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Resumão Direito Penal - Parte Geral

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Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
Direito Penal Parte Geral
Princípios do Direito Penal
Introdução
Direito penal é "a reunião das normas jurídicas pelas quais
o estado proíbe determinadas condutas, sob ameaças de
sanção penal, estabelecendo ainda os princípios gerais do
direito e os pressupostos para a aplicação das penas e das
medidas de segurança, disciplinando as relações jurídicas daí
derivadas para estabelecer a aplicabilidade da pena e a tutela
do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado"
de acordo com o prof. José Frederico Marques.
O direito penal é o direito com maior carga principiológica.
Esses princípios são dirigidos a todos, logo, possuem
generalidade e abstração (erga omnes). Além disso, os
princípios podem estar de fato escritos – sendo explícitos –
ou não (implícitos).
Princípios do Direito Penal
Os princípios são normas que se caracterizam por
estabelecerem um rumo a ser seguido, embora não
apontem um único caminho para o caso concreto. Possuem,
portanto, um grau de generalidade relativamente alto. O
direito penal possui alguns princípios, são eles os listados a
seguir.
● Intervenção mínima➜ indica que o direito penal deve ser
o último a ser chamado dentre todos os direitos, já que é o
mais forte e coativo. Ele possui dois caráteres:
○ Fragmentário➜ o direito penal só tutela os bens
jurídicos (valores) mais importantes para a sociedade
(o bem jurídico da vida é maior que o da junção
conjugal)
○ Subsidiário➜ se outro ramo do direito resolver o
problema, deve-se priorizá-lo no lugar do direito penal
● Alteridade ou exteriorização do fato➜ o direito penal
só se aplica para crimes que ferem o bem jurídico de
terceiros (suicídio não é crime, mas homicídio sim)
● Ofensividade➜ só podem ser criminalizadas condutas
que provocam lesão ao bem jurídico em questão, ou, ao
menos, exponham-no ao perigo
○ Crimes de dano➜ provocam, de fato, lesão ao bem
jurídico (como homicídio ou agressão física)
○ Crimes de perigo➜ basta a probabilidade de dano
para consumar um crime, podendo ser abstrato ou
concreto
○ Perigo abstrato➜ tipo de crime de perigo
constitucional que não exige a comprovação de perigo,
somente a conduta (como dirigir com a carteira
cassada)
○ Perigo concreto➜ quando há, de fato, perigo
envolvido (dirigir com carteira cassada sem respeitar a
sinalização e altas velocidades)
● Individualização da pena➜ a individualização judicial
prevê um julgamento individual para para os envolvidos.
No âmbito legislativo, a individualização garante uma
margem mínima e máxima para a pena correspondente ao
crime
● Proporcionalidade (razoabilidade ou conveniência das
liberdades públicas)➜ princípio implícito que garante a
proporção entre a gravidade do crime e a resposta estatal.
Pode ser uma proibição de excesso (dar a mesma
resposta para consumo de drogas e tráfico de drogas) ou
proteção à proteção deficiente (lei maria da penha)
● Humanidade➜ os crimes não podem ser julgados de
forma desumana (é vedado prisão perpétua, pena de
morte e tortura, por exemplo). Há exceção como os crimes
de guerra.
● Pessoalidade (intranscendência da pena)➜ as penas
não passam da pessoa do condenado, sejam elas penas
privativas de liberdade, restritivas de direitos ou
pecuniárias (multas). O que pode passar é a indenização
cível pode ser executada contra os sucessores
● Responsabilidade penal subjetiva➜ ninguém pode
responder criminalmente sem que tenha agido com culpa
ou dolo, sendo vedada a responsabilidade penal objetiva
● Coculpabilidade➜ o estado também é responsável por
delitos decorrentes da desigualdade social e econômica,
garantindo ao infrator o direito a uma atenuante
inominada (art. 66). Nota-se que o Estado não pode sofrer
uma ação penal, uma vez que ele não pode aplicar uma
pena a si próprio e também não é ativo em nenhum crime.
● Ne bis in idem➜ princípio implícito previsto em norma
supra penal que diz que o agente não pode ser acusado,
processado ou condenado mais de uma vez pelo mesmo
fato dentro do mesmo ramo do direito (mas pode ser em
direitos diferentes como o penal, cível e administrativo)
● Presunção de inocência➜ ninguém pode ser
considerado culpado antes do trânsito em julgado
(período do processo em que não cabe mais recurso) de
sentença penal condenatória
● Responsabilidade do fato➜ o direito penal não pune as
pessoas, e sim os atos por elas cometidos
1
Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
há pena sem prévia cominação legal.
● Legalidade➜ (art. 1º, CPB) não há crime sem lei anterior
que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Sendo "crime" e "pena" dados em ampla definição
[infração penal = crime e contravenção; sanção penal =
pena e medida de segurança]. Esse princípio possui
alguns desdobramentos
Desdobramentos do Princípio da Legalidade
Como o princípio da legalidade possui seus cinco
desdobramentos, desrespeitar qualquer um deles significa
desrespeitar o próprio princípio.
● Não há crime sem lei➜ no direito penal precisa-se de
uma lei formal (que tenha passado pelo processo
legislativo), com estrita legalidade e reserva legal. Ou
seja, uma medida provisória e lei delegada, por exemplo,
não se qualificam como direito penal, por estarem em
sentido material e não formal
● Não há crime sem lei anterior➜ (princípio da
anterioridade) crime é a violação da lei, logo, não pode
haver o descumprimento da lei antes que ela exista
● Não há crime sem lei escrita➜ há países que adotam o
modelo consuetudinarismo (direito dos costumes) e não é
o caso do Brasil, pois aqui é preciso que as leis estejam
escritas, todavia as leis podem ser interpretadas de forma
diferentes de acordo com os costumes de determinada
localidade
● Não há crime sem lei estrita➜ serve para disciplinar o
emprego da analogia (aplicação de leis para casos
semelhantes quando não há lei própria para um
determinado fato) no direito penal. Só é empregada a
analogia no direito penal se ela for boa para o réu (in
bonam partem) e não quando é ruim para o réu (in malam
partem)
● Não há crime sem lei certa➜ (princípio da taxatividade
ou mandado da certeza) a lei penal precisa ser clara ao
mencionar sobre o que especificamente ela está falando.
Esse desdobramento admite dois tipos penais
Tipos Penais do Princípio da Taxatividade
O princípio da taxatividade não impede que haja, no Brasil,
tipos penais abertos e tipos penais em branco. Logo, esses
tipos penais não desrespeitam o quinto desdobramento.
● Tipo penal em aberto➜ a lei descreve a conduta mas é
necessário uma interpretação valorativa (existem crimes
culposos, mas precisa-se de uma interpretação de valores
sobre a culpa do agente)
● Norma penal em branco➜ é um tipo penal que, para ter
aplicação, necessita de um complemento no preceito
primário (descrição da conduta), podendo ser esse
complemento da lei ou de ato infracional (ato
administrativo)
○ Heterogênea➜ (chamada de própria ou em sentido
estrito) o complemento vem de ato infralegal (como os
crimes de drogas, já que a definição de droga vêm de
uma portaria da ANVISA)
○ Homogênea➜ (imprópria ou em sentido amplo) o
complemento vem da própria lei, podendo ser
destrinchada em dois tipos
○ Homovitelina➜ a lei vem do mesmo ramo do
direito (art. 312, CPB menciona "funcionário
público" que é definido pelo próprio código penal)
○ Heterovitelina➜ a lei vem de ramo diferente do
direito (art. 236, CPB menciona "impedimento para
casamento" que é definido pelo código civil)
● Tipo penal em branco ao avesso➜ (ou imperfeita, ao
revés ou secundariamente remetida) o tipo penal
necessita de complemento no preceito secundário
(descrição da pena), podendo esse complemento vir
somente de lei escrita (art. 304, CP coloca a pena a
cominada à falsificação ou à alteração, ou seja, precisa de
complemento na pena)
Aplicação da Lei Penal no Tempo
Introdução
No código penal há somente três artigos que tange esse
tema especificamente (art, 2, 3 e 4). A importância desse
assunto é avaliar "em que momentoo crime foi considerado
praticado" e "qual lei é aplicável a determinado caso concreto
em havendo sucessão de leis penais".
Momento do Crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.
Como expresso no artigo 4º, o crime já é praticado no
momento da conduta, sendo essa a conduta de ação ou de
omissão.
● Teoria da atividade ou ação➜ considera o momento em
que o crime foi praticado, independente do lugar onde ele
se consumou
● Princípio da coincidência ou congruência➜ é no
momento da conduta que os três elementos do crime
(estudados posteriormente) estão presentes para ser
considerado como crime
Obs.: em crimes permanentes (como sequestro)
entende-se que o crime renova a consumação a todo o
instante. Dessa forma, é considerada a idade do sujeito
2
Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
ativo na cessação da permanência e não no início da
conduta.
Sucessão de Leis Penais
Sucessão de lei penal ocorre quando uma lei nova sucede
outra lei antiga e, por consequência, revoga a lei antiga. A
aplicação da lei penal no tempo segue a regra tempus regit
actum (lei do tempo rege o ato), logo, quando uma lei entra
em vigor, ela se aplica aos fatos a partir desta data.
● Princípio da continuidade normativa➜ no Brasil,
quando uma lei é publicada e entra em vigor, ela fica em
vigor indefinidamente (somente quando outra lei a
revogar)
Há, contudo, exceções à regra do tempus regit actum. Uma
lei penal pode retroagir (se aplique a fatos que aconteceram
antes dela existir) ou ultra-agir (continue a reger
determinado fato mesmo após sua revogação).
No caso dessas exceções, elas só podem ocorrer no direito
penal quando for para beneficiar o réu, sendo a
retroatividade e a ultra-atividade sendo do gênero da
extra-atividade.
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
§ Único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer
o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.
O novatio legis in mellius indica que nada pode impedir
uma nova lei benéfica para o réu de retro ou ultra-agir. O
abolitio criminis indica que, se uma nova lei descriminalize
uma conduta, são cessados todos os efeitos penais (não os
extrapenais).
Na abolitio criminis, há uma revogação formal (o tipo penal
é retirado da lei) ematerial (a conduta deixa de ser
considerada criminosa). Já na continuidade normativo-típica
(estudada posteriormente), a revogação é somente formal, ou
seja, é retirada da lei mas ainda é considerada crime através
de outro tipo penal (transmudação geográfica-típica).
Em período de vacatio legis (lei publicada mas não em
vigor), ela não pode ser aplicada, mesmo que seja mais
benéfica para o agente.
Ademais, não é admitida a lex tertia (combinação de leis
penais) para melhor benefício do réu (se uma pena for de 2 a
8 anos e a outra for de 3 a 6 anos, não haverá uma
combinação de pena de 2 a 6 anos, e sim uma melhor
avaliação de qual delas é mais benéfica para o réu).
Casos Especiais
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante a sua vigência.
● Leis excepcionais➜ possui data de início de vigência mas
não data de término
● Leis temporárias➜ possui data de início e data de
término
São exceções ao princípio da continuidade as leis
excepcionais e temporárias, já que são auto revogáveis e
sempre ultra-ativas.
Em casos de crime continuado ou permanente, a nova lei
penal se aplica sempre que entra em vigor durante o crime,
não interferindo se ela é mais benéfica ou não que a lei
anterior. (se uma lei A tem pena de 1 a 4 anos é revogada por
uma lei B com pena de 2 a 8 anos antes de um sequestro
acabar, a lei B será aplicada).
● Lei intermediária➜ ocorre quando, por sucessão de leis
penais, a lei que estão agindo no momento não é nem a
lei revogada que existia quando o crime foi consumado,
nem a lei que está em vigor atualmente (lei A
descriminalizada pela lei B e criminalizada novamente
pela lei C).
Aplicação da Lei Penal no Espaço
Lugar do Crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado
O artigo sexto descreve a chamada teoria da ubiquidade em
que, para fins da aplicação da lei penal brasileira, o Brasil se
considera competente para o julgamento do agente tenha
sido a conduta ou o resultado ocorrido dentro ou fora do país.
Nessa teoria, o lugar do crime é o lugar da ação ou omissão,
bem como o lugar onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado.
● Teoria da ubiquidade➜ conduta dentro do Brasil e
resultado fora, ou conduta fora do Brasil e resultado
dentro, o Brasil entende que pode aplicar sua lei
Princípio da Territorialidade e Suas Exceções
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
crime cometido no território nacional.
3
Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como
extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como
as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou
de propriedade privada, que se achem, respectivamente,
no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas
em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do
Brasil.
● Território brasileiro➜ é o gênero do qual decorrem duas
espécies: território físico e jurídico
○ Território físico➜ é o território terrestre (extensão do
mapa brasileiro até a fronteira dos outros países),
território marítimo (toda a extensão de mar, dentro de
12 milhas marítimas a partir do fim da terra) e território
aéreo (tudo o que sobrevoar o território terrestre ou
marítimo)
○ Território jurídico➜ (art. 5º, § 1º, CPB) território
jurídico sempre será um navio ou avião. Se for público
ou privado a serviço do governo, é território jurídico do
país ao qual pertence. Se privado e não a serviço do
país, se considera território jurídico brasileiro somente
até o alto mar (fora das 12 milhas marítimas do país),
fora esse limite, a responsabilidade é do país da
embarcação
○ Embaixada➜ as embaixadas não são extensões
territoriais do país de origem. As leis das
embaixadas são as leis do território físico
● Princípio da territorialidade➜ a fatos que aconteçam
dentro do território de uma país, esse país tem direito
sobre a pessoa. Possui duas exceções (ou seja, a
territorialidade é temperada, mitigada ou relativa)
○ Intraterritorialidade➜ o fato ocorre dentro do
território brasileiro mas o Brasil abdica do seu direito
de aplicar sua lei (ex.: imunidade diplomática)
○ Extraterritorialidade➜ o fato ocorre fora do território
brasileiro mas o Brasil, em tese, pode aplicar sua lei
Resumindo: Fato Lei
Territorialidade Brasil Brasil
Intraterritorialidade Brasil Outro País
Extraterritorialidade Outro País Brasil
Existem três tipos de extraterritorialidade na lei penal
brasileira, são elas:
○ Incondicionada➜ (art. 7º, I, CP) aplica-se a lei penal
Brasileira a fato ocorrido fora do território brasileiro
independentemente de qualquer condição
○ Condicionada➜ (art. 7º, II, CP) aplica-se a lei penal
Brasileira a fato ocorrido fora do território brasileiro
(todas as condiçõe do parágrafo segundo devem ser
verdadeiras)
○ Hipercondicionada➜ (art. 7º, II, § 3º, CP) aplica-se a
lei penal Brasileira a fato ocorrido fora do território
brasileiro desde que preenchidas as condições
previstas no segundoe terceiro parágrafo do artigo em
questão
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
no estrangeiro:
I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente
da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da
União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu
serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil;
II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se
obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c)
praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a
lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o
agente no território nacional; b) ser o fato punível também
no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre
aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d)
não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter
aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no
estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas
as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi
pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do
Ministro da Justiça.
4
Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
Penas Internacionais
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou
nela é computada, quando idênticas.
Esse artigo diz que se as penas (qualitativamente) forem
diferentes no Brasil e em outro país, as penas são atenuadas.
Se forem as mesmas, a pena é computada no Brasil (ex.: se,
no extrangeiro, a pena for de 10 anos de prisão e, no Brasil,
for de 12 de prisão, como as duas penas são de prisão o
agente cumpre 10 anos lá e 2 anos aqui. Se a pena no Brasil
for de multa, ele cumpre as duas penas).
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições
e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
§ Único - A homologação depende: a) para os efeitos
previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b)
para os outros efeitos, da existência de tratado de
extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou
a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do
Ministro da Justiça.
Para que a sentença estrangeira possa produzir
determinados efeitos no Brasil, ela deverá ser homologada
pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ). A execução de pena é
um ato de soberania.
● Passagem inocente➜ um navio privado que está usando
mares brasileiros somente como passagem (sem intenção
de atracar) responde ao seu país em caso de crime que
não prejudica o Brasil
Sujeitos e Objetos do Crime
Sujeitos do Crime
● Sujeito ativo➜ é a pessoa física que comete o crime (em
regra, só o ser humano maior de 18 anos)
A única exceção a essa definição é a pessoa jurídica
cometendo crimes de natureza ambiental. Pela
responsabilidade apartada, a pessoa jurídica tem pena
separada das pessoas físicas envolvidas.
● Sujeito passivo mediato, constante ou formal➜ será
sempre o Estado
● Sujeito passivo imediato, eventual ou material➜ é o
titular do bem jurídico violado, ou seja, a vítima
Civilmente incapaz, pessoa jurídica, recém-nascido, entes
sem personalidade jurídica e feto são exemplos de possíveis
vítimas de crimes. Pessoas mortas e animais não podem ser
vítimas de crime. Assim como o ser humano não pode ser um
sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo pelo princípio da
alteridade.
● Crimes de dupla subjetividade passiva➜ crime que,
necessariamente, possuem mais de uma vítima ao mesmo
tempo (ex.: violação de correspondência, sendo vítimas o
destinatário e o remetente)
Penas Internacionais
● Objeto material➜ é a coisa ou, se não havendo coisa, a
pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa. Pode
acontecer de vítima e objeto material serem idênticos,
diferentes e até haver crime sem objeto material
● Objeto jurídico➜ (bem jurídico) é todo o bem ou
interesse que a lei visa proteger quando incriminada
determinada conduta
○ Crime mono-ofensivo➜ ofende apenas um bem
jurídico (ex.: o patrimônio no furto)
○ Crime pluriofensivo➜ ofende mais de um bem
jurídico (ex.: a liberdade individual e o patrimônio no
roubo)
Elementos do Crime
Introdução aos Elementos do Crime
O crime só existe se existirem a junção de três elementos
(conceito analítico tripartido do crime) que são, por sua vez,
cumulativos e com uma ordem pré-definida . A ordem é a
seguinte:
1. Fato típico➜ o fato precisa ser descrito em lei como
crime
2. Fato antijurídico➜ sua prática não estar em acordo com
o direito (o fato pode ser uma exclusão de antijuridicidade
ou ilicitude)
3. Culpabilidade➜ a pessoa que praticou o fato típico e
antijurídico ser passível de ter contra si infligida uma pena
Exclusão da Ilicitude e Culpabilidade
O artigo 23 declara quais são as situações que tornam a
execução do fato típico excludentes de antijuridicidade, ou
seja, a execução de um ato que está previsto como crime no
código penal não é considerado crime por não estar em
acordo com o fato antijurídico (ex.: homicídio em legítima
defesa não é crime.
É possível que um fato típico e antijurídico não seja crime
quando há um excludente de culpabilidade no momento
da conduta. Os excludentes de culpabilidade são:
○ (art. 26, caput, CP) Doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado que
deixou o sujeito incapaz de entender o fato ilícito no
momento da conduta
○ (art. 27, CP) Menoridade
5
Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
○ (art. 28, §1º, CP) Embriaguez completa proveniente de
caso fortuito ou força maior
○ (art. 21, caput, 1a parte, CP) Erro de proibição
inevitável
○ (art. 22, CP) Coação moral irresistível e obediência a
ordem não manifestamente ilegal de superior
hierárquico
Fato Típico
Conduta Penalmente Relevante
O fato típico é o primeiro elemento do crime. Para que
exista o fato típico nos crimes materiais, ele precisa
obedecer a quatro elementos (conduta penalmente relevante,
resultado, nexo causal e tipicidade). Em crimes formais e de
mera conduta precisa de dois elementos (conduta
penalmente relevante e tipicidade).
● Conduta penalmente relevante➜ sendo conduta o
comportamento de ação ou omissão, a conduta
penalmente relevante é aquela que necessita ser (em
ordem):
○ Humana➜ (análise objetiva) a conduta precisa ser
realizada por um humano, sendo a única outra
possibilidade a conduta criminosa de pessoa jurídica
em crime ambiental
○ Voluntária➜ (análise objetiva) ocorre quando o
movimento corporal (ação) ou inação corporal
(omissão) acontecendo são de total controle do agente
(ex.: sonambulismo, hipnose, reflexo involuntário e
coação humana involuntária. Ação em curto circuito é
parcialmente voluntária, portanto pode ser
considerada a pena)
○ Dolosa ou Culposa➜ (análise subjetiva, não sendo
possível ser culposa e dolosa ao mesmo tempo)
Crime Doloso
Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o
risco de produzi-lo.
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.
§ Único - salvo os casos expressos em lei, ninguém pode
ser punido com fato previsto como crime, senão quando o
pratica dolosamente.
● Crime doloso➜ (art. 18, I, CP) o código penal extrai dois
tipos de dolo:
○ Teoria da vontade➜ quando o agente quis o
resultado (o agente quer o resultado, logo,temos dolo
direto)
○ Teoria do assentimento➜ quando o agente assumiu
o risco de produzir o crime (porém, o agente não queria
o resultado, logo, temos dolo eventual)
● Dolo direto➜ pode ter dois graus diferentes
○ 1º grau➜ o agente, com consciência (elemento
cognitivo) e vontade (elemento volitivo), quer causar
determinado resultado e age em busca disso (ex.:
matar uma pessoa querendo matá-la)
○ Elemento cognitivo➜ sempre precede o elemento
volitivo e indica que você tem consciência da
existência do crime
○ Elemento volitivo➜ o agente tem a vontade e,
portanto, intenção de consumar o crime
○ 2º grau➜ ocorre quando o agente escolhe um meio
para efetuar o crime doloso direto de 1º grau que,
necessariamente, provoca, por consequência, outros
crimes dolosos por causa do meio escolhido, sendo
esses outros crimes, portanto, dolosos diretos de 2º
(ex.: colocar uma bomba em um avião para matar uma
pessoa e, sabendo que iria matar o restante da
tripulação, pratica a conduta da mesma forma, tendo
havido dolo de 2º grau com o restante da tripulação)
● Dolo eventual➜ o agente não quer causar o resultado.
Contudo, pratica uma conduta de risco, percebe (tem
previsão) o que ela pode causar e, por indiferença do
resultado (o que difere dolo eventual da culpa é a
indiferença), assume o risco da conduta, logo, responde
como crime doloso
Crime Culposo
● Crime culposo➜ (art. 18, II, CP) ocorre quando o agente
deu causa ao resultado (não o querendo) por imprudência,
negligência ou imperícia
Há alguns elementos do crime culposo – que é, por sua
vez, um crime material (sempre causa um resultado) –
obrigatórios e cumulativos. São eles:
1. Conduta humana voluntária;
2. Resultado lesivo involuntário (mas a conduta é voluntária),
[não querer (dolo direto) e não assumir o risco (dolo
eventual)];
3. Violação de um dever objetivo de cuidado (negligência,
imprudência ou imperícia)
As formas com as quais o agente viola o dever objetivo de
cuidado são:
○ Negligência➜ comportamento negativo em que o
sujeito deixa de fazer o que deveria (desídio, desleixo,
desatenção…)
○ Imprudência➜ comportamento positivo em que o
sujeito faz o que não deveria (precipitação, afoiteza…)
○ Imperícia➜ ausência de qualificação técnica e/ou
habilidade necessária para o exercício da arte,
profissão, ofício ou atividade
4. Nexo de causalidade entre conduta e resultado;
5. Tipicidade [(art. 18, p. único, CPB) crime doloso é a regra,
o culposo é a exceção, devendo estar prevista na lei];
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Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
6. Previsibilidade (a culpa se subdivide em consciente e
inconsciente).
A previsibilidade precisa estar presente em todos os
elementos de culpa. Todavia, a previsão só existe em culpas
conscientes.
A previsibilidade se analisa em relação ao fato, ou seja, se
o fato era ou não possível de se imaginar que ia acontecer. A
previsão se analisa em relação ao agente, logo, se no caso
concreto o agente percebeu o que estava para acontecer,
houve previsão, caso contrário, não houve.
○ Culpa consciente➜ há um 7º elemento, a previsão.
Não quer causar o resultado, percebe um risco na
conduta mas acredita que nada vai acontecer (ex.:
lascívia)
○ Culpa inconsciente➜ não há o 7º elemento previsão.
O agente não quer o resultado, contudo, pratica uma
conduta de risco e causa o resultado sem perceber
(percebendo só depois)
A diferença, portanto, do dolo eventual com a culpa
consciente é que no dolo eventual o agente é indiferente ao
resultado previsível.
● Compensação de culpas➜ figura do direito civil (logo,
não existe no direito penal) em que há eliminação da
culpabilidade porque tanto o agente quanto a vítima
estavam agindo culposamente
● Concorrência de culpas➜ é possível no direito penal,
sendo a concorrência de culpas quando dois indivíduos,
um ignorando a participação do outro, concorrem
involuntariamente para a produção de um fato definido
como crime
Portanto, a culpa da vítima não exclui a responsabilidade
criminal do autor. Quando há culpa exclusiva da vítima, não
há ato criminoso envolvido (ex.: motorista acima do limite de
velocidade que atropela um pedestre fora da faixa).
Preterdolo e Exteriorização da Conduta
● Preterdolo➜ conduta dolosa que causa um resultado
culposo mais grave que a intenção inicial (ex.: agressão
dolosa que gerou morte culposa da vítima que é uma
lesão qualificada pela morte) devendo ser previsto em lei
Se o crime mais grave ocorrer em condições imprevisíveis, o
agente só responde pelo dolo inicial.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.
§ 1º - (Superveniência de causas independentes) A
superveniência de causa relativamente independente
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado;
os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou.
§ 2º - (Relevância da omissão) A omissão é penalmente
relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar
o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por
lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de
outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco
da ocorrência do resultado.
Como é explicitado, os tipos penais só fazem referências a
condutas criminosas, podendo elas serem de duas espécies:
● Comissão➜ quando a conduta descrita no tipo penal
exprime a ideia de ação, logo, são praticados por uma
ação (ex.: falsificar, matar, subtrair…)
● Omissão própria➜ quando o tipo penal exprime a ideia
de inação, logo, são praticados através de uma omissão
(ex.: deixar de prestar, deixar de fazer…)
● Omissão imprópria➜ (comissão por omissão) ocorre
para uma categoria especial de pessoas, os agentes
garantidores, sendo um crime comissivo praticado por
uma omissão (ex.: policial presenciando um crime e não
intervindo)
○ Agente garantidor➜ (art. 13, § 2º, CP) são as
pessoas que tem o dever jurídico (causalidade
normativa, logo, respondem pelo crime) de evitar um
resultado
○ Garantidor voluntário➜ (art. 13, § 2º, alínea b, CP)
são aquelas pessoas que não tem o dever legal de
cuidado, proteção ou vigilância mas, naquele contexto,
assumiu a responsabilidade previamente
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Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
○ Ingerência➜ (art. 13, § 2º, alínea c, CP) ocorre quando
uma pessoa cria um risco, logo, é responsabilizado por
evitar que o risco se concretize
A redação do tipo penal de crimes omissivos impróprios
é: "artigo do crime c/c art. 13, § 2º, 'a, b ou c'" tal que c/c
significa "combinado com".
O omissor impróprio pode responder de forma dolosa –
omissão intencional – ou culposa (se o crime permitir a forma
culposa).
Resultado
O resultado pode ser classificado como jurídico ou
naturalístico:
● Resultado jurídico➜ é a violação da norma e, por isso,
todos os crimes o possuem
● Resultado naturalístico➜ é o que está previsto no tipo
penal, logo, nem todo crime o possui (ex.: só há homicídio
se houver morte como resultado sendo, portanto,
naturalístico e jurídico)
Quanto à possibilidade ou necessidade de ter resultado
naturalístico, os crimes são classificados em três tipos
diferentes:
● Crimes materiais➜ o tipo penal contém conduta e
resultado naturalístico, sendo esta indispensável à
consumação (ex.: homicídio simples (exige morte) e lesão
corporal (exige a ofensa))
● Crimes formais➜ o tipo penal contém conduta e
resultado naturalístico, sendo este dispensável à
consumação (ex.: extorsão – tem a intenção de obter
vantagem econômica, mesmo sem obter a vantagem, a
conduta foi consumada)
● Crimes de mera conduta➜ o tipo penal contém somente
a conduta, sem mencionar resultado naturalístico (ex.:
violação de domicílio)
Nexo Causal e Concausas
● Nexo causal➜ (art. 13, caput, CP) é a ligação entre a
conduta penalmente relevante e o resultado naturalístico,
logo, é característica de crimes formais
○ Causa➜ tudo aquilo, sem restrição, que, caso não
existisse, o resultadonão teria ocorrido da forma que
ocorreu (Conditio sine qua non). Porém, a imputação
do crime de determinado resultado natural é referente
à pessoa vinculada objetivamente (conduta humana e
voluntária) e subjetivamente (dolo ou culpa)
● Concausas➜ concurso de eventos que vão em busca de
um mesmo resultado (ex.: um assassino consuma o ato de
agressão que levará a morte de alguém, mas antes que
ela possa morrer de fato, outro evento a mata, sendo duas
causas para o mesmo resultado)
Quando há situações assim, o primeiro passo é saber qual
foi o evento paralelo à conduta. Em seguida, precisa
compreender se o evento paralelo causou sozinho o
resultado ou se ele foi complementar para consumar o
resultado.
● Concausa absolutamente independente➜ ocorre
quando o evento paralelo causa o resultado sozinho, logo,
excluindo o nexo causal entre o agente da tentativa do
crime, fazendo com que ele responda por crime tentado –
pode ser preexistente, concomitante ou superveniente
(ex.: um lustre cai em cima da vítima que tinha acabado de
ingerir veneno, morrendo por causa do impacto)
● Concausa relativamente independente➜ situação em
que o evento paralelo "uniu forças" com o ato criminoso
para gerar um resultado e, portanto, possuindo nexo
causal e tornando o crime consumado – pode ser
preexistente ou concomitante (ex.: alguém tem um ataque
cardíaco por levar um tiro no ombro, resultando em morte)
A teoria da causalidade adequada é a que tange todas as
concausas relativamente independentes, exceto as
supervenientes.
○ Relativamente independente superveniente➜ (art.
13, §1º, CP) na primeira situação, o crime é
consumado quando a concausa por si só não causou o
resultado ou o resultado se deu na mesma linha de
desdobramento natural da conduta do agente (ex.: um
tiro não mata de imediato a vítima, que, quando levada
para o hospital, contrai um vírus e morre)
Na segunda situação, o agente responde por crime
tentado quando a concausa por si só causou o
resultado (ex.: após o tiro, a vítima é levada para o
hospital que, quando chega lá, morre soterrada por um
desabamento)
Tipicidade
● Tipicidade➜ é o encaixe de determinada conduta, a qual
lesiona o bem jurídico ou o expõe a perigo de lesão, de
forma significativa, a determinado tipo penal incriminador
A tipicidade quanto gênero é composta por duas partes, a
primeira é a tipicidade formal e a segunda é a material.
1. Tipicidade formal➜ a conduta se encaixa em algum tipo
penal incriminador (logo, se há uma conduta descrita em
lei prevê uma pena)
2. Tipicidade material➜ quando a conduta ocorrida lesiona
o bem jurídico ou o expõem em perigo
Quando há os dois tipos de tipicidade, respectivamente, há
tipicidade penal. Quando só houver a tipicidade formal, a
tipicidade é formalmente típica e materialmente atípico, e se
aplica em algum dos dois princípios a seguir:
● Princípio da insignificância➜ a lesão ou perigo de lesão
ao bem jurídico é ínfimo, irrisório, írrita, insignificante (ex.:
furto de uma caneta bic de uma livraria)
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● Princípio da adequação social➜ incidiria porque a
conduta praticada é aceita, tolerada pela sociedade (ex.:
praticar de jogos de azar)
Ambos os princípios são doutrinários e instrumentos de
interpretação restritiva do tipo penal. A diferença é que os
tribunais superiores aceitam o princípio da insignificância e
rechaçam, sempre, o princípio da adequação social.
O princípio da insignificância é aceito pelo STF e STJ quando
os vetores (abaixo) estejam, cumulativamente, presentes e
não haja vedação absoluta tomando como base a natureza
da infração penal.
Vetor 1.Mínima ofensividade da conduta do agente
Vetor 2.Ausência da periculosidade social da ação
Vetor 3.Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
Vetor 4.Inexpressividade da lesão jurídica causada
○ Vedação absoluta➜ determinados tipos penais não
admitem a aplicação do princípio da insignificância
(contrabando, maria da penha, furto qualificado…)
○ Vedação relativa➜ quando presentes os quatro valores,
alguns tipos penais admitem o princípio da insignificância
(furto simples, crimes ambientais, descaminho…)
Fato Antijurídico
Excludentes de Ilicitude
● Fato antijurídico➜ (ou fato ilícito) ocorre quando um fato
típico é praticado em contexto de contrariedade ao direito
Caso o fato típico seja praticado em contexto onde não
existe contrariedade ao direito, este fato típico estará
justificado perante o ordenamento jurídico, não sendo,
portanto, um crime
● Indiciariedade➜ (ratio cognoscendi) necessariamente,
um fato antijurídico precisa de um fato típico para existir,
porém, não significa que todo fato típico será antijurídico,
mesmo sendo muito provável que sim
Quando um fato for lícito no direito penal, ele será lícito
para todas as áreas do direito, contudo, a recíproca não é
verdadeira (ex.: ilicitude no civil que não é considerada crime).
Para um fato ser considerado como antijurídico, ele precisa,
respectivamente, ser um fato típico e, em seguida, que ele
não tenha sido praticado em contexto de contrariedade ao
direito (exclusão de antijuridicidade), sendo esses contextos
os seguintes previstos no art. 23 do CP.
Além dessas causas de exclusão de ilicitude, há exclusão
de antijuridicidade nas situações em que há consentimento
do ofendido, sendo ela doutrinária e, logo, extra legal.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.
§ Único - (Excesso punível) O agente, em qualquer das
hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou
culposo.
Os tópicos a seguir irão especificar cada um dos casos mais
abrangentemente, incluindo também as exceções de ilicitude
que não são consideradas crimes, porém, ainda assim
possuem consequência nas outras esferas do direito.
Estado de Necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha
o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
● Estado de necessidade➜ a compreensão inicial do
estado de necessidade é que alguém irá sacrificar
determinado bem jurídico com a finalidade de proteção a
outro bem jurídico. Contudo, uma particularidade indica
que o titular do bem jurídico sacrificado e o do ofendido
devem estar em condições de licitude
○ Reciprocidade➜ pela característica de ambos
estarem em condições lícitas, um pode estar em estado
de necessidade com o outro ao mesmo tempo, sendo
chamado de estado de necessidade recíproco
A doutrina extrai a partir da lei os requisitos (cumulativos e
obrigatórios) para que o agente possa ser excluído de
ilicitude pelo estado de necessidade:
1. O agente precisa estar em perigo atual (não o perigo
iminente)
2. O agente não pode ter sido provocador doloso deste
perigo
3. Possuir finalidade de salvamento de bem jurídico próprio
ou de terceira pessoa
4. O fato típico do contexto precisa ser indispensável para
a proteção do bem jurídico – logo, se houvesse uma
alternativa menos grave (commodus discessus) não se
poderá cogitar estado de necessidade
5. O agente não pode possuir o dever legal de
enfrentamento do perigo
6. Precisa haver proporcionalidade entre o bem jurídico que
foi sacrificado e o protegido
A teoria unitária não permite que o estado de
necessidade justifique o fato típico praticado para proteger
um bem jurídico caso esse bem possua valor menor do
que o sacrificado, somente uma redução de pena.
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● Estado de necessidade defensivo➜ ocorre quando o
sacrifício é em relação ao provocador do perigo
● Estado de necessidade agressivo➜ ocorre quandoo
agente sacrifica bem jurídico de terceiros que não têm
nada a ver com o contexto
● Conhecimento da situação justificante➜ não se aplica o
estado de necessidade quando o agente não sabe que
está agindo para salvar um bem jurídico próprio
O conhecimento acerca da situação de risco é chamado de
elemento subjetivo da excludente da ilicitude
● Estado de necessidade com erro na execução➜ é
possível que o agente erre a execução da proteção do
bem jurídico e acabe por atingir bens jurídicos de terceiros,
tendo, assim, cometido o fato contra a pessoa ou o objeto
pretendido, não contra aquele efetivamente atingido em
decorrência do erro
Legítima Defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
§ Único - Observados os requisitos previstos no caput
deste artigo, considera-se também em legítima defesa o
agente de segurança pública que repele agressão ou risco
de agressão a vítima mantida refém durante a prática de
crimes.
● Legítima defesa➜ nesse tipo de exclusão de ilicitude,
uma pessoa irá se defender ou defender terceiro de uma
agressão humana injusta, atual ou iminente, a bem jurídico
próprio ou alheio, logo, envolve sempre um ato lícito em
defesa de um ato ilícito
A doutrina extrai a partir da lei os requisitos (cumulativos e
obrigatórios) para que o agente possa ser excluído de
ilicitude por legítima defesa:
1. O agente precisa estar diante de agressão injusta e atual
ou iminente (não basta que seja apenas uma provocação)
2. Possuir a finalidade de autodefesa ou defesa de terceiro
3. Proporcionalidade na defesa
● Agressão➜ qualquer conduta humana direcionada, seja
ou não criminosa, a lesar ou pôr em perigo um bem
juridicamente tutelado
○ Agressão injusta➜ toda aquela, criminosa ou não,
que não é autorizada pelo direito. Havendo
proporcionalidade, todo bem jurídico pode ser
protegido por legítima defesa
○ Atualidade e iminência da agressão➜ a agressão
atual é quando está acontecendo e iminente é quando
está prestes a acontecer, ambas admitindo legítima
defesa
● Proporcionalidade na defesa➜ o agente está autorizado
a fazer apenas o necessário para que a agressão injusta ao
bem cesse
Alguns questionamentos especiais temos:
1. Conhecimento da situação justificante➜ é necessário o
conhecimento acerca da situação de risco – chamado de
elemento subjetivo da excludente de ilicitude (animus
defendendi) – para haver legítima defesa
2. Legítima defesa com erro na execução➜ (art. 73, CP) é
possível que, por causa de erro na execução da legítima
defesa, o agente acaba lesando bem jurídico de terceiros
inocentes, nesse caso, considera-se cometido o fato contra
a pessoa ou o objeto pretendido, não contra aquele que
efetivamente foi atingido por causa do erro (responde na
esfera cível, não na criminal)
Art. 73 - (Erro na execução) Quando, por acidente ou erro
no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de
atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa
diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra
aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste
Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70
deste Código.
● Legítima defesa sucessiva➜ ocorre quando, uma vítima
de agressão injusta age em legítima defesa e impossibilita
o agressor de continuar a agressão e, por algum motivo, a
vítima continua a agredir o agressor inicial, tornando-se,
assim, o novo agressor e não agindo mais em legítima
defesa, mas sim em agressão injusta
● Commodus discessus➜ diferentemente do estado de
necessidade, haver uma opção menos grave em relação à
defesa do bem jurídico não desqualifica o ato como
legítima defesa
Estrito Cumprimento do Dever Legal
● Estrito cumprimento do dever legal➜ ocorre quando o
agente é obrigado, por lei (tem o dever), a praticar
determinado fato típico
Art. 30 - (Circunstâncias incomunicáveis) Não se
comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime.
Esse excludente é comunicável, nos termos do art. 30 do
CP (ex.: se um policial com ordem de arrombar uma casa
pede ajuda para um vizinho, ambos estão agindo no
estrito cumprimento do dever legal)
Exercício Regular de Direito
● Exercício regular de direito➜ ocorre quando o agente
tem o direito (não o dever) de praticar determinado fato
típico
Logo, a diferença entre o exercício regular de direito e o
estrito cumprimento do dever legal é que, respectivamente,
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Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
um exclui a criminalidade porque está dentro do direito de
fazer e o outro é um dever da pessoa fazer.
● Ofendículos➜ são aparatos visíveis destinados a defesas
da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico (ex.:
cerca elétrica no seu muro), sendo eles lícitos desde que
não em excesso, logo, o responsável não responde por
eventuais resultados lesivos por exercício regular de
direito pelo seu patrimônio
● Armadilhas➜ são aparatos ocultos que têm a mesma
finalidade dos ofendículos, contudo não amparados pelo
direito (ex.: cerca elétrica de baixo de arbustos), logo, há
resposta criminal
Consentimento do Ofendido
● Consentimento do ofendido➜ doutrinariamente, pode
atuar como excludente de ilicitude (regra) ou de tipicidade
(exceção)
○ Exclusão de ilicitude➜ quando a existência ou
inexistência de consentimento da vítima não afeta o
juízo de tipicidade (lesão corporal no masoquismo
ainda é um fato típico, porém não ilícito). Os requisitos
para isso são:
○ Ofendido capaz (capaz de receber pena)
○ Bem jurídico disponível (patrimônio, ao contrário da
vida que é indisponível)
○ Consentimento explícito e anterior ou concomitante
à agressão
○ Exclusão de tipicidade➜ ocorre quando a existência
ou inexistência do consentimento da vítima afetar o
juízo da tipicidade (ex.: ato sexual consentido (a partir
de 14 anos) é atípico, ao contrário do sem
consentimento que é estupro)
Excesso Punível
Art. 23 - (Excesso punível) O agente, em qualquer das
hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou
culposo.
● Excesso punível➜ (art. 23, CP) todos os excludentes de
ilicitude possuem uma razão para existir; cessada essa
razão, eles desaparecem e o agente responde por todos
os atos que praticar além dela, seja dolosamente ou
culposamente
Culpabilidade
Introdução
● Culpabilidade➜ é o 3º elemento do crime cujo conceito é
um juízo de reprovabilidade que recai sobre o autor de um
fato (conduta) típico e antijurídico (ilícito)
Para existir culpabilidade, deve haver três elementos
obrigatórios e cumulativos – imputabilidade, potencial
consciência sobre a ilicitude do fato e exigibilidade de
conduta diversa.
Imputabilidade
● Imputabilidade➜ é a possibilidade de se atribuir alguém
a responsabilidade por algum fato, ou seja, o conjunto de
condições mentais à época da conduta, que dá ao agente
a capacidade para lhe ser juridicamente imputada a
prática de uma infração penal
Podemos verificar a imputabilidade pelos excludentes de
imputabilidade, chamado de inimputabilidade, sendo os três
tipos descritos a seguir:
● Inimputabilidade por anomalia psíquica➜ (art. 26,
caput, CP) é um critério biopsicológico porque, para sua
constatação, exige-se a constatação da anomalia (por
perícia) e da sua capacidade de entendimento e/ou
autodeterminação quando da prática da conduta – temos
um injusto penal
Art. 26 - (Inimputáveis) É isento de pena o agente que, por
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ Un. - (Redução de pena) A pena pode ser reduzida de
um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Logo, esse tipo de inimputabilidadeexige uma doença ou
retardomental juntamente à incapacidade de entender
o caráter ilícito do fato ou ser inteiramente incapaz de se
comportar de acordo com seu entendimento. Nesses
casos, não há crime, mas pode haver medida de
segurança
○ Semi-imputabilidade➜ (art. 26, § Único, CP) o sujeito
não é inteiramente capaz (há capacidade parcial) de
entender o caráter ilícito de sua conduta, logo, há
redução de pena
● Inimputabilidade por menoridade➜ (art. 27, CP) não
são imputáveis pessoas menores de 18 anos de idade,
que são somente sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial
Art. 27 - (Menores de dezoito anos) Os menores de 18
(dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando
sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
Caso um menor etário provoque um fato típico e
antijurídico, não houve crime, mas sim um ato infracional,
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resultando na necessidade de uma medida
socioeducativa.
● Inimputabilidade por embriaguez➜ (art. 28, II, § 1º, CP)
Art. 28 - (Emoção e paixão) Não excluem a imputabilidade
penal:
I - a emoção ou a paixão;
II - (embriaguez) a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo
álcool ou substância de efeitos análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A embriaguez no direito penal pode se dar por álcool ou
qualquer substância com efeitos similares. A embriaguez
pode ser voluntária (ficou embriagado porque quis) ou
involuntária (ficou embriagado sem querer) e não acidental
(ingeriu a substância porque quis) ou acidental (ingeriu sem
querer):
● Embriaguez voluntária➜ o sujeito ficou embriagado
porque quis
○ Dolosa➜ (não acidental) quis ingerir a substância e
quis ficar embriagado, mas não causar um crime
previamente
○ Preordenada➜ (não acidental) quis ingerir a
substância e quis ficar embriagado com a intenção de
cometer um crime, sendo um agravante da pena
● Embriaguez involuntária➜ o sujeito ficou embriagado
sem querer
○ Culposa➜ (não acidental) quis ingerir a substância
porém não quis ficar embriagado
○ Caso fortuito➜ (acidental) o sujeito não queria ingerir
a bebida e nem ficar embriagado, porém ocorreu sem
estar ciente
○ Força maior➜ (acidental) o sujeito não queria ingerir a
bebida e nem ficar embriagado, porém foi forçado a
ingerir
Nos casos de embriaguez não acidental, o sujeito é
imputável sempre. Nos casos das acidentais, se a
embriaguez é completa, o sujeito é inimputável, se parcial, é
semi-imputável, logo, com pena reduzida.
Potencial Consciência da Ilicitude
● Potencial consciência da ilicitude➜ possibilidade do
agente conhecer a antissocialidade, imoralidade de sua
conduta, de acordo com suas condições educacionais e
culturais
Art. 21 - (Erro sobre a ilicitude do fato) O
desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
§ Un. - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se
omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe
era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
consciência.
O art. 21 do CP prevê que todo brasileiro já saiba da lei a
todo momento, não sendo artefato de inculpabilidade.
Porém, o erro de proibição ocorre quando algo não é
permitido na lei mas é na sua cultura e educação, sendo
excludente de culpabilidade se inevitável e redutor de
pena caso inevitável.
Exigibilidade de Conduta Diversa
● Exigibilidade de conduta diversa➜ possibilidade de que
seja possível, no caso concreto, exigir de alguém um
comportamento conforme o direito. Logo, não é possível
que o direito, em determinada situação, exija de você uma
conduta diversa (ex.: te obrigam a cometer um ato típico e
antijurídico sob ameaça)
Art. 22 - (Coação irresistível e obediência hierárquica) Se o
fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem.
○ Coação moral irresistível➜ ocorre quando uma
determinada pessoa é coagida a si ou a outrem, por
ameaça ou violência, (coação moral, não a coação
física, já que ela exclui a voluntariedade da conduta)
O autor da coação responde pelo fato típico e
antijurídico do coagido e por tortura (art. 1º, I, "b", lei.
9.455/97). Já o que sofreu a coação não responde por
coisa alguma se irresistível – se a coação é resistível,
daí o sujeito responde pelo fato típico e antijurídico
com direito a atenuante
● Obediência à ordem não manifestamente ilegal de
superior hierárquico➜ cuida-se de situação em que não
seria exigível que o subordinado tomasse uma atitude
diferente da ordem que recebeu (que aparentemente era
legal, mas não era). Deve seguir os seguintes requisitos:
○ Ordem proferida por superior hierárquico
(administração pública)
○ Ordem não manifestamente legal
○ Que o cumpridor da ordem se atente aos limites da
ordem
Por doutrina, ainda temos:
● Causas supralegais de inexigibilidade de conduta
diversa➜ objeção de consciência e desobediência civil
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Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
● Objeção de consciência➜ nos termos da cláusula de
consciência, estará isento de pena aquele que, por motivo
de consciência ou crença, praticar algum fato previsto
como crime, desde que não viole direitos fundamentais
individuais
● Desobediência civil➜ a desobediência civil representa
atos de insubordinação que têm por finalidade
transformar a ordem estabelecida, demonstrando a sua
injustiça e necessidade de mudança. Exige-se para o
reconhecimento desta dirimente: (a) que a desobediência
esteja fundada na proteção de direitos fundamentais; (b)
que o dano causado não seja relevante
Iter Criminis
Iter Criminis
O Iter criminis é a análise sobre quais são as fases do
crime (doloso), sendo elas compostas por cogitação, atos
preparatórios, execução e consumação:
● Cogitação➜ é a fase em que o agente pensa no crime,
mas não sai do pensamento, de forma que, pelo princípio
da alteridade, não há relevância penal
● Atos preparatórios➜ é a preparação da ação delituosa
que constitui os chamados atos preparatórios, os quais
são externos ao agente, que passa da cogitação à ação
objetiva. Mas ainda não há lesão ao bem jurídico, então
não há relevância penal a não ser que a preparação, por si
só, constitua um fato típico
● Atos executórios➜ são aqueles que se dirigem
diretamente à prática do crime, isto é, a realização
concreta dos elementos constitutivos do tipo penal
● Consumação➜ é o momento de conclusão do delito,
reunindo todos os elementos do tipo penal
Institutos de Não Consumação
Há a possibilidade do agente não chegar até a consumação,
mesmo tendo chegado até os atos executórios. Nesse caso,
há quatro possibilidades de institutos que não são
possíveis de existirem mutuamente.
Art. 14 - Diz-se o crime:
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos
de sua definição legal;
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma
por circunstâncias alheias à vontade do agente.
§ Un. - (Pena tentativa) Salvo disposição em contrário,
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços.
● Crime tentado➜ (art. 14, II, CP) o agente inicia a
execução, existe possibilidade de consumação, mas esta
não ocorre porque algo ou alguém a impediu, mas sempre
quis a consumação
Logística: eu queria consumar o crime, mas não consegui.
Natureza jurídica: causa de diminuição de pena.
Consequência: diminuição de ⅓ a ⅔.
○ Tentativa branca➜ (incruenta) o alvo da conduta
criminosanão é tocado – a redução de pena é ⅔
○ Tentativa vermelha➜ (cruenta) o alvo da conduta
criminosa é tocado – a redução é ⅓
○ Tentativa perfeita➜ o sujeito pratica todos os atos
executórios que acredita que é necessário para se
consumar o crime, mesmo não se consumando
○ Tentativa imperfeita➜ o sujeito não praticou tudo o
que queria praticar para consumar o crime na sua
interpretação
Art. 17 - (crime impossível) Não se pune a tentativa
quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o
crime.
● Crime impossível➜ (art. 17, CP) são aqueles que não
são possíveis de se consumar. Nesse caso, o agente não
responde pela tentativa do crime que queria consumar
mas responde pelos atos anteriores, desde que
criminosos (ex.: tentativa de aborto para uma mulher que
não está grávida)
Logística: não se pune o que não ocorreu por ser
impossível de ocorrer. Natureza jurídica: causa de atipicidade
da conduta inicialmente pretendida. Consequência: o sujeito
não responde pela tentativa do crime que inicialmente quis,
mas pode responder por outros atos que sejam considerados
criminosos.
Art. 15 - (Desistência voluntária e arrependimento eficaz)
O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.
● Desistência voluntária➜ (art. 15, parte 1, a, CP) o
agente inicia a execução, mas, durante esta, muda de ideia
no sentido de não querer mais a consumação do crime
que inicialmente quis e, por isso, desiste de prosseguir na
execução sem encerrá-la, não necessitando ser
expontânea
Logística: eu podia consumar o crime, nada me impedia,
mas mudei de ideia durante a execução e desisti. Natureza
jurídica: causa de atipicidade da conduta inicialmente
pretendida. Consequência: o sujeito não responde pela
tentativa do crime que inicialmente quis, mas pode responder
por outros atos que sejam considerados criminosos.
● Arrependimento eficaz➜ (art. 15, in fine, CP) o agente
inicia a execução, encerra a execução e, neste momento,
se arrepende e atua impedindo a consumação, não
necessitando ser expontânea
Logística: eu podia, após encerrar a execução, esperar a
consumação do crime, mas me arrependi e impedi a
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Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
consumação. Natureza jurídica: causa de atipicidade da
conduta inicialmente pretendida. Consequência: o sujeito não
responde pela tentativa do crime que inicialmente quis, mas
pode responder por outros atos que sejam considerados
criminosos.
Institutos de Pós Consumação
Aqui está presente o instituto que ocorre após a
consumação do crime, o dito arrependimento posterior. Logo,
difere-se do arrependimento eficaz já que o crime foi
efetivamente consumado.
Art. 16 - (Arrependimento posterior) Nos crimes
cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de um a dois terços.
● Arrependimento posterior➜ (art. 16, CP) ocorre em
crimes que não há violência ou grave ameaça a pessoa,
sendo necessário o agente reparar o dano ou restituir a
coisa voluntariamente antes que a denúncia seja feita,
com redução de pena de ⅓ a ⅔
Erro
Erro de Tipo
No direito penal, o erro pode acontecer por tipo (art. 20, CP)
ou por proibição (art. 21, CP).
Art. 20 - (Erro sobre elementos do tipo) O erro sobre
elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em
lei.
§ 1º - (Descriminantes putativas) É isento de pena quem,
por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.
Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o
fato é punível como crime culposo.
§ 2º - (Erro determinado por terceiro) Responde pelo crime
o terceiro que determina o erro.
§ 3º - (Erro sobre a pessoa) O erro quanto à pessoa contra
a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da
vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria
praticar o crime.
● Erro de tipo essencial➜ o agente não quer praticar
determinada conduta descrita em tipo penal, contudo a
pratica sem saber que a está praticando, logo, nunca
existe dolo (ex.: um policial, o qual você deu carona,
esqueceu a arma no seu carro, e você portou ela por um
longo trajeto mas não sabia que ela estava ali)
○ Escusável➜ (erro inevitável) além de não existir dolo,
não existe culpa, logo, o sujeito não responde por
nenhuma conduta penalmente relevante
○ inescusável➜ (erro evitável) o crime é passível de
culpa, logo, o agente responde pelo fato praticado na
forma culposa
● Erro de tipo acidental➜ o agente quer praticar
determinada conduta descrita em lei como tipo penal e a
pratica, sabendo que é crime (existe dolo). Todavia, erra
sobre o desfecho de sua conduta, mesmo o tipo
continuando o mesmo e, portanto, não interferindo na
tipicidade (ex.: alguém quer matar pessoa A, mas acaba
matando pessoa B por confundi-las).
○ Erro sobre o objeto➜ (error in objecto) queria praticar
um fato típico com um objeto determinado mas
acabou, por erro, cometendo contra outro objeto –
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Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
nesse caso, a pena será em cima do objeto que foi
efetivamente lesionado
○ Erro sobre a pessoa➜ (error in persona) o agente
confunde as pessoas que gostaria de atingir – o agente
responde dolosamente pelo fato típico. (art. 20, § 3º,
CP) Contudo, a punição deve considerar as
quantidades ou condições pessoais da vítima virtual
(pretendida) e não as da vítima real (atingida)
○ Erro sobre a execução➜ (aberratio ictus) o agente
atinge pessoa diferente que queria porque errou o alvo
– o agente responde dolosamente pelo fato típico. (art.
20, § 3º, CP) Contudo, a punição deve considerar as
quantidades ou condições pessoais da vítima virtual
(pretendida) e não as da vítima real (atingida)
○ Resultado diverso do pretendido➜ (aberratio
criminis) há duas possibilidade, no primeiro caso, o
agente deseja atingir uma pessoa mas acaba atingindo
uma coisa, já no segundo caso, o inverso ocorre – em
ambos os casos, você responde em termos do crime
que envolve a pessoa, e não a coisa, a diferença é que,
no primeiro caso, você responde por tentativa e, no
segundo, por crime culposo
○ Erro sobre o nexo causal➜ (aberratio causae)
consiste basicamente no erro, pelo agente, quanto ao
meio de execução por ele utilizado que efetivamente
atingiu o resultado criminoso (ex.: atira-se com a
intenção de matar e joga-se o corpo no rio com a
intenção de escondê-lo, mas descobre-se
posteriormente que o corpo morreu por afogamento,
não pelo tiro, sendo assim, responde-se por homicídio
doloso qualificado)
Erro de Proibição
● Erro de proibição➜ (art. 21, CP) o agente sabe
perfeitamente a conduta que pratica, contudo, por razões
de educação e cultura, acredita que sua conduta é
permitida quando, na verdade, é proibida
Art. 21 - (Erro sobre a ilicitude do fato) O
desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
§ Un. - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se
omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe
era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
consciência.
○ Evitável➜ ocorre quando o agente poderia ter evitado
o fato ocorrido, havendo diminuição de pena de ⅙ a ⅓
○ Inevitável➜ quando o agente não conseguiria ter
consciência de que tal ato é proibido, não havendo
pena para esses caso
Prescrição
Cálculo do Prazo Prescricional
● Prescrição➜ é o limite temporal ao direito de o Estado
punir (pretensão punitiva) ou executar uma punição
criminal (pretensão executória) (o intermediário da punição
definida e da execução, de fato, da punição chama trânsito
em julgado), tal que, após esse limite, a punibilidade é
extinta
O cálculo do prazo prescricionalé dado da seguinte forma
para os casos:
● Pretensão punitiva
○ Em abstrato➜ não há sentença criminal condenatória
com pena aplicada, ou há, mas a acusação recorreu, tal
que nesses casos o cálculo do prazo prescricional se
dá em cima da pena máxima prevista para o crime
(pena abstrata)
○ Retroativa➜ há sentença condenatória com pena
aplicada, a acusação recorreu, mas a defesa sim, de
forma que o cálculo do prazo prescricional se dá em
cima da pena aplicada na sentença (pena concreta)
○ Superveniente➜ há sentença condenatória com pena
aplicada, a acusação recorreu, mas a defesa sim, de
forma que o cálculo do prazo prescricional se dá em
cima da pena aplicada na sentença (pena concreta)
● Pretensão executória➜ há sentença condenatória com
pena aplicada e já ocorreu trânsito em julgado para ambas
as partes, tal que o cálculo do prazo prescricional se dá
em cima da pena aplicada na sentença (pena concreta)
Art. 109 - (Prescrição antes de transitar em julgado a
sentença) A prescrição, antes de transitar em julgado a
sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste
Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de
liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a
oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a
quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois
anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano
ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1
(um) ano.
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de
prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime,
menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (setenta) anos.
Qualquer que seja a prescrição, o prazo é reduzido pela
metade se o agente é menor que 21 anos ou maior que 70
anos (art. 115, CP).
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Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a
sentença final, começa a correr:
I - No dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade
criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a
permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de
assentamento do registro civil, da data em que o fato se
tornou conhecido.
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e
adolescentes, previstos neste Código ou em legislação
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito)
anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação
penal.
O prazo prescricional começa a contar dependendo do tipo
de prescrição. Se ocorreu a prescrição em abstrato, o prazo
começa no dia de consumação do crime. Na prescrição
retroativa, na data na qual a sentença condenatória transitou
em julgado para a acusação. Na prescrição superveniente,
na data na qual a sentença condenatória transitou em julgado
para a acusação. Na prescrição executória, na data na qual a
sentença condenatória transitou em julgado para a acusação.
O prazo prescricional, todavia, pode ser suspenso ou
interrompido:
● Suspensão➜ não se desconsidera o prazo que já correu
○ Enquanto não resolvida, em outro processo, questão
de que dependa o reconhecimento da existência do
crime
○ Enquanto o agente cumpre prazo no estrangeiro
○ Durante o tempo que durar a sustação de processo
que apura infração penal cometida por deputado ou
senador, por crime ocorrido após a diplomação.
○ Durante o período de suspensão do processo
○ Se o acusado, citado por edital, não comparecer em
juízo, nem constituir advogado.
○ Durante o prazo para cumprimento de carta rogatória
de acusado que está no estrangeiro em lugar sabido.
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios
recorríveis;
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência.
§ 1º - (Pretensão punitiva) Excetuados os casos dos incisos
V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz
efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos
crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo,
estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer
deles.
§ 2º - (Pretensão executória) Interrompida a prescrição,
salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo
começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
● Interrompimento➜ se desconsidera o prazo que já
correu
○ Os casos são explicados pelo art. 117, CP
Tipos de Prescrição
● Prescrição em abstrato➜ se entre a data do fato (como
regra) e a data do trânsito em julgado para a acusação
tiver transcorrido o prazo prescricional, observadas,
sempre, as causas de interrupção e suspensão.
(ex.: Fulano praticou crime de homicídio simples no ano de
2000. Em 2009, foi oferecida e recebida denúncia em seu
desfavor (interrompida). No ano de 2030, foi proferida
sentença condenatória em seu desfavor (21 anos). Neste
caso, a sentença é inválida, pois proferida quando já havia
ocorrido a prescrição em abstrato)
● Prescrição retroativa➜ se entre a data do recebimento
da acusação e a data da publicação da sentença
condenatória com trânsito em julgado para a acusação
tiver transcorrido o prazo prescricional, observadas,
sempre, as causas de interrupção e suspensão.
(ex.: Fulano praticou crime de homicídio simples no ano de
2000. Em 2009, foi oferecida e recebida denúncia em seu
desfavor. No ano de 2024, foi proferida sentença
condenatória em seu desfavor, aplicando-lhe pena de 8
anos. A acusação não recorreu. Neste caso, considerando
a pena aplicada na sentença, ocorreu prescrição retroativa,
pois da sentença voltando ao recebimento da denúncia
passou mais de 12 anos)
● Prescrição superveniente➜ se entre a data de
publicação da sentença condenatória com trânsito em
julgado para a acusação e o trânsito em julgado final da
condenação tiver transcorrido o prazo prescricional,
observadas, sempre, as causas de interrupção e
suspensão.
(ex.: Fulano praticou crime de homicídio simples no ano
de 2000. Em 2009, foi oferecida e recebida denúncia em
seu desfavor. No ano de 2014, foi proferida sentença
condenatória em seu desfavor, aplicando-lhe pena de 8
anos. A acusação não recorreu, mas a defesa sim. O
julgamento do recurso mais seu trânsito em julgado
ocorreu no ano de 2027. Neste caso, considerando a pena
aplicada na sentença, ocorreu prescrição
superveniente/intercorrente, pois da sentença até o
trânsito em julgado final transcorreu mais de 12 anos)
● Prescrição executória➜ se entre a data de publicação da
sentença condenatória com trânsito em julgado para a
acusação e o cumprimento da pena tiver transcorrido o
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Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
prazo prescricional, observadas, sempre, as causas de
interrupção e suspensão.
(ex.: Fulano praticou crime de homicídio simples no ano
de 2000. Em 2009, foi oferecida e recebida denúncia em
seu desfavor. No ano de 2014, foi proferida sentença
condenatória em seu desfavor, aplicando-lhe pena de 8
anos. A acusação não recorreu, tendo ocorrido trânsito em
julgado para ela no mesmo ano de 2014. Após o trânsito
em julgado da condenação também para a defesa, foi
expedido mandado de prisão para que Fulano comece o
cumprimento da pena. Fulano foi capturado em 2027.
Neste caso, não será possível o cumprimento da pena,
pois entre o trânsito em julgado para a acusação e a
captura do condenado passou mais de 12 anos. Ocorreu,
portanto, prescrição da pretensão executória)
● Prescrição da pena de multa➜ (art. 114, CP) prescreve
em 2 anos quando única cominada ou aplicada, ou no
mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena
privativa de liberdade, quando alternativa ou
cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada
● Prescrição do crime de porte ou posse de drogas para
consumo pessoal➜ prescreveem 2 anos
● Prescrição em caso de concurso de crimes➜ (art. 119,
CP) a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de
cada um de forma isolada
● Causas de aumento ou diminuição de pena➜ quando
ainda não houver sentença condenatória com pena
aplicada e transitada em julgado para a acusação, as
causas de aumento e diminuição de pena deverão ser
consideradas no cálculo do prazo prescricional. No caso
da causa de aumento, será considerada a fração que mais
aumenta; no caso da causa de diminuição, será
considerada a fração que menos diminui.
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Gustavo Meira - EQ ⋅ UEM Direito Penal - Parte Geral
Princípios do Direito Penal 1
Introdução 1
Princípios do Direito Penal 1
Desdobramentos do Princípio da Legalidade 2
Tipos Penais do Princípio da Taxatividade 2
Aplicação da Lei Penal no Tempo 2
Introdução 2
Momento do Crime 2
Sucessão de Leis Penais 3
Casos Especiais 3
Aplicação da Lei Penal no Espaço 3
Lugar do Crime 3
Princípio da Territorialidade e Suas Exceções 3
Penas Internacionais 5
Sujeitos e Objetos do Crime 5
Sujeitos do Crime 5
Penas Internacionais 5
Elementos do Crime 5
Introdução aos Elementos do Crime 5
Exclusão da Ilicitude e Culpabilidade 5
Fato Típico 6
Conduta Penalmente Relevante 6
Crime Doloso 6
Crime Culposo 6
Preterdolo e Exteriorização da Conduta 7
Resultado 8
Nexo Causal e Concausas 8
Tipicidade 8
Fato Antijurídico 9
Excludentes de Ilicitude 9
Estado de Necessidade 9
Legítima Defesa 10
Estrito Cumprimento do Dever Legal 10
Exercício Regular de Direito 10
Consentimento do Ofendido 11
Excesso Punível 11
Culpabilidade 11
Introdução 11
Imputabilidade 11
Potencial Consciência da Ilicitude 12
Exigibilidade de Conduta Diversa 12
Iter Criminis 13
Iter Criminis 13
Institutos de Não Consumação 13
Institutos de Pós Consumação 14
Erro 14
Erro de Tipo 14
Erro de Proibição 15
Prescrição 15
Cálculo do Prazo Prescricional 15
Tipos de Prescrição 16
18

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