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Abdome agudo

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Abdome agudo 
O termo abdome agudo diz respeito a toda condição dolorosa localizada no abdome, podendo ser 
de início súbito ou de evolução progressiva, que requer manuseio terapêutico rápido. 
Como a cavidade abdominal comporta vários órgãos, não apenas do sistema gástrico, o abdome 
agudo pode decorrer de doença em qualquer uma dessas vísceras. 
Epidemiologia 
A dor abdominal representa 5 a 10% dos atendimentos no departamento de emergência. Apesar 
do avanço nos recursos diagnósticos, a dor abdominal indiferenciada é o diagnóstico de cerca de 
25% dos pacientes que receberam alta médica e de 35 a 41% dos pacientes internados. 
Pacientes idosos com dor abdominal têm aumento de 6 a 8 vezes na mortalidade, quando 
comparados com pacientes mais jovens. 
Dentre os tipos de abdome agudo, o inflamatório é o mais prevalente de todos. Tendo como 
principais diagnóstico a apendicite, colecistite e pancreatite. Apesar disso, o 
tipo obstrutivo representa cerca de 20% das internações em serviços de cirurgia e tem seu pico 
de incidência na quinta década de vida. 
O abdome agudo do tipo perfurativo é a terceira causa mais comum. Tem uma mortalidade de 
10%. O hemorrágico é considerado raro, com uma taxa de 2% apenas de pacientes que 
procuram o serviço de urgência. Entretanto, ele possui uma maior taxa de mortalidade, 40 a 
100%. 
O tipo isquêmico/vascular é o menos comum de ser encontrado em emergências abdominais. 
Porém também apresenta uma alta mortalidade, principalmente quando o diagnóstico acontece 
tardiamente. 
Dor abdominal 
TODO abdome agudo tem dor. No entanto, a dor é uma condição subjetiva que irá depender da 
consciência para sua interpretação. Para entender a dor: 
Os nociceptores são terminações nervosas livres que têm como função receber estímulos 
dolorosos que serão conduzidos por fibras nervosas até o cérebro, dando informação de dano ou 
lesão, com a finalidade de proteger a integridade do organismo, já que se o paciente sente dor, 
ele é capaz de deduzir que algo está acontecendo com o seu corpo. 
A dor ela pode ser: 
Dor visceral: O peritônio visceral e os órgãos abdominais são inervados por fibras tipo C, não 
mielinizadas. São fibras sensíveis a distensão, isquemia, tração, compressão e torção, 
conduzindo uma dor difusa, de início lento e de longa duração, que possui capacidade de 
produzir manifestações sistêmicas como náuseas, sudorese, diminuição de pressão arterial e da 
frequência cardíaca 
Dor parietal/somática: Já o peritônio parietal e a raiz do mesentério (A raiz do mesentério está 
entre junção duodeno jejunal e válvula íleo cecal, estando na parte posterior do peritônio, e é de 
onde sai o mesentério. Todas as alças de jejuno e íleo estão fixas nessa parte.), eles possuem 
maior quantidade de nociceptores e são inervados por fibras tipo A mielinizadas, que conduzem 
estimulo doloroso a uma velocidade muito maior. Essas terminações nervosas são estimuladas 
por vários agentes irritantes, como conteúdo gastrointestinal, urina, bile, suco pancreático, 
sangue, pus, bradicinina, histamina... e conduzem uma dor aguda, bem localizada, de curta 
duração e com poucas manifestações sistêmicas. É uma dor que piora com a tosse e pode 
acarretar contração errada da musculatura. 
Dor referida: E tem a dor referida, que é aquela dor que é percebida em um local diferente de 
onde foi gerado. 
Diagnóstico 
O diagnóstico de abdome agudo deve levar em consideração a avaliação clínica, contendo 
anamnese, exame físico, e exames complementares. 
 
Avaliação clínica do paciente com dor abdominal: 
Na avaliação clínica do paciente com dor abdominal. Torna-se necessário investigar: onde dói, 
como é a dor, se o paciente já apresentou essa dor antes, se o início foi súbito, a intensidade da 
dor, se a dor irradia para outra parte do corpo e o que alivia a dor. Além disso, deve-se perguntar 
sobre a presença de outros sinais e sintomas, sendo eles: 
• Náuseas e vômitos: são sintomas comuns no abdome agudo independente do seu tipo. As 
principais causas são as obstruções dos órgãos de musculatura lisa, irritação dos nervos 
do peritônio. 
• Febre: Temperatura axilar superior a 37,5 °C está presente em quase todos os casos 
abdominais agudos. 
• Anorexia: Anorexia precedendo o início da dor 
• Função intestinal: Na anamnese é importante interrogar a presença de constipação 
intestinal, diarreia, melena e enterorragia. Visto que, constipação intestinal com parada 
completa de eliminação de gases e fezes, associado a dor abdominal em cólica e vômito, 
caracteriza a tríade da obstrução intestinal. 
• Ciclo menstrual: Em mulheres em fase produtiva, a dor abdominal deve ser correlacionada 
com ciclo menstrual 
• Micção: Importante investigar presença de transtorno de micção, como algúria (dor ao 
urinar), polaciúria (vontade frequente de urinar), retenção urinária. 
 
Exame físico 
 
O exame físico + anamnese, são os principais meios para raciocínio clínico e avaliação 
diagnóstica e conduta médica terapêutica. 
Os principais objetivos, são: 
1. Identificar sinais clínicos específicos 
2. Identificar alterações objetivas e avaliar localização, extensão e correlação com as queixas 
do paciente 
3. Colher informações sobre a necessidade de indicação e urgência cirúrgica 
4. Compreender doenças que não estão diretamente relacionadas ao abdome agudo, mas 
que podem contraindicar tratamento cirúrgico 
O exame físico do abdome deve compreender: inspeção, ausculta, percussão e palpação. 
No exame físico inicia-se com inspeção e ectoscopia. Durante a inspeção devem-se avaliar a 
forma do abdome e a presença de distensão, nos casos de obstrução pode apresentar 
peristaltismo visível, deve-se procurar ainda, hernias, cicatriz cirúrgica (para que se possa 
suspeitar de abdome agudo obstrutivo por conta da aderência). O paciente pode apresentar 
mucosas hipocoradas que pode evidenciar perda sanguínea; mucosas secas indicativo de 
desidratação e a icterícia sina de colestase. Na pele, deve-se procurar lesões, por exemplo sinal 
de Cullen em região periumbilical que denota pancreatite aguda. Após inspeção, deve ser feito 
mensuração dos dados vitais, a temperatura discretamente elevada é presenta nas primeiras 
horas da fase inicial do abdome agudo inflamatório, perfurativo e hemorrágico. 
A mensuração da pressão arterial deve ser realizada nos dois braços, e pulso arrítmico 
secundário à fibrilação atrial pode significar êmbolos para artéria mesentérica. 
Pacientes com respiração superficial pode estar associado a irritação peritoneal, a taquipneia 
pode estar associada a acidose metabólica. 
Na ausculta abdominal a principal característica é o peristaltismo, sendo que está aumentado nos 
quadros iniciais de obstrução intestinal mecânica e na hemorragia digestiva, e pode estar abolido 
ou reduzido em quadros hemoperitônio e abdome agudo inflamatório. 
A percussão abdominal serve para localizar os graus de irritação peritoneal, identificar massas, ar 
e líquido intra abdominal. Pacientes com pneumoperitônio pode apresentar timpanismo ao nível 
da linha axilar média e recebe o nome de sinal de Jobert. 
A palpação abdominal é realizada com paciente deitado, em decúbito dorsal. A contratura 
muscular ((câimbra) reflexo da irritação do peritônio parietal) é o sinal mais importante de abdome 
agudo. Na palpação pode existir alguns sinais que devem ser investigados, como: 
• Sinal de Blumberg: dor a compressão com piora a descompressão do quadrante inferior 
direito, avalia irritação peritoneal (apendicite aguda, principalmente) 
• Sinal de Rovsing: dor em quadrante inferior direito quando se palpa quadrante inferior 
esquerdo (deslocamento de gases em direção ao ceco, indica apendicite aguda) 
• Sinal de Muphy: dor a palpação do bordo inferior do fígado durante inspiração (indica 
colecistite aguda) 
• Sinal de psoas: dor em quadrante inferior do abdome direito a elevação contra resistênciada coxa ipsilateral, relaciona-se com apendicite e abcesso em quadrante inferior do 
abdome 
• Sinal de Jobert: timpanismo a percussão na região hepática e indica pneumoperitônio 
• Sinal de Giordano: dor a punho percussão lombar a direita ou esquerda, e indica processo 
inflamatório renal 
 
 
 
 
 
 
 
Exames complementares 
São complementares a anamnese e exame físico e devem ser solicitados sempre de acordo o 
caso clínico do paciente. É importante para confirmação diagnóstica e para entender o estado 
geral do paciente. Os exames complementares podem ser laboratoriais, métodos de imagem e 
laparoscopia. 
Os exames laboratoriais podem ser inespecíficos, como o hemograma e a urina de rotina. O 
hemograma pode traduzir o processo inflamatório agudo, evidenciar sangramento. Já o exame de 
urina pode identificar hematúria, piuria e outras afecções urogenitais. Além disso, a dosagem de 
eletrólitos é importante, principalmente potássio, quando se trata de casos de diarreia e abdome 
agudo obstrutivo. Nitrogênio para avaliar estado de hidratação. VHS e PCR para marcadores 
inflamatórios. 
Os exames laboratoriais de amilase e lipase, podem confirmar o quadro de pancreatite aguda, 
que é uma das principais causas de abdome agudo inflamatório. 
Nos exames de imagem: 
A radiografia simples e contrastada pode apresentar pneumoperitônio, elevação da cúpula 
frênica, pneumonia de base, distensão de alça, abscessos e corpos estranhos. 
Temos ainda a ultrassonografia, a tomografia, ressonância magnética, arteriografia (útil para 
diagnóstico precoce de abdome agudo vascular) e laparoscopia. 
 
Síndromes abdominais agudas 
Como já foi dito, o abdome agudo envolve todos os órgãos da cavidade abdominal. Com isso, 
existem mais de 42 afecções diferentes de órgãos abdominais, e para facilitar a conduta médica, 
deve ser dividido o abdome agudo em síndromes, sendo elas: inflamatória, perfurativa, 
obstrutiva, vascular e hemorrágica. 
 Abdome agudo inflamatório 
 
É o tipo mais comum. Seu processo tem início com obstrução mecânica de vísceras ocas 
normais, ou que estão alteradas anatomicamente, essas alterações originam processos 
inflamatórios na parede da víscera com tendencia a progredir e comprometer vascularização do 
órgão. 
Tem início insidioso, com sintomas vagos, dor abdominal sem muitas características, náuseas, 
anorexia, vômito, alterações no trânsito intestinal. A dor pode levar de uma a várias horas para 
atingir seu pico e é mal definida. 
Com a evolução da doença e acometimento do peritônio parietal, a dor torna-se bem localizada e 
piora progressivamente. 
No exame é comum a presença de massas à palpação do abdome, resultado da reação do 
peritônio a agressão do processo infeccioso, como uma tentativa de limitar esse processo. Caso o 
peritônio não consiga bloquear o processo observa-se peritonite disseminada (inflamação de todo 
peritônio). 
Etiologia do abdome agudo inflamatório 
1. Apendicite: é a causa mais comum do abdome agudo cirúrgico, afeta qualquer faixa 
etária, mas é mais comum em pacientes jovens, sendo incomum antes dos 5 e após os 50. 
O quadro é marcado por inflamação e infecção do apêndice cecal e sua patogenia é a 
obstrução do lumen do apêndice por fecaloma, hiperplasia, obstrução por áscaris, corpos 
estranhos e tumores, e o desenvolvimento de uma infecção polimicrobiana. Tem fase inicial 
com dor epigástrica ou periumbilical, a dor é do tipo visceral (difusa), seguida de anorexia, 
náuseas e vômitos, com posterior localização da dor em quadrante inferior direito do tipo 
parietal/somática. 
Na apendicite o paciente pode ter constipação intestinal, e parada de eliminação de flatos, 
mas também pode ter diarreia. A febre é baixa e leucocitose moderada. A localização 
retrocecal do apêndice faz com que a dor seja menos intensa, podendo estar localizada 
em hipocôndrio direito e paciente com queixas urinarias. O principal exame diagnóstico é a 
ultrassonografia, com sensibilidade maior que 90%, demonstra apêndice inflamado, com 
paredes espessadas. E se não obter ultrassonografia específica, pode-se fazer tomografia 
que irá avaliar diretamente o apêndice inflamado. O tratamento é cirúrgico, e pode-se fazer 
o uso de antibioticoterapia como profilaxia até a cirurgia. 
2. Colecistite: é a inflamação da vesícula biliar, estando associada a litíase biliar (pedras 
biliares). A dor inicialmente é epigástrica, visceral, acompanhada de náuseas e vômitos, e 
posteriormente a dor é mais intensa e localizada em quadrante superior direito, podendo 
irradiar para região lombar direita e escapular direita. A febre é baixa, e leucocitose 
moderada. Para diagnóstico por imagem utiliza-se ultrassonografia abdominal. 
O sinal de Murphy, associado a litíase biliar e espessamento da vesícula, indica colecistite. 
O tratamento é cirúrgico, com colecistectomia precoce, sendo realizada nos primeiros 3 
dias de evolução da doença, ou depois de 4 semanas. 
3. Pancreatite aguda: tem como principal causa a litíase biliar. A dor é de início súbito, 
contínua, localizada em epigástrio, hipocôndrios ou região umbilical. É uma dor em faixa, 
com irradiação para dorso, acompanhada de náuseas e vômitos, além da distensão 
abdominal. Como já foi estudado na APG passada, faz avaliação laboratorial de amilase e 
lipase, que geralmente estão três vezes acima de seu valor normal. A tomografia é o 
método ideal para verificar parênquima pancreático. O tratamento é clínico (reposição 
volêmica, analgésicos, jejum) e cirurgia reservada aos quadros graves. 
4. Diverticulite: sua localização mais comum é no sigmoide, associado ao cólon 
descendente. É uma doença comum em idosos, e manifesta-se com dor em quadrante 
inferior esquerdo, febre e constipação intestinal. Náuseas e vômitos não são geralmente 
observados. Pode haver disúria e polaciúria devido proximidade com bexiga. 
 
Abdome agudo perfurativo 
 
A causa mais comum é a úlcera péptica (que podem ser causadas pelo uso de anti inflamatórios, 
AAS, por exemplo). Inicialmente a dor localiza-se em região epigástrica, depois torna-se difusa. 
Nas perfurações de intestino delgado, as causas mais frequentes são as doenças inflamatórias e 
infecciosas, os corpos estranhos deglutidos e os tumores. Já no intestino grosso, os quadros 
ocorrem devido processos inflamatórios como (diverticulite, megacólon toxico, colite e corpos 
estranhos). Além disso, o exame endoscópico também pode causar perfuração, com lesão em 
mucosa e submucosa. 
É uma das causas mais frequentes e cirurgia abdominal de urgência. A dor é de início súbito, 
iniciando já de forma intensa, rapidamente atingindo seu pico. O problema advém do 
extravasamento de secreção contida no trato gastrointestinal para cavidade peritoneal, que causa 
uma peritonite. A dor do tipo somática vem da irritação química do peritônio devido essa 
secreção, e quanto menor for o pH, maior será a irritação. No exame clínico, há silêncio 
abdominal e rigidez muscular, conhecido como abdome em tábua. 
A temperatura é normal, e as náuseas e vômitos podem estar presentes. Na radiografia simples, 
tem-se pneumoperitônio (ar na cavidade peritonial), e é o exame de escolha. 
Em 12 horas de evolução do quadro, a peritonite química torna-se bacteriana, aparecendo os 
sinais da infecção. 
As perfurações podem ser altas (gastroduodenal e delgado proximal) ou baixas (delgado distal e 
cólon). Quando a perfuração é baixa, a dor abdominal costuma ser discreta, e os sinais de 
irritação peritoneal são menos exacerbados, mas origina-se sepse devido flora bacteriana local. 
As perfurações altas, traduz-se em dor abdominal intensa e grande irritação. 
O tratamento é sempre cirúrgico, sendo o prognóstico pior quanto maior for o tempo que já teve 
da perfuração. 
 
 
 
 
Abdome agudo obstrutivo 
 
A principal causa de obstrução em adultos são as bridas (cordões fibróticos) e as aderências,e a 
laparatomia (cirurgia que abre a barriga) é a principal causa dessas aderências peritoneais. 
Outros fatores são as hernias parietais, o câncer colorretal, que irá causar obstrução colônica no 
adulto, a diverticulite e o vólvulo (torção). Outras causas de obstruções, são as funcionais, sendo 
ela o íleo funcional, que pode ocorrer pós operatório de cirurgias abdominais ou extra abdominais. 
E a síndrome de Olgivie (falsa obstrução do cólon) 
O principal sintoma é a cólica intestinal, e acontece devido o esforço das alças intestinais para 
vencer o obstáculo que está impedindo trânsito intestinal. A dor é visceral, localizada em região 
periumbilical quando é obstrução do delgado, e dor hipogástrica, quando é obstrução de cólon. 
É comum ter episódios de vômitos que surgem após a crise de dor, e surge como tentativa de 
aliviar a distensão das alças obstruídas. O peristaltismo está aumentado, e mais bem 
caracterizado quando se faz ausculta do abdome. 
Quando a obstrução é na parte mais alta, os vômitos são mais frequentes, a distensão é menor e 
o paciente demorar de parar a eliminação de gases e fezes. Quando a obstrução é baixa, maior é 
a distensão abdominal, mais precoce a parada de eliminação de flatos e fezes, e mais demorado 
de iniciar os quadros de vômitos. 
A febre não está presente, a desidratação é frequente devido a quantidade de vômito. A doença 
pode levar ao comprometimento de vascularização do segmento que foi obstruído, com irritação 
do peritônio parietal, evidenciado por dor somática, contínua e com contratura do abdome. Esse 
comprometimento da vascularização pode levar ao quadro de necrose, o que aumenta a 
mortalidade. 
O principal método de imagem para diagnóstico são raios X simples de abdome, que revelam 
níveis hidroaéreos, edema e distensão das alças, além de localizar o local e o nível da obstrução, 
observando também corpos estranhos. Já a TC pode identificar espessamento de parede das 
alças ou do mesentério. 
Para tratamento, geralmente é clínico, com descompressão gástrica e do intestino proximal por 
sonda nasogástrica, hidratação venosa por conta dos episódios de vômitos. Em pacientes com 
obstrução total, deve ser feito cirurgia de forma imediata. 
 
Abdome agudo vascular 
 
A principal causa é a embolia da artéria mesentérica superior, a maioria dos êmbolos terão origem 
cardíaca, que se instalarão nos ramos distais da artéria mesentérica superior. A dor da embolia é 
súbita, intensa, geralmente periumbilical, com vômito e diarreia sanguinolenta. Já na trombose da 
artéria mesentérica superior, que também é uma das principais causa, o quadro é insidioso, com 
duração de dias. 
Além desses, pode ser comum em paciente com isquemia mesentérica aguda, principalmente em 
pacientes portadores e insuficiência cardíaca congestiva, e pacientes com doenças de 
coagulação que podem evoluir para trombose de veia mesentérica superior. 
A fisiopatologia da doença se dá por lesão isquêmica inicial, decorrente da redução do fluxo 
arterial ou venoso, com espasmo dos vasos. A dor abdominal é o sintoma inicial, geralmente é 
intensa, fora de proporções com os achados clínicos, já que são inespecíficos. Para fazer o 
diagnóstico deve-se levar em conta fatores até mesmo inespecíficos, por exemplo, pacientes 
maiores de 60 anos, portadores de doença aterosclerótica, infarto agudo do miocárdio recente, 
arritmias cardíacas, eventos tromboembólicos, insuficiência cardíaca congestiva, estados 
hiperdinâmicos de má perfusão periférica (como sepse, uso de vasoconstritores). Após a fase 
inicial dessa dor abdominal, tem a fase intermediária, que geralmente tem peritonite. E na terceira 
fase, acentua-se sinais abdominais, surgindo instabilidade hemodinâmica e choque refratário. 
Os exames laboratoriais são inespecíficos. Ultrassonografia com Doppler pode identificar a 
obstrução vascular e estudar o fluxo sanguíneo dos vasos. A arteriografia é padrão outro na 
isquemia mesentérica, mas só é usado em pacientes estabilizados hemodinamicamente. 
O tratamento desse tipo de abdome visa correção de volemia, distúrbios eletrolíticos e suporte 
ventilatório, revascularização do intestino e ressecção dos segmentos que sofreram infarto. O 
vasodilatador deve ser usado em todos os casos de isquemia mesentérica aguda. A abordagem 
cirúrgica pode ser a laparotomia que visa restabelecer o fluxo sanguíneo e avaliar a viabilidade do 
intestino. 
Abdome agudo hemorrágico 
 
É mais frequentemente associado ao trauma, ao pós operatório e as complicações pós 
procedimentos (biopsias hepáticas, por exemplo), em mulher na idade fértil pensar em gravidez 
ectópica rota, outras causas podem ser a ruptura das vísceras parenquimatosas e ruptura 
vascular espontânea, como nos casos de aneurisma da aorta e de seus ramos viscerais. O 
paciente apresenta dor súbita, com rápido comprometimento hemodinâmico, com palidez intensa 
e hipovolemia acentuada. Não há sinal de contratura muscular, já que o sangue não é irritável 
para o peritônio. O tratamento geralmente é a cirurgia imediata, mas pode ser feito arteriografia 
terapêutica. Em pacientes com uso de anticoagulantes, que formam hematomas abdominais, a 
conduta é observacional e suspensão de anticoagulação. 
Sobre a ruptura de aneurisma da aorta abdominal, ela geralmente acomete idosos do sexo 
masculino. A aterosclerose é a causa mais comum do aneurisma, mas também pode ser por 
trauma, infecção (sífilis) e arterites. O risco de ruptura aumento com o tamanho do aneurisma, 
sendo baixo nos menos de 5 cm, e aneurismas maiores que 6 cm geralmente se rompem em 1 
ano. A manifestação clínica desse aneurisma é a dor abdominal difusa, intensa, associada a 
hipotensão e massa abdominal pulsátil. Antes de se romper, ele passa por uma distensão aguda, 
que leva estiramento do plexo venoso perivascular, o que gera dor nos flancos ou dorso. O seu 
diagnóstico é feito através da ultrassonografia, e quando se suspeita, deve-se fazer laparotomia 
imediata. 
 
 
Referências: 
DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo 
GEN, 2011 
ZATERKA, Schlioma; EISIG, J. N. Tratado de Gastroenterologia: da graduação a pós- 
graduação. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2016.

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