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Natália Quintino Dias Síndrome coronariana aguda (SCA) SCA: acometimento isquêmico do miocárdio. Abordagem inicial se suspeita de SCA: levar para a sala de emergência para realização de avaliação clínica, coleta de troponina e eletrocardiograma (ECG) em até 10 minutos da admissão (classe I). Essa abordagem permite definir o diagnóstico: • Infarto Agudo do Miocárdio Com Supradesnivelamento de ST (IAMCSST); • Infarto Agudo do Miocárdio Sem Supradesnivelamento de ST – IAMSSST; • Angina Instável – AI; • Dor torácica de origem não isquêmica. A SCA é a expressão clínica da instabilização de uma placa aterosclerótica coronariana. O espectro de apresentação clínica, seguindo a intensidade da isquemia miocárdica em ordem crescente, abrange a AI, o IAMSSST e o IAMCSST. Classificação ▶ IAM tipo I: relacionado a aterotrombose de coronária e ocorre por rotura ou erosão da placa; é definido pela elevação acima do limite superior da normalidade e/ou queda de ao menos um valor de troponina associada a sintomas de isquemia miocárdica aguda, novas alterações isquêmicas ao ECG, surgimento de ondas Q patológicas, novas alterações de mobilidade da parede miocárdica, nova perda de miocárdio viável ou identificação de trombo coronariano por angiografia ou necrópsia; ▶ IAM tipo II: desbalanço entre oferta e demanda de O2 pelo miocárdio não relacionado a fenômeno aterotrombótico; é definido pela elevação acima do limite superior e/ou queda de ao menos um valor de troponina e evidência de desbalanço entre consumo e demanda de oxigênio pelo miocárdio, associada a sintomas de isquemia miocárdica aguda, novas alterações isquêmicas ao ECG, surgimento de ondas Q patológicas, novas alterações de mobilidade da parede miocárdica ou de nova perda de miocárdio viável; tem como exemplos de causas taquiarritmia sustentada, hipertensão severa, anemia, hipotensão ou choque e espasmo coronariano; ▶ IAM tipo III: morte súbita precedida de sintomas sugestivos de isquemia, acompanhada de novas alterações isquêmicas ao ECG ou fibrilação ventricular, mas com óbito antes da coleta de marcadores de lesão miocárdica ou antes do seu aumento poder ter sido identificado; o IAM identificado nessas condições na necrópsia também pertence a este grupo; ▶ IAM tipo IV: relacionado a procedimento de revascularização miocárdica percutânea; • IVa: ocorre em até 48h da angioplastia e caracterizado por ↑ em mais de 5x o valor do limite superior da normalidade da troponina utilizada; • IVb: associado a trombose do stent desde 24h após o procedimento até + de 1 ano após; • IVc: caracterizado pelo infarto determinado por reestenose do stent; ▶ IAM tipo V: relacionado à oclusão de enxerto vascular miocárdico ou de artéria nativa após revascularização cirúrgica do miocárdio, acompanhada da elevação > 10x valor do limite superior da troponina utilizada. Fisiopatologia Ocorre obstrução arterial transitória ou permanente de uma artéria coronária, determinando alterações no músculo cardíaco que variam de isquemia e lesão miocárdica a necrose do músculo. A placa aterosclerótica pode sofrer rotura ou fissura ou ter o seu endotélio desnudado. Tais eventos costumam ser mais frequentes em placas jovens, com grande quantidade de lipídios (sais de colesterol e células espumosas) e menor quantidade de colágeno, fibroblastos e cálcio. Após a instabilização da placa, principal mecanismo de descompensação da SCA, forma-se sobre ela o trombo, a partir da agregação plaquetária. Esse trombo pode ocluir de forma parcial ou completa a luz do vaso, o que limita a oferta de oxigênio para o tecido miocárdico e, dessa maneira, determina a síndrome clínica. • IAMCSST: Obstrução completa. • IAMSSST e AI: Obstrução parcial na presença de circulação colateral. A diferença entre eles é que na AI ocorre sem determinar lesão muscular miocárdica. Ao mesmo tempo que os mecanismos de trombose são ativados pela instabilização da placa aterosclerótica pela erosão da sua superfície ou pela sua ruptura, há ativação dos mecanismos de fibrinólise locais. A resultante do equilíbrio entre Natália Quintino Dias essas forças determina a progressão, a estabilização ou a regressão da obstrução coronariana, a partir da formação ou lise do trombo local. A isquemia que resulta dessa obstrução pode provocar diferentes graus de lesão tecidual, dependendo: - Da porção da artéria acometida (obstruções mais proximais tendem a provocar maior lesão); - Do tamanho e do calibre da artéria; - Da duração da obstrução (pode haver lise espontânea ou terapêutica do trombo); - Da presença de circulação colateral. Angina instável/infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento de ST Avaliação inicial - Caracterizar a dor como anginosa ou não anginosa. São descritas características típicas da dor associada à isquemia miocárdica: - Dor em aperto, precordial ou retroesternal, com irradiação para a mandíbula ou para o membro superior esquerdo; - Dor acompanhada de sudorese, palpitações e vômitos; - Dor desencadeada por esforço físico ou emoção; - Duração prolongada, > 20 minutos no IAM; - Alívio com repouso ou nitrato. Diante da queixa de dor torácica, há quatro possibilidades diagnósticas, a partir de três características básicas: dor retroesternal; desencadeada por esforço; aliviada com repouso ou nitrato. - Dor tipo A: dor torácica de origem cardíaca definida – as três características citadas; - Dor tipo B: dor torácica de possível origem cardíaca – duas das características citadas; - Dor tipo C: dor torácica de etiologia provavelmente não cardíaca – apenas uma das características citadas; - Dor tipo D: dor torácica de etiologia não cardíaca – nenhuma das características citadas. - Realizar abordagem inicial para suspeita de SCA e definir se é AI (enzimas seriadas normais) ou IAMSSST. Após caracterização da dor, exame físico e análise do ECG, é possível classificar a condição de probabilidade clínica de SCA. ECG Alta probabilidade - História ou insuficiência coronariana; - Dor torácica ou no MMSS E semelhante à crise prévia; - Hipotensão; - Congestão pulmonar; Natália Quintino Dias - Insuficiência mitral; - Alteração de ST transitória (≥0,05 mV); - ↑ de enzimas troponina/CK-MB; - Dispneia. Moderada probabilidade - Dor ou pressão torácica ou no MMSS E; - DM; - Idade > 70 anos; - Doença vascular não cardíaca; - Ondas Q patológicas; - Alterações fixas no ECG (ST ou onda T); - Enzimas normais ou discretamente elevadas; - Sexo masculino. Baixa probabilidade - Dor reproduzida à compressão.; - Onda T retificada; - ECG normal; - Enzimas normais. Apenas um critério caracteriza a probabilidade, considerando-se o pior critério. Pacientes que não podem caminhar ou têm alteração eletrocardiográfica que não permita adequada avaliação do traçado: avaliação por meio de ecocardiograma com estresse farmacológico (dobutamina ou dipiridamol) ou cintilografia miocárdica. Diagnóstico diferencial Classificação Os pacientes podem apresentar diferentes graus de instabilização de uma placa aterosclerótica em diferentes porções das artérias coronárias, pode haver lesões coronarianas únicas ou múltiplas. Esses fatores irão definir o risco na evolução do paciente, determinando a intensidade do tratamento. AI Pode ser classificada como de baixo, moderado ou alto risco de evolução para IAMSSST, choque cardiogênico, morte súbita e revascularização de emergência. Marcadores clínicos de gravidade - Lesões mais intensas, envolvendo porções proximais da artéria coronária esquerda, com outras lesões concomitantes; - Disfunção ventricular; - Presença de doença vascular periférica. - Apresentação clínica: IC e hipotensão; -No ECG, além das alterações no segmento ST, pode apresentar BRE. Alto • Angina “em crescendo” nas últimas 48h; • Dor em repouso (+ de 20 min); • Edema pulmonar ou congestão ou galope com B3 ou hipotensão ou sopro mitral novo ou piora ou bradi/taquicardia; • Idade > 75 anos; Natália Quintino Dias • Alteração de ST transitória (≥ 0,05mV); • Taquicardia ventricular sustentada; • Elevação enzimática (troponina I/T ou CK-MB). --> Realizar internação em UCO com tto agressivo e estratégia invasiva precoce – coronariografia e revascularização (angioplastia ou cirurgia). --> AAS + clopidogrel + heparinização plena com HBPM ou HNF; --> Avaliação invasiva com estudo hemodinâmico nas primeiras 48h – CAT; --> Indicações de estudo hemodinâmico imediato: emergência (até 6h); isquemia persistente ou instabilidade hemodinâmica ou elétrica (até 24h); isquemia recorrente ou extensa área de risco. Médio • IAM prévio ou insuficiência vascular periférica ou cerebrovascular; • Revascularização prévia; • Uso de AAS; • Dor em repouso (+ de 20 min) sem dor no momento; • Dor em repouso + de 20 min que melhora com nitrato; • Idade > 70 anos; • Ondas Q patológicas; • Inversão de T > 0,2mV; • Enzimas normais ou pouco elevadas. --> AAS + clopidogrel + heparinização plena (HBPM ou HNF); --> Nitrato; --> Betabloqueador VO nas primeiras 24h OU BBC; --> Realizar investigação com cintilografia miocárdica ou ECO com estresse farmacológico. Baixo • Angina classe III ou IV nova, nas últimas 2 semanas sem dor prolongada (+ de 20 min) em repouso; • Dor em ECG normal ou sem alteração; • Enzimas normais. --> Não há diferença entre estratégia conservadora ou invasiva; --> Colher CK-MB/troponina: na admissão e após 6- 9h; --> Investigar com teste ergométrico. Classificação de estratificação de risco TIMI (Thrombolysis In Myocardial Infarction) Fatores de risco: Idade > 65 anos; + de 3 fatores de risco para doença coronariana (DM, HAS, dislipidemia, tabagismo e história familiar); Doença aterosclerótica coronariana previa (estenose coronariana ≥ 50%); Uso de aspirina nos últimos 7d; Alteração de segmento ST (elevação transitória ou depressão persistente); Marcadores de isquemia miocárdicos positivos; + de 2 episódios de angina nas últimas 24h. Baixo risco: 2 fatores Moderado risco: 3 ou 4 fatores; Alto risco para AI/IAMSSST: ≥ 5 fatores; Natália Quintino Dias Classificação de Braunwald Intensidade Classe I: angina de esforço de início recente ou acelerada; sem angina ao repouso; Classe II: angina de repouso no último mês, mas não nas últimas 48h; Classe III: angina de repouso nas últimas 48h. Circunstâncias A: desencadeada por condições extracardíacas (secundárias); B: na ausência de condições extracardíacas; C: até 2 semanas após IAM Diagnóstico Não há elevação de troponina ou CK-MB. Se há elevação, o diagnóstico é de IAMSSST. As enzimas cardíacas utilizadas para a definição de lesão muscular miocárdica são: - CPK: elevação entre 4-8h após o infarto e se normaliza em 2-3d, com pico ao redor de 24h. É sensível, mas pouco específica, pode estar elevada em lesões musculares, intoxicação pelo álcool, DM, embolia pulmonar. - CK-MB: uma das isoenzimas da CPK (além da CK- BB e da CKMM). A CK-MB é a isoenzima predominante no coração, enquanto a BB está presente no cérebro e nos rins, e a MM, nos músculos. Há duas isoformas da CK-MB: CK-MB-1 e CK-MB-2 (liberada mais rapidamente após o infarto). Elevação de 4-8h após o infarto, pico com 24h e retorna aos níveis normais em 72h. Porém, outras formas de injúria miocárdica, que não a isquemia, podem elevar a CK-MB, como miocardite, choque, cateterismo cardíaco, cirurgia cardíaca e trauma. A coleta de CK-MB não é mais indicada para diagnóstico de IAM, exceto para situações em que a troponina não estiver disponível (classe III – nível A de evidência). - Troponinas: as + específicas para o coração. Não são detectadas no sangue em circunstâncias normais, elevam em 6-8h após o infarto, tem o pico com 24h e podem persistir elevadas por 10-14d (não são úteis para o diagnóstico de reinfarto). Podem estar elevadas em insuficiência cardíaca descompensada, embolia pulmonar e choque séptico. Em razão de outras condições clínicas estarem associadas a valores elevados, a coleta seriada deste marcador e seu comportamento de elevação e/ou queda são utilizados como critério diagnóstico de necrose muscular associada ao infarto, permitindo a diferenciação entre AI e IAMSSST. -- Dosagens de troponinas I e T com ensaios ultrassensíveis. Aumento de 5x o limite superior da normalidade tem especificidade de 90% para o diagnóstico de IAM. A coleta deve ser realizada entre 0-2h após a chegada. Se marcadores cardíacos normais: realizar exames não invasivos em pacientes de risco baixo e intermediário. Pode-se realizar o teste ergométrico, cintilografia miocárdica com esforço e o ECO com estresse. IAMSSST: dor torácica sustentada por + de 20 minutos, ECG sem supradesnivelamento do segmento ST persistente e elevação de enzimas cardíacas (troponina e/ou CK-MB com valores 2x acima do normal). AI: dor torácica sustentada por menos de 20 minutos, ECG sem supra de ST e dosagem de enzimas cardíacas normal. Tratamento Manter repouso. Morfina – promove melhora da congestão e da dor e é indicada quando a dor persiste ou é refratária ao uso de nitratos. • Não usar em caso de PAS <90mmHg. Oxigênio se sat < 90% Nitrato: para alívio da dor, melhora da congestão e da hipertensão. • Não administrar antes do ECG. Natália Quintino Dias • Não utilizar se: PAS < 90mmHg; bradicardia < 60bpm ou em casos de uso de inibidores de fosfodiesterase para disfunção erétil há menos de 24 horas (sildenafila) a 48 horas (tadalafila). AAS – dose de 160-325mg Betabloqueador VO nas primeiras 24h • Uso inicial com metoprolol. • Indicado na angina de moderado e alto risco. Clopidogrel – contraindicados em associação ao AAS a pacientes submetidos a tratamento cirúrgico. • Dose de ataque: 300mg (4cp), seguida de 75mg/d. • Se > 75 anos: a dose de ataque deve ser omitida. • Se houver possibilidade de revascularização miocárdica, adiar o uso até a conclusão da indicação cirúrgica. • O uso deve ser suspenso de 5-7d antes da abordagem cirúrgica para revascularização miocárdica (elevado risco de sangramento grave no pós-op). • Opções: Ticagrelor ou prasugrel (novos antiagregante plaquetários): para casos em que o cateterismo é utilizado de forma precoce. Após a colocação do Stent uma dessas drogas deve ser mantida por até 1 ano após o procedimento. IECA - se necessário. Heparinização plena • Enoxaparina – HBPM, pois não precisa de controle laboratorial. • Dose: 2mg/kg/d em 2 doses por pelos menos 48h. • No IAMCSST: para pacientes com idade < 75 anos administrar 30 mg EV, seguido de 1mg/kg SC a cada 12h até alta. Em pacientes > 75 anos: não administrar dose EV, iniciar com 0,75mg/kg SC de 12/12h. • Opção: fondaparinux ou da bivalirudina. Se alto risco: pode associar inibidores de glicoproteína IIb/IIIa como tirofibana, abciximabe, como complemente à terapia antiagregante. • Esses pacientes devem ser encaminhados para o CAT dento de 48-72h e mantidos com o inibidor de glicoproteína até 12h após o procedimento. • Não utilizar em IAMCSST. Contraindicações: reação alérgica a salicilatos (usar clopidogrel), infarto do ventrículo direito (pode ocorrer hipotensão com nitrato); e, para o uso de betabloqueadores, descartar bloqueios atrioventriculares, broncoespasmo, hipotensão, insuficiência cardíaca descompensada ou bradicardia. Estatina: Para pacientes com doença coronariana ou equivalente – aterosclerose. Não é prioridade na salade emergência, mas iniciar assim que possível. Cateterismo Indicado a candidatos à revascularização por falha de controle clínico, já revascularizados, em recidiva de sintomas instáveis ou pacientes com valvopatia que serão submetidos a correção cirúrgica. Na SCA: deve ser feito quando a dosagem de troponina é positiva, quando ocorrem alterações dinâmicas de ST, na Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), presença de B3, edema agudo de pulmão, novo sopro ou piora de insuficiência mitral, instabilidade hemodinâmica, revascularização prévia, angioplastia há menos de seis meses, taquicardia ventricular sustentada, dor recorrente, FE < 40%, teste de isquemia miocárdica positivo ou sobreviventes de parada cardíaca súbita. Caso contrário, pode ser realizado mais tardiamente, como parte da estratificação/tratamento da doença coronariana. Controle glicêmico Nas primeiras 48h do início do quadro. Evitar/tratar hiperglicemias > 180mg/dL. Infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST Quando a ruptura da placa aterosclerótica da coronária determina a formação de trombo que a obstrui na sua máxima intensidade por tempo suficiente, ocorre o IAMCSST. A história é semelhante à da AI, exceto pela duração da dor, que é mais prolongada (entre 20 e 30 minutos). O diagnóstico é alcançado por meio de história, exame físico e ECG, preenchendo os seguintes critérios: elevação e queda gradual da troponina, elevação e queda rápida da CK-MB, sintomas isquêmicos, aparecimento de ondas Q no ECG, elevação do segmento ST maior ou igual a 1 mV em Natália Quintino Dias duas derivações contíguas ao ECG ou bloqueio de ramo direito ou esquerdo presumivelmente novo ou intervenção coronariana com angioplastia que evolua com tais características. A meta de tempo de definição do diagnóstico entre o primeiro contato médico, realização do ECG e definição do diagnóstico é de 10 minutos. Tempo para abertura mecânica da artéria, definido em até 90 minutos se necessidade de transferência, ou até 60 minutos para os serviços de hemodinâmica. Se não for possível -> realizar trombólise. Contraindicações absolutas a trombolíticos - AVCH - AVCI < 3 meses - Trauma importante < 3 meses - Tumor - Malformação arteriovenosa cerebral - Dissecção aguda de aorta - Sangramento ativo Contraindicações relativas - Gestante - Hipertensão não controlada (PAS > 180; PAD > 110) - Massagem cardiopulmonar prolongada - Uso atual de antagonistas da vitamina K: quanto maior o INR maior o risco de sangramento - Úlcera péptica ativa. Após a estabilização do paciente: deve-se realizar angiografia coronariana para estratificação e terapia coronariana complementar com stent farmacológico, se necessário. Alterações no ECG (A) fase hiperaguda; (B) fase aguda inicial; (C) fase aguda tardia; (D) fase de evolução completa; (E) fase cicatricial. A localização da parede isquêmica pode ser feita por meio da análise do ECG e permite estimar a artéria coronária acometida. Critérios de Sgarbossa Para ajudar na diferenciação entre IAMCSST e BRE. - Elevação do segmento ST ≥ 1mm concordante com o complexo QRS (5 pontos). - Depressão do segmento ST ≥ 1mm nas derivações V1-V2-V3 (3 pontos). - Elevação do segmento ST ≥ 5mm e discordante do complexo QRS (2 pontos). Natália Quintino Dias Pontuação > 3 pontos: confirma o diagnóstico de IAMCSST. < 3 pontos: o diagnóstico não pode ser excluído. Com a avaliação clínica inicial, é possível estratificar os pacientes quanto à repercussão hemodinâmica do IAM e seu prognóstico, utilizando-se a classificação clínica de Killip-Kimball. Tratamento O mesmo que utilizado em IAMSSST, porém realizar angioplastia com colocação de stent ou fazer uso de trombolítico (se o tempo de realização da angioplastia > 90 min). Trombolítico O tempo hábil de trombólise é de até 12 horas. Tem maior benefício quando realizada em tempo < 3h, IAM anterior, DM, PAS < 100. E menor benefício se IAM inferior, exceto com IAM de VD. • Estreptoquinase – 1.500.000 UI em 30 min. • A associação do clopidogrel ao ácido acetilsalicílico é mandatória realizada a trombólise. • Opção: Reteplase; tenecteplase; alteplase. • Na vigência de complicações hemorrágicas após a trombólise, a estabilização do sangramento pode ser obtida com plasma fresco e crioprecipitado. • Caso haja contraindicações relativas ao uso do trombolítico, a decisão de aplicar a droga deve ser definida caso a caso. A utilização de HNF está indicada quando a terapia de reperfusão utilizada é a angiografia com stent e deve ser iniciada antes do procedimento. A bivalirudina também pode ser iniciada nesse momento. A anticoagulação deve ser mantida por ao menos 48 horas após a trombólise e preferencialmente durante toda a internação até o oitavo dia. Angioplastia O tempo porta-balão não deve exceder 90 minutos, e o tempo porta-agulha, para aqueles que serão submetidos à fibrinólise, deve idealmente ser de, no máximo, 30 minutos. A angioplastia determina dilatação da obstrução trombótica associada à aplicação de stent para evitar a reoclusão da lesão. Os stents podem ser revestidos ou não revestidos por componentes farmacológicos, geralmente com everolimo, para reduzir estenose da lesão após o stent. Natália Quintino Dias Angioplastia primária Revascularização miocárdica de urgência/emergência Classe I: angioplastia sem sucesso com dor ou instabilidade hemodinâmica e anatomia favorável; IAM e isquemia refratária ou persistente em não candidatos a manipulação angiográfica; cirurgia concomitante para correção de defeito septal/insuficiência mitral pós-IAM. Classe IIa: choque cardiogênico com anatomia favorável. Classe IIb: angioplastia sem sucesso em área pequena de infarto. Classe III: taxa de mortalidade cirúrgica ≥ à mortalidade do tto clínico. Infarto agudo do miocárdio do ventrículo direito Ocorre em até 30% dos infartos inferiores. Pode ser reconhecida ao ECG nas derivações direitas (V3R e V4R) até três horas do início do infarto. O paciente desenvolve choque até 12 horas do início do infarto inferior, sem congestão pulmonar. O tratamento da hipotensão causada por infarto do ventrículo direito é a reposição volêmica agressiva. Uma falha comum, quando tal infarto não é reconhecido, é a administração de venodilatadores (nitroglicerina, morfina), determinando choque intenso por perda da pré- carga do ventrículo direito. O ecocardiograma pode identificar a discinesia ou acinesia do mesmo ventrículo, auxiliando no diagnóstico tardio.
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