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Júlia Assis Silva - Turma IV alfa Genética Fibrose cística 1) Como pode ser definida a FC? ● Doença genética caracterizada pela disfunção do gene cystic fibrosis transmembrane conductance regulator (CFTR), que tem como principal característica infecções repetidas nas vias aéreas inferiores. 2) Como é feito o diagnóstico da FC? ● Primeiramente, é feito o teste de triagem neonatal, poucos dias após o nascimento. Esse teste usa a quantificação dos níveis de tripsinogênio imunorreativo em duas dosagens. ● Se as duas dosagens do teste derem positivo faz-se o teste do suor para confirmação ou exclusão da fibrose cística. A dosagem do cloreto por métodos quantitativos no suor maior ou igual a 60 mmol/l, em duas amostras, confirma o diagnóstico. ● Pode-se fazer também a identificação de mutações relacionadas à fibrose cística e os testes de função da proteína CFTR 3) Qual a prevalência da FC no Brasil e no mundo? ● No Brasil a estimativa é de 1:7.576 nascidos vivos, porém apresenta diferenças regionais, com valores mais elevados nos estados da região Sul. 4) Explique o mecanismo genético envolvido na FC ● Doença genética autossômica recessiva causada por mutações no gene CFTR 5) As mutações no gene CFTR podem ser classificadas em diferentes grupos, de acordo com os mecanismos pelos quais interrompem sua função. Diferencie cada uma das classes de mutações e os mecanismos biológicos envolvidos. ● Classe I: mutações que inibem ou reduzem a produção da proteína. Causam fenótipos de FC mais graves. ● Classe II: afetam o processamento da proteína. As mutações dessa classe estão relacionadas a um processamento anormal da proteína devido a um misfolding incorreto. As proteínas imaturas traduzidas ficam retidas no RE e não passam para o aparelho de Golgi para serem glicosiladas, havendo uma falha de proteínas funcionais na membrana. Estas proteínas anormais saem diretamente do RE para o citosol para serem degradadas no proteossoma. Devido à ausência de proteínas na membrana, as mutações dessa classe estão associadas a fenótipos graves. ● Classe III: afetam a regulação do canal de Cl. Mutações que estão localizadas nos domínios NBD1 e NBD2 da proteína, impedindo a ligação de ATP a esses domínios e sua hidrólise, necessária para a ativação do canal. ● Classe IV: afetam o transporte de Cl, o gene codifica uma proteína CFTR que é corretamente traduzida, processada, transportada e inserida na membrana apical e que responde a estímulos, porém a condutância de Cl é reduzida. Estão localizadas nos domínios transmembranares que participam na formação do canal iônico. O fenótipo é moderado e com insuficiência pancreática. ● Classe V: levam a redução da transcrição do gene. Devido à desregulação da transcrição e estão associadas a um fenótipo de FC moderado. Mutações no promotor que reduzem a transcrição, splicing alternativo e uma maturação ineficiente da proteína Júlia Assis Silva - Turma IV alfa ● Classe VI: mutações que levam a um ‘’turnover’’ acelerado e precoce na superfície celular. Esta classe inclui as mutações que diminuem a estabilidade da proteína, da membrana, CFTR. O canal se liga mas não fica totalmente ancorado e acaba sofrendo o processo de reciclagem mais constante. Fenótipo grave de FC. 6) Quais as manifestações clínicas estão associadas à FC? Diferencie as manifestações, de acordo com o tipo de tecido afetado ● Nas vias aéreas ocorre depleção de líquido na superfície e espessamento de secreção que obstrui as vias e compromete os mecanismos locais de defesa, facilitando a ocorrência de infecção e inflamação, essa inflamação ocorre precocemente e predispõe à colonização e infecção das vias aéreas, diminuindo a função pulmonar nos pacientes. Esse processo supurativo crônico resulta em lesões pulmonares permanentes e comprometimento de trocas gasosas, ocasionando óbito por DPOC ● No fígado ocorre obstrução biliar e fibrose periportal que pode causar cirrose biliar focal. Também pode haver esteatose hepática, colelitíase e doença hepática grave. ● No intestino há menor absorção dos nutrientes ● No aparelho reprodutor masculino ocorre azoospermia obstrutiva, o ducto está obstruído não havendo transporte do espermatozóide para o sêmen. ● Indivíduo sua mais e elimina mais cloreto de sódio tendo risco de desidratação. 7) Como é feito o tratamento da FC de acordo com os diferentes sistemas afetados? ● Tratamentos sintomáticos 8) Explique a importância do aconselhamento genético na FC. A doenç� ● Mucoviscidose, por causa do muco viscoso, ou doença do beijo salgado ● Herança genética: doença autossômica recessiva causada por mutações no gene cystic fibrosis transmembrane conductance regulator (CFTR) ● Repetidas infecções das vias respiratórias inferiores que causam a gradual destruição dos tecidos pulmonares e morte precoce do paciente. ● O muco é espesso porque o cloro é responsável pela hidratação da camada mucosa. O gen� CFTR ● Transportador aniónico de cloro e bicarbonato regulado pelo cAMP com papel essencial na regulação da absorção e secreção de íons e água em tecidos epiteliais ● Essencial para a manutenção do líquido de superfície epitelial e de uma adequada clearance mucociliar ● Clearance de muco: limpeza do trato respiratório, é um mecanismo de defesa na remoção de patógenos e toxinas inaladas. Para a manutenção dele, sal e água tem que ser secretado para as vias aéreas juntamente com as mucinas secas. ○ Depois esses elementos vão constituir o líquido periciliar que vai ser removido pelos batimentos ciliares ou pela tosse. ○ Esse clearance aumenta em respostas inflamatórias ● O CFTR modula a camada de muco das vias aéreas regulando a secreção de cloro e bicarbonato Júlia Assis Silva - Turma IV alfa ● A secreção de cloro conduz à hidratação do líquido periciliar e da camada mucosa, enquanto o bicarbonato alcaliniza o meio extracelular ● Nas vias aéreas a disfunção do CFTR conduz, previsivelmente, à diminuição do ASL e da clearance mucociliar, à infecção bacteriana crônica e à inflamação excessiva ○ Aumento da concentração de cloreto na membrana celular ○ Redução da secreção de sal, aumento da viscosidade e adesão do muco (muco desidratado) e pH e quantidade do ASL diminuídos ● Esse muco no sistema digestivo impede a absorção correta de nutrientes ● Encontrada na membrana apical de células do trato respiratório, glândulas submucosas do pâncreas exócrino, fígado, ductos sudoríparos e trato reprodutivo ● Localização: braço longo do cromossomo 7, 7q21-31 ● Possui cerca de 250 Kb e 27 éxons, e codifica um RNAm transcrito com 6,5 Kb e proteína de 1480 aminoácidos. ● Domínios transmembranares ancoram a CFTR na membrana da célula. ○ ATP promove abertura ou fechamento do canal no domínio R Diagn�tic� ● Critérios: ○ Rastreio neonatal positivo (imunotripsina reativa) ○ Uma ou mais manifestações clínicas sugestivas ○ Presença de história familiar ● Os critérios devem ser acompanhados de evidência laboratorial de disfunção da CFTR ○ Teste do suor positivo (presença de cloro no suor) ou diferença de potencial nasal (DPN) positivo ○ Identificação de duas mutações conhecidas como causa de FC nos genes da CFTR Classe� d� mutaçõe� ● Classe I: mutações que inibem ou reduzem a produção da proteína. ○ Mutações non-sense, frame-shift e de defeitos do splicing do mRNA ○ Non-sense: conduz a paragem prematura da tradução e a produção de uma proteína truncada ○ Fenótipos de FC mais graves ● Classe II: mutações que afetam o processamento da proteína ○ Defeitos do folding ou da maturação da proteína, podendo conduzir a uma degradação prematura do CFTR produzido. ○ As proteínas imaturas traduzidas ficam retidas no RE e não passam para o aparelho de Golgi para serem glicosiladas, havendo uma falha de proteínas funcionais na membrana. ○ Estas proteínas anormais saem diretamente do RE para o citosol para serem degradadas no proteossoma. ○ Devido à ausência de proteínas na membrana, as mutações dessa classe estão associadas a fenótipos graves. ● Classe III: mutações que afetama regulação do canal de cloro ○ Gating (abertura e fechamento) do canal limitado. Júlia Assis Silva - Turma IV alfa ○ Mutações que estão localizadas nos domínios NBD1 e NBD2 da proteína, impedindo a ligação de ATP a esses domínios e sua hidrólise, necessária para a ativação do canal ● Classe IV: mutações que afetam o transporte de cloro. ○ Defeito da condutância do canal, dificultando a passagem dos iões de cloro e bicarbonato. ○ Proteína CFTR que é corretamente traduzida, processada, transportada e inserida na membrana apical e que responde a estímulos, porém a condutância de Cl é reduzida ○ Fenótipo moderado e com insuficiência pancreática ● Classe V: mutações que levam a redução da transcrição do gene. ○ Apesar de permitirem a formação de um CFTR normal, uma limitação da regulação da transcrição resulta numa quantidade diminuída de proteína produzida. ○ Mutações no promotor que reduzem a transcrição, splicing alternativo e uma maturação ineficiente da proteína ● Classe VI: mutações que levam a um turnover acelerado e precoce na superfície celular. ○ Mutações que diminuem a estabilidade da proteína, da membrana, CFTR. O canal se liga mas não fica totalmente ancorado e acaba sofrendo o processo de reciclagem mais constante. ○ Fenótipo grave de FC. Via� aérea� ● A depleção de líquido na superfície das vias aéreas e o espessamento da secreção leva a obstrução das vias e compromete os mecanismos locais de defesa ○ Produção de muito muco, cílios não se movem corretamente, mecanismo de defesa fica prejudicado dando chance de colonização de bactérias ○ Facilitando a ocorrência de infecção e inflamação ○ Diminuição do ASL e da clearance mucociliar ○ A presença de secreções espessas e infectadas leva à obstrução das pequenas vias aéreas e ao desencadeamento de um processo inflamatório crônico. A inflamação, presente, inclusive, em pulmões anatomicamente normais de recém-nascidos, leva à formação de bronquiectasias e lesão pulmonar com progressão, em última instância, para insuficiência respiratória e morte ● Inflamação ocorre precocemente e predispõe à colonização e infecção das vias aéreas ○ Causa importante diminuição da função pulmonar nos pacientes ● Infecções costumam ocorrer logo após o nascimento e são acompanhadas de intensa resposta inflamatória. ○ Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae, Pseudomonas aeruginosae e Burkholderia cepacia ● Sintomatologia respiratória inicial: tosse crônica persistente, excessiva produção de escarro espesso e muitas vezes purulento. Júlia Assis Silva - Turma IV alfa ● No decorrer dos anos, este processo supurativo crônico resulta em lesões pulmonares permanentes e no comprometimento de trocas gasosas: óbito por DPOC Fígad� ● A lesão hepática típica da FC é a cirrose biliar focal: resultado da obstrução biliar e da progressiva fibrose periportal ● Podem expressar esteatose hepática e colelitíase ● Doença hepática grave afeta cerca de 5% dos pacientes com a enfermidade: geralmente diagnosticada entre os 10 e 20 anos ● O metabolismo alterado dos sais biliares favorece a formação de cálculos biliares ● A lesão hepática acarreta danos na síntese endógena de vitamina D e de seus metabólitos, podendo resultar em doença óssea e alterações no metabolismo do cálcio. Pâncrea� ● Redução do conteúdo hídrico da secreção pancreática e em maior acidez da mesma ○ Obstrução dos ductos pancreáticos, autólise e fibrose do pâncreas ● Insuficiência pancreática exócrina caracterizada por uma deficiência ou ausência dos três grandes grupos de enzimas pancreáticas: amilases, proteases e lipases ○ Essa deficiência ocorre pela obstrução dos ductos pancreáticos e pela destruição do pâncreas por fibrose. ○ Evitam a quebra e digestão normais dos alimentos: má absorção dos nutrientes e diminuição da liberação de bicarbonato pelo pâncreas no duodeno (pela acidez) que leva a inativação das enzimas secundárias e dos ácidos biliares ● Esteatorréia (excesso de gordura nas fezes devido a perda das lipases), comprometimento nutricional e sinais e sintomas relacionados à perda protéica e à deficiência de vitaminas lipossolúveis. Devido a má absorção das gorduras pela falta de lipase ○ Caracterizada por fezes volumosas, frequentes, fétidas e oleosas Intestin� ● Compromete a secreção de cloretos para o lúmen intestinal ● Material fecal torna-se espesso, contribuindo para a ocorrência de síndromes obstrutivas intestinais: ○ Íleo meconial, obstrução intestinal distal e constipação ● A má-absorção intestinal na fibrose cística é multifatorial. A deficiência de enzimas pancreáticas é o fator predominante e decorre da obstrução dos ductos pancreáticos e da destruição progressiva do pâncreas por fibrose. ● Em consequência, ocorre má absorção dos nutrientes e comprometimento do estado nutricional. ● Desnutrição: disfunção gastrointestinal altera a capacidade de absorção de nutriente Glândula� sudorípara� ● Anormalidades na homeostase do cloreto de sódio e acúmulo desses no suor Júlia Assis Silva - Turma IV alfa ● As manifestações clínicas advindas da perda aumentada de líquidos e eletrólitos são: ○ Suor salgado: podendo haver depósitos de cristais na pele ○ Sudorese excessiva com ou sem diarreia: ocasiona perda maciça de sódio, provocando desidratação grave Trat� reprodutor masculin� ● Homens são comumente estéreis devido a obstrução ou ausência dos ductos deferentes e da cauda do epidídimo ● A agenesia bilateral dos canais deferentes ocorre quase universalmente em homens com FC e a esterilidade pode ser a única apresentação de formas atípicas ● Azoospermia obstrutiva: obstrução dos ductos deferentes, o esperma não chega ao sêmen ● OBS: Quanto maior o escore de shwachman menos sintomas Tratament� ● Dieta: livre e com acréscimo de sal ● Terapia antimicrobiana: para prevenir e tratar de infecções nos pulmões ● Fisioterapia torácica convencional ● Broncodilatadores: para ajudar a abrir as vias respiratórias ● Anti-inflamatórios ● Terapia de substituição de enzima para afinar o muco e facilitar a expectoração ● Alta concentração de soluções salinas ● O transplante de pulmão é uma opção em alguns casos: principalmente quando o caso é muito avançado
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