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Relatório Social Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Diego Augusto Rivas dos Santos 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Relatório Social Para início de conversa… .................................................................. 04 Objetivos ......................................................................................... 05 1. Relatório Social Informativo ................................................. 06 1.1 Conceituando Relatório Social ................................................ 09 1.2 Relatório Social Informativo: Reflexões de Magalhães e Turck .... 15 2. Relatório Social Circunstanciado ............................................ 16 3. Relatório Social de Visita e Acompanhamento ......................... 17 3.1 Relatório de Visita .............................................................. 17 3.2 Relatório de Acompanhamento .............................................. 18 3.3 Relatório de Atividade ......................................................... 19 3.4 Estrutura do Relatório Social ................................................. 19 Referências ....................................................................................... 22 Para início de conversa… Neste capítulo, vamos falar sobre o relatório social, instrumento de comunicação escrita comumente utilizado pelo assistente social nas instituições em que atua. Para iniciar as discussões, vamos abordar o conceito de relatório social, tomando por base autoras que são referência nesse assunto: Fávero, Magalhães e Turck. Ao perpassar a compreensão das autoras acerca do relatório social, será possível perceber que todas apresentam compreensões convergentes e divergentes acerca desse instrumento, caracterizando, assim, o debate como complexo e não homogêneo. Outro elemento importante a ser apresentado refere-se às diferenças preliminares existentes entre o relatório social e os demais instrumentos de comunicação escrita utilizados pelo assistente social, como o laudo social e o estudo social. Avançando um pouco mais no conteúdo, conheceremos os tipos de relatório social: informativo, circunstanciado; de visita; de acompanhamento; de inspeção e de atividade, compreendendo em que eles se diferenciam. E, para finalizar, vamos apreender alguns elementos importantes e primordiais que devem constar no relatório social. 4 Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita Objetivos ▪ Redigir e conhecer os elementos que precisam estar presentes em um relatório social informativo. ▪ Redigir e conhecer os elementos que precisam estar presentes em um relatório social circunstanciado. ▪ Redigir e conhecer os elementos que precisam estar presentes em um relatório social de visita e acompanhamento. 5Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita 1. Relatório Social Informativo Os instrumentos de comunicação escrita ou indiretos, como também são conhecidos, são elaborados após a utilização do instrumental face a face. Enquanto, os instrumentos face a face se caracterizam por possibilitar uma comunicação mais ativa, os instrumentos de comunicação escrita permitem o registro do trabalho direto realizado. Segundo Sousa (2008), enquanto a comunicação direta, como o próprio nome já diz, permite uma intervenção direta junto ao interlocutor, a comunicação escrita possibilita que outras pessoas e indivíduos envolvidos na situação tenham acesso ao material produzido pelo assistente social. Além disso, os instrumentos de comunicação escrita, geralmente, implicam que outros profissionais e/ou outras instituições desenvolvam ações interventivas a partir da atuação do assistente social, tomando por base o que foi registrado. Ressaltamos, aqui, a importância do texto produzido pelo assistente social, no sentido de encontrar-se bem escrito, coerente, fundamentado e elaborado, utilizando uma linguagem culta, para que não haja dúvidas quanto à mensagem emitida. Por esse motivo, as competências técnica e textual são imprescindíveis para produção de textos. Figura 01: Os Instrumentos de comunicação escrita são inerentes ao processo de trabalho do assistente social. Fonte: Dreamstime. 6 Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita Os instrumentos de comunicação escrita apresentam-se, também, como uma possibilidade de o assistente social sistematizar a sua prática profissional. Para Sousa (2008), todo processo de registro e avaliação de qualquer ação é um conhecimento prático que se produz, e que não se perde, pois sistematizar a prática profissional é dar uma história ao Serviço Social; aos usuários atendidos pelo Serviço Social; a inserção do Serviço Social naquele espaço sócio institucional. A prática de sistematizar é fundamental para qualquer proposta de construção de um conhecimento sobre a realidade social. Na história da profissão de Serviço Social, podemos identificar alguns instrumentos de trabalho de comunicação escrita consagrados, como: atas de reunião; livros de registro; diário de campo; relatório social; parecer social; laudo social; perícia social e estudo social. Neste capítulo, iremos nos debruçar sobre o instrumento de comunicação escrita – o relatório social –, apreendendo os conceitos existentes acerca desse instrumento, conhecendo os seus tipos e identificando em que o ele se difere dos demais instrumentos de comunicação escrita. Mais à frente, todos esses instrumentos de comunicação escrita serão apresentados de forma a compreendermos o conceito de cada um deles e suas respectivas estruturas. Segundo Magalhães (2006), é importante destacar que a distinção entre alguns instrumentos de comunicação escrita é muito tênue, por isso, comumente, há certa dificuldade para diferenciar relatório de laudo, por exemplo, em razão das suas semelhanças. De acordo com o dicionário da língua portuguesa, temos as seguintes definições acerca dos principais instrumentos de comunicação escrita utilizados pelos assistentes sociais: Relatório Social → Consiste na descrição e relato do que foi possível conhecer por meio do estudo feito, ou seja, um parecer e exposição do que foi analisado, ou, ainda, qualquer apresentação esmiuçada de circunstâncias, fatos ou objetos, identificados e avaliados após a utilização de um instrumento face a face. 1. Relatório Social Informativo Os instrumentos de comunicação escrita ou indiretos, como também são conhecidos, são elaborados após a utilização do instrumental face a face. Enquanto, os instrumentos face a face se caracterizam por possibilitar uma comunicação mais ativa, os instrumentos de comunicação escrita permitem o registro do trabalho direto realizado. Segundo Sousa (2008), enquanto a comunicação direta, como o próprio nome já diz, permite uma intervenção direta junto ao interlocutor, a comunicação escrita possibilita que outras pessoas e indivíduos envolvidos na situação tenham acesso ao material produzido pelo assistente social. Além disso, os instrumentos de comunicação escrita, geralmente, implicam que outros profissionais e/ou outras instituições desenvolvam ações interventivas a partir da atuação do assistente social, tomando por base o que foi registrado.Ressaltamos, aqui, a importância do texto produzido pelo assistente social, no sentido de encontrar-se bem escrito, coerente, fundamentado e elaborado, utilizando uma linguagem culta, para que não haja dúvidas quanto à mensagem emitida. Por esse motivo, as competências técnica e textual são imprescindíveis para produção de textos. Figura 01: Os Instrumentos de comunicação escrita são inerentes ao processo de trabalho do assistente social. Fonte: Dreamstime. 7Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita Figura 02: Após utilizar um instrumento face a face, o assistente social precisa descrever e interpretar a situação a partir do estudo feito, que poderá resultará em um relatório social. Fonte: Dreamstime. Laudo Social → É um documento escrito que apresenta um parecer ou uma opinião conclusiva do que foi estudado e observado sobre determinado assunto. Esse documento abrange uma avaliação mais detalhada do que foi estudado. Trata-se de um escrito em que um perito emite seu parecer e responde a todos os quesitos que lhe foram propostos pelo juiz e pelas partes interessadas na situação. O Laudo Social contém opinião conclusiva acerca do que foi estudado e observado sobre determinado assunto. Bastante utilizado na esfera sociojurídica para subsidiar sentenças judiciais. 8 Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita O perito é uma pessoa conhecedora de determinado assunto (especialista em determinada área ou questão específica), ou aquele que é judicialmente nomeado para uma avaliação, exame e vistoria. Em síntese, o perito é um sábio, um conhecedor especialista de um determinado assunto. A ação do perito é denominada de perícia, compreendida como uma vistoria ou exame técnico especializado (MICHAELLIS, 1996). Estudo Social → Refere-se à análise sobre algo que se quer conhecer, por meio da observação e do exame detalhado, ou seja, é a pesquisa sobre determinado assunto que exige estudo. Do ponto de vista jurídico, o estudo e o relatório não apresentam significados específicos, e o laudo seria uma exposição escrita feita por peritos a partir das conclusões obtidas em relação ao que foi consultado, conforme definido no Código de Processo Civil. Veja, a seguir, a diferença entre perícia e parecer, de acordo com o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal: (...) perícia seria conceituada como meio de prova consistente no parecer técnico de pessoa habilitada. São espécies de perícia: o exame, a vistoria e a avaliação. (...) Quanto ao parecer, é a opinião fundamentada, o estudo dos aspectos de uma lei ou de um caso jurídico (...), a opinião de técnico, perito, arbitrador, sobre assunto de sua especificidade. (GUIMARÃES, 2000, p.115-118) Apesar de existirem algumas semelhanças entre os instrumentos de comunicação escrita utilizados pelo assistente social no processo de intervenção, estes também possuem diferenças conceituais, estruturais e são produzidos de acordo com a área de atuação do profissional de Serviço Social. 1.1 Conceituando Relatório Social Afinal, quais são as semelhanças e as diferenças existentes entre o relatório social e o laudo social? Importante Figura 02: Após utilizar um instrumento face a face, o assistente social precisa descrever e interpretar a situação a partir do estudo feito, que poderá resultará em um relatório social. Fonte: Dreamstime. Laudo Social → É um documento escrito que apresenta um parecer ou uma opinião conclusiva do que foi estudado e observado sobre determinado assunto. Esse documento abrange uma avaliação mais detalhada do que foi estudado. Trata-se de um escrito em que um perito emite seu parecer e responde a todos os quesitos que lhe foram propostos pelo juiz e pelas partes interessadas na situação. O Laudo Social contém opinião conclusiva acerca do que foi estudado e observado sobre determinado assunto. Bastante utilizado na esfera sociojurídica para subsidiar sentenças judiciais. 9Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita O relatório social e o laudo social são provenientes de um estudo feito, ambos são resultados da avaliação de um profissional e podem apresentar um parecer sobre o que está sendo analisado. Para Magalhães (2006), a diferença entre eles está na fundamentação técnica do parecer: Laudo Social → Apresenta análises e deve ser conclusivo, contendo diretrizes ou sugestões. Relatório Social → Apresenta as atividades desenvolvidas em determinado setor; ou contém informações de uma visita realizada; ou engloba informações acerca de providências tomadas em determinadas situações que justificam os encaminhamentos realizados durante a intervenção profissional. O relatório social não se resume a um documento de caráter meramente burocrático e administrativo, pelo contrário, ele apresenta subsídios imprescindíveis para uma primeira tomada de conhecimento acerca da situação. Por isso, o relatório não se restringe a simplesmente informar ou apresentar os encaminhamentos feitos diante da demanda, mas deve contemplar as razões pelas quais foram avaliados como viáveis, profissionalmente, as informações prestadas e os encaminhamentos realizados. O laudo social denota um estudo mais aprofundado, contendo um parecer fundamentado sobre a problemática e o assunto estudado. É um instrumento, cuja utilização é recorrente na área judiciária, em razão das especificidades desse espaço sócio-ocupacional. Se o laudo social é mais utilizado no espaço sociojurídico, quando o relatório social é elaborado pelo assistente social? Ou em quais espaços o relatório social é mais utilizado? Dentre todos os documentos de comunicação indireta, atualmente, o relatório social é o mais utilizado em diversas instituições nas quais os assistentes sociais atuam, nas mais variadas áreas e vinculados a diferentes políticas sociais setoriais. O relatório social expressa uma análise e uma opinião técnica. Veja, a seguir, alguns exemplos de situações em que o relatório social é utilizado: 10 Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita Exemplo 1 → Um assistente social, que atua no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), elaborou o relatório social e o submeteu ao Juiz da Vara da Infância, Juventude e Família, sugerindo a regressão ou a progressão da medida socioeducativa aplicada a um adolescente em virtude de um ato infracional praticado, realizando sugestões e encaminhamentos. O Estatuto da Criança e do Adolescentes (ECA) de 1990, em seu Art. 103, considera ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal praticada por crianças e adolescentes, pois os menores de dezoito anos, são penalmente inimputáveis, não podendo ser responsabilizados por sua ações, tendo em vista a faixa etária em que se encontram, portanto são aplicadas medidas socioeducativas. São exemplos de medidas socioeducativas em meio aberto: Liberdade Assistida (LA) e Prestação de Serviço à Comunidade (PSC), sendo estas executadas pelo poder executivo dos municípios que residem. Além da LA e da PSC, temos como exemplo de medidas socioeducativas o regime de semiliberdade e a internação. Exemplo 2 → O relatório social foi elaborado pelo assistente social do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e encaminhado ao setor responsável pela gestão dos benefícios socioassistenciais, solicitando a inclusão do usuário em determinado benefício. Exemplo 3 → Um assistente social, que atua no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), elaborou um relatório social acerca da situação da família beneficiada pelo Programa Bolsa Família, solicitando à Secretaria de Educação, vagas para os adolescentes dessa família no Programa Jovem Aprendiz. A partir dos exemplos acima, podemos compreender alguns cenários e situações em que o relatório social é utilizado no processo de intervenção.Agora, veremos, de forma mais aprofundada, o conceito de relatório social, a partir da referência bibliográfica de três grandes autoras que apresentam produções referentes a esse instrumento de comunicação escrita. Importante 11Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita Referente ao relatório social, Eunice Fávero, Selma Magalhães e Graça Turck apresentam conceitos e características aparentemente diferentes no que concerne a esse documento. Selma Marques Magalhães → Possui mestrado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001) e é profissional efetiva do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo. O livro intitulado Avaliação e Linguagem é uma grande referência sobre a dimensão técnico-operativa do Serviço Social, principalmente, no que tange, à elaboração de relatórios, laudos e pareceres. Eunice Teresinha Fávero → Possui graduação em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1979), mestrado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1995) e doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica/SP (2000). Atua como docente/coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Criança e Adolescente da Pós-Graduação em Serviço Social da PUC-SP, a partir de 2018. Trabalhou como assistente social no Tribunal de Justiça do estado de São Paulo de agosto de 1985 a fevereiro de 2012. Tem experiência de atuação, docência e pesquisa na área de Serviço Social, com ênfase em Fundamentos do Serviço Social e em Políticas Sociais, principalmente, nos seguintes temas: família, infância e juventude, rompimento de vínculos sociais e familiares, área sociojurídica, questão social, trabalho profissional – com ênfase no estudo social. Também se apresenta como uma grande referência nas discussões e reflexões acerca dos instrumentos de comunicação escrita utilizados pelo assistente social. Maria da Graça Maurer Gomes Turck → Possui graduação em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1976), mestrado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1991) e doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2008). Atualmente, é perita assistente social – Juizado da Infância e da Juventude, professora da Universidade Luterana do Brasil e consultora do Centro de Apoio a Meninos e Meninas. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase em Fundamentos do Serviço Social, atuando, principalmente, nos seguintes temas: serviço social, violência, reflexão, violência e direitos sociais e prática. A referida autora também é referência fundamental para compreensão do relatório social. Biografia 12 Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita Fávero (2014) define o relatório social como: Uma apresentação descritiva e interpretativa de uma situação ou expressão da questão social, além disso, destaca que o relatório social possui as seguintes características: 1. Tem finalidade de informar, esclarecer, subsidiar parte de um registro a ser utilizado para elaboração de um laudo ou parecer social. 2. O seu texto pode expressar maior e menor detalhamento das informações coletadas, dependendo da finalidade do relatório, ou seja, seu conteúdo depende do objetivo com o qual esse documento está sendo produzido. 3. Deve apresentar em sua estrutura as seguintes informações: o objeto do estudo; os sujeitos envolvidos na situação; a finalidade a qual se destina sua elaboração; os procedimentos adotados no decorrer da intervenção; breve histórico da situação; desenvolvimento e análise da situação. É curioso o fato de Fávero não compreender o relatório social de forma a conter um parecer social acerca da situação, diferentemente do modo como Selma Magalhães pensa o instrumento de comunicação escrita relatório social, podendo sim, conter um parecer acerca da situação apresentada. Fávero (2014) destaca que o relatório social traz uma análise da situação e conclusões, mas que isso não resulta em um parecer. A partir do pensamento de Fávero, entendemos que o relatório social pode ser elaborado pelo assistente social em todos os espaços sócio- ocupacionais, desde que a finalidade não seja subsidiar sentenças no Sistema de Justiça, que exige do profissional de Serviço Social um parecer técnico acerca da situação apresentada, sendo assim, se o relatório social não contempla um parecer, logo sua utilização nesta área não ocorre. O instrumento de comunicação escrita que apresenta tal finalidade é o laudo social e seu respectivo parecer social. Turck (2012) compreende o relatório social como um instrumento de comunicação institucional que apresenta como objetivo garantir os direitos da população usuária atendida pela equipe de Serviço Social. 13Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita Já para Magalhães (2006), o relatório social é elaborado a partir de um estudo feito anteriormente frente a uma situação exposta no atendimento realizado, e se apresenta como resultado de uma avaliação profissional, podendo apresentar sim, um parecer sobre o que foi analisado. Destaca-se, aqui, a divergência existente entre Fávero e Magalhães acerca do relatório social. Enquanto, a primeira autora não compreende o relatório social contendo um parecer acerca da situação analisada em sua estrutura, a segunda autora, enfatiza que o relatório social pode sim, apresentar um parecer técnico a respeito da situação estudada. Prosseguindo na concepção de Magalhães (2006) acerca do relatório social, a autora sinaliza que tal documento deve contemplar as informações coletadas no decorrer do atendimento, assim como as providências tomadas frente às demandas apresentadas, seguida das respectivas justificativas para tais ações. Magalhães (2006) chama a atenção para a seguinte questão: o conteúdo do relatório social deve ir além do burocrático. Ao mesmo tempo que deve conter informações relevantes ao processo interventivo, redigidos de forma descritiva e interpretativa, deve, também, se preocupar em não somente informar, mas explicitar as razões das ações tomadas ou as formas de acompanhamento propostas de serem realizadas. A autora Magalhães elenca, ainda, alguns tipos de relatórios sociais existentes, como: Informativo; Circunstanciado; De visita; De acompanhamento; De inspecção; De atividade. Continuando o debate sobre relatório social, Graça Turck (2012) sinaliza a existência de dois tipos de relatório social: Informativo e Circunstanciado. Importante O relatório social não é um mero boletim informativo. 14 Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita 1.2 Relatório Social Informativo: Reflexões de Magalhães e Turck Segundo Turck (2012), podemos definir o Relatório Social Informativo como o tipo de relatório que contempla aspectos relacionados a: esclarecimentos prestados ou informações fornecidas e obtidas através do atendimento realizado aos usuários de forma espontânea. Este tipo de relatório é muito utilizado nas instituições para informar óbitos; mudanças de endereço; modificação na composição sócio familiar, dentre outras situações que abrangem o fornecimento de informações importantes para a gestão da instituição frente a situação atendida. Magalhães (2006) pontua que, a finalidade do Relatório Social Informativo é informar dados ou fatos importantes que poderão ser utilizados no decorrer do processo de acompanhamento da situação. Exemplo do uso de relatório social informativo → Serviço de Atendimento Social caracterizado como Plantão Social ou “Porta de Entrada”. O uso do relatório social é bastante comum, nos espaços de Plantão Social ou nos processos de Triagem, quando temos um atendimento mais imediato. O Plantão Social, a Triagem, ou “porta de entrada” como também são conhecidos essesespaços são, na maioria das vezes, o primeiro contato do usuário com a instituição e com o Serviço Social. Esse espaço se apresentar como uma das formas de organização do atendimento caracterizado como uma “porta de entrada” do usuário para as políticas sociais setoriais, possibilitando seu acesso ao conjunto de programas, projetos e serviços socioinstitucionais. Nesses espaços, as demandas são as mais diversas, e a intervenção do assistente social visa à ampliação dos direitos de cidadania garantidos pela Constituição Federal de 1988. Trata-se de uma intervenção que possibilita o primeiro contato do Serviço Social com o usuário, no sentido de identificar as demandas e realizar um “filtro” ou “triagem” diante de tudo que foi constatado. Por fim, caberá ao profissional realizar os devidos encaminhamentos junto à rede de serviços e às políticas sociais setoriais. 15Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita O plantão constitui uma possibilidade concreta de viabilização do acesso da população aos serviços sociais – vinculados às políticas de assistência social, previdência e saúde – mas essa potencialidade só se realiza se a prática profissional for acionada nessa direção, levando-se em conta as condições institucionais reais. (TRINDADE, 1999, p.279) Geralmente, as ações nesses espaços resultam em encaminhamentos para outros setores, instituições e, até mesmo, outras políticas sociais setoriais. Os encaminhamentos são subsidiados por relatórios sociais informativos feitos com base no diagnóstico preliminar traçado no atendimento e contendo as razões técnicas para tal encaminhamento, visando esclarecer a situação e o processo de intervenção. 2. Relatório Social Circunstanciado Elencado por Magalhães (2006) e Turck (2012), o relatório circunstanciado apresenta um relato conciso que deve se ater na descrição de um fato, podendo conter sugestões. Esse modelo contempla em seu conteúdo a situação do(s) usuário(s) em um dado momento. Magalhães (2006) o descreve como informativo, porém, realizado em situações emergenciais, onde a situação envolve ou é de risco e precisa de uma ação rápida e imediata. Esse tipo de relatório social circunstanciado é utilizado, por exemplo, em processos de acolhimento, proteção e garantias de direitos e vida. É importante frisar que, posteriormente, esse relatório precisa ser revisto, visando à realização de um parecer e/ou laudo técnico para órgãos e/ou instituições. Exemplo do uso de relatório social circunstanciado → Criança encontra-se em situação de risco no ambiente doméstico e precisa ser abrigada em uma instituição de acolhimento. Enfatizamos, mais uma vez, a importância da definição acerca da finalidade do relatório elaborado, ou seja, a que ele se destina e qual o seu objetivo. Além disso, ressaltamos novamente também, a importância do texto 16 Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita presente no instrumento de comunicação escrita, visando que o mesmo esteja bem escrito e fundamentado teoricamente, apresentando as ideias organizadas de forma a transmitir a mensagem correta, levando em consideração os aspectos éticos, onde juízos de valor e posturas preconceituosas não devem ser admitidos. É importante que fique claro o poder existente no documento de comunicação escrita elaborado pelo assistente social, por isso, a necessidade de todo o cuidado e atenção na sua elaboração, tendo em vista que tal documento pode contribuir para mudar a vida de uma pessoa quando utilizado na tomada de decisões. Sendo assim, qualquer inconsistência, equívoco, ideia não clarificada ou abordagem pautada em valores morais, contendo olhares de preconceito pode resultar em uma decisão errônea, resultando em danos irreparáveis ao indivíduo. 3. Relatório Social de Visita e Acompanhamento Dando prosseguimento aos tipos de relatório existentes, segundo Magalhães (2006), temos o relatório social de visita, que pode ser referente à visita domiciliar ou institucional, o relatório de acompanhamento, o relatório de inspeção e o relatório de atividade. 3.1 Relatório de Visita Em relação ao relatório de visita, temos: Relatório de visita domiciliar → Produzido após visita domiciliar realizada a casa/domicílio/lar do usuário. Relatório de visita institucional → Produzido após visita institucional realizadas em: escolas, creches, instituições de acolhimento etc. Os relatórios de visita devem conter informações, descrições e aspectos analíticos identificados durante a execução da visita na interação com os usuários. Tais relatórios buscam apresentar dados que sejam significativos 17Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita para a formação de conhecimentos relevantes acerca da situação e parecer a ser realizado, a partir dos objetivos que levaram à realização da visita. Outro tipo de relatório social de visita existente é o de inspeção. Este relatório deve conter, em seus registros, com a exposição e a descrição daquilo que foi observado no decorrer da visita. Além disso, deve-se incluir um parecer profissional sobre a questão avaliada, como por exemplo: as providências a serem tomadas, as possibilidades viáveis do que pode ser feito para dirimir possíveis falhas e a consonância ou não, do trabalho desenvolvido com os objetivos que pretende alcançar. Exemplo do uso de relatório social de visita de inspeção → Após denúncias, a Assistente Social do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, de um município, junto com a Comissão de Garantia de Direitos desse Conselho, visita a instituição denunciada por violar os de adolescentes ali institucionalizados, visando avaliar a real condição do local para que as providências possam ser adotadas. 3.2 Relatório de Acompanhamento O relatório social de acompanhamento expressa informações que envolvem a intervenção profissional direta e o contato mais regular e assíduo com o usuário. Tem por finalidade fazer o registro das intervenções e dos resultados obtidos, sejam eles positivos ou não, visando torná-los objeto de reflexão. Esse relatório possibilita acompanhar o que vem sendo feito ao usuário, sendo assim, tal relatório apresenta característica avaliativa. Exemplo do uso de relatório social de acompanhamento → Uma família acompanhada pelo CRAS, após ter seu benefício de transferência de renda suspenso por não cumprir um dos critérios de condicionalidade do programa devido à não inserção de todos os seus filhos de forma regular na rede educacional. Após um primeiro atendimento, visando identificar o que levou à situação de evasão escolar, a família passou a ser acompanhada pela assistente social do CRAS e, após todos os atendimentos realizados, cabe a essa assistente social avaliar a real situação da família e registrar os pontos positivos do acompanhamento realizado e as fragilidades ainda existentes. 18 Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita 3.3 Relatório de Atividade Um outro exemplo de relatório existente e bastante utilizado por estudantes de Serviço Social, estagiários e assistentes sociais são os relatórios de atividade. Esses são instrumentos de registro do trabalho quando uma etapa do mesmo se encerra ou precisa ser avaliada. A grande diferença para os relatos é que eles abrangem um leque de atividades maior, ou seja, dizem respeito à sistematização de uma dada frente de trabalho num dado período de tempo. Esse tipo de relatório deve seguir as orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), atendendo às exigências de identificação do trabalho e suas partes, a assim como no trato às fontes e bibliografias utilizadas. Os relatórios serão compostos de: capa, sumário, apresentação, descrição das atividades, análise, bibliografia e anexos. Exemplo de relatório de atividade → A assistente social de uma escola, após realizardiversas reuniões com os responsáveis dos alunos, com diferentes temáticas relevantes, elabora um relatório final da atividade, visando identificar os pontos positivos e negativos das ações realizadas, além de reunir as evidências do encontro. 3.4 Estrutura do Relatório Social É importante frisar que não existe um modelo definido e finalizado de relatório social, pois não se trata de uma receita, muito menos de um manual ensinando a forma de fazer. Além disso, na maioria das vezes, as instituições contam com um roteiro que serve para direcionar o assistente social na elaboração do relatório social. Mesmo não existindo um modelo predefinido de relatório social, algumas informações são essenciais constarem nesse documento, como: ▪ Dados de identificação ou pessoais do usuário atendido. ▪ Principais demandas que levaram ao atendimento pelo Serviço Social. 19Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita ▪ Expressões da questão social identificadas após o atendimento realizado. ▪ Composição sociofamiliar (pessoas que residem no mesmo domicílio do usuário atendimento, grau de parentesco existente e tipo de família). ▪ Indicadores socioeconômicos (vínculo de trabalho ou ocupação de todos os indivíduos que compõem o núcleo familiar). ▪ Intervenção realizada pelo assistente social (orientações; reflexões; problematizações; direitos viabilizados e encaminhamentos feitos). ▪ Propostas ou formas de acompanhar a situação. Abaixo, apresentamos uma estrutura, seguida de um roteiro, que pode contribuir para elaboração do relatório social, porém não se trata de um modelo fechado, e sim um exemplo, no sentido de contribuir para elaboração do relatório social. Muitas instituições contam com um roteiro para elaboração do relatório social, porém frisamos que a poesia do assistente social (a forma como ele irá redigir o texto para transmitir a mensagem) é fundamental. Elementos Importantes do Relatório Social Cabeçalho com as informações da instituição em que o assistente social atua. Título: RELATÓRIO SOCIAL (aqui pode se identificar o tipo de relatório). Dados de identificação ou pessoais do usuário atendido. Situação apresentada (nesta parte, o assistente social irá descrever todas as informações coletadas na entrevista e suas respectivas análise, sempre atento ao objetivo do relatório). Local; Data; Assinatura e Carimbo do Assistente Social responsável pelo atendimento e elaboração do relatório. Cabe ressaltar, também, que identificar a quem se destina o relatório social é muito importante, pois dependendo dos profissionais, instâncias ou 20 Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita outras pessoas que terão acesso ao relatório social para leitura, o assistente social deverá informar no documento somente o estritamente necessário, visando não expor o usuário atendido ou até mesmo romper com o sigilo profissional, ocasionando uma situação de perda de confiabilidade do usuário para com o assistente social. No decorrer deste capítulo, foi possível conhecer o relatório social, instrumento de comunicação escrita bastante utilizado pelo assistente social. Tal conteúdo é de extrema importância na formação profissional de estudantes de Serviço Social, no sentido de possibilitar a compreensão acerca do conceito de relatório social, suas tipologias, assim como dimensionar em que momento tal instrumento deve ser elaborado e com qual finalidade. A partir de agora, tendo por base, estudos de caso, situações hipotéticas e até mesmo as experiências advindas da experiência do estágio supervisionado, caberá ao estudante de Serviço Social treinar a elaboração do relatório social, visando aprimorar a forma como o mesmo deve ser redigido e as informações que são relevantes configurar em tal produção, sempre atento com qual objetivo o relatório está sendo produzido. O material em tela, apresenta como diferencial os diversos exemplos citados no decorrer de todo o texto, ilustrando em quais momentos utilizamos o relatório social como continuidade do processo de intervenção, e em quais situações específicas, cabe o uso de cada um dos modelos existentes de relatório social. 21Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita Referências FÁVERO, E. T. Serviço Social, práticas judiciárias, poder: implantação e implementação do Serviço Social no Juizado de Menores de São Paulo. São Paulo: Veras, 2014. GUIMARÃES, D. T (Org.); MIRANDA, S. J (coord.) Dicionário jurídico. 5 ed. São Paulo: Rideel, 2001. MAGALHÃES, S.M. Avaliação e linguagem: relatórios, laudos e pareceres. 3 ed. São Paulo: Veras, 2011. MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1996. SOUSA, C. T. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional. Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. TRINDADE, R. L. P. Desvendando as determinações sócio -históricas do instrumental técnico -operativo do Serviço Social na articulação entre demandas sociais e projetos profissionais. Temporalis, Rio de Janeiro, n.4, p.21 -42, jul. /dez., 1999. TURCK, M. G. Serviço Social Jurídico - Perícia social no contexto da infância e da juventude. São Paulo: Pleno, 2012. 22 Oficina Técnico Operativa do Serviço Social - Instrumentos de Comunicação Escrita Título da Unidade Objetivos Introdução A Produção de Texto Para início de conversa… Objetivos 1. Os Níveis de Competência na Produção de Textos 2. As Estratégias na Produção de Textos 3. As Perguntas a Serem Feitas ao Produzir Textos Referências Relatório Social Para início de conversa… Objetivos 1. Relatório Social Informativo 1.1 Conceituando Relatório Social 1.2 Relatório Social Informativo: Reflexões de Magalhães e Turck 2. Relatório Social Circunstanciado 3. Relatório Social de Visita e Acompanhamento 3.1 Relatório de Visita 3.2 Relatório de Acompanhamento 3.3 Relatório de Atividade 3.4 Estrutura do Relatório Social Referências
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