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Fisiopato - Câncer de Prostata

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Câncer de Próstata
SAÚDE DO HOMEM E CÂNCER DE PRÓSTATA
O câncer de próstata, no Brasil, é o segundo mais comum entre os homens e o sexto tipo
mais comum no mundo. A taxa de incidência do câncer de próstata é seis vezes maior nos
países desenvolvidos se comparado com os países em desenvolvimento. De acordo com o
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), estima-se para o Brasil,
biênio 2018-2019, ocorrerão 420 mil casos novos de câncer.
Explicando um pouco sobre a fisiopatologia da doença, os andrógenos desempenham um
papel importante no câncer de próstata, o crescimento e a sobrevida das células do câncer
de próstata dependem de andrógenos, que se ligam ao receptor androgênico (RA) e
induzem a expressão de genes pró-crescimento e pró-sobrevida. Ocorrem também
alterações genéticas, sendo as mais comuns no câncer da próstata, a amplificação do
oncogene MYC e deleções envolvendo o supressor tumoral PTEN. Nos estágios avançados
da doença são comuns tanto a perda de TP53 (por deleção ou mutação) como deleções
envolvendo RB. Os cânceres de próstata incluem vários genes supressores de tumor,
incluindo genes envolvidos na regulação do ciclo celular como RB e CDKN2A, na
manutenção da estabilidade genômica como em MLH1 e MSH2 e na supressão da via de
sinalização como a APC.
Com relação ao câncer de próstata, o paciente pode apresentar-se assintomático e com
evolução silenciosa .O câncer de próstata é considerado um câncer da terceira idade, uma
vez que cerca de 75% dos casos no mundo são diagnosticados a partir dos 65 anos. Alguns
homens não apresentam sintomas, ou apresentam dificuldades para urinar, vontade
excessiva de urinar ou sangue na urina. Observa-se que já no estágio avançado pode
apresentar dor óssea, infecção generalizada ou insuficiência renal . Diante da ausência de
sintomas, é comum a resistência por parte do homem em procurar um médico. Isso pode
dificultar o diagnóstico precoce e consequentemente o tratamento.
Em aproximadamente 70% dos casos, o carcinoma da próstata surge na zona periférica da
glândula, classicamente em uma localização posterior, onde pode ser palpável ao exame
retal. Caracteristicamente, o tecido neoplásico é granuloso e firme, sua visualização é mais
facilmente aparente à palpação, por isso a importância do exame de toque retal (ETR).
Histologicamente, a maioria das lesões consiste em adenocarcinomas que produzem um
padrão glandular bem definido. As glândulas tipicamente são menores que as glândulas
benignas e estão revestidas por uma camada única e uniforme de epitélio cubóide ou
colunar baixo. Em contraste com as glândulas benignas, as glândulas do adenocarcinoma
de próstata são mais aglomeradas e caracteristicamente não possuem ramificações e
dobras papilares.
Os principais fatores de risco para o câncer de próstata são a idade >50 anos, Entre os
fatores de risco conhecidos do câncer de próstata, a idade é o mais importante, a história
familiar de câncer, em comparação aos homens sem história familiar, aqueles que possuem
parentes de primeiro grau com câncer de próstata apresentam o dobro de risco e a
raça/etnia, por razões desconhecidas ainda.
A identificação de fatores de risco, medidas preventivas, mecanismos de detecção precoce,
tratamento e reabilitação do câncer são de extrema importância e são realizadas em
unidades de saúde, em programas, campanhas e em demais ações envolvendo uma equipe
multidisciplinar.
Assim, nota-se que o câncer de próstata é um problema de saúde pública, visto que tem
produzido a mortalidade e a morbidade masculina. Dessa forma, é necessário que sejam
implementadas ações preventivas orientadas para evitar o aparecimento de doenças e
reduzir a incidência e prevalência na população.
MACHISMO E PRECONCEITO
É notório a baixa procura por serviços de saúde por parte dos homens, e isso tem uma
relação entre os sentidos da masculinidade e dos preconceitos, assim como aspectos
sociais e culturais do contexto social em que o homem está inserido. Observa-se em um
dos artigos consultados a fala de muitos usuários: “Não procurei o médico mais cedo, por
falta de informação, “relaxei” com a saúde e por não apresentar sintomas, não queria me
ausentar do trabalho”. Dessa maneira, o patriarcado é severo para os homens, pois dificulta
a sua compreensão sobre o fato de se perceberem como uma pessoa que precisa de
cuidado e que isso não implica em fraqueza ou perda da masculinidade. Dessa maneira, é
importante buscar estimular a igualdade de gênero, para assim o autocuidado nao ser
associado somente ao sexo feminino, para que assim os homens possam se cuidar da
mesma forma que as mulheres.
MASCULINIDADE E PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PRÓSTATA
Nota-se que a masculinidade e a prevenção do câncer de próstata estão associados, uma
vez que é verificado que os preconceitos e medos para a realização do exame de toque
retal (ETR) são entendidos como possibilidade de perda da masculinidade. O homem, por
questões culturais, têm muita resistência em realizar o exame da próstata, dificultando cada
vez mais na prevenção e no tratamento precoce do câncer de próstata.
Vários aspectos atrapalham na prevenção do homem ao câncer de próstata como: negar
fraqueza ou vulnerabilidade, a perda do controle emocional, a aparência de ser forte e
robusto. Isso tudo, porque o câncer de próstata é uma doença que, de modo geral, é
entendida como sinônimo de sofrimento e morte, a qual afeta a vida da pessoa, seja no
aspecto biológico, psicológico ou social. Por isso, observa-se essa imensa resistência por
parte dos homens em buscar a realização de consultas periódicas, com realização do
exame de toque retal.
Cabe ressaltar que além de buscar ter consultas periódicas com o médico, é importante
também adotar outras medidas de prevenção como: ter uma dieta hipogordurosa, sendo
que o maior consumo de gorduras ou de carcinogênicos presentes em carnes vermelhas
carbonizadas (tostadas, churrasqueadas) podem aumentar o risco de desenvolver câncer
de próstata. Tem também outros produtos dietéticos suspeitos de prevenir ou retardar o
desenvolvimento de câncer de próstata, incluindo os licopenos (encontrados em tomates),
produtos de soja e vitamina D.
SINTOMAS DO CÂNCER DE PRÓSTATA E DIFICULDADES PARA O DIAGNÓSTICO
Os sintomas do câncer têm um tempo de manifestação variado e podem ou não apresentar
mudanças no ritmo urinário. Esse fato pode ser um indicador para a não procura do homem
pelo médico e, consequentemente, o retardamento do diagnóstico da doença e tratamento.
O tratamento precoce é uma das melhores formas de obter resultados exitosos no
tratamento do câncer de próstata com possibilidade de cura. Para que isso seja possível, é
necessária a realização de exames periódicos pelo toque retal- ETR e pelo teste do
antígeno prostático específico- PSA.
O PSA é uma protease produzida pela próstata e secretada no líquido seminal, e os níveis
séricos do PSA podem ser elevados em pacientes com câncer de próstata. Porém
aproximadamente 25% dos homens diagnosticados com câncer de próstata têm PSA
normal. Por isso se faz necessário a associação ao ETR. E caso seja realizado o ETR no
rastreamento, o tamanho total da próstata deve ser avaliado, além da consistência, simetria
e presença de qualquer nódulos e indurações palpáveis. O tamanho normal da próstata é
semelhante ao de uma noz. Uma próstata assimétrica e/ou nodular sugere câncer e deve
ensejar uma avaliação adicional
Um valor de PSA total normal varia de 0 a 4 microgramas/L (0 a 4 nanogramas/mL);
contudo, o nível máximo de normalidade pode variar de acordo com idade e etnia. Níveis
elevados de PSA precisam também ser correlacionados com a idade do paciente, pois,
normalmente, o PSA aumenta com a idade, independentemente da presença de câncer de
próstata.
Para um diagnóstico absoluto, considerando os sintomas, faz-se necessário que o
profissional médico reúna todas as informações. Dessa forma, outros exames podem ser
utilizados como: ultrassonografia transretal, ressonância magnética, tomografia
computadorizada,ecografia, urografia, endoscopia urinária, biópsia, entre outros.
CONHECIMENTO ANTERIOR SOBRE CÂNCER DE PRÓSTATA
É de extrema importância a propagação do conhecimento sobre câncer de próstata, seja
por meio de conversa com amigos, meios de comunicação e por meio de campanhas como
a de novembro azul. Isso porque, sabe-se que ainda a sexualidade para maioria da
população brasileira é um tabu e que possivelmente muitos homens têm vergonha de
perguntar ao médico sobre o assunto, ficando receosos para realizar os exames
necessários e com medo de interferir na sexualidade. Diante disso, mais uma vez é preciso
acabar com o preconceito e o medo e procurar o médico periodicamente, principalmente
para aqueles acima de 50 anos, para assim não ter o diagnóstico tardio e ter uma baixa
expectativa de vida.
É notória a importância das campanhas “novembro azul”, pois constitui um avanço para a
política de saúde do homem. Nessa direção, faz-se necessária a intensificação das
campanhas durante todo o ano, ofertando acesso ao SUS por intermédio de exames e
consultas que possibilitem o diagnóstico precoce. Para sensibilização do público masculino,
torna-se indispensável a educação permanente em saúde, com palestras e ações que
levem informação a respeito do câncer de próstata.
APOIO SOCIAL E FAMILIAR
No aspecto de sociabilidade prejudicada, estudos indicam que, por conta da doença,
existem casos em que o homem se isola do convívio social ou não tem momentos de lazer,
podendo comprometer sua qualidade de vida e resultar no sentimento de não pertencimento
ao grupo. Por isso é tão importante e fundamental o envolvimento da família no momento
do adoecimento por câncer, proporcionando suporte emocional e uma melhor adesão ao
tratamento.
PAPEL DO SERVIÇO SOCIAL NO ATENDIMENTO DE HOMENS COM CÂNCER DE
PRÓSTATA
O homem, ao descobrir que está com câncer de próstata e ao procurar atendimento,
precisa ser acolhido pela equipe multidisciplinar, que oferece cuidados que não se centram
só na doença, mas vão muito além do combate à doença. Dessa forma, é considerada a
sua condição psicossocial e de sua família, o acesso aos bens de cidadania, como a
infraestrutura necessária, de modo que haja adesão ao tratamento e produza o seu
bem-estar geral.
É importante destacar que o Serviço Social entende que a saúde não está relacionada
somente aos fatores físicos, mas concebe a pessoa humana como uma unidade
biopsicossocial inscrita em uma realidade específica.
Nessa direção, o assistente social deve conhecer o contexto social do doente que está
sendo acompanhado, buscando prestar serviços socioassistenciais a partir das demandas e
necessidades de cada doente. É papel também do Serviço Social motivar os familiares para
aceitação e participação no tratamento, bem como motivar ações que contribuam para uma
maior integração entre a equipe multiprofissional, que prestam atendimento a esse público,
garantindo-lhes, assim, um atendimento integral e humanizado.
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