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@ G U I A D A O A B
Questões para
FILOSOFIA
Comentadas
 
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1 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 01 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVII - Primeira Fase 
 
“...a justiça tem um papel a desempenhar na determinação do que é o direito.” 
Ronald Dworkin 
 
Um dos mais importantes debates no âmbito da Filosofia do Direito é a relação entre direito e moral. Esse 
tema costuma dividir o posicionamento de positivistas e não positivistas. Ronald Dworkin, um dos mais 
influentes filósofos do direito contemporâneo, em seu livro A Justiça de Toga, se posiciona expressamente 
sobre essa questão. 
Assinale a opção que expressa o posicionamento desse autor no livro em referência 
 
A) A moral é parte do Direito porque, ao tomar decisões no âmbito de um processo judicial, um juiz ou uma 
juíza devem julgar de acordo com a sua consciência, seguindo aquilo que acham correto. 
B) O Direito não se confunde com a moral, pois são formas distintas de conhecimento. Além disso, a norma 
jurídica e a norma moral possuem formas diferentes, sendo a primeira subjetiva e a segunda objetiva. 
C) A moral e o Direito devem ser tratadas como áreas específicas e distintas de conhecimento, a menos que 
o legislador inclua critérios morais no direito positivo, caso em que eles seriam complementares, embora 
independentes. 
D) O Direito deveria ser tratado como um segmento da moral, não como algo separado dela. Dessa forma, a 
teoria jurídica deveria ser considerada uma parte especial da moral política. 
 
COMENTÁRIOS: 
Alternativa correta Letra D. 
 
Com base no enunciado é correto afirmar que o Direito deveria ser tratado como um segmento da moral, 
não como algo separado dela. Dessa forma, a teoria jurídica deveria ser considerada uma parte especial da 
moral política. 
 
Ronald Dworkin (1931-2013) estabeleceu as bases para o pós-positivismo, de modo a propor um modelo de 
Direito que se reaproxima da Moral, a qual havia sido afastada pelos positivistas e seu relativismo. 
 
No livro A Justiça de Toga, Dworkin recapitula a relação entre Direito e Moral, buscando demonstrar ser 
necessária toda uma teoria, desenvolvida ao longo de diferentes estágios. De acordo com o autor, o Direito 
é um ramo da moralidade política que, por sua vez, é um ramo da moral pessoal que, a seu turno, é um ramo 
da Teoria do Bem Viver. Ainda assim, de acordo com ele, o Direito goza de cristalina autonomia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 02 - FGV - 2023 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVII - Primeira Fase 
 
Operadores do Direito, com relativa frequência, precisam enfrentar situações dramáticas que envolvem a 
vida humana ou o corpo humano. Em casos como esses, nem sempre a lei oferece uma determinação clara 
e unívoca. Certas vezes a filosofia oferece uma base mais consistente de reflexão e argumentação. 
Assinale a opção que apresenta o conhecido imperativo categórico de Kant, muitas vezes citado nos 
debates relativos a essas situações dramáticas. 
 
A) O homem é um animal político e como tal possui o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto, 
sobre os quais pode se manifestar graças ao dom da fala e de sua capacidade de comunicação. 
B) A normatização que regula a relação entre o todo e as partes deve ser considerada justa, de forma a 
realizar a distribuição proporcional dos bens comuns. 
C) Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, 
sempre e simultaneamente como um fim e nunca como um meio. 
D) O mundo ético vivo é o espírito em sua verdade; assim que o espírito chega ao saber abstrato de sua 
essência, a eticidade decai na universalidade formal do Direito. 
 
COMENTÁRIOS: 
Alternativa correta Letra C. 
 
Os imperativos categóricos prescrevem uma ação boa em si mesma, em sentido absoluto, que deve ser 
cumprida incondicionalmente, ou com nenhum outro fim senão o seu cumprimento enquanto ação devida. 
São próprios da moral. 
 
Immanuel Kant (1724-1804) apresentou três formulações para o imperativo categórico (KANT, I. 
Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela, Lisboa, Portugal: Edições 70, LDA, 
2007. p. 59-61), quais sejam: 
 
Como fórmula da lei da natureza: "age como se a máxima de tua ação devesse ser transformada em lei 
universal da Natureza"; 
Como fórmula da humanidade: "age de tal maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na 
outra pessoa, sempre como um fim e nunca como um meio"; e 
Como fórmula da universalidade: "age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal para 
todos os seres racionais". 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 03 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase 
 
Juízes e juristas, ademais, são muito mal aparelhados para fazer esse tipo de avaliação [consequencialista], 
em comparação com o braço executivo do governo, ou mesmo do legislador. Neil MacCormick. 
Neil MacCormick, em seu livro Retórica e o Estado de Direito, afirma que um certo tipo de raciocínio 
consequencialista tem importância decisiva na justificação das decisões jurídicas. Contudo, ele reconhece 
que há dificuldades para se adotar essa postura consequencialista. 
Assinale a opção que, segundo o autor, na obra citada, expressa tal dificuldade. 
 
A) A dificuldade está na extensão das consequências que os juízes devem considerar e nas bases sobre as 
quais eles devem avaliá-las. 
B) É difícil fazer uma análise isenta, pois as convições religiosas de um juiz o fazem projetar as consequências 
de suas decisões nos termos de sua cosmovisão. 
C) É preciso decidir com base nos textos legais e é impossível fazer juízos consequencialistas a partir daquilo 
que dizem as normas jurídicas. 
D) O juízo consequencialista se adequa ao sistema de direito romano-germânico, mas não ao sistema de 
direito consuetudinário, portanto, é muito difícil torná-lo um padrão universal. 
 
COMENTÁRIOS: 
Alternativa correta Letra A. 
 
A resposta pode ser encontrada no livro do autor Neil MacCormick, no seguinte trecho: 
 
“o que é difícil em relação a essa postura consiste na extensão das consequências que os juízes devem 
considerar, e nas bases sobre as quais eles devem avaliá-las. As consequências sociais, especialmente aquelas 
de longo prazo, que surgem ao se adotar uma regra jurídica ao invés de outra são notoriamente difíceis de 
calcular. (...) Uma dificuldade adicional diz respeito à própria avaliação. Mesmo que você tenha estabelecido 
as consequências prováveis de tomar uma decisão ao invés de outra, como pode avaliá-las? Há um único 
critério de avaliação possível, tal como defendem os partidários da "análise econômica do Direito" ou isso 
conduz apenas a uma técnica arbitrária para sujeitar valores incomensuráveis a uma única escala de 
julgamento?" (MACCORMICK, Neil. Retórica e o Estado de Direito. Elsevier, 2008, p. 138-139). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 04 - FGV - 2022 - OAB - Exame da Ordem Unificado XXXVI - Primeira Fase 
 
“O problema da eficácia nos leva ao terreno da aplicação das normas jurídicas, que é o terreno dos 
comportamentos efetivos dos homens que vivem em sociedade...” Norberto Bobbio 
 
Norberto Bobbio, em seu livro Teoria da Norma Jurídica, ao tratar dos critérios de valoração da norma 
jurídica, fala de trêscritérios possíveis: justiça, validade e eficácia. 
Com relação ao critério da eficácia na obra em referência, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Relaciona-se ao problema da interdependência necessária entre os critérios, isto é, para que uma regra 
seja eficaz, ela deve também ser válida e ser justa. 
B) Diz respeito ao problema de uma norma ser ou não seguida pelas pessoas a quem é dirigida e, no caso de 
violação, ser imposta por via coercitiva pela autoridade que a evocou. 
C) Trata-se do problema da correspondência ou não da norma aos valores últimos ou finais que inspiram um 
determinado ordenamento jurídico, expressos pelo legislador de maneira mais ou menos explícita. 
D) Refere-se ao problema da existência da regra enquanto tal e se resolve com um juízo de fato, isto é, trata-
se de constatar se uma regra assim determinada pertence ou não a um ordenamento jurídico. 
 
COMENTÁRIOS: 
Alternativa correta Letra B. 
 
Vejamos o que diz Noberto Bobbio em sua obra: 
 
“o problema da eficácia de uma norma é o problema de ser ou não seguida pelas pessoas a quem é dirigida 
(os chamados destinatários da norma jurídica) e, no caso de violação, ser imposta posta através de meios 
coercitivos pela autoridade que a evocou. Que uma norma exista como norma jurídica não implica que seja 
também constantemente seguida. Não é nossa tarefa aqui indagar quais possam ser as razões para que uma 
norma seja mais ou menos seguida. Limitamo-nos a constatar que há normas que são seguidas 
universalmente de modo espontâneo (e são as mais eficazes), outras que são seguidas na generalidade dos 
casos somente quando estão providas de coação, outras, ainda, que não são seguidas apesar da coação, e 
outras, enfim, que são violadas sem que nem sequer seja aplicada a coação (e são as mais ineficazes)” 
(BOBBIO, Norberto. Justiça, validade e eficácia; As proposições prescritivas. In: BOBBIO, Norberto. Teoria da 
norma jurídica. São Paulo: Edipro, 2016, p. 47-48). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 05 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase 
 
A calamidade dos que não têm direitos não 
decorre do fato de terem sido privados da vida, da 
liberdade ou da procura da felicidade... Sua 
situação angustiante não resulta do fato de não 
serem iguais perante a lei, mas sim de não 
existirem mais leis para eles... 
 
Hannah Arendt 
 
A filósofa Hannah Arendt, em seu livro As Origens do Totalitarismo, aborda a trágica realidade daqueles 
que, com os eventos da II Guerra Mundial, perderam não apenas seu lar, mas a proteção do governo. Com 
isso, ficaram destituídos de seus direitos e, também, sem a quem pudessem recorrer. 
Diante disso, Hannah Arendt afirma que, antes de todos os direitos fundamentais, há um primeiro direito 
a ser garantido pela própria humanidade. 
Assinale a opção que o apresenta. 
 
A) O direito à liberdade de consciência e credo. 
B) O direito a ter direitos, isto é, de pertencer à humanidade. 
C) O direito de resistência contra governos tiranos. 
D) O direito à igualdade e de não ser oprimido. 
 
COMENTÁRIOS: 
Alternativa correta letra B. 
 
A questão trata de um debate filosófico importante que ocorreu desde a carta de 1789, ocasião em que se 
discutiu a distinção entre os “direitos do homem”, independentemente de sua nacionalidade, e os “direitos 
do cidadão”, próprios unicamente dos franceses. 
 
A professora Hannah Arendt assinalou que, com a consolidação das nações-Estados, no curso do século XIX, 
os direitos do homem foram absorvidos pelos direitos do cidadão. 
 
E isso tomou uma dimensão ainda mais grave com o advento do Estado totalitário, ocasião em que os homens 
e as mulheres privados de nacionalidade acabaram perdendo toda capacidade jurídica; ou seja, deixaram de 
ser pessoas. 
 
Hannah Arendt defendia, portanto, que ser pessoa significa possuir capacidade jurídica, ou o direito a ter 
direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 06 - FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase 
 
É possível que, diante de um caso concreto, seja aceitável a aplicação tanto de uma lei geral quanto de 
uma lei especial. Isso, segundo Norberto Bobbio, em seu livro Teoria do Ordenamento Jurídico, caracteriza 
uma situação de antinomia. 
Assinale a opção que, segundo o autor na obra em referência, apresenta a solução que deve ser adotada. 
 
A) Deve ser feita uma ponderação de princípios entre a lei geral e a lei especial, de forma que a lei que se 
revelar menos razoável seja revogada. 
B) Deve prevalecer a lei especial sobre a lei geral, de forma que a lei geral seja derrogada, isto é, caia 
parcialmente. 
C) Deve ser verificada a data de edição de ambas as leis, pois, nesse tipo de conflito entre lei geral e lei 
especial, deve prevalecer aquela que for posterior. 
D) Deve prevalecer a lei geral sobre a lei especial, pois essa prevalência da lei geral é um momento 
ineliminável de desenvolvimento de um ordenamento jurídico. 
 
COMENTÁRIOS: 
Alternativa correta letra B. 
 
Na obra mencionada na questão, Norberto Bobbio explica o que é antinomia: 
“Como antinomia significa o encontro de duas proposições incompatíveis, que não podem ser ambas 
verdadeiras, e, com referência a um sistema normativo, o encontro de duas normas que não podem ser 
ambas aplicadas, a eliminação do inconveniente não poderá consistir em outra coisa senão na eliminação de 
uma das duas normas (no caso de normas contrárias, também na eliminação das duas)” 
(BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 6ª ed., 1995, 
p. 91). 
 
Bobbio noticia que a jurisprudência elaborou algumas regras para a solução das antinomias: “…o critério 
cronológico serve quando duas normas incompatíveis são sucessivas; o critério hierárquico serve quando 
duas normas incompatíveis estão em nível diverso; o critério de especialidade serve no choque de uma 
norma geral com uma norma especial” (BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Brasília: Editora 
Universidade de Brasília, 6ª ed., 1995, p. 97). 
 
Esse terceiro critério, chamado por Bobbio de lex specialis “é aquele pelo qual, de duas normas 
incompatíveis, uma geral e uma especial (ou excepcional), prevalece a segunda: lex specialis derogat generali. 
Também aqui a razão do critério não é obscura: lei especial é aquela que anula uma lei mais geral, ou que 
subtrai de uma norma uma parte da sua matéria para submetê-la a uma regulamentação diferente (contrária 
ou contraditória)” (BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Brasília: Editora Universidade de 
Brasília, 6ª ed., 1995, pp. 95-96). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 07 - (2020/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) 
 
É preciso sair do estado natural, no qual cada um age em função dos seus próprios caprichos, e 
convencionar com todos os demais em submeter-se a uma limitação exterior, publicamente acordada, e, 
por conseguinte, entrar num estado em que tudo que deve ser reconhecido como seu é determinado pela 
lei... Immanuel Kant A perspectiva contratualista de Kant, apresentada na obra Doutrina do Direito, 
sustenta ser necessário passar de um estado de natureza, no qual as pessoas agem egoisticamente, para 
um estado civil, em que a vida em comum seja regulada pela lei, como forma de justiça pública. Isso implica 
interferir na liberdade das pessoas. 
Em relação à liberdade no estado civil, assinale a opção que apresenta a posição queKant sustenta na obra 
em referência. 
 
a) O homem deixou sua liberdade selvagem e sem freio para encontrar toda a sua liberdade na dependência 
legal, isto é, num estado jurídico, porque essa dependência procede de sua própria vontade legisladora. 
b) A liberdade num estado jurídico ou civil consiste na capacidade da vontade soberana de cada indivíduo de 
fazer aquilo que deseja, pois somente nesse estado o homem se vê livre das forças da natureza que limitam 
sua vontade. 
c) A liberdade civil resulta da estrutura política do estado, de forma que somente pode ser considerado 
liberdade aquilo que decorre de uma afirmação de vontade do soberano. No estado civil, a liberdade não 
pode ser considerada uma vontade pessoal. 
d) Na república, a liberdade é do governante para governar em prol de todos os cidadãos, de modo que o 
governante possui liberdade, e os governados possuem direitos que são instituídos pelo governo. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra a. 
 
Em relação a provas anteriores, esse Exame foi relativamente simples. Os autores cobrados são clássicos e 
estudados em diversas disciplinas do curso de Direito, não especificamente nas disciplinas de Filosofia. A seu 
turno, a questão tenta confundir o examinando com a inclusão de alternativas que podem se referir a outros 
autores, mas não ao autor proposto. A alternativa b, em verdade, corresponde ao estado de natureza, pelo 
qual o indivíduo não sofre limitações que não aquelas decorrentes do estado das coisas e de suas capacidades 
físicas. O próprio texto motivador da questão ajuda a afastar essa alternativa. A alternativa c trata do Estado 
absolutista, em que a vontade do monarca se sobrepõe à dos demais indivíduos. Kant faz parte do 
iluminismo, que representou a corrente teórica que fundamentou os ideais liberais que derem origem às 
revoluções do Século XVIII. A última alternativa tem preferência o proposto por Rousseau em relação à noção 
de nação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 08 - (2020/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) 
 
Temos pois definido o justo e o injusto. Após distingui-los assim um do outro, é evidente que a ação justa 
é intermediária entre o agir injustamente e o ser vítima da injustiça; pois um deles é ter demais e o outro 
é ter demasiado pouco. 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Em seu livro Ética 
a Nicômaco, Aristóteles apresenta a justiça como uma virtude e a diferencia daquilo que é injusto. 
Assinale a opção que define aquilo que, nos termos do livro citado, deve ser entendido como justiça 
enquanto virtude. 
 
a) Uma espécie de meio-termo, porém não no mesmo sentido que as outras virtudes, e sim porque se 
relaciona com uma quantia intermediária, enquanto a injustiça se relaciona com os extremos. 
b) Uma maneira de proteger aquilo que é o mais conveniente para o mais forte, uma vez que a justiça como 
produto do governo dos homens expressa sempre as forças que conseguem fazer valer seus próprios 
interesses. 
c) O cumprimento dos pactos que decorrem da vida em sociedade, seja da lei como pacto que vincula todos 
os cidadãos da cidade, seja dos contratos que funcionam como pactos celebrados entre particulares e 
vinculam as partes contratantes. 
b) Um imperativo categórico que define um modelo de ação moralmente desejável para toda e qualquer 
pessoa e se expressa da seguinte maneira: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por meio 
da tua vontade, uma lei universal”. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra a. 
 
A alternativa B trata do estado de natureza, que, por seu estado de coisas, não pode ser considerado justo 
ou injusto, apenas é. A alternativa C se refere ao contratualismo, que vem muitos séculos após a obra de 
Aristóteles. A alternativa D se refere ao proposto pela teoria de Kant. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 09 - (2014/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) 
 
Em seu livro Levando os Direitos a Sério, Ronald Dworkin cita o caso Riggs contra Palmer, em que um jovem 
matou o próprio avô para ficar com a herança. O Tribunal de Nova Iorque (em 1889) julga o caso 
considerando que a legislação do local e da época não previa o homicídio como causa de exclusão da 
sucessão. Para solucionar o caso, o Tribunal aplica o princípio, não legislado, do direito que diz que 
ninguém pode se beneficiar de sua própria iniquidade ou ilicitude. Assim, o assassino não recebeu sua 
herança. 
Com esse exemplo podemos concluir que a jusfilosofia de Ronald Dworkin, dentre outras coisas, pretende 
 
a) revelar que a responsabilidade sobre o maior ou menor grau de justiça de um ordenamento jurídico é 
responsabilidade exclusiva do legislador que deve se esforçar por produzir leis justas. 
b) mostrar como as cortes podem ser ativistas quando decidem com base em princípios e não com base na 
lei e que decidir assim fere o estado de direito. 
c) defender que regras e princípios são normas jurídicas que possuem as mesmas características e, por isso, 
ambos podem ser aplicados livremente pelos tribunais. 
d) argumentar que regras e princípios são normas com características distintas e em certos casos os princípios 
poderão justificar de forma mais razoável a decisão judicial, pois a tornam também moralmente aceitável. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra d. 
 
No caso citado, Dworkin aponta que existe uma contraposição entre o comportamento do indivíduo e o 
comportamento que a sociedade deseja incentivar. Para o autor, não pode ser considerado adequado o 
estímulo a homicídios com a intenção de receber um adiantamento de herança. Por tal motivo, não se deve 
permitir esse resultado no âmbito do ordenamento jurídico. 
O que torna o caso atípico, para Dworkin, é o fato de que o resultado da aplicação das regras vigentes ao 
caso conduziria a um resultado que estimularia outros atos no mesmo sentido. Nesse contexto, para o autor, 
haveria a necessidade de chamar à solução do litígio os princípios liberais que regem o ordenamento jurídico. 
No caso específico, aplica-se a noção de ordenamento jurídico como Integridade, o que significa que o 
ordenamento jurídico deve ser construído sobre bases coerentes e que respeite os princípios liberais básicos. 
Dessa forma, o que se tem é que os princípios devem conduzir a uma aplicação racional do ordenamento 
jurídico, de forma a evitar decisões que afrontem os fundamentos liberais do ordenamento 
jurídico. 
 
a) Errada. Retira da responsabilidade do Poder Judiciário a análise da integridade do ordenamento jurídico, 
deixando exclusivamente ao Poder Legislativo tal tarefa. 
b) Errada. Apresenta uma crítica ao ativismo judicial, o que retiraria, tal como a letra a, do Poder Judiciário 
qualquer papel na construção do ordenamento jurídico. 
c) Errada. Vai frontalmente contra a proposta de Dworkin. Para ele, as regras devem ser consideradas para a 
solução da maioria dos casos. Apenas em situações específicas, em que a solução alcançada pelas regras seja 
moralmente injustificável é que se deve utilizar os princípios para solucionar os casos postos a julgamento 
perante o Poder Judiciário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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10 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 10 - (2015/FGV/XVI EXAME DE ORDEM) 
 
Rudolf Von Ihering, em A Luta pelo Direito, afirma que “O fim do direito é a paz, o meio de atingi-lo, a 
luta.” Assinale a afirmativa que melhor expressa o pensamento desse autor 
 
a) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais desta sociedade, e ele resulta de uma luta 
de pessoas e grupos pelos seus própriosdireitos subjetivos. Por isso, o Direito é uma força viva e não uma 
ideia. 
b) O Direito é o produto do espírito do povo que é passado de geração em geração. Por isso, quando se fala 
em Direito, é preciso sempre olhar para a história e as lutas sociais. O Direito Romano é a melhor expressão 
desse processo. 
c) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de luta de classes, em que a 
classe dominante o usa para manter o controle sobre os dominados. 
d) O Direito resulta da ação institucional do Estado, e no parlamento são travadas as lutas políticas que 
definem os direitos subjetivos de uma sociedade. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra a. 
 
A obra de Ihering trazida na questão é uma obra fundamental para o estudante de Direito. De fato, foi essa 
obra que transformou o símbolo do Direito. Até então, o símbolo do Direito era a balança, o que representava 
o equilíbrio que se tentava alcançar por meio do Direito. A partir de Ihering, como por ele proposto, a espada 
passou a fazer parte desse símbolo, justamente para demonstrar que o Direito depende da força coercitiva 
do Estado para ser aplicável, ter consequência. 
 
Nesse contexto, o autor, nessa obra, tenta demonstrar a importância da luta para a afirmação e manutenção 
dos direitos. Para ele, sempre que um direito é violado, o indivíduo tem duas opções, lutar por ele ou desistir 
dele e, cada vez que desiste, perde um pouco de sua condição de ser humano. Isso porque o que distingue o 
ser humano dos outros seres é justamente o fato de que temos direitos. Ao renunciar, pois, a alguns desses 
direitos, abrimos mão também da condição de ser humano. 
Nesse contexto, o direito apenas faz sentido quando violado, que é quando o indivíduo se vê entre essas 
duas opções. Como a única opção aceitável é a luta, posto que a outra implica desistir daquele direito, a 
sociedade e os direitos de uma sociedade acabam construídos a partir daqueles direitos pelos quais a 
sociedade escolheu lutar. 
 
b) Errada. Apresenta uma perspectiva evolutiva do direito, uma vez que estabelece uma relação entre luta 
dos antepassados e surgimento do direito e passagem para as próximas gerações. Para Ihering, essa luta deve 
ser cotidiana. 
c) Errada. Apresenta uma perspectiva marxista do direito como meio para dominação das classes sociais. 
Ihering não trabalha com a noção de lutas de classes em sua obra. 
d) Errada. Transfere a responsabilidade pela defesa dos direitos ao Parlamento, o que está em desacordo 
com a obra de Ihering. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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11 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 11 - (2015/FGV/XVII EXAME DE ORDEM) 
 
“Mister é não olvidar que a compreensão do direito como ‘fato histórico-cultural’ implica o conhecimento 
de que estamos perante uma realidade essencialmente dialética, isto é, que não é concebível senão como 
‘processus’, cujos elementos ou momentos constitutivos são fato, valor e norma (...)” 
(Miguel Reale, In: Teoria Tridimensional do Direito) 
Assinale a opção que corretamente explica a natureza da dialética de complementaridade que, segundo 
Miguel Reale, caracteriza a Teoria Tridimensional do Direito. 
 
a) A relação entre os polos opostos que são o fato, a norma e o valor, produz uma síntese conclusiva entre 
tais polos. 
b) A implicação dos opostos na medida em que se desoculta e se revela a aparência da contradição, sem que, 
com esse desocultamento, os termos cessem de ser contrários. 
c) A síntese conclusiva que se estabelece entre diferentes termos, conforme o modelo hegeliano de tese, 
antítese e síntese. 
d) A estrutura estática que resulta da lógica de subsunção entre os três termos que constituem a experiência 
jurídica: fato, norma e valor. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra b. 
 
A dialética é um método de construção do pensamento pelo qual dois elementos contraditórios se reúnem 
para formar um terceiro, que seja capaz de reunir os anteriores, sem negá-los e sem copiá-los. Usualmente, 
a dialética é construída a partir de um enunciado axiomático, ou seja, uma frase que expressa um valor, 
chamado de tese, por um segundo enunciado que contradiga o primeiro ou o negue, chamado de antítese, 
e, finalmente, por uma terceira teoria, que seja capaz de considerar os dois anteriores, e que é chamado de 
síntese. 
 
Miguel Reale introduz a noção de Dialética da Complementariedade, pela qual a tese e a antítese não se 
unem para formar a síntese, mas estabelecem, entre si, uma relação de complementariedade, como se o 
primeiro axioma fosse incompleto e, apenas a partir do segundo, é que pode se tornar completo. 
 
a, c) Errada. Estabelecem o modelo dialético clássico, de Hegel, pelo qual tese e antítese se unem para formar 
a antítese. 
d) Errada. Estabelece uma realidade estática a partir da subsunção de um axioma ao fato, valor e norma. No 
entanto, se tem algo que a proposta de Reale não considera é justamente um cenário estático. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 12 - (2013/FGV/XII EXAME DE ORDEM) 
 
Considere a seguinte afirmação de Herbert L. A. Hart: “Seja qual for o processo escolhido, precedente ou 
legislação, para a comunicação de padrões de comportamentos, estes, não obstante a facilidade com que 
atuam sobre a grande massa de casos correntes, revelar-se-ão como indeterminados em certo ponto em 
que a sua aplicação esteja em questão. ” (HART, Herbert. O conceito de Direito. Lisboa: Calouste 
Gulbenkian, 1986. p. 141.) Hart admite um grau de indeterminação nos padrões de comportamento 
previstos na legislação e nos precedentes judiciais. A respeito, assinale a afirmativa correta. 
 
a) Trata-se do fenômeno chamado na doutrina jurídica de lacuna material do direito, em que o jurista não 
consegue dar uma resposta com base no próprio direito positivo para uma situação juridicamente relevante. 
b) Trata-se da textura aberta do direito, expressa por meio de regras gerais de conduta, que deve ganhar um 
sentido específico dado pela autoridade competente, à luz do caso concreto. 
c) Trata-se da incompletude do ordenamento jurídico que, por isso mesmo, deve recorrer aos princípios 
gerais do direito, a fim de promover uma integração do direito positivo. 
d) Trata-se do fenômeno denominado de anomia social pelos sociólogos do direito, em que existe um vácuo 
de normas jurídicas e a impossibilidade real de regulação de conflitos juridicamente relevantes. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra b. 
 
Hart é um autor que, no âmbito do Direito, apresenta um pensamento um pouco diferenciado dos demais. 
Em vez de desenvolver sua teoria do Direito a partir, seja do ordenamento jurídico, seja da sociedade, ou, 
ainda, de considerar a importância dos princípios, Hart desenvolve sua teoria a partir do estudo da 
linguagem. Para ele, uma das principais características da linguagem é a sua imprecisão, mas não apenas. 
 
O uso de determinadas expressões pode causar uma percepção negativa ou positiva sobre determinada 
norma, o que vai, inclusive, alterar o processo de interpretação. 
 
Essa questão que se está a analisar causou certa polêmica na época de sua aplicação. Isso porque o autor 
trata da tessitura aberta da linguagem e, por consequência, da imprecisão que decorre de certas expressões. 
 
A partir disso, o que se tem é que a linguagem, ao ser utilizada para comunicar padrões de comportamento, 
apresentam uma textura aberta, o que acaba por se comunicar à norma criada a partir dessa linguagem. 
a, c) Erradas. Tratam da existência de lacunas no ordenamento jurídico, o que não tem correlação com o 
proposto por Hart. 
 
d) Errada. Trata da ausência de normas jurídicas e sociais sobre o tema, o que indica uma impossibilidade 
fática de regulação de um conflito quando se verificartal ocorrência, o que não está relacionado com a teoria 
de Hart. 
 
b) Errada. Apesar de Hart fazer um estudo do Direito a partir da linguagem, ele considera que as imprecisões 
da linguagem ao comunicar padrões de comportamento acabam por se comunicar ao ordenamento jurídico, 
o que indica não estar errada a correlação proposta pela alternativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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13 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 13 - (2013/FGV/XII EXAME DE ORDEM) 
 
O utilitarismo é uma filosofia moderna que conquistou muitos adeptos nos séculos XIX e XX, inclusive no 
pensamento jurídico. As principais características do utilitarismo são: 
 
a) convencionalismo, consequencialismo e antifundacionalismo. 
b) consequencialismo, transcendentalismo e fundacionalismo. 
c) convencionalismo, materialismo e fatalismo. 
d) mecanicismo, fatalismo e antifundacionalismo. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra a. 
 
Para buscar responder a essa questão, deve-se analisar cada uma das correntes do pensamento filosófico 
apresentadas na questão, ainda que resumidamente. 
A partir disso, tem-se que o convencionalismo é uma corrente da filosofia política que reconhece que o 
conjunto das instituições, costumes e práticas humanas são resultado de convenções culturais, não da 
natureza. 
Para o consequencialismo, as consequências de um ato devem ser levadas em consideração quando se faz 
juízo sobre o certo e o errado, independentemente se existe uma relação de intencionalidade entre a 
conduta e o resultado. 
Por sua vez, o fundacionalismo está relacionado ao pensamento de que todo o conhecimento humano se 
baseia em algumas poucas crenças básicas, enquanto o antifundacionalismo se opõe a essa ideia de que é 
possível reduzir a alguns poucos fundamentos base para o conhecimento e construção da sociedade. 
O transcendentalismo defende a percepção a partir de uma consciência intuitiva, 
nos termos do proposto por Kant. 
O materialismo é uma abordagem filosófica para a compreensão de todas as coisas a partir da interação com 
bens materiais. 
O fatalismo é a corrente filosófica que defende que o que tiver que acontecer vai acontecer, 
independentemente de qualquer coisa que se faça para evitar aquele resultado. 
Na Filosofia, o mecanicismo é a corrente que pressupõe a existência de Deus como mecanismo de 
sustentação do mecanismo do universo. 
Para o utilitarismo, uma ação é justa se o resultado for o melhor possível para toda a coletividade, o que 
implica uma posição consequencialista. Além disso, o utilitarismo parte do pressuposto de que existe uma 
convenção social pela busca do bem comum. O utilitarismo não parte do transcendentalismo. De fato, ele 
admite a redução do bem-estar de um indivíduo com a intenção de aumentar o bem-estar de outro. Quanto 
ao materialismo, o utilitarismo parte da noção de bem-estar, que não se extrai apenas dos aspectos materiais 
de uma relação. Por outro lado, o utilitarismo nega o fatalismo, na perspectiva que reconhece a possibilidade 
de atitudes para incremento do bem-estar geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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14 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 14 - (2013/FGV/X EXAME DE ORDEM) 
 
A hermenêutica aplicada ao direito formula diversos modos de interpretação das leis. A interpretação que 
leva em consideração principalmente os objetivos para os quais um diploma legal foi criado é chamada de 
 
a) interpretação restritiva, por levar em conta apenas os objetivos da lei, ignorando sua estrutura gramatical. 
b) interpretação extensiva, por aumentar o conteúdo de significado das sentenças com seus objetivos 
historicamente determinados. 
c) interpretação autêntica, pois apenas as finalidades da lei podem dar autenticidade à interpretação. 
d) interpretação teleológica, pois o sentido da lei deve ser considerado à luz de seus objetivos. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra d. 
 
Entre os métodos clássicos de interpretação, destacam-se os seguintes: 
I Método gramatical ou filosófico: analisa cada palavra que compõe a lei, individualmente e em conjunto com 
as demais palavras; 
II Método lógico-sistemático: leva em conta o ordenamento no qual a lei está inserida, a relação dessa lei 
com as demais leis que integram esse mesmo ordenamento jurídico, bem como os princípios que informam 
esse ordenamento; 
III Método Histórico: leva em consideração os aspectos históricos que definiram a existência daquela lei, 
como as dificuldades e os anseios da sociedade que conduziram à criação de tal norma. 
IV Método comparativo: considera a existência de outros ordenamentos que em seus Estados têm a mesma 
finalidade da lei analisada; 
V Método teleológico: preocupa-se com o fim a que a norma se dirige. Assim, o intérprete deve considerar 
valores sociais fundamentais, como a justiça, ética, liberdade, igualdade, bem comum, entre outros. 
VI Método Sociológico: esse método parte de considerações sobre os motivos que levaram à edição da norma 
e seus efeitos para que se mostre possível estender o sentido da norma a novas relações, a partir da 
verificação do alcance original da norma e sua correspondência ao momento atual da sociedade. 
 
Por sua vez, tem-se que a interpretação autêntica decorre de um critério de classificação quanto à pessoa 
que interpreta e admite outros dois tipos, a não autêntica e a sociedade aberta dos intérpretes. Pela 
interpretação autêntica, tem-se a atuação dos órgãos e pessoas responsáveis por editar e aplicar a norma. A 
interpretação não autêntica, por sua vez, se dá por aqueles que não têm a atribuição de editar e aplicar a 
norma. Quanto à sociedade aberta dos intérpretes, trata-se de uma corrente proposta por Peter Häberle 
pela qual todos os que devem se comportar de acordo com a norma estão habilitados a ser seu intérprete. 
Quanto à interpretação extensiva e restritiva, tem-se uma classificação de acordo com os efeitos do ato de 
interpretar e admite, ainda, como tipo a interpretação declaratória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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15 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 15 - (2016/FGV/XX EXAME DE ORDEM) 
 
A partir da leitura de Aristóteles (Ética a Nicômaco), assinale a alternativa que corresponde à classificação 
de justiça constante do texto: “... uma espécie é a que se manifesta nas distribuições de honras, de dinheiro 
ou das outras coisas que são divididas entre aqueles que têm parte na constituição (pois aí é possível 
receber um quinhão igual ou desigual ao de um outro)...” 
 
a) Justiça Natural. 
b) Justiça Comutativa. 
c) Justiça Corretiva. 
d) Justiça Distributiva. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra d. 
 
A questão demanda, basicamente, que se interprete o texto e relacione com algumas teorias de Justiça 
existentes na literatura. A teoria da Justiça Natural está intrinsecamente relacionada ao Direito Natural e, 
para ela, apenas quando o direito positivo reflete o direito natural é que ele é justo. Assim, qualquer norma 
que não busque o bem comum é injusta. 
A Justiça Comutativa está relacionada ao equilíbrio entre uma prestação e uma contraprestação e, portanto, 
apenas ocorre quando ambos os indivíduos, simultaneamente, dão e recebem. 
Enquanto a Justiça Comutativa estabelece a existência de um mero equilíbrio, a Justiça Corretiva estabelece 
uma relação de igualdade. O ganho e a perda em uma relação jurídica devem ser iguais. 
Por fim, a Justiça Distributiva é aquela que admite resultados desiguais, desde que decorrentes de uma 
desigualdade anterior. A partir do exposto, tem-se que o texto trata da Justiça Distributiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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16 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
 
QUESTÃO 16 - (2016/FGV/XX EXAME DE ORDEM) 
 
O raciocínio analógico é típico do pensamento jurídico. Esse é um tema debatido por vários teóricos e 
filósofos do Direito. Para Norberto Bobbio, na obra Teoria do Ordenamento Jurídico, trata-se de um 
método de auto integração do Direito. Assinale a opção que, segundo esse autor, apresenta o conceito de 
analogia. 
 
a) Subsunção de um caso (premissa menor) a uma norma jurídica (premissa maior) de forma a permitir uma 
conclusão lógica e necessária. 
b) Existindo relevante semelhança entre dois casos, as consequências jurídicas atribuídas a um caso já 
regulamentado deverão ser atribuídas também a um caso não regulamentado. 
c) Raciocínio em que se produz, como efeito, a extensão de uma norma jurídica para casos não previstos por 
esta. 
d) Decisão, por meio de recurso, às práticas sociais que sejam uniformes e continuadas e que possuam 
previsão de necessidade jurídica. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra b. 
Questão interessante, mas que, para responder, não há necessidade de conhecer a teoria apresentada por 
Bobbio sobre o tema. 
 
a) Errada. Apresenta-se um caso de adequação direta do caso à norma, o que afasta a integração por 
analogia. 
c) Errada. Apresenta-se um caso que está relacionado à hipótese de aplicação da norma, tratando-se de mero 
reconhecimento interpretativo de adequação da hipótese à norma, ainda que por extensão do conteúdo ali 
presente. Difere da analogia quando essa, para ocorrer, necessariamente desborda os limites da norma, 
passando-se a aplicar a caso que não está previsto na norma, mas que, por semelhança, acaba-se por aplicar. 
Na interpretação extensiva, tem-se hipótese, tão somente, de ampliação do sentido da norma. 
d) Errada. Dispensa comentários, uma vez que está completamente destoante da hipótese apresentada na 
questão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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17 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 17 - (2017/FGV/XXIII EXAME DE ORDEM) 
 
... só a vontade geral pode dirigir as forças do Estado de acordo com a finalidade de suas instituições, que 
é o bem comum... 
Jean-Jacques Rousseau 
A ideia de vontade geral, apresentada por Rousseau em seu livro Do Contrato Social, foi fundamental para 
o amadurecimento do conceito moderno de lei e de democracia. 
Assinale a opção que melhor expressa essa ideia conforme concebida por Rousseau 
no livro citado. 
 
a) A soma das vontades particulares. 
b) A vontade de todos. 
c) O interesse particular do soberano, após o contrato social. 
d) O interesse em comum ou o substrato em comum das diferenças. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra d. 
 
Rousseau apresenta a noção de contrato social pelo qual a sociedade delega parcelas de sua liberdade a um 
ente encarregado de buscar a satisfação do interesse coletivo. 
Apesar de não ser o primeiro ou o único contratualista da nossa história, Rousseau tem grande importância 
por desenvolver o conceito de nação. 
Para ele a nação não se confunde com a soma dos indivíduos que habitam um determinado território e, 
tampouco, tem sua vontade dirigida por eles. 
Na verdade, essa nação, enquanto ficção jurídica, também possui vontade própria, distinta da vontade dos 
particulares e que não corresponde à vontade média da sociedade ou à vontade dos indivíduos somadas. 
É um ser independente e com interesses próprios. Os interesses da nação são o interesse comum. Esse 
interesse comum é representado pela base comum a todos os indivíduos daquela comunidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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18 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 18 - (2016/FGV/XXI EXAME DE ORDEM) 
 
Há um limite para a interferência legítima da opinião coletiva sobre a independência individual, e 
encontrar esse limite, guardando-o de invasões, é tão indispensável à boa condução dos negócios humanos 
como a proteção contra o despotismo político. 
John Stuart Mill 
A consciência jurídica deve levar em conta o delicado balanço entre a liberdade individual e o governo das 
leis. No livro A Liberdade. Utilitarismo, John Stuart Mill sustenta que um dos maiores problemas da vida 
civil é a tirania das maiorias. 
Conforme a obra citada, assinale a opção que expressa corretamente a maneira 
como esse autor entende o que seja tirania e a forma de proteção necessária. 
 
a) A tirania resulta do poder do povo como autogoverno porque o povo não é esclarecido para fazer suas 
escolhas. A proteção contra essa tirania é delegar o governo aos mais capacitados, como uma espécie de 
governo por meritocracia. 
b) A deliberação de juízes ao imporem suas concepções de certo e errado sobre as causas que julgam, produz 
a mais poderosa tirania, pois subjuga a vontade daqueles que estão sob a jurisdição desses magistrados. 
Apenas o duplo grau de jurisdição pode proteger a sociedade desta tirania. 
c) Os governantes eleitos impõem sobre o povo suas vontades e essa forma de opressão é a única tirania da 
maioria contra a qual se deve buscar a proteção na vida social, o que é feito por meio da desobediência civil. 
d) A sociedade, quando faz as vezes do tirano, pratica uma tirania mais temível do que muitas espécies de 
opressão política, pois penetra nos detalhes da vida e escraviza a alma. Por isso é necessária a proteção 
contra a tirania da opinião e do sentimento dominantes. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra d. 
 
Questão complexa e de difícil resolução. Ainda assim, parece possível resolvê-la por eliminação das 
alternativas. O enunciado da questão pede que se analise o que seria a tirania da maioria de acordo com um 
determinado autor e que se apresente uma forma de defesa contra essa tirania. 
a) Errada. Sugere que o governo do povo forma uma tirania por falta de capacidade do povo e que a defesa 
seria a formação de uma oligarquia. Parece estranha a correlação entre governo do povo e tirania da maioria. 
b) Errada. Trata de uma tirania de poucos em relação a muitos, de uma tirania de uma elite intelectual. A 
questão pede para que se apresente hipótese de tirania da maioria. 
c) Errada. Trata da tirania dos governantes eleitos, que impõem sua vontade ao povo. Para complicar, 
apresenta a menção a uma tirania da maioria. A defesa contra ela seria a desobediência civil. 
d) Certa. Trata de uma tirania realizada pela sociedade, ou seja, da maioria contra a minoria. Além disso, a 
proteção apresentada parece ter correlação com a temática da alternativa. 
A despeito disso, deve-se tratar brevemente da teoria de John Stuart Mill sobre as ameaças à liberdade 
individual na sociedade moderna. De fato, o que se tem é que John Stuart Mill se apresenta como um teórico 
da liberdade. Suas obras se dedicam justamente a essa temática e, como não podia deixar de ser, ele se 
propõe a analisar as principais ameaças a essa liberdade, que, na sociedade atual, seriam duas: a tirania da 
maioria e a interferência ilegítima da sociedade e do estado na liberdade. 
Quanto ao segundo, registre-se, inicialmente, que a interferência deve ser ilegítima e para qualificar essa 
interferência como ilegítima, para o autor, deve haver uma punição ao indivíduo, restringindo sua liberdade, 
mesmo quando sua conduta não tenha potencial danoso aos interesses de terceiros. 
Por outro lado, a tirania da maioria, em contraposição a tiranias perpetradas pelo Estado, não vem apoiada 
por penalidades aplicadas pelo Estado e, de fato, pune não no âmbito externo ao indivíduo, mas pela 
penalização da alma por meio de penalidades sociais. Trata-se da tirania da opinião, em que a maioria exerce 
controle moral sobre os interesses da minoria. 
 
 
 
 
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19 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 19 - (2018/FGV/XXVII EXAME DE ORDEM) 
 
Algo mais fundamental do que a liberdade e a justiça, que são os direitos dos cidadãos, está em jogo 
quando deixa de ser natural que um homem pertença à comunidade em que nasceu... 
(ARENDT, Hannah. As origens do Totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 2012.) 
A situação atual dos refugiados no mundo provoca uma reflexão jusfilosófica no sentido do que já havia 
pensado Hannah Arendt, logo após a II Guerra Mundial, em sua obra As Origens do Totalitarismo. Nela, a 
autora sustenta que o mais fundamental de todos os direitos humanos é o direito a ter direitos, o que não 
ocorre com os apátridas. 
Segundo a obra em referência, assinale a opção que apresenta a razão pela qual o homem perde sua 
qualidade essencial de homem e sua própria dignidade. 
 
a) Ser privado de direitos subjetivos específicos previstos no ordenamento jurídico pátrio. 
b) Viver sob um regime de tirania que viola a liberdade de crença e limita a liberdade de expressão. 
c) Cumprir pena de privação da liberdade, quando executada em penitenciárias sob condições desumanas. 
d) Deixar de pertencer a uma comunidade organizada, disposta e capaz de garantir quaisquer direitos. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra d. 
 
Hannah Arendt é uma filósofa política que dedica sua obra a tratar da violência. 
Para ela, nenhuma forma de violência é legítima, nem mesmo a estatal. O Estado surge para garantir direitos, 
não para legitimar a violência sobre os indivíduos. 
 
A autora é a responsável, ainda, por construir a noção de dignidade da pessoa humana que utilizamos no 
nosso cotidiano de estudo do Direito. 
Nesse contexto, um dos aspectos que acaba por ser tratado na obra As Origens do Totalitarismo é justamente 
o direito à cidadania. Nesse contexto, a autora analisa o contexto pós Primeira Guerra Mundial, em que 
aumentou enormemente a quantidade de pessoas que viviam à margem do Estado, como um problema não 
considerado. 
No caso dos apátridas, Hannah Arendt afirmou que o grande problema para eles não era a igualdade perante 
as leis do Estado, uma vez que, para eles, sequer existiam leis, posto que estavam à margem desse sistema. 
Nesse contexto, a autora acaba por definir a cidadania como o direito a ter direitos. Em outras palavras, o 
pertencimento a uma comunidade politicamente organizada é que era responsável por garantir aos 
indivíduos os direitos e o não pertencimento o relegava a uma categoria esquecida e sem direitos. 
 
A partir disso, tem-se que a letra a trata apenas da privação de direitos específicos, enquanto o debate 
proposto por Hannah Arendt parte da negativa de todos os direitos. A alternativa restringe a questão a duas 
liberdades: a de crença e a de expressão; o que também não se aplica ao caso em análise. 
 
A letra c limita a questão apenas ao cumprimento de penas privativas de liberdade. Ainda que Hannah Arendt 
reconheça que a violência do Estado é ilegítima, não se trata da questão posta no enunciado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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20 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 20 - (2018/FGV/XXV EXAME DE ORDEM) 
 
A ideia da existência de lacuna é um desafio ao conceito de completude do ordenamento jurídico. Segundo 
o jusfilósofo italiano Norberto Bobbio, no livro Teoria do Ordenamento Jurídico, pode-se completar ou 
integrar as lacunas existentes no Direito por intermédio de dois métodos, a saber: heterointegração e 
autointegração. 
Assinale a opção que explica como o jusfilósofo define tais conceitos na obra em referência. 
 
a) O primeiro método consiste na integração operada por meio de recursos a ordenamentos diversos e a 
fontes diversas daquela que é dominante; o segundo método consiste na integração cumprida por meio do 
mesmo ordenamento, no âmbito da mesma fonte dominante, sem recorrência a outros ordenamentos. 
b) A heterointegração consiste em preencher as lacunas recorrendo-se aos princípios gerais do Direito, uma 
vez que estes não estão necessariamente incutidos nas normas do Direito positivo; já a autointegração 
consiste em solucionar as lacunas por meio das convicções pessoais do intérprete. 
c) O primeiro método diz respeito à necessidade de utilização da jurisprudência como meio adequado de 
solucionar as lacunas sem gerar controvérsias; por outro lado, o segundo método implica buscar a solução 
da lacuna por meio de interpretação extensiva. 
d) A heterointegração exige que o intérprete busque a solução das lacunas nos tratados e nas convenções 
internacionais de que o país seja signatário; por seu turno, a autointegração está relacionada à busca da 
solução na jurisprudência pátria. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra a. 
 
A questão é razoavelmente simples e demanda apenas que o examinando conheça os conceitos de 
heterointegração e autointegração. Ainda que não conheça a obra de Bobbio, a questão não traz maiores 
complicações. 
Enquanto que a autointegração busca a solução no âmbito do próprio ordenamento jurídico, ainda que por 
diferentes meios, a heterointegração encontra solução em ordenamentos jurídicos distintos. 
Nesse contexto, tem-se que integra o ordenamento jurídico os princípios gerais de direito, os costumes, a 
jurisprudência, entre outros. A interpretação é apenas um meio de buscar o sentido da norma. Por outro 
lado, outros ordenamentos jurídicos podem ser ordenamentos não estatais, como o Direito Internacional, 
ordenamentos de outros Estados e a outras fontes não usualmente utilizadas para a aplicação do Direito. 
b) Errada. Ao indicar a utilização dos princípios gerais de direito como heterointegração está errada, bem 
como ao indicar as convicções do intérprete como fonte para a solução de lacunas no ordenamento jurídico. 
c) Errada. Ao considerar a jurisprudência como fonte externa ao ordenamento jurídico está inadequada, bem 
como ao considerar a interpretação como mecanismo para a solução de lacunas. 
d) Errada. Está parcialmente correta ao indicar como potencial fonte da autointegração a jurisprudência e da 
heterointegração o ordenamento jurídico internacional. No entanto, erra ao determinar que o intérprete 
deve buscar a solução no Direito Internacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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21 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 21 - (2018/FGV/XXV EXAME DE ORDEM) 
 
Uma punição só pode ser admitida na medida em que abre chances no sentido de evitar um mal maior. 
Jeremy Bentham, em seu livro Princípios da Moral e da Legislação, afirma que há quatro casos em que não 
se deve infligir uma punição. 
Assinale a opção que corresponde a um desses casos citados pelo autor na obra em referência. 
 
a) Quando a lei não é suficientemente clara na punição que estabelece. 
b) Quando o prejuízo produzido pela punição for maior do que o prejuízo que se quer evitar. 
c) Quando o juiz da causa entende ser inoportuna a aplicação da punição. 
d) Quando o agressor já sofreu o suficiente em função das vicissitudes do processo penal. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra b. 
 
Espero que você, estudante, nesse ponto, já tenha conseguido perceber uma tendência das questões do 
Exame de Ordem. Boa parte das questões pode ser resolvida por eliminação e essa não é diferente. O 
enunciado trata de hipóteses em que não se deve punir. Além disso, o texto informativo traz a noção de a 
punição apenas faz sentido quando surge para prevenir um mal maior. 
a) Errada. Afirma que não deve haver punição quando a lei não é clara sobre qual a punição aplicável. Nesse 
caso, não se tem, por óbvio, a desnecessidade da punição, mas maior liberdade do julgador na aplicação da 
penalidade. 
b) Errada. Afirma que não deve haver punição quando o prejuízo causado pela pena for superiorao prejuízo 
que se quer evitar, o que parece adequado. 
Outra forma de resolver a questão é conhecer a teoria de Jeremy Bentham. O autor se enquadra na escola 
utilitarista, o que significa dizer que ele busca o incremento da satisfação geral da sociedade, do bem-estar 
geral. Nesse contexto, a punição não deve ser imposta quando: 
I ela não for capaz de impedir que o prejuízo ocorra; 
II ela for ineficaz para a prevenção de um prejuízo; 
III quando o prejuízo resultante dela for superior ao prejuízo que se pretende evitar; e 
IV quando o prejuízo puder ser impedido ou interrompido sem a punição. 
Isso porque a punição gera um prejuízo não apenas ao indivíduo, mas também à sociedade, o que afasta a 
sua necessidade quando for ineficaz, ineficiente, inútil ou desnecessária. 
c) Errada. Fala genericamente de ser a aplicação da pena inoportuna. 
d) Errada. Afirma que não é necessária a punição quando o processo penal já tiver criado embaraços 
suficientes ao indivíduo. O processo penal surge como mecanismo para assegurar as garantias do indivíduo 
e para isso podem ser criados certos embaraços, mas isso não é suficiente para afastar a necessidade de 
pena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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22 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 22 - (2014/FGV/XIV EXAME DE ORDEM) 
 
O filósofo inglês Jeremy Bentham, em seu livro Uma introdução aos princípios da moral e da legislação, 
defendeu o princípio da utilidade como fundamento para a Moral e para o Direito. 
Para esse autor, o princípio da utilidade é aquele que 
 
a) estabelece que a moral e a lei devem ser obedecidas porque são úteis à coexistência humana na vida em 
sociedade. 
b) aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar ou diminuir a felicidade 
das pessoas cujos interesses estão em jogo. 
c) demonstra que o direito natural é superior ao direito positivo, pois, ao longo do tempo, revelou-se mais 
útil à tarefa de regular a convivência humana. 
d) afirma que a liberdade humana é o bem maior a ser protegido tanto pela moral quanto pelo direito, pois 
são a liberdade de pensamento e a ação que permitem às pessoas tornarem algo útil. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra b. 
 
Trata-se de outra questão sobre a teoria de Bentham; mas, diferente da anterior, é necessário conhecer um 
mínimo sobre o utilitarismo para responder à questão. 
O utilitarismo é uma corrente filosófica que tem por objeto o incremento do bem-estar geral da sociedade 
ainda que, para isso, seja necessário reduzir o bem-estar de um indivíduo. Em outras palavras, é legítima a 
tributação para distribuição de riquezas, apenas se o resultado final da distribuição for maior do que o 
prejuízo causado ao indivíduo que precisou pagar o tributo e teve sua renda reduzida. Nesse contexto, o que 
o utilitarismo busca é um resultado social positivo. Outra forma denunciar esse bem-estar está justamente 
na busca por felicidade. 
Nesse contexto, o que se tem é a letra b é a mais adequada para refletir o que propõe o utilitarismo na 
medida em que afirma que o utilitarismo tem como consequência a aprovação ou desaprovação da conduta 
a depender do resultado positivo ou negativo geral em termos de felicidade geral. 
a) Errada. Tenta utilizar a noção de utilidade para o senso comum, não a noção filosófica. 
c) Errada. Não tem nenhuma relação com o utilitarismo. 
d) Errada. Faz um jogo de palavras e chega ao resultado de que a liberdade de ação e pensamento permite 
que as pessoas exerçam sua criatividade, o que, também, não está relacionado ao utilitarismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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23 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 23 - (2019/FGV/XXVIII EXAME DE ORDEM) 
 
Uma das mais importantes questões para a Filosofia do Direito diz respeito ao procedimento que define 
uma norma jurídica como sendo válida. Para o jusfilósofo Herbert Hart, em O Conceito de Direito, o 
fundamento de validade do Direito baseia-se na existência de uma regra de reconhecimento, sem a qual 
não seria possível a existência de ordenamentos jurídicos. 
Segundo Hart, assinale a opção que define regra de reconhecimento. 
 
a) Regra que exige que os seres humanos pratiquem ou se abstenham de praticar certos atos, quer queiram 
quer não. 
b) Regra que estabelece critérios segundo os quais uma sociedade considera válida a existência de suas 
próprias normas jurídicas. 
c) Regra que impõe deveres a todos aqueles que são reconhecidos como cidadãos sob a tutela do Estado. 
d) Regra que reconhece grupos excluídos e minorias sociais como detentores de direitos fundamentais. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra b. 
 
Questão simples e superficial sobre a teoria de Herbert Hart. Basicamente, Hart distingue regras primárias 
das secundárias. 
• As regras primárias, também chamadas de regras de obrigação, estabelecem a obrigatoriedade de condutas 
ou a abstenção de determinados atos, o que se dá de forma dissociada da vontade do sujeito. 
• Por sua vez, as regras secundárias dizem respeito às regras primárias e estabelecem o procedimento de 
criação, alteração, extinção ou substituição de regras primárias. Por sua vez, as regras secundárias podem 
ser de três tipos: 
– As regras de reconhecimento estabelecem critérios pelos quais as normas são identificadas e consideradas 
válidas. 
– As regras de alteração conferem poderes para que as regras primárias sejam modificadas, corrigidas ou 
criadas. 
– As regras de julgamento são as que dão poder para certos indivíduos proferirem determinações para o caso 
concreto acerca da aplicação da norma primária. 
Assim, as letras c e d em nada têm relação com a temática da questão. A letra a trata de uma regra primária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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24 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 24 - (2014/FGV/XV EXAME DE ORDEM) 
 
Ao explicar as características fundamentais da Escola da Exegese, o jusfilósofo italiano Norberto Bobbio 
afirma que tal Escola foi marcada por uma concepção rigidamente estatal de direito. Como consequência 
disso, temos o princípio da onipotência do legislador. 
Segundo Bobbio, a Escola da Exegese nos leva a concluir que 
 
a) a lei não deve ser interpretada segundo a razão e os critérios valorativos daquele que deve aplicá-la, mas, 
ao contrário, este deve submeter-se completamente à razão expressa na própria lei. 
b) o legislador é onipotente porque é representante democraticamente eleito pela população, e esse 
processo representativo deve basear-se sempre no direito consuetudinário, porque este expressa o 
verdadeiro espírito do povo 
c) uma vez promulgada a lei pelo legislador, o estado-juiz é competente para interpretá-la buscando 
aproximar a letra da lei dos valores sociais e das demandas populares legítimas. 
d) a única força jurídica legitimamente superior ao legislador é o direito natural; portanto, o legislador é 
soberano tomar suas decisões, desde que não violem os princípios do direito natural. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra a. 
 
A questão refere-se mais à Escola da Exegese do que ao proposto por Bobbio. Nesse contexto, para a escola, 
o Direito, por excelência, é revelado pelas leis. 
A Escola da Exegese, iniciada em fins do Século XIX, se estabelece justamente como a corrente jusfilosófica 
que deu origem ao positivismo jurídico. Para essa Escola do pensamento jurídico, o fundamento da atuação 
do ordenamento jurídico é um argumento de autoridade, qual seja, que o legislador, pelo exercício de sua 
vontade, estabeleceu aquela norma jurídica e que, por isso, deve essa norma ser cumprida. 
Nesse contexto, o Estado mostra-se como a única fonte legítima do direito. Por outro lado,a interpretação 
deve buscar a mens legis, ou a vontade da lei. 
A partir disso, as letras b, c e d apresentam visões diferentes de jusnaturalismo; mas, em todas, o direito 
positivo está subordinado a outras normas, do que decorre a incorreção das alternativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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25 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 25 - (2016/FGV/XXI EXAME DE ORDEM) 
 
De acordo com o contratualismo proposto por Thomas Hobbes em sua obra Leviatã, o contrato social só é 
possível em função de uma lei da natureza que expresse, segundo o autor, a própria ideia de justiça. 
Assinale a opção que, segundo o autor na obra em referência, apresenta esta lei da natureza. 
 
a) Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. 
b) Dar a cada um o que é seu. 
c) Que os homens cumpram os pactos que celebrem. 
d) Fazer o bem e evitar o mal. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra c. 
 
Para Hobbes, o estado de natureza é intrinsecamente mal, uma vez que, nele, os indivíduos convivem num 
estado de guerra de todos contra todos. Nesse estado de natureza, o indivíduo se mostra incapaz de conviver 
uns com os outros e, dá, em troca de uma segurança normativa, cede parcelas de sua liberdade. 
Note-se que a palavra-chave aqui é a segurança normativa e, nesse contexto, Hobbes constrói a noção de 
que Justiça é o respeito aos acordos firmados, uma vez que, no Estado de Natureza, não existe justiça ou 
injustiça como decorrência do estado de guerra de todos contra todos. Superar, pois, esse estado, significa 
cumprir os pactos celebrados. 
 
a) Errada. Apresenta uma frase relacionada à igualdade geométrica de Aristóteles. 
b) Errada. Apresenta, parcialmente, o conceito de Justiça para Platão. 
d) Errada. Apresenta a noção de Santo Agostinho para o que se deve buscar nas interações humanas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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26 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 26 - (2016/FGV/XIX EXAME DE ORDEM) 
 
Segundo o filósofo Immanuel Kant, em sua obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, a ideia de 
dignidade humana é entendida 
 
a) como qualidade própria de todo ser vivo que é capaz de sentir dor e prazer, isto é, característica de todo 
ser senciente. 
b) quando membros de uma mesma espécie podem ser considerados como equivalentes e, portanto, iguais 
e plenamente cooperantes se eles possuem dignidade. 
c) como valor jurídico que se atribui às pessoas como característica de sua condição de sujeitos de direitos. 
d) como algo que está acima de todo o preço, pois quando uma coisa tem um preço pode-se pôr em vez dela 
qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e portanto não permite 
equivalência, então ela tem dignidade. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra d. 
 
Apesar de Hannah Arendt desenvolver a teoria da Dignidade da Pessoa Humana, o primeiro autor a trazer a 
ideia de que não é possível atribuir uma correspondência monetária ao homem foi trazida por Kant. 
Kant entendia que o ser humano tinha um fim em si mesmo que não estava subordinado a outros elementos 
externos e, por ser um ente autônomo enquanto ser racional, possuía dignidade. A concepção moderna de 
Dignidade da Pessoa Humana vai muito além do quê introduzido por Kant. 
Não é a dignidade a fonte de direitos na teoria Kantiana, mas a esfera de deveres morais decorrente da 
aplicação do Imperativo Categórico. A dignidade residiria apenas no reconhecimento de que não se pode 
atribuir um preço ao indivíduo. 
A partir disso, tem-se que o erro da letra a está em atribuir a dignidade a todo ser vivo, da letra b o 
condicionamento para que se trate de seres da mesma espécie e que eles atuem cooperativamente e, da 
letra c, a condição para o exercício de direitos na noção de dignidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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27 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 27 - (2019/FGV/XXVIII EXAME DE ORDEM) 
 
Isso pressupõe que a norma de justiça e a norma do direito positivo sejam consideradas como 
simultaneamente válidas. Tal, porém, não é possível, se as duas normas estão em contradição, quer dizer, 
entram em conflito uma com a outra. Nesse caso apenas uma pode ser considerada como válida. Hans 
Kelsen Sobre a relação entre validade e justiça da norma, o jusfilósofo Hans Kelsen, em seu livro O 
Problema da Justiça, sustenta o princípio do positivismo jurídico, para afirmar que 
 
a) a validade de uma norma do direito positivo é independente da validade de uma norma de justiça. 
b) o direito possui uma textura aberta que confere, ao intérprete, a possibilidade de buscar um equilíbrio 
entre interesses conflitantes. 
c) o valor de justiça do ato normativo define a validade formal da norma; por isso valor moral e valor jurídico 
se confundem no direito positivo. 
d) a validade de uma norma jurídica se refere à sua dimensão normativa positiva, à sua dimensão axiológica, 
e também, à sua dimensão fática. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra a. 
 
A obra O Problema da Justiça de Kelsen, apesar de indicar uma necessária atenção do autor para a questão 
da Justiça, o que parece contraditório à sua proposta de separação do Direito da Moral, acaba por dar 
sustentação à Teoria Pura do Direito. 
Ainda que Kelsen objetive com a obra discutir os conceitos de Justiça apresentados por diversos autores no 
decorrer da história da humanidade, ao final o autor conclui que, pela impossibilidade de estabelecimento 
de um conceito objetivo para a noção de Justiça, não se deve subordinar a validade de uma norma do 
ordenamento jurídico a uma norma de justiça, que possui alto grau de indeterminação. 
Por outro lado, Kelsen não se dedica muito à análise da atividade interpretativa, que estaria fora do escopo 
do estudo do Direito, o que, inclusive, é uma das principais críticas à obra de Kelsen e a base para o 
surgimento do Pós-positivismo. 
Assim, enquanto as letras b e c estão em confronto com o proposto por Kelsen, a letra d refere-se à teoria 
tridimensional da norma proposta por Miguel Reale. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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28 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 28 - (2015/FGV/XVI EXAME DE ORDEM) 
 
O Art. 126 do CPC afirma que o juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou 
obscuridade da lei. A questão das lacunas também é recorrente no âmbito dos estudos da Filosofia e da 
Teoria Geral do Direito. O jusfilósofo Norberto Bobbio, no livro Teoria do Ordenamento Jurídico apresenta 
um estudo sobre essa questão. O autor denomina por lacuna ideológica a falta de uma norma 
 
a) legitimamente produzida pelo legislador democrático 
b) justa, que enseje uma solução satisfatória ao caso concreto. 
c) que atenda às convicções ideológicas pessoais do juiz. 
d) costumeira, que tenha surgido de práticas sociais inspiradas nos valores vigentes. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra b. 
 
Bobbio, ao estudar o Ordenamento Jurídico apresenta, diversas classificações para lacunas porventura 
existentes em seu âmbito. Uma das classificações possíveis está relacionada à natureza da lacuna. 
Uma possibilidade se refere à existência de lacunas reais, ou seja, que decorram da efetiva inexistência de 
norma aplicável ao caso concreto. 
Uma segunda possibilidade é a existência de lacunas ideológicas, que decorrem da contraposição entre o 
ordenamento jurídico vigente, que é o sistema jurídico real, e aquele idealmente suposto, que seria o 
ordenamento jurídico justo.Este é um conteúdo exclusivo do @guiadaoab | Proibido qualquer tipo de comercialização sem autorização 
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29 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 29 - (2016/FGV/XIX EXAME DE ORDEM) 
 
Segundo o Art. 1.723 do Código Civil, “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o 
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o 
objetivo de constituição de família”. Contudo, no ano de 2011, os ministros do Supremo Tribunal Federal 
(STF), ao julgarem a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.277 e a Arguição de Descumprimento de 
Preceito Fundamental 132, reconheceram a união estável para casais do mesmo sexo. 
A situação acima descrita pode ser compreendida, à luz da Teoria Tridimensional do Direito de Miguel 
Reale, nos seguintes termos: 
 
a) uma norma jurídica, uma vez emanada, sofre alterações semânticas pela superveniência de mudanças no 
plano dos fatos e valores. 
b) toda norma jurídica é interpretada pelo poder discricionário de magistrados, no momento em que estes 
transformam a vontade abstrata da lei em norma para o caso concreto. 
c) o fato social é que determina a correta compreensão do que é a experiência jurídica e, por isso, os 
costumes devem ter precedência sobre a letra fria da lei. 
d) o ativismo judicial não pode ser confundido com o direito mesmo. Juízes não podem impor suas próprias 
ideologias ao julgarem os casos concretos. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra a. 
 
A teoria tridimensional da norma está no âmbito da Gnoseologia, que é o ramo da Filosofia que estuda como 
as coisas são. A partir disso, Reale desenvolveu a noção de que a norma não existe em um plano 
independente, mas está efetivamente dependente e relacionada ao mundo dos fatos e ao mundo dos 
valores, que se relacionam para conformar-se uns aos outros. 
Nesse contexto, a ocorrência de transformações no âmbito dos fatos e dos valores tem o condão de 
implementar alterações semânticas na norma jurídica, que, no entanto, não tem outra opção além de se 
deixar determinar pelas mudanças ocorridas. 
b) Errada. Estabelece a existência de um poder discricionário dos juízes no estabelecimento do sentido da 
norma. 
c) Errada. Estabelece uma prevalência dos costumes sobre as normas jurídicas, o que não está em acordo 
com a proposta de Reale. 
d) Errada. Confunde ativismo judicial com a imposição da vertente ideológica do julgador, o que apenas seria 
possível em um Judiciário em que as decisões fossem tomadas de forma singular ou que houvesse um 
domínio ideológico sobre os seus membros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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30 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 30 - (2014/FGV/XIII EXAME DE ORDEM) 
 
Segundo Chaïm Perelman, ao tratar da argumentação jurídica na obra Lógica Jurídica, a decisão judicial 
aceitável deve satisfazer três auditórios para os quais ela se destina. 
Assinale a alternativa que indica corretamente os auditórios. 
 
a) A opinião pública, o parlamento e as cortes superiores. 
b) As partes em litígio, os profissionais do direito e a opinião pública. 
c) As partes em litígio, o parlamento e as cortes superiores. 
d) As cortes superiores, os organismos internacionais e os profissionais do direito. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra b. 
 
Chaïm Perelman defende a possibilidade de inserção de juízes de valores no raciocínio lógico, o que 
transforma a lógica da argumentação para uma lógica de valores em que se tem a lógica do razoável ou do 
preferível em detrimento da lógica matemática. 
Para ele, a argumentação depende da adesão. A argumentação é bem-sucedida quando convence o seu 
destinatário e, dessa forma, a finalidade da argumentação é ter adesão. 
Nesse contexto, o juiz deve estabelecer uma relação entre o ordenamento jurídico que fundamenta a sua 
decisão e os valores aceitos pela sociedade, o que faz com que a decisão seja, simultaneamente legal, 
razoável, equitativa e aceitável. 
A partir disso, tem-se que a decisão precisa ter a adesão das partes, dos juristas e da opinião pública para ser 
considerada aceitável, o que está apresentado na alternativa indicada como certa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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31 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 31 - (2013/FGV/X EXAME DE ORDEM) 
 
“Manter os próprios compromissos não constitui dever de virtude, mas dever de direito, a cujo 
cumprimento pode-se ser forçado. Mas prossegue sendo uma ação virtuosa (uma demonstração de 
virtude) fazê-lo mesmo quando nenhuma coerção possa ser aplicada. A doutrina do direito e a doutrina da 
virtude não são, consequentemente, distinguidas tanto por seus diferentes deveres, como pela diferença 
em sua legislação, a qual relaciona um motivo ou outro com a lei”. 
Pelo trecho acima podemos inferir que Kant estabelece uma relação entre o direito e a moral. A esse 
respeito, assinale a afirmativa correta. 
 
a) O direito e a moral são idênticos, tanto na forma como no conteúdo prescritivo. Assim, toda ação contrária 
à moralidade das normas jurídicas é também uma violação da ordem jurídica. 
b) A conduta moral refere-se à vontade interna do sujeito, enquanto o direito é imposto por uma ação 
exterior e se concretiza no seu cumprimento, ainda que as razões da obediência do sujeito não sejam morais. 
c) A coerção, tanto no direito quanto na moral, é um elemento determinante. É na possibilidade de impor-
se pela força, independentemente da vontade, que o direito e a moral regulam a liberdade. 
d) Direito e moral são absolutamente distintos. Consequentemente, cumprir a lei, ainda que 
espontaneamente, não é demonstração de virtude moral. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra b. 
 
Questão razoavelmente simples que não demanda um conhecimento da teoria de Kant. A questão é resolvida 
por simples interpretação de texto. O enunciado traz trecho de escrito de Kant em que relaciona o 
cumprimento de um dever jurídico com o cumprimento de um dever moral. O primeiro pode ser forçado, 
enquanto que o segundo não. No entanto, existem casos em que um dever jurídico corresponde a um dever 
moral, o que torna o cumprimento, mesmo na hipótese de possível coerção, uma atitude virtuosa. 
a) Errada. Faz-se uma tentativa de igualar o direito e a moral, o que está em desacordo com o excerto trazido 
no comando da questão. 
c) Errada. Afirma que a coerção está presente na moral e é um elemento determinante na regulação da 
liberdade, o que também está em desacordo com o texto. 
d) Errada. Nega a virtude existente no cumprimento do direito espontaneamente e nega qualquer relação 
entre direito e moral, o que está em desacordo com o trecho trazido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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32 Questões comentadas para OAB – Filosofia 
QUESTÃO 32 - (2013/FGV/XI EXAME DE ORDEM) 
 
Considere a seguinte afirmação de Aristóteles: “Temos pois definido o justo e o injusto. Após distingui-los 
assim um do outro, é evidente que a ação justa é intermediária entre o agir injustamente e o ser vítima da 
injustiça; pois um deles é ter demais e o outro é ter demasiado pouco.” 
(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 329.) 
De efeito, é correto concluir que para Aristóteles a justiça deve sempre ser entendida como 
 
a) produto da legalidade, pois o homem probo é o homem justo. 
b) espécie de meio termo. 
c) relação de igualdade aritmética. 
d) ação natural imutável. 
 
COMENTÁRIOS: 
Letra b. 
 
Em Ética a Nicômaco, Aristóteles se propõe a estudar as virtudes e os vícios. Como regra, Aristóteles observa 
que a virtude tem como extremo um vício. Assim, sempre se apresenta

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