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Seguridade Social

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O SISTEMA 
PREVIDENCIÁRIO E 
O TRABALHO DO 
ASSISTENTE 
SOCIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Explicar a criação e a evolução da previdência social no Brasil.
 > Reconhecer o papel e o funcionamento do Instituto Nacional do Seguro Social.
 > Definir a estrutura e a organização dos regimes previdenciários.
Introdução
A previdência social se trata de um seguro para os trabalhadores brasileiros. Para 
ter direito a esse seguro, é necessário que o trabalhador se filie à previdência 
e contribua com um valor mensal. Essa obrigatoriedade se justifica pelo fato 
de a previdência social brasileira ser um seguro coletivo, para o qual todas as 
pessoas devem contribuir a fim de manter o sistema previdenciário funcional. O 
conhecimento a respeito do sistema previdenciário brasileiro é basilar para os 
estudantes de serviço social, pois só de posse dele podem atuar plenamente no 
atendimento das demandas sociais da população trabalhadora, orientando-a e, 
por consequência, viabilizando o pleno desfrute de seus direitos. 
Dessa forma, neste capítulo, vamos tratar da criação e da evolução da previ-
dência social no Brasil, de forma que você reconheça o papel do Instituto Nacional 
do Seguro Social (INSS) e como ele funciona. O intuito é que você aprenda como 
funcionam a estrutura e a organização dos regimes previdenciários, viabilizando 
a criação de estratégias de intervenção e um atendimento informado da classe 
trabalhadora.
Sistema previdenciário 
no Brasil
Flaviana Aparecida de Mello
Breve histórico a respeito da criação e da 
evolução da previdência social no Brasil
O início da história da previdência social brasileira remonta aos primórdios 
de nossa história como colônia. Alguns anos após a chegada dos portugueses 
em solo brasileiro, Braz Cubas, fidalgo e explorador português, promoveu 
uma espécie de plano de pensão para os trabalhadores da Santa Casa de 
Misericórdia na cidade de Santos. Esse mesmo plano alcançava trabalha-
dores de outros tipos de serviços de atendimento, como orfanatos e asilos 
(VIANNA, 2012).
Mais tarde, por volta de 1793, segundo Oliveira (2018), D. João VI assinou 
um plano que se voltava para viúvas e filhas dependentes de oficiais da 
marinha que faleciam. Tratava-se de um plano que lhes assegurava uma es-
pécie de pensão em virtude da morte de seu esposo ou pai. Ainda de acordo 
com Oliveira (2018), no ano de 1821, foi decretado um preceito de direitos 
relacionados à concessão de aposentadoria para profissionais que exerciam 
o ofício do magistério após 30 anos de profissão.
Posteriormente, em 1888, a Lei nº 9.912-A, de 26 de março, assegurou o 
direito de aposentadoria a funcionários dos correios, que passaram a poder 
gozar desse direito após 30 anos de exercício profissional. Passados dois 
anos, no ano de 1890, o Decreto nº 221, de 26 de fevereiro, foi assinado, 
instituindo a aposentadoria de funcionários da estrada de ferro Central do 
Brasil, estendida para os demais ferroviários do estado por meio do Decreto 
nº 565, de 12 de julho do mesmo ano (CASTRO; LAZZARI, 2015).
Já durante a República, no ano de 1891, foi promulgada a primeira Cons-
tituição, em que constava o direito de aposentadoria para os funcionários 
públicos nos casos de constatação de invalidez. Mesmo ainda incipiente, 
esse direito foi um princípio de direitos previdenciários da República bra-
sileira, concedendo, a funcionários públicos, o direito à aposentadoria caso 
fosse confirmada a incapacidade para a atividade laboral. De fato, todas 
as ações tomadas até então voltadas a um plano previdenciário não foram 
promovidas de modo a atender profissionais da ordem pública, apenas do 
âmbito privado (OLIVEIRA, 2018). Cabe destacar, ainda, que esse direito não 
tinha caráter contributivo; ou seja, os funcionários públicos não realizavam 
contribuições mensais para poderem ser beneficiados (CASTRO; LAZZARI, 
2015).
No século XX, o processo de industrialização, no Brasil, estava em plena 
expansão, de forma que passou a ocorrer a contratação em massa de pes-
soas de todas as idades e condições para atuarem no exercício do trabalho 
Sistema previdenciário no Brasil2
fabril. No entanto, os empregadores contratavam essas pessoas sem ofertar 
qualquer cobertura de direito, uma vez que, para empregados de empresas 
privadas, não se tinha qualquer tipo de lei que a pudesse oportunizar. Assim, 
como fruto de muitas mobilizações e greves que foram se formando por parte 
de trabalhadores industriais indignados com sua condição de trabalho, no 
ano de 1919 foi assinado o Decreto nº 3.724, de 15 de janeiro, que obrigava 
o empregador a custear o seguro de seus funcionários contra acidentes no 
local de trabalho. Entretanto, era um auxílio precário, pois, de acordo com 
Ibrahim (2015), não havia um valor especificado e, quando era concedido, 
era em cota única, tanto nos casos de invalidez quanto nos casos em que o 
trabalhador viesse a falecer. 
Mais tarde, no ano de 1923, foi promulgado o Decreto nº 4.682, de 24 
de janeiro, que ficou conhecido como Lei Eloy Chaves. A Lei em questão é 
considerada um importante marco brasileiro na demarcação da institucio-
nalização da previdência social, mesmo que alguns dispositivos já tivessem 
contemplado os direitos dos trabalhadores. Segundo Boschetti (2006), a 
partir desse Decreto, foram sendo criados caixas forçosos para as empresas. 
Embora tenham sido cunhados pelo Estado, que regularizou a porcentagem de 
aporte e a cobertura de benefícios, seu caráter era privado e o financiamento, 
bipartite; ou seja, competia apenas aos trabalhadores e aos empregadores 
fazer as devidas contribuições a esses caixas. 
Nascido no interior de São Paulo, Eloy Chaves se formou em Direito 
pela tradicional faculdade de Direito do Largo de São Francisco da 
Universidade de São Paulo. Residiu na cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo, 
onde exerceu cargo de vereador, e depois partiu para assumir outros cargos de 
maior estatura: deputado federal e presidente da comissão da Marinha de Guerra. 
Foi, também, secretário de Estado, mas foi pela proposição do Decreto nº 
4.682 que ele teve seu nome demarcado na história brasileira. Para homenagear 
seu propositor, a Lei foi batizada com seu nome (OS DEPUTADOS..., 2018).
A Lei Eloy Chaves tem uma semelhança com o sistema de seguridade social 
criado na Alemanha nos anos 1880, denominado modelo bismarckiano, pois 
assinala a necessidade de o trabalhador ser obrigado a se filiar ao sistema 
previdenciário, tendo de contribuir juntamente ao empregador e ao Estado. 
A princípio, a referida lei se destinou a atender a categoria de trabalhadores 
mais exposta a riscos, os trabalhadores de ferrovias, considerada a categoria 
mais suscetível a acidentes e, na época, uma das mais importantes atividades 
laborais, devido à expansão das linhas de ferro. 
Sistema previdenciário no Brasil 3
Com o passar dos anos e o avanço da industrialização, a cobertura foi 
se expandindo, atendendo a trabalhadores de outras categorias. Assim, no 
governo Vargas, nos anos de 1930, o então Presidente assinou um decreto que 
sistematizava a organização previdenciária por categorias de profissionais. 
Posterior a esse decreto, foram criados, ao longo da mesma década, alguns 
institutos para outras categorias profissionais, como o Instituto de Aposenta-
doria e Pensões dos Marítimos (IAPM), o Instituto de Aposentadoria e Pensões 
dos Comerciários (IAPC), o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários 
(IAPB) e o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI).
Nesse entremeio, foi criada, no ano de 1934, a nova Constituição Federal, 
que asseverou novos preceitos em termos de proteção social, sobretudo em 
relação a direito previdenciário. Já a Constituição Federal do ano de 1937 usou, 
pela primeira vez, a termologia seguro social em relação a direito de ordem 
previdenciária, embora não tenha trazido outras mudanças e/ou inovações 
relativas à previdência social brasileira. 
Na década de 1940, porém, foi promulgada, noano de 1943, a Consolida-
ção das Leis do Trabalho (CLT), por meio Decreto nº 5.452, de 1º de maio. De 
acordo com Vianna (2012), seguindo o compasso, foi elaborada uma espécie 
de projeto de consolidação das leis da previdência social. Destarte, no ano 
de 1946, com a nova Constituição Federal, foi retirado o termo seguro social 
e retomado o termo previdência social no texto constitucional. Além disso, 
essa Carta Magna foi muito relevante por mencionar os direitos sociais, além 
de obrigar empregadores a manter o seguro de acidentes de trabalho. 
Na década de 1960, demos outro importante passo rumo à maturidade 
da previdência social: foi criado o Ministério do Trabalho e da Previdência 
Social, tendo sido sancionada a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), de 
nº 3.807, uma legislação de extrema relevância por unificar todos os institutos 
de previdência social anteriormente criados.
Passando-se três anos, em 1963, foi promulgada a Lei nº 4.214, de 2 de 
março, que institucionalizou o fundo de assistência ao trabalhador rural. 
Nesse mesmo ano, foi criado o salário-família, um direito para trabalhadores 
que se enquadravam no critério de renda baixa e que possuíam filhos de até 
14 anos, recebendo um valor por cada filho nessa faixa etária. Outros dois 
direitos ligados à previdência social também foram cunhados nesse mesmo 
ano: o seguro-desemprego, pela Lei nº 4.296, de 20 de dezembro, e o abono 
anual, pela Lei nº 4.281, de 8 de novembro. 
Mais tarde, no ano de 1966, foi concretizada a unificação dos institutos 
de caixa e aposentadoria pelo desenvolvimento do Instituto Nacional de 
Previdência Social (INPS). Conforme Oliveira (2018), o INPS consolidou todos 
Sistema previdenciário no Brasil4
os institutos, visto que os vários institutos desenvolviam, praticamente, o 
mesmo trabalho, e a desses variados institutos era, de fato, redundante. Por 
meio da Lei nº 5.107, de 13 de setembro do mesmo ano, foi disposto o Fundo 
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). No ano seguinte, por meio da Lei nº 
5.316, de 14 de setembro, o seguro de acidentes de trabalho foi incorporado 
à previdência social. 
Nesse ínterim, convém ressaltar que a conjuntura política foi alterada 
desde 1964, visto que os militares tomaram o poder e, com isso, as 
instituições estatais se tornaram centralizadas e autocráticas, desconsiderando 
qualquer possibilidade de os processos serem democráticos. Isso consolidou 
o poder institucional do Estado e a centralização da gestão e dos recursos da 
previdência (ARAGÃO 2013). 
De acordo com Oliveira (2018), em 1974 foi cunhado o Ministério da Pre-
vidência e Assistência Social, que desmembrava o Ministério do Trabalho 
e a previdência social. Em 1977, o governo desenvolveu o Sistema Nacional 
da Previdência Social (SINPAS), no intento de sistematizar os vários órgãos 
ligados à previdência social e à assistência social: o INPS, o Instituto Nacio-
nal de Assistência e Previdência Social (INAMPS, criado pela mesma lei que 
instituiu o SINPAS), a DATAPREV (Empresa de Tecnologia e Informações da 
Previdência), o Instituto de Administração Financeira da Previdência Social 
(IAPAS), a Central de Medicamentos (CEME). Também foram incluídas as enti-
dades de prestação de atendimento assistencial, como a Legião Brasileira da 
Assistência (LBA) e a Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (FUNABEM). 
Destarte, o SINPAS consistiu em uma tentativa de estabelecer um sistema 
para atender a beneficiários da previdência social, com direitos a benefícios 
previdenciários e de saúde, e a pessoas mais vulneráveis, por meio da LBA e 
da FUNABEM, no caso de crianças e adolescentes (BRASIL, 1977). 
Entretanto, nesse período, o governo militar já estava perdendo forças, 
e contava com forte enfrentamento dos movimentos sociais, dos sindicatos 
e da população em geral, que lutavam pelo fim do governo ditatorial e, por 
consequência, pela redemocratização do Estado brasileiro. Essa luta foi se 
intensificando por todo o País, o que conduziu o regime militar a seu fim, no 
ano de 1985. Nesse mesmo compasso, a Assembleia Nacional Constituinte de 
1987 conclamava uma Constituição Federal que pudesse trazer preceitos que 
não dessem mais brechas para governos autocráticos se instalarem, além de 
avalizar a participação popular e garantir os direitos humanos e sociais de 
toda a população. Assim, no ano de 1988, foi aprovada a nova Constituição 
Sistema previdenciário no Brasil 5
Federal, que permitiu, ao Estado brasileiro, progredir para um modelo de 
proteção social amplo, sob o princípio da universalidade, garantindo os 
direitos sociais enquanto dever do Estado e direito da população. A Carta 
Magna, ainda, estabeleceu o sistema de Seguridade Social, que proporcionou 
um dos maiores saltos na política social no Brasil (BRASIL, 1988). 
De acordo com Kertzman e Martinez (2018), a previdência social avalizada 
pela Constituição Federal de 1988 possui alguns princípios que a distinguem 
das demais políticas do campo da seguridade social (assistência social e 
saúde). Um deles se refere à contributividade imposta a todos os cidadãos 
trabalhadores que adentram o sistema previdenciário. Outro princípio se liga 
a esse, o da solidariedade social, que pode ser arquitetada e incitada por 
força normativa. Conforme Kertzman e Martinez (2018, p. 17), está:
[...] previsto no art. 3º, I, da Constituição da República (1988), que orienta as condutas 
estatais e privadas no sentido da comunhão de atitudes e sentimentos com vistas 
ao bem comum. São, portanto, fruto da referida solidariedade social as evidências 
segundo as quais, enquanto alguns trabalham e contribuem, outros, sem contribuir, 
mantêm-se afastados do trabalho ou de suas atividades habituais, recebendo 
benefício previdenciário que lhe garanta o mínimo existencial.
Por essa razão, cada trabalhador, ao ingressar no mercado de trabalho e ser 
vinculado à previdência social, deverá ser inserido como contribuinte, pois sua 
cota mensal de pagamentos contribuirá para ele no futuro, quando vier a se apo-
sentar, mas também mantêm todo o sistema junto com os demais contribuintes. 
Por fim, destacamos os demais princípios como a universalidade da co-
bertura do atendimento, a equivalência de benefícios entre trabalhadores 
rurais e urbanos, a seletividade e a distributividade na prestação de serviços 
e de benefícios aos trabalhadores, a irredutibilidade do valor do benefício e 
a equidade na participação do custeio da previdência social.
Contudo, mesmo se pautando na descentralização das ações, Aragão (2013) 
nos alerta que, entre as três políticas de seguridade social, a previdência social 
é a única que ainda se mantém federalizada, ou seja, não se descentralizou 
para estados e municípios, de forma que não há participação popular por 
meio de mecanismos de controle social. Além disso, essa é uma das políti-
cas de proteção social que mais sofrem ataques por parte dos governos e 
de congressistas mais liberais, tendo atravessado uma série de reformas 
propostas por parte do empresariado, de banqueiros e do acatado. De fato, 
vemos que, no Brasil, a classe trabalhadora é a que mais sofre com essas 
reformas, visto que elas extinguem ou alteram seus direitos, arduamente 
conquistados, como vimos ao longo desta seção.
Sistema previdenciário no Brasil6
O papel e o funcionamento do Instituto 
Nacional do Seguro Social
O INSS foi criado por meio do Decreto nº 99.350, de 27 de junho de 1990, assinado 
pelo então presidente Fernando Collor de Mello. Esse decreto é resultado da 
contração entre o Instituto de Administração Financeira da Previdência Social 
(IAPAS) e o INPS, institutos que faziam parte do antigo SINPAS. A responsabili-
dade do INSS, enquanto seu basilar papel, é operacionalizar e reconhecer os 
direitos previdenciários dos trabalhadores que contribuem para a previdência 
social por meio do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que abarca 
ampla parte de trabalhadores brasileiros. Sua principal finalidade é ofertar 
umatendimento que prime pela qualidade, preservando a integridade das 
pessoas, além de procurar, de forma contínua, modos de fazer uma gestão 
mais moderna e com foco na demanda dos trabalhadores segurados. 
O governo federal, responsável por administrar o INSS (2017, documento 
on-line), define, em seu site, a missão, a visão e os valores desse instituto: 
Missão 
Garantir proteção aos cidadãos por meio do reconhecimento de direitos e exe-
cução de políticas sociais.
Visão 
Ser instituição de excelência no reconhecimento de direitos e gestão de benefí-
cios sociais ao cidadão.
Valores 
Ética, respeito, segurança, transparência, profissionalismo, responsabilidade 
socioambiental.
Ainda a respeito da organização e do papel do INSS, esse conta com o Ser-
viço de Informações ao Cidadão (SIC), criado como um instrumento para obter 
informações de ordem pública. Quem trabalha com ele não tem permissão 
de informar dados de ordem pessoal, tampouco de emitir extratos, visto que 
se trata de assuntos de ordem particular de cada segurado. Entretanto, se a 
pessoa necessita de informação sobre algo específico, pode tanto se dirigir 
ao atendimento presencial das agências do INSS quanto acionar o canal de 
atendimento “Meu INSS”, que está disponível para fornecer informações de 
ordem peculiar e particular do segurado. 
Um ponto fundamental a respeito do INSS diz respeito a sua estru-
tura organizacional burocrática e administrativa. Seu organograma 
foi definido pelo governo federal e está divulgado no site do próprio INSS: 
Sistema previdenciário no Brasil 7
digite “Estrutura organizacional do INSS” em seu motor de busca preferido 
para acessá-lo. Cabe destacar a finalidade desse organograma é organizar e 
sistematizar as ações que são de sua competência por meio de departamentos, 
de gerências e da presidência. 
A previdência social possui princípios que norteiam o atendimento referente 
aos benefícios. Esses princípios norteadores da previdência social se materia-
lizam dentro do INSS por meio dos atendimentos e das próprias sistematização 
e organização dos benefícios a serem concedidos aos segurados e a seus 
dependentes. É por meio do INSS que os segurados e seus dependentes têm 
acesso à informação sobre seus direitos previdenciários, seu gerenciamento 
e suas concessões. Desse modo, cabe lembrarmos alguns desses princípios.
A irredutibilidade do valor dos benefícios visa garantir, ao segurado, a 
irredutibilidade de sua renda; isto é, objetiva ofertar proteção contra qualquer 
tipo de tentativa de redução em termos de valores a serem auferidos. Por 
exemplo: se uma pessoa recebe o benefício de pensão por morte de R$ 4.000,00, 
não pode ser ofertado um benefício com valor inferior ao que já é praticado. 
Com relação à universalidade da cobertura, trata-se de um princípio orga-
nizado no âmbito do INSS por meio de ações que visam ofertar proteção no 
que diz respeito à cobertura da integralidade dos riscos que possam produzir 
estado de necessidades sociais e humanas para cada segurado. 
Destarte, compete ao INSS fazer todo o gerenciamento dos benefícios 
previdenciários, que se dividem, de acordo com Kertzman e Martinez (2018), 
em dois grupos: 
1. aqueles que são pagos aos segurados; 
2. aqueles que são pagos aos dependentes desses segurados.
São benefícios pagos diretamente aos trabalhadores segurados os re-
lativos a salários, como salário-família e salário-maternidade, e todos que 
se referem a auxílios, como o auxílio-acidente e o auxílio-doença. Também 
temos as aposentadorias, sejam por idade, por tempo de contribuição, por 
incapacidade ou especial. Com relação aos benefícios pagos pelo INSS aos 
dependentes de segurados, temos os benefícios, como auxílio-reclusão e 
pensão em virtude do falecimento do segurado. 
Além da administração dos benefícios previdenciários pagos para os 
segurados e seus dependentes, o INSS oferta outros serviços de atendimento 
ao público beneficiário, de acordo com a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, 
que dispõe sobre os planos de benefícios da previdência social, como ser-
Sistema previdenciário no Brasil8
viços de atendimento em habilitação e reabilitação e serviço social. A Lei 
também trata da perícia médica, um serviço de grande relevância, auxiliar 
da previdência social (BRASIL, 1991). 
Além de todo o gerenciamento e a concessão de benefícios previdenciários, 
compete, ao INSS, o gerenciamento e a concessão, ou não, do Benefício de 
Prestação Continuada (BPC), previsto na LOAS. Cabe destacar que não se trata 
de um benefício para o qual a pessoa precisa contribuir previamente para poder 
ter acesso e direito. Contudo, ele se contorna como benefício da assistência 
social na medida em que é destinado a pessoas idosas ou com deficiência que 
comprovem não possuir meios para prover sua subsistência familiar e individual. 
No caso de pessoas idosas, o cálculo realizado para a concessão do benefício é 
feito somando-se os provimentos de todas as pessoas da família sob o mesmo 
teto e, depois, dividindo-se o valor total pelo número de pessoas. O resultado 
deve ser inferior a ¼ do salário-mínimo vigente. Se, porventura, o valor per 
capta for um pouco maior que o valor inferior a ¼ do salário-mínimo vigente, 
cabe ao técnico do seguro social que está analisando a situação verificar se 
há outros fatores que agravam a condição de pobreza e de miserabilidade.
Por sua vez, o benefício a pessoas com deficiência é concedido a quem 
apresentar, ao INSS, laudo realizado por equipe multiprofissional do Sistema 
única do Saúde (SUS) e/ou por equipe multiprofissional do INSS. Também apre-
sentar pareceres técnicos tanto da área médica quanto da área educacional 
ou terapêutica, quando não conseguir obter o laudo por uma das equipes 
indicadas. Quando se constata, pela avaliação do BPC, que a condição da 
pessoa com deficiência não a incapacita para exercer atividades laborais, ela 
poderá buscar por recolocação/colocação no mercado de trabalho e passará 
a ser segurada do INSS; enquanto estiver segurada, seu BPC será suspenso. 
Nesta seção, apresentamos, em linhas gerais, o papel do INSS, quando foi 
instituído, seus principais objetivos, valores e serviços ofertados, e sua respon-
sabilidade junto à população brasileira, que depende das ações do Instituto 
para acessar seus benefícios. A seguir, veremos a definição dos regimes previ-
denciários do Brasil, apresentando suas estruturas, organização e finalidades. 
Estrutura e organização dos regimes 
previdenciários
O Estado brasileiro, em sua previdência social, conforme estabelecido na 
Constituição Federal de 1988, tem organizado três regimes previdenciários 
(BRASIL, 1988): 
Sistema previdenciário no Brasil 9
1. o Regime Geral de Previdência Social (RGPS);
2. o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS);
3. o Regime de Previdência Complementar (RPC).
A seguir, apresentaremos as definições de cada um, por quem são geren-
ciados e a quem são destinados. 
Regime Geral de Previdência Social
Esse regime consiste em um contíguo de códigos e de preceitos normativos 
previdenciários de repartição singela, fixado conforme o que está estabelecido 
no art. 201 da Constituição Federal de 1988, que estabelece que a filiação é 
de caráter obrigatório, bem como as formas de custeio dessa política, entre 
outras sistematizações (BRASIL, 1988). Cabe ressaltar que esse regime é 
embasado na lógica dos princípios da solidariedade social e da solidariedade 
intergeracional. De acordo com Kertzman e Martinez (2018), isso significa que, 
para ser beneficiário, deve-se ter a filiação obrigatória, bem como contribuir 
mensalmente ao INSS. Desse modo, uma geração contribui e, assim, paga os 
benefícios previdenciários da geração anterior.
Outra característica relevante desse regime é o fato de que ele abarca 
uma generalidade de indivíduos; isto é, compreende tanto os trabalhadores 
de filiação obrigatória que não são abarcados por outro regime próprio 
quanto trabalhadores que, embora estejam em idade produtiva,não estão 
no mercado de trabalho, mas que são contribuintes da previdência social de 
maneira facultativa. Cabe ressaltar, por fim, que o RGPS é gerenciado pelo 
INSS e é composto por outras três instituições: a DATAPREV, a Secretaria da 
Receita Federal e, atualmente, o Ministério da Economia, que antes ficava a 
cargo do Ministério da Previdência Social. 
Regime Próprio de Previdência Social
O RPPS está previsto no art. 40 da Carta Magna (BRASIL, 1988). Também segue 
a lógica da repartição simples do RGPS, o que significa que os trabalhadores 
públicos ativos são obrigados a se filiarem ao referido regime. Segundo 
Kertzman e Martinez (2018), seu nome decorre do fato de que é peculiar a 
indivíduos especificamente identificados, ou seja, a funcionários públicos de 
municípios, estados, união e/ou de autarquias e fundações ligadas a alguma 
esfera governamental. 
Ainda de acordo com Kertzman e Martinez (2018), cada unidade da 
federação deve possuir seu próprio regime, com as respectivas contribui-
Sistema previdenciário no Brasil10
ções e benefícios próprios, continuamente geridos por leis notadamente 
lavradas para esse desígnio. Por fim, os mesmos autores alertam que, na 
eventualidade de determinado município e/ou estado não possuir seu 
próprio regime de previdência social, seus servidores públicos deverão 
participar do RGPS. 
De acordo com Kertzman e Martinez (2018), repartição simples sig-
nifica um rateio que as pessoas contribuintes da previdência social 
realizam quando se filiam e passam a contribuir obrigatoriamente para esse 
sistema. Essa espécie de rateio está relacionada com a solidariedade inter-
geracional. Por fim, a repartição simples é o componente de auxílio mútuo a 
todas as pessoas que precisam, em algum momento, de algum dos benefícios 
da previdência social. 
Regime de Previdência Complementar
O RPC se refere ao conjugado de preceitos previdenciários de característica 
privada, executados por entidades complementares à previdência social. No 
entanto, mesmo de ordem privada, o Estado tem o papel de fiscalizá-los e 
regulá-los. A Constituição Federal regulamenta a previdência complementar 
pelo art. 202, em que estabelece a sistemática de adesão por parte da popu-
lação, a forma de custeio e as possibilidades de benefícios aos participantes 
(BRASIL, 1988). Além disso, cabe destacar a Lei Complementar nº 109, de 29 
de maio de 2001, que reforça o caráter de complementaridade desse tipo de 
regime previdenciário e avaliza os preceitos constitucionais do art. 202 da 
Carta Magna (BRASIL, 2001). 
Esse regime de previdência complementar funciona e se organiza por 
meio de dois tipos de entidades, abertas ou fechadas. As entidades de 
caráter aberto são assim denominadas porque se colocam de maneira 
acessível a todos os cidadãos e se sistematizam nos motes de sociedade 
anônima, representada pelas instituições financeiras e regularizada/fiscali-
zada pelas entidades governamentais, como o Conselho Nacional de Seguros 
Privados (CNSP) e a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Já as 
entidades de caráter fechado consistem nos regimes de pensão que são 
sistematizados como fundações ou sociedade civil sem fins lucrativos. Em 
geral, esses fundos de pensão são formados para complementar pensões 
e aposentadorias de trabalhadores de empresas estatais, como do Banco 
do Brasil e da Petrobras. 
Sistema previdenciário no Brasil 11
Por fim, conforme Bona (2017) menciona, a ideia desse tipo de regime é 
adicionar uma renda aos trabalhadores que desejam ampliar seus ganhos, 
além do regime previdenciário oficial ao qual ele é obrigatoriamente vinculado. 
Em linhas de conclusão, ao analisarmos a evolução do processo histórico 
de previdência social, vemos que houve muito mais formas de exclusão social 
do que, propriamente, de inclusão e amparo. Todavia, mesmo diante de várias 
tentativas de oprimir os direitos dos trabalhadores e de seus dependentes, 
a luta da classe trabalhadora, por meio de movimentos sociais e sindicais, 
foi essencial para que pudéssemos uma previdência social sistematizada e 
garantida constitucionalmente. Assim, não se pode deixar de afirmar que 
a Constituição Federal de 1988, sistematizando a proteção social a todos 
cidadãos e organizando o campo de seguridade social, foi de muita relevância 
para toda a sociedade brasileira. Nunca devemos perder de vista que ela é 
resultado da mobilização histórica da classe trabalhadora para assegurar os 
direitos básicos em relação ao exercício laboral e as garantias previdenciárias.
De fato, trata-se de um campo de intensas disputas, que não se findam. 
Assim, cabe aos trabalhadores estarem atentos aos movimentos contrários 
aos direitos socialmente conquistados e aos assistentes sociais apoiar os 
trabalhadores de todas as formas possíveis.
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Sistema previdenciário no Brasil12
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Sistema previdenciário no Brasil14
DIREITOS HUMANOS 
E LEGISLAÇÃO SOCIAL
Flaviana Aparecida de Mello
Política de seguridade 
social brasileira 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar o regulamento da organização e do custeio da seguridade 
social. 
 � Relacionar a legislação social com os direitos humanos.
 � Reconhecer os avanços e os desafios na legitimação dos direitos sociais.
Introdução
O estudo da política de seguridade social brasileira é um importante 
conhecimento a ser proporcionado sobre o sistema de seguridade social 
brasileira que se configurou no Brasil após o período de redemocratização 
do Estado brasileiro e também sinalizou um importante passo para a 
mudança de concepção acerca dos direitos sociais e, por conseguinte, 
políticas sociais a fim de que fossem materializados e efetivamente al-
cançados pelos cidadãos brasileiros. Sobre esse aspecto é fundamental 
aludirmos à Constituição Federal que, em 1988, trouxe a concepção de 
seguridade social do Brasil e a maneira como deveria ser organizada para 
atender à população, composta por três políticas de Estado: assistência 
social, saúde e previdência social. 
Dessa maneira, neste capítulo, você terá a oportunidade de apren-
der como se organiza e se regulamenta o custeio da Seguridade Social 
brasileira, bem como sobre as principais legislações sociais e como se 
relacionam aos preceitos dos direitos humanos. 
Por fim, aprenderá a reconhecer o que se configura como avanços 
em termos de legitimação dos direitos sociais e os principais desafios 
nesse processo. 
Por avaliarmos que este tema está diametralmente ligado ao coti-
diano de trabalho dos/as assistente sociais, uma vez que ampla parte 
dos profissionais de serviço social atua no campo da seguridade social, 
é fundamental compreender como a política de seguridade social se 
organiza, suas formas de custeio e o que ela oferta para a população, além 
de conhecer as principais legislações sociais das quais esses profissionais 
devem se apropriar para, em seu cotidiano de atendimento, consigam 
viabilizar esses direitos de fato aos usuários. 
1 Regulamento da organização e 
do custeio da seguridade social
A partir do século XX, o Brasil iniciou empreendimentos relacionados a 
algum tipo de proteção, embora com enfoque na população que tinha vín-
culo empregatício: as demais pessoas que não se enquadravam no campo de 
trabalhadores ficavam à mercê de ações de caridade por parte da igreja e/ou 
de atendimentos no âmbito das Santas Casas de Misericórdia. Ao fazermos 
um breve resgate histórico sobre a seguridade social no Brasil, observamos 
que se trata de um sistema muito recente na história da proteção social do 
país, visto que se consolidou no Estado brasileiro apenas em 1988, quando da 
promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil. 
Muito importante sempre ressaltarmos que o sistema de seguridade social 
no Brasil se constituiu tão somente pela Constituição Federal e a partir de 
muita pressão e luta por parte de trabalhadores, profissionais dessas áreas e 
da sociedade, que conclamava um sistema que abarcasse atendimentos a toda 
população, independentemente da contribuição, como se dava anteriormente. 
No Brasil, antes da promulgação da Carta Maior, tínhamos o Sistema Nacional 
de Previdência e Assistência Social (Sinpas), implantado por meio da Lei 
n.º 6.439 de 1977 no governo militar, com o objetivo de unificar alguns órgãos 
governamentais que prestavam atendimentos aos segurados da previdência 
social e às pessoas em situação de vulnerabilidade social (Figura 1). 
Política de seguridade social brasileira2
Figura 1. União de seis órgãos estatais que formaram o Sinpas em 1977.
A seguridade social brasileira passou a ser instituída e institucionalizada de 
fato na Carta Magna, a partir dos artigos 194 a 204. Esse sistema é composto por 
três políticas sociais — assistência social, saúde e previdência social — e, como 
política estatal, deve ter explícitas e organizadas suas formas de custeio, para 
a manutenção desse tripé. Nesse sentido, o artigo 195 da Constituição Federal 
regulamentou suas fontes de custeio e, pela Lei n.º 8.212/1991 (Lei Orgânica 
da Previdência Social), ratificou-se o que a CF/1988 havia regulamentado, 
apresentando de que modo devem se dar a organização e o custeio do tripé da 
seguridade social brasileira. Assim, estão expostas as fontes de financiamento 
do orçamento da seguridade social no Brasil, além dos tributos conexos. 
3Política de seguridade social brasileira
Como fonte de financiamento, temos empregadores que contribuem por 
meio de pagamento de tributos aos Estados, à União, aos Municípios e ao 
Distrito Federal, como o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição 
para Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Já os trabalhadores e os 
demais segurados da previdência social, como pensionistas, aposentados e 
contribuintes autônomos, efetuam o pagamento do imposto de INSS (Instituto 
Nacional do Seguro Social), descontado em folha de pagamento. A CF/1988, 
no inciso III do artigo 195, também explicita a fonte de receita oriunda de 
concursos públicos, como as loterias, para as quais, segundo Botelho e Costa 
(2020), não há destinações especificadas.
De modo geral, o custeio da seguridade social tem por finalidade ofertar 
condições de manter o sistema de seguridade social ativo, ou seja, oportu-
nizar atendimento a respeito da proteção social a quem dela precisa. Assim, 
é importantecompreender que essa quantia divide-se entre toda a socie-
dade, que, de certo modo, contribuirá pelo pagamento de impostos, os quais, 
por conseguinte, geram recursos financeiros para contribuir com a arreca-
dação dos estados, municípios e da própria União destinando recursos para 
a manutenção das políticas de seguridade social. Contudo, Botelho e Costa 
(2020) ressaltam que, nos últimos anos no Brasil, temos tido alterações nessas 
formas de custeio: eles alegam que a Desvinculação de Receitas da União 
(DRU), vigente desde 1994, a partir da Emenda Constitucional de n.º 93/16, 
retirou do Orçamento da Seguridade Social 30% dos valores arrecadados 
pelas contribuições sociais COFINS, Cota-Parte da Contribuição Sindical, 
Contribuição sobre os Concursos de Prognósticos, PIS/PASEP, etc. 
Você sabe o que significa custeio relacionado à seguridade social? 
De acordo com Brito Filho e Viana (2019), o custeio relacionado ao campo da seguridade 
social está ligado aos meios econômicos, especialmente financeiros, destinados a 
atender e manter a seguridade social. Assim, tem por finalidade ofertar condições de 
atendimento no âmbito das políticas que compõem a seguridade social. 
Política de seguridade social brasileira4
Vale ressaltar que, além do previsto na Constituição Federal por meio do 
artigo 195, que trata da sistematização do custeio da seguridade social, no ano 
de 1991 foi sancionado o Decreto n.º 356, que tinha por finalidade regularizar 
e organizar esse custeio, validando o preceituado pela Constituição Federal. 
Ainda, no mesmo ano, foi sancionada a Lei n.º 8.212, de 1991, que dispõe sobre 
a organização da seguridade social, instituindo, assim, o plano de custeio. 
Assim, apresentamos como essa lei regula o financiamento para o custeio 
da seguridade social (BRASIL, 1991, documento on-line):
Art. 10. A Seguridade Social será financiada por toda sociedade, de forma 
direta e indireta, nos termos do art. 195 da Constituição Federal e desta Lei, 
mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
dos Municípios e de contribuições sociais. 
Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é composto 
das seguintes receitas: I — receitas da União; II — receitas das contribuições 
sociais; III — receitas de outras fontes. 
Até agora, entendemos brevemente o que antecedeu o sistema de segu-
ridade social e a partir de que mecanismo jurídico foi instituído no Brasil. 
A lógica que imperava até o período anterior à Constituição era de prestar 
atendimentos de ordem previdenciária aos trabalhadores contribuintes, ficando 
o restante da população que necessitava de qualquer tipo de atendimento à 
mercê de ações pontuais e/ou fragmentadas ofertadas, por exemplo, no âm-
bito da Legião Brasileira da Assistência (LBA). Isso porque, historicamente, 
não era considerada uma política pública de Estado e não havia um caráter 
de acompanhamento sistemático e contínuo das demandas sociais e econô-
micas da população mais vulnerável. E essa ausência de reconhecimento da 
assistência social como política anteriormente à promulgação da CF/1988 fez 
com que fosse usada como instrumento para atender a interesses escusos e 
particulares, sobretudo de cunho eleitoreiro, reforçando ainda mais a lógica 
do assistencialismo e da ajuda. 
A Constituição Federal em 1988 representou, nesse sentido, um impor-
tante marco para a assistência social, pois buscou-se contrapor essa ordem 
historicamente instituída no país e lhe dar um status de política pública social, 
podendo-se, assim, desenvolver ações de caráter continuado, cenário em 
que o Estado tem a obrigação de destinar recursos para a sua manutenção. 
Assim, a assistência social, quando inserida no campo da seguridade social, 
passou a ser considerada uma política de seguridade social tal qual a saúde e 
5Política de seguridade social brasileira
a previdência social, recebendo o orçamento da seguridade social, sobretudo 
com a promulgação da Lei n.º 8.212 — Lei Orgânica da Assistência Social 
(LOAS) — em 1993, com a criação do Fundo Nacional de Assistência So-
cial (FNAS), foi um grande acontecimento para romper com a ausência de 
recursos sistematizados anualmente para a manutenção dessa política e, com 
isso, desenvolver suas ações de atenção à população. No entanto, sabemos 
que existe até hoje um interesse em não investir em ações de políticas sociais, 
por serem consideradas gastos que não apresentam retornos “imediatos”, 
aspecto no qual a lógica neoliberalista se assenta cada vez mais. Por isso, 
é fundamental compreender a assistência social como política, para que, a cada 
votação de orçamento para o ano vindouro, seja possível fazer pressão nos 
conselhos, fóruns, entre outros espaços de controle social, a fim de garantir 
minimamente o que já temos ratificado por meio das legislações. 
Por fim, em relação à saúde, a ideia seria ter uma saúde privatizada, 
ou seja, para se ter acesso a qualquer tipo de atendimento, a pessoa deveria ter 
um plano de saúde. Desde a promulgação da CF/1988, assim como ratificado 
pela Lei n.º 8.142/1990, regulamentaram-se as fontes de custeio para a saúde, 
além da implementação, pela referida lei, do Fundo Nacional da Saúde (FNS). 
Os recursos para a manutenção da saúde advêm da arrecadação do Orçamento 
da Seguridade Social (OSS) e de impostos sobre produtos industrializados 
e impostos de rendas, sendo destinados a investir em ações de saúde, cober-
tura assistencial e hospitalar, entre outras ações em saúde pública. Contudo, 
sabemos que a lógica privatista de saúde ainda persiste no país, bem como a 
descontinuidade de atendimentos para prover a assistência social de maneira 
integral, o que torna primordial o empenho dos profissionais da seguridade 
social para validar esse sistema, atuando de maneira crítica e opositora à lógica 
do sistema capitalista e, por fim, reconhecendo que, mesmo com os desafios 
latentes, temos esse sistema e precisamos fazê-lo com que permaneça e resista. 
2 Legislação social e os direitos humanos
Quando aludimos às legislações sociais e as articulamos aos direitos huma-
nos, precisamos compreender inicialmente o que são os direitos humanos, 
para que, assim, possamos entender o motivo pelo qual temos legislações de 
cunho social. Assim, direitos humanos são todo tipo de direito inerente ao 
ser humano para que a pessoa possa ter dignidade em sua vida e ter acesso 
a bens e serviços capazes de lhe auxiliar na manutenção de sua existência e 
de seus dependentes. 
Política de seguridade social brasileira6
Ainda em relação à concepção de direitos humanos, podemos compreender 
que se trata de sinônimos de garantia de direitos fundamentais e que se destinam 
a proteger pessoas e grupos, especialmente aqueles socialmente discriminados, 
como LGBTQIA+, mulheres, negros, povos indígenas, ciganos, crianças, 
adolescentes, idosos, refugiados, entre outros. Outro fator que atribuímos aos 
direitos humanos refere-se ao fato de serem direitos que, ao longo da história 
da humanidade, foram conquistados com base em muita luta e resistência a fim 
de que hoje haja declarações, tratados (em nível internacional) e legislações 
sociais capazes de ratificar e avalizar esses direitos como fundamentais para 
a vida humana. 
Por fim, para corroborar com nossa discussão, nas palavras do jurista 
Ricardo Castilho:
[...] direitos humanos trazem, no seu bojo, a ideia de reconhecimento e de 
proteção, que direitos fundamentais não contêm, uma vez que são apenas as 
inscrições legais dos direitos inerentes à pessoa humana. Os direitos humanos 
não foram dados, ou revelados, mas conquistados, e muitas vezes à custa de 
sacrifícios de vidas (CASTILHO, 2018, p. 43).
Nesse compasso, seguindo a lógica de Castilho (2018), os direitos humanos 
representam uma conquista do povo, motivo pelo qual o marco crucial das 
legislações sociais no Brasil é datado do ano de 1988, quando da promul-
gação da Constituição da República Federativa, como resultado de lutas 
e resistênciasda população brasileira para ter legislações e, por sua vez, 
políticas sociais que pudessem ofertar atendimento a quem dele necessitasse, 
de modo integral e universal. 
Vale ressaltar que a promulgação dessa nova Constituição foi pautada nos 
preceitos de direitos humanos, visto que o Brasil viveu um longo período de 
regime ditatorial militar em que os direitos humanos foram aniquilados em 
sua totalidade. A exemplo, podemos citar alguns direitos extirpados do povo 
brasileiro a partir da promulgação da Constituição Federal de 1967, quando 
os militares alteraram alguns preceitos que a Constituição Federal de 1946 
demarcava, como: na CF/1946 menciona-se a não tolerância a processos vio-
lentos contra a população, já a CF/1967 passa a coibir ações de subversão a 
ordem imposta, sem fazer nenhum tipo de menção ao não uso de atos violentos 
para proibir o emprego de ações de violência contra aqueles que subverterem 
a ordem. Outro ponto que podemos mencionar de desrespeito à liberdade e 
aos direitos humanos reside no estabelecimento do foro militar para julgar e 
condenar situações que envolvem civis. Contudo, como Herkenhoff (2002) 
7Política de seguridade social brasileira
ratificou, a CF/1967 em nada se alinhou à doutrina dos direitos humanos; 
na verdade: “[...] restringiu a liberdade de opinião e expressão; deixou o direito 
de reunião a descoberto de garantias plenas; [...] fez recuos no campo dos 
direitos sociais; manteve as punições, exclusões e marginalizações políticas 
[...]” (HERKENHOFF, 2002, p. 81). 
Diante de várias formas de recessão, violência, não reconhecimento dos 
direitos humanos e enaltecimento de práticas de torturas e mortes, o país, por 
meio de movimentos sociais populares organizados com outros segmentos 
da sociedade brasileira, lutou arduamente para se contrapor a esse regime 
autocrático e de desrespeito aos direitos humanos e sociais, buscando pôr 
fim à ditadura militar e a possibilidade de uma nova Constituição, capaz 
de se pautar nos princípios dos direitos humanos, reconhecendo os direitos 
sociais como essenciais à dignidade da vida humana e tendo o Estado como o 
principal responsável por sua garantia. Assim, esse movimento se fortaleceu 
e conseguiu enfraquecer o governo militar, que se findou oficialmente em 
1985, com a posterior promulgação, no ano de 1988, da Constituição Federal, 
colocando-se na contramão de tudo o que estava preconizado na Constitui-
ção de 1967. Passados 2 anos, o Brasil adentrou a década de 1990 buscando 
ratificar e materializar por leis o que a Constituição Federal elenca como 
direitos sociais. Cabe ressaltar que, mesmo que naquele período o Brasil tenha 
se voltado à abertura do comércio exterior e ao fortalecimento do sistema 
capitalista, o país conseguiu impulsionar e sancionar diversas legislações de 
ordem social (Figura 2). 
Assim, como exemplos podemos citar o Estatuto da Criança e Adolescente 
(ECA) — Lei n.º 8.069/1990 —, que se destina a regulamentar o artigo 227 
da Constituição Federal trazendo dignidade a toda criança e adolescente 
e condições de serem reconhecidos como sujeitos de direitos e deveres; 
a LOAS, em 1993, que regulamentou os artigos 203 e 204 da Constituição, 
configurando-se como uma importante legislação social, visto que ratifica a 
assistência social como política pública social de dever do Estado e direito de 
quem dela necessitar; e, ainda nos primeiros anos da década de 1990, a Lei 
Orgânica da Saúde, que visa a regularizar o artigo 196 da CF/1988, em que 
se afirma que a saúde deve ser um direito do cidadão sem contribuições e um 
dever do Estado prover esse direito. 
Política de seguridade social brasileira8
Figura 2. Importante documentos e le-
gislação maior do Estado brasileiro que 
assegurou as legislações sociais a partir 
dos anos de 1990.
No ano de 1993, houve a Conferência Mundial dos Direitos Humanos em 
Viena, em que o Brasil passou a ser signatário de seu documento-base — 
a Declaração de Viena, um importante documento que reforçou o posiciona-
mento do país, assumido a partir da CF/1988, de desenvolver legislações que 
validassem os direitos humanos, principalmente dos grupos sociais e políticos 
historicamente alijados de ter acesso a direitos. 
9Política de seguridade social brasileira
Você conhece a Declaração de Viena de 1993? 
Para saber mais sobre o que ela explicita sobre direitos humanos, e as orientações 
que contém para validá-los, acesse o site da DHnet e obtenha informações sobre esse 
importante documento em nível mundial na história dos direitos humanos. 
Ainda na década de 1990, no ano de 1996, tivemos a promulgação de outra 
legislação social que valida e assegura o direito social à educação: a Lei de 
Diretrizes e Base da Educação (LDB), que visa a garantir o acesso de todos 
os cidadãos brasileiros à educação, além de regulamentar todos os níveis 
educacionais, desde a educação infantil até o ensino superior. 
Já em relação às legislações sociais sancionadas a partir dos anos 2000, 
podemos mencionar inicialmente o Estatuto da Cidade — Lei n.º 10.257 de 
2001 —, que tem por finalidade delinear as diretrizes a respeito da política 
urbana, direito a habitação e regularização fundiária, além de trazer a função 
social da moradia e da participação da população nos espaços de controle 
social. Ainda no ano de 2001, tivemos um importante avanço em termos de 
direitos e garantias sociais e de dignidade humana com a Reforma Psiquiátrica, 
a partir da Lei n.º 10.216, que se refere à proteção aos direitos de pessoas com 
transtornos mentais e/ou dependentes químicos que necessitam de tratamento 
e acompanhamento humanizado e de respeito à sua condição. 
Outra legislação social que apresenta em seu bojo a noção dos direitos 
humanos é o Estatuto do Idoso, Lei n.º 10.741 de 2003, a qual garante o direito 
a toda pessoa idosa de usufruir de todos os direitos essenciais à vida, tendo o 
Estado a responsabilidade de ofertar tal proteção integral. 
Em 2006, o Estado brasileiro sancionou a Lei nº 11.340, que ficou conhecida 
como Lei Maria da Penha, que assegura o direito humano à vida da mulher, 
livre de qualquer opressão e violação com base em sua condição de gênero. 
Ainda no mesmo ano, promulgou-se outra legislação social, a Lei Orgânica 
da Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), que avaliza o direito à ali-
mentação saudável e de qualidade como um direito social previsto na CF/1988 
e considerado um direito humano. A respeito da questão racial, no ano de 
2010 sancionou-se a Lei n.º 12.288, que se refere ao Estatuto da Igualdade 
Racial, com o escopo de materializar a igualdade de oportunidades, a defesa 
dos direitos étnicos e o combate às ações de discriminação e aos múltiplos 
Política de seguridade social brasileira10
e distintos tipos de intolerância étnica a diversos grupos, como indígenas, 
ciganos, negros, e de violência por razão de raça e pertencimento étnico.
 Ainda no compasso das legislações sociais voltadas a ofertar direitos 
humanos a grupos socialmente discriminados, temos a Lei n.º 12.435 de 2011 
que dispõe a respeito da materialização do Sistema Único de Assistência 
Social (SUAS), que assenta a assistência social como um sistema integrado e 
de atendimento articulado e universal dividido em níveis de proteção social: 
 � básica — para preservação de vínculos e cuidados com pessoas e fa-
mílias em situação de vulnerabilidade social; 
 � especial de média complexidade — que atende indivíduos ou famílias 
cujos vínculos familiares e/ou comunitários estejam fragilizados em 
decorrência da violação de direitos; 
 � especial de alta complexidade — proteção integral a indivíduos ou 
famílias em situação de risco pessoal e social, com vínculos familiares 
rompidos. 
Ainda, fazemos referência à Lei n.º 13.146 de 2015, que trata do Estatuto 
da Pessoa com deficiência, que tem por basilar desígnio afiançar aos cidadãos 
brasileiros com deficiência condições de igualdade e a oportunidade de usufruir 
dos direitos e das liberdadesfundamentais como qualquer outro cidadão. 
Você sabia que mesmo não tendo sido sancionada na era dos direitos sociais e 
humanos no Brasil, podemos considerar a CLT uma legislação social? 
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) foi sancionada pelo Presidente Vargas e 
visa a regularizar e regulamentar os direitos sociais de todos os trabalhadores que 
viviam em regime de jornadas extensas de trabalho, sem descanso remunerado, 
sem direito a férias, licença-maternidade, entre vários outros direitos trabalhistas de 
que dispomos hoje. 
E você sabia que a Constituição Federal de 1988 consolidou e tornou um direito 
constitucional os direitos trabalhistas? Para saber mais sobre o que ela explicita, leia o 
artigo “Os direitos sociais do trabalhador e a importância da preservação da saúde e bem 
estar do empregado no que se refere à jornada de trabalho”, de Dafne da Silva Duarte. 
Recomendamos também a leitura do texto “Constituição de 1988 consolidou direitos 
dos trabalhadores” no site do Tribunal Superior do Trabalho.
11Política de seguridade social brasileira
Diante desse contexto, o que almejamos com esse tema foi apresentar as 
principais legislações sociais que consideramos pertinentes a todos os estu-
dantes e profissionais de serviço social terem acesso e conhecimento, uma vez 
que o serviço social, como projeto profissional, tem um compromisso com a 
classe trabalhadora e os grupos socialmente discriminados.
Por essa razão, é basilar que todos os profissionais busquem conhecer a 
respeito daquilo que os tratados e legislações sociais no Brasil consideram 
como direito e de que maneira se pode orientar e informar aos usuários das 
políticas sociais a respeito desses direitos sociais que também são direitos 
humanos, por seu histórico de lutas e conquistas. Por fim, é sempre bom 
ressaltarmos que um dos princípios fundamentais dos/as assistentes sociais 
em sua prática profissional consiste em democratizar, a partir da criação de 
mecanismos e estratégias diversos, o acesso da população ao conhecimento 
sobre os seus direitos, mormente os mais criminalizados, vulnerabilizados, 
discriminados e excluídos socialmente. 
3 Avanços e desafios na legitimação 
dos direitos sociais
Até o momento, conseguimos entender a importância da Constituição Federal 
de 1988 no que diz respeito à segurança e à legitimação dos direitos sociais 
para todos os cidadãos brasileiros. E é sempre importante fazer uma breve 
análise compreendendo que, mesmo diante das extirpações de direitos sociais 
no período anterior à sua promulgação, podemos destacar a resistência e a 
bravura da população em lutar arduamente para que a sociedade brasileira 
pudesse voltar a ser um Estado democrático, respeitar os direitos humanos e 
prover os direitos sociais de modo universal e integral. 
A Constituição Federal foi a materialização de toda essa luta para que 
alcançássemos o patamar de Estado democrático de direito e, com isso, ratificar 
a participação popular nas tomadas de decisões governamentais e garantias 
de direitos inerentes à vida. Trata-se de importantes avanços que a sociedade 
brasileira pode alcançar em termos de direitos sociais, uma vez que a lógica de 
Política de seguridade social brasileira12
direitos tal como conhecida hoje a partir da Constituição Federal de 1988 não 
existia anteriormente, e sim atendimentos que se baseavam na lógica cristã da 
caridade. Depois, quando o Estado passou a assumir o atendimento à população, 
houve uma linha de atenção voltada a ações de caráter não continuado, isto 
é, atendimentos de caráter focalista e descontinuado, o que contribuiu muito 
para acirrar o aumento da desigualdade social, intensificando a questão social 
no Brasil. Nesse compasso, de acordo com Costa (2013), alguns desafios que 
ainda persistem no Estado brasileiro e que dificultam o atendimento aos direitos 
sociais de maneira igualitária, universal e integral consiste em:
O enorme abismo a separar texto da realidade social e a persistência do Estado 
em tornar letras mortas tais dispositivos promissores, contudo, revelam a 
inocuidade de uma mera declaração de direitos, por mais extensa e explícita 
que seja, quando inexistem meios políticos, culturais e operacionais para 
materializá-la. Daí a relevância de compreender a grande diferença entre 
o que realmente está para a sociedade no plano fático daquilo destituído de 
efetivação, de inteiro corpo, mas sem alma, despontando a necessidade de 
abordar a discussão da concretização dos direitos sociais sob a perspectiva da 
óptica cidadã, ainda tão distante da maioria dos brasileiros (COSTA, 2013, p. 3). 
Dessa maneira, embora possamos afirmar que o Brasil avançou conside-
ravelmente em termos de direitos sociais a partir da CF/1988, mesmo sendo 
tidos como direitos de fato, e não apenas como algo compensatório, benesses, 
etc., o país considera ser proeminente validar a política econômica pautada 
no neoliberalismo, o que reforça a lógica dos atendimentos focalizados, 
e não observando-os como direitos sociais sob a óptica do direito constituído 
de forma integral a toda população e com o compromisso de promover a 
emancipação e a autonomia. 
Assim, podemos observar o quanto a ausência do Estado assumindo o seu 
papel de provedor integral dos direitos sociais acirra o aumento da questão 
social. Sobre esse assunto, Iamamoto (2012, p. 168) pontua que a “questão 
social [...] é a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre 
o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, 
mais além da caridade e da repressão”. 
13Política de seguridade social brasileira
Nesse sentido, concordamos com a autora quando ela menciona que, para 
o enfrentamento da questão social que se manifesta na vida social, fazem-se 
necessárias ações mais efetivas, motivo pelo qual ratificamos que, mesmo 
o Estado tendo promulgado a Constituição Federal de 1988 e as leis sociais 
posteriores a ela, tem sido um desafio materializar os direitos sociais, pelo fato 
de o Estado ter assumido a lógica do neoliberalismo, seguindo os ditames da 
dominação imperialista, sobretudo a norte-americana. Em suma, essa situação 
corrobora para aumentar ainda mais as diferenças sociais existentes no país. 
Conforme Iamamoto (2012, p. 132): 
Ela aprofunda as disparidades econômicas, sociais e regionais na medida em 
que favorece a concentração social, regional e racial, de renda, prestígio e 
poder. Engendra uma forma típica de dominação política, de cunho contrarre-
volucionário, em que o Estado assume um papel decisivo não só na unificação 
dos interesses das frações e classes burguesas, como na imposição e irradiação 
de seus interesses, valores e ideologias para o conjunto da sociedade.
Você sabe o que é o Estado mínimo? 
De acordo com a teoria liberalista sob a ótica da economia, o Estado deve funcionar 
em tamanho reduzido e deixar o mercado se autorregular, ou seja, não deve haver a 
interferência do Estado na economia e nas negociações de compra e venda. Ademais, 
no tocante à questão social, o Estado precisa se responsabilizar quanto a ações básicas 
relacionadas a saúde, educação e segurança. 
Para saber mais a esse respeito, acesse o site Dicionário Financeiro, que aprofunda 
um pouco mais sobre essas questões. 
As disparidades sociais acirram ainda mais a condição de vida das pes-
soas, uma vez que elas não conseguem alcançar patamares dignos de vida, 
faltando-lhes itens básicos à sobrevivência, como saúde, alimentação, moradia 
e educação. Assim, uma parcela pequena da sociedade detém de grande parte 
dos lucros gerados pela produção e reprodução e as demais pessoas passam 
a viver com condições mínimas ou até mesmo abaixo da linha da pobreza, 
em condições subumanas. Segundo Iamamoto (2012), essa situação promove 
cada vez mais o crescimento da pobreza relativa, concentra e centraliza os 
dividendos e extirpa as pessoas mais vulneráveis e excluídas da sociedade 
em poder acessar o que lhes é garantido por lei. 
Políticade seguridade social brasileira14
Assim, consideramos que, embora tenhamos de fato importantes legislações 
sociais que afiançam e asseguram os direitos sociais elencados a partir da 
CF/1988, compreendendo um importante salto para o país, como uma Consti-
tuição Cidadã, não se trata apenas se fazer leis e decretos, e sim materializá-los 
pela implementação e implantação de políticas sociais que assegurem esses 
direitos para quem deles necessitar, efetivando-os na perspectiva da totalidade 
dos sujeitos sociais, ou seja, a organização e o custeio das políticas públicas 
são a espinha dorsal da materialização do dispositivo legal. 
E, por fim, mesmo que o acesso aos direitos sociais se configure como 
uma ação complexa, visto se tratar de direitos, não deveria dispor de tantos 
obstáculos. Assim, torna-se fundamental que o profissional de serviço social 
compreenda todo o mecanismo político e econômico que engendra a sociedade 
brasileira para que consiga se posicionar radicalmente contra esses ditames e se 
colocar a favor da viabilização e da luta pela garantia dos direitos socialmente 
conquistados para todos os cidadãos brasileiros. 
BOTELHO, L. H. F.; COSTA, T. M. T. Análise financeira da seguridade e previdência social 
no Brasil em tempos de reformas fiscais. Revista Catarinense da Ciência Contábil, Flo-
rianópolis, v. 19, p. 1–18, 2020. Disponível em: http://revista.crcsc.org.br/index.php/
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BRASIL. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguridade 
Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Brasília: Presidência da 
República, 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.
htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRITO FILHO, I.; VIANA, J. M. Custeio da Previdência Social. Âmbito Jurídico, São Paulo, 
23 jul. 2019. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-previden-
ciario/custeio-da-previdencia-social/. Acesso em: 21 out. 2020.
CASTILHO, R. Direitos humanos. 5. ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2018. 472 p.
COSTA, L. S. Uma análise dos direitos sociais nos 25 anos da Constituição Federal de 1988: 
desafios, limites e possibilidades. Jus, Teresina, 10 jun. 2014. Disponível em: https://jus.
com.br/artigos/29351/uma-analise-dos-direitos-sociais-nos-25-anos-da-constituicao-
-federal-de-1988-desafios-limites-e-possibilidades. Acesso em: 21 out. 2020.
HERKENHOFF, J. B. Gênese dos direitos humanos. Aparecida: Santuário, 2002. 243 p.
IMAMAMOTO, M. V. Serviço social em tempo de capital fetiche. 7. ed. São Paulo: Cortez, 
2012. 496 p.
15Política de seguridade social brasileira
Leituras recomendadas 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: 
Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
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e do Custeio da Seguridade Social. Brasília: Presidência da República, 1991. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0356impressao.htm. 
Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 6.439, de 1º de setembro de 1977. Institui o sistema Nacional de Previdên-
cia e Assistência Social e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 
1977. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6439.htm. Acesso 
em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Ado-
lescente e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1990. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comuni-
dade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover-
namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Brasília: 
Presidência da República, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8142.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência 
Social e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1993. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da edu-
cação nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das 
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em 
saúde mental. Brasília: Presidência da República, 2001. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constitui-
ção Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. 
Brasília: Presidência da República, 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá 
outras providências. Brasília: Presidência da República, 2003. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
Política de seguridade social brasileira16
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência 
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição 
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a 
Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica 
e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei 
de Execução Penal; e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2006. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.
htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança 
Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimen-
tação adequada e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2006. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.
htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera 
as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de 
julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003. Brasília: Presidência da República, 
2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/
l12288.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011. Altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, 
que dispõe sobre a organização da Assistência Social. Brasília: Presidência da República, 
2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/
l12435.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa 
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília: Presidência da República, 
2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/
l13146.htm. Acesso em: 21 out. 2020.
CONCEITO de Estado Mínimo. Dicionário Financeiro, Matosinhos, 2020. Disponível 
em: https://www.dicionariofinanceiro.com/estado-minimo/. Acesso em: 21 out. 2020.
CONSTITUIÇÃO de 1988 consolidou direitos dos trabalhadores. Tribunal Superior do 
Trabalho, Brasília, 5 out. 2018. Disponível em: https://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_
publisher/89Dk/content/constituicao-de-1988-consolidou-direitos-dos-trabalhadores.Acesso em: 21 out. 2020.
DECLARAÇÃO e Programa de Viena. DHnet – Direitos Humanos na Internet, Natal, [201-
?]. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/viena/declaracao_viena.
htm. Acesso em: 21 out. 2020.
DUARTE, D. S. Os direitos sociais do trabalhador e a importância da preservação da 
saúde e bem estar do empregado no que se refere à jornada de trabalho. Jus, Teresina, 
7 nov, 2017. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/61765/os-direitos-sociais-do-
-trabalhador-e-a-importancia-da-preservacao-da-saude-e-bem-estar-do-empregado-
-no-que-se-refere-a-jornada-de-trabalho. Acesso em: 21 out. 2020.
17Política de seguridade social brasileira
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
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local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Convenção sobre a eliminação de todas as formas 
de discriminação contra a mulher. New York: United Nations General Assembly, 1979. 
11 p. Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/03/
convencao_cedaw1.pdf. Acesso em: 21 out. 2020.
SANTOS, M. A. Lutas sociais pela saúde pública no Brasil frente aos desafios con-
temporâneos. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 16, n. 2, p. 233–240, jul./dez. 2013. 
Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=1414-
-498020130002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 21 out. 2020.
SOUZA, I. B. M. A conquista de direitos sociais no Brasil no século XXI. Conteúdo Jurídico, 
Brasília, 16 nov. 2016. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/
Artigos/47798/a-conquista-de-direitos-sociais-no-brasil-no-seculo-xxi. Acesso em: 
21 out. 2020.
Política de seguridade social brasileira18
O SISTEMA 
PREVIDENCIÁRIO E 
O TRABALHO DO 
ASSISTENTE 
SOCIAL 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Explicar a estruturação dos benefícios previdenciários.
 > Descrever um panorama dos benefícios sociais da previdência social.
 > Categorizar a estrutura de acesso aos benefícios sociais dos diferentes 
regimes previdenciários.
Introdução
Neste capítulo, você conhecerá a estruturação dos benefícios da previdência social 
brasileira. Para tanto, faz-se necessário compreender as mudanças em curso na 
sociedade brasileira, como a maior longevidade da população e a diminuição do 
número de filhos, cenário que impactou a previdência social. Nesse sentido, o 
panorama dos benefícios sociais e os seus diferentes modelos devem ser ob-
servados a partir desse prisma, levando em consideração as transformações no 
mundo do trabalho.
Além disso, você conhecerá os diferentes regimes previdenciários, com desta-
que para o Regime Geral da Previdência Social e o Regime Próprio da Previdência 
Social. O primeiro contempla a maioria dos trabalhadores formais e/ou facultativos, 
ao passo que o último é específico ao funcionalismo público. Ambos os regimes 
Os benefícios 
da previdência 
social brasileira
Elisangela Pereira de Queiros Mazuelos
têm em comum mudanças nas contratações, como as terceirizações e os contratos 
intermitentes de trabalho, o que, no caso do funcionalismo público, acarreta uma 
significativa diminuição de servidores. Por fim, você verá como o desemprego 
interfere drasticamente na previdência social e ocasiona, por exemplo, a pobreza. 
Reflexões iniciais acerca da previdência 
social brasileira
A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 1º, parágrafo único, afirma 
que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente [...]” (BRASIL, 1988, documento on-line).
O sistema de seguridade social apontado na citação contempla o desejo 
do povo brasileiro, uma vez que a Constituição é a representação direta do 
desejo popular. A previdência social, da forma como está inserida hoje na so-
ciedade brasileira, é fruto do desejo popular expresso na carta constitucional. 
Assim, para uma primeira aproximação conceitual acerca da estruturação dos 
benefícios sociais, é imperativo revisitar a Constituição Federal de 1988, que 
evidencia a previdência social como parte da seguridade social, alicerçada 
em um tripé: 1. previdência social; 2. assistência social; e 3. saúde. Conforme 
o art. 194 da Constituição de 1988, “[...] a seguridade social compreende um 
conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da socie-
dade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social [...]” (BRASIL, 1988, documento on-line).
A previdência social evidenciada na carta da constituição faz parte da pro-
teção social e está diretamente associada à proteção do trabalho. De acordo 
com Kertzman e Martinez (2014, p. 11), “Os princípios de Seguridade Social estão 
em áreas como a dignidade da pessoa humana, direito adquirido e assim, a 
Seguridade Social é orientada pelo princípio geral da solidariedade social [...]”. 
Contudo, o sistema previdenciário brasileiro vem sofrendo mudanças ao longo 
do seu trajeto histórico, por meio de interferências denominadas reforma 
da previdência. Essas interferências impactam diretamente os benefícios 
ofertados pela previdência e, por consequência, a vida do trabalhador. Os 
trabalhadores procuram resistir a essas mudanças previdenciárias e expres-
sam o seu descontentamento por meio da mediação de suas representações 
sindicais e/ou movimentos sociais, como tentativa de impedir ou retardar 
as mudanças nesse sistema. Esse conjunto de movimentos no âmbito da 
sociedade é chamado de contrarreforma previdenciária.
Os benefícios da previdência social brasileira2
Essas análises são imprescindíveis para que possamos avançar no enten-
dimento das diversas manifestações em curso na sociedade. Os grupos que 
defendem mudanças na previdência e a flexibilização do trabalho apresentam 
as suas ideias marcadamente liberais. Em contrapartida, a classe trabalha-
dora tenta resistir às mudanças na esfera trabalhista e previdenciária. Essas 
contradições são denominadas Questão Social. O entendimento da Questão 
Social perpassa as ciências sociais aplicadas e, sobretudo, o serviço social. 
Segundo Iamamoto e Carvalho (1983, p. 77):
A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desen-
volvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, 
exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. 
É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado 
e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da 
caridade e repressão.
Portanto, são constantes as contradições existentes na sociedade, repre-
sentadas pelo empresariado (capital) dominante, e a resistência da classe 
trabalhadora, que luta para não perder direitos historicamente conquistados. 
Entretanto, a radicalização liberal em curso vem desmontando os direitos 
sociais no Brasil, e a previdência social é parte desse incurso.
 A Questão Social está presente na sociedade brasileira desde o processo 
de amadurecimento do capitalismo no País, quando os movimentos sociais 
da classe trabalhadora conquistaram importância para pressionar a classe 
hegemônica (donos do capital), que, a título de ilustração, abrange as grandes 
corporações que detêm poder econômico.
 Desse modo, a sociedade se movimentou para a conquista de direitos 
sociais, como a primeira versão da previdência social, efetivada por Eloy 
Chaves, deputado federal de São Paulo em 1923. Eloy efetivou as chamadas 
caixas de aposentadoria e pensões (CAP), por meio das quais as companhias 
ferroviárias realizariam o recolhimento de tributos para o pagamento dos 
aposentados do sistema ferroviário.
Ao longo do tempo, o sistema previdenciário modificou-se, e outros seg-
mentos da classe de trabalhadores

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