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INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA CASO CLÍNICO) ANAMNESE - Paciente do sexo masculino, 45 anos, chega ao Pronto Atendimento referindo tosse produtiva e dor torácica em HTD (hemitórax Direito) relacionada com a respiração há 5 dias. Chegou a procurar UBS e foi medicado com sintomáticos. Há 2 dias, passou a apresentar secreção amarelada e febre, além de dispneia em repouso. - Nega diabetes e HAS. - Tabagista de 2 maços/dia - 40 anos/maço. - Etilista - 1 litro de cachaça/dia EXAME FÍSICO - Ao exame físico, paciente encontrava-se agitado, suportando mal o decúbito dorsal, com sudorese fria, taquidispnéico com batimento de asas de nariz, taquicárdico, febril, hipocorado, desidratado, anictérico, com cianose de extremidades. - Tax 38,5º C - FR 40 irpm - PA 110x70 mmHg - FC 130 bpm - SpO2 75% (ar ambiente) - AR (Aparelho respiratório) Respiração paradoxal com contração abdominal e uso da musculatura acessória. Tempo expiratório prolongado. MV audível universalmente rude com sibilo expiratórios difusos e estertores crepitantes em 2/3 inferiores do pulmão direito e base esquerda. - ACV (Aparelho cardiovascular) RCR em 2T BNF taquicárdicas, sem sopros e/ou arritmias. - Abdome Plano, flácido, indolor a palpação, sem visceromegalia, peristalse presente. - MMII Sem edemas e sinais flogísticos, pulsos presentes simétricos. GASOMETRIA ARTERIAL PH = 7,23 (ácido - porque o paciente NÃO libera CO2) PaO2 - 40 mmHg PaCO2 - 35 mmHg HCO3 - 14 BE = -10 SaO2 = 75% HIPÓTESE DIAGNÓSTICA DPOC Exacerbação de DPOC Pneumonia? Covid? Enfisema? Tuberculose? Insuficiência respiratória aguda Paciente em dispneia, que NÃO consegue ficar em decúbito dorsal + Batimento de asa nasal + Esforço respiratório + Saturação baixa + Taquicardia + Taquinéico A hipótese diagnóstica para esse paciente na urgência e emergência é Insuficiência respiratória aguda. Na urgência e emergência a insuficiência respiratória aguda deve ser resolvida pois sua tendência é piorar E um dos 5 Hs da PCR é a hipóxia, então esse paciente pode evoluir com Parada cardiorrespiratória. O que está causando a Insuficiência respiratória aguda é uma outra hipótese diagnóstica que irá ser resolvida também MAS antes devemos primeiro tirar o paciente da insuficiência respiratória por hipóxia. Durante o tratamento da insuficiência respiratória iremos pensar nas possíveis causas e iremos fazer exames complementares para fazer o diagnóstico da causa e iniciar o tratamento. A cura da Insuficiência respiratória é o tratamento da causa MAS devemos estabilizar o paciente primeiro, para que o mesmo NÃO evolua para PCR. Paciente chega com insuficiência respiratória: 1. Iremos dar um suporte ao paciente para tirar ele do quadro de insuficiência respiratória. 2. Tirando ele do quadro de insuficiência respiratória Eu possuo tempo para descobrir o que está acontecendo com o meu paciente. 3. Tirando o paciente da insuficiência respiratória aguda Ele deixa de ser um paciente da emergência. 4. Na enfermaria é que iremos descobrir a causa e iniciar o tratamento. CASO CLÍNICO (RAIO X) Diagnóstico Insuficiência respiratória Aguda. - E com o raio X levantamos a principal hipótese diagnóstica - que seria o DPOC exacerbado. - Tratamento: Antibiótico + suporte. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA O diagnóstico da insuficiência respiratória é clinica. Ela é definida quando o paciente possui tais sinais: Confusão mental Agitação OU rebaixamento do nível de consciencia. Instabilidade motora Convulsões/topor/coma Bradicardia/ Taquicardia e hipotensão Vasodilatação/ Vasoconstrição Taquipnéia, dispneia, uso da musculatura acessória (Esforço respiratório). OBS: O quadro inicial normalmente costuma ser Taquidispnéia + Taquicardia + Pico hipertensivo + Paciente agitado - Permanecendo em insuficiência respiratória o paciente terá uma bradipneia + bradicardia + hipotensão + Topor. - Permanecendo coma. OBS: Alteração neurológica da IRPA - a primeiro momento o paciente ficará agitado e a medida que a hipóxia vai piorando, diminuindo a quantidade de oxigênio do cérebro - é aí que o paciente vai rebaixando até entrar em coma. Pela análise da gasometria: PaO2 <60 mmHg SaO2 <90% PH <7,3 PaCO >50 mmHg (A gasometria NÃO é necessária para fechar o diagnóstico de Insuficiência respiratória aguda - ele somente me ajuda complementar o meu diagnóstico). OBS: Assim que acabamos de fazer o diagnóstico de IRPA - Devemos auscultar o paciente novamente o pulmão: 1. Se o pulmão estiver encharcado - Provavelmente a causa da Insuficiência é de origem cardíaca. - Iremos dar o suporte para IRPA do mesmo jeito (conduta habitual) - e no momento de pedir os exames complementares, nossa cabeça está direcionada para o coração - e devemos limpar esse liquido utilizando diurético (furosemida). 2. Se o pulmão estiver seco + sibilando - Provavelmente o paciente está com uma inflamação do alvéolo, podendo ser: DPOC, ASMA Sendo DPOC posso entrar com antibiótico de inicio + fazer exames - e depois retiro se necessário. - Mas independente do que seja a conduta inicial é a mesma na urgência e emergência e DEPOIS iremos broncodilatar o alvéolo e dar corticoide. 3. Se o pulmão estiver seco + NÃO sibilando - Provavelmente o sangue NÃO está chegando no alvéolo - Chamamos esse espaço do pulmão em que o sangue NÃO chega de espaço morto. - O diagnóstico na urgência e emergência para as situações acima é a mesma, assim como a conduta inicial. CONDUTA - Chegando um paciente com esses sinais e sintomas eu já posso iniciar a conduta - sempre na sala de emergência Inicio a conduta pedindo o MOVE: 1. Monitorização 2. Oxigênio 3. Acessos venosos. 4) O paciente com insuficiência respiratória NÃO tolera decúbito Então precisamos colocar ele em uma cama com cabeceira elevada. 5) Fornecer oxigênio para o paciente Isso é a depender da clínica do paciente e o grau de gravidade. Possuímos as opções: Mascara de venturi, Mascara reinalante, Mascara NÃO reinalante. Se for uma IRPA LEVE: podemos colocar um cateter nasal (oferece 3- 5L de oxigênio). Se for uma IRPA de MODERADA a GRAVE: Iremos para máscara OU ventilação mecânica. - A ventilação mecânica é colocar pressão para que o oxigênio possa entrar Ela pode ser: 1. Invasiva (IOT) 2. NÃO invasiva (Mascara) RESPIRAÇÃO A respiração envolve 2 coisas diferentes: 1) Troca gasosa que ocorre dentro do alvéolo Captura oxigênio e deixa o Gás carbônico. 2) Ventilação Eu posso ter uma insuficiência respiratória pelas 2 coisas OU somente 1 desses motivos: - O paciente pode fazer uma troca gasosa MAS ele NÃO ventilar. - O paciente pode NÃO fazer a troca gasosa e estar ventilando. EX: Peguei um paciente com edema agudo de pulmão (alvéolo cheio de líquido) - NÃO vai ter como o oxigênio chegar na corrente sanguínea e haver a troca gasosa. Nesse caso o paciente ventila MAS ele NÃO consegue realizar a troca gasosa. EX 2: Administrei succinilcolina (bloqueador neuromuscular) em um paciente - E aí o diafragma deixa de atuar corretamente, NÃO fazendo as diferenças de pressão. Nesse paciente as trocas gasosas ocorrer (o pulmão está normal) PORÉM esse paciente NÃO ventila (O ar NÃO entra). - Nesse caso NÃO adianta administrar Oxigênio - O problema está na entrada e NÃO na troca gasosa Nessa situações devemos ventilar o paciente (IOT, AMBU, Ventilação NÃO invasiva). - PCR o paciente NÃO ventila, nãoadianta colocar máscara com O2 - Lembrando que todo paciente que iremos ventilar, iremos oferecer oxigênio, para melhorar a concentração de O2 - e o paciente possuir uma melhora mais rápida. Quando a causa é no próprio pulmão (alvéolo) A IRPA é chamada de Tipo I (hipoxêmica). Quando a causa NÃO é no pulmão A IRPA é chamada de Tipo II (ventilatória). EX 3: Paciente está com uma Tuberculose que acometeu o ápice do pulmão direito E essa parte que está infectada gera inflamação (e uma consequência da inflamação é perda de função), fazendo com que o paciente perca grande parte do pulmão Nesse caso, a saturação irá diminuir. - A concentração de O2 no ar é de 21% - esse paciente está ventilando adequadamente, o problema está na troca gasosa, que pela perda de parte do pulmão, está diminuída Nesse caso iremos aumentar a quantidade de oxigênio (50%) - compensando a parte pulmonar que NÃO está realizando a troca, aumentando a sua saturação. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA A insuficiência respiratória aguda é uma síndrome caracterizada pelo aparecimento de disfunção súbita de qualquer setor do sistema fisiológico responsável pela troca gasosa. A insuficiência respiratória ocorre quando há incapacidade do organismos em manter normal a oferta de oxigênio aos tecidos e a remoção do gás carbônico. CLASSIICAÇÃO Hipoxêmica - Tipo I Ventilatória - Ventilação Alveolar - Tipo II TIPO I Hipoxêmica = Trocas Gasosas PaO2 <60 mmHg São causas da tipo I: - Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). - Pneumonia - Atelectasia - TEP - Edema pulmonar - Fibrose - Enfisema - Diminuição da oferta de O2 + Aumento o consumo. EFEITO SHUNT Ocorre quando o alvéolo NÃO consegue realizar a troca gasosa - o sangue entra no leito arterial sistêmico sem passar pelas áreas ventiladas do pulmão, levando uma redução da Pressão arterial parcial de O2 (PaO2) Isso ocorre devido a presença no pulmão de Água ou Secreção (infecção). São as causas do tipo I, que fazem o efeito Shunt: - Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). - Pneumonia - Atelectasia EFEITO ESPAÇO MOTOR O sangue NÃO está chegando no alvéolo - Chamamos esse espaço do pulmão em que o sangue NÃO chega de espaço morto. São as causas do tipo I, que fazem o efeito espaço motor: - TEP PROBLEMAS NA DISFUSÃO São as causas do tipo I, que fazem o efeito Problemas na difusão: - Edema pulmonar - Fibrose - Enfisema DIMINUIÇÃO DA PVO2 A não presença de oxigênio inviabiliza a troca Levando a IRPA. São as causas do tipo I, que fazem o efeito Problemas na diminuição na PVO2: - Diminuição da oferta de O2 + Aumento o consumo. TIPO II Ventilatória = Ventilação Alveolar Tipo II São causas da tipo II: - AVC - Trauma - Medicamentos tóxicos - Miastenia Gravis - Tétano - Polineuropatias - Esclerose Múltipla - Distrofia Muscular - Distúrbios eletrolíticos - Uso de bloqueadores neuromusculares. - Edema de glote DEPRESSÃO DRIVE RESPIRATÓRIO É a principal causa. São as causas do tipo II, que fazem o efeito depressão do drive respiratório: - AVC - Trauma - Medicamentos tóxicos INCAPACIDADE DO SISTEMA NEUROMUSCULAR São as causas do tipo II, que fazem o incapacidade do sistema neuromuscular: - Miastenia Gravis - Tétano - Polineuropatias - Esclerose Múltipla - Distrofia Muscular - Distúrbios eletrolíticos - Uso de bloqueadores neuromusculares EX: Succinilcolina. AUMENTO DA CARGA VENTILATÓRIA São as causas do tipo II, que fazem o aumento da carga ventilatória: - Edema de glote PRINCIPAL MANIFESTAÇÃO CLÍNICA: DISPNÉIA A dispneia está entre as 10 principais causas de atendimento na Sala de Urgência. Muitos dos pacientes possuem mais de uma causa para dispneia. Podem ser causas da dispneia: 1. Causas cardíacas 2. Causas neuromusculares 3. Causas pulmonares 4. Causas hematológicas 5. Causas metabólicas e endócrinas 6. Falência renal CAUSAS CARDÍACAS Síndrome Coronariana Aguda e suas complicações. Ruptura do septo interventricular Ruptura de valva mitral Arritmias Insuficiência cardíaca - miocardiopatias. Todas as patologias acima irão levar a formação de Edema Pulmonar. CAUSAS NÃO CARDÍACAS Atelectasias Fibrose pulmonar Pneumotórax DPOC exacerbado Asma Pneumonias Embolia Pulmonar SDRA (Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo). ABORDAGEM INICIAL Reconhecimento precoce do paciente em insuficiência respiratória aguda (Independente da causa a conduta é a mesma). Todo paciente da urgência e emergência irá ganhar: - M Monitorização eletrocardiográfica, PA e Oximetria de pulso. - O Oxigenação suplementar com garantia de via aérea pérvia e ventilação adequada. - V Acesso venosos calibroso Determinação da causa-base OBS: Sempre lembrar de avaliar a via aérea superior - ver se NÃO há nada obstruindo ali o local. MONITORIZAÇÃO Quanto mais baixa a SaO2, menor a acurácia da oximetria de pulso. Fatores que interferem na acurácia: - Arritmias cardíacas - Má perfusão periférica - Movimentação do paciente - Presença de esmalte nas unhas. VIA AÉREA PÉRVIA Como está o nível de consciencia do paciente? Consegue falar? Presença de corpo estranho? Posicionar a cabeça do paciente. MANTER A VIA AÉREA PÉRVEA Evitar a queda da língua. - Uma das formas de evitar a queda da base da língua é utilizar a cânula de guedel. - Ela garante a permeabilidade da via aérea - melhorando a entrada de ar. (09:08) Pode ser necessário a intubação orotraqueal: Nós iremos intubar nos seguintes casos: 1. Se Glasgow <8 2. Para permitir colocar o paciente em ventilação mecânica. 3. Para melhorar a ventilação 4. Para melhorar a oxigenação 5. Para permitir aspiração de secreções. EX: Possuo um paciente consciente + orientado em IRPA e eu preciso fazer Ventilação nessa paciente O ideal para esse paciente é a ventilação NÃO invasiva. Agora se eu possuo um paciente inquieto/agitado OU paciente que NÃO consegue tossir (risco de broncoaspiração) Nessas situações eu preciso usar a IOT, e para fazer isso eu preciso induzir o paciente ao coma. MELHORAR A OXIGENAÇÃO Oxigênio suplementar Através de máscaras e via ventilação manual e mecânicas não-invasiva e invasiva. A ventilação manual pode ser feita por meio da Ventilação manual com máscara - Ambú - reservatório. - É o dispositivo Bolsa-válvula- máscara Sendo que a bolsa serve como um “Pulmão externo”. VENTILAÇÃO MECÂNICA Nós utilizamos a ventilação mecânica para: Manter as trocas gasosas Aliviar trabalho da musculatura respiratória. Reverter OU evitar a fadiga da musculatura respiratória. Diminuir o consumo de oxigênio Permitir a aplicação de terapêuticas específicas. VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO- INVASIVA Paciente elegível: - Nível de consciencia adequado - Estabilidade hemodinâmica - Tosse eficaz - Hipercapnia entre 50 e 90 mmHg de paCO2 e PH entre 7,31-7,1. - Condição clínica reversível - Ausência de trauma de crânio e face. Principais objetivos: - Evitar IOT - Aliviar sintomas - Proporcionar maior conforto ao paciente - Minimizar os riscos da ventilação invasiva. DPOC VNI Pacientes com PH <7,35 + Dispneia e hipoxemia. A ventilação NÃO invasiva irá fornecer: Menor mortalidade Redução na necessidade de intubação Menor chance de falha terapêutica Melhora do PH Melhora da FR Menor tempo de internaçãoINSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA 1) Principal sintoma Desconforto respiratório - teremos a presença de um dos seguintes itens: 1. Frequência respiratória >25 irpm 2. SO2 <95% (oximetria de pulso) 3. Batimento de asas nasais 4. Uso de musculatura acessória. 5. Retenção aguda de CO2 (gasometria arterial). 2) Iremos instituir a Oxigenoterapia, podendo ser: - Cateter de O2 - Mascara de venturi ou reservatório - Ventilação NÃO Invasiva VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA São as indicações da ventilação mecânica NÃO invasiva: Parada respiratória Instabilidade hemodinâmica Rebaixamento do nível de consciencia NÃO colaboração Obstrução fixa das vias aéreas Mecanismos de tosse e deglutição ineficazes Trauma, queimadura OU cirurgia facial. DETERMINAÇÃO DA CAUSA- BASE Para determinar a causa da Insuficiência respiratória, nós iremos colher: 1. História + Exame físico direcionados. 2. Gasometria arterial 3. Raio X de tórax 4. Hemograma 5. Eletrólitos 6. Função renal 7. ECG 8. Ecocardiograma 9. CT de tórax/USG - Tratamento da IRPA é oxigenação e ventilação se necessário. CLINICA E A CAUSA DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA (IRA) IRA Súbita com ou sem dor: - Asma - Pneumotórax - TEP - IAM - Arritmias Rapidamente progressiva: - Broncoespasmo - EAP Progressão em dias: - Pneumonia Imunossupressão: - Pneumocistose - Pneumonias em geral DPOC ou asma prévios: - Exacerbação infecciosa - Exacerbação inflamatória - Exacerbação alérgica Rebaixamento do nível de consciencia: - Pneumonia por broncoaspiração CONCLUSÕES A insuficiência respiratória aguda é uma situação frequente na prática clínica. O sintoma mais frequente é a Dispnéia. Requer pronto reconhecimento e instalação de medidas de suporte inicial. É essencial a realização do diagnóstico etiológico para que a terapêutica específica seja realizada.
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