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RECEITUÁRIO E PRESCRIÇÃO MÉDICA · A prescrição médica ocorre no final, é o momento que completa o ato médico; · Sempre que realizamos a anamnese, acompanhado do exame físico, avaliação do exame complementar, afim de chegar a uma hipótese diagnóstica, estabelecendo uma estratégia, que pode ser propedêutica (solicitar um exame complementar), terapêutica (não medicamentosa, como mudança de estilo de vida – não fumar, fazer atividades físicas) ou farmacológica (usa-se a prescrição médica); · Quanto mais esclarecedora e transparente for a orientação do médico ao paciente sobre o tratamento, melhor será a adesão terapêutica, pois de nada adianta o trabalho médico se o paciente não aderir ao tratamento; · Receita médica: é a prescrição de medicamento, escrita em língua portuguesa, contendo orientação de uso para o paciente, efetuada por um profissional legalmente habilitado, quer seja de formulação magistral ou de produto industrializado; ETAPAS PARA TERAPÊUTICA EFETIVA: · Definição do problema: estabelecimento das hipóteses diagnósticas; define-se através da anamnese, exame físico e avaliação de exames complementares solicitados e interpretados adequadamente; · Especificação dos objetivos terapêuticos: diante da hipótese diagnóstica, qual o objetivo do tratamento? Curar? Melhorar a qualidade de vida? Reduzir a dor? Diminuir a progressão da doença? Cuidado paliativo? · Seleção do tratamento mais eficaz e seguro para um paciente específico: nem sempre o que esta escrito nos livros (modelo padrão) é útil para o paciente; sempre pesar risco e benefícios individualmente; trazer para o paciente o que é melhor para ele naquele momento; as vezes, na área em que se esta o medicamento não é disponível, então o médico precisa se adaptar; · Prescrição, incluindo medidas medicamentosas (mudança de estilo de vida, fotoproteção, cessar etilismo e tabagismo) e não medicamentosas; · Informação sobre a terapêutica para o paciente: informar sobre o diagnostico e prognóstico (como evolui a doença com ou sem tratamento); informar quais os riscos do tratamento proposto – médico precisa ser objetivo e esclarecedor; · Monitoramento do tratamento proposto: avaliação clínica e laboratorial do paciente – monitorar os riscos do tratamento; É VEDADO AO MÉDICO: Art. 46: efetuar qualquer procedimento médico sem o esclarecimento e o consentimento prévio do paciente ou de seu responsável legal, salvo em eminente perigo de vida; Art. 59: deixar de informar o paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta ao mesmo possa provocar-lhe dano, devendo, nesse caso, a comunicação ser feita ao seu responsável legal; DADOS DA PRESCRIÇÃO MÉDICA – DADOS ESSENCIAIS DA RECEITA SIMPLES: Anverso da receita: 1) Cabeçalho: contem informações sobre o prescritor (nome do profissional, endereço da clinica, telefone da localidade de prescrição, e numero do CRM); 2) Superinscrição: contem os dados do paciente – para quem estamos destinando a prescrição (nome e endereço); além disso, se escreve “uso interno” (vias enterias/ orais) ou “uso externo” (vias parenterais) 3) Inscrição: nome do medicamento e sua concentração, passa um traço; 4) Subscrição: contem a quantidade total de medicação a ser fornecida; 5) Adscrição: orientação do profissional para o paciente; 6) Local, data e assinatura (logo em baixo sem deixar espaço para que não se acrescente qualquer informação); O verso pode ser deixado em branco, ou pode colocar informações sobre o paciente novamente (como nome e endereço) e recomendações e orientações ao paciente; terminado as orientações, assina-se logo em baixo; MODELOS DE RECEITA MÉDICA: Cada medicação exige um modelo de receita médica próprio para ela; RECEITA SIMPLES/BRANCO: utilizada para prescrição de medicamentos anódinos (medicamentos vendidos sem prescrição médicas) e de medicamento de tarja vermelha, com os dizeres venda sob prescrição médica; RECEITA DE CONTROLE ESPECIAL/VERDE: utilizada para a prescrição de medicamentos à base de substancias constantes das listas “C1” (substancias sujeitas a controle especial), “C2” (retinoicas para uso tópico) e “C5” (anabolizantes); · Válido em todo o território nacional, devendo ser preenchida em 2 vias (a primeira via fica na farmácia e a segunda via fica com o paciente); · Validade de 30 dias a partir da data de emissão para adquirir a medicação; · Poderá conter, em cada receita, 3 substancias da lista “C1” e de suas atualizações; · A quantidade prescrita de cada substancia de lista “C1”, “C5” e suas atualizações é de 5 ampolas, e, para as outras formas farmacêuticas, a quantidade refere-se a 60 dias de tratamento; · Em caso de emergência, poderá ser avisada ou dispensada à receita de medicamentos à base de substancias constantes das listas “C” (outras sujeitas a controle especial) em papel não privativo do profissional ou da instituição, contendo obrigatoriamente o diagnóstico ou CID (paciente ciente disso), a justificativa do caráter emergencial do atendimento, data, inscrição no CRM e assinatura devidamente identificada; RECEITA AZUL OU RECEITA B: impresso padronizado, na cor azul, utilizado na prescrição de medicamentos que contenham substâncias psicotrópicas – listas B1 e B2 (anorexígenas); · Validade de 30 dias, a partir de sua emissão, e apenas na unidade federativa que a concedeu a numeração (não é valida para outro estado); · Só prescreve um medicamento por receita; · Poderá conter no máximo 5 ampolas, e para as demais formas farmacêuticas, o tratamento será correspondente a 60 dias (B) e 30 dias (B2); · Receita talonada – fica um canhoto na instituição com um numero do receituário; é de responsabilidade do médico guarda-la de forma correta; RECEITA AMARELA OU RECEITA A: impresso, na cor amarela, para a prescrição dos medicamentos das listas A1 e A2 (entorpecentes) e A3 (psicotrópicos); · Poderá conter somente um produto farmacêutico; · Válida por 30 dias, a contar da data de sua emissão, em todo território nacional; As notificações de Receita “A”, quando para aquisição em outra unidade federativa, precisarão que sejam acompanhadas de receita médica com justificativa de uso; e as farmácias, por sua vez, ficarão obrigadas a apresenta-las dentro do prazo de 72h, a autoridade sanitária local, para averiguação e visto; · Poderá conter até 5 ampolas, e para as demais formas farmacêuticas, o tratamento será correspondente a 30 dias; · Receituário talonado; NOTIFICAÇÃO DE RECEITA ESPECIAL DE RETINOIDES SISTÊMICOS: lista C2 (retinoides de uso sistêmico); · Válido por um período de 30 dias e somente dentro da unidade federativa que concedeu a numeração; · Poderá conter 5 ampolas, e para as demais formas faramceuticas, a quantidade para o tratamento corresponderá, no máximo, a 30 dias, a partir da sua emissão; · Deve vir acompanhada do Termo de Conhecimento de Risco e Consentimento Pós-informação (trata-se de medicamento extremamente teratogênicos – proibição gestacional); · Talonada; NOTIFICAÇÃO DE RECEITA ESPECIAL PARA TALIDOMINA: lista C3; substancia teratogênica; · Validade de 15 dias; · Tratamento para 30 dias; · Informar o CID do paciente; SUBSTÂNCIAS ANTI-RETROVIRAIS: lista C4; · Formulário próprio, estabelecido pelo programa de DST/AIDS; LAUDO DE MEDICAÇÃO DE ALTO CUSTO (LME): solicitação de medicação de alto custo; · Até o momento, validade por 3 meses; · Quantidade a ser fornecida para tratamento de 30 dias; · Necessidade de informação do CID (paciente deve estar ciente); · Deve ser acompanhado por receituário simples, em 2 vias, não datadas; · A prescrição inicial deve ser acompanhada de Termo de Consentimento Livre e Esclarecida para a medicação em questão; · Receita precisa ser aprovado por um auditor médico; LETRA E CARIMBO MÉDICO: LETRA DO MÉDICO: · É vedado ao médico receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar em branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer documentos médicos (código de ética médica, art. 39); RASURAS NA RECEITA MÉDICA: · O registro do receituárioe dos medicamentos sob regime de controle sanitário especial não poderá conter rasuras, emendas ou irregularidades que possam prejudicar a verificação de sua autenticidade; · Os demais receituários também não deverão conter rasuras; CARIMBO NA RECEITA MÉDICA: · Somente será aviada a receita que contém a data e a assinatura do profissional, endereço do consultório ou da residência, e o numero de inscrição no respectivo conselho profissional; · Não há exigência legal do carimbo médico em receitas, e, sim, da assinatura com identificação clara de profissional e seu respectivo CRM, sendo, pois opcional a sua utilização; SUBSTITUIÇÃO DE MEDICAMENTO: Medicamento de referência: medicamento de marca, laboratório comprou a patente por um tempo; provavelmente foi o único medicamento daquela substância no mercado por um tempo; Medicamento genérico: farmacologicamente idêntico ao medicamento de referencia; mesmas moléculas com os mesmos tamanhos e mesmos testes; o nome dele é o do principio ativo; identificado com a letra G; Medicamento similar: produto de marca com nome comercial; passa por todos os testes que o medicamento de referencia (eficácia, segurança, biodisponibilidade, etc); não é exatamente igual ao medicamento de referencia (pode haver moléculas diferentes e de tamanhos diferentes); Ao receitar, o médico pode receitar medicamento de referencia, ou autorizar sua substituição por um genérico ou outro; se o medico entender que o medicamente de referência é insubstituível, ele deverá agregar à receita uma frase com os dizeres: “NÃO AUTORIZO A SUBSTITUIÇÃO”; não existe disposição legal no sentido de serem exatamente esses os dizeres, importando apenas que o médico externe sua vontade em não permitir a substituição do medicamento; · Ficando em silencio, estará autorizando a substituição; · Ocorrendo dúvidas sobre a substituição de medicamentos, é recomendável comunicar-se com o prescritor; TROCA DE RECEITA MÉDICA: É extremamente proibido delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivos da profissão médica (código de ética médica, art. 30); · Casos especiais: profissionais portadores de deficiência física que os impeça de desempenharem a prescrição; É vedado ao médico alterar prescrição ou tratamento de paciente, determinado por outro médico, mesmo quando investido em função de chefia ou de auditoria, salvo em situação de indiscutível conveniência para o paciente, devendo comunicar imediatamente o fato ao médico responsável (código de ética médica, art. 81); TRANSCRIÇÃO DE RECEITA MÉDICA: “Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgências e impossibilidade comprovada de realiza-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente cessado o impedimento” implica em infração; (código de ética médica, art. 62); Conclui-se que prescrever medicamentos ou solicitar exames caracterizam atendimento médico, e esse só se realiza com a presença do paciente; Em casos excepcionais, por exemplo, de medicações de uso prolongado, anticonvulsivantes, o médico poderá prescreve-los, desde que seja de continuidade, ou seja, que um especialista tenha feito uma prescrição anterior; ERROS DE MEDICAÇÃO: O erro de medicação é qualquer evento evitável que possa causar dano ao paciente ou leva-lo à utilização inapropriada dos medicamentos; não tem a ver com eventos adversos; · Administração de medicamento errado (letra ilegível); · Omissão de dose na prescrição; · Administração de medicamentos não prescritos (automedicação); · Via de administração incorreta (deve ser especificado na receita); · Erros de técnica de administração; · Forma farmacêutica incorreta; · Horário errado de administração ou doses improprias; · Preparação/manipulação errada; PRESCRIÇÃO VIA INTERNET OU TELEFONE – PRESCRIÇÃO SEM DATA: É vedado ao médico prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência e impossibilidade comprovada de realiza-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente cessado o impedimento (código de ética médica, art. 62); É vedado ao médico dar consulta, diagnóstico ou prescrição por intermédio de qualquer veículo de comunicação de massa (código de ética médica, art. 134); As prescrições devem conter a data da emissão para controle da sua validade o médico não deve elaborar receita sem data; · Auto prescrição: não é recomendável, porém não é proibido; autoexame, HD, prontuário médico, questão de isenção e da imparcialidade; · Prescrição de medicamentos para pacientes de clínica privada em formulários de instituições públicas; o médico não pode prescrever medicamentos a pacientes de sua clinica privada em receituários de instituições públicas; · Recusa em não aviar receita por não ser psiquiatra; o médico é livre para exercer todos os ramos da profissão; não pode haver reserva de mercado;