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EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS AULA 2 Profª Janieyre Scabio Cadamuro A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 2 CONVERSA INICIAL Agora que os conceitos básicos para equações diferenciais ordinárias e suas terminologias já são conhecidos, vejamos como resolver algumas equações diferenciais de primeira ordem. A resolução de uma Equação Diferencial Ordinária (EDO) de primeira ordem vai depender do tipo de equação com que estamos lidando, por isso, incialmente é preciso classificá-la para, posteriormente, utilizar a técnica ou o método apropriado para resolver a equação. É importante salientar que o método que funciona para um tipo de equação não necessariamente pode ser aplicado à outra. Vamos considerar quatro métodos de solução para as EDO de primeira ordem. Lembre-se que a solução de uma Equação Diferencial (ED) é uma família de funções, ou seja, tendo a equação 𝑑𝑥 𝑑𝑡 = 𝑥(𝑡) que tem como solução 𝑥(𝑡) = 𝑐𝑒𝑡, para cada valor da constante c (𝒄 ∈ ℝ) , temos uma solução para esta equação. Observe essa afirmação no gráfico a seguir: Observe que, além das funções representadas no gráfico, existem outras infinitas possiblidades de combinações, pois para cada valor da constante c, existe uma função que representa uma solução Gráfico de = 𝒄 A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 3 TEMA 1 – RESOLUÇÃO DE EDO DE PRIMEIRA ORDEM POR INTEGRAÇÃO DIRETA Esse é o método mais simples para a resolução de equações diferenciais, sendo necessário aplicar diretamente as regras e conceitos de integração e derivação estudados no Cálculo Diferencial Integral. Consideremos um caso particular de equações da forma y'=f(x), com f(x) contínua. Esse método pode ser considerado um caso particular do método por separação de variáveis. O método é simples, pois aplicamos diretamente o teorema fundamental do cálculo, integrando ambos os lados da equação. Se 𝒈( ) é uma função contínua dada, então a equação de primeira ordem 𝑑𝑦 𝑑𝑥 = 𝑔(𝑥) pode ser resolvida por integral. Outra forma de escrever essa equação é 𝑑𝑦 = 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 e fazendo a integral dos dois lados temos ∫ 𝑑𝑦 = ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥. A integral de 𝑑𝑦 é a própria função 𝑦 e, como a integral é indefinida, utiliza-se uma constante 𝑐. A solução é: 𝑦 = ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 + 𝑐 Vejamos mais exemplos resolvendo as seguintes EDOs: a) 𝑑𝑦 𝑑𝑥 = 1 + 𝑒2𝑥 ⇒ 𝑑𝑦 = (1 + 𝑒2𝑥)𝑑𝑥 ⇒ ∫ 𝑑𝑦 = ∫ (1 + 𝑒2𝑥)𝑑𝑥 Para resolver a integral do lado direito da equação que apresenta uma soma, resolve-se cada termo separadamente. A integral de 1 é 𝑥 e, para o segundo termo que é o exponencial com expoente de variável com o 2 junto, usamos o método da substituição. Substitui-se o 2𝑥 por uma nova variável 𝑢, 𝑢 = 2𝑥 ⇒ 𝑑𝑢 𝑑𝑥 = 2 ⇒ 𝑑𝑢 = 𝑑𝑥 2 𝑦 = ∫ (1 + 𝑒2𝑥)𝑑𝑥 = X + 1 2 E2X + C Obs: ∫ 𝑒2𝑥𝑑𝑥 = ∫ 𝑒𝑢 ( 𝑑𝑢 2 ) = 1 2 𝑒𝑢 ⇒ 1 2 𝑒2𝑥 A solução para a equação é 𝑦 = 1 2 𝑒2𝑥 b) 𝑑𝑦 𝑑𝑥 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥) ⇒ 𝑑𝑦 = 𝑠𝑒𝑛 (𝑥)𝑑𝑥 ⇒ 𝑦 = ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝑥)𝑑𝑥 = −𝑐𝑜𝑠(𝑥) + 𝑐 A constante c é incluída porque a integral é indefinida. Sendo assim, a solução para a equação b é 𝑦 = −𝑐𝑜𝑠(𝑥) + 𝑐. Esse é o primeiro método para a resolução de equações diferencias de primeira ordem e ele só pode ser utilizado nessas condições, com ambos os lados da equação com apenas uma variável. É o método mais simples, pois A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 4 utiliza o conceito do cálculo fundamental de que ao integrar uma derivada, o resultado é sempre a própria função. TEMA 2 – EDO DE PRIMEIRA ORDEM DE VARIÁVEIS SEPARÁVEIS Esse método é semelhante ao anterior, porém aqui, é necessário manipular a equação para que ela tenha o formato desejado. Perceba as equações do tipo 𝑑𝑦 𝑑𝑡 = 𝐻(t, y) , tal que 𝐻(t, y) = 𝑓(𝑡) 𝑔(𝑦) . Ela pode ser reescrita na forma 𝑔(𝑦) 𝑑𝑦 𝑑𝑡 = f(t). A resolução dessas EDO é possível quando separamos as variáveis em cada membro, para depois integrar pelo método de integração direta. Uma equação separável é aquela diferencial de primeira ordem, na qual a expressão 𝑑𝑦 𝑑𝑥 pode ser fatorada como uma função de vezes uma função de 𝒚 chegando em 𝑑𝑦 𝑑𝑥 = 𝑔(𝑥)𝑓(𝑦). Se considerarmos 𝒇(𝒚) ≠ 𝟎, podemos escrever a equação na forma: 𝑑𝑦 𝑑𝑥 = 𝑔(𝑥) ℎ(𝑦) em que ℎ(𝑦) = 1 𝑓(𝑦) . Para resolver reescrevemos na forma diferencial ℎ(𝑦)𝑑𝑦 = 𝑔(𝑥)𝑑𝑥. Agora, assim como no método anterior, integramos os dois lados da equação: ∫ ℎ(𝑦)𝑑𝑦 = ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 + c Vejamos um exemplo resolvendo a equação (1 + 𝑥)𝑑𝑦 − 𝑦𝑑𝑥 = 0 Para deixá-la no formato adequado é preciso reescrevê-la para ⇒ (1 + 𝑥)𝑑𝑦 = 𝑦𝑑𝑥. Depois dividimos por (1 + 𝑥)𝑦 para facilitar a resolução da equação, uma vez que, as variáveis são diferentes e é preciso manipulá-las de acordo com a necessidade. Temos (1+𝑥)𝑑𝑦 (1+𝑥)𝑦 = 𝑦𝑑𝑥 (1+𝑥)𝑦 que nos leva a 𝑑𝑦 𝑦 = 𝑑𝑥 1+𝑥 . Agora é possível integramos os dois lados da equação para: ∫ 𝑑𝑦 𝑦 = ∫ 𝑑𝑥 1 + 𝑥 Pelas regras da integração ∫ 1 𝑥 𝑑𝑥 = 𝑙𝑛|𝑥| + 𝑐 na segunda integral se utiliza o método da substituição de 1+x. Chegamos à equação 𝑙𝑛|𝑦| = 𝑙𝑛|1 + 𝑥| + 𝑐1 O próximo passo na resolução de equações diferencias costuma ser não deixar logaritmo para poder isolar o y. Lembre-se do conceito estudado ainda no segundo grau de que, quando a potência e o logaritmo estão na mesma base, A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 5 ambos podem ser cancelados, por isso colocamos a equação na base e 𝑙𝑛|𝑦| 𝑒 = 𝑙𝑛|1+𝑥|+𝑐1 𝑒 e chegamos em 𝑦 = 𝑒𝑙𝑛|1+𝑥|+𝑐1. Aplicamos a regra das potenciais em que a soma dos expoentes se transformam em produto de potência e chegamos em y = eln|1+x|. ec1 e a solução da equação que é y = |1 + x|ec1. Reescrevendo o módulo temos y = ±(1 + x)ec1. Outra forma de apresentar o resultado, muito comum de ser encontrada em livros, seria substituindo o exponencial ec1 = 𝑐, resultando em y = ±c(1 + x). Vejamos mais um exemplo, resolvendo a equação 𝑥𝑒−𝑦𝑠𝑒𝑛(𝑥)𝑑𝑥 − 𝑦𝑑𝑦 = 0. Primeiramente, separamos as variáveis em 𝑦 𝑒−𝑦 𝑑𝑦 = 𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥)𝑑𝑥 e manipulamos para yeydy = xsen(x)dx. Agora sim se pode integrar os dois lados da equação ∫ yeydy = ∫ xsen(x)dx. Determinando as integrais pelo método da integração por partes temos yey − ey + c = −xcos(x) + sen(x). Observe o método da integração por partes mais detalhadamente, sendo que sua fórmula é ∫ 𝑢𝑑𝑣 = 𝑢 𝑣 − ∫ 𝑣𝑑𝑢. Aplicando o conceito para a equação yey − ey + c temos u = y, u´ = 1, v´ = ey, 𝑣 = eydy = ey que substituídos na fórmula ∫ yeydy = y. ey − ∫ ey. 1dy = yey − ey É preciso usar o método da integração por partes também na equação ∫ 𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥)𝑑𝑥 =?, em que, u = x, u´ = 1, v´ = sen(x) 𝑒 𝑣 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥)𝑑𝑥 = −cos (𝑥) que substitui-se na fórmula ∫ 𝑢𝑑𝑣 = 𝑢 𝑣 − ∫ 𝑣𝑑𝑢. TEMA 3 – EQUAÇÕES DE PRIMEIRA ORDEM HOMOGÊNEAS Antes de considerar o método a ser utilizado na resolução de uma EDO, precisamos saber identificar se a equação de primeira ordem é ou não homogênea. Para saber se a função é mesmo homogênea, é necessário verificar se a função 𝒇 satisfaz a igualdade 𝑓(𝑡𝑥, 𝑡𝑦) = 𝑡𝑛𝑓(𝑥, 𝑦), com n real. Dizemos que 𝒇 é uma função homogênea de grau n. Vejamos um exemplo com a seguinte função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥2 − 3𝑥𝑦 + 5𝑦2. Substituindo 𝑥 e 𝑦 por 𝑡𝑥 e 𝑡𝑦 temos f(tx, ty) = (tx)2 − 3(tx)(ty) + 5(ty)2 ⇒ t2(x2 − 3xy + 5y2) ⇒ t2f(x, y) . Verificada a igualdade pode-se afirmar que a equação é homogênea do segundo grau, por causa do exponencial t2. A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 6 Outro exemplo é a equação 𝑓(𝑥, 𝑦)= 𝑥3 + 𝑦3 + 1 . Por causa do 1 não é possível fatorar a equação por 𝑡3, dessa forma, se conclui que ela não é homogênea, pois 𝑓(𝑡𝑥, 𝑡𝑦) ≠ 𝑡3𝑓(𝑥, 𝑦). Para resolver pelo método que veremos agora, é preciso manipular a EDO para que ela apresente a forma 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 0, que é considerada homogênea se ambos os coeficientes M e N são funções homogêneas do mesmo grau. O método de solução das equações homogêneas pode ser por uma substituição algébrica, que a transformará em uma equação diferencial de primeira ordem separável. Substitui-se 𝑦 = 𝑢𝑥 𝑒 𝑑𝑦 = 𝑢𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑢 e 𝑥 = 𝑣𝑦 𝑒 𝑑𝑦 = 𝑣𝑑𝑦 + 𝑦𝑑𝑣 Como exemplo, apresentamos a seguinte equação: (𝑥2 + 𝑦2)𝑑𝑥 + (𝑥2 − 𝑥𝑦)𝑑𝑦 = 0. Primeiro, verificamos se ela é homogênea: 𝑁(𝑡𝑥, 𝑡𝑦) = (𝑡𝑥)2 + (𝑡𝑦)2 = 𝑡2(𝑥2 + 𝑦2) 𝑀(𝑡𝑥, 𝑡𝑦) = (𝑡𝑥)2 − (𝑡𝑥)(𝑡𝑦) = 𝑡2(𝑥2 − 𝑥𝑦) Assim, confirmado que ela é mesmo homogênea e de mesma ordem, substituirmos 𝑦 = 𝑢𝑥 e dy = 𝑢𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑢 temos: (𝑥2 + 𝑢2𝑥2)𝑑𝑥 + (𝑥2 − 𝑢𝑥2)(𝑢𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑢) = 0 Trabalhando algebricamente a equação para separar as variáveis chegamos à equação: 𝑥2𝑑𝑥 + 𝑢2𝑥2𝑑𝑥 + 𝑥2𝑢𝑑𝑥 + 𝑥3𝑑𝑢 − 𝑢2𝑥2𝑑𝑥 − 𝑢𝑥3𝑑𝑢 = 0 Separando os diferenciais chega-se a: 𝑥2(1 + 𝑢)𝑑𝑥 + 𝑥3(1 − 𝑢)𝑑𝑢 = 0 Ainda não temos o formato ideal da equação, então dividimos por (1 − 𝑢)𝑥3 e chegamos a: [ 1−𝑢 1+u ] 𝑑𝑢 + 𝑑𝑥 𝑥 = 0, que leva a equação separável [−1 + 2 1+𝑢 ] 𝑑𝑢 + 𝑑𝑥 𝑥 = 0. Agora sim integramos a função para: ∫[−1 + 2 1 + u ] du = −∫ dx x A equação do lado direito é bem simples e leva ao logaritmo ln|x| − ln|c| No lado esquerdo da equação é feita a divisão de polinômios (1 − 𝑢) ÷ (1 + 𝑢) = −1 resto 2 e 1 − 𝑢 = (1 + 𝑢). (−1) + 2 que nos leva a equação: −𝑢 + 2𝑙𝑛|1 + 𝑢| = −𝑙𝑛|𝑥| − 𝑙𝑛|𝑐| Separando os logaritmos do termo 𝑢 temos: ln(1 + u)2 + ln|x| + ln|c| = u. A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 7 Como u = y x , e lembrando que a soma de logaritmos resulta em um produto, temos como solução a equação implícita, pois é impossível isolar o y: ln |(1 + y x ) 2 . x. c| = y x Outras formas de apresentar essa equação são: 𝑒 𝑙𝑛|(1+ 𝑦 𝑥 ) 2 .𝑥.𝑐| = 𝑒 𝑦 𝑥 | (𝑥 + 𝑦)2 𝑥 | = 𝑐1𝑒 𝑦 𝑥 Note que aqui a resolução já não é tão simples como nos dois métodos apresentados anteriormente. Primeiro, é preciso identificar se a EDO é homogênea para depois fazer a substituição da variável para então chegar em uma situação de variáveis separáveis. TEMA 4 – EQUAÇÕES EXATAS A técnica que veremos agora é utilizada para equações exatas, então vejamos primeiramente o que são elas. Semelhante às equações homogêneas, temos que 𝑴( ,𝒚) 𝑵( ,𝒚) são funções contínuas com derivadas parciais contínuas em uma região retangular R definida por 𝒂< <𝒃, 𝒄<𝒚<𝒅. Assim, uma condição necessária e suficiente para que 𝑀(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 0 seja uma equação diferencial exata é que 𝜕𝑀 𝜕𝑦 = 𝜕𝑁 𝜕𝑥 . O método de solução tem como equação 𝑀(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 0. Calcula-se o diferencial 𝜕𝑓 𝜕𝑥 = 𝑀(𝑥, 𝑦) e integra 𝑓(𝑥, 𝑦) = ∫𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑔(𝑦). Deriva-se o resultado encontrado 𝒇 e iguala a 𝑵( ,𝒚), isto é, 𝜕𝑓 𝜕𝑦 = 𝑁(𝑥, 𝑦). Integre os dois lados para encontrar o resultado desejado. Vejamos um exemplo resolvendo a equação (1 + 𝑦 𝑥 ) 𝑑𝑥 + 𝑙𝑛𝑥𝑑𝑦 = 0. Primeiramente, verifica-se se ela é exata por 𝜕𝑀 𝜕𝑦 = 1 𝑥 = 𝜕𝑁 𝜕𝑥 . Uma vez confirmado que ela é exata, faz-se a derivada de 𝜕𝑓 𝜕𝑥 = 𝑀(𝑥, 𝑦) = 1 + 𝑦 𝑥 . Depois se integram os dois lados ∫ 𝜕𝑓 𝜕𝑥 = ∫ (1 + 𝑦 𝑥 )𝑑𝑥 ⇒ 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 + 𝑦𝑙𝑛𝑥 + 𝑔(𝑦), no qual 𝑔(𝑦) é a constante, pois a integral foi feita sobre 𝑥 e a função também está em relação a 𝑦. A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 8 Depois de encontrada a função, o próximo passo é fazer a derivada em relação a 𝑦, 𝜕𝑓 𝜕𝑦 = 𝑁(𝑥, 𝑦) ⇒ 0 + 𝑙𝑛𝑥 + 𝑔´(𝑦) = 𝑙𝑛𝑥 ⇒ 𝑔´(𝑦) = 0. Integrando os dois lados temos ∫ 𝑔´(𝑦) = ∫ 0 𝑑𝑦 ⇒ 𝑔(𝑦) = 𝑐 Voltando a equação inicial temos que a solução para a equação exata é 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 + 𝑦𝑙𝑛𝑥 + 𝑐 Esse é o método para a resolução de equações exatas, em que se destaca a necessidade de se observar exatamente o algoritmo apresentado, verificando se a equação é exata, para então derivar a função em relação a 𝑥 e posteriormente, derivá-la em relação a 𝑦. TEMA 5 – EQUAÇÕES LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM E MÉTODO DE EULER Veremos agora dois métodos para a resolução de EDO, o método para equações lineares e o método de Euler que utiliza séries. 5.1 Método para as equações lineares Lembre-se que a equação diferencial linear tem a forma 𝑎1(𝑥) 𝑑𝑦 𝑑𝑥 + 𝑎0(𝑥)𝑦 = 𝑔(𝑥). Dividindo a equação por 𝑎1(𝑥), temos a equação: 𝑑𝑦 𝑑𝑥 + 𝑎0(𝑥)𝑦 𝑎1(𝑥) = 𝑔(𝑥) 𝑎1(𝑥) . Substituindo 𝑎0(𝑥)𝑦 𝑎1(𝑥) = 𝑃(𝑥)𝑦 e 𝑔(𝑥) 𝑎1(𝑥) = 𝑓(𝑥), temos a equação linear 𝑑𝑦 𝑑𝑥 + 𝑃(𝑥)𝑦 = 𝑓(𝑥) Veja um resumo do método, ou o algoritmo a ser utilizado na resolução da equação linear: 1. Coloque sempre a equação no formato 𝑑𝑦 𝑑𝑥 + 𝑃(𝑥)𝑦 = 𝑓(𝑥); 2. Multiplique a equação pelo fator integrante dado pelo coeficiente 𝑃(𝑥); 3. Escreva o lado esquerdo como a derivada do produto; 4. Integre ambos os lados. Vamos resolver a equação 𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑥 − 4𝑦 = 𝑥6𝑒𝑥 para que você entenda melhor este método. Primeiro, dividimos por 𝑥 a equação e chegamos em 𝑑𝑦 𝑑𝑥 − 4 𝑥 𝑦 = 𝑥5𝑒𝑥 A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 9 Depois, identificamos o fator integrante P sabendo que sua fórmula é 𝑒∫ 𝑝(𝑥)𝑑𝑥, assim 𝑃(𝑥) = − 4 𝑥 ⇒ 𝑒−4 ∫ 1 𝑥 𝑑𝑥 = 𝑒−4𝑙𝑛|𝑥| = 𝑒𝑙𝑛|𝑥| −4 = 𝑥−4 Multiplica-se toda a equação pelo fator integrante 𝑥−4 𝑑𝑦 𝑑𝑥 − 4𝑥−5𝑦 = 𝑥𝑒𝑥. Note que para o lado esquerdo da igualdade é preciso encontrar o produto da derivada, dado por (𝑢. 𝑣)′ = 𝑢′𝑣 + 𝑣′𝑢. Temos então 𝑑 𝑑𝑥 [𝑥−4𝑦] = 𝑥𝑒𝑥, na qual [𝑥−4𝑦] é o produto da derivada. Integrando ambos os lados têm ∫ 𝑑 𝑑𝑥 [𝑥−4𝑦] = ∫ 𝑥𝑒𝑥𝑑𝑥, em que lado direito da igualdade é resolvido por partes. Chegamos às funções: 𝑥−4𝑦 = 𝑥𝑒𝑥 − 𝑒𝑥 + 𝑐 𝑦 = 𝑥5𝑒𝑥 − 𝑥4𝑒𝑥 + 𝑐𝑥4 5.2 Método de Euler Para utilizar o método de Euler a equação precisa estar no seguinte formato: { y´ = f(x, y) y(x0) = y0 = η, Sendo 𝜂 um número dado, a aproximação e erro de 𝑦𝑗 de forma geral precisa ter esse algoritmo: { yj+1 = yj + hf(xj, yj) ej+1 = yj+1 − y(xj+1) Veja um exemplo prático quando resolvida a equação 𝑦´ = 𝑥 − 𝑦 + 2, ou seja, 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑥 − y + 2, na condição inicial 𝑦(0) = 2, na malha de [0,1] com a amplitude ℎ = 0,1. Assim, em 𝑗 = 0, 𝑥0 = 0 𝑦0 = 2 Pela forma do algoritmo temos: 𝑗 = 1, 𝑦1 = 𝑦0 + ℎ𝑓(𝑥0, 𝑦0) = 2 + 0,1. (0 − 2 + 2) = 2 𝑗 = 2, 𝑦3 = 𝑦2 + ℎ𝑓(𝑥2, 𝑦2) = 2 + 0,1. (0,1 − 2 + 2) = 2,01 𝑗 = 3, 𝑦4 = 𝑦3 + ℎ𝑓(𝑥3, 𝑦3) = 2,01 + 0,1. (0,2 − 2,01 + 2) = 2,029 ... 𝑗 = 10 A solução da equação é 𝑦 = 𝑒−𝑥 + 𝑥 + 1 e, a partir dela, elabora-se a tabela com os valores até chegar ao intervalo desejado [0,1]. Inicia-se a tabela no valor 0 até 1. A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 10 Reforçamos a necessidade de identificar o tipo de equação para apenas então, identificar o método que deverá ser utilizado para resolvê-la. NA PRÁTICA É importante destacar que existem diversas aplicações para equações diferenciais, nas mais variadas áreas da ciência. Vejamos um exemplo prático na área de misturas, na engenharia química. Na mistura de dois fluídos, muitas vezes, temos de lidar com equações diferenciais lineares de primeira ordem. Inicialmente, 50 gramas de sal são dissolvidosem um tanque contendo 300 litros de água. A solução salina é bombeada para dentro do tanque a uma taxa de 3 litros por minuto e a solução bem misturada é drenada na mesma taxa. Se a concentração da solução que entra é 2 gramas por litro, determine a quantidade de sal no tanque em qualquer instante. Seja 𝑨( ) a quantidade de sal (em gramas) no tanque no instante . Temos que: 𝑑𝐴 𝑑𝑡 = (𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡r𝑎𝑑𝑎) − (𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑙) = 𝑅1 − 𝑅2 𝑅1 = 3 ℓ|𝑚𝑖𝑛 × 2𝑔|𝑚𝑖𝑛 = 6𝑔|𝑚𝑖𝑛 𝑅2 = 3 ℓ|𝑚𝑖𝑛 × 𝐴 300 ℓ|𝑚𝑖𝑛 = 𝑎 100 ℓ|𝑚𝑖𝑛 𝐷𝐴 𝑑𝑡 = 6 − 𝐴 100 com 𝐴(0) = 50 A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 11 Temos uma equação linear 𝐷𝐴 𝑑𝑡 + 𝐴 100 = 6, por isso, usamos o fator de integração 𝑒 𝑡 100 que aplicado na equação resulta em 𝐷 𝑑𝑡 [𝑒 𝑡 100𝐴] = 6𝑒 𝑡 100. Integramos ambos os lados da equação e temos 𝑒 𝑡 100𝐴 = 600𝑒 𝑡 100 + 𝑐, na qual surge a equação 𝐴 = 600 + 𝑐𝑒 𝑡 100 que nos dará a quantidade de sal no instante 𝑡. Aplicando a fórmula temos: Para 𝑡 = 0, 𝐴 = 50 50 = 600 + 𝑐𝑒0 ⇒ 𝑐 = −550 Para 𝑡 = 50, 𝐴 = 600 − 550𝑒 50 100 = 266,41 𝑔 FINALIZANDO Ficou claro hoje que a técnica ou método para resolver as EDO de primeira ordem depende do tipo da equação com que estamos lidando. Há vários outros métodos, mas nos dedicamos aqui aos principais. É importante escolher o método adequado para a equação que será resolvida, pois a técnica que serve para uma pode não ser a ideal para outra equação. Vamos lembrar os métodos vistos, ressaltando que cada um deles tem seu algoritmo específico: Equação com integração direta; Equação separável; Equações exatas; Equações homogêneas; Método de Euler. A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com 12 REFERÊNCIAS BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R. C. Equações diferenciais elementares e problemas de valores de contorno. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. FIGUEIREDO, D. G. Equações diferenciais aplicadas: projeto Euclides. Rio de Janeiro: IMPA, 2002. NAGLE, R. K.; SAFF, E. B.; SNIDER, A. D. Equações diferenciais. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2012. OLIVEIRA, R. L. Equações diferenciais ordinárias. Curitiba: InterSaberes, 2018. ZILL, D. G.; MICHAEL, R. Equações diferenciais. v. 1. São Paulo: Pearson, 2001. A luno: V inicius M erlin Lim a e S ilva E m ail: vinybra@ gm ail.com
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