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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (PRÁTICA PENAL II) Previsão legal: art. 382 do CPP (para pedido de declaração de sentença) e art. 619 do CPP (para acórdãos). Prazo: 2 dias (há interrupção da contagem para interposição de recurso). Juizados Especiais Criminais: 5 dias (art. 83, §1º da Lei nº 9.099/95) Legitimidade: ambas as partes Hipóteses de cabimento: 1) Ambiguidade: emprego de expressões que podem gerar mais de uma interpretação 2) Obscuridade: ausência de clareza da sentença ou acórdão 3) Contradição: quando as proposições são entre si inconciliáveis (motivação e conclusão) 4) Omissão: não foi apreciada alguma questão suscitada pela parte (ausência de apreciação judicial sobre determinado ponto questionado) No tópico “DO DIREITO” deve ser apontado o “defeito” verificado na sentença ou no acórdão. Observação: os embargos de declaração não tem por objetivo a modificação do julgado (novo resultado pode advir da correção do defeito, assim, temos os efeitos infringentes). Ainda, a fim de preencher o requisito do prequestionamento exigível nos recursos especial e extraordinário, admite a jurisprudência pátria o uso dos embargos de declaração para suprir omissão referente a não apreciação de questões de direito suscitadas pelo Embargante que versam sobre a interpretação de institutos jurídicos relevantes, sendo certo ainda que o notório prequestionamento não tem caráter protelatório. Pedido: deve-se requerer o recebimento e provimento dos embargos, sanando-se o vício apontado Nomenclatura: Embargante: quem opõe os embargos Embargado: a parte contrária. Verbo: opor MODELO (ESTRUTURA/EXEMPLO) DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Exemplo: AO JUÍZO DA VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DO RECANTO DAS EMAS – DF EXEMPLO: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DA XX TURMA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS Processo n° NOME DO EMBARGANTE, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, respeitosamente, por intermédio de seu advogado subscritor, com fundamento no art. (indicar qual dispositivo legal refere-se aos embargos opostos) do Código de Processo Penal, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO pelas razões a seguir. I – SÍNTESE DA DEMANDA O Ministério Público ofereceu denúncia em desfavor do embargante pela suposta prática do crime previsto no art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal. Nos termos da exordial, em XX/XX/XXX, o embargante teria, de forma livre e consciente, danificado o chuveiro da Unidade de Internação Recanto das Emas, local onde o embargante estava alojado em razão de cumprimento de medida socioeducativa. Após o regular trâmite do processo, em sede de alegações finais, o Ministério Público pugnou pela condenação do embargante nos termos da inicial acusatória. A Defesa pugnou pela absolvição do embargante, com fundamento no art. 386, inciso III do CPP, em função de não constituir o fato infração penal, com base na aplicabilidade do princípio da insignificância. O embargante foi condenado nos termos da denúncia. É a síntese do necessário. II – DO DIREITO O cabimento dos presentes embargos justifica-se pela omissão no julgado. Nos termos do art. 382 do Código de Processo Penal, as partes podem pedir para que o juiz declare a sentença quando houver casos de obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão. A sentença, justamente por ser o esgotamento da jurisdição do magistrado da primeira instância, deve ser sempre clara e completa, devendo ser proferida após análise satisfatória do conjunto probatório e dos argumentos acusatórios e defensivos. Esta é o teor da lição do doutrinador xxx Transcrever trecho da doutrina apta a sustentar suas alegações. Não esquecer de indicar todos os dados da fonte pesquisada. Artigo de internet não é doutrina. Entretanto, no caso concreto, a principal tese da Defesa foi de atipicidade da conduta em função da aplicação do princípio da insignificância, sustentada de forma detalhada e pormenorizada, conforme parágrafos XX/XX das alegações finais de fls. XX/XX. No decreto condenatório, por sua vez, a única referência às teses defensivas foi a seguinte (fl. XX): Em que pesem os argumentos da d. Defesa para a absolvição do acusado, cumpre destacar que embora o réu tenha negado a autoria dos fatos, tal argumento não é fundamento suficiente a possibilitar o reconhecimento de sua inocência. Trata-se de alegação respaldada em seu direito de defesa, de guarida constitucional, mas que deve estar em consonância com os demais elementos de prova apresentados, o que não ocorreu na espécie. Sobre a possibilidade de reforma da decisão omissa, segue o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios: PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE CABIMENTO. NECESSIDADE DE ESCLARECER O RESULTADO DO JULGAMEMENTO COLEGIADO. 1 Embargos declaratórios objetivam corrigir omissão, contradição ou obscuridade do julgado, impondo a sua correção quando o resultado do julgamento não foi corretamente espelhada na proclamação do resultado. Se o Relator e a Revisora excluíram da sentença a verba indenizatória, e esta última também reduzia a pena, contrariando, nesta parte, o Relator, que foi seguido integralmente pela Vogal, o resultado a ser proclamado é o seguinte: "Provido parcialmente a apelação, nos termos do voto do Relator, vencida, em parte, a Revisora, que provia em maior extensão." 2 Provimento dos embargos de declaração. (Acórdão n.441084, 20071010029478APR, Relator: GEORGE LOPES LEITE, Revisor: SANDRA DE SANTIS, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 19/08/2010, Publicado no DJE: 27/08/2010. Pág.: 179) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HABEAS CORPUS. PARECER. OMISSÃO. FUNDAMENTAÇÃO QUANTO A EXIGÊNCIA JUSTIFICADORA DA FIANÇA. EMBARGOS ACOLHIDOS SEM ALTERAÇÃO DO JULGAMENTO. 1. A teor do art. 619 do Código de Processo Penal, os embargos de declaração são cabíveis quando houver no acórdão ambiguidade, obscuridade, contradição ou, ainda, quando for omisso em alguma tese que deveria ter sido pronunciada. 2. Embargos de declaração acolhidos para sanar a omissão no que diz respeito ao pronunciamento quanto à fundamentação em relação à exigência cautelar justificadora da fiança, sem, contudo, alterar o julgamento. (Acórdão n.549586, 20110020193173HBC, Relator: SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 17/11/2011, Publicado no DJE: 23/11/2011. Pág.: 198). (Grifos nossos). Logo, considerando que a sentença foi omissa quanto a principal tese defensiva, que poderia inclusive levar a absolvição do embargante, é justa a declaração da sentença para que a julgadora se manifeste sobre o ponto omisso, efetivando a prestação jurisdicional eficaz. III – DOS PEDIDOS Pelo exposto, a Defesa requer o recebimento e provimento dos presentes embargos para que seja a sentença declarada, corrigindo-se a omissão com a devida análise dos fundamentos apresentados, de modo, ainda, se assim entender Vossa Excelência, que seja reformado o julgado, absolvendo-se o ora embargante, nos termos do art. 386, inciso III do Código de Processo Penal. Termos em que pede deferimento. Local, data. ADVOGADO OAB CASO PARA RESOLUÇÃO Instruções: a peça poderá ser redigida de forma manuscrita ou digitada. A peça deve ser enviada exclusivamente em formato PDF e exclusivamente através deste link. O caso para resolução está disponível no link: https://forms.gle/8uups6XyuYBB19bXA Não serão convalidadas peças enviadas para o e-mail da professora, precisa ser no link, exclusivamente no link. Lembrando que cada PA de cadaturma e turno tem seu próprio link, assim, sugiro não compartilhar e sempre acessar o SEI para não ter erros. Se enviar para o lugar errado, a atividade não será validada, assim como acontece em um processo de verdade verdadeira. Atenção ao enviar o arquivo. O sistema aceita apenas formato PDF (caso não tenha scanner, você pode fazer a conversão do seu arquivo para PDF através do site ilovepdf – é gratuito). Confira o arquivo antes de finalizar o envio do formulário, pois é de responsabilidade do aluno o envio do arquivo correto. Sugiro separar uma pasta com as peças finalizadas e nomear corretamente o nome do arquivo que deverá ser enviado. Lembro que esse é o momento de aplicar o conhecimento adquirido anteriormente na resolução dos casos e trabalhar apenas e tão somente com as informações contidas no enunciado do caso. Prazo: 13/10/2023 até 23h59 (prazo improrrogável – o sistema bloqueia o envio de peças intempestivas, portanto, atenção!) O magistrado de piso, ao proferir sentença condenando André Feliz pela prática de furto qualificado, admitiu expressamente na fundamentação da sentença que se tratava de caso de aplicação do privilégio previsto no §2º do art. 155 do Código Penal, porque o prejuízo da vítima era de R$50,00 (cinquenta reais), devendo, em face de sua primariedade e bons antecedentes, ser condenado à pena mínima. Na parte dispositiva, fixou como pena, a de reclusão em 2 (dois) anos, substituindo-a por uma pena restritiva de direito e multa, fixando regime inicial para cumprimento de pena, o aberto. O processo tramita perante a 2ª Vara Criminal de Cuiabá - MT. Diante do inconformismo de André com essa condenação, como seu advogado, tome as providências cabíveis para a sua defesa conforme o momento processual e redija a peça processual adequada, sem inventar dados.
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