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Urologia Pediátrica ● Patologias urológicas comuns em pacientes pediátricos: ○ estenose da junção ureteropiélica (JUP) ○ refluxo vesicoureteral ○ válvula da uretra posterior ○ alterações do descenso testicular ○ hipospadia ○ fimose ○ enurese ● Estenose da junção ureteropiélica: ○ Introdução: ■ estreitamento congênito entre pelve renal e ureter ■ hidronefrose (dilatação do sistema coletor) ■ 1 a cada 1.000 a 1.500 recém-nascidos ■ masculino (2:1) ■ lado esquerdo (60%) ■ bilateral (10 - 40%) ■ Principal causa de massa abdominal na infância ■ Sítio mais comum de obstrução do trato urinário ○ Fisiopatologia: ■ Pode haver ambos os fatores: hidronefrose: aumento da pelve renal ○ Quadro clínico: ■ Antenatal e neonatal: ● rim único ou bilateral ○ oligoidrâmnio, azotemia ● ITU e até urossepse podem ser manifestações neonatais ■ Crianças e adultos: ● crianças mais novas: ○ falha de crescimento, ITUS, alterações alimentares ● mais velhas: ○ dor em flanco, hematúria, nefrolitíase, náuseas, vômitos, ITUS e até sepse ● Clássico: ○ massa palpável, dor intermitente ou relacionada com a ingesta hídrica ○ infecção urinária neonatal ■ sinal de estenose de JUP em 30% dos casos ○ Diagnóstico: ■ urografia excretora: ● pelve dilatada ■ USG em fase gestacional: ● hidronefrose ■ USG em fase pós-natal: ● dilatação pielocalicial com ureter normal ○ altamente sugestivo de estenose de JUP ■ TC: ■ Cintilografia renal: ● TC-DTPA ou TC-MAG3 ● revela obstrução ○ Tratamento: ■ Clínico: ● acompanhamento da função renal e hidronefrose ● USG ● cintilografia ● sintomas ■ Cirúrgico: ■ ⅓ dos casos - cirúrgico ■ endopielotomia ou pieloplastia (padrão ouro) ● Refluxo vesicoureteral: ○ Introdução: ■ 30% das crianças com ITU ■ permite ascensão de bactérias ao trato urinário superior ■ necessário ITU documentada: urocultura positiva + piúria ○ Diagnóstico: ■ uretrocistografia miccional (UCM): menos sensível, mais detalhes anatômicos ■ Cistocintilografia: mais sensível, menos detalhes anatômicos ■ Controvérsia: ● antigamente: ITU febril = UCM ● atualmente: não solicitar UCM após primeira ITU febril. Apenas se houver achados em USG ou novo episódio ■ 5 - 8% de associação com estenose de JUP ■ malformação mais comum associada a duplicidade ureteral ○ IMPORTANTE: ■ Duplicidade ureteral completa: ● Regra de Weigert-Meyer: ○ ureter superior - inferiomedial + ureterocele obstrutivo ○ ureter inferior - superolateral → refluxivo ○ Classificação: ○ História natural: ■ resolução espontânea: ● grau 1 e 2: 90% ● grau 3: 50 - 85% ● grau 4 e 5: precisa de intervenção para não ficar com dano renal. ■ sequelas: ○ Melhora com a idade: ○ Tratamento: ■ Objetivo: ● preservar função renal ● prevenir infecções e cicatrizes renais ■ Medidas gerais: ● revisar técnicas de higiene periodicamente ● esvaziamento da bexiga ● alimentação saúdavel ● boa ingesta hídrica ● prevenir a constipação ■ Antibioticoprofilaxia: ■ Falha profilaxia e medidas gerais = tratamento cirúrgico ■ Diversas técnicas: ● endoscópico ○ menos sucesso por cirurgia ○ menos invasivo ● aberto: ○ cirúrgico = reimplante ureteral ○ técnica de politano-Leadbetter ■ transvesical ■ mecanismo antirrefluxo ○ Técnica de Cohen: ■ transversical ■ mecanismo antirrefluxo ■ bom em bexiga trabeculada ■ bom para refluxo bilateral ■ distorce anatomia ○ Técnica de Lich-Gregoir: ■ extravesical ■ mecanismo antirrefluxo ● laparoscópico / robótico-assistido ● Você sabia? ○ Como sabemos quanto de ureter precisamos no túnel submucoso? ■ R: regra de Paquin - 5:1 razão comprimento (luz do ureter) ● Válvula da uretra posterior: ○ Introdução: ■ obstrução uretral em crianças ■ estrutura membranosa no assoalho da uretra prostática ■ sexo masculino - 5 a cada 8.000 nascimentos ■ pior prognóstico em crianças com menos de 1 ano ■ associação com displasia renal ■ associação com refluxo vesicoureteral ○ Quadro clínico: ■ Oligodrâmnio e hipoplasia pulmonar: ● obstrução grave com displasia renal ■ Neonatos: ● retenção urinária, massas palpáveis, febre (ITUS), icterícia, prejuízo de crescimento, distúrbios hidroeletrolíticos ● 50% ITU após 1 ano ■ Crianças maiores: ● perda de urina ● urgência ● enurese ● ardor miccional ● jato fino ● gotejamento ○ Diagnóstico: ■ Período antenatal - USG (⅔ dos casos) ● 75% - antes dos 5 anos ● 25% - casos oligossintomáticos ● ⅔ óbitos - antes dos 2 anos ■ Após 20 semanas de gestação ● uropatia obstrutiva, bexiga espessada e cheia oligoidrãmnio, ascite ■ Neonato: ● febre, vômitos, dor abdominal, uremia ou septicemia ○ Diagnóstico - Métodos de imagem: ■ USG: ● hidronefrose bilateral por obstrução intravesical ■ Uretrocistografia miccional: ● dilatação da uretra prostática ● hipertrofia do colo vesical ● bexiga irregular ● refluxo vesicoureteral (50%) ■ Cintilografia renal: ● informações sobre excreção renal, filtração glomerular e função tubular ● úteis no acompanhamento ■ Urografia excretora: ● após 1º mês de vida com função renal normal ● auxilia pouco ○ Tratamento: ■ Eletrofulguração endoscópica: ● após 2ª semana ■ Após 3º mês: ● menor risco de lesão iatrogênica do esfíncter ■ Derivação urinária (cistostomia) ● Pegadinha: ○ Em relação a infecção urinária neonatal relacionada com alterações congênitas e até dilatação do ureter e hidronefrose, qual é a principal causa em meninos e meninas? ■ R: Meninos - válvula da uretra posterior / Meninas - refluxo vesicoureteral ● Alterações do descenso testicular (Criptorquidia): ○ Introdução: ■ ausência de testículo no escroto (distopia testicular) ■ descida testicular completa - últimas semanas ■ mais comum em prematuros ○ Incidência: ■ Distopia testicular: ● 3% dos nascidos a termo ● 70% - descenso espontâneo até 1 ano ■ Prematuros: ● 30% com distopias (pode ser bilateral) ■ Descenso espontâneo: ● 70 - 77% até 3º mês ● raramente descida após 1 ano ○ Diagnóstico: ■ Palpação em decúbito e ortostático:sensibilidade 90% ■ Exames de imagem ■ Laparoscopia: ● testículos não localizados a palpação ● sucesso = 100% ■ Diferenciação entre testículo intra-abdominal ou anorquia: ● teste da gonadotrofina coriônica ● elevação de testosterona = intra-abdominal (não é anorquia) ● avaliação cromossômica ○ Tratamento: ■ Antes de 1 ano: ● usava-se tratamento conservador com gonadotrofina coriônica ● resultados positivos até 15% ● NÃO SE FAZ MAIS ■ Tratamento definitivo orquidopexia a partir dos 6 meses ● 1 ou 2 tempos ● deve ser finalizado até 1 ano ● Hipospadia: ○ Introdução: ■ meato externo na face ventral do cilindro uretral ■ deformidade congênita mais frequente na genitália masculina (5:1.000) ■ coexistência com outras malformações, principalmente com criptorquidia Tríade da hipospadia: alteração do meato ureteral + “capuchão” - excesso de pele + “chordee” - pênis torto ○ Tipos de hipospadia: ○ Quadro clínico: ■ Classificação: anterior, médio e posterior ○ Você sabia? ■ Dr, com qual idade podemos operar a hipospadia? ● R: geralmente, a partir dos 2 anos. ○ Tratamento: ■ melhorar o aspecto cosmético do pênis ■ corrigir o capuz dorsal ■ conferir à glande um aspecto cônico ■ posicionar o meato uretral o mais distal possível ● Fimose: ○ Introdução: ■ incapacidade de realizar retração do prepúcio ■ exposição da glande é comprometida ■ 3 anos - prepúcio retrátil - 90% ■ 17 anos - 99% (retrátil) ○ Diagnóstico: ■ Exame físico: ■ Diferencial: ● prepúcio redundante ● aderência balanoprepucial ○ Tratamento: ■ Clínico: ● esteroides tópicos (60% de sucesso) ● evitar manobras bruscas ■ Cirúrgico: ● postectomia - após 3 anos ● Enurese: ○ Definição: ■ micção involuntária ■ local e momento inadequados ■ Classificação: diurna e noturna ■ 15% das crianças de 5 anos ● perdas noturnas. ■ Resolução espontânea: 1% ao ano ■ Aos 15 anos: 1% da população ■ Enurese noturna: mais frequente em meninos ○ Classificação: ■ Quanto à evolução: ● Primária: ○ na maioria dos casos, retardo na maturação neurológica; sempre teve enurese ● Secundária: ○ volta a apresentar após períodode controle miccional de, pelo menos, 6 meses. ■ Quanto aos sintomas: ● Simples ou monossintomáticas: ○ não se associa a nenhum ○ sintoma miccional ou anomalias (70 - 90%) ● Polissintomática: ○ associada a sintomas diurnos, como polaciúria, urgência, jato fraco ○ Fisiopatologia: ■ fatores genéticos e familiares ■ fatores psicológicos ■ alterações vesicais: diminuição da capacidade funcional ■ produção noturna de urina ■ fatores relacionados ao sono: ● imaturidade do sistema nervoso central ● evolução para cura ○ Avaliação clínica: ■ História e exame físico: ● desenvolvimento físico e neuromuscular ● antecedentes familiares ■ Documentação da enurese: ● se primária ou secundária ■ Exames complementares: ● urinálise ● USG do trato urinário ● exame urodinâmico ○ Tratamento: ■ terapia comportamental ■ alarme noturno ■ terapia medicamentosa: ● TOILET TRAINING ○ micções programadas ○ ingesta hídrica ○ líquido até às 18 horas.