, na medida em que envolvem a comunidade escolar nas decisões colegiadas de uma instituição que existe para atender a suas demandas educacionais; - O planejamento educacional necessariamente deve levar em consideração estes três imperativos: discricionariedade na inversão de inves timentos oriundos de despesas de livre ordenação (como os recursos do PDDE), obrigatoriedade na prestação de contas e envolvimento da comunidade na cons trução do orçamento (orçamento participativo). Concluindo: planejamento educacional das finanças escolares ou financiando o planejamento educacional das escolas? - A di mensão financeira não pode ser menosprezada no âmbito do planejamento, sob pena de tornar inviáveis os projetos pedagógicos e mesmo a sustentabilidade das escolas; - Considerar a dimensão financeira do planejamento educacional não significa orientar prioritariamente os processos pedagógicos para imperativos de caráter fi nanceiro (como a relação custo benefício), mas sim colocar os imperativos finan ceiros (seja em escolas públicas, seja em escolas privadas) a serviço da atividade fim do planejamento educacional, que é o ensino aprendizagem; - A diferença entre financeirização (prática que consiste em subordinar objetivos educacionais e administrativos em imperativos econômico financeiros) e financiamento (que nada mais é do que o aporte de recursos financeiros com vista ao alcance das finalidades e dos objetivos educacionais das escolas). Vídeoaula 11: Recursos financeiros da escola Objetivo da aula A dimensão financeira no planejamento - Essas dimensões garantem que a escola tenha um equilíbrio e uma sustentabilidade financeira; - Esse equilíbrio financeiro precisa ser pensado com os objetivos principais da escola e com isso temos a garantia de um ensino de qualidade. Recursos precisam ser suficientes para garantir qualidade, segundo Moreira e Vieira - Se tivermos apenas o mínimo de garantia de manutenção na escola, aqui e acolá, não teremos garantido a qualidade do ensino na educação básica verdadeiramente; - Esses recursos precisam ser suficientes para ir além da manutenção mínima das escolas. Regulação versus Desorientação, segundo Luck - Temos uma descentralização dos recursos financeiros, mas nós não temos autonomia para usar estes recursos. Ou seja, há tantas leis dizendo para onde estes recursos devem ir que acaba tolhendo a autonomia do conselho e da escola. Descentralização de recursos e PDDE - A unidade executora que garante que a escola poderá receber os recursos provenientes do Fundeb, sem esta unidade executora a escola fica impedida de receber estes recursos. Quem é essa unidade executora? Formação para gestores e equipe administrativaplanejarem - A equipe administrativa da escola e os gestores precisam receber formação para conseguirem, com autonomia, gerir os seus recursos; - A Secretaria da Educação precisa investir na formação destes gestores e administradores e não apenas cobrarem as contas desta unidade escolar. A utilização dos recursos inclui: Planejamento e financiamento das escolas privadas - As escolas particulares precisam também de um equilíbrio na sua receita; - Ela precisa ser sustentável e os seus gastos precisam estar no planejamento anual; - Também é necessário que a escola privada faça um fundo de reserva para imprevistos. No setor público as decisões precisam ser tomadas levando encanta o público e não as questões privadas de cada gestor e as questões financeiras precisam estar em pé de igualdade com as questões pedagógicas, pois uma depende da outra Semana 7 (04/09): Práticas de gestores Texto-base: Da administração escolar: uma revalorização do papel do diretor da escola pública/Hélio Janny Teixeira 5.1 Metodologia utilizada - Realizou-se, em 30 escolas da Rede Municipal de Ensino, uma observação estruturada a partir da qual se acompanhou o desenrolar de um dia de trabalho do diretor de cada uma das escolas selecionadas; - Optou-se por fazer o levantamento junto ao maior número de escolas possível, permanecendo por um dia em cada escola. - As visitas foram realizadas durante todo o mês de junho de 1996, sendo marcadas com poucos dias de antecedência, tentando-se evitar imprevistos de convocações ou reuniões que determinam ausência do diretor na unidade escolar; - Foi elaborado um texto descritivo contendo informações sobre a estrutura do prédio, a composição da equipe (quanto à estabilidade, à assiduidade, ao relacionamento e à falta de funcionários), a comunidade e as peculiaridades notadas; - O trabalho de campo consistiu, então, em sessões de observação estruturada, de acordo com um roteiro definido, distribuídas entre Escolas Municipais de Ensino Infantil – EMEIs e Escolas Municipais de Ensino Fundamental – EMEFs; - Os dados correspondentes foram agrupados em tabelas diferenciadas por Escolas Municipais de Ensino Infantil (EMEI) e Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF). 5.2 O que se observou acompanhando um dia do diretor de escola? 5.2.1 Sobre a duração das atividades - O dia do diretor de escola é composto por um grande número de atividades, que caracteriza um quadro de brevidade e fragmentação, com uma média de atividade observada de 4,3 minutos em escolas municipais de ensino infantil e 4,6 minutos em escolas municipais de ensino fundamental. - Essas características são decorrência de diversos fatores, alguns intrínsecos a cargos de direção, fatores decorrentes de problemas conjunturais enfrentados pela rede municipal, como módulo incompleto de funcionários; - O diretor é o responsável pela coordenação direta ou indireta do trabalho de várias pessoas, pelo atendimento à clientela da escola e de profissionais do ambiente externo que a ela prestam serviços (marceneiros, eletricistas, etc.); - Uma das consequências mais claras desse quadro de brevidade e fragmentação das atividades, característico dia de trabalho do diretor de escola, é a pouca concentração disponível para funções indispensáveis, como preenchimento e análise de documentos. - Essa situação é reforçada em escolas nas quais o Diretor divide seu ambiente de trabalho com diversas pessoas, ou, ainda, quando sua sala está localizada em local de acesso direto a pessoas do ambiente externo. 5.2.2 Sobre a distribuição das atividades diárias - As atividades do diretor podem classificadas segundo quatro grupos de ação distintos: a) falar (em reuniões, dando informações ou determinações administrativas etc.); b) telefonar; c) preencher/ler papéis; e d) ronda; - A rotina do diretor de escola é marcada pela predominância do contato verbal, o que denota um considerável espaço de informalidade. Aspectos positivos desse tipo de contato estão relacionados ao possível fortalecimento das relações interpessoais; - Necessidade de uma comunicação verbal transformar-se em documento escrito, em alguns casos, ao qual seja dada ciência, para, assim, a atividade ser executada; - Cerca de um quarto do tempo de trabalho do Diretor é gasto diretamente na análise e preenchimento de documentos; 5.2.3 Sobre o local de contato do diretor com outras pessoas - Nota-se que o diretor permanece grande parte do seu tempo de trabalho em dependências outras da escola que não sua própria sala; - A ronda é uma atividade que propicia, principalmente, a aproximação entre o diretor e os alunos; - É comum, o acompanhamento da troca de turnos ser efetuado diretamente pelo diretor, como demonstração de cuidado para com os alunos; - Outra função importante desse procedimento de acompanhar entrada e saídados alunos é a proximidade com familiares das crianças; - Necessidade de envolvimento e participação nas atividades que estão sendo desenvolvidas por outros membros da equipe. Alguns diretores comentaram sobre a sensação de isolamento que sentem quando da excessiva permanência em sua própria sala; 2.4 Sobre a distribuição dos contatos do diretor Os diretores de Escola Municipal de Ensino Fundamental permaneceram, no total, 19,8% de seu tempo sozinhos, enquanto os de Escola Municipal de Ensino Infantil passaram 25,7% de seu tempo sem contato com outras pessoas; - Dentre os integrantes da Unidade Escolar, foi com professores que ocorreu o maior percentual médio de contatos; - O segundo maior índice de contato interno do diretor na escola ocorre com o assistente de direção. Os assuntos tratados são relacionados ao trabalho burocrático; - O tempo de contato do diretor da escola com o coordenador pedagógico é relativamente baixo, tanto em Escolas Municipais de Ensino Infantil quanto de Ensino Fundamental, sendo, respectivamente, de 6% e 5% do tempo total; - Quanto ao contato com o público atendido pela escola, o maior diferencial entre EMEIs e EMEFs situa-se no contato com alunos. Em EMEFs, o diretor ficou com alunos 10,8% de seu tempo total de contatos e 21,1% do tempo de contato com pessoas do ambiente externo; - normalmente, os alunos de EMEF dirigem-se mais — ou são mais encaminhados — ao diretor do que os de EMEI. Muitas vezes, o diretor é solicitado quando da ocorrência de indisciplina entre os alunos, tendo, até mesmo, de fazer “sermões” ou determinar “punições”, se não houver outra alternativa; - Os contatos mais recorrentes nesse item foram com pessoas que estavam prestando serviços à escola, como marceneiros, eletricistas e pintores. São comuns esses contatos porque várias são as escolas que estão recebendo computadores, o que exige uma série de adaptações; - A escola é um ambiente que constantemente necessita de pequenos reparos, pois sempre há vidros quebrados, paredes pichadas, portas com problemas etc; - Uma qualidade essencial do diretor é a informação sobre essa parte técnica que foge completamente à sua formação. Para não ser ludibriado por esses profissionais e para poder negociar adequadamente no momento da realização de um orçamento; - A escola talvez careça de uma melhor qualificação da zeladoria, ou de um novo cargo cuja atribuição seja cuidar das obras, da substituição de materiais e de pequenas ocorrências; - Também frequentes foram os contatos com pessoas à procura de vagas na escola. 5.2.5 Sobre a iniciativa do contato - O diretor é majoritariamente o iniciador dos contatos. Essa é uma forte característica dos cargos de liderança. 5.3 Algumas conclusões sobre o dia do Diretor de Escola A observação estruturada, realizada no acompanhamento de um dia de trabalho de 30 diretores de escola, nos levou às seguintes conclusões: a) Os diretores desempenham um elevado número de atividades, mudando o foco de atenção, em média, a cada 4 minutos; b) Seu tempo está distribuído em mais de 60% com diálogos, em 5% com telefonemas, entre 25% e 29% com papéis, e de 5% a 8% em rondas, ou seja, predomina a comunicação verbal. Seus contatos, em caso de EscolasMunicipais de Ensino Fundamental, estiveram distribuídos de forma equilibrada entre sua sala e outros locais, diferentemente do que ocorreu com os diretores de Escolas Municipais de Ensino Infantil, que tiveram mais de 60% de seus contatos em sua própria sala; c) O iniciador das atividades é na maior parte das vezes o próprio diretor, o que indica que ele tem controle do conteúdo do próprio cargo ou, pelo menos, da maneira de distribuir suas ações ao longo do dia; d) Durante a observação, o diretor ficou sozinho em sua sala por, no mínimo, 32% do tempo. Não se constatou que o tamanho ou o tipo da escola favorece a diferenciação no padrão de comportamento existente: brevidade, variabilidade e fragmentação das atividades; e e) O fato de a equipe ser completa ou não e o tempo de experiência no cargo de diretor de escola também não se mostraram significativos com relação a uma possível alteração desse perfil de atividades. 5.4 Análise sobre o uso do tempo pelo diretor Algumas observações em torno de três aspectos importantes no que diz respeito ao uso do tempo pelo Diretor serão feitas a seguir: 5.4.1 O diretor controla seu tempo? - Não há condições para responder com segurança a essa pergunta, mas os dados da observação mostram que mais de 50% dos contatos diários, tanto de Escolas Municipais de Ensino Infantil quanto de Escolas Municipais de Ensino Fundamental, foram de iniciativa do próprio Diretor, e envolvem uma boa parcela do seu tempo; - O fato de iniciar a atividade não é suficiente para mostrar o grau de controle que o diretor tem das situações, pois ele pode iniciar algo a contragosto ou apenas reagir diante das mudanças contextuais, originadas por terceiros; - Em algumas escolas, a sala do diretor estava totalmente desvinculada da sua secretaria, e qualquer pessoa que entrasse na escola tinha como contato inicial o diretor. Assuntos de variados tipos, portanto, eram tratados pelo diretor — desde matrículas até reuniões informais de alunos e professores. O próprio desenho da escola impede qualquer remanejamento de salas; - A existência de assuntos sem uma prévia filtragem acaba sobrecarregando o diretor, impedindo diferentes ações em outros setores, obstruindo sua possibilidade de “livre-arbítrio” nos contatos, e colaborando sensivelmente para a elevada fragmentação do cargo 5.4.2 O diretor e o aspecto pedagógico - O tempo de contato entre diretor de escola e coordenador pedagógico, regra geral, é pequeno em relação a outros contatos: fica entre 5% e 6% do total geral de tempo despendi-do em contatos, tanto em Escolas Municipais de Ensino Infantil quanto em Escolas Municipais de Ensino Fundamental. Mais uma vez, pode-se considerar a presença do observador como inibidora de um maior contato; porém, mesmo assim, os números indicam um possível distanciamento entre diretor e coordenador pedagógico; - A pesquisa revelou um aparente hiato entre as preocupações do diretor e as do coordenador pedagógico, o que denota uma fragmentação entre as preocupações de cada um; - Alguns diretores compreendem que sua função estaria somente na supervisão do trabalho do coordenador, considerando interferência qualquer dedicação mais profunda na área pedagógica. 5.4.3 O cargo de diretor de Escola Municipal de Ensino Infantil é diferente do de diretor de Escola Municipal de Ensino Fundamental? - A experiência obtida com a observação estruturada indica, inegavelmente, algumas diferenças. - O espectro de problemas com que o diretor de uma Escola Municipal de Ensino Infantil tem de atuar é mais amplo do que o observado em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental; - O teor do trabalho é diferenciado, uma vez que as necessidades dos alunos e a faixa etária destes são específicas e determinam as características de cada tipo; - É na Escola Municipal de Ensino Infantil que normalmente se dá o primeiro núcleo de socialização externo à família. Mais do que isso, é o primeiro contato com a educação formal que permeará sua vida por longo tempo; - Outro agravante na Escola Municipal de Ensino Fundamental é a violência promovida por seus próprios alunos. Sendo reflexo do ambiente familiar desestruturado e/ou do meio social externo, é na escola que, muitas vezes, se expressa essa violência crescente, que pode se manifestar entre os alunos, destes em relação à equipe escolar ou a partir de pessoas do ambiente extern Texto-base: O gestor escolar e a inclusão de alunos público-alvo da educação especial municipal Introdução - A riqueza pedagógica está no se fazer humano na ação; - O papel do gestor escolar, ele quem irá conduzir a estrutura organizacional da escola. E uma escola só será inclusiva se o gestor estiver comprometido e disposto a envolver toda a comunidade escolar no fazer inclusivo; - A educação inclusiva implica prover e prever uma escola que possibilite a todos condições de aprendizagem adequadas e de qualidade, respeitando as individualidades e as limitações inerentes a cada sujeito; - Ao gestor compete estar atualizado e ter conhecimento sobre legislação e direitos dos alunos público-alvo da Educação Especial. 1. Ideias balizadoras da educação inclusiva - Exige a instalação de uma nova lógica educacional, com a incorporação de projetos pedagógicos contextualizados, valorizando a diversidade humana; - Rompimento de concepções individualistas, compreendendo as dificuldades específicas dos alunos; - É essencial haver uma adaptação mútua dos alunos e dos espaços, para que os processos inclusivos sejam construídos permitindo que todos possam estar na escola; - O processo inclusivo impõe mudanças significativas no modo de pensar e projetar o papel da escola, e no desenvolvimento de ações pedagógicas eficazes que contemplem o aprendizado de todos os alunos; - Exige que a gestão esteja voltada às demandas educacionais e que o professor tenha competência pedagógica para oferecer atendimento a todos os alunos com suas diferenças; - Por si só, as leis não estabelecem espaços inclusivos. As leis os possibilitam, mas os profissionais da educação, ao respeitarem as diferenças, colocando a diversidade como fator preponderante na apropriação de conhecimentos humanizados, é que são os protagonistas dessa construção juntamente com os alunos; - A Educação Inclusiva não está fundamentada apenas na garantia de acesso e permanência de alunos público-alvo da Educação Especial no ensino regular; - Faz-se necessária, a promoção de diálogos reflexivos entre os múltiplos atores que compõem o cenário escolar; - A importância do convívio de respeito à diversidade, evidenciando a necessidade constante de aprimoramento nas metodologias e intervenções para que adaptações pedagógicas competentes se façam presentes no cotidiano escolar; - A escola inclusiva é construída no coletivo, com o engajamento de toda a equipe escolar estabelecendo diferentes abordagens de ensino para responder às necessidades de aprendizagem de seus alunos. 1 Gestão escolar e inclusão - Importância do clima e da cultura organizacional participativa de uma gestão democrática, na qual o sentimento de pertencimento surja da participação e do apoio da comunidade nas mudanças que o processo inclusivo requer; - Estabelecimento de uma nova lógica educacional, no planejamento de projetos pedagógicos afinados com a comunidade escolar; - Necessidade de romper com o estigma de vincular deficiência com incapacidade, ou seja, superar velhos paradigmas compreendendo e respeitando as diferenças; - Ainda prevalece a ideia de desqualificação e de patologia; - É essencial refletir sobre a prática pedagógica e administrativa na política inclusiva, pois, somente com o comprometimento de todos, a inclusão se efetivará de fato; - O processo de formação continuada para gestores e professores deve ser ininterrupto e contextualizado; - A participação dos professores na elaboração do Projeto Político Pedagógico fortalece o comprometimento dos envolvidos com a execução das diretrizes e resoluções, de maneira satisfatória; - À gestão escolar, compete ter uma intenção explícita, com focona organização e orientação do trabalho pedagógico, sendo esse aspecto basilar para o avanço da escola; - Para obter êxito no processo escolar inclusivo, a gestão democrática e participativa é o caminho, pois na medida que todos se comprometem com o processo educativo, o desempenho dos alunos é contemplado de forma singular; - A autonomia é fator preeminente na articulação entre gestão escolar e inclusão, para a viabilização das condições de trabalho; - Interdependência existente entre educação inclusiva e gestão escolar em alinhamento com a gestão democrática participativa para a supressão de qualquer forma de exclusão, estabelecendo-se o diálogo entre os partícipes do processo. 2. Análise e apresentação dos dados - Cabe à vice-direção participar da administração da instituição escolar em regime de colaboração com o diretor e substituí-lo legalmente em seus impedimentos; - Diretores e vice-diretores das escolas pesquisadas: - Das quatro escolas onde a pesquisa foi realizada, somente há um diretor (E1), sendo as demais participantes mulheres; - Quanto ao tempo de atuação na Educação, a média é de 20 anos, o que indica uma trajetória profissional significativa; - A formação e a percurso profissional dos diretores e vice-diretores das quatro escolas sugere proximidade e conhecimento não somente sobre a inclusão como também sobre a proposta educacional inclusiva; - O processo de inclusão veio a agregar valor à educação nos últimos tempos. Trouxe, para a escola e para o convívio social, muitas crianças que antes ficavam no anonimato, em suas casas, sem convívio com seus pares e sem desafios cognitivos; - Um processo mais amplo, que envolve a todos no ambiente escolar, mas que vai além dos muros da escola [...] Sabemos que é uma inclusão. Mas quais serão os desafios que iremos enfrentar, não. Cabe a nós acolhermos, conhecermos, interagirmos e trabalharmos; - Isso não torna uma escola inclusiva. O processo inclusivo exige comprometimento, envolvimento, estudo e atualização de toda a equipe escolar. As ações precisam ser pensadas coletivamente e todos devem estar envolvidos. Consideramos, sim, nossa escola inclusiva pelo acolhimento e pelo trabalho que desenvolvemos; - Com o tempo temos percebido que variáveis como aluno e família irão fazer grande diferença de como será traçado esse percurso; - Todas as ações, sejam pedagógicas sejam administrativas, sempre têm que pensar na inclusão. As ações que vamos desenvolver têm que contemplar a todos, seja no espaço físico, em termos de acessibilidade, seja em recursos pedagógicos, assim como em recursos humanos; - Organizar uma escola inclusiva não é tarefa cômoda e fácil: o gestor precisa ter clareza da representatividade e influência da sua função na organização escolar para tornar a escola inclusiva. Os autores acentuam que as mudanças necessárias muitas vezes colocam em choque questões conceituais ligadas à diferença; - A importância da participação dos pais ou responsáveis na escolarização dos alunos público-alvo da EE, para que a inclusão possa se efetivar; - A necessidade de infraestrutura, verba para materiais pedagógicos e recursos humanos, tendo a “meta de tentar um estagiário como resposta à família e apoio também ao professor que com 30 alunos”; - Necessidade de maior apoio da secretaria municipal da educação, por meio da presença mais efetiva nas escolas, a fim de acompanhar o trabalho realizado. Considerações finais - A inclusão traz desafios e aprendizados, mas exige conhecimento; - A inclusão enseja inovações e aprendizado no processo pedagógico, pois o ingresso dos alunos público-alvo da Educação Especial é uma experiência que vem sendo construída pela escola e pela comunidade; - Necessárias reflexões e ações para que os alunos permaneçam e sejam instrumentalizados por meio do conhecimento; - A formação continuada, o estudo, a pesquisa e a atualização constante passam a ser exigências para poder atender à demanda que se apresenta. Vídeo-base: Desafio Profissão - Pedagogia: Coordenador Pedagógico - Apresenta o trabalho do Coordenador/a Pedagógico; - O coordenador precisa estar presente em diversos momentos e em vários momentos dentro da unidade escolar; - Existe muitos desafios nesta profissão e o profissional precisa atuar com muita precisão e afetividade; - Uma das funções do trabalho do coordenador pedagógico é o grande articulador da escola do PPP com o diretor e também com a família e a escola; - Ele é articulador de várias frentes dentro deste projeto, da parte pedagógica (de ensino), das relação com os pares e funcionários. Tendo em vista a formação do cidadão; - O papel do coordenador é pensado como um educador e no horário de estudos este coordenador se reúne com os professores e faz a articulação para que a escola caminhe e consiga atingir os objetivos propostos dentro do PPP; - Coordenador vs Pedagogo, estes profissionais caminharam da mesma forma, pois ambas estudam as correntes de aprendizagem e como isto pode afetar o dia a dia e os aprendizados dos educandos; - A função de coordenador pode ser exercidas por diversos profissionais de outras áreas que não necessariamente tenham Pedagogia, mas é desejável que este profissional antes de alcançar esta função tenha experiência de sala de aula; - A experiência é um sustentáculo, mas não pode-se esgotar nela; - O coordenador pedagógico é aquele profissional que lidará com as questões relativas às partes pedagógicas, mas dentro de muitas questões disciplinares podem estar dentro dos aspectos pedagógicos; - Estamos vivendo dentro de um mundo em constante movimento e transformação e o papel do coordenador é estar atento a essas mudanças e trazer para dentro da escola a vida e suas transformações de forma mais real; - O coordenador pedagógico precisa estar atendo ao dia a dia dentro da sala de aula e também precisa trazer para dentro da sala de aula a tecnologia presente em quase tudo o que fazemos; - O coordenador precisa incentivar a formação dos professores e é necessário que este profissional seja o exemplo dessa formação, ele precisa buscar sua formação constante; - A graduação é apenas um aspecto dentro de inúmeros outras que este profissional precisa alçar; - É muito importante a escola aumentar os recursos humanos da parte de gestão da escola; - É um trabalho contínuo e a todo momento o coordenador pedagógico precisa fazer valer aquilo que está inserido no PPP da escola. Vídeo-base: Entrevista exclusiva com professora Heloísa Lück - Os Desafios da Liderança - Somente uma escola bem dirigida terá bons resultados; - Ser um líder é ter em mente que se quer fazer a diferença é que esta diferença não se faz sozinho e sim com a ajuda das pessoas; - O líder sabe convencer as pessoas e sabe fazer com que as pessoas saibam que elas podem; - O diretor tem várias frentes de trabalho e as mais complexas são as que envolvem pessoas e enquanto as menos são as que não envolvem os recursos humanos, porém também não pode-se deixar em aberto que, por exemplo, uma gestão patrimonial bem feita não será feita se os recursos que estão sendo administrados não forem utilizados com sabedoria e para promover a melhora da qualidade de quem as utiliza; - A separação das gestões são apenas feitas para estudo, mas a gestão é única e todos os eixos de trabalho precisam estar interligados e um complementando o outro; - O foco hoje é a aprendizagem e formação do aluno, tudo o que será feito na escola precisa ter este norte; - Sempre enfrentaremos dificuldades diferentes, independente da escola, tudo de acordo com o nível de desenvolvimento do gestor; - A relação do líder com a comunidade tem por maior dificuldade a escola acreditar que não precisa fazer essa integração. Então a escola precisa se esquivar desses preconceitos; - A falta de diálogo cria problemas muito grandes dentro da escola e por vezes muitos dos problemas poderiam ser solucionados se tivéssemos uma diálogo e uma escuta que fosse realmente ativa. Vídeoaula: Práticas de Gestores - parte I Objetivo desta aula Acompanhando um dia de umdiretor de escola, demandas que surgem… - Percebe-se que muitas funções do diretor vão além daquelas que são vistas na universidade; - É importante também que o diretor possua um assistente que o ajudará nas partes administrativas; - Nem sempre a sala da direção é um ambiente apropriado para fazer os atendimentos e trabalhar, seja para ouvir relatos sigilosos da família ou do cotidiano do trabalho; A Interação ocorre principalmente pela oralidade - contato verbal (Pontos positivos e negativos) - Alguns acordos precisam ser produzidos de maneira escrita. - Distanciamento com o coordenador pedagógico entre o diretor; - As pessoas não tem uma referência de onde encontrar o diretor, se o mesmo nunca está em sua sala. Algumas considerações para práticas gestoras coerentes com a democracia e a ética - Coisas que são importantes que o diretor faça; - Por vezes o diretor se ocupa apenas apagando incêndio o tempo todo que acaba se esquecendo de valorizar os seus pares; - É importante ter uma transição ética com transparência, as informações e arquivos não são do gestor, ou seja, caso o diretor não for reeleito é importante auxiliar o novo gestor nessa transição; - Não estimular a competição entre os funcionários; - O diretor precisa valorizar a diferença; - Analisar as posturas e discursos com calma; - As questões precisam ser analisadas com calma e não com pressa para se tomar as decisões mais coerentes e justas. Sugestões para otimização do tempo, segundo Vasconcellos, para reuniões que o gestor participe Vídeoaula: Práticas de Gestores - parte II Objetivo desta aula Liderança inclui o reconhecimento do poder contido na função, segundo Lück - Ou seja, fingir que este poder não existe não é a melhor escolha; - É apresentado a forma como esse poder precisa ser exercido: Temos que exercer essa liderança com confiança, coerência, condições objetivas de trabalho e de forma a emancipar os demais sujeitos partícipes dessa gestão. Liderança se opõe ao autoritarismo - A postura autoritária leva muitas vezes ao infantilismo (quando o diretor manda, quando ele sai, as pessoas ficam perdidas e não sabem o que que é para ser feito). Ninguém tem autonomia. Algumas iniciativas de liderança, segundo Lück - O diretor precisa participar também do pedagógico e não ficar apenas no gabinete. Gestão que se traduz na tolerância e reconhecimento das diferenças, Andrade - Reconhecimento do valor absoluto de cada ser humano; - Particularidade de cada ser humano como ser absolutamente valioso; - As diferenças não devem ser apagadas e sim evidenciadas, pois somos de culturas diferentes mesmo, por mais que estejamos no mesmo bairro/comunidade escolar. Demandas da inclusão para a gestão Um exemplo do trabalho coletivo com os responsáveis quanto à inclusão - Carregamos nossos preconceitos e é preciso que a gestão acolha a diferença e a inclusão verdadeiramene; - Os pais precisam compartilhar este acolhimento das diferenças e da inclusão.