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Microbiologia Espiroquetas borrelia e leptospira Características Gerais • Bactérias delgadas, flexíveis e com forma espiralada. • Observadas a microscopia de campo escuro e com técnica de impregnação pela prata. o Não conseguem ser observadas pela técnica de Gram. • São móveis – possuem filamentos axiais, que formam o flagelo que percorre o corpo da bac abaixo da membrana externa. o Uma extremidade do flagelo é presa e a outra é livre. • Gêneros de importância médica: o Treponema – sífilis. o Borrelia – doença de Lyme. o Leptospira – leptospirose. SÍNDROME DE BAGGIO-YOSHINARI ou DOENÇA DE LYME-SÍMILE • Variante da Doença de Lyme que ocorre no Brasil. • Ag. etiológico ainda não foi isolado. • Vetor: carrapatos – transmissão pela picada. o Amblyomma spp. e Rhipicephalus spp. • Reservatórios: cães, bovinos, equinos, roedores e marsupiais. • Doença relatada em praticamente todos os estados brasileitos. doença de Lyme x Lyme-símile: Doença de Lyme Lyme-Símile Ag. etiológico Borrelia Burgdorferi -- Curso da doença Desordens imunológicas e produção de auto-Ac Evolução Mais curta Prolongada evolução clínica Pesquisa de Ac Boa, já que sabemos o Ag. Apresenta títulos baixos e oscilantes quadro clínico: − Variado – manifestações: cutâneas [lesão característica], articulares, neurológicas, cardíacas e oftalmológicas. 1º estágio – fase aguda: − Manifestação patognomônica: eritema crônico migratório. Aparece no sítio da picada do carrapato. Pode persistir por meses. Mácula ou pápula com centro claro e bordas avermelhadas. -- a lesão pode se apresentar de outras formas: toda avermelhada ou puntiforme. -- apesar de ser patognomônico, pode não estar presente em até 50% dos casos! − Manifestações inespecíficas: síndrome gripal. Febre, cefaleia, mialgia, artralgia, conjuntivite e fotofobia. 2º estágio – fase de disseminação: -- semanas ou meses após o 1º estágio. − Manifestações neurológicas. Tríade de sintomas: meningite, paralisia facial e neuropatias periféricas. − Manifestações articulares – episódios intermitentes nas grandes articulações. − Cardíacas – principalmente arritmias. − Cutâneas – múltiplas lesões eritematosas. 3º estágio – manifestações crônicas: -- após meses ou anos -> podem ser pela reativação ou pela deposição de imunocom- plexos. − Neurológicas [principais] – podem aparecer isoladas ou junto a outras. De distúrbios do sono, perda de memória, dificuldade de concentração a convulsões. − Articulares – artrites constantes nas grandes articulações. − Oftalmológicas – principalmente uveíte. outras manifestações: − Síndrome da fadiga crônica. − Síndrome de Guillain-Barré – quadro imune de neuropatias periféricas. − Distúrbios psiquiátricos de humor e personalidade. − Disfunções imuno-alérgicas – maior sensibilidade. diagnóstico: − Epidemiologia – picada de carrapto ou área de risco 30 dias antes do quadro. − Clínica – lesão patognomônica e/ou manifestações clínicas. − Sorologia positiva para B. burgdorferi. 1º realiza ELISA e, se positivo, Western Blotting. Baixa sensibilidade e especificidade – auxilia o diagnóstico só. tratamento: − Fase inicial – adultos doxiciclina e <8 anos amoxicilina ou azitromicina. − Quando há manifestações neurológicas ou articulares: Pen G cristalina ou ceftriaxina endovenosa por 30 dias. + tratamento oral (doxiciclina) por 2 meses. reação de Jarish-Herxheimer: − Reação inflamatória pela lise das espiroquetas -> acontece quando o tratamento é iniciado. o Consiste em febre e piora do quadro nas primeiras 24h de tratamento. LEPTOSPIROSE • Zoonose mais comum do mundo. • Notificação compulsória e imediata. • Ag. etiológico: Leptospira spp. o Apresenta 2 cromossomos, sobrevive no ambiente durante várias semanas e é muito suscetível a pH ácido. • Principais reservatórios: roedores (principalmente ratos), não desenvolvem a doença, são portadores naturais. o A bactéria se aloja nos glomérulos renais dos ratos e são eliminadas vivas para o ambiente pela URINA! o Eliminação ocorre durante toda a vida do animal. • Outros reservatórios eliminam a bactéria na urina por meses ou anos, mas não por toda a vida. • Doença sistêmica caracterizada por vasculite generalizada. imunidade sorovare específica: − Taxonomia utilizada atualmente divide espécies em sorogrupos e sorogrupos em sorovares. − Indivíduo infectado adquire imunidade ao sorovare específico que o infectou, podendo ser contaminado por outros sorovares. >> sorovares responsáveis por grande parte dos casos graves: Icterohaemorragiae e Copenhageni. transmissão: − Direta – contato do homem com a urina de animais infectados ou com sangue ou tecidos infectados. Pessoas que trabalham em abatedouros ficam mais expostas. − Indireta [mais frequente] – contaminação de ambientes pela urina do animal infectado. Água é muito importante -> associação a enchentes. >> homem é hospedeiro acidental – transmissão inter-humana é rara. virulência da leptospira: − Adesinas: se ligam a componentes da MEC do hospedeiro, facilitando a coloniza- ção. − Morfologia da bactéria: é delgada e espiralada. − Motilidade da bactéria. − Produção de hialuronidase: degrada MEC, favorecendo invasão e disseminação da bactéria. − Produção de proteases: como a colagenase, que causa danos ao endotélio. − Fatores imunopatológicos: deposição de imunocomplexos nos rins e nos vasos. − Componentes da parede celular: induzem processos inflamatórios e dano capilar. patogenia: − Invasão da bactéria por pele lesada, macerada ou por mucosas. − Posteriormente, a bac entra na circulação e se dissemina. Preferência por fígado, rins, coração e mm. esquelético. >> incubação varia de 5-14 dias e possui amplo espectro clínico -> dificulta o diagnósti- co – deve-se investigar os antecendentes epidemiológicos. forma anictérica: − Mais frequente. − Semelhante a síndrome gripal ou virose -> pode ser confundida com dengue. − Evolui com doença febril bifásica (50% dos casos): -- fase precoce (septicêmica) – 4-7 dias de duração, bactéria presente em vários tecidos e líquidos corporais. início geralmente súbito, mialgia intensa é o sintoma mais frequentente (princi- palmente quando é na panturrilha). síndrome febril + mialgia intensa = combo da leptospirose. ocorrem manifestações gastrointestinais que contribuem para desidratação (muito importante) e há comprometimento pulmonar. ATENÇÃO PARA: hemoptise acentuada -> indica gravidade da doença e pode evoluir para insuficiência respiratória aguda. tbm pode ocorrer hepatomegalia e enxantemas variados [rash cutâneo]. -- período de defervescência – horas a 3 dias de duração, consiste na remissão dos sintomas. -- fase tardia (imune) – 4-30 dias de duração, bactéria persiste em poucos locais (humor aquoso e rins). manifestações similares as da 1ª fase, mas menos intensas e há uma propensão a meningite asséptica [possui causa imune, pois não há mais bactéria no líquor], que é menos letal. >> uveíte pode surgir de 3 semanas a 1 ano do início da doença, tendo episódio único ou não e possui causa imune. OBSERVAÇÃO: em geral, a bactéria só está presente na urina a partir da 2ª semana de infecção!!! forma ictérica: − Letalidade de 10% -> aumenta para 50% em indivíduos que desenvolvem hemor- ragias [pulmonar maciça]. − Aparece de 3-7 dias após início da doença. − Piora progressivamente e não há remissão. − Evolui com: icterícia, insuficiência renal aguda e transtornos hemorrágicos. Tríade clássica. -- icterícia geralmente ocorre entre 3º e 7º dias de início; -- IRA fatores renais [migração de espiroquetas, deposição de imuncomplexos que induzem inflamação] e fatores pré-renais [rabdomiólise que libera hemoglobina que se deposita nos rins, vasculopatia e desidratação que diminuem volemia]. − Também há comprometimentopulmonar – hemoptise franca (acentuada) denota gravidade -> pode evoluir para insuficiÊncia respiratória aguda, hemorragia pulmonar maciça e óbito. − Alterações hemorrágicas variadas. diagnóstico: − 1ª semana: análise de sangue e líquor. Microscopia direta – baixa sensibilidade. Cultura em meio enriquecido – alta sensibilidade, mas demora muito tempo (2 semanas). PCR – baixa sensibilidade, mas pode ser executado nos primeiros dias. − 2ª semana: Cultura de urina – deve ser alcalinizada antes. Sorologia – boa sensibilidade e especificidade. -- aglutinação macroscópica (microscopia de campo escuro) – PADRÃO OURO, utilizado para identificr sorovar [faz-se cultura dos principais sorovares de Leptospira], não é executada em laboratórios de rotina. -- teste de elisa IgM – técnica de rotina. tratamento: − Casos graves – hidrataçãovenosa. − Antibioticoterapia. Casos leves: ampicilina, amoxicila ou doxiciclina. Casos moderados e graves: pen G cristalina. − Avaliar indicação de diálise e necessidade de transfusão sanguínea total ou plaquetária. >> atenção para reação de Jarish-Hermheimer. prevenção e controle: − Controle de roedores. − Cuidado com exposições ocupacional e recreacional. − Saneamento básico. -- quimioprofilaxia para indivíduos expostos sem manifestações ou que vão se expor é doxiciclina. achados laboratoriais: − Leucocitose com neutrofilia. − Trombocitopenia. − Cpk elevada – indica quadro de miopatia.
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