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RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 345 Tríade Parada de eliminação de gases e fezes Dor abdominal Sd de obstrução Intestinal. Distensão Abdominal Fisiopatologia e clínica Parada de eliminação de fezes e gases Peristalse intensa → dor em cólicas ↑ líquidos na luz intestinal → distensão de alças Peristalse de luta → timbre metálico (hiperperistalse) ↑ pressão → compressão, isquemia e edema → translocação bacteriana → peritonite Quanto mais distal a obstrução, pior é. Complicada: isquemia (estrangulamento), acidose metabólica e perfuração Suboclusão: líquido acumulado consegue passar → diarreia paradoxal Vômitos fecalóides: válvula ileocecal incompetente Obstrução Alta (duodeno-jejuno) Baixa (íleo-cólon) Dor Precoce / paroxística Tardia / contínua Vômitos Precoce / biliosos ou fecaloide Tardio ou ausente / fecaloide Distensão Discreta Exuberante (+ intestino p/ dist.) CIR5: OBSTRUÇÃO INTESTINAL RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 346 Classificação • Obstrução mecânica (1): barreira física - tumor, brida, corpo estranho • Obstrução funcional (2): sem agente físico, função motora comprometida Obstrução funcional (duas principais): Obstrução funcional Íleo paralitico / adinâmico SD Ogilvie ou pseudo-obstrução colônica aguda Local Todo intestino Somente cólon Causas Pós-operatório (Íleo fisiológico) Drogas, DHE, processos inflamatórios (pancreatite grave) Pacientes graves, trauma, sepse, processos inflamatórios (↑ atividade simpática?) Rx Distensão de delgado e cólon Distensão do cólon (↑ ceco) Clínica Distensão, dor, vômitos Distensão e peristalse + (delgado ok) Tratamento Excluir causa mêcanica Dieta zero, SNG, HV, DHE (suspender drogas – opioide) *tto = suboclusão* Suporte + neostigmina 2.5 mg IV (↑ ACh - parassimpaticomimético) Colononoscopia descompressiva ou cecostomia: > 11 – 13 cm Íleo paralítico • Todo intestino paralisa (estômago ao sigmoide) • Grande causa: pós-operatório (íleo fisiológico). Delgado 24h p/ se recuperar, estômago 24- 48h e cólon 72h • Drogas (opioides), antagonistas de canal de cálcio • Distúrbio hidroeletrolítico (HipoK – vômitos geram alcalose metabólica, e o rim corrige excretando K+ em vez de H+) • Tratamento: suporte (SNG, HV, corrigir DHE) RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 347 Prova: - Suboclusão conduta = obstrução funcional (não fazer enema, ineficaz e pode perfurar) - Só opera se falha do tto clínico em 24 – 48h ou irritação peritoneal Obstruções mecânicas Causas: 1. Delgado: aDerência (+ comum) / hérnia / câncer / íleo biliar. Macete: Derência 2. Cólon: Câncer colorretal (+ comum) / volvo / divertículo 3. Infância: Intussuscepção (+ comum) / áscaris / bezoar (não digerido) / hérnia Local mais comum: delgado Local mais comum do cólon: esquerdo (↓ calibre, fezes consistentes, neoplasia mais infiltrante) Aderências Fisiopatologia: peritônio visceral agredido, ao cicatrizar forma traves de fibrose Fatores de risco: pós-operatório (↑ andar inferior), pós infecções intra-abdominais e congênitas Atresia duodenal Fisiopatologia: malformação, duodeno permanece fechado Diagnóstico: USG pré-termo: ascite, polidrâmnio, alça dilatada e hiperecoica Rx: sinal da dupla bolha (gás no duodeno proximal à atresia) Tratamento: duodeno-duodenostomia Atresia duodenal Estenose hipertrófica do piloro Vômitos biliosos após nascimento Vômitos NÃO biliosos > 3a semana Associado a malformações (Sd Down) Alcalose hipoclorêmica Sinal da dupla bolha Oliva palpável em epigástrio Atresia jejunoileal Fisiopatologia: isquemia mesentéria intrauterina Atresia + comum do TGI Íleo meconial Fisiopatologia: fibrose cística (alteração excreção Cl- com ↑ secreções que acabam “entupindo” íleo e cólon) Clínica: vômitos biliosos, distensão, falha em eliminar mecônio Tratamento: n-acetilcisteina por SNG e enema hidrossolúvel RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 348 Investigação Primeiro passo = toque retal - Fezes = provável obstrução funcional (mecânicas já teriam sido eliminadas) - Ampola retal vazia = provável obstrução mecânica - Massa = provável CA colorretal - Fecaloma (chagas?) = provável obstrução mecânica Segundo passo = Rx de abdome agudo* = topografar (delgado ou colón?) *tórax + abdome ortostase (pé) e decúbito dorsal. Não pode ortostase: dec. lateral Exceção: volvo de sigmoide (característico): “U invertido”, “grão de café”, “bico de pássaro” (se contraste retal) Delgado Cólon Imagem central e organizada Pregas coniventes (dobras mucosas) = “empilhamento em moedas” Imagem mais periférica, com “haustrações colônicas” (tipo pregas coniventes, porém mais distantes) RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 349 Íleo biliar Fisiopatologia: obstrução intestinal por cálculo biliar após fistula colecistoentérica Quadro clínico: história de colelitíase sintomática, dor abdominal arrastada (melhora / piora da obstrução), que evolui com obstrução intestinal Diagnóstico: - Rx: distensão de delgado + pneumobilia (gás nas vias biliares) + cálculo ectópico (Tríade de Rigler) - Diferenciar Íleo biliar X Sd de Bouveret • Íleo biliar: colelitíase + colecistite aguda + fístula p/ delgado + impactação no Íleo terminal / distal (não na válvula!!) • Sd de Bouveret: impactação em piloro ou duodeno por fístula p/ estômago Tratamento 1) Suporte: SNG, DHE, HV - Vômitos: alcalose metabólica (perda de HCl) - Isquemia de alça: metabolismo anaeróbio (ácido láctico) - Hipovolemia: perda de líquido para 3º espaço 2) Obstrução parcial: estável aguardar 24 – 48h (tendência de auto-resolução) 3) Avaliar cirurgia imediata: estrangulamento, obstrução total 4) Cálculo (íleo biliar): enterolitotomia p/ retirada do cálculo + colecistectomia RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 350 Volvo (“Vólvulo”) Sigmoide (+ comum) / ceco / estômago Causa obstrução em alça fechada (em 2 pontos diferentes) Causa + comum: obstrução colônica em ponto aleatório + válvula ileocecal competente (70% a válvula impede refluxo de conteúdo colônico) Tratamento Volvo de sigmoide - Não complicado (sem instabilidade hemodinâmica, sem irritação peritoneal) Descompressão endoscópica (colono / retossigmoidoscopia): desvolvulação Evitar recidiva: sigmoidectomia eletiva / sigmoidepexia - Complicado (estrangulamento) Cirurgia imediata: sigmoidectomia à Hartmann Volvo de ceco: colectomia direita + anastomose primária Volvo gástrico: Tríade de Borchardt (dor intensa e súbita em abdome superior + regurgitações com pouco vômito + impossibilidade de passar SNG) RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 351 Doença de Hirschsprung (megacólon Agangliônico Congênito) Conceitos: 1. Falha na migração craniocaudal de neuroblastos segmento mais distal sempre afetado (logo mais comum reto e sigmoide)” 2. Contração mantida de um segmento devido ausência de células ganglionares (Auerbach e Meissner)” Clínica: distensão abdominal + vômitos + não elimina mecônio após 24h Toque retal = saída explosiva de gases e fezes (“blast sign”) Diagnóstico: Enema contrastado: zona de transição em formato de cone (onde ocorre falha da migração neuronal) Tratamento: cirurgia Fecaloma Idosos / constipação crônica / Chagas / Hirschprung Fezes desidratadas que impactam no tubo digestivo Clínica: constipação + dor abdominal + desconforto retal + diarreia paradoxal (fenômeno de Soiling) Diagnóstico: toque retal Tratamento: hidratação + fratura digital / instrumental + uso de laxante e lavagem Intussuscepção intestinal Idiopática / IVAS prévia / meninos / 3 meses aos 6 anos (2/3 até 12 meses) Associação com infeccção viralprévia (hipertrofia placas Peyer) Fisiopatologia: intestino da criança não é bem desenvolvido, áreas de peristalse eficaz e áreas sem peristalse, uma alça pode entrar na outra. RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 352 Quadro clínico: dor abdominal + fezes em framboesa (muco / sangue) + massa palpável (“salsicha”) Local mais comum: válvula íleocecal (ileocolônica) Diagnóstico: clínica + imagem (Rx / USG / enema) Enema opaco: diagnóstico + terapêutico Rx: sinal do alvo / sinal da crescente ou menisco USG: sinal do pseudo rim Tratamento: Enema com bário ou ar (↓ hidrostática da invaginação) gera pressão contrária à peristalse. Refratário / adulto / neoplasia: cirurgia Tratamento do abdome agudo obstrutivo 1) Suporte (SNG, hidratação...) 2) Depende da obstrução: - Parcial: observar por 24 – 48h - Total / complicada: laparotomia 3) Situações especiais - Intussuscepção: enema - Volvo sigmoide: descompressão endoscópica - Íleo biliar: enterolitotomia p/ retirada do cálculo + colecistectomia RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 353 Hérnias da parede abdominal Anatomia (dentro p/ fora): Alça intestinal -> peritônio -> gordura pré-peritoneal -> anel inguinal interno profundo (início do canal inguinal que fica na parede posterior) Parede posterior: fáscia transversalis + M. transverso e M. oblíquo interno Alguns autores: parede posterior apenas a fáscia transversalis. Parede anterior: aponeurose do M. oblíquo externo (orifício = anel inguinal externo / superficial. Marca o final do canal inguinal) Anel inguinal externo (superficial): final do canal inguinal Ligamento inguinal (Poupart): reflexão da aponeurose do obliquo externo. Canal femoral passa por baixo Cobrindo aponeurose → tecido subcutâneo → pele Pele → tcs → M. Obliquo externo → M. Obliquo interno → M. Transverso → espaço pré peritoneal → peritônio. Canal inguinal - "rampa" que liga os 2 anéis inguinais - Posterior -> anterior / superior -> inferior / medial -> lateral - Teto (M. obliquo interno e transverso) / assoalho (ligamento inguinal) - Parede posterior (fáscia transversalis, aponeurose do M. transverso e M. obliquo interno) - Parede anterior (aponeurose do M. obliquo interno) - Conteúdo: • Homem: funículo espermático (M. cremaster, ducto deferente, artéria e veia espermática), ramo genital do nervo genitofemoral, plexo pampiniforme e conduto peritônio vaginal obliterado. CDCPRA. • Mulher: ligamento redondo do útero RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 354 Hérnias da região da virilha (inguinal direta, indireta e femoral) HÉRNIA INGUINAL INDIRETA (+ comum) • Se anuncia pelo anel inguinal INTERNO • Defeito congênito - mais comum na INFÂNCIA • Das inguinais é a que mais INcarcera • Mais comum à direita (à esquerda sigmoide tampona) • Causa: patência do conduto peritônio vaginal. Permite entrada de segmento intestinal. • Pode dar origem à hérnia inguino-escrotal HÉRNIA INGUINAL DIRETA • Causa: defeito da parede posterior (adquirido), sendo a área mais frágil o trígono de Hesselbach • Raramente inguino-escrotais TRÍGONO HESSELBACH - Medial: BORDA LATERAL DO RETO ABDOMINAL - Inferior: LIGAMENTO INGUINAL - Lateral: VV EPIGASTRICOS INFERIORES Direta VS Indireta: • Indireta → Lateral aos vasos epigástricos (só vê na cx) • DIreta → MeDIal aos vasos epigástricos • Indireta (das inguinais, "INCARCERA" MAIS). Todas, femoral encarcera mais Exame físico: examinar em ortostase e decúbito dorsal Manobra de Taxe: dedo através do canal inguinal externo e fazer Valsalva ou tossir Polpa = Hérnia direta Ponta = Hernia indireta Manobra de Landivar: as vezes a manobra de Taxe deixa o examinador em dúvida. Consiste em ocluir o anel inguinal interno, e ao realizar valsava, a única hérnia que pode protrair é a direta (que vem da parede posterior) RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 355 Hérnia femoral / crural Hérnia femoral das fêmeas Se anuncia abaixo do ligamento inguinal (patognomônico) O que cai são os 3 conceitos epidemiológicos: 1. Mais comum em mulheres (mas não a mais frequente) 2. Mais comum à direita (esquerda: reto e sigmoide dificultam) 3. Maior risco de encarcerar (de TODAS as hérnias é que mais encarcera) Classificação de Nyhus Nyhus pensou e colocou as mais comuns primeiro: Observações: I e II: indireta III A: defeito na parede posterior, direta. III: defeito da parede prostrêsrior / tipo C: Crural Hérnia umbilical Criança: - Defeito congênito - Conduta: expectante (tendência fechar até 2 anos) Adulto: Adquirido (obesidade, ascite, tabagismo) / + comum mulheres (2:1) Opera antes na criança se: 1. Não fechar até 4 – 6 anos (algumas referências até 8 anos) 2. Orifício > 2 cm 3. Associada à DVP (prevenir complicações no abdome) 4. Associação à hérnia inguinal RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 356 Denominações especiais das hérnias Hérnia de Richter: • Pinçamento do bordo antimesentérico da alça pelo saco herniário • Isquemia (estrangulamento) sem obstrução intestinal (maior parte da alça p/ dentro) • Mais comum na hérnia femoral Hérnia de Litré: • Hérnia inguinal / femoral que contém divertículo de Meckel Hérnia de Amyand: • Hérnia inguinal que contém apêndice vermiforme Hérnia de Pantaloon: • Hérnia mista (indireta + direta). Macete: 2 o’s 2 hérnias. Hérnia de Garengeot: • Hérnia femoral que contém apêndice vermiforme Hérnia por deslizamento: • Quando órgão interno constitui uma porção da parede do saco herniário • Mais comum: cólon e bexiga Tratamento Hérnia inguinal na criança - Meninos / prematuridade / à direita - Cirurgia precoce (↑ risco de estrangular) - Técnica: hernioplastia sem tela (sem reforço da parede posterior) - Exploração contralateral: mulheres / complicações (não consenso) / prematuridade Redutível: tratamento eletivo • Cirurgia eletiva • Redução manual (se há risco de complicação) Encarcerada (não reduz mais): tentar redução (se < 6 – 8h) • Redução manual: estabilidade hemodinâmica, sem irritação peritoneal, sem flogose, sem obstrução intestinal. Reduziu? Opera eletivamente • Cirurgia de urgência: refratário / complicações Estrangulada (isquemia): cirurgia de urgência • Avaliar viabilidade da alça: inguinotomia e não laparotomia (sei onde está alça) • Redução espontânea na indução anestésica: laparotomia (localizar alça) RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 357 Tipos de cirurgia Abordagem anterior: herniorrafia anterior + reforço da parede posterior • Shouldice: - Técnica: imbricação de músculos da parede posterior (sutura um músculo no outro) - Vantagens: recidiva pouco - Desvantagens: tensão grande com dor no PO (dor isquêmica) • Linchtenstein ("linchtenstela"): tela livre de tensão - Técnica: tela suturada ao ligamento inguinal, tendão conjunto e obliquo interno - Vantagem: recidiva pouco • Mcvay: hérnia femoral - Técnica: tendão conjunto suturado ao ligamento de Cooper Videolaparoscopia: - Indicações: recorrentes e / ou bilaterais - Vantagens: identificar hérnias bilaterais ocultas (20 – 50%) / ↓ dor PO Técnica totalmente extraperitoneal (TEP): dissecção no espaço de Retzus sem violar cavidade peritoneal COMPLICAÇÕES: 1) Dor crônica (inguinodinia): lesão nervosa - Tratamento: analgesia escalonada / tricíclico / refratário: reoperar - Laparoscopia reduz indicência 2) Orquite isquêmica: trombose do plexo venoso pampiniforme - Clínica: edema testicular 2 – 5 dias após cirurgia (pode evoluir p/ atrofia) - Tratamento: expectante 3) Lesão do ramo genital do nervo genitofemoral - Clínica: hiperestesia coxa, bolsa escrotal ou grandes lábios RESIDÊNCIA MÉDICA GUERZONI 358
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