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Lucinaura Diógenes
CRP 11/16079
Posvenção 
do suicídio
(re)pensando o cuidado
;
;
Pode ser definida como o conjunto de intervenções 
que se fazem após o suicídio de um ente querido, 
como forma de cuidado com o sobrevivente de 
suicídio.(E. Shneidman, 1993, 2021)
Nesse sentido, a posvenção também pode ser 
considerada uma forma de prevenção do suicídio, 
uma vez que os familiares sobreviventes 
(enlutados) passam a ter um fator de risco
A Posvenção
;
Para cada suicídio, estima-se que de 5 a 10 pessoas 
sejam profundamente afetadas, e outras 100 pessoas 
sejam impactadas por essa morte.
Dessa forma, o suicídio pode ser visto como um 
fenômeno de grande impacto social: ocorre no corpo 
do indivíduo, mas afeta um corpo social (família, 
escola, trabalho).
Os Sobreviventes
Os sobreviventes do 
suicídio são pessoas 
impactadas por esse 
ato, incluindo 
familiares, amigos ou 
qualquer outra pessoa 
que se sinta afetada 
pelo suicídio.
A Posvenção
;
Todas as ações 
apropriadas de cuidado 
direcionadas aos 
sobreviventes enlutados 
por um suicídio, visando o 
acolhimento, orientação, 
suporte, assistência e 
manejo no processo de 
luto.
;
luto?
o que é o
;
O luto, por definição, é um processo 
natural e esperado diante de um 
rompimento de um vínculo 
significativo.
O luto é um processo natural e 
esperado, diante da experiência de 
quem perdeu, por morte, uma pessoa 
amada.
(Worden, 2013)
;
não é um estado.
não é uma doença.
é um processo.
;
;
O luto é o preço do amor.
(Parkes, 1998)
O luto é o preço que 
pagamos por ter coragem de 
amar os outros.
(Yalon, 2021)
;
uma condição 
inescapável
o medo da 
impermanência
o antes e o depois 
da morte
O luto é 
uma 
experiência 
com a 
finitude
;
A perda é um fenômeno universal,
o luto não.
o vínculo afetivo
a construção de significados
os aspectos sociais, culturais, espirituais e 
psicológicos
as crenças e rituais
os recursos internos e externos
Luto 
normal
Como é um processo natural e 
como a experiência de luto é 
única para cada pessoa, pode ser 
inadequado classificar luto 
normal ou anormal, entretanto, 
as reações ao luto são variadas, 
tanto na expressão como na 
magnitude.
E essas variações nas expressões 
psicológicas, cognitivas e 
emocionais, na duração do luto, 
levam a classificações do processo 
de luto.
Luto 
complicado
DSM V TR
Luto não- 
autorizado
Doka (2002)
;
Fonte: Botega (2015)
Reações 
do 
luto
sensações físicas
Wordem (2013)
sentimentos
cognições
comportamentos
;
Sentimentos
Tristeza, raiva, culpa, autocensura, ansiedade, solidão, 
desamparo, saudade, libertação, alívio
Sensações
Torpor, aperto no peito (coração partido), fadiga, vazio no 
estômago, hipersensibilidade a ruídos, dificuldade de 
respirar, fraqueza muscular, falta de energia, secura na 
boca, dor no corpo.
;
Cognição/pensamentos
Descrença, despersonalização, preocupação, sensação de 
presença, alucinações, pensamentos automáticos 
distorcidos, falta de atenção e memória.
Comportamentos
Choro, distúrbio do sono, distúrbio de apetite, isolamento, 
procurar, chamar, protestar, agitação/inquietação, visitar 
locais, evitaão, autolesão, valorização de objetos da pessoa 
que morreu, buscar respostas.
;
;É importante reconhecer a singularidade 
da experiência do luto.
 
Cada processo de luto de uma pessoa é 
como nenhum outro processo de luto. 
Além dos componentes biológicos, 
psicológicos e emocionais, a cultura, a 
sociedade, a religião e a espiritualidade 
exercem importante peso como 
mediadores no processo de luto.
Mediadores do luto
Natureza do vínculo
a idade e o papel social da 
pessoa que morreu
o estilo de enfrentamento do 
enlutado
os recursos que o enlutado 
dispõe
o apoio social
o tipo de morte
;
;
as especificidades do
luto
por suicídio
Considera-se que o luto por suicídio 
compreende especificidades, sendo marcado 
por sentimentos de abandono, vergonha, 
impotência, raiva, responsabilização e culpa, 
relacionados a não ter previsto o risco de 
suicídio ou evitado o ato, busca incessante 
de respostas, além do preconceito e estigma 
na história da família, por conta dos tabus 
que envolvem o fenômeno.
;
O suicídio, assim como também o luto por suicídio, 
é um tema proibido, de modo que se espera o 
silenciamento, para que não sejam causados 
repulsa, aversão ou desconforto aos grupos sociais 
do enlutado. 
Aos enlutados, são negados espaços de fala sobre 
o assunto. Não sendo uma questão socialmente 
aceita, é frequente que até mesmo os afetados por 
ela evitem falar sobre.
;
O enlutado por suicídio, tem maior probabilidade 
de desenvolver um luto complicado
Risco aumentado de comportamento suicida 
(repetição do ato)
Transtorno de estresse pos-trauma, geralmente 
quem encontra o corpo
Busca de um porquê – dificuldade de 
compreender o ato (inexplicável). 
;
busca por respostas 
negação
culpa raiva 
vergonha
ressentimento 
medo protesto
imagens intrusivas recorrentes da morte 
comportamento de isolamento
ansiedade
sentimento de impotência sentimento de 
abandono ou rejeição alívio / culpa
;
questionamentos 
frequentes aos 
enlutados
por suicídio
;
;
por que fez isso? como não percebi?
o que eu poderia ter feito?
o que outras pessoas poderiam ter feito?
e se...?
por que me abandonou?
por que não me pediu ajuda? 
o que as pessoas vão pensar?
isso vai acontecer novamente na minha família?
;
é normal sentir raiva? 
é normal sentir culpa? 
é normal não chorar?
é normal sentir a presença da pessoa que morreu?
é normal mudar de casa?
é normal continuar na mesma casa? 
devo me desfazer de todos os pertences? 
é normal olhar as fotografias o tempo todo?
é normal me revoltar com Deus?
é normal que outras pessoas sonhem com a pessoa 
morta e eu não?
Para melhor compreensão do luto atualmente, alguns 
modelo teóricos sobre o luto são questionados ou 
deixados de lado, como a compreensão do luto em estágios 
(Kubler-Ross) e em fases (Parkes, 1972; Bowlby, 1980; 
Sanders, 1989, e outros).
O Modelo de tarefas do luto, proposto por Worden 
(2013), para a Terapia do Luto, foi atualizado, 
incorporando conceitos de Construção de Significados e 
Continuidade dos vínculos.
;
O luto como adaptação da perda: ele propões quatro 
tarefas.
Compreender o luto como processo natural e esperado 
requer da pessoa enlutada o desenvolvimento de uma 
postura ativa diante de uma perda dolorosa (Worden, 
2013), e que implica em reconstrução de si e a 
ressignificação da vida.
O luto invoca a redefinição de si (quem eu sou agora) e do 
mundo presumido
;
;Construção de Significados
Conceito de Construção de Significados como processo central 
na psicoterapia do luto (Neimeyer, 2010).
A Construção de Significados (reconstrução) possibilita um lugar 
dialógico na psicoterapia do luto, uma vez que é conduzida 
essencialmente pelo uso de narrativas, de histórias de vida, de 
memórias.
Quando uma pessoa amada morre, o enlutado precisa se 
redefinir (definir o seu self), e reaprender formas de 
envolver-se com o mundo sem a pessoa que morreu (quem sou 
eu agora que essa morte aconteceu?). É como recalcular a rota.
Vínculos contínuos (laços continuados)
;
Os vínculos contínuos são parte de um processo de luto que 
possibilita a permanência de uma relação com a pessoa falecida, 
porém não da mesma forma como antes da morte. A condição 
necessária é que o enlutado esteja consciente de que a morte se 
deu e que ele pode reconstruir seu vínculo de maneira que não 
impeça sua adaptação à perda (Field, 2008).
;
Tarefas do luto
O modelo de tarefas do luto, proposto por Worden (2013), foi 
atualizado, inclusive incorporando conceitos de Construção de 
Significados e Continuidade dos Vínculos.
Para Worden, o atendimento psicoterápico para as pessoas 
enlutadas busca evidenciar que o luto é algo que precisa ser 
enfrentado, como uma experiência ativa. Compreendero luto 
dessa forma dá a pessoa enlutada um sentido e a esperança de que 
existe algo que ela possa fazer efetivamente.
Fonte: Botega (2015)
tarefas do
luto
Wordem (2013)
aceitar a realidade da perda
processar a perda
ajustar-se ao mundo sem a
pessoa que morreu
encontrar uma conexão 
duradoura com a pessoa em 
meio ao início de uma nova vida
;
I. Aceitar a realidade da perda
Encarar a realidade que a pessoa está morta e que não voltará mais. 
Espera-se a aceitação da perda não apenas em sua dimensão 
cognitiva, mas também emocional e comportamental. O processo 
de aceitação pode levar tempo e pode ser preciso retomá-lo em 
diferentes momentos.
O não atendimento dessa tarefa é a descrença por meio da negação 
(acreditar e não acreditar)
Papel do terapeuta – encorajar o enlutado a falar sobre a perda, 
construir narrativas, validar os sentimento, resgatar histórias – 
questionamento socrático
;
II. Processar a perda
Aceitar que todas as manifestações podem acontecer, sabendo que 
faz parte da adaptação a perda. Fazer contato com a dor da perda, 
reconhecer os pensamento, os sentimentos, sensações e 
comportamentos no processo de luto. É acolher a dor, na 
subjetividade do enlutado.
Não realização da tarefa – negar, evitar a dor, não elaborar o luto
Papel do terapeuta – incentivar o contato com os sentimentos, 
permitir que sejam identificados e acolhidos. Validar os 
sentimentos, respeitar a experiência. Produção de narrativas, dar 
voz a dor
;
II. Processar a perda
O luto é o preço do amor.
(Parkes, 1998)
O luto é o preço que pagamos por 
ter coragem de amar os outros.
(Yalon, 2021)
;
III. Ajustar-se ao mundo sem a pessoa que morreu
Compreende que a vida do enlutado requer ajustes:
🡪Externos - compreender que o mundo não é mais o mesmo, 
assumir novos papeis, novas responsabilidades.
🡪Internos - a morte afeta o senso do próprio eu. Dar sentido a 
perda, sentido ao amor que fica...Quem sou eu agora (?)
🡪Espirituais - refelxão sobre o sentido da vida e da morte, pode 
abalar a percepções filosóficas, espirituais, religiosas
;
III. Ajustar-se ao mundo sem a pessoa que
morreu
Negação da tarefa – não adaptação a perda
Papel do terapeuta – ajudar a identificar os recursos disponíveis, 
ajudar na resolução de problemas, fortalecer rede de apoio, usar 
reestruturação cognitiva e regulação emocional.
Utilizar metáforas. 
Trazer o conceito de reconstrução de significados.
“não existe uma forma única e correta de viver o luto”
;
IV. Encontrar uma conexão duradoura com a pessoa 
que morreu em meio ao início de uma nova vida.
Para essa tarefa, é importante compreender a noção de laços 
continuados.
Encontrar uma conexão duradoura com a pessoa morta, através de 
significados.
Nas últimas décadas, a noção de rompimento de
vínculo, proposta em diversos modelos teóricos, tem sido deixada de 
lado. Outros modelos teóricos têm proposto um caminho diferente 
ao abordar o luto como um processo de vínculos continuados, 
compreendendo que a pessoa enlutada mantem uma ligação (laços 
continuados) com a pessoa morta que precisa ser resignificada.
;
;
Modelo do processo dual do 
luto
Proposto por Stroebe e Schut (1999, 2001). Identificação de 
estressores orientados para a perda (focam na pessoa falecida e 
envolvem o trabalho de luto em questões como ansiedade de 
separação, elaboração do sentido da perda, e relocação da pessoa 
morta no mundo sem a sua presença física) e estressores 
orientados para a recuperação (reconstrução de pressupostos 
acerca de si mesmo do mundo, os quais foram destruídos.)
;
quanto tempo dura o
luto?
;
os sobreviventes e a
posvenção
Fonte: Botega (2015)
como a 
posvenção 
pode ser feita
primeiros socorros 
psicológicos
acolhimento à família 
sobrevivente
psicoterapia 
individual
grupo terapêutico grupo 
de apoio
atividades de efeitos 
terapêuticos
psicoeducação
;
identificar a rede de apoio cultura, 
crenças e rituais cuidado com as 
redes sociais
por que, ou o que, aconteceu é uma pergunta que 
dificilmente terá respostas
cartas e mensagens
julgamentos
Fonte: Botega (2015)
é importante
saber
para começo 
de conversa
;
escutar e respeitar
perguntar como pode ajudar
acolher a narrativa do enlutado estimular a fé (na 
ciência, na religião, na espiritualidade)
não minimizar ou comparar as dores
não interditar o choro
não interromper o desabafo do outro
se não souber o que dizer, apenas esteja disponível 
(mesmo em silêncio)
Fonte: Botega (2015)
o que
fazer? para ajudar alguém
;
como a pessoa
enlutada
pode elaborar o seu luto
acionar sua rede de apoio deixar que 
as pessoas ajudem
(inclusive com assuntos práticos)
procurar conversar
falar da história (da vida) da pessoa que suicidou
falar sobre sua dor
;
como a pessoa
enlutada 
pode elaborar o seu luto
escrever
evitar grandes decisões logo após a morte 
se permitir chorar e sorrir
buscar ajuda profissional, se preciso
tentar não se sentir constrangida ou 
culpada por seguir
;
;
o cuidado na
posvenção
no
instituto bia dote
Psicoterapia individual para enlutados por suicídio 
Grupo terapêutico para enlutados por suicídio 
Grupo de apoio para enlutados por suicídio
Acolhimento para famílias enlutadas por suicídio 
(Projeto Abraço de Bia)
Psicoeducação (conteúdo, palestras)
+ informações em: @institutobiadote
Posvenção
;Psicoterapia individual
Atendimento individual para pessoas enlutadas por suicídio.
Processo dialógico, acolhimento empático.
Abrir possibilidades para as narrativas do enlutado, facilitar para que 
ele possa acessar as experiências pessoais. Falar e expressar 
pensamentos e sentimentos é central no trabalho de luto.
Usar linguagem evocativa (falar o termo morte, suicídio). 
Psicoeducação do luto e do processo de psicoterapia. 
Reestruturação cognitiva.
Regulação emocional (exercícios de respiração, relaxamento 
muscular, atenção plena, meditação guiada).
Uso símbolos (self box da pessoa que morreu, fotos, medalhas).
Escrita terapêutica (escrever cartas para o falecido pode ajudar 
com questões inacabadas).
Dramatização (cadeira vazia). 
Metáforas.
;Grupo terapêutico para enlutados por 
suicídio
Grupo estruturado com base na TCCG
Grupo fechado, estruturado para 12 encontros semanais, com 
duração de 135 min
Composto com 12 participantes, sendo 10 enlutados sobreviventes 
de suicídio e 02 terapeutas-psicólogas. Vantagem: o processo 
terapêutico tem continuidade, as pessoas desenvolvem vínculos de 
confiança e empatia e se mostram mais interessadas no processo 
não só individual como coletivo.
São estabelecidas regras e contrato terapêutico e as sessões são 
planejadas, porém existe flexibilidade, à medida que os encontros 
vão ocorrendo, dependendo do que o grupo vai trazendo e do 
interesse de todos. 
;Grupo terapêutico para enlutados por 
suicídio
Se faz através de narrativas sobre o luto e a morte por suicídios. 
Circularidade da fala
Psicoeducação, Reestruturação cognitiva e Autorregulação 
emocional.
Questionamentos: “O que poderia ter sido feito para impedir...?“ 
“E se...?” A busca do porquê
A resposta, talvez, nunca teremos. 
Essa busca pode nunca ter fim. 
A questão é: O que faríamos com essa resposta Essa resposta mudaria 
o nosso processo de luto.
O luto por suicídio pode ter mais dificuldade de reconstrução de 
significados?
;Grupo de apoio para enlutados por 
suicídio
Grupo aberto, com encontros quinzenais de 120 min. 
Mediado por duas terapeutas psicólogas
Não tem data definida para encerrar
Não tem limite do número de participantes. As pessoas vêm e 
vão a medida que sentem suas demandas atendidas, ou 
preenchem suas necessidades individuais. 
Quando novos membros são inseridos, a necessidade de ser 
estabelecido novo senso de confiança, revisitar o 
estabelecimento de regras e novas adaptações. 
Se faz através de acolhimento, narrativas dos participantes – 
circularidade da fala e escuta empática.
;Grupo de apoio para enlutados porsuicídio
O compartilhamento de histórias pessoais pode 
minimizar o isolamento e o estigma relacionados ao 
suicídio 
A ideia é oferecer um lugar de pertencimento, de 
compartilhamento de histórias, onde todos se sintam 
acolhidos e respeitados na sua dor, e cada um, na 
sua singularidade ressignifique e encontre formas de 
enfrentamento para se adaptar ao mundo.
;Acolhimento para famílias enlutadas 
(Projeto Abraço de Bia)
Familiares de pessoas que morreram por suicídio, que geralmente 
procuram acolhimento nas primeiras semanas de luto.
Geralmente são encontros previamente agendados. 
O acolhimento à perda é feito de forma dialógica, com duração 
variável, geralmente de 120 min a 150 min.
Muitas vezes, a família quer entender o que aconteceu, quer falar 
sobre a sua dor.
;
Para viver o luto, são 
necessárias duas grandes 
forças: uma para aceitar a 
perda e outra para 
ressignificar a dor.
Prevenção do suicídio
 (re)pensando o cuidado
Sobre os 
números
(ainda)
Em 2012, cerca de 804 mil 
pessoas morreram por 
suicídio no mundo, o que 
significa uma morte por 
suicídio a cada 40 
segundos, além de haver 
também uma tentativa de 
suicídio a cada três 
segundos. 
Fonte: OMS (2014)
por que 
precisamos 
falar sobre 
isso?
Em 2019, no mundo, mais de 700 mil 
pessoas morreram por
suicídio: uma em cada 100 mortes.
Fonte: OMS (2021). 
https://www.paho.org/pt/noticias/17-6- 
2021- uma-em-cada-100-mortes- 
ocorre-por- suicidio-revelam- 
estatisticas-da-oms]
As taxas de suicídio globais 
caíram 36% entre 2000 e 
2019, mas, nas Américas, 
aumentaram 17%
79% dos suicídios no 
mundo acontecem em 
países de média e baixa 
renda.
Fonte: OPAS (2018)
Óbitos por suicídio no Ceará (2014-2020)
0
750 
500 
250 
1.000 
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
566 565 590
644 655 628
869
Óbitos por suicídio em Fortaleza (2014-2020)
200 
150 
100 
50 
0 
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
144
133
147 145
16
7
101
110
Estima-se que apenas um em cada três 
casos de tentativa de suicídio chegue aos 
serviços de saúde.
Fonte: Fiocruz (2020)
E se nós pensarmos na
dos casos?
SUBNOTIFICAÇãO
Falando em números ainda 
maiores, e os
sobreviventes
do suicídio?
Para cada suicídio, estima-se que entre 5 e 
10 pessoas sejam profundamente afetadas, 
geralmente o núcleo familiar; e que 60 a 80 
pessoas sejam impactadas indiretamente.
Fonte: Botega (2015)
É porque ainda estamos 
longe de efetivamente 
entender o fenômeno 
do suicídio e sua 
prevenção como um
problema de saúde 
pública e uma questão 
política.
Por que
precisamos 
falar sobre 
isso?
(ainda)
sobre o suicídio 
O que é
suicídio?
Ato executado de
forma intencional
com o objetivo de causar a 
própria morte, e nela 
resultando.
O ato suicida é
multifatorial e nem
sempre envolve 
planejamento. Pode ser 
resultado de um impulso.
Comportamento suicida é todo ato pelo qual 
um indivíduo causa lesão a si mesmo, 
independente do grau de intenção letal e do 
verdadeiro motivo desse ato. Uma definição 
tão abrangente possibilita conceber o 
comportamento suicida ao longo de um 
continuum: a partir de pensamentos de 
autodestruição, por meio de ameaças, 
gestos, tentativas de suicídio e, por fim, 
suicídio. Uma noção mais global de 
comportamento suicida evita a tendência de 
se valorizar, exageradamente, a 
intencionalidade e a lucidez de consciência 
durante o ato.
Fonte: Botega (2015)
Comportamento 
suicida
ideação 
tentativa suicídio
planejamento
ato de lesionar a si 
mesmo
+
Existe um continuum?
Fatores de
risco
Fonte: Botega (2015)
transtornos mentais
condicões clínicas ou 
incapacitantes
sofrimento psíquico/ 
fatores psicossociais
vulnerabilidades
sociais e econômicas
Fatores
fatores
predisponentes
precipitantes
Fatores predisponentes ou 
distais
São aqueles que vão se 
acumulando na história de 
vida.
Fatores precipitantes ou 
proximais
São relacionados à 
acontecimentos
recentes. 
Fonte: Botega (2015)
Uma tentativa prévia de suicídio é o fator 
preditivo isolado mais importante.
fatores
fatores
predisponentes
precipitantes
Fonte: Botega (2015)
Alguns 
predisponentes
Alguns precipitantes
transtornos mentais tentativa 
prévia de suicídio suicídio na 
família 
alta recente de internação 
psiquiátrica
desilusão amorosa
separação conjugal 
perda de emprego, humilhação e 
constrangimento 
falência
Situações 
compreendidas 
como:
Insuportáveis
Intermináveis
Inescapáveis
4 D's
Variáveis psicológicas
Depressão
Desesperança
Desamparo
Desespero
Associação entre atributos
e exposição a
vulnerabilidades.
influência da genética,
elementos da história de vida
fatores culturais 
fatores socioeconômicos
acontecimentos
estressantes
traços de personalidade 
Pensando nos
riscoS
Fonte: Botega (2015)
como pensar adoecimento psíquico sem pensar em
vulnerabilidade social?
Não podemos pensar o suicídio 
desconsiderando a estrutura que
produz o sofrimento psíquico.
Fatores estruturais influenciam na 
probabilidade de que patologias relativas à 
saúde mental emerjam e se
enraízem.
Assim, a incidência de questões 
sociais como violência (verbal, 
física, sexual, patrimonial), 
preconceitos, racismo e 
lgbtqia+fobia, precarização das 
relações de trabalho, desmonte das 
garantias sociais, desemprego, por 
exemplo, se tornam fatores de 
risco.
A saúde mental
não é "individual".
Está estreitamente 
ligada a questões 
sociais, econômicas, 
políticas.
Fatores 
de risco
vulnerabilidades contextuais
O acesso a serviços de 
saúde mental, por 
exemplo, é um fator de 
proteção.
Mais complexos em 
definição, mais difíceis de 
serem operacionalizados e 
mensurados.
Fatores de
proteção
Fonte: Botega (2015)
São fatores relacionados a 
personalidade, estrutura 
familiar, fatores socioculturais 
e outros.
Sobre a 
prevenção
Prevenção 
do suicídio
Estratégias universais
Estratégias seletivas
Estratégias indicadas
ESTRATÉGIAS 
UNIVERSAIS
- Aumentar a conscientização e a informação
- Dificultar o acesso aos meios
- Oferecer melhor qualidade de vida 
- Reinvidicar políticas públicas 
pra quêm?
ESTRATÉGIAS 
UNIVERSAIS
- Campanhas de informação e conscientização 
- Psicoeducação com palestras e rodas de conversas 
- Amplianção da rede de atenção de saúde mental
- Minimização dos estigmas (Mitos e verdades)
"eu preferia estar morto"
"eu não aguento mais"
"quero sumir"
"quero dormir e não acordar mais" 
"eu sou um peso pros outros"
"os outros vão ser mais felizes sem mim"
Frases de 
alerta
mas nem
sempre uma
tentativa de 
suicídio é 
precedida por 
alertas nítidos.
escutar :)
expressar respeito pelo seu 
sofrimento 
perguntar o que a pessoa 
precisa ou como acha que 
você pode ajudar
ajudar a enxergar 
possibilidades em vida 
indicar ajuda profissional e 
serviços especializados
o que 
fazer?
fortalecer a rede de apoio
buscar manter um 
vínculo contínuo (não 
suma!)
disponibilizar-se a fazer 
companhia
restringir acesso a
métodos letais
Falar abertamente sobre 
suicídio: 
a depender da situação, é 
possível (e recomendável) 
questionar se ela está pensando 
em se matar, há quanto tempo e 
se já sabe como e quando vai 
fazer isso
o que 
fazer?
não julgar
não negligenciar
não menosprezar
não duvidar
não expressar espanto ou 
desespero durante a escuta
não comparar dores
não prometer soluções nem 
segredo 
evitar deixar a
pessoa sozinha
Não custa 
lembrar o 
que
não
fazer 
“As pessaos que fala em se matar não farão, pois 
querem apenas chamar a atenção para si”
“O suicidio é sempre um impulso e acontece sem 
aviso”
“As pessoas que fazem uma tentative estão decididos 
que querem morrer”
“Quando uma pessoa mostra sinais de melhora ou 
sobrevive a uma tentative ela está fora de perigo”
 Mitos sobre o suicídio 
“após uma pessoa fazer uma tentativa de suicídio 
ela não fará outra tentativa” 
“crianças não fazem tentativade suicídio ou não 
pensam em se matar”
“não devemos falar sobre suicídio pois isso aumenta 
o risco”
Não é recomendável que a mídia aborde o tema 
suicídio”
Mitos sobre o suicídio 
Setembro 
Amarelo
A campanha tem contribuído para, 
sensibilizar as pessoas, conscientização sobre 
o suicídio como um problema de todos e, 
também para coletivamente, pressionarmos 
os poderes por políticas públicas em saúde 
mental?
para 
atentar e 
refletir
ESTRATÉGIAS 
SELETIVAS
Grupos vulneráveis socialmente
 
Profissinais vulneráveis
Familiares sobreviventes de suicídio
pra quEM?
Grupos de Apoio
Terapia de grupo
Estratégias
 seletivas
Psicoeducação
Terapias integrativas e 
complementares
ESTRATÉGIAS 
INDICADAS
Pessaos com alto risco (com sofrimento 
psicológico ou transtornos mentais 
diagnosticados ou não)
 
Pessoas com ideação
Pessoas que fizeram tentative anterior
pra quEM?
Psicoterapia individual
Terapia de grupo
Estratégias
 indicadas
Psicoeducação
Terapias integrativas e 
complementares
(re) pensando o 
cuidado
Identifique, avalie, gerencie e acompanhe 
precocimente qualquer pessoa afetada por 
compotamento suicidade, garantindo apoio e 
cuidado. Isso inclui, profissionais de saúde, 
família, amigos e outras pessoas de contato.
Pensar o suicídio como uma questão coletiva, 
social, e não somente como um problema 
individual
O Sistema de saúde deve incorporar a 
prevenção do suicídio como compoenete 
central.
A experiência do Instituto 
Bia Dote
Psicoterapia individual
Grupo de Apoio
Grupo terapêutico
Escuta terapêutica
Acolhimento ao luto
Clube de leitura
Se a pessoa estiver em perigo, ou se você 
não conseguir lidar com isso, não hesite em 
pedir ajuda
conheça 
uma rede
de apoio
possível
CAPS (do seu território)
Serviços de ajuda (mapasaudemental.com.br) CVV 
(188)
Situações de crise: SAMU (192) / Bombeiros (193)
clínicas escolas (Psicologia)
Hospital de saúde mental
possibilidades
e números úteis
Fontes
ABP - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. 
Suicídio: informando para prevenir. Comissão de Estudos e 
Prevenção de Suicídio. Brasília, CFM/ABP, 2014.
BERTOLOTE, José Manoel. O suicídio e sua prevenção. 
São Paulo: Editora Unesp, 2012.
BOTEGA, Neury. Crise suicida: avaliação e manejo. Porto 
Alegre: Artmed, 2015.
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inconscientes e aspectos socioculturais:
uma introdução. São Paulo: Blucher, 2017.
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https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp- 
content/uploads/2020/05/cartilha_prevencaosuicid io.pdf]
BRASIL / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão 
Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à 
Gestão Participativa e ao Controle Social. Óbitos por 
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sobre o suicídio. São Paulo: Instituto Vita Alere de 
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[https://vitaalere.com.br/wp- 
content/uploads/2019/09/425263625-Como-Falar- 
de-Forma-Segura-Sobre-Suicidio.pdf]
SCAVACINI, Karen. O suicídio é um problema de
todos: a consciência, a competência e o diálogo na 
prevenção e posvenção do suicídio. 271 f. Tese 
(Doutorado - Programa de Pós-Graduação em Psicologia 
Escolar e do Desenvolvimento Humano) - Instituto de 
Psicologia, Universidade de São
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SCAVACINI, K., CACCIACARRO, M. F., MOTOYAMA, E. 
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Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do 
Suicídio, 2021. [https://vitaalere.com.br/wp- 
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do-Adolescente.pdf]
SOUZA RSB, OLIVEIRA JC, ALVARES-TEODORO J, 
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revisão sistemática. Rev Panam Salud Publica. 2020.
https://doi.org/10.26633/RPSP.2020.58 
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Mental Health Atlas 
2017. Geneva, WHO, 2018. 
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