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Julia Folly - Med 8º semestre Traumatismo raquimedular Neurologia Conceitos gerais → lesão em qualquer porção da coluna, tendo ou não comprometimento neurológico (10% tem déficit neurológico) →mais comum em homens (9/ 1), e com grande taxa de mortalidade pré-hospitalar -> traumas de grande energia (principalmente motos) → Atendimento inicial: 1. MANTER ESTABILIDADE DE COLUNA: ● Alinhamento - coluna desalinhada = instável ● Mobilidade: movimentações anômalas, como deslizamentos = instabilidade ● Avaliar déficit neurológico → 1/2 ocorre na coluna cervical (mais móvel), 1/3 lombo-sacra e 1/6 torácica → Tipos de lesão: ● Lesão primária/ direta: lesão no momento do trauma, com a transferência de energia para estruturas nervosas e musculoesqueléticas ● Lesão secundária: é a que buscamos evitar: Isquemia por diminuição de fluxo no segmento lesão ● Lesão crônica/cicatricial: Fibrose/gliose que inibe o crescimento axonal adequado -> neurônios desviam, formam novos caminhos nessas cicatrizes, podendo causar distúrbios no funcionamento adequado -> pode contrair vários músculos ao mesmo tempo, causar dor crônica.. → Estabilização pré-hospitalar é essencial: avaliar como foi o processo na colocação de prancha, colar, intubação, tempo de transporte Avaliação inicial → ATLS ● Atenção especial à intubação com mínima extensão cervical pelo risco de lesão cervical; Se não possível: usar outras técnicas -> laringoscópio ● Hipóxia e Hipotensão devem ser evitadas ao máximo pelo risco de piora por isquemia da medula já em sofrimento ● Atenção para choque neurogênico -> avaliar se tem lesão neurológica e onde é essa lesão → Avaliação neurológica inicial age como triagem de gravidade ● Na suspeita de lesão medular, ao toque retal já deve ser avaliado o reflexo bulbo cavernoso: indica choque medular -> tônus do esfíncter e reflexo ● Exposição completa da coluna vertebral com movimentação em bloco e manutenção do colar cervical → avaliar a coluna como um todo e depois a cervical; cervical: 4 pessoas para auxiliarem, segurando a cervical e o paciente, para poder girar o paciente como um todo, minimizando torções da coluna ● Após o transporte e avaliação inicial a prancha rígida deve ser removida (ainda antes de acabar o ATLS!!) -> retirar a prancha logo após avaliar a coluna, enquanto o paciente estiver com o corpo girado → 2h em prancha, imóvel, já é tempo o suficiente para causar lesão por pressão ● Dor espontânea, à palpação ou à movimentação de qualquer segmento vertebral deve ser considerado como sinal de alarme ● Lesões associadas devem ser tratadas precocemente, em caso de impossibilidade de avaliação por imagem deve-se manter o colar cervical exceto em pacientes conscientes e orientados, sem déficit neurológico evidente (parestesia, paralisia, formigamento de membros), sem dor cervical e com cinética de baixo risco além de exame normal 1 Julia Folly - Med 8º semestre Tipos de lesão ● Choque Neurogênico - “hidráulica” → definição: Hipotensão refratária associada a bradicardia -> desbalanço do SNA, com excesso de ação do parassimpático -> vasodilatação não responsiva aos estímulos de vasoconstrição (dar volume não adiantaria = continuaria vasodilatado) - Mecanismo de vasoplegia por desbalanço autonômico → Tratamento com vasopressores: preferencialmente dobutamina **pelo ATLS: vai iniciar com volume de SF, transfusão e drogas vasoativas/ geralmente noradrenalina/ epinefrina -> o foco é lembrar que existe o choque neurogênico, pra “passar por essas etapas mais rápido”, uma vez que o paciente não vai responder a essas medidas, tendo que servir de sinal de alerta para possibilidade de ser choque neurogênico →Mais frequente em lesões da medula cervical e torácica alta → Hemorragias intracranianas ou medulares fechadas habitualmente não são causa de choque hipovolêmico -> volume de sangue não é o suficiente pra isso!! -> sempre pensar em choque neurogênico se paciente em hipotensão mas nenhum sítio de hemorragia sem ser o de estruturas do SN → Lesões acima de C4 podem cursar com disfunção respiratória associada (diafragma) ● ChoqueMedular - “elétrica” NÃO É = LESÃOMEDULAR!! → Excesso de liberação de neurotransmissores, com “desligamento” da medula→ Perda de todos os reflexos espinais abaixo do nível de lesão medular - paciente pode chegar tetraplégico pelo choque -> é diferente de lesão da medula, em que os reflexos estão exaltados (lesão de motoneurônio superior) → pode “esconder” a lesão real, por ex não identificando se o paciente tem lesão medular quando tetraplégico, caso esteja com reflexos abolidos (podem ser sobrepostas) ● Exame de reflexo: bulbo cavernoso (por ser o mais baixo, sendo o 1º que retorna) -> tensão anal normal quando compressão da glande ou do clitóris → Frequentemente com déficit motor e sensitivo completo no mesmo território → Pode durar até 48 horas Avaliação motora → Lesão delimitada por nível/ afuncional do nível lesionado pra baixo: lesão medular → Lesão não delimitada por nível/ lesão em nível específico, com funcionamento normal antes e após esse nível/ perda apenas de parte do movimento (ex não faz extensão de punho direito, mas todos os outros movimentos estão preservados): lesão na raiz/ radicular Avaliação de sensibilidade → Segue os dermátomos 2 Julia Folly - Med 8º semestre → Lesão em apenas um dermátomo/ em faixa: raíz → lesão de um dermátomo pra baixo: medula → Paciente paraplégico: avaliar toda a coluna, e não só a lombar! lembrar que medula vai só até L2 -> nível de lesão pelos dermátomos pode auxiliar nisso → T4: altura do mamilo; T7: altura do apêndice xifóide; T10: altura do umbigo; T12: altura do púbis Avaliação neurológica → Considera-se o nível da lesão o segmento com déficit motor e sensitivo ● Lesão incompleta: qualquer função isolada em >= 3 níveis abaixo da lesão: lesão sensitiva em T2 e lesão motora em T6 por ex (4 níveis de diferença) ● Lesão completa: perda das funções em < 3 níveis do local de lesão/ fratura: perda sensitiva em T2 e perda motora em T2, T3 ou T4 Síndromes neurológicas 3 Julia Folly - Med 8º semestre → Conceitos importantes de neuroanatomia: ● sensibilidade superficial: cruza na medula e sobe ● motricidade e sensibilidade profunda: sobem e cruzam apenas no cérebro ● as informações se distribuem no sentido periferia-centro das informações distais-proximais: periferia tem passagem de informações de medulas mais inferiores, se aproximando do centro da medula as informações mais proximais/ de medulas mais proximais → não tem vascularização na medula, sendo a irrigação apenas pelas artérias anterior e posterior, externas à medula -> lesões anteriores dificultam a irrigação anterior e o mesmo na posterior → porção anterior da medula: sensibilidade profunda; posterior: sensibilidade superficial e motricidade → Síndromes neurológicas: Dissociação Cérvico-Bulbar: lesão completa acima de C3: PCR imediata, tetraplegia e dependência de ventilação mecânica **muito grave** Centro-Medular:mais frequente: paresia em membros superiores > membros inferiores. Compressão ântero posterior da medula por hiperextensão. Comum se estenose de canal pré-existente (idosos) → informações de vias mais inferiores, que passam pela porção mais periférica da medula, vão estar normais: ex lesão de C4: região de cervical e tórax vai estar comprometida, mas região sacral não tanto (consegue mexer, sentir o pé por ex) Cordonal Anterior: para ou tetraplegia, anestesia térmico-dolorosa com preservação de sensibilidade tátil e proprioceptiva. Compressão anterior com prejuízo na área irrigada pela artéria espinhal anterior Cordonal Posterior: Déficit de sensibilidade profunda e preservação de térmico-dolorosa. Déficit motor é mínimo emMMSS. Rara Brown-Séquard: Déficit motor e proprioceptivo ipsilateral, Déficit de sensibilidade térmica e dolorosa contralateral. Hemissecção medular – lesões penetrantes ou hematomas → no nível da lesão, todas as funções estarão comprometidas (motricidade, sensibilidade superficial e profunda) 4 Julia Folly - Med8º semestre → HEMIANESTESIA ALTERNA -> de um lado sente tudo, sente dor, mas não consegue mexer e não tem sensibilidade proprioceptiva/ não sabe como está; no lado que não sente nada, nem dor, consegue mexer ConeMedular: Bexiga neurogênica e incontinência fecal. Lesão motora e sensitiva variável em MMII. Lesão da transição tóraco-lombar – usualmente até L2 -> paciente não sente a bexiga encher Cauda Equina: Paraparesia, anestesia em sela e distúrbios esfincterianos vesicais e retais. Fraturas lombo-sacras. -> paciente sente a bexiga encher, mas não consegue segurar a urina; “Anestesia em sela” = anestesia no local como se sentasse em uma sela de cavalo; compressão da raíz nervosa, sem lesão medular - o tônus muscular e os reflexos tendinosos profundos diminuem nas pernas. - OBS: A causa mais comum da síndrome da cauda equina é uma hérnia de disco Exame de imagem → avaliar lesão/ fratura e compressão da medula → Avaliar pela técnica de 3 colunas: avalia 3 a 3 -> separa a vértebra em 3 colunas, avaliando alinhamento e fraturas A: fratura em 1 vértebra E: afastamento de corpos espinhos 5 Julia Folly - Med 8º semestre 1ª coluna: fratura; 2ª coluna: desalinhamento de vértebras; 3ª coluna: afastamento de corpos espinhosos → TC -> exame principal!! RX: solicitar apenas quando não tiver acessibilidade à TC → RM: quando tem déficit motor agudo sem causa clara (ex sem trauma), dúvida diagnóstica ou para avaliar algum diagnóstico diferencial específico Tratamento →manter estabilidade clínica, óssea e neurológica → Retirada do colar cervical: somente após avaliação neurológica secundária; pode tirar sem exame de imagem na maioria dos casos → Imobilização óssea e preservação medular → Cirurgia: Indicação nas primeiras 24-48 horas em casos de déficit incompleto ● Descomprimir as estruturas nervosas -> laminectomia, foraminotomia, discectomia, corpectomia… ● Restabelecer alinhamento e rigidez ● Fixação cirúrgica ● Halo para tração craniana: “puxa” o pescoço do paciente para cima; aumenta a chance de déficit neurológico, tendo sido uma técnica menos usada! → Permite mobilização e reabilitação precoces mesmo sem recuperação neurológica → Conservador: Colar Cervical (uso por no mínimo 3 meses), Coletes ou Restrição à mobilização quando lesão óssea sem risco de déficit neurológico -> conduta mais indicada em idosos, pela osteoporose, fragilidade clínica.. → Reabilitação - fisioterapia Complicações: → Clínicas: TVP (14 a 100%) e TEP (5%), Ulceras de pressão e escaras, Bexiga neurogênica, Infecções locais e sistêmicas, Físicas → Sequela neurológica: diretamente relacionada com quadro à entrada e tempo para tratamento adequado → Sociais e Psicológicas Questões 6 Julia Folly - Med 8º semestre 7 Julia Folly - Med 8º semestre 8 Julia Folly - Med 8º semestre 9
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