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CUIDADO INTEGRAL À SAÚDE DO ADOLESCENTE

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CUIDADO INTEGRAL 
À SAÚDE DO 
ADOLESCENTE 
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CUIDADO INTEGRAL À SAÚDE DO ADOLESCENTE 
SUMÁRIO 
 ....................................................................................................................................................... 1 
UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ADOLESCÊNCIA ................................................................................ 4 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 5 
1 Visão histórica e perspec va atual da adolescência .................................................................. 5 
1.1 Evolução histórica da adolescência ......................................................................................... 5 
1.2 Marcos históricos .................................................................................................................... 7 
1.3 Direitos e normas voltados a condições especiais na adolescência........................................ 8 
2 Crescimento e desenvolvimento puberal ................................................................................... 9 
2.1 Desenvolvimento sico e corporal .......................................................................................... 9 
2.2 Etapas do crescimento .......................................................................................................... 11 
3 Síndrome da adolescência normal ........................................................................................... 11 
3.1 Busca da sua iden dade ........................................................................................................ 12 
3.2 Tendência grupal ................................................................................................................... 13 
3.3 Intelectualização e fantasia ................................................................................................... 13 
3.4 Deslocamento temporal ........................................................................................................ 14 
É ISSO AÍ! ..................................................................................................................................... 14 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 14 
UNIDADE 2 SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE, DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE E O 
PAPEL DA FAMÍLIA NA ADOLESCÊNCIA ........................................................................................ 15 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 16 
1 Adolescência, cultura, vulnerabilidade e risco ......................................................................... 16 
1.1 Vulnerabilidade e adolescência ............................................................................................. 16 
1.2 Exposição ao risco ................................................................................................................. 19 
2 Sexualidade .............................................................................................................................. 20 
2.1 Sexualidade na adolescência ................................................................................................. 20 
2.2 Papel do serviço de saúde na expressão da sexualidade do adolescente ............................ 20 
3 Adolescência e família .............................................................................................................. 21 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 25 
UNIDADE 3 SAÚDE DOS ADOLESCENTES E DISTÚRBIOS ALIMENTARES ...................................... 26 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 27 
1 Atenção integral à saúde do adolescente ................................................................................ 27 
2 Atenção à saúde mental dos adolescentes .............................................................................. 28 
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3 Trabalho e saúde na adolescência ............................................................................................ 29 
4 Adolescente portador de patologia crônica ............................................................................. 29 
4.1 Refluxo gastroesofágico ......................................................................................................... 30 
4.2 Desnutrição ........................................................................................................................... 31 
4.3 Rinite e sinusite ..................................................................................................................... 32 
4.4 Amigdalite, faringite e laringite ............................................................................................. 33 
4.5 Bronquite e asma .................................................................................................................. 33 
4.6 Hipertensão arterial sistêmica .............................................................................................. 34 
4.7 Hipo reoidismo e hiper reoidismo ...................................................................................... 35 
4.8 Diabetes ................................................................................................................................. 36 
4.9 Anemias ................................................................................................................................. 37 
5 Transtornos alimentares ........................................................................................................... 38 
5.1 Anorexia nervosa ................................................................................................................... 38 
5.2 Bulimia ................................................................................................................................... 39 
UNIDADE 4 SAÚDE GINECOLÓGICA E USO DE ÁLCOOL E DROGAS NA ADOLESCÊNCIA .............. 41 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 42 
1 An concepção na adolescência ............................................................................................... 42 
2 Gravidez na adolescência ......................................................................................................... 43 
3 Teste rápido de gravidez e pré-natal na adolescência .............................................................. 44 
4 Doenças sexualmente transmissíveis e saúde reprodu va na adolescência ........................... 46 
5 Álcool e drogas na adolescência ............................................................................................... 48 
6 Violência ................................................................................................................................... 49 
7 Risco de suicídio na adolescência ............................................................................................. 51 
É ISSO AÍ! ..................................................................................................................................... 52 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 52 
 
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UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ADOLESCÊNCIA 
 
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INTRODUÇÃO 
Você está naunidade Introdução à adolescência. Conheça aqui sobre o conceito de adolescente ao 
longo da história e sua perspec va atual. Você conhecerá também os marcos históricos dos direitos 
dos adolescentes. Além disso, você verá como ocorre o crescimento e o desenvolvimento do corpo 
e como isso pode afetar o biológico e o psicológico do indivíduo. 
Por fim, você aprenderá sobre a síndrome da adolescência normal, ou seja, quais são as alterações 
que ocorrem em um adolescente normal e como podemos iden ficar o que é anormal. A 
adolescência é uma fase que todos os adultos vivenciaram, mas o enfrentamento e as mudanças 
podem ser encarados de maneiras diferentes por cada indivíduo. 
1 VISÃO HISTÓRICA E PERSPECTIVA ATUAL DA ADOLESCÊNCIA 
O termo adolescência refere-se a um período de passagem entre a infância e a vida adulta. No 
entanto, não é apenas uma passagem que ocorre nesse momento, mas a construção e a 
compreensão do ser como um todo. Essa compreensão não ocorre de maneira simples, pois, na 
adolescência, o indivíduo não é mais uma criança e ainda não é um adulto, assim, ele encontra-se 
em uma condição perturbadora e com muitas mudanças psicológicas, biológicas e sociais. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), adolescentes são todos os sujeitos entre dez e 19 
anos de idade. No Brasil, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os indivíduos 
entre 12 e 18 anos são considerados adolescentes. Esse estatuto traz essa idade como uma 
demarcação legal dos direitos e um marco civil, que é a maioridade, mas descarta os dois primeiros 
anos da adolescência (dez e 11 anos), em que ocorrem as mudanças corporais, e o úl mo ano (19 
anos), que marca a mudança psíquica, caracterizando o indivíduo como um adulto. 
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADOLESCÊNCIA 
A adolescência é marcada como uma etapa transitória entre a infância e a vida adulta, sendo essa 
uma classificação contemporânea que foi definida no século XX. Contudo, sabemos que essas 
mudanças são fisiológicas e ocorrem de maneira natural durante o desenvolvimento da criança, 
sendo uma fase de mudanças corporais e sociais, conforme Brasil (2017). 
O início da puberdade é um marco importante na compreensão da construção histórica e social da 
adolescência. Ela possibilita a inserção do indivíduo no mundo adulto, permi ndo um rito de 
passagem que mantém um significado simbólico para a sociedade. Socialmente, isso marca 
a transformação, transposição e autoafirmação que o jovem irá vivenciar. O adolescente, então, 
passa por todas as mudanças, porém sofre interferência do meio em que está inserido, sendo 
influenciado pelos aspectos culturais e sociais. 
Nesse sen do, o indivíduo deixa de ser produto dos pais, consumindo apenas o que é ofertado, e 
passa a ques onar e solicitar novas informações, definindo os seus próprios padrões de consumo. 
Isso ocorre de acordo com o meio que está inserido, com as informações que possui, com os amigos, 
redes sociais e a própria escola. Um adolescente inserido em um meio de outros jovens que pra cam 
exercícios, têm alimentação balanceada e buscam a vidades recrea vas como cinema e teatro, por 
exemplo, tendem a relacionar-se buscando uma inserção nessas a vidades. Porém, quando ele está 
inserido em um ambiente de violência, uso de drogas e sem opções de a vidades culturais, poderá 
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envolver-se no crime e passar a fazer parte daquele meio, considerando-o como algo normal dentro 
do que é oferecido para ele. Isso não quer dizer que o adolescente é puramente produto do meio 
em que está inserido, mas sim que ele busca as oportunidades conforme o que é oferecido para ele 
neste meio, visto que ele está passando pela sua construção social para iniciar a vida adulta. 
É importante definirmos puberdade e adolescência, pois esses termos muitas vezes são usados 
como sinônimos, mas não são. A puberdade está dentro do período da adolescência. Ela é 
caracterizada pelas mudanças sicas e corporais da criança, ocorrendo de maneira fisiológica para 
que o indivíduo possa se reproduzir, ou seja, é o amadurecimento do corpo da menina e do menino 
preparando-se para o início da reprodução. Já a adolescência é um momento maior que irá 
compreender desde as mudanças sicas do corpo até a formação psicológica e social do 
indivíduo para o início da vida adulta, segundo Brasil (2017). 
A puberdade, então, cons tui um conjunto de alterações biológicas que ocorrem no corpo infan l 
transformando-o em um corpo adulto, sendo esta um dos elementos que fazem parte da 
adolescência. Nesse período inicial, ocorre o crescimento sico (estatura), a maturação sexual com 
o desenvolvimento dos órgãos reprodutores e o surgimento dos caracteres sexuais secundários. A 
par r do desenvolvimento das caracterís cas e do amadurecimento dos órgãos sexuais, surge 
a sexualidade que, por sua vez, envolve a iden dade de gênero, orientação sexual, ero smo, prazer, 
in midade e reprodução. 
A sexualidade pode ser tratada de formas diferentes ao longo da história e de acordo com a cultura. 
No Ocidente, por exemplo, durante a Idade Moderna, ela era considerada como pecado ou até 
mesmo uma patologia, na visão da religião. Sendo associada sempre a valores morais, sociais, 
religiosos e históricos, não existe um padrão social que a define, ou seja, em cada grupo social ela 
irá ser expressa de uma maneira par cular. A expressão da sexualidade deve ser compreendida, 
portanto, do ponto de vista de cada grupo social, não devendo ser julgada pelo ponto de vista de 
quem está de fora, prestando uma assistência à saúde por exemplo. 
A adolescência, desde a an guidade, é um momento que todas as crianças percorrem até chegarem 
na fase adulta, quando passam ter plena responsabilidade sobre si e sobre todas as suas a tudes e 
escolhas. Dessa forma, o jovem é historicamente considerado como transgressor das regras, 
malfeitor e preguiçoso e, além disso, como um ser que exalta a vaidade. 
O termo adolescência que u lizamos atualmente não exis a na An guidade e nem na Idade Média. 
Nesse período, ocorria apenas a troca das roupas infan s para as de adulto, associadas ao 
surgimento fisiológico dos caracteres sexuais secundários, como o aparecimento de pelos nas axilas, 
na genitália, na face dos meninos e o amadurecimento dos órgãos sexuais. Assim, ocorria 
uma passagem direta entre a infância e a idade adulta. 
Somente a par r da Revolução Industrial foi que o jovem passou a ter sua formação intelectual e 
profissional controlada e direcionada a uma educação especializada, ou seja, a educação passa a ter 
uma base educacional. Além disso, os pais e seus filhos passaram a ter uma interação maior. Apesar 
disso, ainda não exis a uma diferença entre infância e adolescência bem compreendida. Algumas 
obras literárias mostram bem os aspectos drama zados da adolescência nesse período, como as 
obras Hamlet e Romeu e Julieta de Shakespeare. 
Assim, apenas no século XIX ocorreu a evolução conceitual da adolescência, fornecendo base para 
os estudos atuais. Porém, ainda hoje existe uma disparidade de pontos de vista quanto ao início e o 
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término da adolescência, sendo que o seu início apresenta um consenso devido às mudanças sicas 
que ocorrem, mas o seu final ainda permanece como um conceito divergente. 
1.2 MARCOS HISTÓRICOS 
Os direitos humanos são universais, indivisíveis e independentes, segundo a Cons tuição Brasileira. 
Contudo, isso teve início em 1948 a par r da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela 
Organização das Nações Unidas. A par r de então, várias convenções internacionais e a elaboração 
de estatutos globais de cooperação mútua e mecanismos de controle passaram a garan r a não 
violação e o exercício, pelo cidadão, de um conjunto de direitos básicos à vida digna. 
Os Pactos Internacionais de Direitos Civis e Polí cos e de Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais de 1966, foram ra ficados pelo Brasil1992, reconhecendo os direitos humanos como 
universais no plano individual, cole vo e social. Além disso, o direito da criança e do adolescente à 
especial proteção do Estado, da sociedade e da família foram garan dos e implementados pelas 
nações, de acordo com Brasil (2007). 
Os seguimentos que são considerados frágeis como 
os negros, mulheres, crianças, adolescentes e idosos veram medidas criadas de maneira 
específica a fim de garan r os seus direitos universais. O obje vo dessas medidas específicas são 
eliminar qualquer forma de discriminação racial e garan r que os seus direitos sejam respeitados. 
No Brasil, os direitos humanos são direitos garan dos a todos os cidadãos, reconhecidos na 
legislação brasileira como cláusulas pétreas, cuja efe vação é protegida e garan da. A Cons tuição 
Federal Brasileira de 1988 aborda no seu ar go 227 que 
[é] dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta 
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
Outras leis auxiliam nesse comprome mento de garan r os direitos, a assistência e os cuidados com 
os adolescentes, tais como: 
Lei número 8.069, de 13 
de julho de 1990 
Regulamentou o Estatuto da Criança e do Adolescente que já havia 
sido garan da pelo o ar go 227 da Cons tuição Federal, conforme 
Brasil (1990). 
Lei número 8.080, de 19 
de setembro de 1990 
A Lei Orgânica da Saúde regulamentou e concebeu a saúde como um 
direito social, independente de contribuição criando o Sistema Único 
de Saúde (SUS), com base na Cons tuição Federal, segundo Brasil 
(1990). 
Lei número 8.742, de 7 de 
dezembro de 1993 
A Lei Orgânica da Assistência Social regulamentou o direito 
cons tucional à assistência social do Estado, garan ndo a proteção 
especial à adolescência e ao amparo aos adolescentes carentes, 
independente de contribuição. 
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Lei número 9.394, de 20 
de dezembro de 1996 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira regulamentou o 
direito à educação também como direito público subje vo de todo 
cidadão. 
Assista aí 
Todas essas legislações procuram descentralizar a polí ca e a administração dos serviços, visando a 
par cipação social na formulação das polí cas sociais. Assim, garante que todos tenham seus 
direitos respeitados e a assistência garan da, pois não é apenas uma responsabilidade polí ca, mas 
sim uma responsabilidade social. 
1.3 DIREITOS E NORMAS VOLTADOS A CONDIÇÕES ESPECIAIS NA ADOLESCÊNCIA 
Outras leis garantem direitos em situações especiais como a lei número 6.202, de 17 de abril de 
1975, que estabelece o direito de adolescentes gestantes a par r do oitavo mês de gestação e no 
primeiro trimestre após o parto poderem receber os conteúdos escolares em casa. As a vidades 
avalia vas podem ocorrer normalmente, porém devem ser realizadas no domicílio da adolescente 
nesse período. Garan ndo-se, assim, a con nuidade dos estudos, de acordo com Brasil (1975). 
Em relação à licença maternidade, é garan da pela Cons tuição Federal Brasileira de 1988 por um 
período de quatro meses, contando a par r do dia do nascimento da criança. É importante lembrar 
que a licença maternidade só é concedida para as gestantes que estão com vínculo emprega cio, 
nos casos das domés cas ou mães que estão desempregadas não é garan do esse auxílio. 
Outra lei, a de número 9.263, de 12 de janeiro de 1996, regulamenta o planejamento familiar. Essa 
lei não aborda expressamente sobre a saúde sexual e reprodu va dos adolescentes. Porém, isso não 
é uma barreira para o acesso aos serviços de saúde, cons tuindo também um direito do adolescente 
ao atendimento integral e incondicional, já garan dos pela Cons tuição Federal e pelo Estatuto da 
Criança e do Adolescente, por meio do Sistema Único de Saúde. 
Assista aí 
O adolescente tem direito ao atendimento e à assistência à saúde conforme a sua necessidade, de 
forma integral. Ao buscar atendimento no serviço de saúde com ou sem acompanhante, ele deve 
ser ouvido e atendido, de maneira que tenha seus problemas psicobiológicos resolvidos. Ainda hoje, 
não é incomum o profissional de saúde, ao assis r um adolescente, solicitar a presença de um 
acompanhante, mas devemos lembrar que o adolescente pode escolher o atendimento sem a 
presença de nenhum familiar ou acompanhante, por exemplo. Devemos atentar para o fato de que, 
apesar de ser um grupo vulnerável, os adolescentes têm a capacidade de escolha e de compreensão 
para escolher o que acreditam ser o melhor para si. Nos casos em que houver suspeita ou denúncia 
por parte do adolescente sobre violência sexual, ele deve ser assis do sem julgamento e as medidas 
necessárias tomadas, como a averiguação da situação, denúncia aos órgãos competentes e proteção 
do adolescente para que a situação não ocorra novamente. 
A Portaria MS/GM número 104, de 25 de janeiro de 2011, atribui como no ficação compulsória 
sobre casos de violência domés ca, sexual e/ou outras violências. Sendo que os profissionais de 
saúde devem realizar a no ficação, em todos os serviços de saúde, públicos ou privados. 
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O Ministério da Saúde traçou diretrizes em nível nacional de Atenção Integral à Saúde de 
Adolescentes na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde em 2010, buscando sensibilizar os 
gestores para uma visão humanizada. Além disso, destaca a importância de construir estratégias 
intersetoriais que atendam as vulnerabilidades dos adolescentes, permi ndo que esse grupo possa 
ter um desenvolvimento saudável. 
2 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO PUBERAL 
A puberdade/adolescência não pode ser estudada isoladamente, pois a puberdade corresponde às 
modificações biológicas e a adolescência, a um período em que ocorrem as transformações 
biopsicossociais em que elas se inserem, ou seja, puberdade está relacionada com as mudanças dos 
aspectos sicos e biológicos que se iniciam ao final da infância. Durante a puberdade, a criança 
perde o modo infan l e começa a sen r as primeiras modificações corporais, como o crescimento 
pôndero-estatural; a modificação da composição corporal (desenvolvimento esquelé co e muscular 
e as modificações na quan dade e distribuição de gordura); desenvolvimento do sistema 
cardiorrespiratório (aumento da força e da resistência); e desenvolvimento do aparelho reprodutor. 
2.1 DESENVOLVIMENTO FÍSICO E CORPORAL 
A palavra puberdade tem origem do la m pubertate, significando idade fér l. Já a palavra pubis é 
traduzida como pelo ou penugem. Assim, a puberdade é um conjunto de mudanças somá cas da 
adolescência que engloba o es rão, que é o crescimento rápido seguido pela desaceleração do 
crescimento ponderal e estatural; alteração da composição e proporção corporal devido às 
mudanças decorrentes do crescimento esquelé co, muscular e redistribuição do tecido adiposo; e 
desenvolvimento dos sistemas orgânicos, com ênfase no sistema circulatório e respiratório. Além 
disso, ocorre o amadurecimento sexual, com o desenvolvimento das caracterís cas sexuais 
secundárias, conforme Ministério da Saúde (2017). 
A estatura, ou altura, apresenta, durante a puberdade, um processo dinâmico entre o crescimento 
e o tempo, ocorrendo um crescimento mais rápido que, posteriormente, desacelera e para, 
chegando o indivíduo à sua estatura máxima. Durante o período da adolescência, ocorre um 
aumento total de dez a 30 cen metros, sendo o crescimento médio de 20 cen metros. A média de 
crescimento para o sexo masculino é de dez cen metros por ano e para o sexo feminino de nove 
cen metros por ano, sendo que os meninos apresentam o período de es rão entre os 13 e 14 anos 
de idade, enquanto as meninas entre 11 e 12 anos de idade. Após essedesenvolvimento rápido, 
ocorre uma desaceleração do crescimento, que pode durar de três a quatro anos, até que o indivíduo 
chega à sua estatura máxima e o crescimento chega ao final, segundo Ministério da Saúde (2017). 
A idade óssea é caracterizada pelas alterações evolu vas da maturação óssea e acompanha a idade 
cronológica, sendo um indicador biológico. Essa idade pode ser calculada através da comparação 
de radiografias de punho, de mão e de joelho com padrões estabelecidos de tamanhos e forma dos 
núcleos dessas estruturas. 
O crescimento em estatura não ocorre de forma semelhante em todos os indivíduos, não somente 
pela diferença de sexo. O Brasil é um país heterogêneo que apresenta uma grande variedade 
populacional. A população da região nordeste apresenta uma estatura mais baixa, já a população da 
região sul, uma estatura mais alta, o que tem influência direta no padrão de crescimento durante a 
puberdade. O profissional de saúde, ao acompanhar o crescimento e desenvolvimento do 
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adolescente, deve estar atento aos problemas hormonais e nutricionais, por exemplo, que podem 
afetar o crescimento e desenvolvimento dele. 
Os órgãos do corpo humano acompanham o crescimento do corpo durante a puberdade, sendo que 
apenas o tecido linfoide e a gordura subcutânea apresentam um decréscimo nesse período. A 
gordura tem o seu acúmulo desde os oito anos de idade até a puberdade, reduzindo quando ocorre 
o es rão. 
O sistema muscular sofre hipertrofia e hiperplasia, sendo mais visível nos meninos, jus ficando a 
sua maior força muscular. A medula óssea apresenta uma redução sua na cavidade, sendo maior nas 
meninas, o que explica o maior volume medular nos meninos. Além disso, os meninos apresentam 
maior es mulação da eritropoe na devido ao hormônio testosterona. Eles apresentam, 
consequentemente, maior concentração de células vermelhas, hemoglobina, e de ferro sérico, de 
acordo com Ministério da Saúde (2017). 
O desenvolvimento das caracterís cas sexuais ocorre devido ao hipotálamo es mular a hipófise a 
produzir hormônios de crescimento e amadurecimento sexual. As meninas apresentam um aumento 
do estrogênio e da progesterona, que são os hormônios responsáveis por essas caracterís cas, e 
também pelo desenvolvimento dos órgãos sexuais para que possa ocorrer a reprodução. Nos 
meninos, ocorre o aumento da produção testosterona, sendo esse hormônio responsável pelas 
caracterís cas secundária e também pela produção de espermatozoides. Além disso, a testosterona 
também está relacionada com o desejo sexual, a agressividade, o crescimento em estatura e a força 
sica dos meninos, conforme Ministério da Saúde (2017). 
Ocorrem também alterações no sistema tegumentar, ficando a pele mais oleosa, principalmente 
nos meninos, o que propicia o surgimento de acne. Em alguns casos, isso não afeta a vida do 
adolescente, mas quando a acne é excessiva, causa desconforto e até mesmo lesões na pele. Dessa 
forma, o adolescente deve ser encaminhado para um atendimento especializado, no caso, de 
um dermatologista. 
Nas meninas é comum o surgimento das espinhas, porém relacionada ao ciclo hormonal, devido à 
menstruação. Pode ser necessário encaminhar as meninas para o acompanhamento ginecológico, 
em casos de espinhas excessivas e também nos casos de dismenorreia frequente. 
As meninas e os meninos apresentam um ganho de peso de aproximadamente nove a dez quilos, 
mas esse acúmulo ocorre para os meninos em forma de músculo e para as meninas em forma de 
tecido adiposo. É importante observar e acompanhar o ganho de peso, pois o excesso pode gerar 
a obesidade. A obesidade pode influenciar no crescimento ósseo, devido à sobrecarga de peso, e é 
um fator de risco para o desenvolvimento da diabetes po II na adolescência e das doenças 
cardiovasculares. 
FIQUE DE OLHO 
Durante o crescimento dos meninos, as mãos e os pés desenvolvem-se primeiro, sendo seguido pelo 
desenvolvimento dos braços e das pernas. Isso ocorre antes do es rão de crescimento do tronco e 
da altura, o que ocasiona, no crescimento dos meninos, desproporcionalidade temporária, que pode 
ocasionar problemas psicológicos devido a visão distorcida do próprio corpo. 
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2.2 ETAPAS DO CRESCIMENTO 
O crescimento em estatura começa pelos pés, seguido pelo das extremidades e do tronco dos 
indivíduos. O diâmetro biacromial cresce com maior intensidade no sexo masculino, enquanto que, 
no sexo feminino, observamos o alargamento pélvico. 
Em relação ao aparecimento dos pelos, primeiro surgem os pubianos, sendo seguidos pelos axilares, 
que ocorrem cerca de dois anos depois deles. Nos homens, os pelos da face surgem junto com os 
axilares. As mudanças na laringe alteram as cordas vocais, tornando a voz dos homens mais grave. 
Essa mudança ocorre em um prazo médio de seis meses até que a voz torne permanente, ou seja, a 
voz do adulto. 
Com respeito às mudanças sexuais, no sexo masculino, observamos que os hormônios folículo-
es mulante e luteinizante es mulam o aumento dos tes culos. A par r dos tes culos aumentados, 
ocorre o aumento da luz dos túbulos seminíferos e ocorre a proliferação das células inters ciais de 
Leydig. Essas células liberam a testosterona e elevam os seus níveis séricos, segundo Ministério da 
Saúde (2017). 
Os tes culos aumentam o seu volume em aproximadamente quatro cen metros cúbicos, sendo 
a primeira manifestação do início da puberdade masculina. Em seguida, ocorre o surgimento dos 
pelos pubianos e, por fim, o desenvolvimento do pênis. O pênis apresenta aumento no seu 
comprimento e diâmetro. 
Quanto ao sexo feminino, os hormônios folículo-es mulante e luteinizante es mulam os ovários a 
iniciarem a síntese hormonal de estrógeno e progesterona. Esses dois hormônios são os 
responsáveis pelas transformações puerperais na menina. O início da puberdade é marcado pelo 
surgimento do broto mamário, seguido pelo aparecimento dos pelos pubianos e, por fim, 
a menarca (primeira menstruação da menina). A evolução do desenvolvimento e da distribuição dos 
pelos pubianos ocorre de forma semelhante em ambos os sexos. Isso ocorre de maneira progressiva, 
surgindo os primeiros pelos mais finos, seguidos pelo seu espessamento e aumento da pigmentação 
(escurecimento). 
FIQUE DE OLHO 
A primeira menstruação da menina, a menarca, não marca o início da função reprodu va. Nem todas 
as meninas apresentam o corpo completamente desenvolvido para a reprodução, ou seja, os 
primeiros ciclos podem ser anovulatórios. Porém, é importante lembrar que nem todas as meninas 
se comportam de forma semelhante e pode ocorrer gravidez na menarca. 
3 SÍNDROME DA ADOLESCÊNCIA NORMAL 
A fase da adolescência é um processo que envolve o ser humano em um processo de admi r e 
compreender a si mesmo e as mudanças psicossociais e biológicas que estão ocorrendo. Esse 
período é marcado como uma fase de ousadia, midez, urgência, apa a e conflitos afe vos, 
religiosos e sociais. Mas tudo isto faz parte da síndrome normal da adolescência. 
O adolescente precisa conviver e superar os três lutos que correspondem à perda do corpo infan l, 
à perda da iden dade da infância e à perda da figura protetora dos pais. A par r disso, o adolescente 
começa a ver o seu mundo interno for ficado e torna-se, então, menos confli vo e perturbado. 
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3.1 BUSCA DA SUA IDENTIDADE 
Os pais e os profissionais de saúde não devem apontar a infância ou a adolescência como fase de 
preparação para a maturidade. Esses dois períodos devem ser compreendidos como parte 
do desenvolvimento natural do indivíduo. A criança apresenta dificuldade quando passa para a 
adolescência, pois é um período de incertezas e conflitos decorrentes das mudanças biológicas e 
psicológicas que estão ocorrendo simultaneamente. 
A adolescência tem seu início marcado pela puberdade, uma fase que apresenta mudanças sicasque acarretam no aumento do tamanho (estatura), do peso corporal, das proporções sicas e da 
fisiologia corporal. Todas essas modificações acarretam em mudanças da imagem corporal e, 
consequentemente, da sua representação para o sujeito da mudança. 
Associadas a essas mudanças, ocorre também a formação da iden dade, como uma verdadeira 
experiência de autoconhecimento. A busca de iden dade pelo jovem pode ocorrer em situações 
que se apresentam como favoráveis ao momento vivenciando e por meio de pessoas que estão 
próximas dele no convívio social, como, por exemplo, amigos que oferecem e proporcionam ao 
jovem segurança e es ma pessoal. Porém, também pode ocorrer o comportamento inverso, quando 
o adolescente se iden fica com figuras nega vas, como quem transgride as regras. Isso é um 
problema, pois pode levar à um comportamento agressivo, radical e até o envolvimento com uso de 
drogas ilícitas. Quando a transgressão não é iden ficada no início ou é tratada como algo passageiro, 
pode vir a ser um problema maior, em que o adolescente se envolve com crime e, muitas vezes, não 
consegue se regenerar sem ajuda profissional e apoio dos familiares, de acordo com Aberastury e 
Knobel (2003). 
Ainda existem comportamentos que são comuns aos adolescentes, como o uso de iden dades 
transitórias. Nesse sen do, tem-se, por exemplo, a iden dade machista no homem com o obje vo 
de seduzir garotas. Assim, o jovem pode apresentar iden dades ocasionais em situações novas, 
como no primeiro encontro ou primeira festa, ou iden dade transitória quando está em público com 
os pais, em que muda o comportamento comparando-se ao que apresenta quando está em casa. 
Conforme Aberastury e Knobel (2003), essas são mudanças com o intuito de autoafirmação. 
Assista aí 
Durante a infância, ocorre a iden ficação da criança com os pais, incorporando imagens deles como 
seres bons e ruins, permi ndo, assim, a elaboração de situações mutáveis que irão ocorrer a par r 
do início do período da adolescência. Nesse período, a busca pela iden dade é iniciada, sendo que 
o jovem passa por situações em seu co diano que irão demandar decisões próprias e isso pode ser 
uma das suas maiores dificuldades. As primeiras mudanças são notáveis em sua relação com os pais, 
mudando o seu comportamento frente a eles, pois, a par r desse momento, ele é um ser que tem 
decisões próprias, não sendo mais uma criança totalmente submissa às decisões familiares. Além 
disso, ocorrem mudanças biológicas que são irreversíveis, como suas alterações corporais, que 
também serão parte da sua iden dade como pessoa adulta. Por fim, ele, agora, é responsável pelos 
seus cuidados, não sendo isso mais atribuição dos pais, o que acarreta em uma separação por 
completo dos pais e dos filhos, tornando esses seres individuais, segundo Aberastury e Knobel 
(2003). 
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3.2 TENDÊNCIA GRUPAL 
A necessidade da busca da iden dade no adolescente leva-o a um comportamento defensivo e à 
procura de uniformidade, que pode proporcionar segurança e es ma pessoal. A par r disso, surge 
o espírito de grupo. Nesse período, há um processo de iden ficação em massa, em que os 
adolescentes se iden ficam com outro indivíduo da mesma idade. Esse processo pode ser intenso, 
fazendo com que a separação do grupo pareça impossível e o indivíduo sinta-se como parte do grupo 
de semelhantes e não mais como um membro de um grupo familiar. Assim, conforme Aberastury e 
Knobel (2003), o indivíduo não consegue se separar da turma nem de suas a vidades ou ações 
diárias e escolares, tornando-se, inclusive, submisso às regras do grupo, especialmente em relação 
a modas, ves menta, costumes e preferências de todos os pos, por exemplo. 
A busca por grupos é, na maioria das vezes, uma busca de oposição aos pais, sendo, para o 
adolescente, uma maneira de estabelecer sua iden dade diferente da deles. Isso é possível em 
grupos, pois os jovens encontram um reforço no aspecto mutável do ego durante esse período, 
sendo a autoafirmação, muitas vezes, a par r de a tudes contrárias à dos pais, o que é possível 
dentro do grupo, de acordo com Aberastury e Knobel (2003). 
O grupo tem uma importância diferente para o adolescente em relação àquela que ele man nha no 
convívio familiar, em especial com os pais. Esse comportamento cons tui uma transição entre 
o mundo interno (infância) e o mundo externo (adulto). Dessa forma, as experiências vividas em 
grupo têm um tempo de importância para o desenvolvimento, porém chega um ponto da evolução 
do adolescente em que ele começa a distanciar do grupo, mais ao final da adolescência, começando 
a assumir sua iden dade de adulto. Isso não significa que ele se desvincule de suas amizades grupais, 
mas já não há mais a necessidade de convivência somente com o grupo. Nessa fase, ele passa, então, 
a assumir sua nova iden dade e a buscar sua independência. Aqui, os pais tornam-se fundamentais 
e desempenham um papel a vo, auxiliando os filhos a conseguirem sua independência social, 
segundo Aberastury e Knobel (2003). 
Devemos diferenciar a conduta “psicopá ca” considerada normal do adolescente, que é mais 
evidenciada na convivência grupal. Nessa fase, ocorre uma confusão mental e revolta do 
adolescente pela perda do seu papel infan l, ocorrendo mudanças no comportamento que são 
expressas através condutas de desafeto, de crueldade, de indiferença e de falta de responsabilidade. 
Essas expressões são picas em psicopatas, porém na adolescência ela é normal, pois é 
circunstancial e transitória, não sendo considerada o caráter psicopata. 
3.3 INTELECTUALIZAÇÃO E FANTASIA 
Os adolescentes necessitam de intelectualização e fantasias, sendo uma das formas picas de 
expressarem seus pensamentos. Isso ocorre devido aos conflitos que acontecem com relação às 
mudanças corporais, a perda da iden dade infan l e a mudança em sua relação com as figuras dos 
pais. Assim, o adolescente passa a fantasiar em busca de recompensar essas mudanças e as perdas 
vivenciadas. Dessa forma, a fantasia e a intelectualização são situações que for ficam o adolescente 
a vivenciar essas mudanças, conforme Aberastury e Knobel (2003). 
Por isso, é comum a variação da iden dade no adolescente, pois ele projeta uma variação até a 
incorporação das suas caracterís cas definidoras. O enfrentamento dessa variação ocorre através 
da expressão da sua intelectualização, buscando conhecimentos filosóficos, é cos e sociais que 
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fundamentem o seu pensamento. Assim, é comum o adolescente desenvolver suas filosofias a fim 
de salvar a humanidade e de se envolver em movimentos polí cos, por exemplo, para que possa 
expressar a sua intelectualização, principalmente em grupos. Outro comportamento é o 
desenvolvimento da escrita de versos, contos e pequenos textos para expressar seus sen mentos, 
além de aumentar o tempo no envolvimento de a vidades literárias e ar s cas. Mas devemos 
lembrar que isso não significa comprome mento com os estudos, pois o adolescente busca realizar 
apenas as a vidades que ele considera como prazerosas, deixando as obrigações muitas vezes em 
segundo plano, segundo Aberastury e Knobel (2003). 
3.4 DESLOCAMENTO TEMPORAL 
Uma outra mudança é o pensamento do adolescente com respeito tanto ao aspecto temporal 
quanto ao espacial, uma vez que adquire caracterís cas muito especiais. É possível dizer que o 
adolescente vive com uma “deslocalização” temporal, convertendo o tempo em presente e a vo 
numa tenta va de manejá-lo. As urgências para realização de algumas a vidades ou mesmo ações 
são enormes e, às vezes, as postergações são aparentemente irracionais. Podemos citar dois casos 
hipoté cos. No primeiro, a mãe recrimina o filho para que ele estude, porque tem uma prova no dia 
seguinte, porém, para o filho, há tempo suficiente, uma vez que o exame é somente no outro dia. Já 
no segundo caso hipoté co, uma adolescente chora angus ada queixando-se daa tude 
desconsiderada da mãe que não comprou o ves do novo para seu próximo baile que será somente 
daqui um mês. Ambas as situações mostram como a percepção do tempo é diferente para ambos, 
segundo Aberastury e Knobel (2003). 
Por fim, os pais não ficam alheios a essa mudança da temporalidade dos filhos e são muitas vezes 
sujeitos a ansiedade devido ao desprendimento dos adolescentes. O ambiente cultural e social em 
que a família e o adolescente vivenciam apresentam uma influência significa va para as 
transformações comportamentais destes, influenciando também na aceitação e enfrentamento dos 
pais. Assim, devemos lembrar de que a adolescência é, na maioria das vezes, reconhecida como um 
período hos l e cheio de estereó pos com os quais se tenta definir, caracterizar, assinalar e isolar os 
adolescentes do mundo dos adultos, de acordo com Aberastury e Knobel (2003). 
É ISSO AÍ! 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de: 
 aprender sobre a evolução do adolescente na história; 
 conhecer os marcos legais para a saúde do adolescente; 
 estudar sobre o desenvolvimento corporal e sico do adolescente; 
 aprender sobre as etapas do crescimento e quais as mudanças que ocorrem em cada uma 
delas; 
 conhecer sobre a síndrome do adolescente normal e quais as mudanças que ocorrem nessa 
síndrome. 
REFERÊNCIAS 
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UNIDADE 2 SITUAÇÕES DE 
VULNERABILIDADE, DESENVOLVIMENTO DA 
SEXUALIDADE E O PAPEL DA FAMÍLIA NA 
ADOLESCÊNCIA 
 
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INTRODUÇÃO 
Você está na unidade Situações de vulnerabilidade, desenvolvimento da sexualidade e o papel da 
família na adolescência. Conheça aqui sobre os fatores de vulnerabilidade e risco na adolescência. 
Aprenda sobre a sexualidade e no que ela pode influenciar na vida do jovem. Entenda também qual 
é o papel do serviço de saúde no reconhecimento e na expressão da sexualidade. 
Por fim, conheça qual é o papel da família na vida do adolescente e como ela pode auxiliar no 
enfretamento dos fatores de risco, vulnerabilidade e no processo de descobrimento da sexualidade. 
Bons estudos! 
1 ADOLESCÊNCIA, CULTURA, VULNERABILIDADE E RISCO 
O período da adolescência é um momento de transformação social do indivíduo. Ele passa por uma 
inserção dentro da sociedade, deixando de ser uma criança protegida pelos pais e passa a ser um 
indivíduo responsável por si. Esse período oferece muitas mudanças sociais e experiências novas. 
Devido às várias situações vivenciadas pelos adolescentes em um período de tempo curto, eles 
tornam-se vulneráveis em diversas situações. 
1.1 VULNERABILIDADE E ADOLESCÊNCIA 
A vulnerabilidade é considerada como uma exposição do indivíduo a fatores que possibilitam o 
adoecimento do corpo ou da mente, ou seja, vulnerabilidade psicológica e/ou biológica. Assim, na 
tenta va de prevenção, propõem-se medidas que busquem minimizar situações de risco do 
indivíduo ou do cole vo, a fim de reduzir a vulnerabilidade individual, social e 
a programá ca (vulnerabilidade do sistema). 
Quando pensamos na vulnerabilidade individual, estamos nos referindo ao grau de informação que 
o indivíduo possui em relação ao problema a que está exposto, ou seja, o seu conhecimento sobre 
a situação atual. Associada a isso, temos a capacidade individual de assimilar e incorporar o 
problema, a fim de buscar prevenção ou solução que reduza, minimize ou acabe com o risco. Isso é 
importante na adolescência, pois esses indivíduos nem sempre conseguem iden ficar o problema, 
como, por exemplo, quando estão expostos ao uso de drogas. Neste caso, eles acham que não se 
trata de uma adversidade e acreditam que isso não irá afetar sua vida, porém estão expostos ao risco 
do vício e também a uma porta aberta para outras situações, como o tráfico e a violência. 
O adolescente fica exposto a muitas informações e, muitas vezes, não as assimilam rapidamente, 
sendo importante conhecer cada indivíduo de maneira par cular e única para que a prevenção 
possa ser efe va. É imprescindível conhecer também o ambiente social em que ele está inserido, 
pois, geralmente, a exposição a fatores de risco em comunidades carentes, por exemplo, é maior 
devido às condições socioeconômicas. O trabalho educa vo com o adolescente sobre as temá cas 
que oferecem risco e são frequentes, como, por exemplo, as doenças sexualmente transmissíveis, a 
sexualidade e o uso de álcool e drogas, tem efe vidade, uma vez que eles ficam expostos a esses 
fatores em busca de algo novo ou do desafio oferecido, segundo Aberastury e Knobel (2003). 
Quando refle mos sobre o individual devemos pensar também nas caracterís cas de cada um, tais 
como situações que envolvem preconceito, violência e a desigualdade de gênero, que podem ser 
algo comum na infância do jovem e que afetam diretamente o seu modo comportamental e de 
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enfretamento das mudanças que vivencia durante o desenvolvimento da sua adolescência. Quando 
uma criança foi subme da a violência sexual, por exemplo, na adolescência, ela pode apresentar 
dificuldades em situações que envolvam assuntos relacionados ao sexo, ou até mesmo à sua própria 
sexualidade. 
Em relação à vulnerabilidade social, afirma-se que ela está relacionada diretamente com a obtenção 
das informações, bem como a sua incorporação e assimilação. Sendo a comunicação, a escola e 
disponibilidade de recursos materiais de informação e as polí cas sociais fatores que influenciam na 
vulnerabilidade social. Apesar das polí cas públicas visarem atender as condições sociais de todos 
os indivíduos, devemos traçar medidas diferencias de acordo com cada grupo social. Por exemplo, 
medidas de informação para adolescentes de uma comunidade carente podem não ser as mesmas 
de adolescentes com um nível social maior, devido os meios que conseguem informações, de acordo 
com Aberastury e Knobel (2003). 
Quando analisamos o contexto social, além dos aspectos econômicos que proporcionam uma 
desigualdade social, temos o acesso a informações, acesso aos recursos mínimos para a 
sobrevivência individual, à violência vivenciada no co diano, às desigualdades relacionadas à etnia 
e ao acesso aos serviços de saúde. Todos esses aspectos influenciam diretamente em como a 
sociedade consegue agir frente a fatores que os colocam em risco. 
Já a vulnerabilidade programá ca ou do sistema está relacionada aos recursos que as polí cas 
públicas oferecem. Sendo a qualidade, os recursos, a gerência e o monitoramento da efe vidade 
das polí cas fundamentais para o seu sucesso. As medidas de prevenção podem ser traçadas de 
maneira geral para a população, porém os grupos mais vulneráveis devem ter medidas que 
complementem as medidas gerais, com o obje vo de minimizar os riscos. Uma das medidas polí cas 
está na construção de ações direcionadas às necessidades da comunidade, como, por exemplo, o 
grande número de doenças sexualmente transmissíveis em adolescentes, oferecendo informações 
de como prevenir e também garan ndo o acesso aos preserva vos gratuitamente disponibilizados 
pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 
O profissional de saúde, ao pensar na vulnerabilidade, deve estar atento ao fato de que ela não 
ocorre de forma unitária, sendo, na verdade, grada va e podendo estar em vários graus diferentes 
e modificáveis. Os fatores que influenciam os riscos podem ser mudados ao longo do tempo, pois os 
fatores que, no passado, colocavam os adolescentes em risco não são os mesmo de hoje. Observa-
se que houve mudanças, como aumento da violência, maior facilidade ao acesso a drogas, aumento 
no uso e abuso de álcool, por exemplo. Portanto, não podemos dizer que as pessoas são vulneráveis, 
mas que estão vulneráveis, pois isso é algo mutável ao longo por tempo e do espaço em que ela 
vive, conforme Aberastury e Knobel (2003). 
Quando pensamos apenas nos adolescentes, devemos lembrar dos fatores associados e mais 
comuns a elesque são: 
 a gravidez não planejada; 
 o aborto; 
 o sexo inseguro; 
 os múl plos parceiros sexuais; 
 o uso e abuso de álcool e drogas; 
 maior exposição a situações de violência. 
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Todos esses fatores o tornam mais vulnerável e podem comprometer a sua saúde e qualidade de 
vida. Apesar de usarmos o termo adolescente como algo similar e único, deveríamos usar o conceito 
de adolescências, pois cada grupo de adolescente será influenciado pelo seu meio social, cultura e 
econômico. Assim como a forma de vivenciar e de amadurecer em cada grupo será dis nta e as 
vulnerabilidades também serão diferentes. 
Alguns fatores serão comuns, como as mudanças comportamentais e os períodos em que os jovens 
irão apresentar caracterís cas como audácia, descoordenação, desinteresse, urgências e apa a. A 
maioria também passa por um período de crise religiosa, podendo oscilar desde o ateísmo até o 
mis cismo fervoroso. Não é incomum que os adolescentes também apresentem variação na 
autoes ma, estando em alguns momentos baixa e em outras elevada, como se fossem onipotentes. 
Isso pode estar relacionado ao uso de substâncias psicoa vas e também à displicência sexual. 
Alguns adolescentes tornam-se mais vaidosos, ficando expostos, muitas vezes, à mídia e buscando 
padrões de beleza nos estereó pos sociais. Isso pode influenciar também no consumismo, querendo 
comprar coisas que não são necessárias, apenas pelo desejo de sen rem-se poderosos e aumentar 
a sua autoes ma, podendo ocorrer revolta quando eles não conseguem o que desejam, mudando 
o humor e o comportamento momentaneamente. 
Quando o adolescente sente que é onipotente, isso oferece um risco, pois jus ficam as suas ações 
baseadas na crença de que não serão a ngidos nega vamente” e acabam ficando expostos a riscos 
como gravidez indesejada, sexo desprotegido e overdose devido ao consumo excessivo de drogas. 
A onipotência é uma caracterís ca importante, principalmente para a autoafirmação do 
adolescente, mas isso deve ocorrer de maneira que não o coloque em risco. Para isso, é importante 
que ele tenha informação sobre os riscos e sobre as formas de prevenção. A percepção temporal e 
a sua relação com as consequências não são claras para o adolescente, logo, ele não pensa que uma 
relação sexual desprotegida pode acarretar em uma gravidez que irá mudar toda a sua vida ou uma 
doença sexualmente transmissível que poderá acarretar em problemas temporários ou 
permanentes como no caso do HIV. 
O início da vida sexual a va, atualmente, é precoce, variando dos 12 aos 17 anos, o que aumenta a 
chance de gravidez em até 20 vezes, pois nem sempre as medidas contracep vas são adotas devido 
à falta de informação ou até mesmo pelo desafio do novo. Os pais, muitas vezes, não sabem sequer 
que os filhos já iniciaram a vida sexual, devido ao tabu que existe em torno do assunto. Além disso, 
quando os pais são ques onados sobre conversarem com seus filhos sobre sexo, muitos relatam não 
conversar, devido à dificuldade em tratar desse assunto, de acordo com Aberastury e Knobel (2003). 
O comportamento grupal é outro fator que pode ser prote vo ou não para o adolescente. Quando 
ele está inserido em grupos que buscam um comportamento mais tranquilo, sem buscar medidas 
que ofereçam risco à saúde ou transgressão às regras sociais, por exemplo, os jovens ficam mais 
protegidos e se expõem menos aos riscos. No entanto, quando ele busca no grupo formas de 
vivenciar novas experiências de maneira não racional e que transgridam as regras, isso pode ser 
perigoso. A maioria dos adolescentes buscam grupos em que ele possa se iden ficar e, quando não 
ocorre essa assimilação, ele pode mudar seu comportamento para se enquadrar em outro grupo. A 
mudança de comportamento para pertencer e ser aceito em um grupo pode ser posi vo, quando 
não precisa, por exemplo, encarar desafios que mostrem que ele é digno do grupo, como usar 
alguma droga, consumir álcool ou até mesmo dirigir sem habilitação. 
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1.2 EXPOSIÇÃO AO RISCO 
Durante o período da adolescência, é comum a vivência de situações de risco. Quando pensamos 
no risco, ele assume vários sen dos para o adolescente como o risco de perder sua iden dade a 
par r da submissão a um grupo social ou ao grupo familiar; o risco de não conseguir se inserir em 
um grupo social; o risco de não conseguir algo desejado e o risco de não ser uma pessoa de sucesso. 
Todos esses riscos são, muitas vezes, psicológicos e nem sempre são reais na vida do adolescente. 
Contudo, isso pode acarretar em ações autodestru vas com o obje vo da conquista de algo. Por 
isso, o adolescente pode assumir ações autodestru vas como o uso de drogas em geral, 
envolvimento em brigas e em situações de violência e até mesmo o autoextermínio, por exemplo. 
Outro risco é a busca de um padrão de beleza e esté ca corporal que leva a mudanças radicais no 
padrão alimentar e pode acarretar em bulimia ou anorexia. Isso pode ser influenciado até pela 
própria família que incen va, na maioria das vezes, as meninas a buscarem um corpo magro como 
um padrão de beleza e aceitação social. 
Assista aí 
As a tudes agressivas fazem parte do indivíduo, até mesmo como um mecanismo de defesa. Essas 
a tudes são modificadas ao longo dos anos, mas sofrem influência direta do ambiente em que o 
indivíduo está inserido. Quando bebê, a pessoa tem a sua primeira relação com as a tudes 
agressivas, estando relacionada diretamente com o ambiente familiar. Já na adolescência, essa 
relação pode mudar, não ocorrendo a agressividade sica com o outro, mas com o próprio indivíduo, 
como, por exemplo, no isolamento social, a tudes de mu lação corporal e na própria delinquência. 
Assim, o ambiente social irá predizer como o jovem irá lidar com as a tudes agressivas, pois se ele 
es ver em um ambiente que leve à privação e a situações de exclusão, ele irá reagir a isso de forma 
violenta, segundo Aberastury e Knobel (2003). 
A violência na adolescência torna-se um fator que aumenta a sua exposição ao risco, pois 
geralmente está relacionada ao não acesso a recursos básicos como educação, saúde, lazer e 
trabalho. Outros riscos para o adolescente são criados pelo próprio sistema de saúde, pois a busca 
deste ao serviço de saúde para obtenção de informação ou até mesmo o tratamento de alguma 
patologia normalmente está associada à presença dos pais ou de um responsável. Isso pode 
dificultar a adesão ao tratamento, principalmente quando a busca for relacionada a sexualidade ou 
ao uso de drogas. Em geral, o adolescente não busca o sistema de saúde, pois não quer que a família 
fique sabendo que iniciou a vida sexual ou que fez uso de alguma droga, por isso eles tendem a se 
esquivar do sistema e buscam resolver seus problemas dentro do grupo em que estão inseridos, 
sem sucesso na maioria das vezes. Então, os serviços de saúde precisam estar atentos em relação à 
busca do serviço pelos adolescentes, realizando o acolhimento e o atendimento, se necessário, sem 
a presença de um acompanhante, criando, assim, um vínculo e também propiciando um ambiente 
em que possa haver a troca de informações e, consequentemente, a redução dos riscos a que o 
jovem possa se expor, conforme Aberastury e Knobel (2003). 
Dessa forma, é possível criar um ambiente de resposta social às necessidades dos adolescentes, 
ampliando o seu acesso a informações e a recursos de proteção. Além disso, pode-se propiciar 
uma transformação social mais profunda que possibilitará a troca de conhecimento entre o serviço 
de saúde e o adolescente, oferecendo informações sobre prevenção e saúde e conhecendo as 
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necessidades dos adolescentes daquela comunidade, por exemplo. A par r disso, exis rá uma troca 
saudável de informações e a redução dos riscos para os adolescentes. 
2 SEXUALIDADE 
A sexualidade é uma parte inerente ao ser humano, fazendoparte da sua vida e da sua saúde. Ela é 
um fenômeno que possui aspectos biológicos, culturais, históricos, sociais e psicológicos que 
influenciam na maneira de compreender e viver do indivíduo como homem ou mulher. 
Ela não está relacionada apenas com a reprodução, mas, sim, com aspectos culturais e sociais que 
são expressos nos sen mentos amorosos, desejos pessoais e nas prá cas sexuais. 
2.1 SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA 
A Cons tuição Brasileira estabelece os direitos humanos e, dentre entres, está garan do o direito 
sexual e reprodu vo do indivíduo. Assim, a sexualidade é garan da, mas precisa ser vivenciada 
respeitando o próprio corpo e o corpo do outro, cabendo ao indivíduo escolher seu parceiro sem 
medo, vergonha ou crenças falsas. Além disso, a relação sexual não tem apenas fins reprodu vos, 
podendo a pessoa exercer sua orientação sexual livremente. Em relação à educação sexual e 
reprodu va, todos têm direito a orientações sobre o planejamento familiar, quando assim 
desejarem, segundo Brasil (1988). 
Qualquer pessoa tem o direito de escolher se quer ou não ter filho e, quando decidir por tê-los, pode 
escolher quantos deseja ter e qual o melhor momento da sua vida para isso. Também é garan do 
que todos tenham acesso às informações sobre os métodos contracep vos e acesso gratuito a eles, 
podendo exercer sua sexualidade de maneira livre, sem discriminação, coerção e violência. 
No entanto, para que ocorra a expressão da sexualidade de maneira livre, é importante que as 
relações humanas sejam consideradas e o conceito de gênero esteja claro. O gênero refere-se à 
construção social do sexo. Isso que dizer que cada cultura tem o seu universo masculino e feminino 
e, a par r disso, cada grupo social cria os seus papéis sobre o comportamento, o direito e a 
responsabilidade de cada gênero. Como se trata de uma divisão cultural, irá variar de acordo com o 
local social inserido pelo indivíduo, como, por exemplo, o papel da mulher no Islã que é diferente do 
seu papel no Brasil, não exis ndo, portanto, certo ou errado, mas sim papéis culturais diferentes. 
No adolescente, a sexualidade é manifestada a par r do início da puberdade, momento em que 
ocorrem diferentes sensações corporais, surgindo os primeiros desejos, por meio da interação 
interpessoal. A par r disso, o adolescente expressa sua sexualidade, porém ela é influenciada 
diretamente pela qualidade das suas relações emocional e afe va, estando ligada à sua relação na 
infância e na vivência atual. Além disso, ocorre relação com o seu grupo de pares e as transformações 
sicas, psicológicas e sociais vivenciadas. As crenças individuais, as tradições da família e do próprio 
adolescente também influenciam na expressão da sua sexualidade, de acordo com Ministério da 
Saúde (2017). 
2.2 PAPEL DO SERVIÇO DE SAÚDE NA EXPRESSÃO DA SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE 
O adolescente, quando inicia a busca da sua sexualidade, apresenta inseguranças, dúvidas e 
desconhecimentos, além de vergonhas, medos e preconceitos. Ademais, pode tornar-se vulnerável,

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