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A UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS ALTERNATIVOS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE NO ENSINO DAS ARTES PARA CRIANÇAS DO ENSINO INFANTIL
Luiz Eduardo Capilé
RU: 2415521
1. Tema
A pesquisa pretende apresentar e discutir como a criatividade pode ser aguçada e desenvolvida através do ensino das artes visuais utilizando os mais diferentes tipos de materiais, principalmente os materiais descartados considerados como lixos, com a intenção de explorar formas de linguagens e ampliar e desenvolver um olhar crítico de uma maneira econômica.
2. Problema
É justamente nas comunidades carentes que encontramos expressões de grande criatividade no uso de materiais alternativos, seja nas “gambiarras” partindo da necessidade e escassez de materiais, seja na confecção de itens ornamentais e decorativos partindo do uso de materiais naturais encontrados na natureza. Então como poderemos direcionar esta criatividade natural e aguçar o senso crítico e a criatividade dos alunos da educação infantil utilizando materiais alternativos presentes no seu cotidiano e através destes oferecer uma melhor introdução nos estudos das artes?
	
3. Justificativa
	Devido ao alto valor dos materiais tradicionais de artes, há alguma dificuldade na elaboração e execução de atividades de artes, principalmente tratando-se de alunos de comunidades carentes.
Os alunos só aprendem com mais facilidade aquilo que vivenciam , é necessário que eles façam suas próprias descobertas por meio da manipulação, observação e exploração dos materiais que lhes permitirão assimilar conceitos, integrá-los à sua personalidade e organizar o seu pensamento. 
4. Objetivos
· Objetivo geral: Demonstrar como a implementação de materiais descartados aplicados em uma aula de artes podem colaborar para o aprendizado e desenvolvimento não só da criatividade mas também de um censo crítico voltado para uma educação ambiental além de propiciar uma ferramenta facilitadora para o entendimento de diversas áreas do saber. No final será apresentada uma reflexão dos resultados sobre a pesquisa desenvolvida. Por meio desta análise entenderemos como a utilização de materiais diversificados (sucatas), podem ser usados expressivamente na criação de "assemblages", sendo esta uma linguagem artística contemporânea que pode auxiliar no desenvolvimento da criatividade.
· Objetivos específicos: Analisar e compreender os fundamentos da articulação entre a criatividade e o ensino de artes visuais; Identificar como o conhecimento pode contribuir com a sensibilização e reflexão do contexto social.
5. Metodologia
Através de uma abordagem qualitativa exploraremos a criação e a construção da assemblagem como um processo metodológico no ensino das Artes Visuais na educação infantil, a escolha do uso de materiais é extraída do cotidiano do aluno, que escolherá materiais que sejam significativos para eles, tornando o processo vinculado à sua vida cotidiana. Os materiais escolhidos pelos alunos tendem a refletir seu temperamento, seu mundo e é na interação dos alunos com os materiais que o processo expressivo se faz presente, no momento da criação eles pensam em como utilizar os materiais, transformando-os de acordo com suas fantasias e vivências.
Durante essa pesquisa será levantado um estudo bibliográfico referente a expressão artística conhecida como assemblage, onde será explorada as vantagens do uso de materiais alternativos diversos, tais como sucatas e materiais descartados como lixo. O trabalho apresentado buscará realizar uma pesquisa teórica a partir das análises realizadas por vários autores sobre o assunto, promovendo a discussão de ideias e o encontro de pensamento complementares e divergentes na busca de um maior entendimento da temática proposta. 
6. Revisão bibliográfica/ Estado da arte
	
A assemblagem é uma linguagem artística que agrega qualquer tipo de material. Como consta no site de pesquisas acadêmicas Enciclopédia Itaú Cultural, “todo e qualquer tipo de material pode ser incorporado à obra de arte”, citando ainda que:
Nas artes visuais, a prática de articulação de materiais diversos numa só obra leva a esse procedimento técnico específico, que se incorpora à arte do século XX com o cubismo de Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963). Ao abrigar no espaço do quadro elementos retirados da realidade - pedaços de jornal, papéis de todo tipo, tecidos, madeiras, objetos etc (ITAÚ CULTURAL S/D).
 Para podermos compreender melhor esse processo realizaremos um levantamento bibliográfico buscando estudos e artigos científicos que tratam do tema. A intenção deste levantamento será de investigar a assemblagem como linguagem no ensino de arte.
Os principais autores estudados foram:
Weiss (1993), com seu livro “Brinquedos e Engenhocas - Atividades lúdicas com sucatas” , Carvalho (2013) que publicou “Assemblagem em sala de aula: da realidade à possibilidade de mudança”, Essa linguagem contemporânea também foi estudada por Silva (2012), com o título “Propostas para o ensino da linguagem assemblagem”.
 Weiss (1993, p. 16), defendia a inovação nas aulas de arte, através do uso das sucatas na criação artística, entre os materiais denominados sucata há praticamente dois tipos: a sucata natural, que são materiais extraídos da própria natureza, e a sucata industrializada como plásticos, metais, tecidos, papéis, isopor etc.
Acreditamos, de fato, no potencial da sucata como elemento que desperta diversas sensações táteis e visuais importantes para a criação de assemblagens, ampliando a imaginação, que de acordo com Vigotski (2014) é o fundamento de toda atividade criadora, conforme os estudos já realizados, podemos perceber que a assemblagem pode contribuir para o desenvolvimento da criatividade, por meio do uso de materiais diversificados e sucatas. Desta forma, entendemos a necessidade de levar para as aulas produções de arte contemporânea, permitindo um paralelo com obras de outros períodos. 
De acordo com o documento eletrônico disponível na Enciclopédia Itaú Cultural, esse termo assemblage foi incorporado na arte em 1953, pelo artista francês Jean Dubuffet para a exposição, no Museu de Arte Moderna – MoMA – de Nova York em 1961. Essa palavra origina-se do francês e significa montagem. Na assemblagem o artista une todo e qualquer tipo de material, objetos que foram descartados, sucatas em geral. 
A assemblagem é uma montagem com elementos tridimensionais, a partir de todo e qualquer tipo de material que pode ser incorporado à obra de arte, essa junção pode ser por colagem, amarrações ou encaixe, criando algo novo, ressignificando aqueles objetos sem que percam seu significado original mas sim compondo uma nova leitura com eles.
A idéia forte que ancora as assemblages diz respeito à concepção de que os objetos díspares reunidos na obra, ainda que produzam um novo conjunto, não perdem o  sentido original. Menos que síntese, trata-se de justaposição de elementos, em que é possível identificar cada peça no interior do conjunto mais amplo. (ITAÚ CULTURAL, S/D).
A assemblagem, como procedimento artístico, foi executada por muitos artistas diferentes, em diversas vertentes que essa linguagem comporta, e muitos desses artistas valiam-se de refugos, materiais descartados de todo tipo, sucatas que são justapostas na composição da obra.
As chamadas junk sculptures - que vêm à luz por meio dos trabalhos pioneiros de David Smith (1906-1965) - fazem uso de refugo industrial, sucatas e materiais descartados de todo tipo, o que já havia sido testado pelas esculturas de Pablo Picasso e Julio González (1876-1942). Os conjuntos evocam o ambiente caótico das cidades, o fluxo desordenado das ruas dos grandes centros, por exemplo, H.A.W.K (1959), de John Chamberlain (1927), construído com carcaças de automóveis, ou os trabalhos de Ettore Colla (1899-1968), que realiza suas obras com componentes de máquinas, sucatas e objetos quebrados, ou ainda as obras de Mark di Suvero (1933), com resíduos industriais (Mohican, 1967). Podem-se lembrar também as "acumulações junk" de Jim Dine (1935), combinandopinturas e ferramentas variadas (Five Feet of Colorful Tools, 1962) e as máquinas de Jean Tinguely (1925-1991), entre elas, Homenagem a Nova York: Obra de Arte que Se Autoconstrói e Se Autodestrói (1960), feita com fragmentos de máquinas, pedaços de bicicleta, piano vertical etc. Na Inglaterra, as esculturas de Anthony Caro (1924), da década de 1960, executadas com vigas, tubulações de alumínio, placas de aço etc., seguem as trilhas abertas pela obra de D. Smith. (ITAÚ CULTURAL, S/D).
Esses artistas se apoderaram de objetos que perderam sua vida útil e foram descartados, atribuindo a eles nova significação, dando origem a trabalhos construtivos e expressivos. O que foi rejeitado do cotidiano das pessoas, foi reelaborado e recebeu novos sentidos, para renascer em forma de arte, oferecendo novas leituras, novas formas de olhar. 
Para Weiss (1993), no trabalho com sucatas nada é previsto rigidamente, nada se oferece pronto, é preciso descobrir maneiras variadas de utilizar o material para construir e criar uma obra expressiva de arte.
7. Referências
ASSEMBLAGE (1988 : São Paulo, SP). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo325/assemblage >. Acesso em: 18 de Jun. 2023. Verbete da Enciclopédia.
ARTE Contemporânea. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São n Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em:
< http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo354/arte-contemporanea >. Acesso em: 18 de Jun. 2023. 
WEISS, Luise. Brinquedos e Engenhocas: atividades lúdicas com sucata. São Paulo: Scipione, 1993.
SILVA, ISANGELA MARIA COSTA . PROPOSTAS PARA O ENSINO DA LINGUAGEM ASSEMBLAGEM. SENA MADUREIRA – AC, 2012

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