Prévia do material em texto
Julia Folly - Med 8º semestre Acidente vascular cerebral hemorrágico Neurologia Conceitos gerais → O AVC mais comum é o isquêmico (85%) → 2ª causa de morte no Br e 1ª causa de incapacidade - poucos são os casos que têm reversão do quadro lesional, com restauração completa das alterações funcionais -> é mais importante a prevenção do que o tratamento → Recuperação de sequelas: janela de oportunidades de até 1 ano -> demanda muita fisioterapia nesse período → Tipos: ● Hemorragia intraparenquimatosa - 70% ● Hemorragia subaracnóide - 30% → Associado com: ● HAS (50-70% dos casos) ● Angiopatia amilóide (50-30%): degeneração de origem genética, que permite a formação de acúmulos de proteína amilóide, que lesiona os vasos sanguíneos, que ao se romperem causam a hemorragia (proteínas beta amilóide também se acumula no SN com Alzheimer - nas células do hipocampo, lobo temporal, causando a morte desses neurônios) ● Outras causas possíveis: cavernomas, tumores, metaplasias, coagulopatias e iatrogenias→muito mais raras! →Etiologias: SMACHU: Structural lesions, medicamentoso, angiopatia amilóide, systemic disease, hipertensão e Undetermined Hemorragia intraparenquimatosa → HAS:Hipertensão tenciona diariamente nos vasos, lesionando as fibras musculares lisas, que são substituídas por gordura e colágeno -> estrutura mais enfraquecida -> formação demicroaneurismas de Charcot-Buchard, de paredes enfraquecidas -> rompimento leva à hemorragia; locais de rompimentos associados com os valores pressóricos: 1. subcortical A 2. putamen B 3. tálamo C 4. ponte D 5. cerebelo E → Angiopatia amilóide:mecanismo parecido com o que ocorre na HAS, em que as fibras são substituídas pelas proteínas amilóides -> microaneurismas -> rompimento e hemorragia; locais associados: 1. Lobar - lobos cerebrais inteiros 2. superficial 1 Julia Folly - Med 8º semestre bem localizado, superficial: parece mais lobar OBS: AVC isquêmico: quando recente, pela pouca morte neuronal, pode ter pouca alteração, possivelmente com apenas um inchaço regional/ desvios; em caso de lesão mais antiga, a morte neuronal vai deixar o tecido mais escuro; quando recente, ao avaliar com contraste, também pode observar a presença do trombo que está causando a isquemia, podendo ser indicativo de fazer trombólise AVC por angiopatia amilóide Quadro clínico e diagnóstico → Clínica mais frequente: déficit neurológico súbito → Cada região afetada vai ter lesão e manifestação diferentes → Sintomas por hipertensão intracraniana: cefaléia e vômito → Rebaixamento do nível de consciência e coma nos hematomas de maior volume da fossa posterior → Sangue é irritativo, causando os sintomas: coma, rigidez de nuca, convulsões, déficit focal, vômitos e cefaléia, piora progressiva do sintoma neurológico → Sintomas sistêmicos: aumento da PAS/ taquicardia → Exames de imagem: - TC de crânio: confirmação diagnóstica Com contraste: pode observar os Spot sign, pontos que indicam de onde está entrando o sangue, com a constante injeção do contraste 2 Julia Folly - Med 8º semestre - RM de crânio: pesquisa de causas secundárias (ex injetar contraste para avaliar presença de metástases) - Angiografia: suspeitas de malformação arterio-venosas e aneurismas Evolução → Nas primeiras 24h do quadro tem aumento do hematoma, sendo uma janela de oportunidade para intervenção e controle das lesões → Expansão do hematoma pode evoluir com herniação uncal -> compressão do III nervo craniano pode evoluir com anisocoria, sendo o lado afetado o que vai ficar com dilatação pupilar e sem resposta fotomotora→ TEM QUE FAZER TREPANAÇÃO → Sinais de expansão da hemorragia: - Hemorragia com margem irregular - Heterogeneidade na densidade da hemorragia Escore de gravidade clínica → Calcular o volume da hemorragia: se > 30 mL indica que tem maior risco de óbito em 30 dias -> tem que correr pra cirurgia, pra drenar 3 Julia Folly - Med 8º semestre Tratamento 1. Internação em UTI 2. Monitorização: PA, temperatura, glicemia Controle rigoroso de PA, evitar hipertensão 3. Reversão da coagulopatia e suspender antitrombóticos 4. Tratamento de crises epilépticas (se ocorrerem) 5. Profilaxia de TVP 6. Meias (não farmacológico) 7. Heparina se hematoma estável 48 hs após evento 8. Tratamento da hipertensão intracraniana 9. IOT se rebaixamento do nível de consciência 10. Tratamento cirúrgico (derivação ventrículo-peritoneal) 11. hematoma cerebelar > 3cm 12. hemorragia lobar > 30 ml 13. Redução da PA: Alvo PAS < 140 mmHg – Na primeira hora 14. Reversão da coagulopatia: Fatores de coagulação dependentes da vitamina K já prontos – concentrado de protrombina (complexo protrombínico) Dabigatran - concentrado de protrombina ou idarucizumab Rivaroxaban, ou apixaban – concentrado de protrombina, andexanete alfa Heparina: sulfato de protamina Antiagregante: transfusão de plaquetas não se mostrou benéfico Hemorragia subaracnóide/ Meníngea →maioria é de etiologia traumática → raro: 5% dos AVC, mas alta importância (20% das questões), por ser grave → sangue ocupando o local de circulação do líquor → Causas não traumáticas: - aneurismática (80% dos casos não traumáticos) - não aneurismática: MAV, vasculite, aneurisma micótico, vaso (angiopatia amilóide), Síndrome de vasoconstrição cerebral reverse (“vasoespasmo”) - Perimesencefálica → Quando tem ruptura do aneurisma: alta chance de óbito; Fatores que influenciam no rompimento: tabagismo, HAS, abuso de álcool, cocaína -> aumentam a PA →mais comum emmulheres, ~50 anos, negras, com história prévia (pessoal ou familiar) de outros sangramentos, e com aneurisma > 7 mm → Principais localizações dos aneurismas - Polígono deWillis: ocorrem na bifurcações das artérias Quadro clínico → Quando rompimento do aneurisma: sangue, como irritativo, causando cefaléia com trovão/ súbita e intensa, vômitos, sinais meníngeos/ rigidez de nuca, comprometimento dos nervos cranianos, 4 Julia Folly - Med 8º semestre rebaixamento do nível de consciência -> Cefaléia súbita ou com características inéditas - “pior dor da vida” ● Cefaleia sentinela (precede hsa), ocorre dias-semanas antes da ruptura do aneurisma. Representa sangramento menor, dissecção aguda, trombose, trombose do aneurisma)→ se diagnosticado: tratar! -> É PRODRÔMICO → aneurisma na comunicante posterior: pode causar sintomas por afetar o nervo craniano III -> ausência do reflexo fotomotor, midríase e ptose palpebral à esquerda, sem essas lesões à direita; pode ter diplopia Fundoscopia com hemorragia retiniana -> hemorragia foi tão grande que “vazou” pra retina; NÃO DILATAR PARA OBSERVAR NA FUNDOSCOPIA -> vai atrapalhar a avaliação neurológica dos movimentos extrínsecos!! Diagnóstico 1. Identificar a hemorragia → TC de crânio SEM CONTRASTE → Líquor: coletar quando a TC não identificar o sangramento 2. Identificar a causa da hemorragia -> procurar aneurisma: → Arteriografia: padrão ouro para diagnóstico de aneurisma, podendo já tratar com embolização da artéria identificada → AngioTC para identificar aneurismas > 3 mm 5 Julia Folly - Med 8º semestre Sangue “escorrendo”, entrando no tecido; não forma uma mancha super evidente no parênquima -> não tem como drenar, o cérebro tá todo permeado por esse sangue Prognóstico - complicações: prognóstico IV e V: muito ruim!! -> irritação tanto meníngea quanto parenquimatosa →Melhora o prognóstico a conduta rápida e urgente: parar a origem do sangramento o mais rápido possível e administrar volume, pra que o próprio corpo possa “limpar” o sangue permeado ● Vasoespasmo/ Isquemia cerebral tardia (**complicação mais temida!**): ocorre em até 30% dos pacientes → Escala de Fisher modificada (radiológica) – Probabilidade de desenvolver vasoespasmo/isquemia cerebral tardia (ICD): correlação entre volume da hemorragia subaracnóide inicial e a chance de isquemia cerebral tardia → Prevenção de vasoespasmo: Nimodipina 60mg de 4/4h 6 Julia Folly - Med 8º semestre → Tratamento da ICD: Sinal neurológico focal com duração de 1 hora e não pode ser atribuído a outra causa: Hipervolemia;Induzir a hipertensão (PAS máx 220 mmHg) e hemodiluição (manter hematocrito ~32%) → Terapia inotrópica (dobutamina/milrinone) →Medidas de redução da pressão, pra evitar maiores hemorragias: ● dieta laxativa; ● cabeceira a 30°; ● repouso; ● profilaxia de TVP não farmacológica; ● manter a PAM abaixo de 130 mmHg até que o aneurisma seja tratado; ● em pacientes com rebaixamento da consciência, fazer ventilação mecânica com alvo da PaCO2 entre 30-32 mmHg para diminuir a pressão intracraniana; ● corticoides são indicados apenas para analgesia; ● anticonvulsivantes apenas se houver crise epiléptica. → mortalidade em caso de ressangramento: 78%. A maior incidência ocorre nas primeiras 24h, podendo chegar a 20% dos casos até o 14º dia→ prevenção com embolização ou clipagem cirúrgica do aneurisma. ● Hidrocefalia → O processo de absorção do líquor por meio das granulações aracnóideas pode ser comprometido na HSA, gerando hidrocefalia. O primeiro sinal tomográfico de hidrocefalia é a dilatação dos cornos temporais dos ventrículos laterais. Resumão Tipo de hemorragia Causas Clínica Observações Intraparenquim atosa 1.HAS -> microaneurismas de Charcot-Bouchard (subcortical, putamen, tálamo, ponte e cerebelo) 2. Angiopatia amilóide (lobar e superficial) Déficit neurológico súbito hipertensão intracraniana: cefaléia e vômito sintomas de irritação pelo sangue: coma, rigidez de nuca, convulsões, déficit focal herniação uncal -> compressão do III NC: anisocoria, sendo o lado afetado o com dilatação pupilar e sem resposta fotomotora TC de crânio: Spot sign (onde tá saindo o sangue) Sinais de expansão da hemorragia: Hemorragia com margem irregular e Heterogeneidade na densidade da hemorragia Hemorragia > 30 mL = ↑ risco de óbito em 30 d Subaracnoide/ Meníngea 1. Trauma 2. Aneurismas -> bifurcação de artérias do Polígono de Willis Cefaléia súbita - “pior da vida” Sintomas de irritação pelo sangue Cefaleia sentinela: ocorre dias-semanas antes da ruptura do aneurisma -> É PRODRÔMICO aneurisma na comunicante posterior -> afeta NC III: mesmos sintomas da herniação uncal 1. Identificar a hemorragia→ TC de crânio SEM CONTRASTE *Líquor: coletar quando a TC não identificar 2. Identificar a causa da hemorragia -> procurar 7 Julia Folly - Med 8º semestre Fundoscopia com hemorragia retiniana; NÃO DILATAR PARA OBSERVAR NA FUNDOSCOPIA aneurisma→ Arteriografia: padrão ouro Questões 8 Julia Folly - Med 8º semestre 9