Prévia do material em texto
Vesícula biliar A bile é um órgão, em forma de pêra, que se comunica com os ductos hepáticos comuns através do ducto cístico. O órgão pode ter de 7,5 a 12 cm e encontra-se na face inferior do lobo anatômico direito do fígado, próximo a fosse hepática. A FUNÇÃO DA VESÍCULA BILIAR É ARMAZENAR A BILE QUE FOI PRODUZIDA NO FÍGADO. O trato biliar intra-hepático é um sistema projetado para transportar a bile dos hepatócitos para árvore biliar. Tem início no canalículo biliar, que coalescem e formam os ductos segmentares, que darão origem ao ducto hepático direito e ducto hepático esquerdo. Os ductos se fundem do lado lateral do portal hepático e formam o ducto hepático comum, a união do ducto hepático comum e cístico dá origem ao ducto colédoco. O ducto colédoco e o ducto pancreático se fundem após perfurar o duodeno para formar o ducto hepatopancreático, que emerge no duodeno como ampola de Vater. A vesícula é controlada por dois esfíncteres, o superior e o inferior. E assim, a liberação do conteúdo só acontece quando há abertura do esfíncter. As fibras musculares lisas, dispostas no esfíncter, possuem receptores de CCK, que irão responder a colecistocinina liberada por células enteroendócrinas do duodeno quando há presença de gordura e proteínas no intestino. Como resultado desse estimulo, a bile que está concentrada na vesícula biliar é bombeada para o ducto cístico e transportada para o duodeno através do ducto colédoco. Pâncreas O pâncreas é uma glândula retroperitoneal de 12 a 15 cm de comprimento e 2,5 cm de espessura, e está posteriormente a curvatura maior do estômago. Anatomicamente, o pâncreas consiste em uma cabeça, corpo, e uma cauda e geralmente está ligado ao duodeno por dois ductos. Histologia Aproximadamente 99% do pâncreas é formado por ácinos, que são aglomerados de células epiteliais glandulares e constituem a porção exócrina, que irá produzir o suco pancreático. Já o outro 1% é de ilhotas pancreáticas/ilhotas de Langerhans, que irá formar a porção endócrina, e é a parte responsável por secretar os hormônios glucagon, insulina, somatostaina e polipeptídeo pancreático. O pâncreas ele é uma glândula mista, isso é, parte exócrina (do sistema digestório) e parte endócrina (produtora de hormônios) As glândulas exócrinas pancreáticas sintetizam e liberam nos ductos pancreáticos enzimas digestivas, o chamado suco pancreático, o suco pancreático é secretado por células exócrinas em pequenos ductos que se unem para formar o ducto pancreático/ducto de Wirsung e o ducto acessório. O ducto pancreático se une ao ducto colédoco que vem do fígado e vesícula e adentra no duodeno que entra no duodeno como ampola de Vater. A passagem do suco pancreático e biliar por meio da ampola para o duodeno é regulado pelo musculo liso do esfíncter de Oddi. O pâncreas irá produzir 1,2 a 1,5 l de suco pancreático, um líquido incolor, que consiste principalmente de água, sais, bicarbonato de sódio e outras enzimas. O bicarbonato irá dá pH levemente alcalino que tampona o suco gástrico no quimo, interrompendo a ação da pepsina e criando pH apropriado para ação de outras enzimas. As enzimas do suco, incluem: Amilase pancreática para digerir amido; tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e elastase que irão digerir proteínas em peptídeos e a enzima lipase pancreática que vai ser a responsável por digerir os triglicerídeos. As enzimas pancreáticas que digerem proteínas são produzidas em forma inativa, e por isso não digerem proteínas do próprio pâncreas. A tripsina ela vai ser secretada em forma inativa denominada de tripsinogênio. As células acinares também irão secretar proteínas inibidor da tripsina. Quando o tripsinogênio alcança o intestino delgado, encontra a enzima enteroquinase que divide o tripsinogênio para formar tripsina, e a tripsina irá atuar sobre precursores inativos para produzir outras enzimas de degradação. Pancreatite aguda A pancreatite aguda é a inflamação aguda do pâncreas, que pode envolver tecidos peripancreáticos ou órgãos distantes. Está associado a elevação dos níveis de enzimas pancreáticas no sangue e em outros líquidos orgânicos, a sua causa é a autodigestão pancreática por essas enzimas. A pancreatite aguda pode variar de sua forma edematosa (acúmulo de líquido, edema e congestão pancreática) até a forma necrótica (forma grave). Pacientes que possuem apenas o quadro edematoso/pancreatite aguda intersticial, tendem a ter curso autolimitado de melhora em 3 a 7 dias. Já pacientes com pancreatite necrosante, tem período de evolução de 3 a 6 semanas. É uma doença comum, que possui amplo espectro de manifestações, podendo ser desde formas leves, que são as mais comuns e que respondem bem ao tratamento, até as de formas graves que requerem internação prolongada em unidades de terapia intensiva e com necessidade de intervenções cirúrgicas. Para distinguir a forma leve da grave, são utilizados critérios clínicos, laboratoriais e radiológicos isolados. Epidemiologia Resultados: No período compreendido entre 2016 e 2020, no Brasil, a incidência de pancreatite aguda e de doenças do pâncreas apresentou aspecto crescente, variando entre 31.597 (2016) e 32.829 (2020) nos casos totais anuais, sendo um aumento de 3,75% A mortalidade na pancreatite aguda respeita um padrão, em que: nas primeiras semanas está associado a resposta inflamatória sistêmica e disfunções orgânicas, e após esse período está relacionado por conta das complicações infecciosas da doença. Etiologia Determinar a etiologia da PA é importante para tratar e eliminar. Litíase biliar é a causa mais comum e cerca de 15 a 30% apresentam evolução grave. Pancreatite aguda biliar é causada pela passagem de cálculos biliares através da ampola de Vater, geralmente são cálculos pequenos, menores que 5mm porque cálculos grandes não chegam até a ampola. O pequeno cálculo irá obstruir, o que causará um aumento de pressão no ducto, esse aumento de pressão pode lesionar a célula e estimular a fusão dos grânulos de lisossomos com zimogênios. Pode acontecer ainda, a passagem de bile para o pâncreas, e esse contato do pâncreas com a bile também pode desencadear uma lesão. É mais comum em mulheres, e em obesos, isso por conta do aumento do colesterol, e em pessoas de 50 a 70 anos. Além disso, a pancreatite por litíase biliar, não tem relação com pancreatite crônica. Pancreatite aguda alcoólica, o alcoolismo é outro importante causa de PA, incidindo com maior frequência entre adultos jovens do sexo masculino. Pacientes com pancreatite aguda e alcoólatras geralmente relatam história de abuso de álcool por muito tempo antes da eclosão da PA e com sintomatologia de longa data. A pancreatite alcoólica, diferente da biliar, tem relação com a pancreatite crônica, pois geralmente é um paciente que possui uma pancreatite crônica, que possui crises de pancreatite aguda. Outras causas: • Hipertrigliceridemia: o aumento de triglicerídeos, e isso acontece, pois quando os lipídios estão muito altos na corrente sanguínea, as lipases que estão no pâncreas, começam a metabolizar triglicerídeos em ácidos graxos, e os ácidos graxos podem ser tóxicos para o pâncreas. Fisiopatologia A fisiopatologia ainda é discutida. Mas acredita-se que o passo inicial é a lesão das células acinares, por aumento de álcool ou aumento de pressão dos ductos, causado por obstrução de algum cálculo biliar. Essa lesão causa a ativação prematura do tripsinogênio em tripsina, em quantidades suficientes para superar o mecanismo de defesa do pâncreas de se proteger. Esse tripsinogênio é ativado ainda no pâncreas, pois a célula lesionada, faz com que as vesículas de lisossomos e zimogênios (enzimas proteolíticas inativas) se fundem, como resultado, há ativação seriada dos demais zimogênios (enzimas proteolíticas inativas) e da fosfolipaseA2, que promove autodigestão do parênquima pancreático. Essa agressão inicial leva a complicações inflamatórias locais e desencadeia resposta imune sistêmica. Com lesão endotelial, liberação de citocinas pró e anti inflamatórias, estresse inflamatório e translocação bacteriana a partir do trato gastrointestinal para a glândula e para a microcirculação. A migração dessas células inflamatórias faz com que a agressão perpetue e possa generalizar. Uma vez que ocorre a lesão tecidual, a doença pode ser compreendida em três fases: resposta inflamatória local, sistêmica/microcirculação e a infecção por translocação bacteriana a partir do intestino. Essas alterações microcirculatórias é importante quando se trata de formas mais graves, causando vasoconstrição, estase capilar, aumento da permeabilidade capilar e isquemia tecidual. São fatores que podem levar a edema local, e em casos mais graves generalizar para extravasamento de água livre provocando hipotensão e hemoconcentração. Além disso, a circulação sistêmica de citocinas, fosfolipase A2 e espécies reativas do oxigênio, provocam lesões em órgãos a distância, e disfunção de vários deles. Na fase tardia das pancreatites agudas graves, as infecções dos tecidos pancreático e peripancreático são a principal causa de mortalidade. Já a hipotensão que surge devido ao extravasamento de líquido para espaço intersticial por conta do aumento da permeabilidade capilar, resulta em isquemia intestinal, e diminuição da barreira mucosa, provocando microfaturas epiteliais que permitem o deslocamento dos microrganismos do cólon para a circulação linfática e venosa. Isso tem como consequência um supercrescimento bacteriano, e quando em contato com o tecido pancreático necrótico, eles encontram ambiente propício para proliferação. Todo esse exagero de resposta inflamatória é capaz de levar a síndrome de resposta inflamatória sistêmica Quadro clínico A principal queixa é a dor abdominal, sendo sua intensidade variável de leve desconforte até dor incapacitante. Costuma ser contínua, mal definidade, localizada no epigástrico e andar superior do abdômen, irradiando para dorso, mas também atingindo flanco direito e esquerdo. O alívio dessa dor costuma acontecer em posição genupeitoral (joelhos apoiados no leito, imagem ao lado) e há agravamento com a posição supina e com esforço. A dor ela costuma ser acompanhada de náuseas e vômitos, que possivelmente está relacionado a intensidade da dor ou a inflamação na parede do estômago. Em pacientes com PA alcoólica, esses sintomas podem aparecer em um a três dias após o uso exagerado de álcool. Exame físico No exame físico há desconforto abdominal a palpação do epigástrico e é possível notar uma massa inflamatória, não costuma ser observado distensão abdominal. Mas há pacientes que a inflamação causa paralisia de íleo, diminui movimentos peristálticos, e acontece distensão abdominal. Nas formas graves são observados sinais de toxemia (intoxicação no sangue, são sinais a má perfusão), abdome doloroso, distendido, respirações superficiais em razão da irritação frênica, hipotensão, taquicardia, febre, alterações sensoriais como encefalopatia pancreática. Pacientes com manifestações sistêmicas também podem evoluir para insuficiência renal, derrame pleural e atelectasia. Aproximadamente 25% dos pacientes têm quadro de icterícia em função da litíase biliar. A hemorragia digestiva também pode ocorrer por ulceras de estresse. Sinais cutâneos: não são comuns, mas podem ser manifestados Sinal de Cullen: equimose em região periumbilical Sinal de Grey Turner: esquimose em flancos Diagnóstico Para diagnóstico são usados os seguintes critérios: dor abdominal persistente, de forte intensidade, localizada em andar superior do abdome, com irradiação para dorso, associado a náuseas e vômitos. A dosagem de enzimas pancreáticas é o exame laboratorial mais indicado, geralmente se faz dosagem de amilase e lipase, e estão até três vezes acima do limite. Elas são dosadas, porque são as enzimas liberadas na corrente sanguínea. Assim, AMILASE E LIPASE SÃO OS PRINCIPAIS MARCADORES DE LESÕES PANCREÁTICAS. A amilase ela eleva-se no primeiro dia, de duas as doze horas após o início dos sintomas e pode manter elevada por até cinco dias. A lipase sérica ela permanece por um período de tempo de sete a dez dias, e possui maior especificidade. Tomografia computadorizada: que irá mostrar lesão com edema e/ou necrose do parênquima pancreático. A TC com contraste é o melhor método, indicado em casos graves. Ultrassonografia: é exame de baixa sensibilidade, mas pode ser útil na litíase biliar. Achados: • Leucocitose que indica inflamação sistêmica • Aumento de proteína C reativa, devido inflamação • Hiperglicemia, porque como as ilhotas pancreáticas podem ser atingidas, o paciente não produz insulina para regular glicose no sangue • TGP acima de 150 pode indicar pancreatite biliar, já que tem relação com o fígado Prognóstico As formas leves correspondem a 85% e se caracterizam por serem autolimitadas, com melhora clínica em até sete dias, sob tratamento conservador com jejum e analgésicos. A forma mais grave está associada até 30% da mortalidade, e o paciente apresenta disfunções orgânicas múltiplas, complicações infecciosas, internação prolongada e terapia intensiva. O critério de prognóstico utilizado é o de Ranson, e precisa de 48 horas de observação para ser definido. Pontuação maior ou igual a 3 indica quadros graves. Tratamento A avaliação dos sinais vitais deve ser realizada de quatro em quatro horas nas primeiras 24 horas. Reposição volêmica: a reposição volêmica deve ser iniciada precocemente, visando manter estabilidade hemodinâmica. Analgesia: a dor abdominal é o principal sintoma e deve ser combatido de maneira eficaz. É preferível analgésicos opioides por via venosa. E a meperidina foi favorecida em relação à morfina, já que a morfina pode promover espasmo do esfíncter de Oddi e agravar a pancreatite. Nutrição: a alimentação aumenta a secreção de enzimas pancreáticas, e isso no contexto de pancreatite aguda aumentaria o processo inflamatório local e perpetuaria a agressão sistêmica. Assim, pacientes com PA leve são mantidos em jejum oral por 3 a 7 dias, até que seja possível reintroduzir a dieta. E a reintrodução deve acontecer por via enteral após estabilização hemodinâmica. Para isso são utilizadas sondas nasojejunais, e aqueles que a dieta não foi atingida por via enteral deve receber nutrição perenteral. Antimicrobianos profiláticos: as necroses pancreáticas costumam infectar, aumentando o risco de mortalidade. A maior parte das infecções são causadas por patógenos como: E. coli, Pseudomonas, Staphylococcus. E para combatelos devem ser utilizados antimicrobianos com boa penetração pancreática, como motronidazol, clindamicina... Pacientes com necrose do tecido pancreático podem fazer uso profilático de antimicrobianos, antes que aconteça a translocação. Manejo da necrose: o diagnóstico é feito por tomografia computadorizada com contraste venoso, e deve ser identificada se é estéril ou infectada, na tomografia, presença de bolhas sugere infecção. Quando é estéril, deve se optar por intervenções cirúrgicas minimamente invasivas. Já a necrose infectada consiste em necrosectomia cirúrgica. Tratamento endoscópico: a colangiopancreotografia retrógrada endoscopuca é indicada para remover cálculos biliares, pacientes com obstruções biliares... De maneira geral: • Reposição volêmica, analgésicos e dieta zero • Definir a forma leve ou grave Pancreatite crônica As PC são caracterizadas por substituição irreversível do parênquima pancreático por áreas de fibrose e surgimento de estenose e irregularidades em ductos pancreáticos. As lesões são progressivas, mesmo que hajaretirada do causador. Essa afecção tem etiopatogenia diversas, que apresentam características morfológicas semelhantes. A pancreatite crônica pode cursar com período de agudização da doença, principalmente em pacientes com PC por álcool. A PC pode ser de dois tipos: As PC calcificantes (PCC) e obstrutiva (PCO). As PCC são as PC que se calcificam com o tempo e correspondem a quase totalidade dos casos, e correspondem às PC alcoólicas, hereditária, nutricional, metabólica e idiopática. Além disso, pode ter mutações genéticas que predispõe a PC hereditária. Acredita-se que lesões diretas aos parênquimas, induzem a formação de micro cálculos, que podem ir se depositando. Já as PCO são mais raras, e não se calcificam, e são consequentes a modificações anatômica que dificulte a drenagem de secreção pancreática para o duodeno, como estenose do ducto pancreático. Epidemiologia A estimativa da incidência da PC é dificultada por ausência de critérios de diagnóstico. Apesar disso, acredita-se que sua incidência seja maior em locais nos quais consumo alcoólico e alimentação rica em gorduras e proteínas são elevadas. E também países com alto índice de desnutrição, principalmente em indivíduos jovens. A PC ocorre no Brasil, em especial na região sudeste por consumo excessivo de álcool e elevador teor alcoólico que possui nas bebidas. Qualquer tipo de bebida alcoólica pode causar lesão pancreática, desde que a quantidade de etanol consumida em determinado espaço de tempo supere a dose considerada crítica para que o pâncreas seja cronicamente comprometido (80 a 100mL de etanol puro diário) Etiologia • Álcool: o consumo abusivo de álcool é a principal causa de PC no Brasil. Geralmente são pessoas que iniciam o consumo aos 20 anos de idade, e permanece assintomático por 15 anos. A quantidade média de álcool consumida diariamente é de aproximadamente uma garrafa de aguardente, de modo regular, durante vinte anos. Os mecanismos pelos quais o álcool promove a lesão não são conhecidos, mas acredita-se que isso ocorra devido toxicidade direta às células acinares, produção excessiva de suco pancreático, aumento de estresse oxidativo, indução de ativação prematura dos zimogênios pancreáticos e carências nutricionais. O tabagismo associado ao etilismo, potencializa o efeito tóxico do etanol, acelerando a progressão da doença. • Pancreatite crônica hereditária: acontece em indivíduos que tem pancreatite aguda recorrente, e tem histórico familiar de PC, além de ausência de fatores etiológicos (álcool, gordura). Os sintomas são de aparecimento precoce. A principal causa é a mutação do gene do tripsinogênio catiônico. E os pacientes com essa mutação, possuem risco de câncer de pâncreas após PC. • Pancreatite crônica nutricional: comum em pacientes que possuem desnutrição proteica grave, e seu mecanismo exato não é conhecido. • Pancreatite crônica obstrutiva: é resultado da dificuldade de drenagem da secreção pancreática para o duodeno. As principais causas são estenoses cicatriciais, estenoses congênitas, estenoses traumáticas ou cirúrgicas do ducto pancreático principal... • Pancreatite crônica idiopática • Pancreatite crônica autoimune: é uma doença fibroinflamatória crônica e rara da glândula pancreática. Fisiopatologia A sua patogênese é ainda desconhecida, mas há teorias, que diz que o álcool irá induzir a quantidade exacerbada de suco pancreático “litogênico”, com grande quantidade de proteína. São fatores que podem causar aumento de pressão no ducto, e o aumento da pressão, dificulta a passagem de sangue, o que evolui para necrose do tecido. Além disso, há produção excessiva de radicais livres, em resposta aos estímulos lesivos, como o álcool, que cursa com inflamação recorrente ao tecido. Fases mais avançadas da doença, causa insuficiência pancreática, tanto de sua parte endócrina, como exócrina. Quadro clínico Esteatorreia (devido não ter absorção de gordura), diabetes melitus (insuficiência endócrina, por não produzir insulina) e calcificações (são os achados mais comuns) As PC, particularmente as alcoólicas, predominam em homens entre 30 e 40 anos de idade. Formas hereditárias e nutricionais afetam mais jovens, na primeira ou segunda década de vida, já as obstruções prevalecem em pessoas acima de 40 anos. As manifestações clinicas, possuem características sem variações de um caso para outro. A dor é um sintoma habitual, e costuma ser o primeiro relato da doença. Manifesta-se sob forma de crises dolorosas recorrentes, localizadas no andar superior do abdome, com duração de um a sete dias, e costuma precipitar com abuso de álcool ou alimentos gordurosos. Fisiopatologia da dor: acredita-se que seja causada por uma hipertensão no ducto, com presença de proteínas nas fases inicias da doença, e por estenose desses ductos em fases tardias, podendo ter inflamação dos nervos peripancreáticos. Além disso, a dor é a principal causa de indicação cirúrgica. O paciente pode apresentar redução de peso, e o emagrecimento em sua maioria está relacionado a intensidade das crises dolorosas, e também pelo envolvimento do parênquima por má absorção. As más manifestações de diabetes são manifestações tardias da doença. E resultam da substituição do parênquima secretor exócrino e endócrino por áreas de fibrose. A icterícia pode ser observada, mas é discreta. Os cistos estão presentes em até 1/3 dos pacientes podendo ser pequenos ou não, e podem ter como complicação a compressão de órgãos ou estruturas vizinhas, infecção, hemorragia, fistulização. O paciente pode ter ascite, derrame pleural e até mesmo derrame pericárdico. Pacientes podem desenvolver hemorragia digestiva, na forma de hematêmese ou melena, causados por rupturas de varizes esofagogástricas, compressão ou trombose de veia espenica. Diagnóstico Em exames laboratoriais, os achados são amilase e lipase, mas que tem seus níveis elevados apenas na fase inicial da doença, ou quando o paciente apresenta crises de agudização. Radiografia de abdome: presença de calcificações em parte pancreática (não são todos os pacientes que irão apresentar, por isso, quando na radiografia não tem esse achado, não se deve descartar a hipótese diagnóstica) Teste da secretina: é o exame de melhor especificidade e sensibilidade, no entanto, é necessário que o paciente já tenha perdido mais de 30% da função do parênquima pancreático, para que o teste dê positivo. O teste é feito da seguinte forma: é aplicado no paciente por infusão venosa secretina e colecistoquinina, dois hormônios que estimulam o pâncreas a produzir suco pancreático, assim, se paciente tem PC, ele terá diminuição desse suco, já que sua funcionalidade de produzir está baixa. O cateter é colocado no duodeno, para que ali possa coletar esse suco. Tomografia com contraste: pode apresentar atrofia de pâncreas, aumento do pâncreas, dilatações dos ductos, cálculos pancreáticos e áreas de calcificação. Ultrassonografia endoscópica: o pâncreas irá apresentar áreas de heterogeneidade, isso é, algumas áreas normais, e outras áreas com calcificação presente, além das alterações nos ductos pancreáticos. Tratamento É indicado ao paciente não fazer consumo de bebida alcoólica, fazer refeições de forma fracionadas e diminuir a ingestão de gorduras. Suplementar enzimas pancreáticas, já que como o pâncreas pode estar insuficiente, ele não irá produzi-las de forma adequada Como um dos principais sintomas é a dor, é necessário tratamento analgésico, sendo que o anti- inflamatório irá depender do quadro clínico do paciente. Referências: Anatomia e fisiopatologia tortora Clínica médica da USP volume 4 Tratado de gastroenterologia: da graduação à pós-graduação. São Paulo: Atheneu, FBG, 2011. 1260 p. ISBN 9788538801702.